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A categoria da autonomia e o pensamento geográfico crítico brasileiro

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Academic year: 2021

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A categoria da autonomia e o pensamento geográfico crítico brasileiro

Glauco Bruce Rodrigues

Doutorando em Geografia pelo PPGG/UFRJ tiamath@yahoo.com

Tatiana Tramontani Ramos

Doutoranda em Geografia pelo PPGG/UFRJ tatiana_tramontani@yahoo.com

Situando o debate

O objetivo deste trabalho é apresentar o conceito de autonomia, particularmente à luz das formulações de CASTORIADIS (1982, 1983, 1985, 1992, 2002 e 2004), na tentativa de contribuir para uma maior divulgação deste conceito entre os geógrafos críticos, algo que vem sendo feito por SOUZA (1988, 1995, 2002 e 2008) há pelo menos 25 anos. Dessa forma, julgamos poder contribuir, nesse evento, com o enriquecimento do debate teórico e político acerca da análise da espacialidade social à luz do pensamento autonomista.

O Encontro Nacional de Geógrafos de 2010 está norteado pelo tema “Crise, Práxis e Autonomia: Espaços de Resistências e de Esperança”, na tentativa de contribuir para o aprofundamento da análise crítica sobre a crise societária contemporânea à luz da ideia de reacomodação estrutural do sistema capitalista. O objetivo da análise crítica é fornecer elementos que ajudem na formulação de propostas alternativas ao modo de existência hegemônico, que são os espaços de resistências e de esperança, baseados nas categorias de práxis e autonomia.

É possível afirmar, portanto, que existe a preocupação de conciliar uma série de elementos que permitem uma análise crítica da sociedade instituída, o que é de fundamental importância para o desenvolvimento do pensamento geográfico e da inserção política e profissional do geógrafo na sociedade. No entanto, apesar de sua importância, o pensamento geográfico crítico (com raríssimas exceções) não aprofundou de forma adequada determinadas questões e categorias que norteiam a temática do evento.

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A análise dos elementos que constituem o tema central do Encontro nos permite afirmar que apenas dois deles foram considerados de forma adequada pelo pensamento geográfico crítico brasileiro (crise e práxis) e os demais foram negligenciados e, em muitos momentos, desconsiderados ou combatidos pelo pensamento crítico hegemônico de corte marxista. Assim, categorias fundamentais do marxismo estão coerentemente presentes na formulação da temática, afinal, constituem o corpo teórico e metodológico hegemônico no pensamento crítico. O mesmo não pode ser dito de elementos que valorizam determinadas categorias e questões, como a autonomia, os espaços de resistência e de esperança, que remetem diretamente à matrizes políticas e filosóficas, bem como a “objetos” de pesquisa que foram largamente negligenciadas pelas principais formulações e preocupações da corrente crítica brasileira, como é o caso do pensamento libertário (autonomista e anarquista) e dos movimentos sociais.

Apesar do crescimento do número de trabalhos e do interesse do geógrafo pelos ativismos sociais na última década, é possível constatar a negligência da disciplina para com essa questão: a temática sempre foi marginal e secundária na agenda de pesquisa e no debate teórico-político do campo disciplinar (SOUZA, 1988, 1995, 2002 e 2008; GONÇALVES, 1999, 2001, 2002 e 2003; RODRIGUES, 2005).

A análise central do pensamento crítico estava focada na contradição capital-trabalho e, no que diz respeito aos trabalhadores, centrada nas organizações e instituições tradicionais de luta como os partidos e sindicatos, negligenciando o papel e a importância dos ativismos e movimentos sociais como protagonistas de transformações políticas, culturais e econômicas significativas, particularmente aqueles que não estavam diretamente vinculados à questão da “contradição capital-trabalho” ou à “esfera da produção”, como movimentos urbanos ligados à questão da habitação, infra-estrutura, ativismos referentes à sexualidade, etnia, gênero, etc. Os “espaços de resistência e de esperança” estavam vinculados quase que exclusivamente ao movimento operário ou camponês organizados em organizações, sindicatos e partidos predominantemente centralizadores e hierarquizado. O viés fortemente estruturalista das análises marxistas compreendia os ativismos e movimentos simplesmente como uma resposta à dinâmica de reprodução do capital (luta pelo acesso aos bens de consumo coletivo, no caso dos ativismos urbanos e pela terra, no caso dos rurais) e desconsiderava significativamente a protagonismo dos sujeitos enquanto

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produtores de história, espaços e direitos, logo, negligenciava questões relacionadas à cultura, identidade, imaginário, à subjetividade, por conta da centralidade da análise econômica. Além disso, é importante ressaltar que os ativismos e movimentos sociais que não estavam diretamente vinculados à esfera da produção urbano-industrial e remetiam à questões relacionadas à infra-estrutura, moradia, democratização do planejamento e gestão urbanos, etc. eram negligenciados por remeterem à “contradições secundárias”, que derivavam da contradição primária representada pelo conflito capital-trabalho. Tal perspectiva instituía uma hierarquia entre aqueles que se colocavam em movimento para a transformação da realidade.

A negligência para com os ativismos e movimentos sociais parece sem importância ou praticamente inexistente se comparada ao tratamento dado pelo pensamento geográfico crítico à tradição libertária. Nesse sentido, é quase nula a atenção dada ao anarquismo e ao autonomismo, com raras, porém importantes exceções como SOUZA (1988, 1995, 2002 e 2008) e GONÇALVES (1999, 2001, 2002 e 2003). A negligência para com este campo do pensamento crítico privou a Geografia brasileira da realizar uma apropriação dos debates e formulações acerca da categoria de autonomia, particularmente em relação à obra do filósofo Cornélius Castoriadis, o que implicou no desconhecimento da historicidade da categoria.

A categoria da autonomia

A palavra autonomia é empregada para designar uma série de situações e processos nos mais diversos contextos políticos, econômicos e culturais (desde a busca de “autonomia” dos filhos em relação aos pais a luta pela “autonomia” de uma determinada região, por exemplo) nos quais se quer destacar um determinado grau de liberdade, independência e emancipação, mesmo que seu conteúdo não tenha sido completamente explicitado. Assim, quando se fala, escreve-se ou se lê sobre a autonomia, mesmo que não tenhamos uma ideia clara e precisa sobre seu significado, remetemos diretamente a um conjunto de ideias mais ou menos claras. Nossa intenção é ultrapassar esse conjunto de ideias subjacentes e explicitar, em termos políticos e filosóficos, o conteúdo desta categoria nos marcos do pensamento autonomista.

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“Autonomia vem do grego autós, próprio, mais nómos, que tanto significa ‘lei’ quanto ‘convocação’. Ser autônomo significa, assim, ‘dar-se sua própria lei’, em vez de recebê-la por imposição” (SOUZA, 2008:69). A autonomia é um projeto político que visa a instituição de uma sociedade autônoma. O que isso significa? A constituição de uma organização societária baseada na auto-instituição das leis formuladas pela coletividade, onde cada membro possui as mesmas condições formais e de fato para participar efetiva e diretamente do processo de formulação das leis. Uma sociedade basicamente autônoma é aquela onde seus membros podem debater, dialogar e de forma explícita e consciente tomar as decisões que julgam mais pertinentes de forma a aumentar cada vez mais sua própria autonomia e reduzir a heteronomia.

A autonomia se apresenta como um projeto político que se contrapõe à heteronomia e a qualquer tipo de poder social de caráter transcendental. Uma sociedade autônoma é caracterizada pelo exercício do poder autônomo, ou seja, que busca aumentar a capacidade de agir e de exercer poder de um indivíduo e da coletividade através da possibilidade concreta de participação na instituição das leis. Isso implica em um combate às heteronomias societárias que impõem restrições à livre participação política e afirmação da singularidade do indivíduo. Nesse sentido, uma sociedade autônoma é aquela que combate qualquer tipo de relação de poder que possa excluir, subordinar e oprimir seus membros. Logo, relações de poder heterônomas como a exploração de classe, o machismo, a homofobia e o racismo, por exemplo, devem ser combatidos. Além disso, uma sociedade basicamente autônoma se contrapõe ao exercício heterônomo do poder político, uma vez que a autonomia pressupõe a igualdade nas condições no processo de participação da instituição das leis, que em uma sociedade heterônoma é caracterizado pela alienação ou subtração da capacidade de agir e exercer o poder da coletividade por uma minoria seja em uma democracia representativa (os representantes subtraem o poder de agir da coletividade), em uma ditadura ou em uma oligarquia. Uma vez que é fundada pelas relações de poder entre os homens, dotados de capacidade de reflexão e informações em um ambiente que favorece o debate, ou seja, no socius, a autonomia assume um caráter imanente, em oposição ao caráter transcendental de determinadas estruturas que justificam ou legitimam as leis e as sociedades instituídas. Em outras palavras: em uma sociedade autônoma as leis são instituídas de forma imanente ao socius e, portanto, não são

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legitimadas ou instituídas por nenhum tipo de estrutura fora ou acima da sociedade, como Deus, o Déspota, o Partido Único, Tradições Imutáveis, o Estado.

O conteúdo da autonomia só pode ser apreendido de forma consistente através da análise de dois elementos que a constituem, que são a autonomia individual e a autonomia coletiva. Ao mesmo tempo em que não se confundem, são absolutamente complementares e indissociáveis, pois permitem apreender a complexa dinâmica entre o indivíduo singularizado (e sua produção social) e a coletividade.

A autonomia possui duas faces indissociáveis: a autonomia individual e a autonomia coletiva. A idéia de autonomia engloba dois sentidos inter-relacionados: autonomia coletiva, ou consciente e explícito

autogoverno de uma determinada coletividade, o que depreende

garantias político-institucionais, assim como a possibilidade material efetiva, e autonomia individual, isto é, a capacidade de indivíduos particulares de realizarem escolhas em liberdade, com responsabilidade e com conhecimento de causa. A autonomia coletiva refere-se, assim, às instituições e às condições materiais (o que inclui o acesso à informação suficiente e confiável) que, em conjunto, devem garantir igualdade de chances de participação em processos decisórios relevantes no que toca aos negócios da coletividade. (SOUZA, 2003:174. Grifos no original). A concepção [de autonomia] que apresentamos mostra ao mesmo tempo que não podemos desejar a autonomia sem desejá-la para todos e que sua realização só pode conceber-se plenamente como empreitada coletiva. Se não se trata mais de entender por este termo nem a liberdade inalienável de um sujeito abstrato, nem o domínio de uma pura consciência sobre um material indiferenciado o ‘essencialmente o mesmo’ para todos e para sempre, obstáculo bruto que a liberdade teria de superar (as ‘paixões’, a ‘inércia’, etc.); se o problema da autonomia é que o sujeito encontra em si próprio um sentido que não é seu e que tem que transformá-lo utilizando-o; se a autonomia é essa relação na qual os outros estão presentes como alteridade e como ipseidade do sujeito – então a autonomia só é concebível, já filosoficamente, como um problema e uma relação social. (CASTORIADIS, 1982:129-130).

Uma sociedade autônoma só é possível se constituída por indivíduos autônomos. A autonomia individual diz respeito ao exercício da liberdade e da afirmação da singularidade de cada indivíduo. Por liberdade devemos entender a condição através da qual o homem é capaz de dispor de sua própria vida, de poder agir e pensar de forma autônoma e de acordo com sua própria

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potência. Dito de outra forma, a liberdade é a condição produzida e vivenciada pelo homem que consegue expressar sua própria potência de agir e de pensar, organizando os encontros e as relações que lhe permitem sempre aumentar sua própria liberdade e, conseqüentemente, vivenciar cada vez mais a alegria e menos a tristeza.

Ninguém pode negar que o homem, como os outros indivíduos, se esforça por conservar o seu ser. Se eu pudesse conceber algumas diferenças, deveriam provir de possuir o homem uma vontade livre. Mas, quanto mais o homem é concebido por nós como livre, mais somos obrigados a julgar que deve necessariamente conservar o seu ser e possuir-se a si mesmo; seja quem for que não confunda liberdade com contingência, conceder-me-á isto sem dificuldade. A liberdade, com efeito, é uma virtude, quer dizer, uma perfeição. Conseqüentemente, nada do que ateste a impotência do homem pode se relacionar com sua liberdade. Por conseguinte, o homem não pode de maneira alguma ser qualificado como livre, porque pode não existir ou porque pode não usar a Razão; não o pode ser senão na medida em que tem o poder de existir e agir segundo as leis da natureza humana. (ESPINOSA, 2000:444).

O indivíduo autônomo é aquele capaz de exercer sua liberdade e participar efetivamente do processo de instituição de leis e normas que regulam a vida social. Este indivíduo autônomo é socialmente produzido, não é uma abstração ou absolutamente independente da organização societária na qual está inserido. O indivíduo autônomo só pode existir em uma organização societária na qual cada um deseje a autonomia para o outro para reconhecer no outro o seu direito à liberdade. Uma sociedade autônoma só é possível se cada indivíduo estiver disposto a reconhecer e aceitar a liberdade do outro como condição para sua própria liberdade, o que os tornam iguais uns perante os outros. A condição de igualdade na e pela liberdade permitem a constituição de coletividades autônomas, isto é, coletividades que instituem para si suas próprias leis e normas através de debates, argumentações e críticas onde cada indivíduo tenha garantido os meios materiais e institucionais para participar de tal processo da forma mais igualitária possível, levando-se em conta a singularidade de cada um. Uma importante observação: criar as condições de igualdade de participação não significa, em hipótese alguma, a homogeneização dos indivíduos, tão pouco a eliminação dos conflitos e desentendimentos.. Criar condições iguais de acesso à educação, informação, infra-estrutura, não significa dizer que todos terão as mesmas características,

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talentos ou capacidade de aprendizado: sempre existirão os tímidos, aqueles que conseguem se expressar melhor, que possuem mais dificuldade para aprender , etc. A questão fundamental é que a coletividade deve garantir as condições para a livre participação de todos no processo de instituição de leis e normas. E mais, a autonomia coletiva pressupõe a possibilidade do debate, revisão e revogação das leis instituídas sempre que a coletividade julgar necessário. Nesse sentido, a autonomia é sempre um processo inacabado. Assim, a autonomia se contrapõe à heteronomia, que é caracterizada por uma condição na qual as leis são formuladas e instituídas “de cima para baixo”, na qual predominam relações de poder hierarquizadas (que podem ser autoritárias, opressoras, etc.) onde a capacidade de agir e decidir sobre a lei é retirada do conjunto total da coletividade e exercida por uma minoria.

Autonomia, espaço e a Geografia

A instituição de uma sociedade autônoma implica, necessariamente, em uma outra espacialidade, distinta daquela constituída pelas relações de poder hegemônicas, a saber, aquelas que legitimam e reproduzem o status quo capitalista. É possível afirmar que o conjunto de relações de poder que constitui uma determinada organização societária possui uma determinada espacialidade que lhe é imanente (não é um produto, uma esfera ou estrutura separada que vem antes ou depois da sociedade). Nesse sentido, o projeto autonomista coloca em questão a espacialidade hegemônica existente, tanto do capitalismo quanto das experiências do “socialismo real”, baseadas, fundamentalmente nas seguintes instituições: o Estado e a propriedade (privada ou estatal). Apesar de suas diferenças, o que ambas possuem em comum é o caráter heterônomo de suas organizações societárias caracterizadas, fundamentalmente, pela existência de classes que operam e determinam hierarquias, relações de dominação, opressão, exploração e tem no aparelho de Estado e no mecanismo da representação política (democracia representativa ou o partido único) as únicas instâncias de decisões políticas que excluem (de forma consensual ou violenta) a esmagadora maioria da população do processo de formulação de leis, o que significa a alienação da autonomia e da liberdade, uma vez que a capacidade de agir é retirada e transferida para uma pequena classe que age em nome e no lugar da coletividade.

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A corrente autonomista realiza uma crítica à espacialidade produzida de forma imanente às relações de poder que caracterizam tais organizações societárias. Em última análise, uma sociedade autônoma é essencialmente anti-estatal e anti-capitalista, uma vez que busca a autogestão integral da sociedade, em todos os seus aspectos: políticos, econômicos, culturais. Isso implica na crítica radical ao aparelho de Estado (sua dinâmica e funcionalidade social) e da propriedade privada, como fundamentos de uma ordem essencialmente heterônoma, logo, incapaz de promover o aumento da autonomia individual e coletiva. O pensamento autonomista coloca diversas questões e propostas - como a descentralização territorial das atividades produtivas e dos centros de decisões políticos, a refuncionalização e reestruturação da espacialidade herdada, a utilização de procedimentos como a delegação de poder e o uso de tecnologias de comunicação para facilitar a participação política efetiva – que foram pouco consideradas pelo pensamento geográfico crítico, principalmente pela sua vertente marxista, hegemônica na disciplina (SOUZA, 2006).

As formulações do pensamento autonomista são residuais na Geografia crítica brasileira, como salientamos no início do texto. A perspectiva crítica, hegemonicamente marxista, além de negligenciar demonstra uma boa dose de antipatia e, por vezes, hostilidade em relação às questões e propostas formuladas pelo campo libertário. As razões para isso são muitas (e impossíveis de serem tratadas em espaço tão curto), mas podemos destacar as mais importantes:

1. A centralidade estratégica da tomada do aparelho de Estado como instrumento de reformas que preparariam para a revolução;

2. O papel central e histórico do proletariado como protagonista da revolução organizado em sindicatos (a despeito da sua diminuição quantitativa e as transformações qualitativas das organizações sindicais e do conteúdo de suas lutas);

3. A defesa de organizações centralizadas e hierarquizadas regidas por regimes de coordenação ou representação e não de autogestão (autonomia).

Os três pontos acima são características do campo marxista e alguns dos principais pontos de divergência em relação ao campo libertário, profundamente anti-estatal e crítico à perspectiva centralizadora, hierárquica e estatista fortemente presente na perspectiva marxista. Tais pressupostos impediram um diálogo mais produtivo com o pensamento libertário e a categoria autonomia não foi incorporada de forma substancial, mas como uma palavra relativamente vaga que

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se referia a ideias como emancipação e independência da classe trabalhadora em relação à burguesia, ou seja, remetendo fundamentalmente às relações de poder nas relações de produção e deixando em segundo (e terceiro) plano outras formas de heteronomia.

Brevíssima conclusão

A autonomia, na perspectiva libertária, busca superar concepções reducionistas e simplificadoras do seu conteúdo mais profundo. Nesse sentido, as formulações de Castoriadis superam concepções que reduzem a autonomia simplesmente à liberdade individual sem relacioná-la com a coletividade ou remetem à ideia de independência sem considerar o combate à heteronomia (considerar a luta pela independência nacional ou regional como um projeto de autonomia no seu sentido exposto anteriormente; afirmar que uma determinada organização é “autônoma” simplesmente por não depender dos recursos de instituições estatais; a universidade não é “autônoma” simplesmente pelo fato de gerir seus recursos, ela só será autônoma se for autogerida e não reproduzir dentro de si as relações hierárquicas contra as quais critica, etc.), afinal a independência não é garantia de um projeto de autonomia, o que implica em esforço para a implementação da autogestão e do combate às diversas formas de heteronomia.

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