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A NOVA LEI DE PEDREIRAS

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Academic year: 2021

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“A NOVA LEI DE PEDREIRAS”

João M. L. Meira Geólogo

INTRODUÇÃO

O Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, desde a data da sua publicação em 1990 estabeleceu o regime jurídico em matéria de exploração de massas minerais (pedreiras), dando cumprimento ao artigo 51.º do Decreto -Lei n.º 90/90, de 16 de Março, que remete para legislação própria a fixação da disciplina aplicável a cada tipo de recurso (depósitos minerais, massas minerais, águas minerais, etc.).

Desde então aquele diploma passou a ser a lei de pedreiras, na qual se baseou a exploração daquele recurso natural com alto valor a nível nacional.

Apesar das esperanças depositadas na lei de pedreiras, a aplicação prática viria a revelar algumas limitações. Para além disso, a crescente importância dos aspectos ambientais na sociedade moderna levou à formulação de políticas integradoras que importava traduzir no sector da indústria extractiva.

Ficou evidente a necessidade de rever a lei de pedreiras, principalmente no tocante aos aspectos ambientais e ao reforço do Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território (MAOT) no procedimento de obtenção de licenças e na fiscalização das explorações. Foi com base nestes pressupostos que o Governo, na qualidade do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território, decretou a nova lei de pedreiras, traduzida no Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, revogando, assim, o Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março.

ÂMBITO E APLICAÇÕES

O Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, aplica-se à revelação e aproveitamento de

massas minerais (pedreiras), contemplando a sua pesquisa e exploração.

ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS

Entre as mais importantes alterações cabe salientar a importância dada aos aspectos ambientais e ao papel do MAOT na atribuição de licenças e na fiscalização das pedreiras.

No procedimento de atribuição de licenças foram introduzidas duas tipologias, de forma a tornar independente o regime jurídico relativo à licença de pesquisa e à licença de exploração de massas minerais.

Foi, também, reforçado o rigor dos documentos administrativos e técnicos a apresentar pelo requerente no pedido de licença, apresentando estes uma nova concepção, o Plano de Pedreira. Ao Plano de Lavra, conforme era definido no Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, foi introduzida a identificação e caracterização de impactes ambientais significativos, respectivas medidas de minimização e monitorização, passando a fazer parte integrante do Plano de Pedreira.

Outra alteração relevante é a substituição do Plano de Recuperação Paisagística, tal como era contemplado no Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, por um plano mais abrangente do ponto de vista ambiental, o PARP (Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística), também este, fazendo parte integrante do Plano de Pedreira. Outra alteração substancial é a introdução da fórmula de cálculo da caução prevista para o PARP, que traduz o equivalente à caução para o Plano de Recuperação Paisagística conforme era definido no Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março.

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Assim, de acordo com a promoção do desenvolvimento sustentável da indústria extractiva não energética, quis o legislador com estas alterações corrigir as numerosas situações de pedreiras abandonadas e não reabilitadas, visando, igualmente, a melhoria do desempenho ambiental neste sector.

ATRIBUIÇÃO DE LICENÇAS

O Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, introduziu duas tipologias de licenças: a licença de pesquisa e a licença de exploração. O Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, apenas contemplava a licença de exploração.

A pesquisa e a exploração de massas minerais só podem ser efectuadas ao abrigo das licenças respectivas, conforme o caso, carecendo a sua atribuição de pedido do interessado que seja proprietário do prédio ou tenha, com este, celebrado um contrato (de pesquisa e/ou exploração) que se reveste obrigatoriamente sob a forma de escritura pública.

Assim, a atribuição da licença de pesquisa é da competência da Direcção Regional de Economia (DRE) territorialmente competente.

Por outro lado, à semelhança do Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, a atribuição da licença de exploração é da competência:

1. Da Câmara Municipal, quando se trate de pedreiras a céu aberto em que não sejam excedidos nenhum dos seguintes limites: - Potência dos meios mecânicos - 500 CV; - Número de trabalhadores - 15;

- Profundidade das escavações - 10 m. 2. Da Direcção Regional de Economia, nos

seguintes casos:

- Explorações em que seja excedido qualquer um dos limites referidos anteriormente;

- Explorações subterrâneas ou mistas;

- Todas as explorações situadas em áreas cativas ou de reserva.

Independentemente das competências do licenciamento, compete à DRE e à DRAOT ou ao ICN decidir, com carácter vinculativo para a entidade licenciadora, sobre o Plano de Pedreira. Quando a área a licenciar seja da competência de mais do que uma entidade territorialmente competente, a licença deve ser atribuída pela entidade em cuja circunscrição territorial se situe a maior parte da área a licenciar.

Quando o explorador de uma pedreira, tendo obtido a licença de exploração atribuída pela CM, pretenda exceder os limites indicados no ponto 1 anterior ou efectuar exploração subterrânea deverá obter nova licença através da DRE. Nestas condições o contrato de exploração manterá inteira adequação e o explorador fica dispensado de apresentar novo parecer de localização nos casos em que não se verifique a ampliação da área de exploração.

Com o novo diploma deixam de existir as licenças concedidas a título precário conforme estabelecido no Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março.

PARECER DE LOCALIZAÇÃO

Nenhuma das licenças pode ser atribuída sem prévio parecer favorável de localização, emitido pela Direcção Regional do Ambiente e Ordenamento do Território (DRAOT) territorialmente competente.

Exceptuam-se os casos em que a área objecto de licença se insira em áreas classificadas ou contempladas no Plano Director Municipal como indústria extractiva, em que as entidades competentes para emissão do parecer de localização são, respectivamente, o Instituto de Conservação da Natureza (ICN) ou a Câmara Municipal (CM).

Os pedidos de atribuição de licença sujeitos a Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) também

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não carecem da apresentação de certidão de localização juntamente com o pedido da licença. A certidão de localização deve ser emitida pela entidade competente no prazo máximo de 30 dias.

TRAMITAÇÃO DOS PEDIDOS DE

LICENÇA

Os prazos de tramitação dos processos de licenciamento foram substancialmente reduzidos com a entrada em vigor do novo diploma de pedreiras. O Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, previa que os prazos fossem de 90 dias para as CM’s e 120 dias para as DRE’s, os quais passam a ser de 65 e 80 dias, respectivamente. Nos pedidos de licença de exploração sujeitos a avaliação de impacte ambiental, a tramitação do processo de licenciamento suspende-se até à data em que a entidade licenciadora tiver conhecimento da Declaração de Impacte Ambiental (DIA).

Quando a decisão de atribuição da licença estiver tomada, a entidade licenciadora notificará o requerente para, no prazo de 20 dias, aceitar por escrito as condições da mesma e, principalmente, a caução e o seu montante. A caução deve ser prestada num prazo que não pode ser inferior a 60 dias nem superior a seis meses. Após o cumprimento destes trâmites por parte do requerente, a entidade licenciadora atribuirá a licença.

LICENÇA DE PESQUISA

A licença de pesquisa permite aos potenciais exploradores realizarem os estudos e trabalhos necessários à boa caracterização da massa mineral que, eventualmente, pretendam explorar. Os estudos e trabalhos de pesquisa constituem, assim, um comprovativo técnico que justificará a existência da massa mineral pretendida e, fundamentalmente, a sua viabilidade económica.

Nas operações de pesquisa o explorador deve delinear e executar os programas de trabalhos segundo critérios de gestão ambiental responsáveis, avaliando, prevenindo e minimizando os impactes que possam ser causados ao solo, flora e águas superficiais e subterrâneas.

Findos os trabalhos de pesquisa o explorador deverá fechar os poços e sanjas, repondo a topografia original e fechar os furos de sondagens.

Assim, nos pedidos de licença de pesquisa a entidade licenciadora deverá emitir um recibo ao requerente, que representará, para todos os efeitos, a data início da atribuição da licença de pesquisa. A entidade licenciadora remeterá um exemplar do pedido à DRAOT ou ao ICN e à CM, que no prazo de 20 dias após a recepção informarão aquela do seu parecer, sem o qual se considerará como favorável. Findo este prazo a entidade licenciadora apreciará o pedido, proferindo decisão, no prazo de 15 dias, ou, se for caso disso, projecto de decisão, atribuindo ou denegando a licença de pesquisa.

LICENÇA DE EXPLORAÇÃO

Nos pedidos de licença de exploração a entidade licenciadora deverá emitir um recibo ao requerente, que representará, para todos os efeitos, a data de início do procedimento para obter uma licença de exploração. A decisão sobre a atribuição ou denegação da licença será proferida no prazo de 80 dias quando a entidade licenciadora for uma DRE e de 65 dias quando a entidade licenciadora for uma CM.

Quando a entidade licenciadora for uma DRE, esta remeterá, no prazo de 20 dias, um exemplar à DRAOT ou ao ICN, que no prazo de 40 dias após a recepção comunicará à DRE a sua decisão, indicando o valor da caução a prestar pelo requerente. Simultaneamente, a DRE solicita à administração regional de saúde e ao Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho os respectivos pareceres, que devem ser emitidos no prazo de 20 dias.

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Findos estes prazos a DRE pronuncia-se sobre a atribuição ou denegação da licença, no prazo de 20 dias.

Quando a entidade licenciadora for uma CM, esta remeterá, no prazo de 10 dias, um exemplar à DRE e à DRAOT ou ao ICN, que no prazo de 40 dias após a recepção devem comunicar a sua decisão sobre os elementos do Plano de Pedreira, indicando o valor da caução a prestar pelo requerente. Simultaneamente, a CM solicita à administração regional de saúde e ao Instituto de Desenvolvimento e Inspecção das Condições de Trabalho os respectivos pareceres, que devem ser emitidos no prazo de 20 dias. Findos estes prazos a CM pronuncia-se sobre a atribuição ou denegação da licença, no prazo de 15 dias.

CAUÇÃO

A prestação de uma caução a favor da entidade que aprova o PARP destina-se a garantir o cumprimento das obrigações legais derivadas da licença (pesquisa ou exploração) e relativas ao PARP.

Assim, a entidade licenciadora exigirá a prestação de uma caução ao titular da licença de pesquisa, sempre que este pretenda abrir frentes de desmonte, e em qualquer situação ao titular da licença de exploração.

A caução será prestada por qualquer meio idóneo aceite em direito, nomeadamente através de garantia bancária, depósito ou seguro-caução. O montante da caução será fixado pela DRAOT ou pelo ICN, em função das circunstâncias do caso concreto, atendendo à estimativa do custo global do PARP. O montante da caução pode ser exigido na totalidade ou, parcialmente, tendo em conta o tipo e ritmo de avanço da exploração, a simultaneidade dos trabalhos de fecho e recuperação e, bem assim, a existência e solidez de outras formas de segurar a realização destes trabalhos.

Assim, consoante o tipo de massa mineral em exploração e as particularidades do PARP, o

valor da caução pode ser fixado segundo três métodos:

1. X = (C x A) / D - F, em que X = valor da caução

C = custo total estimado para implementação do PARP

A = área total explorada (no ano anterior ou no período definido)

D = área total licenciada

F = valor despendido com a recuperação 2. X = (C x V) / D - F, em que

X = valor da caução

C = custo total estimado para execução do PARP

V = volume total extraído (no ano anterior ou no período definido)

D = volume total da extracção

F = valor despendido com a recuperação 3. X = c x t, em que

X = valor da caução

c = estimativa do custo unitário de recuperação de uma unidade de área t = área a recuperar em período de tempo determinado (sujeito a posterior

reajustamento em função da performance verificada no período antecedente e perspectivas de desenvolvimento futuro) A caução será imediatamente liberada quando, após vistoria a requerer pelo explorador à entidade licenciadora, com cópia para as entidades competentes pela aprovação do Plano de Pedreira, estas atestem em auto o cumprimento do PARP e consequente desvinculação do explorador.

A vistoria deve ser realizada no prazo máximo de 45 dias após o pedido, devendo a entidade

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licenciadora convocar as entidades competentes pela aprovação do Plano de Pedreira com 20 dias de antecedência relativamente à data que fixar para a vistoria.

RENOVAÇÃO DE CONTRATOS

Os contratos de pesquisa e de exploração possuem um prazo mínimo para a sua vigência, bem como a possibilidade de renovações sucessivas.

Assim, nos contratos de pesquisa o prazo mínimo deve ser de seis meses, contados da data de atribuição da licença, findo o qual se renovam por períodos sucessivos de igual duração até à atribuição da licença de exploração.

Nos contratos de exploração o prazo mínimo deve ser de quatro anos, contados da data de atribuição da licença, findo o qual os contratos se renovam por períodos sucessivos de igual duração.

A parte que pretenda denunciar o contrato deve fazê-lo mediante comunicação escrita, com a antecedência de 12 meses no caso da fase de exploração ou de 6 meses no caso da fase de pesquisa.

O proprietário não goza do direito de denúncia do contrato durante a fase de pesquisa até à atribuição da licença de exploração, nem durante as três primeiras renovações do contrato de exploração.

O PLANO DE PEDREIRA

Nenhum explorador pode conduzir e realizar operações de exploraç ão, fecho e recuperação sem Plano de Pedreira aprovado, o qual constitui condição necessária a que está sujeita a respectiva licença. O Plano de Pedreira define os objectivos, processos, medidas e as acções de monitorização durante e após aquelas operações e a que as mesmas devem obedecer.

O Plano de Pedreira é um documento complexo e constituído por duas componentes: uma administrativa e outra técnica.

Da parte administrativa fazem parte as plantas cadastrais dos prédios afectos à exploração, os respectivos documentos probatórios da posse dos prédios ou o contrato de exploração, o requerimento para o pedido de licença, o termo de responsabilidade do responsável técnico da exploração e o parecer favorável de localização. Por outro lado, a componente técnica é constituída, basicamente, por três partes. Na primeira parte deve ser definido o enquadramento físico do terreno, bem como uma síntese de condicionantes naturais, sociais e áreas classificadas. Na Segunda parte define-se o Plano de Lavra: constituído por projecto de exploração e pela identificação e caracterização de impactes ambientais significativos e respectivas medidas de mitigação e monitorização. Por último, na terceira parte define-se o Plano Ambiental e de Recuperação Paisagística (PARP), este constituído pelo plano de desactivação e pelo plano de recuperação. A componente técnica deverá ser acompanhada de peças desenhadas com vista ao melhor esclarecimento das informações contidas no Plano de Pedreira.

O Plano de Pedreira deverá ter sempre subjacente a minimização dos impactes ambientais na envolvente, o aproveitamento sustentável da massa mineral e o princípio das melhores tecnologias disponíveis (MTD).

ZONAS DE DEFESA

As zonas de defesa devem ser medidas a partir do objecto a proteger até à bordadura da escavação ou de outro elemento integrante da pedreira mais próximo do objecto a proteger. De salientar que as zonas de defesa definidas no Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, eram medidas apenas do bordo da escavação ao elemento a proteger.

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Salvo legislação específica em contrário, as zonas de defesa devem ter as distâncias indicadas no Quadro 1.

Em relação ao Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, apenas as zonas de defesa aos prédios vizinhos foram aumentadas, neste caso para o dobro.

Quadro 1 - Zonas de defesa para objectos a defender.

Objecto a defender Distância Prédios rústicos vizinhos, murados ou

não 10 m

Caminhos públicos 15 m

Condutas de fluídos; linhas eléctricas de baixa tensão; linhas aéreas de telecomunicações telefónicas não integradas na exploração; linhas de telecomunicações e teleférico; cabos subterrâneos eléctricos e de telecomunicações

20 m

Pontes; linhas eléctricas aéreas de média e alta tensão; postos eléctricos de transformação ou de telecomunicações

30 m

Linhas férreas; rios navegáveis e canais; nascentes de águas, cursos de água de regime permanente e canais; edifícios não especificados e locais de uso público; nascentes ou captações de água; estradas nacionais ou municipais

50 m

Auto-estradas e estradas internacionais 70 m Monumentos nacionais, locais

classificados de valor turístico; instalações e obras das Forças Armadas e forças e serviços de segurança; escolas; hospitais

100 m

Locais e zonas classificadas com valor

científico ou paisagístico 500 m

De referir que a abertura de frentes de desmonte ao abrigo da licença de pesquisa deve ser realizada cumprindo estas zonas de defesa. As zonas de defesa devem ser respeitadas sempre que se pretendam implantar, na vizinhança das pedreiras, objectos que careçam de defesa ao abrigo da lei de pedreiras.

É de referir que as distâncias das zonas de defesa podem ser aumentadas pela entidade licenciadora, tendo em conta as características da massa mineral, sua estabilidade e localização, bem como em função da utilização de explosivos. Devem ser ainda definidas, por portaria conjunta dos membros do Governo competentes, zonas (especiais) de defesa em torno de outras obras ou sítios, quando se mostrem absolutamente indispensáveis à sua protecção, sendo proibida ou condicionada a exploração de pedreiras.

VISTORIAS À EXPLORAÇÃO

As vistorias às pedreiras encontram-se perfeitamente decretadas com este diploma e não constituirão surpresa para nenhum explorador, ao contrário do que acontecia com o Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março.

Assim, as entidades participantes no licenciamento procederão à vistoria da exploração no prazo de seis meses após a atribuição da licença, sempre que considerem adequado, afim de verificarem a conformidade da mesma com os termos e condições da licença. Todos os exploradores devem requerer à entidade licenciadora vistoria à exploração decorridos três anos da atribuição da licença e sucessivamente por períodos de igual duração, com vista à verificação do cumprimento das obrigações legais e das condições da licença.

As vistorias são realizadas pela entidade licenciadora e pelas entidades competentes pela aprovação do Plano de Pedreira. No final da vistoria será lavrado um auto de onde conste a conformidade da exploração ou, caso contrário,

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as medidas que se julguem necessárias impor e o respectivo prazo de cumprimento. Finalizado este prazo será efectuada nova vistoria por iniciativa das mesmas entidades e, caso não se mostrem cumpridas serão aplicadas as medidas cautelares ou sancionatórias consideradas necessárias.

RESPONSABILIDADE TÉCNICA

A direcção técnica de uma pedreira deve ser assegurada por pessoa com idoneidade reconhecida pela entidade licenciadora e que possua diploma de curso do ensino superior em especialidade adequada. Sempre que seja necessária a utilização de explosivos na pedreira, o responsável técnico deve ter formação específica nessa área. O responsável técnico responde solidariamente com o explorador em todas as questões relacionadas com a direcção técnica e cumprimento do Plano de Pedreira nas suas diversas componentes. Todas as pedreiras que possuam uma produção anual superior a 300 000 t devem ter, pelo menos, um responsável técnico a tempo inteiro. Nenhum responsável técnico poderá ter a seu cargo uma produção anual superior a 500 000 t, não concentrada na mesma empresa.

A mudança de responsável técnico deve ser comunicada, pelo explorador, à entidade licenciadora e às entidades competentes pelo Plano de Pedreira e acompanhada de nomeação de novo responsável.

A nomeação de um responsável técnico, não diplomado, com experiência de exploração superior a 12 anos, conforme estabelecido no Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março, já não é possível com o novo diploma de pedreiras.

ESTATÍSTICA ANUAL

Até ao final do mês de Abril de cada ano deve o explorador enviar à DRE o mapa estatístico relativo à evolução da pedreira referente ao ano anterior. Para além deste mapa estatístico, deve

o explorador enviar à DRE e à DRAOT ou ao ICN, um relatório técnico da exploração, assinado pelo responsável técnico, onde conste a evolução da pedreira de acordo com o respectivo Plano de Pedreira.

Os titulares de licença de pesquisa devem enviar ao Instituto Geológico e Mineiro todos os dados, relatórios técnicos e resultados analíticos obtidos no decurso dos trabalhos realizados.

FISCALIZAÇÃO

A fiscalização do cumprimento das disposições legais sobre o exercício da actividade de pesquisa e de exploração de massas minerais incumbe à CM e às autoridades policiais, no âmbito das respectivas atribuições, sem prejuízo das demais entidades intervenientes no processo de licenciamento e da Inspecção Geral do Ambiente.

A fiscalização do cumprimento do Plano de Pedreira incumbe às entidades competentes pela sua aprovação, as quais devem actuar em estreita coordenação com a entidade licenciadora.

Quando as entidades para a fiscalização constatarem a existência de indícios da prática de qualquer infracção, levantarão o correspondente auto de notícia. O auto de notícia é o documento que contém as deficiências ou faltas encontradas, as advertências e recomendações dirigidas ao explorador ou ao responsável técnico, com vista ao regular desenvolvimento da exploração.

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

Os exploradores de pedreiras já licenciadas são obrigados a adaptar as respectivas explorações às exigências do Plano de Pedreira, submetendo-o à entidade licenciadora no prazo de 18 meses, contados da entrada em vigor do novo diploma de pedreiras. Para além disso, deve o explorador prestar a caução prevista para o PARP no prazo a fixar pela entidade licenciadora.

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O procedimento de aprovação dos respectivos Planos de Pedreira segue a tramitação processual enunciada anteriormente. Na ausência de decisão expressa das entidades competentes para aprovação do Plano de Pedreira considera-se este como tacitamente aprovado, seguindo-se o procedimento de fixação da caução.

Nas pedreiras já licenciadas com distâncias relativas a zonas de defesa inferiores às fixadas no novo diploma de pedreiras, só serão aplicadas as novas distâncias caso não tragam perturbação à marcha dos trabalhos.

Os pedidos de atribuição de licença já apresentados devem ser adaptados às disposições do novo diploma, sem prejuízo dos actos e formalidades já praticados.

PEDREIRAS CONTÍGUAS

Quando se mostre de interesse para o racional aproveitamento de massas minerais em exploração ou para a boa recuperação das áreas exploradas, a entidade licenciadora, ouvidas as entidades que aprovam o Plano de Pedreira, convidará os titulares de pedreiras confinantes ou vizinhas a celebrarem por escrito um acordo que preveja os moldes de exercício das actividades e respectivos Planos de Pedreira com vista a assegurar o desenvolvimento coordenado das operações individualizadas de cada pedreira.

A entidade licenciadora, ouvidos os titulares, elaborará um projecto de acordo, definindo as condições de coordenação das operações, submetendo-o a parecer vinculativo da DRAOT ou do ICN e à assinatura de todos os exploradores participantes.

Os titulares de pedreiras contíguas ou confinantes que pretendam fundir a totalidade ou parte das respectivas operações devem apresentar à entidade licenciadora exposição descrevendo os objectivos e modalidades da pretendida fusão e indicar a entidade que assumirá a titularidade da pedreira incorporante.

A emissão da licença não consubstancia novo licenciamento, nem a pedreira incorporante nova pedreira. É, assim, dispensada a prévia autorização de localização ou o acordo do proprietário dos prédios em que se inserem as pedreiras preexistentes e incorporadas.

CONCLUSÕES

O Decreto-Lei n.º 270/2001, de 6 de Outubro, visa regulamentar a revelação e aproveitamento de massas minerais (pedreiras), revogando o Decreto-Lei n.º 89/90, de 16 de Março.

As alterações introduzidas no novo diploma de pedreiras visaram, fundamentalmente, reforçar os aspectos ambientais, tão necessários e exigentes na sociedade moderna. Foi, também, reforçado o papel do MAOT na atribuição de licenças e na fiscalização das explorações. É também intenção do novo diploma de pedreiras regulamentar as inúmeras situações de pedreiras abandonadas e não reabilitadas, bem como adaptar as explorações existentes às novas exigências.

BIBLIOGRAFIA

Decreto-Lei n.º 89/90 – “Regulamento das pedreiras” . Diário da República. 16 de Março de 1990. Lisboa. Decreto-Lei n.º 90/90 – “Regulamento de

aproveitamento dos recursos geológicos”. Diário da

República. 16 de Março de 1990. Lisboa.

Decreto-Lei n.º 270/2001 – “Regulamento das

pedreiras”. Diário da República. 6 de Outubro de

Referências

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