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Começo com Confúcio: Escolhe um trabalho que gostes e não terás que. trabalhar nem um dia na tua vida. Para mim, que tanto gosto tenho em

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Cerimónia de inauguração e descerramento da placa do Instituto Confúcio da Universidade de Aveiro | 23 abril 2015

Intervenção do Reitor, Prof. Doutor Manuel António Assunção

Sejam muito bem-vindos à Universidade de Aveiro!

Começo com Confúcio: “Escolhe um trabalho que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.” Para mim, que tanto gosto tenho em promover a cooperação internacional, não me deu trabalho nenhum, antes constituiu um imenso prazer, chegar a esta cerimónia. Muito obrigado pela vossa presença.

O momento que hoje vivemos é o resultado de um conjunto de outros momentos, que entrelaçados num jogo de acaso e necessidade, nos trouxeram até esta festa. Se tivesse que escolher um desses momentos como mais determinante do que decorre aqui, agora, indicaria a criação em 1998 do Mestrado em Estudos Chineses: foi o primeiro curso em Portugal de pós-graduação em língua e cultura chinesa; e seguiu-se ao estabelecimento, um ano antes, do nosso Centro de Estudos Asiáticos. Saúdo o Reitor de então, Júlio Pedrosa, pela visão e iniciativa, já lá vão 17 anos.

“A nascente de um rio desaprova quase sempre o curso que este toma”, escreveu Jean Cocteau. Mas eu julgo que no nosso caso, ao invés, os Professores João Lopes Baptista e Yi Pan, que, em 1985, verdadeiramente deram início à colaboração entre a Universidade de Aveiro e a China, estarão satisfeitos com o curso a que a sua ação deu origem. Desde esse ano, mas com maior ênfase a partir de 1992 quando foi assinado um

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protocolo com a Universidade de Zhejiang, que é realidade a vinda para Aveiro de professores, pós- doutorados e estudantes de doutoramento chineses; bem como são realidades as deslocações frequentes de professores e investigadores nossos à China. Do que resultou um profícuo trabalho de investigação conjunto, documentado pela extensa produção em co-autoria: mais de 400 artigos publicados!

Estamos orgulhosos desse nosso pequeno contributo para a

internacionalização de jovens académicos chineses; e estamos agradecidos pelo significativo contributo que eles nos vêm dando para a qualidade do trabalho científico que produzimos. Aliás, o papel desempenhado pelos estudantes e investigadores chineses que, após a sua formação na UA, voltaram para lecionar e pesquisar em universidades da República Popular da China, foi reconhecido logo em 1998, pelo, à época, Ministro da Ciência e Tecnologia, numa sua visita à Universidade de Aveiro.

Disse então o Ministro José Mariano Gago, recentemente falecido e a quem presto a devida e muito sentida homenagem, que esses cientistas chineses

eram - no que se refere à Ciência, entenda-se - e cito “…os primeiros

embaixadores de Portugal na China”.

A dinâmica da cooperação no domínio da Ciência e Engenharia dos Materiais foi-se depois estendendo a outros atores, de cá e de lá, a outras disciplinas e a muitas outras universidades e instituições chinesas: Ambiente, Telecomunicações, Geociências e, mais recentemente, Turismo e Música

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são exemplos desse alargamento das atividades com a República Popular da China, que não param de crescer. A comunidade chinesa já subiu, no contexto dos estrangeiros da UA, ao 3º lugar logo a seguir ao Brasil e a Cabo Verde.

Da multiplicidade de momentos que conduziram a esta sessão gostaria de singularizar, ainda, algumas visitas que, pela sua importância, simbolizam o reconhecimento da intensidade e do alcance da nossa ação; e que, simultaneamente, constituíram elementos de reforço e de relançamento da cooperação. Do passado mais longínquo relembro: a visita em 1999 de uma delegação alargada de Reitores e Vice-Reitores de várias universidades chinesas; e, principalmente, a honra da presença, entre nós, da Senhora Ministra da Ciência e Tecnologia, Zhu Lian, há 15 anos atrás.

Nos tempos mais recentes tivemos o privilégio de receber: uma comitiva, muito representativa, da província de Güizhou em 2012; a vinda do Senhor Embaixador, que à frente de uma delegação da Embaixada, se veio inteirar em pessoa das várias frentes de colaboração, em curso; e a visita de Madame Xu Lin, Diretora Geral do Hanban, que nos quis homenagear atribuindo-nos, de viva voz, o Instituto Confúcio.

Em paralelo, a UA enviou à China, ou integrou em iniciativas governamentais, variadíssimas delegações em contextos e com objetivos também eles os mais diversos.

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Se tivesse que optar por um segundo momento, especialmente marcante no percurso que celebramos neste evento, teria que recordar um telefonema, num domingo de manhã há cerca de três anos, do então Presidente de São João da Madeira e hoje Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, que já tive a oportunidade de saudar. Perguntava-me o Dr. Castro Almeida

se eu – leia-se a Universidade de Aveiro - o ajudava a ensinar mandarim a

todas as crianças do seu município. Da resposta ativa e entusiástica do Departamento de Línguas e Culturas nasceu um projeto-piloto no nosso país de grande significado a vários níveis.

Congratulo-me que o atual Presidente da Câmara, também nosso especial amigo, o Sr. Ricardo Figueiredo, tivesse assumido o projecto com igual prioridade e continuado empenho. Neste contexto não quero deixar passar em claro a contribuição valiosíssima do Professor Carlos Morais, na altura Diretor do Departamento de Línguas e Culturas, e da Doutora Wang Suoying, coordenadora geral da lecionação em São João da Madeira e que em dezembro prestigiou a Universidade de Aveiro ao ser-lhe atribuído - na gala “Luz da China” - o título de uma das dez personalidades chinesas mais influentes.

Este esforço no ensino da língua chinesa, ao nível da educação básica, veio somar-se ao que já vínhamos realizando, há vários anos, na Licenciatura em Línguas e Relações Empresariais onde o percurso de aprendizagem do chinês é um dos ramos mais frequentados; Licenciatura a que foi

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acrescentado um Mestrado com o mesmo nome e que, somados, já formaram mais de 700 estudantes. Também pelos cursos livres de chinês passaram centenas de alunos. E a estas iniciativas letivas pudemos recentemente acrescentar o ensino a crianças em fase pré-escolar, no nosso próprio Centro de Infância.

Temos assim o ciclo quase completo: do jardim-de-infância ao mestrado. Falta-nos o nível doutoral. Mas quem sabe: com o Instituto Confúcio e a nossa parceira Universidade de Dalian, cuja Reitora temos o grato prazer de ter hoje connosco, não deixaremos certamente, em partilha de opiniões, de considerar a hipótese. A formação de docentes portugueses para o ensino de chinês como língua não materna será, a curto prazo, uma outra área a que daremos importância prioritária.

O Senhor Ministro da Educação e Ciência, que muito dignifica esta sessão com a sua vinda, tomou a decisão de tornar mais possível a aprendizagem do mandarim no ensino secundário. Julgo que a nossa experiência pioneira com São João da Madeira terá ajudado a suscitar esta iniciativa política de significativo alcance. Senhor Ministro Nuno Crato: agradecendo-lhe ter-se associado a nós neste momento festivo, quero transmitir-lhe que pode contar com o Instituto Confúcio da UA para o sucesso dessa iniciativa. Aliás, já estamos a celebrar com o Ministério da Educação e Ciência que V. Exa. dirige um protoloco que ajudará a viabilizar a ideia.

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A outra face da moeda, em que de igual modo nos empenharemos a fundo, é a do ensino do português para estudantes chineses. São já mais de uma centena o número de jovens chineses que recebemos com esse objetivo. Também com a Universidade de Dalian estudaremos a melhor maneira e o tipo de cursos mais adequados nessa vertente do ensino do português como língua estrangeira. Estaremos, também, aqui a ser fiéis ao desígnio da Universidade de Aveiro de fazer com que todos os nossos estudantes portugueses sejam mais proficientes em mais línguas; e com que todos os nossos estudantes estrangeiros deixem a Universidade de Aveiro a dominar um melhor português.

A importância dada à língua não nos fará esquecer os estudos culturais sobre a China, o aprofundar do conhecimento da sociedade chinesa e a promoção da amizade entre os povos: foi também com esse propósito que o Centro de Estudos Asiáticos foi criado e essa preocupação está bem vincada no desenho curricular do Mestrado em Estudos Chineses de que já falei. Estou seguro que, muito em particular nesta área, o nosso Instituto Confúcio será preciosíssimo para multiplicarmos várias vezes aquilo que podemos fazer.

Senhor Ministro, Senhor Embaixador, minhas Senhoras e meus Senhores.

O percurso de colaboração inteligente, efetiva e fraterna entre gente da Universidade de Aveiro e gente da República Popular da China é uma realidade há três décadas. Eu sei que é pouco tempo no contexto dos cinco

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séculos de relações sino - portuguesas; mas é muitíssimo para uma Universidade que só tem 41 anos. A atribuição de um Instituto Confúcio à UA honra-nos e faz jus ao mérito da nossa ação, continuada ao longo de trinta anos, a favor da Cooperação entre Portugal e a China. Por sua vez, o Instituto Confúcio e a parceria com a nossa muito amiga Universidade de Dalian, vão-nos permitir ser mais abrangentes na nossa ação, melhores no impacto do que fazemos, mais ambiciosos nos objetivos que traçamos. Sei que o nosso contributo sendo valioso é ainda diminuto: mas persistiremos todos os dias! Voltando a Confúcio lembro o que ele escreveu: “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”.

Chegar a este momento de grande alegria para a Universidade de Aveiro só foi possível pelo empenho de muitas pessoas. Algumas já deixei referidas no decurso das palavras que proferi. Queria agradecer muito em especial à Embaixada da República Popular da China nas pessoas do Sr. Embaixador Huang Songfu e da Sra. Embaixatriz Chang Dongzhen, dos Srs. Conselheiros Cultural Shu Jianping e de Educação Ding Wenzheng, pela dedicação amiga que colocaram neste dossiê. Sei Sr. Embaixador que muito do que aqui se passa hoje se deve a si: muito, muito obrigado! E à Madame Xu Lin, Diretora do Hanban, pela visita com que nos privilegiou e pelo tratamento afetuoso com que me vem distinguindo. Peço ao Sr. Wang Yongli que transmita à Madame Xu Lin a minha mais alta manifestação de apreço pelo cuidado que tem tido para com a Universidade de Aveio.

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Uma palavra ainda para o Senhor Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, pelo esforço que fez, em coerência com a importância que vem dando à internacionalização das universidades, para, através da sua presença, dar mais notoriedade ao descerramento da placa nas instalações do Instituto Confúcio.

Tenho um pacto, desde o primeiro momento, com a minha colega, distinta Reitora da Universidade de Línguas Estrangeiras de Dalian e com a nossa Diretora Cheng Cuicui: Vamos fazer deste um excelente Instituto Confúcio. Vamos mesmo!

Vivam as relações de amizade entre Portugal e a República Popular da China!

Referências

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