• Nenhum resultado encontrado

Bignoniaceae Juss. no Parque Nacional da Serra da Canastra Minas Gerais, Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Bignoniaceae Juss. no Parque Nacional da Serra da Canastra Minas Gerais, Brasil"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

Bignoniaceae Juss. no Parque Nacional da Serra da Canastra – Minas

Gerais, Brasil

Veridiana Vizoni Scudeller1

1 Centro Universitário Luterano do Manaus (CEULM/ULBRA). Coordenação de Biologia. Av. Solimões, 02, Japiim II.

Conj. Atílio Andreazza, CEP 69.077-730, Manaus, AM. scudellerveridiana@hotmail.com

RESUMO – Este trabalho apresenta a flora de Bignoniaceae no Parque Nacional da Serra da Canas-tra, sudoeste do estado de Minas Gerais. Foram confirmadas 15 espécies pertencentes a 11 gêneros, sendo Arrabidaea, Anemopaegma e Jacaranda os mais representativos, com três, duas e duas es-pécies, respectivamente. São apresentadas chaves analíticas, descrições, ilustrações, comentários e distribuição geográfica, além de dados de floração e frutificação de cada espécie.

Palavras-chave: Bignoniaceae, taxonomia, florística, Minas Gerais.

ABSTRACT – Bignoniaceae Juss. of the Serra da Canastra National Park – Minas Gerais, Brazil. This paper presents the floristic study of the Bignoniaceae in the Serra da Canastra National Park, Southeastern of Minas Gerais State. Fiftheen species belonging to 11 genera were confirmed, being

Arrabidaea, Anemopaegma and Jacaranda the most representative, with three, two and two species,

respectively. Analytic keys, descriptions, illustrations, comments, geographical distribution, and flowering and fruiting of each species are presented.

Key words: Bignoniaceae, taxonomy, floristic, Minas Gerais.

INTRODUÇÃO

As Bignoniaceae Juss. estão representadas por 750 espécies com distribuição predominante-mente tropical, principalpredominante-mente na América do Sul (Mabberley, 1997). A família é caracterizada por apresentar folhas opostas, compostas, raro simples, corola 5-mera, tubulosa, estames didínamos e um estaminódio geralmente inconspícuo, gineceu bicar-pelar e fruto cápsula, raro baga ou drupa (Barroso et

al., 1986, 1999; Gentry, 1973). Encontra-se

segre-gada em oito tribos, das quais quatro ocorrem no Brasil, sendo representadas por 51 gêneros, 40 per-tencentes à Bignonieae, um à Crescentieae, um à Schlegelieae e nove à Tecomeae, totalizando apro-ximadamente 450 espécies (Gentry, 1973).

Gentry publicou inúmeros trabalhos não apenas sob o enfoque taxonômico, mas também sobre eco-logia e fenoeco-logia de espécies da referida família (Gentry, 1973, 1974, 1980a, 1980b, 1992). Para a Flora Neotrópica foram realizadas revisões das tri-bos Tecomeae, Crescentieae e Tourrettieae (Gentry,

1980a, 1992). Informações sobre as demais tribos encontram-se dispersas em vários trabalhos.

O Parque Nacional da Serra da Canastra (PNSC), criado em 1972 (Decreto-lei no 70.355), compreende uma área de 75.525ha e localiza-se na porção sudoeste do estado de Minas Gerais, limi-tando-se com os municípios de São Roque de Mi-nas, Delfinópolis e Sacramento, entre os paralelos 20º00’-20º30’ S e longitude 46º15’-47º00’ W. Sua implantação teve como objetivo preservar a quali-dade e a quantiquali-dade dos mananciais da nascente do rio São Francisco, bem como a flora e a fauna carac-terísticas do bioma de campos, cerrados e campos rupestres do sudeste do Brasil (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, 1981). Po-rém, mesmo sendo a segunda maior unidade de con-servação do estado de Minas Gerais, pouco se co-nhece acerca de sua flora (Flint, 1991).

O objetivo deste trabalho foi inventariar as es-pécies de Bignoniaceae no PNSC, procurando caracterizá-las morfologicamente e proporcionar meios para a sua determinação.

(2)

MATERIAL E MÉTODOS

Os materiais estudados, procedentes do PNSC, resultaram de registros e coletas sistemáticas bimen-sais, de fevereiro/1994 a janeiro/1998, totalizando 24 expedições, realizadas principalmente pelos co-ordenadores do projeto “Caracterização florística das unidades ecológicas do Parque Nacional da Serra da Canastra, MG” (DIREC/DEUC/IBAMA 02025000086/93-37), além de outras coletas espo-rádicas oriundas da área de estudo. Os materiais tes-temunhos encontram-se depositados nos herbários HUFU (Uberlândia), SPF (São Paulo) e VIC (Vi-çosa).

Os espécimens foram determinados, descritos e ilustrados da maneira convencional utilizada em taxonomia. As descrições das espécies, bem como as chaves para gênero e espécies, foram fundamen-tadas exclusivamente nas variações morfológicas observadas nos representantes do PNSC. Para as descrições dos gêneros, utilizou-se de material bi-bliográfico. Os táxons são apresentados em ordem alfabética segundo a categoria de tribo, gênero e es-pécie. A nomenclatura adotada está baseada em Radford et al. (1974).

O período reprodutivo de cada espécie foi obti-do a partir obti-dos daobti-dos registraobti-dos nas etiquetas e por exame dos espécimens herborizados. Os períodos de floração foram reconhecidos de acordo com os pa-drões de fenologia propostos por Gentry (1974, 1980b): estacionário (“steady state”), estacionário modificado (“modified steady state”), cornucópia (“cornucopia”), floração maciça (“big bang”) e vá-rias florações maciças (“multiple bang”).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No PNSC, as Bignoniaceae encontram-se repre-sentadas por 15 espécies pertencentes às tribos Bignonieae e Tecomeae. Bignonieae contou com 11 espécies e oito gêneros, sendo Arrabidaea e

Anemopaegma os mais representativos, com três

e duas espécies, respectivamente. Anemopaegma

arvense está representada por duas variedades.

Tecomeae está representada por três gêneros e qua-tro espécies.

Chave analítica para a identificação dos gêneros de Bignoniaceae ocorrentes no PNSC:

1. Arbusto ou arvoretas, folha bipinada ou digitada ... 2 1’. Liana ou subarbusto, folha pinada ... 4

2. Folha bipinada, estaminódio maior que os estames fér-férteis ...Jacaranda 2’. Folha digitada, estaminódio muito menor que os estames férteis ... 3 3. Folíolo discolor, face abaxial de coloração ocre; cálice bipartido, corola tubular-cilíndrica. Fruto ovóide e achatado dorsi-ventralmente, superfície mucronada ...Zeyheria 3’. Folíolo concolor; cálice 5-denticulado; corola infundi-buliforme. Fruto linear e subcilíndrico, superfície não mucronada ... Tabebuia 4. Gavinha bífida ou quando trífida com corola não ama-rela ... 5 4’. Gavinha simples, ausente, ou quando trífida com corola amarela ... 7 5. Gavinha bífida no ápice; pseudo-estípula 2-3 séries, subcônicas ... Paragonia 5’. Gavinha trífida no ápice; pseudo-estípula ausente ou aos pares ... 6 6. Face adaxial da lâmina foliolar tomentosa e com glândulas pateliformes esparsas; inflorescência tirsóide, alongada, corola branca com fauce amarela, recurvada ... Distictella 6’. Face adaxial da lâmina foliolar glabra ou pubérula, glândulas punctadas; inflorescência racemosa, congesta, corola alaranjada e reta ...Pyrostegia 7. Fruto elíptico-ovóide, achatado dorsi-ventralmente ...

... .Anemopaegma 7’. Fruto linear achatado dorsi-ventralmente, ou oblongo sub-cilíndrico ... 8 8. Corola magenta a lavanda, até rosa (nunca amarela) ... 9 8’. Corola amarela ... 10 9. Pólen em mônade; fruto com nervuras dorsal e marginal inconspícuas ou levemente saliente ... Arrabidaea 9’. Pólen em tétrade; fruto com nervura marginal ou submarginal (raramente a dorsal) conspícua, saliente, porém nunca ultrapassando a largura do fruto ... Cuspidaria 10. Lâmina foliolar de margem inteira a dentada; bráctea da inflorescência linear, inconspícua ... Memora 10’. Lâmina foliolar de margem inteira; bráctea da inflorescência foliácea e côncava ... Adenocalymma

Tribo Bignonieae

Adenocalymma Mart. ex Meisn., Plantarum

Vascularum Genera v. 1, p. 300; v. 2, p. 208

(‘Adenocalymna’). 1840; v. 2, p. 374. 1843. nom. & orth. cons. prop.

Liana ou arbusto escandente. Folha 3-foliolada com o folíolo mediano longo peciolado ou 2-fo-liolada com gavinha intermédia simples, pinada. Inflorescência racemo axilar ou terminal; cálice freqüentemente com glândulas pateliformes eviden-tes; corola amarela; estames inclusos; ovário linear, bilocular com 2 fileiras de óvulos por lóculo; dis-co nectarífero pateliforme. Cápsula oblonga ou oblonga-linear; semente freqüentemente alada.

Apesar de corrigida pelo próprio autor do gênero (Meisner, 1843) a forma variante (‘Adenocalymna’) vinha sendo usada por diversos autores, onde os mais

(3)

recentes foram Gentry (1993) e Scudeller & Carva-lho-Okano (1998). Tendo detectado esta inconsistên-cia na grafia do gênero, Scudeller (2000) fez uma breve revisão dessas duas grafias e propôs a conser-vação do nome Adenocalymma, conforme correção do próprio Meisner.

Adenocalymma bracteatum (Cham.) DC.

Pro-dromus Systematis Naturalis Regni Vegetabilis,

v. 9, p. 200. 1845. (Adenocalymna bracteatum). (Fig. 1)

Liana. Caule com lenticelas; pseudo-estípula com glândulas pateliformes, triangular. Folha 2-3 fo-liolada; lâmina foliolar 8-10,5 × 2,2-3,4 cm, cartá-cea, elíptica, base arredondada, ápice acuminado, levemente assimétrico, margem inteira, nervura pri-mária amarelada e saliente na face abaxial, 9-11 ner-vuras secundárias, com ângulo de divergência le-vemente agudo. Inflorescência axilar; cálice verde, 1,4-1,6 × 0,7-0,8 cm, tubuloso, 5-dentado, 2-fileiras de glândulas pateliformes associadas à nervura, inten-so tomentointen-so; corola tubulosa, tubo 5,2-5,4 × 2,1-2,3 cm, lobo 1,1-1,3 × 2-2,2 cm, levemente recur-vada, tomentosa externamente; inserção dos estames pubescente, com tricomas glandulares capitados; ovário 0,5 × 0,2 cm, linear, cilíndrico; disco necta-rífero 0,1 × 0,1 cm, ondulado longitudinalmente.

No PNSC foi reconhecida a variedade típica da espécie, A. bracteatum var. bracteatum, que carac-teriza-se pelo cálice com duas fileiras de glândulas pateliformes e dentes subulados, além da corola recurvada. Em estádio vegetativo pode ser reconhe-cida pelas pseudo-estípulas triangulares com glân-dulas negras evidentes e pelas lâminas foliares elípticas, com as nervuras da face abaxial creme, quando seca. Para Laroche (1973), A. bracteatum var. bracteatum difere da variedade macradenum Bureau, pela folha bastante pubescente, principal-mente na face abaxial, e por apresentar o cálice menor e com dentes breves. Nesses quatro anos de observa-ções e coleta, essa variedade foi encontrada no período de floração apenas uma única vez, o que a classifica como pertencente ao padrão floração maciça, coin-cidente com o encontrado no Parque Estadual do Rio Doce-MG (Scudeller, 1997). Porém, Amaral (1992) a considera com o padrão estacionário modificado.

Segundo Bureau & Schumann (1896), a referida variedade ocorre em Minas Gerais, no Rio de Janei-ro e São Paulo. Para LaJanei-roche (1973), essa variedade distribui-se também nos estados da Bahia, Espírito Santo e Paraná.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, trilha da cachoeira Casca

d’Anta, 20.IV.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio & V. F. O. Miranda 2434 (HUFU).

Anemopaegma Mart. ex Meisn., Plantarum

Vascularum Genera, v. 1, p. 300; v. 2, p. 208. 1840.

(Anemopaegmia).

Liana, raro subarbusto. Caule cilíndrico; pseudo-estípula inconspícua ou foliácea. Folha 3 (5) foliola-da, ou 2-foliolada com gavinha intermédia geralmen-te simples, pinada. Inflorescência racemo ou tirso axilar; cálice tubular, crasso; corola amarela, tubu-losa; estames inclusos; ovário ovóide, levemente achatado dorsi-ventralmente; disco nectarífero ane-lar. Cápsula elipsóide, achatada dorsi-ventralmente; semente alada, alas circulares.

Chave analítica para a determinação das espécies de Anemopaegma no PNSC:

1. Liana; gavinha trífida ... A. chamberlaynni 1’. Subarbusto; gavinha ausente ... A. arvense

Anemopaegma arvense (Vell.) Stellf. ex de

Sou-za, Tribuna Farmaceutica, v. 13, p. 275. 1945. (Figs. 2-4)

Subarbusto. Caule tomentoso. Folha 3-foliolada, subséssil; lâmina foliolar 5,5-7,2 × 0,25-0,35 cm, cartácea, estreitamente lanceolada, base atenuada, ápice acuminado, bordo revoluto, face abaxial to-mentosa a glabra, com glândulas pateliformes espar-sas, face adaxial tomentosa a glabra, 9-11 nervuras secundárias, com ângulo de divergência praticamen-te reto. Inflorescência em dicásios ou flores solitá-rias; cálice verde, 0,6-0,7 × 0,5-0,6 cm, campanu-lado, 5-mucronado, glândulas pateliformes associa-das às nervuras, essas tomentosas ou não; corola tubular-infundibuliforme, tubo 3,5-4,9 × 1-1,5 cm, lobo 0,5-0,7 × 0,8-1,1 cm, lepidota externamente; inserção dos estames vilosa; ovário 0,25 × 0,15 cm, ovóide; disco nectarífero 0,1 × 0,2 cm. Cápsula ovóide, 6,2 × 4,6 cm, superfície levemente papilosa; semente alada, 3,6-4 × 3,2-3,4 cm.

Segundo Ferreira (1973) são três variedades para essa espécie, distinguindo-as pela forma da lâmina foliolar, tamanho do pecíolo e presença de indu-mento. No PNSC foram encontradas plantas perten-centes à duas variedades: A. arvense var. arvense Bureau e A. arvense var. petiolata Bureau.

(4)

Anemopaegma arvense var. arvense é

facilmen-te reconhecida pelas folhas subsésseis, estreitamen-te lanceoladas e largura sempre menor que 0,5 cm (Fig. 2). A referida variedade apresenta um período de floração prolongado, compreendendo os meses de julho a janeiro, com um pico em outubro, sendo enquadrada no padrão estacionário modificado. A frutificação ocorre nos meses de julho-agosto.

Anemopaegma arvense var. petiolata

caracteri-za-se pelas folhas oblonceoladas (6,6-11,5 × 2-4 cm) e pecioladas (2-3 cm), embora com peciólulo insig-nificante (Fig. 4). Segundo Ferreira (1973), essa va-riedade caracteriza-se pelos ramos glabros, folíolos angusto-lanceolados, glabros em ambas as faces e margem revoluta. Esta variedade foi coletada no período de floração apenas no mês de outubro, ca-racterizando o típico padrão floração maciça.

Vegetativamente, A. arvense var. petiolata é muito distinta das demais variedades da espécie, pois não apresenta lâminas foliolares lineares e pecíolo reduzido, tornando-se muito mais semelhante a

A. glaucum Mart. ex DC. Em relação a esta última, a

diferença na forma da lâmina foliolar é muito sutil, sendo a pruinosidade clara (tonalidade glauca) e a cápsula de ápice agudo encontrados em A. glaucum os estádios de caráter que distinguem essas espé-cies.

Ferreira (1973) comenta que as três variedades por ele consideradas coexistem, às vezes lado a lado. Bureau & Schumann (1896) reconhecem A.

mirandum Mart. ex DC. (= A. arvense var. arvense)

para o estado de Goiás, Paraná, Mato Grosso, Mi-nas Gerais e São Paulo; já a variedade A. arvense var. petiolata para os estados de Mato Grosso e Mi-nas Gerais.

Material examinado (A. arvense var. arvense): BRASIL,

MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, base do morro próximo à sede administrativa, 15.X.1994 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, A. Furlan & F. C. Garcia 498 (HUFU, VIC); ib., cachoeira da Casca D’Anta, 17.X.1994 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, A. Furlan & F. C. Garcia 553 (HUFU, VIC); ib., próximo ao Curral as Pedras, estrada para Sacramento, 18.X.1994 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, A. Furlan & F. C. P. Garcia 1308 (HUFU, VIC); ib., próximo ao posto de observação, estrada para Sacramento, 18.X.1994 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, A. Furlan & F. C. Garcia 1373 (HUFU, VIC); ib., Chapadão do Diamante, 16.VII.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 2482 (HUFU, VIC); ib., estrada para o retiro de Pedras, 18.VII.1995 (fr.) J. N. Nakajima, R. Romero, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 1278 (HUFU, VIC); ib., guarita de Sacramento, 18.XI.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, E. Zanini & D. G. Simões 3074 (HUFU, VIC); ib., Fazenda da Zagaia, 25.IX.1997 (fl.), R. Romero & J. N. Nakajima 3707 (HUFU); ib., estrada para a Serra

da Chapada, 14.X.1997 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, M. A. Farinaccio & N. Roque 4573 (HUFU); ib., torre de observação, estrada para a divisa do Parque, 17.X.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio & N. Roque 2920 (HUFU); ib., morro após o córrego dos Passageiros, 10.I.1998 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima & M. A. Farinaccio 4924 (HUFU).

Material examinado (A. arvense var. petiolata): BRASIL,

MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, próximo à guarita de Sacramento, 14.X.1994 (fl.); R. Romero, J. N. Nakajima, A. Furlan & F. C. P. Garcia 1186 (HUFU, VIC).

Anemopaegma chamberlaynni (Sims.) Bureau et

K. Schum. in Martius, Flora Brasiliensis, v. 8, n. 2, p. 128. 1896-1897.

(Fig. 5)

Liana. Caule estriado, fistuloso; pseudo-estípula foliácea, reniforme. Folha 2-foliolada, gavinha trífi-da; lâmina foliolar 10,2-14,6 × 5,3-6,6 cm, cartácea, ovada, base atenuada, ápice acuminado, bordo revo-luto, face abaxial com campo de glândulas pateli-formes nas axilas das nervuras secundárias com a primária, 5(6) nervuras secundárias, com ângulo de divergência moderadamente agudo. Inflorescência ra-cemo; cálice creme-esverdeado, 0,8-0,9 × 1,0-1,2 cm, tubular; corola tubular, tubo 4,7-5,1 × 1,6-1,9 cm, lobo 0,8-1 × 0,9-1,1 cm, levemente recurvada (30o); inserção dos estames tomentosa; ovário 0,3 × 0,1 cm, ovado, levemente achatado dorsi-ventralmente; dis-co nectarífero 0,1 × 0,3 cm, pateliforme.

No PNSC foi encontrado representante da varie-dade típica, A. chamberlaynni var. chamberlaynni, caracterizada pela gavinha trífida, pseudo-estípula foliácea (ca. 0,8 × 1,6 cm) e pedúnculo da inflo-rescência longo (> 0,5 cm). O espécimen encontra-do no PNSC apresenta o ramo fistuloso e campo de glândulas nas axilas das nervuras secundárias com a primária, embora essas não sejam características relacionadas como diagnósticas da espécie. Para Sandwith & Hunt (1974), A. chamberlaynni var.

tenerium (Cham.) Bureau & Schumann difere da

variedade típica não apenas pela inflorescência mais delgada e pedicelos e os cálices menores combina-dos com a corola relativamente pequena e estreita, mas também pela ausência de peseudo-estípula foliácea, a gavinha simples e a muito mais obscura e miudamente escamosa superfície externa do tubo da corola o qual muitas vezes aparece glabro.

Encontrada em flor apenas no mês de abril, pode ser caracterizada no padrão floração maciça. Amaral (1992) considera essa espécie com a floração do tipo estacionário modificado.

(5)

Segundo Bureau & Schumann (1896) é encon-trada em São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Sandwith & Hunt (1974) registram sua ocorrência nos estados do sudeste de Minas Gerais até Santa Catarina e também no Paraguai.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, borda da mata das

margens do rio São Francisco, próximo à Cachoeira da Casca d’Anta, 20.IV.1994 (fl.); R. Romero, J. N. Nakajima & F. A. G. Guilherme 970 (HUFU, VIC).

Arrabidaea DC., Bibliotheque de Universite de

Genève, ser. 2, v. 17, p. 126. 1838.

Liana, raro subarbusto. Caule cilíndrico, liso, estriado ou sulcado; pseudo-estípula inconspícua ou caduca. Folha (1)3 foliolada ou 2-foliolada com gavinha intermédia simples ou ausente, pinada. Inflorescência panícula ou tirso; cálice cupuliforme, 5-denticulado ou lobado; corola infundibuliforme; estames freqüentemente inclusos; ovário linear; dis-co nectarífero geralmente cupular e carnoso. Cápsu-la linear, achatada dorsi-ventralmente; semente alada.

Chave analítica para a determinação das espécies de Arrabidaea no PNSC

1. Subarbusto a arbusto; folha simples; glabra .. A. brachypoda 1’. Liana; folha 2-3 foliolada; pubescente ... 2 2. Ramo com ritidoma escamoso ... A. pulchra 2’. Ramo liso ... .Arrabidaea sp.

Arrabidaea brachypoda (DC.) Bureau,

Videnskabelige Meddelelser fra Dansk Natur-historisk Forening i Kjobenhavn, p. 1213. 1893.

(Fig. 6)

Subarbusto a arbusto. Caule levemente estriado, tomentoso, lenticelas esparsas. Folha unifoliolada, 7-9,7 × 3,5-7,2 cm, coriácea, circular a obovada, base atenuada, ápice retuso a acuminado, margem inteira, face adaxial com glândulas pateliformes na base, face abaxial com domácias membranáceas nas axilas das nervuras secundárias com a primária, 4-5 nervuras secundárias, com ângulo de divergên-cia fortemente agudo. Inflorescêndivergên-cia axilar e ter-minal, tirso; cálice vináceo, 0,4-0,6 × 0,4-0,5 cm, tubular, lepidoto, 5-denticulado; corola rosa, in-fundibuliforme, tubo 2,2-2,7 × 0,9-1,3 cm, lobos 1,2-1,5 × 1-1,5 cm, tomentosa externamente; inser-ção dos estames vilosa com tricomas glandula-res capitados; ovário 0,2 × 0,1 cm, linear; disco

nectarífero 0,1 × 0,2 cm, pateliforme. Cápsula ima-tura linear, superfície papilosa.

Arrabidaea brachypoda caracteriza-se pelas

fo-lhas unifolioladas com domácias membranáceas e pela presença de campo de glândulas interpeciolares. Segundo Sandwith (1958), A. platyphylla Bureau et K. Schum. (= A. brachypoda) pode apresentar va-riação no número de folíolos (1-3) e no hábito (arbustivo ou escandente). Todos os espécimens encontrados no PNSC apresentaram-se unifoliolados e de hábito subarbustivo. Essa espécie apresenta grande variabilidade morfológica, dependendo do ambiente em que está ocorrendo (Scudeller & Car-valho-Okano, 1998). Vegetativamente assemelha-se a A. simplex A. H. Gentry, porém esta, como o pró-prio epíteto específico particulariza, não apresenta variações no número de folíolos e as domácias en-contradas nas lâminas foliares são pilosas. O cálice também as distingue, sendo em A. simplex irregular-mente bilabiado. Fenologia de floração do tipo cornucópia foi atribuída a essa espécie que se en-contra em floração nos meses de março a maio. Foi coletado fruto imaturo em maio. Scudeller (1997) também considerou essa espécie pertencente ao pa-drão do tipo cornucópia.

Segundo Bureau & Schumann (1896), esta espécie ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Maranhão. Segundo Scudeller (1997), esta é uma espécie comum em diversos ti-pos de formações vegetais, ocorrendo também nos Estados do Acre, Goiás, Espírito Santo, Mato Gros-so, além dos citados anteriormente.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, estrada para Sacramento,

após o curral das Pedras, 18.III.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, R. César & E. Zanini 875 (HUFU, VIC); ib., estrada para a Cachoeira dos Rolinhos, 14.V.1995 (fl. e fr.), R. Romero, J. N. Nakajima, M. B. Alcantara 2299 (HUFU, VIC).

Arrabidaea pulchra (Cham.) Sandwith, Kew

Bulletin, v.22, p. 416. 1968.

(Figs. 7,8)

Liana. Caule com ritidoma escamoso. Folha 2-3 foliolada; lâmina foliolar 8,0-8,2 × 5,8-6,1 cm, car-tácea, oblonga a ovada, base obtusa, ápice agudo, bordo revoluto, face adaxial pubérula, face abaxial tomentosa e lepidota, 4-5 nervuras secundárias, com ângulo de divergência moderadamente agudo. In-florescência tirso axilar; cálice purpúreo, 0,5-0,6 × 0,6-0,7 cm, pateliforme, inflado, tricomas glandula-res capitados no ápice; corola purpúrea, tubular, tubo

(6)

3,7-4,1 × 1,5-1,8 cm, lobo 0,6-1 × 0,8-0,9 cm, face externa pubérula com tricomas glandulares capita-dos; inserção dos estames pubescente; ovário 0,25 × 0,1 cm, linear, intenso lepidoto; disco nectarífero 0,2 × 0,2 cm, cupular.

Arrabidaea pulchra caracteriza-se por

apresen-tar folhas tomentosas e partes reprodutivas com tricomas glandulares capitados, antenas com co-nectivo alargado e 4 fileiras de óvulos por lóculo. A partir do material observado, A. pulchra apresentou floração apenas no mês de maio, caracterizando o padrão floração maciça. Scudeller (1997) encontrou esta espécie florida nos meses de março e setembro, enquadrando-a no padrão várias florações maciças. Segundo Bureau & Schumann (1896), Cremastus

pulcher (= A. pulchra) é citada para os estados do

Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, Cachoeira da Casca

d’Anta, trilha para a guarita de baixo, 12.V.1995 (fl.); J. N. Nakajima, R. Romero, M. B. Alcantara & C. A. Prado Lima 1085 (HUFU, VIC).

Arrabidaea sp.

Liana. Caule cilíndrico, estriado, viloso, pseudo-estípula caduca. Folha 2-3 foliolada; lâmina foliolar imatura cartácea, ovada, base cordata, ápice acu-minado, face adaxial pubérula, face abaxial vilosa, 4 nervuras secundárias, com ângulo de divergência agudo. Cápsula linear, 20-27 × 0,9-1,1 cm, marrom quando madura, nervura dorsal pouco evidente, su-perfície lisa; semente 2-alada, 3-3,2 × 0,7-0,8 cm, superfície papilosa, alas hialinas.

Esse material não foi determinado até o nível de espécie devido à falta de material reprodutivo, prin-cipalmente a flor, e também pela ausência de folhas completamente expandidas. Os frutos caracterizam muito bem o gênero.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, Cachoeira dos Rolinhos,

21.VII.1997 (fr.); R. Romero, J. N. Nakajima, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 4459 (HUFU).

Cuspidaria DC., Bibliotheque de Universite de

Genève, ser. 2, v. 17, p. 125. 1839.

Liana. Caule cilíndrico, glabro a tomentoso. Fo-lha (1) 2-3 foliolada com gavinha intermédia sim-ples ou ausente, pinada. Inflorescência panícula, ter-minal ou axilar; cálice campanulado, 5-denticulado a 5-lobado; corola campanulada-infundibuliforme; estames inclusos ou subexsertos, antenas retrorsas;

ovário elongado-linear, lepidoro; disco nectarífero cupular. Cápsula linear-oblongo, curtamente 4-ala-do; semente alada.

Cuspidaria convoluta (Vell.) A. H. Gentry

Taxon, v. 24, p. 343. 1975.

(Fig. 9)

Liana. Caule estriado, piloso quando jovem, lenticelas abundantes, região interpeciolar com cam-po de glândulas; pseudo-estípula cônica, pilosa. Fo-lha 2-3 foliolada; lâmina foliolar 2,7-4,2 × 1,8-2,8 cm, cartácea, ovada, base cordiforme a oblíqua, ápice agudo, bordo liso, ambas as faces pilosas nas nervuras, face abaxial com glândulas pateliformes esparsas, glândulas negras na base, poucas ou au-sentes, domácias pilosas nas axilas das nervuras se-cundárias com a primária, 5-7 nervuras sese-cundárias, com ângulo de divergência levemente agudo. Inflorescência panícula triangular ou subcorimbosa, 2-4 flores; cálice verde, 0,73-0,78 × 0,33-0,35 cm, tubular, viloso externamente, 5-dentado, glândulas pateliformes na região apical; corola rosa, interior do tubo alvo com estrias lilases, infundibuliforme, tubo 3,3-3,5 × 0,9-1 cm, lobo 1,1-1,2 × 0,8-0,9 cm, face externa vilosa, lobos internamente vilosos; in-serção dos estames vilosa; ovário 0,3 × 0,1 cm, 4-angular, intenso lepidoto; disco nectarífero 0,1 × 0,1 cm, pateliforme.

As pseuestípulas cônicas, estriadas, as do-mácias pilosas nas folhas, as anteras retrorsas e o ovário 4-angular, lepidoto caracterizam C.

convoluta. No PNSC, esta espécie foi encontrada

com indivíduos em floração apenas no mês de agos-to (floração maciça).

Bureau & Schumann (1896) relataram esta es-pécie para os estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Para Sandwith & Hunt (1974),

C. pterocarpa (= C. convoluta) ocorre desde o

esta-do de Minas Gerais até o Rio Grande esta-do Sul, tam-bém no Paraguai e nordeste da Argentina (região de Misiones e Corriente).

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, Cachoeira dos Rolinhos,

21.VIII.1997 (fl.); R. Romero, J. N. Nakajima, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 4467 (HUFU).

Distictella Kuntze, in Post et Kuntze, Lexicon

Generum Phanerogamarum, p. 182. 1903.

Liana. Caule cilíndrico, lenticelado; pseudo-estí-pula caduca. Folha 3-foliolada ou 2-foliolada com

(7)

gavinha intermédia trífida, pinada. Inflorescência tirso axilar ou terminal; cálice cupuliforme, trunca-do, carnoso; corola branca, fauce amarela, recurvada ca. 70-80º, infundibuliforme; estames inclusos; ová-rio linear, 4 fileiras de óvulos por lóculo; disco nectarífero pateliforme. Cápsula oblonga, nervura dorsal proeminente; semente alada.

Distictella elongata (Vahl) Urb., in Fedde,

Repertorium Novarum Specierum, v. 14, p. 310.

1916.

(Fig. 10)

Liana. Caule estriado, tomentoso, lepidoto. Fo-lha 2-foliolada; lâmina foliolar 6,1-11,0 × 4,1-7,2 cm, cartácea, ovada, base obtusa, ápice acuminado, margem inteira, face adaxial lepidota, pubérula so-bre as nervuras, face abaxial intenso lepidota, to-mentosa e com glândulas pateliformes esparsas, 3-5 nervuras secundárias, com ângulo de divergên-cia levemente agudo. Inflorescêndivergên-cia terminal; cá-lice esverdeado a vinho, 1,2-1,4 × 1,0-1,2 cm, 5-denticulado, campo de glândulas pateliformes na porção apical; corola tubo 4,0-5,2 × 1,2-1,9 cm, lobo 1,4 × 1,6 cm, esses reflexos, tomentosa externamen-te; inserção dos estames velutina e ligulada; ová-rio linear, levemente anguloso, 0,7 × 0,3 cm, re-coberto por tricomas seríceos; disco nectarífero 0,3 × 0,1 cm.

Distictella elongata é caracterizada pela

gavi-nha trífida, inflorescência alongada e floribunda, e corola recurvada. No campo, essa espécie é facil-mente reconhecida pelas flores esbranquiçadas a cre-me claro e fauce amarelada, com forte odor adoci-cado e pelos campos de glândulas na porção apical do cálice, geralmente muito visitados por formigas. Quando em frutificação, o fruto oblongo, recoberto por tricomas seríceos também é muito característi-co. No PNSC, a referida espécie encontra-se em floração nos meses de novembro e janeiro (cornu-cópia). Scudeller (1997) encontrou esse mesmo pa-drão de floração para D. elongata no Parque Esta-dual do Rio Doce-MG.

Scudeller & Carvalho-Okano (1998) reconhe-cem essa espécie para os estados de Goiás, São Pau-lo e Minas Gerais.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, cachoeira dos Rolinhos,

21.XI.1995 (fl.); J. N. Nakajima, R. Romero, E. Zanini & D. G. Simão 1534 (HUFU, VIC); ib., borda da mata de encosta; 12.I.1996 (fl.), R. Romero et al. 3288 (HUFU).

Memora Miers, Proceedings of the Royal

Horticultural Society of London, v. 3, p. 185.

1863.

Liana ou subarbusto. Folha 2-ternada, pinada ou ainda 3-foliolada, podendo o folíolo terminal ser modificado em gavinha simples. Inflorescência tirso ou panícula, terminal; cálice sub-inflado; corola cur-vada, campanulada-infundibuliforme; estames inclu-sos; ovário oblongo, muitos óvulos por lóculo; dis-co nectarífero crasso. Cápsula linear, achatada dor-si-ventralmente; semente alada, alas hialinas ou opacas.

Memora pedunculata (Vell.) Miers, Proceedings

of the Royal Horticultural Society of London,

v. 3, p. 185. 1863.

(Figs. 11-17)

Subarbusto. Caule cilíndrico, estriado; pseudo-estípula foliácea, com campo de glândulas na face abaxial. Folha 2-pinada; lâmina foliolar 5,9-8,2 × 2,7-3,9 cm, coriácea, folíolo terminal ovado, base atenuada, ápice acuminado, margem inteira a denta-da, revoluta, face abaxial com glândulas patelifor-mes esparsas, 8-11 nervuras secundárias com ângu-lo de divergência levemente agudo. Infângu-lorescência tirso; cálice esverdeado, 0,6-0,8 × 0,7-0,9 cm, tu-bular, truncado, 5-projeções denticuladas na porção apical com campo de glândulas nessa região; corola amarela, tubo 5,6-6,1 × 1,7-2,5 cm, lobo 1,3-1,8 × 1,4-1,6 cm, glândulas esparsas externamente na região da fauce; inserção dos estames vilosa; ová-rio 0,2 × 0,1 cm; disco nectarífero 0,1 x 0,3 cm, pateliforme.

Memora pedunculata caracteriza-se pela

pseu-do-estípula foliácea, côncava e com glândulas, lâ-mina foliolar bipinada, com a margem inteira a den-tada e glândulas pateliformes na região da fauce da corola. Bureau & Schumann (1896) caracterizam

M. glaberrima K. Schum. (= M. pedunculata) pelo

cálice e ovário glabros e não mais que 10 fileiras de óvulos por lóculo. A referida espécie foi encontrada em floração nos meses de janeiro-fevereiro, abril e dezembro e enquadrada no padrão estacionário mo-dificado.

Bureau & Schumann (1896) reconhecem a ocor-rência de M. glaberrima (= M. pedunculata) para os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, estrada para Sacramento,

(8)

11km da sede administrativa, 22.II.1994 (fl.), R. Romero & J. N. Nakajima 671 (HUFU, VIC); ib., 4 km do Curral de Pedras, estrada para Sacramento, 08.XII.1994 (fl.), R. Romero & J. N. Nakajima 1507 (HUFU, VIC); ib., 32 km da sede administrativa, estrada para Sacramento, 09.XII.1994 (fl), J. N. Nakajima & R. Romero 746 (HUFU, VIC); estrada para o retiro das Pedras, 18.IV.1997 (fl.), J. N. Nakajima; R. Romero, M. A. Farinaccio & V. F. O. Miranda 2384 (HUFU); ib., estrada para a Cachoeira dos Rolinhos, 09.I.1998 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima & M. A. Farinaccio 4872 (HUFU); ib., estrada ao retiro de Pedras, 16.XII.1998 (fl.), M. A. Farinaccio 252 & E. M. Campos Filho (SPF).

Paragonia Bureau, Bulletin Société de

Botanique du Nord de la France, v. 19, p. 17. 1872.

Liana. Caule cilíndrico; pseudo-estípula 2-3 sé-ries, subcônica. Folha 2-foliolada com gavinha inter-média geralmente bífida, pinada. Inflorescência tirso terminal; cálice truncado; corola lavanda a magenta; estames inclusos; ovário elíptico, 2 fileiras de óvu-los por lóculo; disco nectarífero carnoso, cupular. Cápsula linear, valvas convexas; semente alada.

Paragonia pyramidata (Rich.) Bureau,

Viden-skabelige Meddelelser fra Dansk Naturhistorisk Forening i Kjobenhavn, p. 104. 1893.

(Figs. 18, 19)

Liana. Caule escamoso, lenticelas lanceoladas esparsas. Lâmina foliolar 7,2-10,7 × 3,9-6,1 cm, car-tácea, negra quando seca, obovada a elíptica, base arredondada, ápice obtuso, margem inteira, levemen-te assimétrica, face abaxial com 2-3 glândulas na base, podendo estender-se até o ápice, ao longo da nervura primária, 6-8 nervuras secundárias, com ân-gulo de divergência levemente agudo. Cálice verde-amarelado, 0,6-0,8 × 0,7-0,9 cm, campanulado, le-pidoto, 5-mucronado; corola rosa, estreito campa-nulada, tubo 4,2-4,5 × 1,5-2 cm, lobo 1,5-1,6 × 1-1,1 cm; inserção dos estames vilosa; ovário 0,2 × 0,1 cm, linear, lepidoto; disco nectarífero incons-pícuo. Cápsula imatura linear, lepidota.

No PNSC foram encontrados indivíduos da va-riedade típica, P. pyramidata var. pyramidata, sen-do facilmente reconhecida pelas pseusen-do-estípulas em 2-3 séries, subcônicas, pela gavinha bífida curta e pouco visível, além das folhas negras quando seca. Embora encontrada tanto em floração quanto fru-tificação apenas em um único indivíduo, foi consi-derada como do tipo floração maciça. Segundo Hauk (1998), P. pyramidata var. pyramidata distingue-se da outra variedade (P. pyramidata var. tometosa Bureau & K. Schum.) basicamente pela pilosidade

da lâmina foliolar e do cálice (puberulentos a densa-mente tomentosos) dessa variedade.

Hauk (1998) reconhece essa variedade para o México, América Central e parte da América do Sul. No Brasil, o autor cita esta variedade para a maioria dos estados, exceto Goiás, Mato Grosso do Sul, Acre, Pará, Roraima, Tocantins, Rio Grande do Nor-te, Sergipe e Santa Catarina.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, Córrego do Bárbaro,

19.X.1997 (fl. e fr.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio & N. Roque 2969 (HUFU).

Pyrostegia Presl., Abhandlungen der

Koe-niglichen Gessellschaft der Wissenschaften zu Gottingen, ser. 5, v. 3, p. 523. 1845.

Liana. Caule cilíndrico; pseudo-estípula linear, caduca. Folha 3 foliolada ou 2-foliolada com gavinha intermédia trífida, pinada. Inflorescência panícula ou racemo; cálice campanulado; corola tubulosa e cilíndrica, externamente glabra; estames exsertos; ovário elíptico, quadrangular, 2 fileiras de óvulos por lóculo; disco nectarífero cupular. Cápsu-la oblonga, levemente achatada dorsi-ventralmente; semente alada.

Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers,

Pro-ceedings of the Royal Horticultural Society of London, v. 3, p. 188. 1863.

(Figs. 20, 21)

Liana. Caule esverdeado com estrias longitudi-nais escuras. Lâmina foliolar 4,5-6,2 × 2,2-4 cm, ovada a obovada, base arredondada a cordada, ápice acuminado, margem inteira, face abaxial com glân-dulas punctadas abundantes, 4-6 nervuras secundá-rias, com ângulo de divergência levemente agudo. Inflorescência racemo terminal e axilar; cálice verde, 0,5-0,6 × 0,6 cm, campanulado, costado, 5-denticulado, com glândulas negras; corola alaran-jada, tubo 6-6,4 × 0,9-1 cm, lobo 1,2-2,2 × 0,4 cm, esse intenso tomentoso, inserção dos estames velutina; ovário 0,8 × 0,1 cm, linear, papiliforme; disco nectarífero 0,2 × 0,1 cm, estriado longitudi-nalmente.

Pyrostegia venusta é facilmente reconhecida

pelos botões com prefloração valvar, estames exertos e corola alaranjada, tubular e cilíndrica. Vegetativamente o caule com estrias longitudinais, a lâmina foliolar com glândulas punctadas na fase abaxial e a gavinha trífida também são muito

(9)

carac-terísticos da espécie. Encontrada em floração ape-nas numa única coleta (junho), pode ser enquadrada no padrão floração maciça. Scudeller (1997) encon-trou o padrão cornucópia para essa espécie, com indivíduos floridos de julho a outubro.

Segundo Sandwith & Hunt (1974), essa espécie ocorre em todo o Brasil e em partes do Paraguai, Bolívia e nordeste da Argentina.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, guarita da Casca d’Anta,

parte de baixo, 28.VI.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero & M. A. Farinaccio 2615 (HUFU).

Tribo Tecomeae

Jacaranda Juss., Genera Plantarum, p. 138.

1789.

Árvore a arbustos. Folhas pinadas a 2-pinadas, raramente simples. Inflorescência tirsóide ou bo-trióide; cálice campanulado; corola tubular-cam-panulada; estaminódio alongado, excedendo os estames inclusos; ovário ovóide, ca. 8 fileiras de óvulos por lóculo; disco nectarífero anelar. Fruto oblongo-elíptico a obovado, achatado dorsi-ventral-mente, margem comumente ondulada; semente curtamente alada.

Chave analítica para a determinação das espécies de Jacaranda no PNSC:

1. Folíolo de segunda ordem obovado a elíptico, 5-7 .. J. caroba 1’. Folíolo de segunda ordem elíptico-lanceolado, 7-9 nervuras secundárias ... J. oxyphylla

Jacaranda caroba (Vell.) DC., Prodromus

Systematis Naturalis Regni Vegetabilis, v. 9,

p. 232. 1845.

(Figs. 22, 23)

Arbusto a arvoreta. Caule cilíndrico, lenticelas lanceoladas abundante nos ramos jovens. Folhas 2-pinadas; folíolos de segunda ordem 2,2-4,5 × 1-2 (2,8) cm, subcoriáceo, obovados a elípticos, base cuneada ou atenuada, ápice agudo a levemente acuminado, margem inteira, levemente assimétricos, sésseis, geralmente com glândulas pateliformes em ambas as faces, 5-7 nervuras secundárias, com ân-gulo de divergência levemente agudo. Inflorescência tirsóide terminal ou axilar; cálice roxo-vináceo, 0,6-1,1 × 0,4-0,5 cm, tubular, 5-lobado, glabro ou to-mentoso; corola arroxeada, interior do tubo branco, tubular, levemente curvada, tubo 4-4,8 × 1,2-1,3 cm, lobos 0,6-1,1 × 0,7-1,1 cm, tomentosa externamente nos lobos, glabra na base do tubo; inserção dos

estames vilosa; ovário 0,2 × 0,1 cm, elíptico; disco nectarífero 0,2 x 0,1 cm, pateliforme. Cápsula elíptica-oblonga, 3,5-3,8 × 2,3-3,2 cm, superfície ir-regular, margem lisa a ondulada, ápice arredonda-do, base obtusa; semente alada, 1,3-1,5 × 0,6-0,8 cm.

Jacaranda caroba caracteriza-se pelo hábito

arbustivo, folha bipinada e lâmina foliolar inteira. O tamanho do folíolo é bastante irregular, apresentan-do muita variação, mas sempre com a margem intei-ra. O fruto com a superfície irregular e a margem lisa a ondulada é muito característico da espécie. No PNSC, esta espécie apresenta um pico de floração no mês de julho, mas pode ser encontrada em flor desde março a outubro ou até dezembro, caracteri-zando o padrão estacionário modificado, embora apresente um período mais conspícuo de floração. O período de frutificação ocorreu nos meses de ju-lho a outubro.

Gentry (1992) a reconhece para os estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás, entre 600-1.600 m de altitude.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA Serra da Canastra, morro próximo à sede

administrativa, 15.X.1994 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, A. Furlan & F. C. Garcia 472 (HUFU, VIC); ib., Morro próximo à sede administrativa, 15.X.1994 (fr.), J. N. Nakajima, R. Romero, A. Furlan & F. C. P. Garcia 455 (HUFU, VIC); ib., São Roque de Minas-Sacramento, próximo à guarita de Sacramento, 11.XII.1994 (fl.), J. N. Nakajima & R. Romero 781 (HUFU, VIC); ib., estrada para Sacramento, após o Curral de Pedras, 18.III.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, R. César & E. Zanini 875 (HUFU, VIC); ib., estrada para cachoeira dos Rolinhos, 14/V/ 1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima & M. B. Alcantara 2299 (HUFU, VIC); ib., Chapadão do Diamante, 16.VII.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 2471 (HUFU, VIC); ib., morro atrás do centro de visitantes, 25.IX.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 1365 (HUFU, VIC); ib., estrada para a cachoeira dos Rolinhos, 26.IX.1995 (fl. e fr.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 2858 (HUFU, VIC); ib., estrada para Sacramento, ca. 50 km da sede administrativa, 27.IX.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 2946 (HUFU, VIC); ib., retiro de captação de água, guarita de Sacramento, 20.IX.1996 (fl.), R. Romero & J. N. Nakajima 3586 (HUFU); ib., estrada da Cachoeira de Rolinhos, 18.IV.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio & V. F. O. Miranda 2365 (HUFU); ib., guarita de Sacramento, 19.VIII.1997 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 4405 (HUFU); ib., bifurcação para o retiro das Pedras, 02.X.1999 (fl. e fr.), M. A. Farinaccio 420, R. Mello-Silva & F. N. Costa (SPF).

Jacaranda oxyphylla Cham., Linnaea, v. 7,

p. 546. 1832.

(Fig. 24)

Subarbusto. Caule cilíndrico, lenticelas lanceo-ladas nos ramos jovens. Folhas 2-pinadas; folíolos

(10)

de segunda ordem 2,5-4 × 0,8-1,5 cm, subcoriáceos a coriáceos, elípticos-lanceolados, base atenuada, ápice acuminado, margem inteira, assimétricos, sésseis, poucas glândulas pateliformes em ambas as faces ou ausentes, 7-9 nervuras secundárias, com ângulo de divergência levemente agudo. Inflores-cência tirsóide terminal ou axilar; cálice roxo-vináceo, 0,6-1,1 × 0,4-0,5 cm, tubular, 5-lobado, glabro ou tomentoso; corola arroxeada, interior do tubo branco, tubular, levemente curvada, tubo 4-4,8 × 1,2-1,3 cm, lobos 0,6-1,1 × 0,7-1,1 cm, esses tomentosos externamente, glabra na base do tubo; inserção dos estames vilosa; ovário 0,2 × 0,1 cm, elíptico; disco nectarífero 0,2 × 0,1 cm, pateliforme. Cápsula elíptica-oblonga, 3,5-3,8 × 2,3-3,2 cm, su-perfície irregular, margem lisa a ondulada, ápice ar-redondado, base obtusa; semente alada, 1,3-1,5 × 0,6-0,8 cm.

Jacaranda oxyphylla foi algumas vezes tratada

como J. caroba var. oxyphylla (Cham.) Bureau e ca-racterizada por apresentar folíolos de segunda ordem mais estreitos (lanceolados) do que J. caroba típica. No entanto, Gentry (1992) considerou a presente espécie como distinta de J. caroba exatamente por apresentar os folíolos de segunda ordem lanceo-lados, mas ressaltou a dificuldade para distinguir as duas espécies. No entanto, até que estudos biossistemáticos sejam efetuados com estas espé-cies, concordou-se com o exposto por Gentry (1992). Foi encontrada com flor nos meses de março a maio, julho a outubro e dezembro, enquadrada no padrão de estacionário modificado. O período de frutifi-cação foi restrito aos meses de julho a outubro.

Gentry (1992) a reconhece para o sudeste do Brasil, sendo muito comum em campo limpo. Para o autor, também ocorre nas bordas das florestas de galeria e cerradão, nos estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais, a uma altitude entre 800 a 1500 m. Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA Serra da Canastra, próximo à guarita de

Sacramento, 19.VIII.1994 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero & D. G. Simão, 424 (HUFU, VIC); ib., estrada para Sacramento, 3 km da sede administrativa, 20.VIII.1994 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima & D. G. Simões 1127 (HUFU, VIC); ib., morro próximo à sede administrativa, 15.X.1994 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, A. Furlan & F. C. Garcia 472 (HUFU, VIC); ib., Morro próximo à sede administrativa, 15.X.1994 (fr.), J. N. Nakajima, R. Romero, A. Furlan & F. C. P. Garcia 455 (HUFU, VIC); ib., São Roque de Minas-Sacramento, próximo à guarita de Sacramento, 11.XII.1994 (fl.), J. N. Nakajima & R. Romero 781 (HUFU, VIC); ib., estrada para Sacramento, após o Curral de Pedras, 18.III.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, R. César & E. Zanini 875 (HUFU, VIC); ib., estrada para cachoeira dos Rolinhos, 14.V.1995

(fl.), R. Romero, J. N. Nakajima & M. B. Alcantara 2299 (HUFU, VIC); ib., guarita de Sacramento, 14.VII.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 1190 (HUFU, VIC); ib., estrada S. Roque - Sacramento, 3km da sede administrativa, 15.VII.1995 (fl. e fr.), R. Romero, J. N. Nakajima, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini, 2399 (HUFU, VIC); ib., Chapadão do Diamante, 16.VII.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 2471 (HUFU, VIC); ib., estrada para o retiro das Pedras, 18.VII.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 1224 (HUFU, VIC); ib., morro atrás do centro de visitantes, 25.IX.1995 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 1365 (HUFU, VIC); ib., estrada para a cachoeira dos Rolinhos, 26.IX.1995 (fl. e fr.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 2858 (HUFU, VIC); ib., estrada para Sacramento, ca. 50 km da sede administrativa, 27.IX.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 2946 (HUFU, VIC); ib., estrada para Sacramento, morro próximo ao Córrego dos Passageiros, 28.IX.1995 (fl. e fr.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 3012 (HUFU, VIC); ib., retiro de captação de água, guarita de Sacramento, 20.IX.1996 (fl.), R. Romero & J. N. Nakajima 3586 (HUFU); ib., estrada da Cachoeira de Rolinhos, 18.IV.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio & V. F. O. Miranda 2365 (HUFU); ib., guarita de Sacramento, 19.VIII.1997 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 4405 (HUFU); ib., estrada para o Minério, 23.VIII.1997 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 4519 (HUFU).

Tabebuia Gomes ex DC., Biblioteque de

Universite de Genève, ser. 2, v. 17, p. 130. 1839.

Árvore a arbustos. Folha 3-7 folioladas, digitada, raramente simples, geralmente decíduas, raque nun-ca alada. Inflorescência tirsóide ou botrióide termi-nais; cálice campanulado; corola amarela, raramen-te branca e lilás; estames freqüenraramen-temenraramen-te inclusos ou sub-exsertos; ovário oblongo, 2-8 fileiras de óvu-los por lóculo; disco nectarífero anular. Cápsula linear, margem plana; semente alada.

Tabebuia ochracea (Cham.) Standley, Field

Museum of Natural History, botanical series, v. 11,

p. 176. 1936.

(Fig. 25)

Arvoreta. Caule 4-anguloso, levemente quilha-do, tomentoso. Folha 3-5 foliolada; folíolo terminal 7,5-9,2 × 3,1-4,1 cm, coriáceo, obovado, base ate-nuada, ápice acuminado a retuso, margem inteira, assimétrico, face adaxial lepidota, face abaxial vilosa, com tricomas dendróides, nervura primária tomentosa em ambas as faces, 6-8 nervuras secun-dárias, com ângulo de divergência moderadamente agudo. Inflorescência botrióide, globosa, congesta; cálice marrom-esverdeado, 1,3-1,7 × 1,1-1,4 cm,

(11)

tubuloso, intenso viloso com tricomas dendróides, 5-denticulado; corola amarela, infundibuliforme, tubo 3,8-4,7 × 1,1-1,4 cm, lobo 1,1-1,2 × 1,3-1,5 cm, guias de néctar vilosa; inserção dos estames glabra; ovário 0,4 × 0,1 cm, linear; disco nectarífero 0,1 × 0,1 cm, pateliforme.

Tabebuia ochracea é fortemente caracterizada

pelos folíolos inteiros, lâmina foliolar assimétrica e pelos tricomas dendróides no cálice, além da inflorescência globosa. Apresenta-se em floração nos meses de agosto a setembro, enquadrada no padrão floração maciça.

Gentry (1992) a caracteriza como um elemento típico do cerrado brasileiro, embora também possa ser encontrada em floresta. Lohmann & Pirani (1996) reconhecem essa espécie para os estados da Bahia e Minas Gerais. Lorenzi (1992) registra esta espécie para os estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, no cerra-do e na floresta latifoliada semidecidua da bacia cerra-do Paraná.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, estrada para a cachoeira

dos Rolinhos, 26.IX.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 2832 (HUFU, VIC); ib., estrada para a cachoeira dos Rolinhos, 26.IX.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, V. L. G. Klein & M. B. Alcantara 2832 (HUFU, VIC); ib., estrada São Roque-Sacramento, após o curral de Pedras, 23.IX.1996 (fl.), R. Romero & J. N. Nakajima 3627 (HUFU); ib., nascente do córrego do Bárbaro, 21.VIII.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 4444 (HUFU); ib., estrada São Roque-Sacramento, próximo ao córrego do Bárbaro, 24.VIII.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio, A. Furlan & P. M. M. Prado 2807 (HUFU).

Zeyheria Mart., Nova Genera et Species

Plantarum, v. 2, p. 65. 1826.

Arbusto a árvore. Folha 3-5 folioladas, digitada, raque nunca alada. Inflorescência dicasial; cálice bilabiado; corola tubular, ocrácea, tomentosa exter-namente; estames sub-exsertos; ovário globoso a elipsóide, densamente tomentoso com tricomas den-dróides; disco nectarífero anular. Cápsula ovóide, muricada, densamente tomentosa; semente alada, ala circular.

Zeyheria montana Mart., Nova Genera et

Species Plantarum, v. 2, p. 66. 1826.

(Fig. 26)

Arbusto. Caule anguloso, quilhado, tomentoso com tricomas dendróides curtos. Folha 5-foliolada;

folíolo terminal 12,5-14,2 × 3,2-4,1 cm, cartáceo, elíptico, base atenuada, ápice acuminado, bordo revoluto, discolor, assimétrico, tricomas dendróides em ambas as faces, caducos na face abaxial, face adaxial com glândulas esparsas, face abaxial com glândulas pateliformes associadas à nervura primá-ria, 11-15 nervuras secundárias, com ângulo de di-vergência moderadamente agudo. Inflorescência tirso terminal; cálice tubuloso, 1,2-1,9 × 1,3-1,6 cm, inten-so tomentointen-so com tricomas dendróides; corola ama-rela, tubo 3,1-4 × 1,2-1,4 cm, lobos 0,3-0,4 × 0,5 cm; inserção dos estames vilosa; ovário 0,4 × 0,3 cm, ovóide; disco nectarífero inconspícuo. Cápsula ima-tura ovóide, mucronada, intensa tomentosa com tricomas dendróides.

Zeyheria montana caracteriza-se pelos

peció-lulos menores que 2 cm, folíolos discolores, corola tubular-cilíndrica com lobos curtos reflexos, inten-sa tomentointen-sa com tricomas dendróides e, principal-mente, pelo fruto mucronado, também intenso tomentoso. Apresenta um período de floração nos meses de março-maio (cornucópia) e frutificação maio-julho.

Gentry (1992) reconhece essa espécie para os estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraná e Piauí, em campos cer-rados.

Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, São Roque de Minas, PARNA da Serra da Canastra, estrada para Sacramento,

11 km da sede administrativa, próximo ao Curral de Pedras, 18.IV.1994 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima & F. A. G. Guilherme 932 (HUFU, VIC); ib., estrada para São Roque de Minas, 21.III.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, E. Zanini & R. César 2089 (HUFU, VIC); ib., 21.III.1995 (fl.), R. Romero, J. N. Nakajima, E. Zanini & R. César 2089 (HUFU, VIC); ib., chapadão do Diamante, 16.VII.1995 (fr.), R. Romero, J. N. Nakajima, R. Oliveira, P. E. Oliveira & I. Schiavini 2489 (HUFU, VIC); ib., estrada para o retiro das Pedras, 18.IV.1997 (fl.), J. N. Nakajima, R. Romero, M. A. Farinaccio & V. F. O Miranda 2388 (HUFU); ib., Vale dos Cândidos, próximo ao córrego das Posses, 27.VI.1997 (fr.), J. N. Nakajima, R. Romero & M. A. Farinaccio 4298 (HUFU); ib., estrada para a cachoeira dos Rolinhos, 15.V.1999 (fl. e fr.), M. A. Farinaccio 318, E. M. Campos Filho & C. Vechi (SPF).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre as 15 espécies de Bignoniaceae encon-tradas no PNSC foi observado que, ao longo do ano, as espécies em floração eram substituídas por ou-tras continuamente, sendo encontrado de uma a qua-tro espécies por mês em floração. No mês de feve-reiro foi encontrado apenas uma espécie florida, em junho e julho duas espécies, janeiro, março,

(12)

setem-bro e novemsetem-bro três espécies. Scudeller (1997) tam-bém encontrou essa continuidade na floração dos representantes de Bignonieae no Parque Estadual do Rio Doce – Minas Gerais.

As espécies mais coletadas (em termos de nú-mero de exemplares) e com maior distribuição no PNSC (em termos de número de trilhas que ocorre-ram) foram Jacaranda oxyphylla, J. caroba e

Anemopaegma arvense var. arvense. Em

contra-posição, oito espécies (~54%) foram coletadas ape-nas uma vez no PNSC, o que pode ter interferido nos padrões de floração observados.

Apenas sete espécies foram coletadas com fru-tos, das quais três foram encontradas com frutos imaturos. Segundo Scudeller (1997), poucos frutos de Bignoniaceae podem ser encontrados em her-bários, provavelmente devido às dificuldades de ver e coletar esses frutos no campo.

Cuspidaria convoluta, Paragonia pyramidata

var. pyramidata e Pyrostegia venusta são as espéci-es referidas como de ampla distribuição geográfica, incluindo outros países das América Central e Sul.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos coordenadores do projeto, Jimi Nakajima e Rosana Romero, pela oportunidade de desenvolver este trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMARAL, M. E. C. 1992. Ecologia floral de dez espécies

da tribo Bignonieae (Bignoniaceae), em uma floresta semidecídua no município de Campinas, SP. 189f.

(Doutora-do em Biologia Vegetal) – UNICAMP, São Paulo.

BARROSO, G. M., et al. 1986. Sistemática de angiospermas

do Brasil. Viçosa: UFV. v. 3, p. 147-165.

BARROSO, G. M., et al. 1999. Frutos e sementes. Morfologia

aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa: UFV.

443p.

BUREAU, I. E.; SCHUMANN, K. 1896. Bignoniaceae. In: MARTIUS, C. F. P., EICHLER, A. G. (Ed.). Flora Brasiliensis. Monachii: Fird. Fleischer. v. 8, n. 2, p. 2-298.

FERREIRA, M. B. 1973. O gênero Anemopaegma Mart.

Oréades, Belo Horizonte, v. 6, p. 28-39.

FLINT, M. 1991. Biological diversity and developing

countries. London: ODA. 50p.

GENTRY, A. H. 1973. Generic delimitations of Central Ame-rican Bignoniaceae. Brittonia, New York, v. 25, p. 226-242. ______. 1974. Flowering phenology and diversity in tropical Bignoniaceae. Biotropica, Lawrence, v. 6, n. 1, p. 64-68. ______. 1980a. Bignoniaceae – part I (Crescentieae and Tourrettieae). Flora Neotropica, New York, v. 25, n. 1, 130p. ______. 1980b. Studies in Bignoniaceae 37: new species of Bignoniaceae from eastern south America. Phytologia, New Jersey, v. 46, n. 4, p. 201-215.

______. 1992. Bignoniaceae – part II. (tribe Tecomeae). Flora

Neotropica, New York, v. 25, n. 2, 370p.

______. 1993. Six new species of Adenocalymna (Bignonia-ceae) from Eastern South America. Novon. St. Louis, v. 3, p. 137-141.

HAUK, W. D. 1998. A review of the genus Paragonia (Bignoniaceae). Annals of the Missouri Botanical Garden, St. Louis, v. 85, p. 460-474.

IBDF. 1981. Plano de Manejo. Parque Nacional da Serra da

Canastra. Brasília. 96p.

LAROCHE, R. C. M. 1973. O gênero Adenocalymna Mart. ex Meisn. (Bignoniaceae) dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro. Loefgrenia, São Paulo. v. 56, p. 1-10.

LOHMANN, L; PIRANI, J. R. 1996. Tecomeae (Bignoniaceae) da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais e Bahia, Brasil. Acta

Botanica Brasilica, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 103-138.

LORENZI, H. 1992. Árvores brasileiras. Manual de

identi-ficação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova

Odessa: Ed. Plantarum. 368p.

MABBERLEY, D. J. 1997. The plant-book: a portable

dictionary of the vascular plants. 2. ed. Cambridge:

Cam-bridge University Press. 858p.

MEISNER, C. D. F. 1843. Bignoniaceae. Plantarum

Vascu-larium Genera secundum ordines. v. 2, p. 374.

RADFORD, A. E. et al. 1974. Vascular plants systematics. New York: Harper & Row. 891p.

SANDWITH, N. Y. 1958. Contribuitions to the flora of Tropi-cal America 65. Studies in Bignoniaceae 24. Kew Bulletin, London, v. 12, p. 425-443.

SANDWITH, N. Y.; HUNT, D. R. 1974. Bignoniaceas. Flora

ilustrada Catarinense, Itajaí, BIGN, p. 1-172.

SCUDELLER, V. V. 1997. A tribo Bignonieae Spreng.

(Bignoniaceae) no Parque Estadual do Rio Doce – MG.

214p. Dissertação Mestrado em Botânica – UFV. Viçosa. ______. 2000. Proposal to conserve the name Adenocalymma Mart. ex Meisn. (Bignoniaceae) with a conserved spelling.

Taxon, Vienna, v. 49, n. 2, p. 303-304.

SCUDELLER, V. V.; CARVALHO-OKANO, R. M. de 1998. A tribo Bignonieae Spreng. (Bignoniaceae) no Parque Esta-dual do Rio Doce – MG. Iheringia, Série Botânica, Porto Ale-gre, n. 51, p. 79-133.

Artigo vinculado ao Projeto de pesquisa “Caracterização florística das Unidades Ecológicas do Parque Nacional da Serra da Canastra, MG”, DIREC/DEUC/IBAMA – 02025000086/93-37, sob a coordenação de Jimi Nakajima e Rosana Romero.

(13)

Figs. 1-10. 1. Adenocalymma bracteatum var. bracteatum: vista lateral da flor, evidenciando a corola levemente recurvada; 2,3. Anemopaegma arvense var. arvense: 2. folha, evidenciando a ausência quase total de pecíolo e peciólulo, 3. fruto; 4. Anemopaegma arvense var. petiolata: folha; 5. Anemopaegma chamberlaynii: detalhe da pseudo-estípula foliácea; 6. Arrabidaea brachypoda: detalhe

da lâmina foliolar, evidenciando uma domácia membranácea; 7,8. Arrabidaea pulchra; 7. folha, evidenciando a pilosidade das nervuras;

8. cálice ondulado; 9. Cuspidaria convoluta: vista lateral da flor; 10. Distictella elongata: vista lateral da flor, evidenciando a corola

(14)

Figs. 11-17. Memora pedunculata: 11. ramo fértil; 12. vista lateral da flor, evidenciando as glândulas pateliformes na porção anterior; 13. corola aberta, evidenciando os tricomas tectores na inserção dos estames; 14. detalhe da antera; 15. gineceu e disco nectarífero; 16. seção transversal do ovário; 17. Região interpeciolar, evidenciando a pseudo-estípula foliácea.

(15)

Figs. 18-26. Paragonia pyramidata var. pyramidata: 18. região interpeciolar, evidenciando as pseudo-estípulas em séries; 19. botão

floral; 20,21. Pyrostegia venusta: 20. vista lateral da flor, 21. vista lateral do botão floral, evidenciando a prefloração valvar;

22,23. Jacaranda caroba: 22. folha, 23. fruto; 24. Jacaranda oxyphylla: detalhe de um folíolo de segunda ordem. 25. Tabebuia ochracea:

Referências

Documentos relacionados

A United States Sugar Corporation (USSC) é sediada no município de Clewiston, no Estado da Flórida, Estados Unidos da América.. As áreas cultivadas estão localizadas no sul da

Neste objetivo são feitos anúncios que geram interesses nas pessoas para que pensem na sua empresa e busquem mais informações sobre ela, tanto na loja online quanto na física.?.

A infecção leva a formas sintomáticas em até 70% dos infectados, sendo suas formas clínicas, nos pacientes sintomáticos, divididas em três fases: aguda ou febril, com duração de

TRANSPORTE DOS ANIMAIS ATÉ O ABATEDOURO. a) O transporte dos animais vivos provenientes do manejo realizado sob qualquer sistema com fins comerciais até o abatedouro

Armário (Rack)/ Troley ou carrinho: Com pintura epóxi, eletrostática ou antioxidante ; rack com rodízios de borracha, ou similar, com diâmetro mínimo de 10 cm e sistema

O esquadro E1 a ser verificado e o esquadro E2 apoiam-se sobre um desempeno com um bloco padrão de comprimento e1 conhecido, entre os mesmos. Em certa altura L mede-se por intermédio

Fundamentado nos preceitos da teoria da visão baseada em recursos, o estudo investiga a cultura organizacional como recurso estratégico sustentável para o desempenho das

O contrato-programa para 2009 continuará a incluir os seguintes programas específicos: melhoria da resposta na área dos Cuidados Continuados Integrados - Unidades de