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EFEITO DE MIGRAÇÃO DAS TENSÕES RESIDUAIS DE SOLDAGEM. Trabalho a ser apresentado durante a Rio Welding 2014

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EFEITO DE MIGRAÇÃO DAS TENSÕES RESIDUAIS DE SOLDAGEM Estefen F. Segen1 , Tetyana Gurova2, Anatoli Leontiev3

1LTS – COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2

Curso de Construção Naval, UEZO 3IM – Universidade Federal do Rio de Janeiro

Trabalho a ser apresentado durante a Rio Welding 2014

As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade dos autores.

Abstract. Soldagem é uma das principais operações tecnológicas na construção naval e é utilizada nas todas as etapas de fabricação do navio. Surgimento das distorções nos blocos de navios a serem montados é inevitável por causa das tensões residuais de soldagem, imperfeições geométricas nas etapas de corte das peças e sua junção. Correção das discordâncias dimensionais dos blocos de navio durante sua montagem envolve, entre outras, novas operações de soldagem chamadas solda de reparo, que em sua vez introduzem novas tensões residuais nos elementos da estrutura do navio. Neste trabalho são apresentados resultados experimentais de evolução das tensões residuais de soldagem no tempo. Foram analisadas operações de soldagem para junta de topo, assim como soldagem de reparo para chapas navais. As tensões residuais foram monitoradas utilizando método de difração de raios-X e método magnético que emprega o efeito inverso de magnetostrição. Os resultados experimentais mostram processo contínuo de redistribuição (migração) das tensões residuais de soldagem durante relativamente curto intervalo de tempo, com diferença significativa entre a distribuição inicial e sua distribuição final, duas semanas depois da soldagem. Observado efeito de redistribuição das tensões pode contribuir significativamente no entendimento dos processos relacionados às tensões residuais de soldagem, no ajuste dos modelos computacionais e na aplicação dos processos de tratamento de alívio das tensões de soldagem.

Keywords: tensões resíduas de soldagem, solda de topo, soda de reparo, difração de raios-X

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1. INTRODUÇÃO

Uma das primeiras operações tecnológicas na construção naval consiste na fabricação dos painéis navais através da junção de topo das chapas, realizada por soldagem. O surgimento das distorções geométricas dos painéis, indesejáveis para posterior uso destes na fabricação e montagem de sub-blocos, é relacionado às tensões residuais de soldagem, Fig. 1.

Fig. 1: Processo de soldagem das chapas navais (à esquerda) e painéis navais soldados na linha de produção (à direta). Foto: Tetyana Gurova

A correção das discordâncias dimensionais dos blocos de navio durante sua montagem envolve, entre outras, novas operações de soldagem chamadas solda de reparo, que por sua vez introduzem novas tensões residuais nos elementos da estrutura do navio. Sendo esta uma operação de caráter emergencial na fabricação, Fig. 2, solda de reparo vira uma operação padrão na manutenção dos navios, Fig. 3.

Entre as fontes de tensões residuais de soldagem distinguem a contração no resfriamento de regiões diferentemente aquecidas e plastificadas durante a operação de soldagem, o resfriamento superficial mais intenso e a transformação de fase, sendo assim, o estado das tensões residuais provenientes da soldagem é de natureza complexa, [1]. Mesmo se tratando de uma estrutura soldada relativamente simples, existem várias fatores que influenciam na distribuição das tensões residuais de soldagem. Entre eles Fig. 2: Solda de reparo nos elementos do

bloco de navio realizada durante sua montagem. (Foto: Tetyana Gurova)

Fig. 3: Solda de reparo realizada no casco de navio durante trabalhos de

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estão tensões residuais presentes antes da soldagem, propriedades do material de base e do material depositado, geometria dos elementos soldados, restrições aplicadas durante a soldagem, o próprio processo de soldagem, incluindo preparação das partes a serem soldadas, condições e seqüência dos passos de soldagem, tensões residuais provenientes das operações de pós-soldagem ou do processo de resfriamento. Os recentes estudos mostram, por exemplo, que tensões residuais de soldagem dependem fortemente do procedimento de aplicação das restrições durante a operação de soldagem, especialmente do tempo de fixação, momento da sua remoção e da sua geometria [2]. Além dos métodos experimentais tradicionalmente utilizados para análise das tensões através das diferentes técnicas destrutivas e não destrutivas, com avanço computacional das últimas décadas, surgiu um grande número de simulações numéricas nesta área, [3– 5]. Porém, vários autores reconhecem que sempre existe certa discordância quando os resultados da simulação numérica são confrontados com resultados experimentais [3], [6]. Observamos que os autores dos trabalhos experimentais sobre medição das tensões de soldagem não especificam o período de tempo desde o término do processo de soldagem e resfriamento da peça, até o momento de realização das medições. Por outro lado, os resultados da simulação numérica das tensões de soldagem sempre são relacionados ao momento do resfriamento da peça e remoção das restrições de soldagem. Desta maneira, os autores que comparam os resultados da simulação numérica com resultados das medições experimentais provavelmente supunham que a distribuição das tensões de soldagem não sofre nenhuma variação desde o término do processo da soldagem.

Solda de reparo também é utilizada amplamente em trabalhos de manutenção nos diferentes setores da indústria (petroquímica, química, nuclear, hidroelétrica, naval). O caráter complexo dos processos de soldagem dificulta sua simulação computacional realística, embora existam varias tentativas de modelagem numérica desse processo. Enquanto o procedimento de solda de junção está amplamente estudado, desde o inicio do século passado, através dos métodos experimentais, numéricos e teóricos, a solda de reparo começou a ser assunto das amplas pesquisas, ver [7 – 15].

Recentemente nos nossos trabalhos foi relatado o efeito de redistribuição das tensões residuais de soldagem dentro de um curto, do ponto de vista tecnológico, período de tempo, ver [16 – 18]. Este efeito consiste no decaimento com o tempo do valor da tensão efetiva (de von Mises) numa área próxima ao cordão de solda. A análise microestrutural realizada descarta a possibilidade do relaxamento das tensões ser resultado de falha do material.

No presente trabalho nós continuamos o estudo deste fenômeno realizando monitoramento diário das tensões residuais de soldagem, acompanhado de medição dos deslocamentos verticais da superfície das chapas soldadas. Nós aprofundamos este estudo analisando também a distribuição das tensões residuais da solda de reparo, utilizada na fabricação e manutenção dos navios.

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2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL, EQUIPAMENTOS E SOFTWARE Nos testes de soldagem de topo foram utilizadas chapas de aço carbono DH-36. Duas chapas do tamanho 1200 x 500 x 19 mm e chanfro com ângulo 20o foram unidas ao longo do seu lado de comprimento maior com solda de topo, utilizando soldagem com arame tubular E71T-1 de diâmetro 1.2mm. Foram realizados sete passes de solda, com corrente 180A (CC+), voltagem 28,2V, com velocidade de alimentação de arame de 6,1m/min, utilizando argônio com gás de proteção, com vazão 13L/min. Os dados da velocidade de soldagem se encontram em Tabela 1. Durante o procedimento de soldagem as chapas foram posicionadas numa mesa de gabarito e fixadas ao longo do perímetro. As restrições impostas durante soldagem foram retiradas no dia seguinte da soldagem.

Tabela 1. Velocidade de soldagem

Velocidade de Soldagem [cm/min]

ACABAMENTO CAMADA no. /CORDAO no. A B C D E F G 1 20,0 18,5 14,5 16,5 21,9 37,4 44,0 2 21,5 28,0 17,3 16,4 20,5 19,4 46,9 3 21,0 21,0 16,0 14,8 17,1 28,9 36,4 4 14,7 14,5 20,8 51,4 32,6 5 11,5 22,8 33,3 38,7 6 12,0 17,0 45,8 7 17,5 51,6 8 18,0 45,4 9 38,5

Para realização dos testes com solda de reparo foi escolhida chapa de aço AWS A5.20 com 10 mm de espessura utilizada na construção naval, e o corpo de prova com forma quadrada de 400 x 400mm, possuindo um furo vazado de forma retangular de tamanho 190mm x 20mm, localizado no centro da chapa, Fig. 4.

A solda de reparo foi realizada utilizando processo de soldagem a arco com arame tubular (FCAW – Flux Cored Arc Welding), com a máquina de MIG 408-T da marca ESAB. Para o arame, foi utilizado arame de solda E71T-1C de diâmetro 1.2 mm e para gás ativo de proteção, foi utilizado o gás CO2. A soldagem foi realizada com backing cerâmico. Foram efetuados um passe de raiz e dois passes de face seguidos de passe de acabamento. Para os três primeiros passes a voltagem e velocidade de arame eram de 25,5V e 176 m/min, respectivamente; já para o passe de acabamento a voltagem era de 25,5V e a velocidade 168 m/min.

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Fig. 4: Corpo de prova com solda de reparo

Os valores absolutos das tensões residuais foram medidos com o equipamento portátil de raios-X RAYSTRESS, que utiliza o método de dupla exposição e radiação K do Cr, Fig. 5. Esta técnica de medição foi amplamente testada e utilizada com sucesso durante vários anos em diferentes aplicações industriais.

Fig. 5: RAYSTRESS: Equipamento portátil de raios-X para medição de tensões mecâ-nicas: 1 – unidade de controle com fonte de alta tensão; 2 – fonte de alta tensão e tubo de raios-X; 3 – suporte magnético; 4 – colimador com cassete para filme de raios-X Foi aplicado um polimento eletrolítico com profundidade 0.2 mm nos pontos de medição para garantir a ausência das tensões mecânicas induzidas na superfície da chapa durante o processo de fabricação, e também para identificar a localização e limites da ZTA. Para análise de raios-X foi utilizado um plano difratante {211} de ferrita. Foi utilizado feixe de raios-X com sessão 0.5 x 6 mm.

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As medições das tensões residuais pelo método de raios-X foram feitas nos pontos localizados no meio de uma das chapas, numa linha perpendicular ao cordão de solda na superfície frontal. A distância entre os quatro pontos (1, 2, 3 e 4) de medições no metal base foi escolhida com passo variável de 50, 100 e 150 mm, respectivamente. As medições foram realizadas também no metal depositado (ponto MS), zona termicamente afetada (ponto ZTA) e metal base próximo ao cordão de solda (ponto MB), todos localizados na mesma linha. Distância entre ponto ZTA e ponto MB e distância entre ponto MB e ponto 1 são de 10 mm. Em cada ponto as tensões foram medidas na direção paralela ao cordão de solda (tensão longitudinalL), na direção perpendicular ao cordão de solda (tensão transversalT) e na direção diagonal as duas primeiras (tensão 45).

Para a realização do mapeamento do estado das tensões foi utilizado um equipamento magnético portátil, que emprega o efeito inverso de magnetostrição, com sensor do tipo MAS (sensor magneto-anisotrópico). O efeito inverso de magnetostrição consiste na variação de magnetização do material ferromagnético sujeito às tensões mecânicas, devido às mudanças na estrutura dos domínios magnéticos. O equipamento utilizado, Fig. 6, é composto por: 1 – Sensor de tipo MAS; 2 – Unidade de controle; 3 – Computador portátil para visualização dos resultados em tempo real.

Fig. 6: Equipamento magnético para avaliação do estado das tensões mecânicas Mapeamento das tensões através do método magnético, Fig. 7, foi realizado numa área de tamanho 90 x 45 mm em 190 pontos da malha retangular com passo uniforme de 5 mm. Área das medições foi centralizada pelo seu lado maior com relação ao cordão de solda e pelo seu lado menor com relação à linha do meio da chapa perpendicular ao cordão de solda. O resultado das medições é apresentado na forma de mapa de distribuição do fator de concentração da tensão cisalhante máxima. As medições foram feitas sobre área composta dos materiais com diferentes propriedades mecânicas e magnéticas (especificamente metal base, metal depositado e ZTA). Por esta razão os resultados destes mapeamentos têm caráter relativo para cada das partes da área mapeada. Além disso, mapeamento magnético envolve mais pontos de análise do que medições feitas por raios-X. E, finalmente, o método magnético representa um valor médio na profundidade de até 3 mm sob a superfície, enquanto os resultados das medições por método de raios-X representam os valores superficiais absolutos das tensões. Sendo assim, os resultados de mapeamento foram utilizados somente para comparar entre si a evolução das tensões com o tempo.

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Os deslocamentos das superfícies das chapas soladas foram medidas com equipamento FARO ARM, Fig. 7, junto com um software para a aquisição dos dados. O FARO ARM é um braço articulado de medição portátil, em que os valores medidos são obtidos através do contato da ponta da extremidade do braço com a superfície da chapa. Os dados da posição geométrica dos pontos da superfície da chapa são recolhidos pelo braço e coletados numa nuvem de pontos tridimensionais, utilizando o programa FARO CAM2 MEASURE. Para aproximar a nuvem de pontos obtidos nas medições das distorções das chapas pós-soldagem foi utilizado o pacote computacional MATLAB. A posição da superfície foi definida mediante um ajuste de curvas a um polinômio de grau dois pelo método de mínimos quadrados, utilizando a ferramenta SFTOOLS – SURFACE FITTING TOOLS.

Fig. 7: Medição dos deslocamentos verticais da superfície das chapas soldadas com equipamento FARO ARM (a esquerda) e mapeamento das tensões residuais com

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3. RESULTADOS EXPERIMENTAIS. SOLDA DE TOPO

Para observar os deslocamentos verticais da superfície da chapa foi escolhido um plano de referência dos pontos P1, P2 e P3, como se indica na Fig. 8, e calculada a distância dos pontos de controle A, B e C até o plano.

Fig. 8: Plano de referência e posição dos pontos de controle A, B e C

Fig. 9 representa resultados de medição dos deslocamentos verticais dos pontos A, B e C da chapa soldada, relativos aos seus valores medidos logo após remoção das restrições de soldagem (1o dia de monitoramento) e durante quatro dias seguidos (2o, 3o, 4o e 5o dia). Observam-se variações destes valores durante todos os cinco dias, com magnitude de até 4mm e posterior diminuição destas variações com o tempo.

Fig. 9: Deslocamentos verticais dos pontos A, B e C da superfície frontal das chapas soldadas durante cinco dias de monitoramento

Entendemos que deslocamento da superfície das chapas soldadas é uma conseqüência do processo de redistribuição das tensões residuais de soldagem, que foi observado com base nos resultados de mapeamento e medição das tensões apresentados a seguir. Medições pelo método de raios-X e mapeamento magnético foram realizadas durante primeiros cinco dias a partir do dia seguinte da soldagem quando foram removidas as

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restrições de soldagem, com intervalo de 24 horas e, posteriormente, utilizando método de raios-X, depois de 12 e 30 dias. Os resultados de mapeamento pelo método magnético estão apresentados na Fig. 10. A principal variação na posição das linhas de nível é observada no cordão de solda (colunas 9 – 12 do mapa) e ZTA (colunas 8 – 9 e 12 – 13). Comparando o mapeamento feito em 0 horas com resultado final, 120 horas após, pode ser observada uma diminuição nos valores de concentração da tensão cisalhante máxima e mudança explicita no campo de distribuição destes valores.

0 horas 24 horas

48 horas 72 horas

96 horas 120 horas

Fig. 10: Variação com tempo das tensões cisalhantes máximas numa vizinhança do cordão de solda no meio das chapas soldadas a partir do momento de remoção das

restrições de soldagem (0 horas) até 5 dias seguidas (120 horas)

A partir dos três valores absolutos das tensões L, T e 45 medidos no metal depositado, ZTA, metal base próximo ao cordão e nos pontos 1, 2 e 3 pelo método de difração de raios-X, foram calculados valores das tensões principais e, posteriormente, valor da tensão cisalhante máxima nestes pontos.

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Fig. 11: Variação nos valores da tensão cisalhante máxima observada durante primeiros 30 dias após remoção das restrições de soldagem (0 horas).

A Fig. 11 apresenta os valores da tensão cisalhante máxima para primeiro dia de medição, ou seja, logo depois da remoção das restrições de soldagem, 24 e 48 horas depois e, conseqüentemente, 6, 12 e 30 dias depois da primeira medição. Observa-se uma variação considerável nos valores da tensão cisalhante máxima nos pontos do metal depositado, área termicamente afetada e nos pontos de metal base próximos ao cordão de solda. Nos pontos 2, 3 e 4 a variação está presente também, porém com magnitude menor. Esta variação não é monótona e sim possui características de oscilação. Somente nos pontos de metal depositado e ZTA os valores finais da tensão cisalhante máxima ficaram próximos os valores iniciais. Maior variação observa-se nos pontos de metal base e é bem significativa no ponto próximo ao cordão de solda.

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4. RESULTADOS EXPERIMENTAIS. SOLDA DE REPARO

As medições das tensões residuais pelo método de raios-X foram feitas na superfície frontal nos pontos localizados no meio do corpo de prova, numa linha perpendicular ao cordão de solda na superfície frontal (direção A) e numa linha de continuação do cordão de solda para lado externo do corpo de prova (direção B), Fig. 12.

Fig. 12: Localização dos pontos de medição das tensões resíduas de soldagem com relação a solda de reparo

Para cada uma das direções, A e B, as medições foram realizadas em três pontos do metal de base (pontos 1, 2 e 3) localizados conforme o desenho e também no metal depositado (ponto MD), ZTA, e metal base próximo ao cordão de solda (ponto MB). Em cada um desses pontos as tensões foram medidas na direção paralela ao cordão de solda (tensão longitudinalL), na direção perpendicular ao cordão de solda (tensão transversalT ) e na direção diagonal entre estas duas (45).

O mapeamento das tensões através do método magnético foi realizado numa área de 360 x 360 mm, em 361 pontos da malha retangular com passo uniforme de 20 mm. As medições foram feitas sobre área composta dos materiais com diferentes propriedades mecânicas e magnéticas (especificamente metal base, metal depositado e ZTA). Por esta razão, os resultados deste mapeamento têm caráter relativo para cada uma das partes da área mapeada. Além disso, mapeamento magnético envolve mais pontos de análise do que as medições feitas por raios-X. E, finalmente, o método magnético representa um valor médio na profundidade de até 3 mm sob a superfície, enquanto os resultados das medições pelo método de raios-X representam os valores superficiais absolutos das

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tensões. Por estas razões, os resultados de mapeamento foram utilizados somente para comparar entre si a evolução das tensões.

Fig. 13: Mapa de distribuição do fator de concentração da tensão cisalhante máxima. Resultado inicial.

Fig. 14: Mapa de distribuição do fator de concentração da tensão cisalhante máxima. Resultado final.

As medições pelo método de raios-X, e o mapeamento magnético foram realizados no mesmo dia da soldagem (resultados inicial), e posteriormente, duas semanas após o procedimento (resultado final).

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Mapeamento através do método magnético representa uma distribuição do fator de concentração da tensão cisalhante máxima. Observou-se uma forma simétrica na distribuição das tensões residuais no corpo de prova após a soldagem e localização dos pontos críticos das tensões no metal base ao longo das duas linhas, uma perpendicular ao cordão de solda e outra direcionada na sua continuação para o lado externo ao corpo de prova. Observou-se também a diminuição dos valores de concentração da tensão e variação geométrica das linhas de nível apresentadas no mapeamento, quando comparado o resultado inicial, no mesmo dia da soldagem, com final, duas semanas após soldagem, Fig. 13 e 14.

Nas Fig. 15 e 16 tem-se apresentado os resultados de medição dos valores absolutos na forma de tensão cisalhante máxima. O estado final das tensões medidas na direção A é caracterizado pela distribuição mais uniforme da tensão cisalhante máxima, com seus valores absolutos menores, quando comparados com os mesmos logo após soldagem. Na direção B, observou-se mudança na posição dos valores máximos e mínimos da tensão cisalhante máxima, com uma diminuição dos valores absolutos da tensão cisalhante máxima acompanhada de um deslocamento do seu máximo e mínimo na direção de solda.

Fig.15: Direção A. Valores inicial e final da tensão cisalhante máxima.

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As mesmas tendências podem ser observadas quando os resultados de medições dos valores absolutos das tensões são apresentados na forma das tensões de von Mises (tensões efetivas), Fig. 17 e 18. Observa-se a diminuição dos valores das tensões de von Mises na direção A e reposicionamento dos pontos de máximo e mínimo mais próximo ao cordão de solda para resultados obtidos na direção B.

Fig. 17: Direção A. Valores inicial e final das tensões de von Mises (tensões efetivas).

Fig. 18: Direção B. Valores inicial e final das tensões de von Mises (tensões efetivas)

Os resultados experimentais obtidos através das duas técnicas diferentes mostram que a distribuição dos valores das tensões de soldagem no caso da solda de reparo varia significativamente dentro de um período de duas semanas, desde o momento da soldagem, fato até então não relatado na literatura. Denominamos este fenômeno como efeito de migração das tensões de soldagem.

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5. CONCLUSÕES

1. Os resultados experimentais de medição dos deslocamentos verticais da superfície das chapas soldadas de topo assim como, de medição e mapeamento das tensões residuais de soldagem, obtidos através das duas técnicas diferentes, mostram uma variação destes valores no tempo, bem explicita nos primeiros cinco dias após da remoção das restrições de soldagem. A observada variação das tensões residuais e dos deslocamentos verticais da superfície das chapas soldadas após o término do processo da soldagem indica a necessidade de especificar nos resultados experimentais o período de tempo entre a execução da operação de soldagem e a realização das medições.

2. No caso da solda de reparo, os resultados experimentais obtidos através das duas técnicas diferentes mostram que a distribuição dos valores das tensões de soldagem varia significativamente dentro do período de duas semanas, desde o momento da soldagem, fato até então não relatado na literatura. Estado final das tensões na direção transversal ao cordão de solda é caracterizado pela distribuição mais uniforme da tensão cisalhante máxima, com seus valores absolutos e valores das tensões de von Mises menores, quando comparados com os mesmos logo após soldagem. Na direção longitudinal ao cordão de solda observa-se mudança na posição dos valores máximos e mínimos da tensão cisalhante máxima, e tensões de von Mises com uma diminuição dos valores absolutos da tensão cisalhante máxima.

4. Variação das tensões observadas após o término do processo da soldagem indica a necessidade de especificar nos resultados experimentais de análise das tensões de soldagem, o período de tempo entre a execução da operação de soldagem e a realização das medições. Para obter resultados com aplicabilidade prática na simulação numérica dos processos de soldagem, o fenômeno de evolução das tensões após execução do processo da soldagem deve ser incluído nos modelos numéricos.

5. Observado efeito de redistribuição das tensões de soldagem após término do processo de soldagem pode contribuir significativamente no entendimento dos processos relacionados às tensões residuais de soldagem, ajudar no ajuste dos modelos computacionais e na interpretação dos dados da simulação numérica das tensões de soldagem.

6. AGRADECIMENTOS

Apoio financeiro: CNPq, PQ 302531/2009-2 (S.F. Estefen) e PQ 304463/2012-4 (A. Leontiev). Apoio tecnológico e operacional: EISA. Apoio tecnológico e operacional: Equipe técnica do Laboratório da Tecnologia Submarina COPPE – UFRJ.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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