A POÉTICA DA LUZ NATURAL
NA OBRA DE
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Neide Maria Jardinette Zaninelli
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Editora da Universidade Estadual de Londrina
Reitor Vice-Reitor
Wilmar Sachetin Marçal Cesar Antonio Caggiano Santos
A POÉTICA DA LUZ NATURAL
NA OBRA DE
1. Arquitetura. 2. Oscar Niemeyer. 3. Luz natural. I. Título.
CDU: 721.036 B259p Barnabé, Paulo Marcos Mottos
ISBN 978-85-7216-499-3
Direitos reservados a
Editora da Universidade Estadual de Londrina
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Impresso no Brasil / Printed in Brazil Depósito Legal na Biblioteca Nacional
2008
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Catalogação na publicação elaborada pela Bibliotecária Neide Maria Jardinette Zaninelli/CRB-9/884.
A poética na luz natural na obra de Oscar Niemeyer / Paulo Marcos Mottos Barnabé. - Londrina: EDUEL, 2008.
Dedicatória
Agradecimentos
À Fundação Oscar Niemeyer.
Aos professores do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Estadual de Londrina, pelo incentivo e apoio.
Aos professores do programa de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo, pelo acompanhamento acadêmico
durante o desenvolvimento da dissertação e da tese, base para esse livro.
Ao professor Dr. Gian Carlo Gasperini pela orientação privilegiada, motivadora e
amiga no referido mestrado e doutorado.
Ao professor Dr. Júlio Roberto Katinsky que gentilmente elaborou o prefácio
dessa obra.
Aos alunos da UEL que contribuíram com esse trabalho: Cristiane Baroto
Moraes, Fernando Yamada, Giselle L. Bida de Paula, Luana Torales Carbonari,
Mariana Martinelo, Nubiane Martinelo, Natália Taroga Ranga, Ricardo Utimura
Sueta.
Sumário
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
Alvorada
CAPITULO I
A luz natural na arquitetura
A luz natural na arquitetura brasileira A luz natural na arquitetura brasileira de Oscar Niemeyer
CAPITULO II
A luz natural, as formas e o tempo
INTERLÚDIO 01
Pampulhas
CAPÍTULO III
A luz natural e os envoltórios
INTERLÚDIO 02
Canoas
CAPÍTULOS IV
A luz natural, os materiais e as estruturas
XI
XIII
01
07
13 2131
39
61
75
87
INTERLÚDIO 03
Palácios
CAPÍTULO V
A luz natural, os espaços e as cores
INTERLÚDIO 04
Catedrais
CAPÍTULO VI
A luz natural e as sombras
INTERLÚDIO 05
Memoriais
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ocaso: entre a luz e a escuridão
BIBLIOGRAFIA
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
99
123
137
151
163
175
181
187
Apresentação
XI
É com grande satisfação que vejo publicado em forma de livro parte de seu trabalho, que sai da área acadêmica para a divulgação pública.
Sem dúvida a obra de Oscar Niemeyer oferece um amplo campo para muitas indagações de caráter técnico, científico, artístico e também emocional.
Você, Paulo, mergulhou no íntimo da sensibilidade do Arquiteto, para dela extrair a luminosidade de sua obra.
Belo trabalho! Tenho certeza que a contribuição desta obra irá ampliar o campo do conhecimento e da genialidade de Oscar Niemeyer.
Prefácio
XIII
Oscar Niemeyer e as novas gerações
O trabalho “A poética da luz natural na obra de Oscar Niemeyer”, do arquiteto Paulo Marcos M. Barnabé, é, antes de tudo, um exercício de afeto. Não é um ato passivo, mero reflexo de imagem em espelho ocasional. Ao contrario, com perfeita paciência, o arquiteto percorreu todas as cidades brasileiras nas quais concentrou-se a obra do arquiteto, com minúcias de amante, fotografando, inclusive, as obras pouco publicadas, como o interior do vestíbulo do Tribunal da Justiça ou a igreja ortodoxa de Brasília.
Penso que os pontos de partida das criações de Niemeyer são sempre outras obras de arquitetura, num diálogo criador com outras criações humanas. Mas também, o arquiteto soube permanecer atento às inquietações da hora, solidariamente com as vozes dos homens que se propunham a oferecer o testemunho de uma sociedade mais livre, fraterna e, por isso, mais humana. Esta é, a meu ver, a lição da obra do arquiteto Niemeyer. Sempre a “natureza”, o “fato natural” nunca aparece aos nossos olhos como o momento primordial, mas ao contrário, já mediado por intenções humanas, deliberadamente anunciadas num ensino que é também poeticamente conduzido, e que nos persuade, mais do que se impõe, como a correta solução para o espaço proposto: a pequena capela de São Francisco de Assis em Pampulha nos remete, antes de tudo, aos sheds de “abóbadas de Freyssinet”, utilizadas por Le Corbusier para iluminar um atelier, mas que no caso, para o arquiteto brasileiro, acomodam-se para iluminar o painel de Portinari, atrás do altar, transformando, pela luz, uma parede plana em uma encurvada abside virtual. Podemos, então, afirmar que a modesta capela mineira favorece uma compreensão mais transparente do espaço barroco, lanternim da igreja Conceição da Praia em Salvador – ou a iluminação do baldaquim de Bernini, através das janelas de Michelangelo em São Pedro de Roma. Do mesmo modo, a iluminação de Ronchamp remete para Pampulha, ao mesmo tempo que evoca focos de luz protocristãos, vistos por Le Corbusier na juventude e guardados na memória na condição de “dicionário”. Essa mesma capela de Ronchamp serviu, provavelmente, de ponto de partida para a capela ecumênica do Palácio da Alvorada e quem sabe quantas mais! Dizendo de outro modo: não é o passado que esclarece o presente, mas o presente que esclarece e reorganiza o passado. O mesmo se pode dizer dos “espelhos d’água” regrados geometricamente
XIV
dos palácios de Brasília, que nos remetem para os espelhos de Chandigardh, alusão longínqua ao Taj Mahal e edifícios muçulmanos do norte da Índia.
Se há uma cultura que magnifica a água essa é, sem dúvida, a cultura muçulmana. Basta lembrar além do Taj Mahal, no outro extremo, o Alhambra na Espanha, talvez por sentir milenariamente sua ausência. E é numa extensão surpreendente que Niemeyer transforma o “pátio de los naranjos”, das mesquitas tradicionais, no mar de Argel, ficando o edifício sintetizado no único aposento, o Mihrab, termo e conclusão da visão religiosa muçulmana.
O trabalho de Barnabé, então, configura-se como passeio arquitetural, no qual ele nos conduz a uma visão das obras do arquiteto brasileiro, ora valorizando as áreas de luz e penumbra, brindando-nos com uma nova visão de espaço que pareciam já longamente conhecidos, mas que pela sua escrita poética, porém precisa daquela criatividade exata de que nos fala Leonardo, nos convida a ver de novo, com outros olhos, o espaço novamente revelado. Como na descrição de Pampulha, retomando os croquis didáticos do próprio arquiteto quando explicou suas intenções plásticas do espaço sagrado. Ou quando descreve os brises, banhados pela luz nos edifícios do Copan, em São Paulo, ou da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. O croquis da planta do próprio arquiteto mostra que em seu projeto Oscar Niemeyer não se limita pelo perímetro do lote, mas incorpora visualmente toda a praça da Liberdade, recriando-a como se ela nunca tivesse, previamente existido. Um convite à arquitetura, Barnabé nos faz, ao percorrer as iluminações da casa de Canoas no Rio de Janeiro, onde é a vegetação serrana que irá amenizar a luz do Trópico, esculpindo esta, os próprios volumes e paredes, os ocos de sombra em uma das mais expressivas criações artísticas do século XX.
Promessa de uma nova realidade da relação dos homens com a natureza e uma nova relação mais fraterna dos homens consigo mesmos.
Agradeço ao arquiteto Barnabé a oportunidade que ele me ofereceu de percorrer seus caminhos. Apresento ao leitor, que me acompanhou até aqui, um livro que é, antes de tudo, puro encantamento.
São Paulo, 22 de maio de 2008.