• Nenhum resultado encontrado

Uso de medicamentos entre pacientes idosos vestibulopatas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Uso de medicamentos entre pacientes idosos vestibulopatas"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

Uso de medicamentos entre pacientes

idosos vestibulopatas

Medication use among elderly patients with

vestibular diseases

Resumo

Introdução: O envelhecimento pode causar doenças crônico-degenerativas, como as vestibulopatias, e diferentes comorbidades, levando os idosos ao uso intenso da farmacoterapia. Objetivo: Este estudo avaliou o uso de medicamentos entre idosos portadores de distúrbios vestibulares. Material e Método: Foi realizada coleta de dados a partir do prontuário de 187 pacientes idosos da comunidade, de ambos os gêneros, os quais foram atendidos no Laboratório de Pesquisa em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN), em 2008 e 2009.

Foi um estudo retrospectivo, aprovado previamente pela Comissão de Ética em Pesquisa (Protocolo no.

251/08)

. Resultado: Os idosos

vestibulopatas tinham 60 a 80 anos ou mais, sendo 140 mulheres (84,34%) e 26 homens (15,66%). Os principais sintomas vestibulares relatados foram: tontura, vertigem e zumbido; a tontura foi a mais prevalente (86,14%). Faziam uso da farmacoterapia 152 idosos (87,17%), sendo que a maioria usava um medicamento (18,72%) ou três (18,18%). No total, 68,44% dos idosos vestibulopatas faziam uso de dois ou mais medicamentos. Entre os vários grupos farmacológicos, o mais frequentemente relatado foi o dos anti-hipertensivos (53,28%). Conclusão: A utilização de medicamentos em idosos, sobretudo em maior quantidade, requer mais atenção e cuidado, pois, com o avanço da idade, ocorrem alterações fisiopatológicas importantes, que comprometem aspectos da farmacocinética e farmacodinâmica, podendo causar mais efeitos indesejáveis e, com isso, complicar a saúde de idosos vestibulopatas.

Palavras-chave: Uso de medicamentos. Farmacologia. Doenças vestibulares. Saúde do idoso.

Célia Aparecida Paulino1

Jennifer da Silva Benedito2

1 Professora doutora e

orientadora do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil).

2 Biomédica e ex-aluna bolsista de

Iniciação Científica do Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil).

Autor para correspondência: Célia Aparecida Paulino Rua Maria Cândida, 1813 São Paulo, CEP: 02.071-022 E-mail:

(2)

Introdução

O envelhecimento é um processo influenciado, principalmente, pela herança genética e o estilo de vida do indivíduo, além do meio ambiente. Embora não constitua uma doença, o envelhecimento pode desencadear um grande número de transtornos, pela deterioração de órgãos e sistemas que ocorre durante este processo1.

Com o avanço da idade pode haver o desenvolvimento de doenças crônico-degenerativas, que resultam na diminuição contínua, ou mesmo na perda da função de órgãos e sistemas biológicos, levando o indivíduo a diversas incapacidades funcionais2.

As doenças que geram mais incapacidade e as doenças mais comuns no idoso incluem aquelas do aparelho locomotor, os acidentes vasculares cerebrais, as doenças cardíacas e respiratórias, os tumores malignos e as alterações dos sentidos1. As diversas comorbidades normalmente presentes

na vida dos idosos, muitas vezes potencializam as grandes síndromes geriátricas, como: instabilidade e quedas, imobilidade, incontinência, deterioração mental, déficit dos sentidos, síndrome confusional aguda, desidratação, subnutrição e iatrogenias3,4.

Neste sentido, a população idosa é um grupo social que requer maior atenção, uma vez que, com a ocorrência das doenças crônico-degenerativas, há a necessidade do uso mais intenso e frequente de medicamentos. Por esta razão, os idosos são os principais consumidores e os maiores beneficiários da farmacoterapia moderna; mais de 80% deles consomem no mínimo um medicamento, diariamente, e este tem sido um poderoso processo de intervenção para melhorar o estado de saúde dessa população5. De fato, para

Mosegui et al.6, com o aumento da população idosa ocorre também um

crescente consumo de medicamentos e esses indivíduos são, possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade.

Além disso, com o envelhecimento, as alterações fisiológicas dos sistemas nervoso central, vestibular, sensorial e neuro-músculo-esquelético são as que mais comprometem a realização das atividades funcionais dos idosos, como, por exemplo, o equilíbrio corporal. Isto acontece porque os sistemas auditivo e vestibular tornam-se mais susceptíveis com o passar do tempo, provocando, assim, alta prevalência de tontura e outros sintomas associados, tais como, perda auditiva e zumbido7.

O equilíbrio corporal é uma função que depende da integridade dos sistemas vestibular e somatossensorial e da visão8. Qualquer alteração nessas funções

pode alterar o equilíbrio do indivíduo, causando os distúrbios vestibulares ou vestibulopatias, e comprometer a sua capacidade de reagir a sons ambientais e de manter uma comunicação efetiva com o meio9.

Ainda, é descrito que idosos vestibulopatas apresentam uma média de três doenças associadas, com o conseqüente aumento do uso concomitante de diferentes medicamentos; essas doenças também podem estar relacionadas ao aparecimento ou agravamento do quadro clínico vestibular. Desta forma, além de promover maior risco de interações medicamentosas e de eventos adversos, a polifarmacoterapia pode agravar os sintomas labirínticos10.

Assim sendo, o objetivo deste trabalho foi avaliar o uso de medicamentos entre pacientes idosos portadores de distúrbios do equilíbrio corporal.

P au lin o ;Bened it o , 2 01 1 2 0 1 0

(3)

Material e Método

Desenvolveu-se um estudo do tipo retrospectivo, descritivo e analítico, com abordagem quantitativa, sem qualquer risco aos participantes. O estudo foi realizado nas dependências do Laboratório de Pesquisa em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, da Universidade Bandeirante de São Paulo (UNIBAN - Brasil, campus Maria Cândida, São Paulo/SP).

O estudo foi previamente aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UNIBAN (Protocolo nº 251/08). Os pacientes foram orientados e concordaram em participar do atendimento e do estudo, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A amostra da pesquisa foi composta por 187 pacientes idosos provenientes da comunidade (154 mulheres e 33 homens), com 60 anos ou mais, provenientes da comunidade e que foram atendidos no referido Laboratório, no período de 2008 e 2009. A coleta de dados foi realizada no ano de 2010. Para a coleta de dados foram utilizados os prontuários dos pacientes idosos, constando as informações de saúde necessárias à pesquisa. Os sintomas ou queixas apresentados pelos idosos investigados foram: tontura, vertigem e zumbido, por serem os mais relatados por pacientes vestibulopatas. Os medicamentos relatados pelos idosos foram identificados e classificados por grupos farmacológicos, segundo o Dicionário de Especialidades Farmacêuticas - DEF (2008/2009).

Foram incluídos na amostra todos os prontuários dos pacientes atendidos no período relatado e que aceitaram participar da pesquisa. E foram excluídos aqueles prontuários de pacientes com idade inferior a 60 anos.

Os resultados obtidos passaram por uma análise descritiva simples e foram apresentados como frequências absolutas e relativas.

Resultado

Foi avaliado um total de 187 idosos, de ambos os gêneros, sendo 33 homens (17,64%) e 154 mulheres (82,36%), como mostra o gráfico 1.

(4)

82,36%

17,64%

Homens Mulheres

Gráfico 1 - Distribuição dos idosos, de acordo com o gênero. São Paulo, 2010.

Os pacientes elegíveis para o estudo tinham idade entre 60 a 80 ou mais anos e foram divididos por faixa etária. A tabela 1 apresenta a distribuição percentual da população idosa do estudo, de acordo com a faixa etária. Tabela 1 - Distribuição dos idosos, de acordo com a faixa etária. São Paulo, 2010.

IDOSOS

DISTRIBUIÇÃO POR FAIXA ETÁRIA (%)

60-65

66-70

71-75

76-80

≥80

HOMENS

3

7

3

4

1

MULHERES

19

27

19

9

8

TOTAL (%)

22

34

22

13

9

As queixas vestibulares em geral foram relatadas por 140 mulheres (84,34%) e apenas 26 homens (15,66%), como mostrado no gráfico 2.

(5)

84,34%

15,66%

Mulheres Homens

Gráfico 2 - Queixas vestibulares em relação ao gênero. São Paulo, 2010.

O gráfico 3 demonstra as principais queixas vestibulares relatadas pelos idosos, ou seja, tontura, vertigem e zumbido. Os idosos apresentavam uma ou mais de uma destas queixas. A tontura teve maior prevalência (86,14%), seguida pelo zumbido (62,65%) e pela vertigem (58,43%). Apenas 11,22% dos idosos não apresentavam esses sintomas; destes sete eram homens (21,21%) e 14 mulheres (9,09%). 62,65% 86,14% 58,43% Tontura Zumbido Vertigem

Gráfico 3 - Distribuição das queixas vestibulares relatadas pelos idosos. São Paulo, 2010.

A tabela 2 mostra a freqüência relativa do uso de medicamentos (ou não) por todos os idosos (homens e mulheres)em relação à faixa etária. Dos 187 idosos avaliados, 152 utilizavam medicamentos (87,17%).

(6)

Tabela 2 - Freqüência relativa de uso de medicamentos pelos idosos, de acordo com a faixa etária. São Paulo, 2010.

QUANTIDADE

TOTAL DE

FREQUÊNCIA RELATIVA (%)

POR FAIXA ETÁRIA

MEDICAMENTOS

RELATADOS

60-65 66-70 71-75 76-80 ≥ 80 0 12 11 10 28 6 1 25 18 15 20 18 2 10 19 17 12 23 3 25 22 15 12 6 4 12 12 17 4 23 5 10 5 10 16 18 6 3 6 2 4 - 7 - 1 7 - 6 ≥ 8 3 6 7 4 -

TOTAL (%)

88

89

90

72

94

O gráfico 4 ilustra a distribuição da quantidade de medicamentos utilizada pelos idosos de ambos os gêneros. Pode-se observar que a maioria deles (18,72%) fazia uso de apenas 1 medicamento, e 18,18% usavam 3 medicamentos. Pelos dados, observa-se que 68,44% dos idosos faziam uso de 2 ou mais medicamentos.

(7)

12,84 18,72 16,04 13,37 9,63 3,74 2,67 4,81 18,18 0 5 10 15 20 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Q u a n ti d a d e d e m e d ica m e n to s (%)

Gráfico 4 - Distribuição da quantidade de medicamentos utilizada pelos idosos de ambos os gêneros. São Paulo, 2010.

Na tabela 3 está apresentada a distribuição dos grupos farmacológicos mais utilizados pelos idosos; esses grupos foram classificados segundo o

DEF (2008/2009). Entre os grupos mais frequentes estavam os medicamentos anti-hipertensivos (53,28%) e os antiúlceras pépticas, hipocolesterolemiantes e recalcificantes (todos com 24,34%).

Outros grupos também foram bastante utilizados, a saber: fármacos antiarrítmicos, diuréticos, antidepressivos, vasodilatadores, antidiabéticos e fármacos para tratamento do hipotireoidismo (ou hormônios tireoidianos sintéticos), como mostrado na Tabela 3.

Os grupos farmacológicos menos utilizados pelos idosos foram: antiagregantes plaquetários, antieméticos, analgésicos, antiinflamatórios e broncodilatadores. Também foi relatado o uso de fitoterápicos por 9,80% dos idosos avaliados (dados não mostrados).

É importante ressaltar que os medicamentos relatados pelos idosos eram de uso contínuo, na sua quase totalidade, e haviam sido anteriormente prescritos para diferentes finalidades terapêuticas.

(8)

Tabela 3 - Distribuição dos principais grupos farmacológicos utilizados pelos idosos, segundo classificação do DEF (2008/2009). São Paulo, 2010.

Discussão

Este estudo mostrou um predomínio de idosos na faixa etária de 66-70 anos (34,00%), seguida pelas faixas de 60-65 e 71-75 anos (ambas com 22,00%), os quais relataram um ou mais de um sintoma vestibular. Tais achados são semelhantes ao encontrado por Simoceli et al.11, mostrando que as

alterações do equilíbrio corporal, como tontura e vertigem, estão entre as queixas mais comuns em indivíduos a partir dos 60 anos.

Do total de idosos, a maioria (88,78%) apresentou alguma queixa vestibular. Entre eles, houve predomínio das mulheres (82,36%), muito provavelmente pelo fato delas procurarem mais atendimento. Da mesma forma, as mulheres apresentaram maior quantidade de queixas vestibulares (84,34%), em relação aos homens (15,66%). Resultado semelhante foi obtido em outro estudo, e os autores justificaram o predomínio dessas queixas no gênero feminino pelo fato das mulheres serem mais susceptíveis às alterações otoneurológicas, em conseqüência da variação hormonal fisiológica que apresentam12.

Ainda, é descrito na literatura que os distúrbios vestibulares são mais comuns entre indivíduos idosos e mulheres e, em mais da metade dos casos relatados o desequilíbrio inicia-se entre 65 e 75 anos13. Outro estudo

realizado no mesmo Laboratório, também com idosos vestibulopatas provenientes da comunidade, revelou que a média etária dos pacientes era igual a 69 anos (66% da amostra)14, corroborando outras pesquisas com

idosos vestibulopatas15,16 . GRUPOS FARMACOLÓGICOS IDOSOS USUÁRIOS (nº) (%) Anti-hipertensivos 81 53,28 Antiúlceras pépticas 37 24,34 Hipocolesterolemiantes 37 24,34 Recalcificantes 37 24,34 Antiarrítmicos 34 22.36 Diuréticos 32 21,05 Antidepressivos 24 15,78 Vasodilatadores 22 14,47 Antidiabéticos 21 13,81

(9)

A pesquisa considerou apenas as 3 queixas vestibulares mais comuns, ou seja, tontura, vertigem e zumbido, que podem ocorrer de forma isolada ou conjunta. A maior prevalência foi de tontura (86,14%), seguida pelo zumbido (62,65%) e vertigem (58,43%). Em outro estudo com amostra semelhante de idosos vestibulopatas, Sousa et al.14 identificaram todos com

tontura e 54% com tontura a cinco anos ou mais; a tontura do tipo não rotatória ocorreu em 42% e a rotatória (vertigem) em 38%. De acordo com Aratani et al. (2005)17, o envelhecimento torna o sistema vestibular mais

fragilizado, o que pode causar tontura e outros sintomas associados, como a vertigem e o zumbido.

Na sua maioria, as tonturas são de origem no sistema vestibular e podem estar associadas a diversas causas, manifestando-se como desequilíbrio, vertigem e/ou outros tipos de tontura. Várias comorbidades colaboram para a alteração do equilíbrio corporal, como as doenças cardiovasculares e ortopédicas, a redução da acuidade visual, além de doenças relacionadas ao próprio sistema vestibular, cujas estruturas se degeneram com o passar do tempo7. Outras comorbidades importantes como as alterações do

metabolismo da glicose, podem gerar manifestações auditivas, vestibulares ou mistas, representadas por zumbido, vertigem, hipoacusia e outras18.

Em relação à farmacoterapia, do total de idosos avaliados, 87,17% faziam uso de um ou mais medicamentos. Chama a atenção o fato de que, na faixa etária de 80 anos ou mais, 94,00% dos idosos faziam uso de algum medicamento, seguida pela faixa de 71-75 anos (90,00% dos idosos). Em relação à quantidade de medicamentos utilizada, foi mais freqüente o uso de um medicamento (18,72%) e de três medicamentos (18,16%). Ressalte-se que 68,44% dos idosos referiram a utilização concomitante de dois ou mais medicamentos, e 4,81% deles usavam oito medicamentos.

Esses resultados merecem atenção, pois, na medida em que os idosos apresentam as doenças próprias do envelhecimento, estes passam a aderir à farmacoterapia e, muitas vezes, de forma errada, ou por meio de automedicação19. Realmente, muitos idosos dependem de algum tipo de

medicamento para tratamento das suas doenças crônicas, e nem sempre é possível um acompanhamento médico mais freqüente e rigoroso para observar os eventuais efeitos adversos desencadeados por tais medicamentos20.

Além disso, é importante considerar que, com o avanço da idade, há menor capacidade dos sistemas sensoriais enviarem informações para o sistema nervoso central, em razão de certas doenças, ou mesmo do uso de medicamentos21.

Ressalte-se também que o uso concomitante de medicamentos nos idosos deste estudo poderia estar relacionado com as queixas vestibulares apresentadas, sobretudo a tontura. Neste sentido, a literatura cita que a utilização concomitante de cinco ou mais fármacos está associado ao maior risco de tontura em indivíduos idosos19.

Em concordância, é descrito que os idosos constituem o grupo de indivíduos mais exposto à polifarmacoterapia na sociedade, o pode elevar a chance de reações adversas e aumentar o risco de interações medicamentosas19,22. Esse

risco de interações pode ser proporcional ao número de fármacos utilizado; ainda, na presença de doenças que afetam múltiplos sistemas, os pacientes procuram a assistência de vários médicos, podendo receber diferentes

(10)

prescrições medicamentosas, algumas até conflitantes19. Com isso, a

terapêutica plurimedicamentosa em idosos torna-se uma questão bastante complexa, já que muitos medicamentos prescritos para pacientes geriátricos podem, inclusive, ser contra-indicados para essa população23.

O estudo também mostrou que, entre os grupos de medicamentos utilizados pelos idosos, o mais frequente foi o dos anti-hipertensivos (53,28%), seguido pelos grupos de medicamentos antiúlceras gástricas, hipocolesterolemiantes e recalcificantes (todos com 24,34%). Além disso, havia uso concomitante de fármacos pertencentes a diferentes grupos farmacológicos, o que poderia aumentar a chance de interação medicamentosa e, conseqüentemente, de efeitos indesejáveis.

Alguns tipos de medicamentos, como os anti-hipertensivos, podem causar tonturas, com o risco de ocasionarem quedas e conseqüentes fraturas20.

Ainda, outros trabalhos mostraram associação significante entre hipertensão arterial sistêmica e vertigem24 e forte correlação entre o zumbido e

hipertensão25.

Do ponto de vista farmacológico, o envelhecimento leva a modificações em sistemas responsáveis pelos processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, tornando os idosos mais susceptíveis às reações adversas26, o que deve ser considerado durante a farmacoterapia em

indivíduos idosos, sobretudo pela possível variabilidade na meia-vida dos fármacos neste grupo etário27.

Apesar dos benefícios da farmacoterapia em idosos, podem ocorrer distorções na prescrição de medicamentos e muitos são indicados sem muita racionalidade28. Por fim, a questão do uso de medicamentos em idosos

torna-se ainda mais complexa quando se trata de idosos vestibulopatas, o que demanda a continuidade do presente estudo.

Conclusão

A farmacoterapia em pacientes idosos vestibulopatas pode trazer complicações mais graves a este grupo etário, podendo desencadear ou agravar os sintomas vestibulares apresentados por idosos vestibulopatas, sobretudo quando ocorre o uso concomitante de mais de um medicamento. Por tudo isso, o uso racional e o controle de medicamentos em idosos vestibulopatas são fundamentais para se prevenir maiores prejuízos a esses pacientes e, como conseqüência, melhorar a sua qualidade de vida.

Assim, é imprescindível maior atenção e cuidado na prescrição e uso de medicamentos em pacientes idosos vestibulopatas, com a finalidade de minimizar as reações adversas, prevenindo complicações à saúde e, ainda, evitando que tais reações impeçam o restabelecimento do equilíbrio corporal desses indivíduos.

Abstract

Introduction: the aging process can cause chronic degenerative diseases, such as vestibular disorders, and different comorbidities, taking the elderly to intensive pharmacotherapy. Aim: this study evaluated the use

(11)

of medications among elderly patients with vestibular disorders. Material and Method: we carried out a retrospective study, previously approved by the Ethics in Research Committee (Protocol no. 251/08). Data were collected from medical records of 187 elderly patients from the community, both genders, which were treated in the Body Balance Rehabilitation and Social Inclusion Laboratory Research, Bandeirante University of São Paulo (UNIBAN ), in 2008-2009. Result: elderly patients with vestibular disorders were 60 to 80 years or more, 140 women (84.34%) and 26 men (15.66%). The main vestibular symptoms reported were dizziness, vertigo and tinnitus; dizziness was the most prevalent (86.14%). In this study, 152 elderly patients (87.17%) used pharmacotherapy, most of which used a drug (18.72%) or three (18.18%). In total, 68.44% of the patients with vestibular disorders were using two or more drugs. Among different pharmacological groups, the most often reported were the antihypertensive drugs (53.28%). Conclusion: we have concluded that the medication use in the elderly, especially in larger amount, requires more care and attention, because, with aging, there are important pathophysiological changes, which alter pharmacokinetics and pharmacodynamics aspects and may cause adverse reactions and thus complicate the health of elderly people with vestibular disorders. Key-Words: Drug utilization. Pharmacology. Vestibular diseases. Health of the elderly.

Referências

[1] Barros CGC, Bittar RSM, Bottino MA. Recuperação do equilíbrio corporal. Arq Int Otorrinolaringol. 2007;11(3):278-83.

[2] Gordilho EB, Moriguti JC, Rodrigues AL, Ferrioli E. Efeito da

reabilitação vestibular sobre a qualidade de vida dos idosos vestibulopatas. Rev Bras Otorrinolaringol, 2001;74(2):172-80.

[3] Lins MT, André APR Encaminhamento para reabilitação vestibular: Uma investigação com diferentes especialistas médicos. Arq Int

Otorrinolaringol. 2008;12(2):194-200.

[4] Ribeiro AQ, Araújo CMC, Acursio FA, Magalhães SMS, Chaimowicz F. Qualidade do uso de medicamentos por idosos: uma revisão dos métodos de avaliação disponíveis. Ciênc Saúde Coletiva. 2005;10(4):1037-45. [5] Beyth RJ, Shorr RI. A terapia medicamentosa no idoso: cuidados na medicação. Ciênc Saúde Coletiva. 1999;10(2):309-13.

[6] Mosegui GB, Rozenfeld S, Veras RP, Vianna CM. Avaliação da qualidade do uso de medicamentos em idosos. Rev Saúde Pública. 1999; 33(5):437-44.

[7] Felipe L, Cunha LCM, Cunha FCM, Cintra MTG, Gonçalves DU. Presbivertigem com causa de tontura no idoso. Rev Atual Cient. 2008;20(2):99-104.

(12)

[8] Zanardini FH, Zeigelboim BS, Jurkiewicz AL, Marques JM, Martins-Bassetto J. Reabilitação vestibular em idosos com tontura. Pró-Fono. 2007;19(2):177-84.

[9] Schmidt PMS, Flores FT, Rossi AG, Silveira AF. Queixas auditivas e vestibulares durante a gestação. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(1):29-33. [10] Ganança MM, Caovilla HH, Munhoz MSL, Silva MLG, Ganança FF, Freitas C, Serafine F. Reflexöes sobre a farmacoterapia da vertigem: problemas e soluçöes. Rev Bras Otorrinolaringol. 1999;5(1):4-12.

[11] Simoceli L, Bittar RMS, Bottino MA, Bento RF. Perfil diagnóstico do idoso portador de desequilíbrio corporal: resultados preliminares. Rev Bras Otorrinolaringol. 2003;69(6):772-77.

[12] Bittar RSM, Bottino MA, Zerati FE, Moraes CLO, Cunha AU, Bento RF. Prevalência das alterações metabólicas em pacientes portadores de queixas vestibulares. Rev Bras Otorrinolaringol. 2003;69(1):64-8. [13] Ruwer SL, Rossi AG, Simon LF. Equilíbrio no idoso. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(3):298-303.

[14] Sousa RF, Gazzola JM, Ganança MM, Paulino CA. Correlation between the body balance and functional capacity from elderly with chronic vestibular disorders. Braz J Otorhinolaryngol. 2011;77(6):791-98.

[15] Ramos LR, Perracini M, Rosa TE, Kalache A. Significance and management of disability among urban elderly residents in Brazil. J Cross-Cultural Gerontol. 1993;8(4):313-23.

[16] Nishino LK, Ganança CF, Manso A, Campos CAH, Korn GP. Reabilitação vestibular personalizada: levantamento de prontuários dos pacientes atendidos no ambulatório de otoneurologia da I.S.C.M.S.P. Rev Bras Otorrinolaringol. 2005;71(4):440-47.

[17] Aratani MC, Gazzola JM, Perracini MR, Ganança FF. Quais atividades diárias provocam maior dificuldade para idosos vestibulopatas crônicos? Acta ORL. 2006;24(1):19-24.

[18] Marchiori LLM, Gibrin PCD. Diabetes mellitus: prevalência de alterações auditivas. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003;47(1):82-6. [19] SECOLI SR. Polifarmácia: interações e reações adversas no uso de medicamentos por idosos. Rev Bras Enferm. 2010;63(1):136-40.

[20] Hamra A, Ribeiro MB, Miguel OF. Correlação entre fratura por queda em idosos e uso prévio de medicamentos. Acta Ortop Bras. 2007;15:143-45. [21] Ricci NA, Gazzola JM, Coimbra IB. Sistemas sensoriais no equilíbrio corporal de idosos. Arq Bras Ciênc Saúde. 2009;34(2):94-100.

[22] Bortolon PC, Medeiros EFF, Naves JOS, Karnikowski MGO, Nóbrega OT. Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciên Saúde Coletiva. 2008;13(4):1219-26.

(13)

[23] Costa LM, Lindolpho MC, Sá SPC, Erbas D, Marques DL, Puppin M, Delatorre P. O idoso em terapêutica plurimedicamentosa. Ciên Cuid Saúde. 2004;3(3):261-6.

[24] Marchiori LLM, Rego Filho EA. Queixa de vertigem e hipertensão arterial. Rev CEFAC. 2007;(9)1:116-21.

[25] Ferreira LMBM, Ramos Júnior NA, Mendes EP. Caracterização do zumbido em idosos e de possíveis transtornos relacionados. Rev Bras Otorrinolaringol. 2009;75(2):249-55.

[26] Berti AR, Mayorga P. A terapêutica na terceira idade e o uso racional de medicamentos. Estud Interdiscip Envelhec. 1999;2:89-102.

[27] Rang HP, Dale MM, Ritter JM, Flower RJ. Rang & Dale Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 829 p.

[28] Rozenfeld S. Prevalência, fatores associados e mau uso de medicamentos entre os idosos: uma revisão. Cad Saúde Pública. 2003;19(3):717-24.

Referências

Documentos relacionados

Esta tese teve como objetivo avaliar o impacto da utilização da TCFC sobre o diagnóstico e decisão terapêutica, bem como analisar a segurança dos profissionais para tais

Este relatório tem como objetivo apresentar os principais fatos, dados, informações e ações sobre energias renováveis do Setor elétrico brasileiro do mês de dezembro

Com esta nova Serra de Sabre compacta sem escovas, cortará mais rápido e com mais potência!. O seu tamanho compacto, a luz LED e as 4 posições da lâmina, permitem que faça

A ausência de drenagem do talude, que a obra mineira foi impotente para promover, aliada à grande precipitação de chuva, agravada a retenção da água nos terrenos pelo efeito de

A estas podem estar associados conteúdos, sendo que num documento normal estes conteúdos são textos, nesta aplicação e por parte do autor estes podem ser tanto textos como perguntas

Logo, um dos maiores desafios da Política Nacional de Ordenamento Territorial - PNOT é a organização de ações desconexas e fragmentadas de ordenamento territorial como: o

Aceitar a diferença e, a partir daí, fazer de tal questão algo familiar e que também nos cerca foi, certamente, o posicionamento tomado para a instituição de

obtenção de recursos tributários, esforço fiscal e gasto público no federalismo brasileiro... Rumos e metamorfoses: um estudo sobre a constituição do Estado e