UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA
CATARINA
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
SÉRGIO
PIRES
DA
SILVA
¬ Q ~
GESTAO AMBIENTAL
NA
INDÚSTRIAz
UM
ENEOQUE
TEÓRICO
Florianópolis,novembro
de 1999
~
GESTÃo AMBIENTAL
NA
INDÚSTRIA;
UM
ENEOQUE
TEÓRICo
Monografia
submetida aoDepartamento
de CiênciasEconômicas
paraobtenção de carga horária
na
disciplinaCNM
5420
-Monografia.
_/
›"/0m
.Por: Sérgio Pires da Silva l
Í
.
oriemaaorz Prof. Gilberto Momibeiler Filho / if
J
L
Área de Pesquisa: Economia Ambiental
Palavras - Chaves: 1 - -Meio
Ambiente
2 -
ISO
14000
3
-ZERI
A
Ballüa
EXamÍIlad0l'a
resolveu atribuir anotaii
ao alunoSérgio Pires
da
SilvaNa
disciplinaCNM
5420
~
Monografia,
pela apre-sentação deste trabalho.
Banca
Examinadora:
p
11.
Prof. Gilb 1110, ntibeller Filho
K.
Prof. elton
R
- . dO'OuriqueSfr/
Ao
meu
orientador
Prof.
Gilberto
Nwntibeller
Filho
por
acreditar sempre
no
meu
trabalho,
pela
atenção
e
lições aprendidas.
"Agradeço
a
todos
os
que
_passaranz
na
minha
vida
.nestes
anos de
caminhada,
_porque
de
alguma
forma contribuíram. Em especial
aos
sorrisos gra-
tuitos
recebidos, ânimo
e
coragem
ofertados.
Espe-
ro-
pelo
.menos
ter
demonstrado reconhecimento
da
importância
de cada um
destes
gestos.
Aos
meus pais,
pelo
incentivo
e a
certeza
de
que eu
faria
o
certo.
Por
último,
mas não menos importante,
aminha
esposa Rosemare,
e,
as
,minhas
filhas,
Letícia
e
Jéssica,
que
mesmo
as
vezes sem entender
muito
a
razão
de
minhas ausências,
são
presenças
vivas
de
estímulo
e
ânimo
para continuar
a
caminhada.
São
uma
razao
a
mais
de
tentar sonhar
com
um
mundo
me-
que
violenta
anatureza
eum
tipo de
sociedade
que
mutila
ohomem. Se ao
menos houvesse
cada
vez
mais riqueza,pensou~se,tudo
se
ajustaria.
O
dinheiro,
considerado onipotente;
sepudesse
realmente comprar valores imateriais,
como
justiça, harmonia,
beleza
ou
mesmo
saúde,
t
poderia
burlar
anecessidade destes
ou
compensar
sua
perda.
O_progresso
da
produção
e a a ' ' " 'quisiçao
de riqueza,
assim,
tornaram
as
mais
elevadas
metas
domundo moderno
comreferência,
às
quais
todas as outras,não importa
quanto
ainda
se
fale
delas
da
boca
para
fora,
acabaram
por
ficarem
em
segundo plano. As
metas mais elevadas
nãoprecisam
de
justificativa;
todas
as
secundárias
têm em
última
instância,
de sejustificar
emfunção
do
serviço que
sua
consecução presta
àconsecução
d
.as
mais
elevadas.
Esta
é afilosofia
do
materialismo
eé
esta
filosofia
-ou
metafísica
-_
que está sendo agora
contestada pelos
V
acontecimentos
. ( ...)Ela
expressa-se
na
linguagem
do
terrorismo, genocídio, desintegração,
poluição, exaustão."
CAPÍTULO
1 ... .. 1ÍNTRODUCÃO
... .. 1.1 Justificativa ... .. 1.2 Problemática ... _. 1.3 Objetivos ... .. 1.3.1 Objetivo Geral ... .. 1.3.2 Objetivos Específicos ... .. 1.4 Marco Teórico ... ..CAPÍTULO
11 ... ..2.
PROTEÇAO AMBIENTAL
NA
EMPRESA
... ..2.1 Meio ambiente e opinião pública ... _.
2.2 Meio ambiente e mercado ... ..
2.3 Proteção ambiental na empresa: custos e beneficios ... ..
CAPÍTULO
111 ... ..3
INICIATIVA
VISANDO
À
GESTÃO
DA
QUALIDADE AMBIENTAL
3.1 Gestão da Qualidade e Gestão Ambiental ... ._3.2 Iniciativas voltadas à Qualidade Total ... ..
3.2.1
A
Gestão da Qualidade Total ... _.3.2.2
A
Série de Normas ISO 9000 ... ..3.3 Iniciativas voltadas à Gestão da Qualidade Ambiental ... ._
3.3.1
A
Gestão da Qualidade Ambiental ... ..3.3.2 Iniciativas e Tecnologias "Ambíentalz`stas" ... ..
4
ZERO
EMISSÕES
INICIATIVA
DE
PESQUISA
... ..4.1
A
Proposta do Zero Emissões - Iniciativa de Pesquisa ... ..4.2 Origens e Formulação ... ..
4.2.1 Contexto Institucional e Lançamento ... ..
4.2.2 Estudo de Viabilidade ... ..
4.3 Conceito e Princípios do Zeri ... ..
4.4 Linhas da Estratégia do Zeri Emissões ... ..
4.5 Aplicabilidade e Crítica Conceitual ... ..
CAPÍTULO
v
... ... ..5.
CONCLUSÕES
E
RECOMENDAÇÕES
... .. 5.1 Conclusões ... _.5.2 Sugestões para trabalhos futuros ... ..
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..Este estudo analisa o conceito de desenvolvimento sustentável incluindo
o
crescimento
econômico,
eqüidade social e qualidade ambiental, sendoque
estes três
componentes
são interdependentes e necessitam ser harmoniza-dos.
Dado
oamplo
espectrodo
tema, o estudo concentra-sena
gestãoam-
biental, direcionado para as indústrias,
uma
vez que
este setor éum
dos
principais responsáveis pelos danos ambientais e já adotou formas de ge-renciamento
da
qualidade,como
TQM,
adoção da
ISO
9000; o estudo revêessas abordagens para a gestão
da
qualidade ambiental.Da
mesma
forma, aISO
14000
ealgumas
tecnologias "ambz`entalistas" são consideradas.Neste
contexto
o
Zeri constitui-senuma
nova
eampla
abordagem
de desenvolvi-mentos
sustentável, construída mediante valores inspirados nos ciclosde
vida
da
natureza e nos valoresda
sociedade.O
Zeripropõe
uma
estratégiapara a
mudança
do
presentemodelo
industrial.O
estudo concluique
o`Zerié
uma
proposta paramudança
deparadigma que
leva à sustentabilidade in-dustrial e, por extensão à
promoção
da
qualidade ambiental edo
desenvol-INTRODUÇAO
Segundo
Donaire
(1996: 44),“A adequada gestão ambiental significa maior competitividade para a
indústria, tanto para manter e atrair consumidores nacionais, cada
vez mais conscientes,
como
para adequar-se às especificações domercado externo, no qual as exigências são ainda maiores”.
Na
visão de Porter (l995:73) osnovos
padrões ambientaispodem
gerarinovações que
diminuam
o custoou
agreguem
valor ao produto, jáque
asinovações
permitem que
se use mais racionalmenteuma
série de insumos,compensando
os investimentos feitos.Dentro
deuma
visão de longo prazoas empresas
podem
vislumbrar vantagens competitivas maioresdo que
aquelas
que
possuem
hoje.Considerando
aindao
fatoda empresa
estar trabalhandocom
afinco
no
sentido de conseguir
uma
certificação ambientalda
sérieISO
14000,pode-
se concluir
que
ela pretende seruma
das pioneirasem
seuramo
de ativida-de. Esforços e investimentos
tem
sido feitosem
grande monta, para se che-gar a esse objetivo.
Neste
sentido, observa-seque
as empresasvêm
procurando desenvolversistemas de gestão ambiental
como
alternativa para tomar-se mais lucrati-competitividade e responder aos princípios
do
desenvolvimento sustentá-vel.
Donaire
(op. cit. 48) afirma que,'Muitas destas empresas já compreenderam que o compromisso
com
o meio ambiente é a garantia da permanência dos negócios a longo
prazo.
Mas
lhes faltam as informações necessárias para a consecução de seus objetivosSegundo
o
autor, aempresa
deve considerar omeio
ambientecomo
fatorfundamental de equilíbrio
no
desenvolvimento das populações,compro-
metendo-se
amanter
este fatorem
harmonia
com
suas atividades, atravésde atuação integrada nas
dimensões
física, biológica, sócio-econômica ecultural
tem
que
ser o objetivo dasempresas
modemas.
Estetambém
é opensamento
deum
segmento
significativoda
sociedadeem
quase todoo
mundo,
que
cobra das empresasuma
posturaadequada
em
relação à gestãoambiental.
Dentro
desse conceito, relativamentenovo
no
Brasil, os proces-sos produtivos
devem
se adequartambém
à preservaçãodo
meio
ambiente,reduzindo os custos ambientais
em
funçãoda manutenção
dos recursosnaturais.
Seguindo
uma
tendência mundial,em
que
a preocupaçãocom
a competiti-vidade dita parte das decisões, o
Conselho
Empresarial Brasileiro parao
Desenvolvimento
Sustentável pretende entregar ao presidenteFernando
Henrique Cardoso
um
pacote de reivindicações, dentre as quais aparececom
destaqueuma
política de investimentoscom
recursos públicos e in-centivos fiscais para melhorar a qualidade ambiental
do
setor produtivobrasileiro.
Em
paralelo, 52 grandes indústriasvão
anunciarno
"Relatóriode Sustentabilidade Empresarial " os investimentos
que
farãoem
projetosde controle ambiental
no próximo
ano.'poucas
empresas falam
em
Balanço
Social.Balanço
Ambiental, então,pode-se
contarnos dedos
" (Rev.Adm.
deEmpresas,
1992).No
entanto, ele acredita que,"à medida que a contabilidade das empresas passe a incorporar seus
passivos e ativos ambientais no imobilizado, eles serão devidamente
valorados. Então, a questão ambiental ganhará outra dimensão " (Ibi-
dem) -
Sabe-se
que
vinte anos após a apresentaçãoda
proposta da Suécia de reali-zação
da
Conferência sobreMeio
Ambiente
Humano,
a XLIIIAssembléia
Geral
da
Nações
Unidas
(1988)aprovou
aResolução
43/ 196, que detenni-nava
a conferência sobretemas
ambientais deveria se realizar até 1992; su- geria que, entre outros aspectos, o encontro viesse a avaliar tendências depolíticas e ações dos países e organizações internacionais para proteger e
aprimorar o
meio
ambiente,além
deexaminar
como
os critérios ambientaishaviam
sido incorporados nas políticas eno
planejamentoeconômico
e so-cial desde a Conferência de Estocolmo.
O
principio de que os países desen-volvidos
têm
maior
parcela de responsabilidade pela primeira vez nesta re-solução, aprovada por consenso.
O
Brasil, nessa sessãoda Assembléia
Ge-
ral, se ofereceu para sediar o encontro, e acontece
como
marco
ambiental aECO
92.A
Conferência de 1992, propõe tratar conjtmtamente omeio
ambiente eo
desenvolvimento, e coloca
em
discussão, sobnovo
prisma, todas as reivin-dicações dos países
em
desenvolvimento nos foroseconômicos
internacio-nais desde os anos 1960,
como
tentativa de aproveitamentoda
ocasião úni-ca de reformulação
do
sistema intemacional ambiental,num
momento
cru-cial
da
história,que
pennitirá a sobrevivênciada humanidade
em
bases-Países
como
aAlemanha,
os Estados Unidos,Canadá
eNoruega
já introdu-ziram leis
que obrigam
asempresas
a informar omercado
sobre suas ativi-dades ambientais.
No
Brasil, aimplementação
dasnormas
da
sérieISO
14000, sobre gestão ambiental,
vem
sendo realizada por inúmerasempre-
SEIS.
Dentro
destes referenciais, aCâmara
deComércio
Brasil-Alemanha estáabrindo espaço para divulgar
o
projeto RecicleMilhões
de Vidas,da Asso-
ciação de
Apoio
à Criançacom
Câncer
(AACC).
O
projeto já contacom
oapoio institucional
da
Prefeiturado Município
deSão
Paulo,da
SecretariaMunicipal do Verde
edo
Meio
Ambiente, do
Corpo
deBombeiros, da As-
sociação Interamericana de
Engenharia
Sanitária eAmbiental (AIDIS)
e dealgumas
empresas privadas, dentre elas aRhodia-F
anna,que
será a encar-regada
da
divulgaçãodo
projetona
mídia.O
projeto prevê a captação, para reciclagem, dos diversos tipos de papel ealumínio.
Os
recursos gerados a partirda venda
destes materiais para in-dústrias recicladoras serão revertidos para a
AACC
em
beneficio
de crian-ças portadoras de câncer.
A
AACC
almeja construirum
ambulatório parafornecer atendimento às cerca de 1.000 crianças
que
os hospitais da cidadede
São
Paulonão
conseguem
atender.O
projeto RecicleMilhões
deVidas
surgiu
com
o
intuito de colaborarcom
a realização deste objetivo, e aomesmo
tempo, contribuircom
a preservação ambiental.A
grande receptividade por parteda
populaçãoem
relação ao projeto Reci-cle
Milhões
de Vidasmotivou
a procura denovos
parceiros parao
estabe-lecimento de
uma
estrutura profissional,comprovando-se
com
isso,que
há
uma
grande preocupaçãoda
sociedadeem
preservar,mas
que, possivel-Silva (1995: 1 1-12)
afirma
que,“A preocupação
com
o meio ambiente vem deste ohomo
sapiens,a
interação entre a atividade
humana
e o seu meio ambiente foi fatordominante na moldagem de
um
pelo outro. Quando esta atividade,. por força da sua organização, começa a merecer o nome de empresa,
ela torna-se inevitavelmente
um
elo essencial na cadeia de equilíbriocom
um
todoEntende-se que a atividade industrial
não deve
se opor à natureza, pois delaé parte integrante, ela a
molda
desde ocomeço
e desde ocomeço
é por elamoldada.
Assim
sendo, querer protegerou
defender a 'naturezatem
menos
sentido
do que
querer administrá-la demaneira
responsável e, a partir daí,querer integrar nela a gestão responsável
da
empresa. (Backer, 1995: 1)1.1. Justificativa
As
empresas
podem
relacionar-secom
a sociedadeassumindo
diferentes posturas.Algumas
adotam
uma
atitude predatória, exploradora,em
relaçãoao
bem
comum,
por exemplo, prejudicando pessoas, poluindo omeio am-
biente etc., enquanto outras
assumem
uma
posição de neutralidade, consi-derando
que
lhes basta recolher seus impostos,remetendo
aogoverno
aresponsabilidade pela eliminação das mazelas sociais; a
empresa
conscien-te,
no
outro extremo, adota posição pró-ativa de querer contribuir para ca-nalizar soluções para os problemas sociais.
_
A
presente pesquisa busca analisar a gestão ambientalnão
como
ferramen-tas de comercialização de bens tangíveis e intangíveis (fins lucrativos) e
nem
confundidascom
políticas e procedimentosque
objetivem o desenvol-vimento
eo
bem-estarda
própria força de trabalho por interesse daempre-
sa,
mas
sim
como
política ambiental de sustentabilidade, considerando-seameaça
aohomem
e vice-versa,dada
a importânciada
ação decada
ho-mem
como
ser social e produtor denovas
esferas categoriaisdo
ser social.1.2
Problemática
As
preocupaçõescom
a deterioração ambiental e sua relação diretacom
o
estilo de crescimento
econômico
vêm
sendo objeto de estudo desde a déca-da
de 60.Mas
éno
inícioda década
de70 que surgem
propostascom
ela-borações mais precisas, buscando-se
um
desenvolvimentoque
atenda asnecessidades básicas materiais e sociais, ao
mesmo
tempo
em
que se pro-mova
aautonomia
das populações envolvidasno
processo.Após
o finalda década
de 80, a constataçãodo agravamento
das alteraçõesambientais globais
tem
levado,novamente,
àreflexão
sobreo
atual proces-so civilizador.
O
desenvolvimento tecnológicoassumeum
papel decisivo, tanto pela avaliaçãoda
eficácia dos processos produtivosem
relação àsconseqüências negativas ao
meio
ambiente, quanto pelo seu potencialde
transformar essa realidade
em
benefícioda prevenção
desses efeitos noci-vos, tais
como
omau
uso dos recursos naturais e a poluição.Nesse
contexto, a participação das empresas,que
até então se reduzia àquestão econômica, expande-se passando a introduzir
em
suas preocupa-ções as variáveis sociais e ambientais. Essas transformações são conse-
qüências de
uma
série de fatores quevêm
influenciando nasmudanças
de
estratégias empresariais, tais
como
a pressãoda
sociedade visando auma
melhoria
na
qualidade de vida, asnormas
ambientais cadavez
mais rígidasno combate
à poluição e a mais recente pressãodo
mercado
competitivo,~
procurando nivelar os custos de produçao. Q
Essas pressões
eram
sentidas apenas nasempresas
dos países desenvolvi-maiores exigências das
normas
ambientais.Porém,
a partirda década de
90, essas exigências
vêm
atingindo asempresas
dos paísesem
desenvolvi-mento,
pressionadas principalmente pelomercado
internacional,que
vem
promovendo
embargos
de produtos e processosque
poluem
omeio
ambi-ente. Esses embargos, visando a nivelar os custos de produção, mais baixos
nos países
onde
a proteção ambientalnão
é considerada pelas empresas,atingem
maior
expressãocom
achegada
dasnovas normas
de QualidadeAmbiental
ISO
14000, previstas para julho de 1996.O
Brasil, tendo adotado,no
inícioda década
de 70, a políticado
cresci-mento
a qualquer preço,ganhou
projeção internacional negativa,em
con-seqüência
da
posição oficialdo
governo,na
Conferência deEstocolmo
em
1972, reagindo contra as questões ecológicas.
A
ausência deuma
políticaambiental e a abundância dos recursos naturais contribuíram para atrair
para
o
país setoresque
já sofriam restrições deexpansão
nos países desen-volvidos devido ao seu alto grau de poluição.
No
cenário exposto anteriormente, observa-se quepoderão
ser várias asrazões
que
conduzirão asempresas
a investiremem
proteção ambiental,ou
em
um
estágiomais
avançado,no
gerenciamento ambiental de suas ativi-dades. Pode-se
com
isso sintetizar a problemática inicialna
seguinte ques-tao:
Quais
os fatoresque
conduzem
asempresas
a investiremno
gerenciamentoambiental de suas atividades, e
como
ocorre a conscientização nesse senti-do?
Como
complemento
a essa interrogação, tentar-se-á demonstrarque
é osomatório de vários fatores, ocorridos principalmente ao longo das últimas
duas décadas, que
vem
sensibilizando omundo
empresarialem
relação àEste estudo limitar-se-á às relações das atividades industriais e o
meio am-
biente, sendo este, abordadoem
suas várias dimensões,pensado enquanto
fornecedor de recursos naturais, receptor de dejetos oriundos das atividades
de
produção
econsumo
e espaçoonde
sedão
as interações entre processosnaturais e sócio-culturais.
Soma-se
a essadimensão o
meio, visto enquantohabitat
formando
a infra-estrutura física e sócio-institucionalcom
influên-cia direta
na
qualidade de vida dascomunidades
(Vieira, 1994).O
Capítulo I apresentaalgumas
considerações sobre as discussões acercada
problemática ambiental, surgidasno
inícioda década
de 70, e a influên-cia
da
opinião pública nas decisões e estratégias empresariais voltadas paraa proteção ambiental.
O
Capítulo II apresenta o surgimento dosmercados
verdes, quevêm
ofere-cendo novas
oportunidades de ganhos, e a reação das empresas a essasoportunidades,
bem
como
os custos e benefícios dos investimentosem
proteção ambiental.
No
Capítulo III serão abordadasalgumas
considerações sobre asnovas
normas
internacionais de Qualidade Ambiental,ISO
14000, ecomo
está sedando
a participaçãodo
Brasil nesse processo.Da
mesma
forma
serãoapresentadas
algumas
etapasda implementação
deum
Sistemas deGestão
Ambiental (SGA).
Em
função disto, o Capítulo IV, apresenta o Zeri, aorigem
e o contextoem
que
foi formulado, os antecedentes conceituais,bem
como
as estratégiasgerenciais propostas e sua aplicabilidade.
E, finalmente, o Capítulo
V
apresenta as conclusõesdo
estudo sobre a ges-tão
da
qualidade ambientalem
harmonia
como
o desenvolvimento econô-aca-dêmico
e voltadas para a formulação de políticas de governosou
para revi-são de estratégias empresariais.
As
informações obtidasno
estudo dos primeiros capítulos seguiramuma
pesquisa bibliográfica mais ampla,
como
objetivo de daruma
sustentaçãoteórica para os dois últimos capítulos
que
sevoltam
paraum
universomais
específico.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo geral
Analisar os vários fatores que
vêm
conduzindo
as empresas a investiremem
proteção ambiental de suas atividades industriais, ao longo das últimasduas décadas.
Da
mesma
forma
irá investigarcomo
vem
ocorrendo esseprocesso de sensibilização nas empresas,
em
relação à problemáticaambi-
ental e
como
asmesmas
vêm
respondendo
a essas novas exigências.1.3.2-Objetivos específicos
Esta pesquisa
tem
os objetivos específicos de:a) observar as transformações ocorridas
na
sociedadeem
relação às ex-pectativas de
um
desenvolvimentoeconômico
sustentável ecomo
asmesmas
vem
interferindo nas atividades industriais;b) apresentar o
novo
e crescentemercado
verde, sua contribuição para aproteção ambiental, ao
mesmo
tempo
em
que
poderá representaruma
nova
fonte de desenvolvimento eganho econômico;
c) estudar a importância
da
nova
Norma
Internacionalda
Qualidade Ain-biental
- ISO
14000,com
implantação prevista para o ano de 1996,apresentando seu atual desenvolvimento,
bem como
suas conseqüênciasrepre-sentar
uma
barreira para asempresas
queexportam ou pretendam
ex-portar seus produtos;
d) apresentar os elementos constituintes
da
iniciativaZero
EmissionsRe-
search Initiative
-
Zeri,mostrando
como
ela induz à gestãoda
qualidadeambiental
na
perspectivado
desenvolvimento sustentável.1.4
Marco
teóricoAo
se tentar explicarcomo
surgiram as preocupações ambientais,certa-~
mente
nao
encontraremos respostaem
um
único fator.As
catástrofesambi-
entais provocadas pelohomem,
o crescimentodemográfico
e os grandesdesequilíbrios sociais, o alerta de cientistas e ambientalistas que, antecipa-
damente, detectaram a estreita relação entre crescimento
econômico
emeio
ambiente,
bem
como
as crisesdo
petróleo de 1973 e 1979, forçando a eco-nomia
de energia e deconsumo
de matéria-prima, certamentecompõem
um
conjunto de fatores
que
vêm
alertando cada vezmais
a sociedadeem
rela-ção à problemática ambiental.
Nos
anos 60, os problemas ambientaiscomeçam
a ser descobertos,porém
éno
final dessa década,que
se iniciam os debates sobre omeio
ambiente eo
crescimento econômico, surgindo, nesse
momento,
duas correntes opostas:de
um
lado, osque
apontavam
para a necessidade de parar imediatamente ocrescimento
-
crescimento zero, influenciados pela problemática clássicaMalthusiana; de outro, os
que desejavam
crescimentoacima
de tudo,sem
preocupações ambientais.
Entre esses dois extremos antagônicos, já
em
1972, durante a Conferênciade Estocolmo,
surgem
cientistas e ambientalistas (Teoria Ecodesenvolvi-ambientais, para se atingir
um
desenvolvimentoeconômico
e assegurar aprioridade de vida
do
própriohomem.
É
nessa ocasiãoque
o Brasil, representando os paísesem
desenvolvimento,manifesta-se
com
resistências à problemática ambiental, pois sua políticainterna era voltada para atrair indústrias estrangeiras, principalmente as
que
já sofriam,
em
seus países de origem, restrições e barreiras devido a suasatividades poluidoras.
Essa
atitude brasileira teveuma
forte repercussão,quando,
em
1973, o jornal francêsLe
Monde
publica anúncios incentivan-do
o investimento estrangeirono
Brasil,com
apropaganda
deque
aqui seaceitava a poluição para crescer (Expressão, 1993a).
A
partir dos anos 80, omovimento
ambientalistamundial
estruturou-se euniversalizou-se, surgindo as organizações ambientais
que
atuam
tantoem
países desenvolvidos
como
nosem
desenvolvimento.Atualmente
congre-gam
mais
de 15 mil organizações, contandocom
50 milhões de associados,onde
sedestacam
oFundo
Mundial
para a Natureza(WWF),
oGreenpeace
e
o
Friends of the Earth, possuindo escritóriosem
mais
de 50 países, 11milhões de
membros
e receita anual de400
milhões de dólares(Bueno
eRicha, 1995). Essas instituições, altamente organizadas e
com
um
elevadoprestígio junto à sociedade,
têm
influenciadona
opinião pública, desper-tando
uma
maior
consciênciaem
relação à problemática ambiental.No
finalda década
de 80, o debate focaliza a transição para o desenvolvi-mento
sustentável, tendocomo
eixo principal asmudanças
climáticas glo-bais,
bem como
o alarme dos neo-malthusianos sobre a capacidadeda
terrade absorver
uma
explosão demográfica.Em
1987,com
a publicaçãodo
relatórioencomendado
pelaAssembléia
dasNações
Unidas
àComissão Mundial
sobre oMeio
Arnbiente e Desenvol-Desen-volvimento Sustentável que,
como
o próprionome
sugere,vem
propormo-
dificações
no
conceito de "progresso" até então apresentado.Apoiando-se
em
três bases fundamentais, o crescimentoeconômico,
a eqüidade social eo equilíbrio ecológico,
embora acompanhado
de controvérsias, trouxe no-vamente
ao debate e ao questionamento o tipo de "desenvolvimento" atéentão considerado (Figura 1).
FIGURA
01visão
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Dfiszënivøwitmfinêrn »mares ou
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f s¡-No
Brasil, o primeiro passoem
direção àpreocupação
ambiental aconteceuem
1973com
a criaçãoda
Secretaria Especialdo
Meio
Ambiente
(SEMA),
vinculada ao Ministério
do
Interior,numa
tentativa de melhorar aimagem
Lcriada
na
Conferência de Estocolmo. Surge nessemomento
um
ambienta-do
meio
ambiente,ambos
reduzindo a problemática ambientalno
controleda
poluição urbano-industrial e agrária ena
preservação dealgumas amos-
tras dos ecossistemas naturais (Viola e Leis, 1995).
A
partirda segunda
metade da década
de 80, a situaçãoeconômica
recessi-va
se agrava.A
inflação de quatro dígitos e o declíniodo poder
aquisitivodos trabalhadores,
somando-se
aos diversos incidentes ambientais,chamam
a atenção
do
movimento
ecológico internacional. Entre as controvérsiasambientais, destacam-se os desastres relacionados
com
a expansãoda
gera-ção de energia hidrelétrica
na Amazônia, onde imensos
reservatórios inun-daram
aldeias indígenas ebiomas
de alta diversidade biológica. Estradasconstruídas
em
Rondônia
ena
fronteirado
Mato
Grosso,que
davam
acessoàs áreas de colonização agrícola,
estimulavam
odesmatamento
e a degra-dação do
solo, surgindominas
e madeireirasem
reservas indígenas e bioló-gicas. Extensas barragens, perigos químicos e nucleares
acontecem
em
ou-tras partes
do
país(May,
1994).À
medida
em
que
aumenta
apreocupação
ambiental cresce a influênciada
opinião pública interna e externa. Surge, então,
um
movimento
maismul-
tissetorial, mais
completo
em
que,além
dos dois setores já citados,ou
seja,associações e grupos comunitários ambientais e as agências estatais'
de
meio
ambiente,aparecem mais
três setores de grande importância: as Or-ganizações
Não
Governamentais
(ONGs)
e osmovimentos
sociais; os gru-pos
e instituições científicas,que pesquisam
a problemática ambiental, eum
reduzido setor de empresáriosque
já utilizam a sustentabilidade ambi-ental
em
seus critérios de decisão. Essasnovas
formas de ambientalismono
Brasil sãomarcadas
porum
maior
profissionalismo,no
qual o objetivomaior
não
é a denúncia,mas
abusca
de alternativas viáveis de conservaçãoNos
debates sobre sustentabilidade, a distância entre os países desenvolvi-dos e os
em
desenvolvimento torna-se eixo central das preocupações.O
Secretário de
Coordenação
dos Assuntosdo
Meio
Ambiente
- Ministériodo
Meio
Ambiente
eda
Amazônia
Legal-
Haroldo Mattos
deLemos,
em
discurso proferido
em
16 de agosto de 1995, por ocasiãodo
Seminário so-bre Qualidade Ambiental,
na
Federação das Indústriasdo
Estado de SantaCatarina (FIESC), alerta que, para a governabilidade
do
mundo,
é necessá-rio diminuir a pobreza. Acrescenta
que muito
antes de se esgotarem os re-cursos naturais, ocorrerão convulsões sociais por causa
da
diferença entreos países
mais
ricos e os mais pobres, sendoque
a distância atual estána
~
razao de l9:1.
`
No
índice de desenvolvimentohumano
da
Organização dasNações
Unidas
(ONU),
o Brasil apareceuem
1990 na
50.8 posição e,em
1993, na 7 08, sen-do que
nessemesmo
ano
o paísocupava
adécima
posiçãona economia do
mundo,
apresentandouma
das maiores concentrações de renda eum
dosmaiores atrasos sociais,
onde 32
milhões de pessoassobrevivem
em
estadode pobreza absoluta
(Demo,
1993).No
contexto dessa realidade, é de ex-trema
importância considerar que:"...As discussões de
um
novo conceito de desenvolvimento traz consi-go a complexidade de esforços e transformações necessários para
atingi-lo, tornando-se extremamente importante
a
participação doEstado,
com
políticas voltadas para proteção ambiental e eqüidadesocial
-
da Comunidade através de mudanças nos hábitos de consu-mo,
e da atuação das ONG's, grupos comunitários, Universidade e instituições de pesquisa-
e, por último, a fundamental participaçãodas empresas, através de decisões que apontem para
um
gerencia-A
tentativa de reduzir o desenvolvimento aomero
crescimentoeconômico
deverá ser repensada.
O
crescimento continua integrante indispensável,mas
não
suficiente.O
maior
objetivo é a satisfação das necessidades bási-cas, a qualidade de vida, a equalização das oportunidades, os direitos
da
cidadania.
Essa
definição ré de extrema importância, pois o termo cresci-mento
econômico
vem
sendo utilizado erroneamentecomo
um
fim
a ser atingido.Na
realidade só servirácomo
meio,ou
seja, ferramenta para seatingir
o
desenvolvimento real,no
qual os objetivos anteriormente citados ~deverao ser alcançados.
O
próximo
capítulo irá abordar os diversos fatoresque
vêm
conduzindo
asempresas a investirem
em
proteção ambiental. Fatorescomo
a influênciada
opinião pública, as pressões dos órgãos ambientais, os
novos mercados
e osbeneficios
com
esses investimentosvêm
modificando
a relação entre aem-
CAPÍTULO
112.
PROTEÇÃO
AMBIENTAL
NA
EMPRESA
2.1
Meio
ambiente
e opinião públicaÉ
importante verificar atéque
ponto a opinião pública, deum
modo
geral,influenciou
ou
vem
influenciandona
tomada
de decisãoem
investimentosde proteção ambiental. Considerando-se
que
as atuais preocupaçõescom
aQualidade Total nas
empresas
visam
a atender principalmente a satisfaçãodo
cliente, certamenteem
se tratando de questões ambientaisnão
poderiaser diferente.
A
crescentecomunicação
globalizadavem
contribuindocom
oaumento do
nível de informação dos
consumidores
acerca das questões ambientais.A
opinião pública,
em
última análise a opiniãodo
consumidor, está cadavez
mais
exercendo influência sobre o mercado, justificando pesquisasque
identifiquem
os níveis depreocupação
ambientalda
população.No
finalda década
de 80, osconsumidores
verdes dos países desenvolvidossurpreenderam gerentes que
há muito
tempo
encaravam
o ambientalismocomo
uma
chateação.A
repercussãona
imprensa, dequeimadas
em
flo-
restasúmidas
edo
desaparecimentoda
camada
de ozônio contribuírampara alertar a opinião pública.
Da
mesma
forma, oaumento
dos acidentesindustriais dos quais, até 1986,
no
mtmdo
inteiro,foram
registrados 2500,mais da metade
(1419) ocorridos entre os anos de 1981 e1986
(Maimon,
1992).
O
quadro 1 apresentadados
sobre os ativistas econsumidores
ver-des nos
EUA,
Austrália, Grã-Bretanha eAlemanha
Ocidental, entre os anosQUADRO
11 -ATIVISTAS
E
CONSUMIDORES VERDES
ATIVISTAS
VERDES(%)
CONSUMIDORES
VERDES(%)
1988 1990 1988 1990 [EUA 33 - 45 - Austrália 14 33 E 27 64 Grã-Bretanha 14 25 19 50 Alemanha Ocidental 13 - 52 - Fonte: Caimcross, 1992
No
quadro acima, os ativistas verdes são considerados aqueles que assumi-ram
cincoou mais
atividades verdes,chegando
até a fazer doações às enti-dades ambientalistas; e os consumidores verdes são aqueles que preferiram
um
produto a outro por razões ambientais. Observa-seum
maior
cresci-mento
do
consumidor
verdeno
ano de 1990,em
relação a 1988. Esse cres-cimento gerou
um
forte entusiasmo nas empresas, principalmentenos
adeptos
do
livre mercado, os quaisconsideravam que
osconsumidores
ver-des
poderiam
por si só influenciar nos investimentos ambientais;porém
osacontecimentos
não
seguiramo
rumo
esperado.Segundo
Cairncross(1992):
...a onda de consumismo verde atingiu o ponto mais alto da maré
em
meados de 1990 e começou a refluir. Por mais importante que tenha
sido, não será a principal força motriz do esverdeamento dos negóci-
os nos anos 90. Existem pressões mais permanentes. Será
uma
decep-ção para aqueles que acreditavam que o movimento verde prescindi-
ría de
uma
forte intervenção governamental...Apesar da
necessária participaçãodo consumidor
verde, seráuma
ilusãopode-se observar
que
houve
um
maior
crescimento dosconsumidores
ver-des
do que
dos ativistas verdes;porém,
como
é própriodo consumo, há
uma
maior
vulnerabilidade nos consumidores,o que não
ocorre nos ativis-tas, que
possuem
uma
maior
consciência ambiental.Percebe-se que,
mesmo com
a inconstância dos consumidores, a opiniãopública de
um
modo
geral exerce pressão sobre osque
participammais
di-retamente
do
crescimentoeconômico, ou
seja, aempresa
e o governo.Essa
pressão se efetua de várias formas, seja através de exigências
como
legisla-ção de proteção ambiental,
ou na
escolhado
produto a ser adquirido (Figu-ra 2).
MEEÚ
À
3'-\Í!ñB›IENTE E 'OPINÍÃGPÚBLICA
~
~ ârxmf.-;1\:"r'r;=..¬:'-.'¬› ,r' "
“
e_EsGomà«ré;r~r':'or3‹o's na
Amo
msmo
` comumnnàçäe , _RECURS$ ,r ' ” _ z " G1_üBAlJlif1ÀÊ3 ` l 7 ,l ‹ 1 i o@aN¡.íio i›úeLrc›× :ums corúscarêurê .- : ( 1 Lens ànfaâàmêrââs s mais Rifâinàs V l i . \ . l rsxxfâéwexâs na Paorëeãc AMBIENTAL wa
Êwnesâ
_ ANesses
paises, a idéiado
produto verde está cada vez mais assimilada peloconsumidor, pois o
mesmo
possui, teoricamente, a garantia de que foi pro-duzido dentro dos melhores padrões ambientais possíveis.
Em
1978, aAlemanha
tornou-se a pioneirana
rotulagem ambiental criando o seloAnjo
Azul.
Os
selos verdestomam-se
um
poderoso
mecanismo
de informação aoconsumidor, incentivando a oferta de produtos ambientalmente superiores.
No
Brasil, apesar dospoucos conhecimentos mais
profundos da situaçãodos diversos indicadores ambientais, as pesquisas revelam
uma
certa cons-ciência
do
grau de risco, sentido através das diversas formas de degradaçãoambiental.
Mesmo
com
um
certo grau de consciência, essasmesmas
pes-quisas
revelam que
osproblemas econômicos
e sociais relacionadoscom
asubsistência
tendem
a excluir as questões ecológicas das principais preocu-pações
da
maioria dos brasileiros.A
exclusão das questões ambientais éreflexo da
dificuldade de se elaborar políticas ambientaiscombinadas
àspolíticas de desenvolvimento e de
expansão
deemprego
(Olsen, 1992).Merecem
destaque pesquisas nacionais realizadas entremarço
de1989
efevereiro de 1991, através das quais pôde-se ter
uma
percepção, por parteda
população, ein relação às questões ambientais.Numa
dessas pesquisas realizadas peloIBOPE,
no
período anteriormentecitado, a preocupação ambiental é colocada
numa
visão de futuro ideal,onde
se procurou identificar as principais característicasque
a populaçãogostaria
que
o Brasil possuísse dentro de 10ou 20
anos. Entre asopções
fomecidas, o acesso de toda a população aos bens, serviços de saúde, edu-
cação e
demais
necessidades básicas, obtiveram42%
da
preferênciado
to-tal
da
população entrevistada,ficando
em
primeiro lugar.Nessa
mesma
pesquisa,
18%
do
total dos entrevistadosderam
prioridade à proteçãoam-
Em
uma
pesquisa realizadano
mesmo
período pelaVox
Populi -Mercado
e Opinião Ltda., outra importante questão foi colocada, a
que
relacionavadesenvolvimento e criação de
emprego
deum
lado e proteção ambientalde
outro.
Cerca
de54%
do
total dos entrevistadosderam
preferência àopção
que
apontaque
a relação desenvolvimento/emprego
é tão importantequanto a preservação,
14%
responderam que
a relação ecologia/meioambi-
ente é mais importante que
emprego
e desenvolvimento e13%
deram
prio-ridade à relação
desenvolvimento/emprego
(Olsén, op. cit.). Esse éum
re-sultado
muito
significativo, pois apesarda preocupação
ambientalnão
serprioridade para o brasileiro, a maioria
da
população deseja simultanea-mente
desenvolvimentoeconômico
e preservação ambiental. .Da
mesma
forma, ao se perguntar sobre a disposição demudanças
de há-bitos
(IBOPE,
1992), questõescomo
separar o lixo tiveram a preferênciados entrevistados e,
em
segundo
lugar, ficou aopção
por produtosnão
prejudiciais ao
meio
ambiente,ficando
a reduçãodo
consumo
de energiaem
terceiro lugar.Aqui
se percebe que o brasileirotambém
já opta por pro-dutos que
não agridam
a natureza, e que, consequentemente, poderão exer-cer influência
no
mercado
de produtos verdes. _Pode-se perceber
que
a opinião pública éum
importante agenteno
processode
tomada
de decisão por parte dos empresários,na
introdução da variávelambiental
em
suas atividades;porém,
é necessárioque
osconsumidores
estejam
bem
informados sobre as causas e efeitos ambientais de cada pro-duto, para
que
hajauma
real conscientização dosmesmos.
Acima
de tudo,deverão ser repensados os hábitos de
consumo
que
até entãovêm
sendo
praticados,
que normalmente tendem
a substituir os produtos reutilizáveis2.2
Meio
ambiente
emercado
As
crescentes transfonnaçõesna economia mundial
vem
impondo,
com
omesmo
ritmo,novas
variáveis nos processos produtivos.O
inícioda década
de
90
foimarcado
pela introduçãodo
Programa
Brasileiro de Qualidade eProdutividade, atendendo à necessidade de
uma
maior
exposição de pro-dutos brasileiros à concorrência mundial.
Nesse
contexto, novas variáveiscomo
qualidade, produtividade e satisfação das necessidadesdo
clientepassam
a integrar as estratégias empresariais das indústriasque
se preten-dem
competitivas.' i
O
avanço
das comunicações, cadavez mais
globalizadas,vem
contribuirpara
uma
maior
informação, elevando os níveis de exigência dosconsumi-
dores, fazendo
com
que,além
das consideraçõeseconômicas
produtivas,surja a necessidade de incluir as preocupações ambientais nas atividades
industriais.
Segundo Donaire
(1995): _"... muitas das decisões internas da organização hoje requerem consi-
derações explícitas das influências provindas do ambiente externo, e
seu contexto inclui considerações de caráter social e político que se
somam
às tradicionais considerações econômicas. Hoje, a sociedadetem preocupações ecológicas, de segurança, de proteção e defesa do
consumidor, de defesa dos grupos majoritários, de qualidade dos produtos etc., que não existiam deforma tão profunda nas últimas dé-
cadas".
As
pressões dasnonnas
ambientais, internacionais e nacionais,bem como
atendência de privatização dos serviços coletivos (água, esgoto e lixo), leva-
ram
as indústrias dos países desenvolvidos a investiremem
tecnologias deproteção ambiental incorporando
equipamentos
anti-poluentes.Os
hábitos deconsumo
exagerado, quelevam
as pessoas acomprarem
outilização irracional dos recursos naturais, condicionados
unicamente
a for-necedores de matéria-prima e receptores de dejetos. Cresce a cada dia a ne-
cessidade de reduzir os desperdícios
do
primeiromundo,
bem
como
ade
incrementar a produtividade dos países pobres. -
Nos
países desenvolvidos, as relaçõesda
indústriacom
omeio
ambiente semodificaram.
O
que anteriormente era consideradoum
incômodo
ao cres-cimento industrial, passou a ser
uma
possível fonte de desenvolvimento enovos
negócios. Surgeuma
variedade de produtos e serviços,com
a difu-são
da
consciência ecológica.Destacam-se
as indústrias deequipamentos
de depuração, serviços de despoluição
do
ar eda
água, reciclagem de lixo,controle
do
ruído e os produtos verdes considerados a partir de suaimagem
ecológica.
Nesse
contexto criam-senovas
tecnologias-
TecnologiasLim-
pas
-
que
utilizammenos
água
emenos
energia visando aum
reaproveita-mento
das substâncias utilizadasno
processo.Segundo
o relatórioda
Organização para aCooperação
eDesenvolvimento
Econômico (OCDE),
o setor de despoluição,que
inclui, por exemplo,com-
bustíveis limpos, tais
como
energia solar edemais
tecnologias limpas, foiavaliado
em
200
bilhões de dólaresem
1990, acreditando-seque
até o finalda década
se expandirá para300
bilhões de dólares.Em
lugarescomo
Washington
e Bruxelas, esse setortem
exercido forte pressão, utilizando-sede
um
número
crescente de lobistasque
trabalham por leis ambientaismais
duras (Gazeta Mercantil, 1995).
A
grandemeta
de integrar a defesado
meio
ambiente a todas as fasesdo
ciclo de vidado
produtotem
levado ci-entistas e engenheiros dos países desenvolvidos,
que atuam no
setorde
pesquisa das empresas e instituições estatais, a
desenvolverem novas
tec-nologias,
onde
a criatividade e a imaginaçãoabrem
novas
perspectivasmer-cados mais significativos, destacando-se
como
maior
exportador dessa tec- nologia, pois21%
de todas as patentes ecológicas registradas internacio-nalmente
provêm
desse país,ficando
à frente dosEUA
com
13%
edo
Ja-pão
com
9%
(Paturi, 1995).Esse resultado deve-se ao fato de que
na
Alemanha
o estado incorpora for-temente a proteção ambiental, obrigando as
empresas
aassumirem
maioresresponsabilidades. Esse é
um
fator de extrema importância, poisdemonstra
a necessidade
da
atuaçãodo
estadoem
relação às questões ambientais,sem
a qual os verdadeiros objetivos
não
seriam alcançados.Embora
no
mundo
empresarial o enfoque
mais
forte seja o de mercado, asdemandas
por pro-teção ambiental serão atendidas
desdeque
solicitadas pelosconsumidores
esimultaneamente incorporadas pelo estado (Figura 3).
I\llFE`iG AMBIENTE E MERCADO*
` PREESÊÚIQQ ' NÚRMÊS ÀMB1ENT.Ú\,l içnmsuqwzfligfm g 1\‹ml:§ RiG1DA'S ,. ` moxmçtëês - Tënuuuãfsirzas , * lh?FJ¡2GADC)5 V-¬l`:`RDE§ ` . “*EC`~Ú'~HU$INES"š“ . aemcâmêài A V c‹;›§~HR@LE QQ1¡v¡_t¡<jQ J i = BO RUÍl7Ê _ f ' Êicâusmâ-.‹â;=_i×m:›s ' mwuuros me oepumcâø, ' A ç *JEFIUES _V E - sfiiwicos os 1 nâspotuaenfi ç
Nesse
sentido, Porter eLinde
(1995)destacam
a importância dasnormas
ambientais
como
estimuladoras de inovações, sendoque
tais inovações po-derão ser voltadas para
novas
tecnologiasque
utilizem os resíduos embuti-dos
na
poluição e converta-osem
algoque
agregue valor.Da
mesma
for-ma,
tais inovaçõespoderão
ir direto à raizda
poluição,aumentando
a pro-dutividade dos recursos
em
primeiro lugar. .Na
maioria dos países desenvolvidos, a revolução verde é sustentada pelaatuação governamental,
onde
a parceria indústria egoverno
tem
levado auma
melhoriana
qualidade ambiental.Na
Alemanha,
Japão, Suécia, etc.,onde
as restrições ambientais são mais severas, aomesmo
tempo
em
que
proporcionam ganhos
ambientais, suas organizaçõesalcançam
excelentesoportunidades de
novos
negócios, inclusive exportandoKnow-how
paraoutros países.
Segundo Caimcross
(op. cit.):,
_
E
claroque
existem perigos de seconfiar
numa
confluência
de interesse entre governo e indústriano
sentido de elevarem os padrões ambientais.As
companhias sempre
estarão tentadas a pressionaro governo
paraque
esta-beleça padrões de
uma
tecnologiaque
elasconceberam
enão
em
termosdo
seu impacto causado; e para o
governo
muitas vezes serámais
fácil fazer ascoisas desse jeito.
Certamente se esse padrão estabelecido for
em
termos de determinadas tec-nologias, isso irá impedir e bloquear a criatividade e a inovação.
Porém,
observa-se que as
firmas
dos países desenvolvidosque
produzem
tecnolo-giaslimpas são
em
sua maioria depequeno
emédio
porte.O
mesmo
acon-tece
com
as principaisempresas
queatuam no
mercado
verde,ou
os cha-mados
'Êc0-Business",que
são liderados pelas 'firmas prestadoras de servi-ço coletivo de depuração
da água
e reciclagemdo
lixo.opor-tunidade, ao
mesmo
tempo
que oferecem
uma
nova
perspectivamundial
para melhorar o padrão de vida
sem
acrescentar maiores danos aomeio
ambiente.
Isso
pode
sermuito
significativo paraum
paíscomo
o Brasil,onde
amaio-
ria das
empresas
são depequeno
emédio
porte.Porém
recai-se sobre a jáconstatada necessidade de investimentos
em
pesquisa e desenvolvimento(P&D)
voltadas para as reais necessidades,onde
deverão ser consideradasas' diversas características ambientais e culturais brasileiras.
São
para aspequenas
emédias
empresas paraquem
a proteção ambiental representauma
maior
oportunidade, desde que asmesmas
utilizem asnormas ambi-
entaisem
seubeneficio
próprio.Novos
produtos enovas
tecnologiaspoderão
ser úteis aomeio
ambiente,substituindo recursos naturais escassos
ou aumentando
o seu rendimento.Mas
essa questãonão
é tão simples assim.Muitas
vezes, substituirum
composto
nocivo poderá ter outras desvantagens, e detenninadas tecnologi-as aparentemente benéficas poderão trazer conseqüências nocivas.
Dessa
forma, apesar
da
constataçãoda
necessidade serum
consenso, produtoscom
embalagens
recicláveis denada
servirão senão houver
quem
as reci-cle.
Muitas
vezes, as distâncias até os pontos de reciclagemimplicam mais
custos adicionais. Portanto:
'Ã/I melhor maneira de tentar garantir que a indústria aplique a tec-
nologia para resolver problemas ambientais, e não para criar outros,
e' indicar corretamente os
preços. Somente se os preços forem fixados
para refletir o custo real de utilização dos recursos ambientais é que
as companhias começarão a valoriza-los
como
valorizam o trabalho eo capital, e a visar ao aumento de produtividade no uso do meio am-
biente
como
seempenham
na maior produtividade do trabalho e doA
necessidadeda
determinação correta dos custos de utilização dos recur-sos naturais
vem
solicitandouma
nova fonna
de avaliaçãoeconômica do
processo produtivo.
Nesse
contexto surge a necessidade deum
enfoque
econômico
das questões ambientaisque
jávem
sendo desenvolvidos poralgumas
correntes econômicas. Essenovo
campo
de investigação,que
atu-almente ainda está delimitando a sua esfera de atuação,
vem
fazendo cone-xões entre o
econômico
e o ecológico.Em
contrapartida, a esse respeitoLutzenberger acrescenta que:
"É claro que seria possível conciliar interesses econômicos
com
am-bientais, desde que a definição de interesses econômicos fosse outra.
O
pensamento económico predominante, este que norteia todos os go-vernos, quase sem exceção, acha que tudo deve se submeter a ele, que ecologia é externalidade da economia. Mas, os negócios humanos são _
apenas
uma
parte dos negócios da natureza, portanto, a economia de-veria ser vista
como
parte da ecologia. Enquanto isso não acontecer,não há condições de conciliação ". (Expressão, 1995a)
A
questãoda
valoração dos recursos naturaisvem
sendo objeto de contro-vérsias entre economistas e ambientalistas, existindo correntes
que
seopõem
à idéia deque
se possa atribuirum
valor a esses recursos.2.3
Proteção
ambiental
na
empresa:
custos e benefíciosSempre
que
se falaem
proteção ambiental voltada para as atividadesem-
presariais,
predomina
o preconceito de despesas,ou
seja, investimentossem
retorno.As
experiênciastem
demonstrado que
mesmo
para asempre-
sas quenão
atuam no mercado
verde, a criatividadetem
levado à oportuni-dade de lucro.
No
que
se refere aos custos empresariais de proteção ambiental, Cairncross(op. cit.) alerta
que "Sem
dúvidanenhuma,
0novo movimento
verde irá im-tam-bém
uma
extraordinária oportunidade, talveza
maior
aparecidano
mundo
empresarial,
para
empreendimento
e criatividade.Aqueles
que
reconhece-rem
como
tirar omáximo
proveito disso prosperarão.”E
continua afir-mando
que essemovimento
irá causar grande impacto sobre as empresas,transformando a
forma
de pensar a inovação, visando a produtos e proces-sos
mais
saudáveis.Da
mesma
forma que
pressionadas pelosconsumidores
verdes, irão colocar aos seus fornecedores a necessidade de repensar a ori-
gem
de sua matéria-priina e aforma
de seu manuseio; equando
encurrala-das pelas
normas
ambientais, irão prevenir cadavez mais
a emissão de re-síduos. Porter e
Linde
(op. cit.) tratam a questão dos custos ambientais econsequentemente da
produtividade, acrescentado que:“Novos padrões ambientais adequados
podem
dar inicio aum
pro-cesso de inovações que diminua o custo total de
um
produto ou au-mente o seu valor.
As
inovações permitem que as empresas usem maisprodutivamente
uma
série de insumos-
de matérias-primas à fonte deenergia
-
de forma a compensar os gastos feitos para preservar maiso meio ambiente. Assim chega-se ao
fim
deum
impasse.Em
últimainstância a maior produtividade dos recursos torna as empresas mais
competitivas, não menos ”.
E
continuam
acrescentandoque
a poluição quasesempre
éuma
forma de
desperdício econômico,
ou
seja, as substâncias residuais despejadasno
meio
ambiente éum
sinaldo
uso ineficiente dos recursos duranteo
proces-so produtivo.
Sendo
assim, a prevençãoda
poluição através de tecnologiaslimpas,
além
de representarum
beneficio
aomeio
ambiente e a redução dosgastos
com
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