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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Faria

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2013

Vanessa Andrade Guimarães

RELÁTORIO DE ESTÁGIO

Farmácia Comunitária

Farmácia

Faria

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Vanessa Guimarães | 2013 Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas 2012 - 2013

Vanessa Andrade Guimarães

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Vanessa Guimarães | 2013

Declaração de Integridade

Eu, Vanessa Andrade Guimarães, abaixo assinado, nº 080101181, estudante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste relatório de estágio.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ___________ de ______

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Vanessa Guimarães | 2013

Agradecimentos

Em primeiro lugar gostaria de agradecer ao Dr. Francisco Faria pela oportunidade de fazer estes 6 meses na Farmácia Faria. Um obrigado também por me ter orientado e pela sua disponibilidade, confiança e simpatia ao longo destes meses.

Ao Dr. António Cruz pela sua transmissão de conhecimentos, pela paciência e pela ajuda incansável aquando as minhas dúvidas.

À Dra. Bernadete Moura por me deixar participar na preparação da medicação, pela ajuda, pelo apoio, conversas e sobretudo pela amizade.

Ao Dr. David por me confiar laboratório e me deixar fazer manipulados, pela transmissão de conhecimentos, simpatia e constante boa disposição.

À Dra. Carla Faria e Dra. Iolanda Antunes pela simpatia, ajuda, companheirismo e pela sua prontidão.

Ao Tiago por me ter aturado estes dias todos, pela sua ajuda indispensável na parte das encomendas, pela sua simpatia e boa disposição.

À minha família por me darem a oportunidade de ser Farmacêutica e pela sua paciência para comigo estes anos todos.

Ao Nuno pela confiança depositada em mim, pelo apoio, amor e carinho demostrados ao longo destes anos.

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Vanessa Guimarães | 2013

Índice

Lista de abreviaturas ... vi

A. Introdução ... 1

B. Caracterização e organização do espaço físico e funcional ... 1

1. Localização e horário ... 1

2. Espaço físico ... 2

2.1 Espaço exterior ... 2

2.2 Espaço físico exterior ... 2

2.2.1. Área de atendimento ao público ... 3

2.2.2. Áreas de armazenamento ... 3

2.2.3. Local de atendimento personalizado ... 5

2.2.4. Laboratório ... 5

2.2.5. Escritório ... 6

2.2.6. Instalações sanitárias ... 6

3. Recursos Humanos ... 6

C. Gestão e Administração da Farmácia ... 7

1. Sistema informático ... 7

2. Gestão de stock ... 8

3. Encomendas e aprovisionamento ... 8

3.1. Realização, receção e verificação de encomendas ... 9

4. Armazenamento ... 10

5. Controlo dos prazos de validade... 10

6. Devoluções ... 11

D. Classificação dos produtos existentes na Farmácia ... 12

1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 12

2. Medicamentos não sujeitos a receita médica... 13

3. Produtos e medicamentos de uso veterinário ... 13

4. Produtos cosméticos e produtos de higiene ... 14

5. Medicamentos homeopáticos ... 14

6. Produtos para alimentação especial e produtos dietéticos... 15

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8. Dispositivos médicos ... 16

E. Dispensa de medicamentos ... 16

1. Prescrição médica e a sua validação ... 17

2. Transmissão da informação ao utente ... 19

3. Processamento eletrónico da receita médica e finalização da dispensa ... 20

4. Regimes de comparticipação de medicamentos ... 21

5. Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência ... 21

F. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes... 22

1. Aquisição ... 23

2. Dispensa ... 23

3. Controlo ... 23

G. Medicamentos manipulados ... 24

H. Automedicação e indicação farmacêutica... 25

I. Conferência do receituário e faturação ... 26

1. Organização do receituário ... 26

2. Devoluções de receitas ... 27

J. Outros serviços farmacêuticos prestados na Farmácia ... 27

1. Medicação da pressão arterial ... 28

2. Determinação da glicémia ... 29

3. Determinação do colesterol total e triglicerídeos ... 29

K. Protocolos e programas de educação na saúde ... 30

1. Valormed ... 30

2. Farmacovigilância ... 30

3. Cuidados farmacêuticos em lares de repouso em Santo Tirso ... 31

4. Rastreios ... 31

L. Conclusão ... 32

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Lista de abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado ANF – Associação Nacional de Farmácias ARS –Administração Regional de Saúde, I.P. BPF – Boas Práticas de Farmácia

CCF – Centro de Conferência de Faturas CNP – Código Nacional do Produto

CNPEM – Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos CT – Colesterol Total

DCI – Denominação Comum Internacional DT – Diretor-Técnico

FC – Farmácia Comunitária FEFO First expired, first out FIFO – First in, first out

GH – Grupo Homogéneo HTA – Hipertensão Arterial IMC – Índice de Massa Corporal

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P. IVA – Imposto de Valor Acrescentado

MedM – Medicamentos Manipulados MG – Medicamento Genérico

MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica OTC – Over The Counter

PA – Pressão Arterial

PCHC – Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal PV – Prazo de Validade

PVP – Preço de Venda ao Público

RAM – Reação Adversa aos Medicamentos SA – Substância Ativa

SNF – Sistema Nacional de Farmacovigilância SNS – Serviço Nacional de Saúde

SPR – Sistema de Preços de Referência TG – Triglicerídeos

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A. Introdução

Nos dias hoje, a Farmácia Comunitária (FC) não se resume só ao local de venda de medicamentos. É um local de excelência no que respeita a cuidados de saúde, centrando, cada vez mais, a sua atividade na saúde e bem-estar dos utentes. Por esta razão, e atendendo ao contexto económico atual do país, a FC tem-se mostrado um excelente elemento no sistema de saúde dado o seu fácil e gratuito acesso.

O farmacêutico é o único profissional capaz de executar todas as competências associadas ao medicamento, exercendo também, uma função multidisciplinar. É o farmacêutico quem tem o último contato com os utentes medicados pelo que o ato farmacêutico é de extrema responsabilidade e importância na promoção da saúde pública.

O presente relatório retrata os 6 meses de estágio curricular realizado por mim na Farmácia Faria, como parte integrante do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. Este estágio foi imprescindível para o culminar de todas as competências adquiridas durante estes 5 anos e para ter um contato real com o mundo dos medicamentos e os utentes.

Desta maneira, este relatório pretende descrever toda a minha experiência, competências adquiridas e a dinâmica da farmácia.

B. Caracterização e organização do espaço físico e funcional

1. Localização e horário

A Farmácia Faria situa-se na Praça Conde São Bento mesmo no centro da cidade de Santo Tirso. Apesar de ser a farmácia mais antiga da cidade, sendo mesmo centenária, a Farmácia Faria preza por um atendimento de excelência proporcionando à população do concelho tudo que necessitam. Apesar de se localizar em pleno centro urbano, a maioria dos utentes habituais que a frequentam são idosos. No entanto, os profissionais de saúde que nela trabalham asseguram uma relação de proximidade e de fidelidade para com todos os utentes, não só pela simpatia mas também pela qualidade dos serviços prestados.

O horário em que a Farmácia Faria está aberta ao público é:  De segunda a sexta-feira das 8h30 às 20h;

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Como se encontra numa cidade que tem cinco farmácias no centro e por se encontrar inserida num plano de atendimento de 5 em 5 dias, a Farmácia Faria fica de serviço noturno após a hora de encerramento até à hora de abertura do dia seguinte, a cada 5 dias.

1. Espaço físico

Tanto a nível do espaço físico interior como a nível do exterior, as instalações respeitam as orientações das Boas Práticas de Farmácia (BPF) regendo-se também, pelo Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto e pelo Despacho do Ministério da Saúde nº 18/90, de 27 de Dezembro [1], [2].

2.1

Espaço exterior

Conforme as BPF, “as farmácias devem ter um aspeto exterior característico e profissional, devendo ser facilmente visíveis e identificáveis”, tendo como principal objetivo “ garantir a acessibilidade à farmácia de todos os potenciais utentes, incluindo crianças, idosos e deficientes”. Exteriormente, a Farmácia Faria é de facilmente visível e identificável através de uma cruz verde iluminada e da inscrição “Farmácia Faria”. Conforme o Decreto- Lei nº 307/2007, de 31 de Agosto, o nome do Diretor Técnico (DT), o horário de funcionamento e a farmácia em serviço também se encontram visíveis no espaço exterior [1].

A fachada é constituída por duas portas e duas montras envidraçadas o que garante uma entrada e saída acessível assim como a visualização da área de atendimento ao público. As montras são uma importante fonte de comunicação para com o público pelo que são envidraçadas para fácil visualização, permitindo a divulgação de produtos ou até mesmo cartazes informativos e publicitários. A remodelação das montras é feita periodicamente, normalmente 2 vezes por mês, dependendo da época do ano.

2.2

Espaço físico interior

Existem vários setores no interior de uma FC, tendo estes setores áreas mínimas que são regulados pelo Despacho do Ministério da Saúde nº 18/90 de 27 de Dezembro, para certificar a melhor prestação de serviços aos utentes [2]. Assim sendo, a Farmácia

Faria está organizada da seguinte forma: área de atendimento ao público; zona de receção de encomendas; áreas de armazenamento; local de atendimento personalizado; laboratório; escritório; instalações sanitárias.

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2.2.1

Área de atendimento ao público

Esta zona é o local de primeiro, e na maioria das vezes o único local, contacto com os utentes. Por essa razão, é estruturada para que o utente se sinta confortável e que o ambiente seja o adequado para o ato farmacêutico. Assim, a área reservada ao atendimento ao público da Farmácia Faria constitui

um espaço agradável, amplo, bem iluminado, arejado e é constituída por dois balcões de atendimento ao público, dispostos perpendicularmente entre si. O balcão central, sendo o maior, tem dois terminais informáticos e o lateral é constituído por apenas um, isto permite a execução em simultâneo de vários atendimentos (figura 1).

Para além dos balcões de atendimento, nesta zona também se encontram expostos produtos organizados por marcas e ao uso a que se destinam. Nos expositores encontram-se produtos de cosmética, higiene corporal, odontológicos, suplementos alimentares, entre outros. Nos expositores centrais atrás dos balcões encontram-se produtos sazonais de maior procura, que vão rodando consoante a época do ano, nomeadamente Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), artigos em promoção ou produtos novos de forma a cativar o interesse dos utentes.

Nesta zona encontra-se também uma balança para uso dos utentes que permite não só medir o peso mas também a altura e o índice de massa corporal; uma área de descanso para utentes que esperam para serem atendidos ou pela medição da pressão arterial ou outro tipo de serviço farmacêutico.

2.2.2 Áreas de armazenamento

Estas áreas destinam-se ao armazenamento de todos os medicamentos que não se encontram expostos na zona de atendimento, conforme critérios específicos. Na Farmácia Faria, as áreas de armazenamento encontram-se próximas da área de receção e transmissão de encomendas. A disposição dos medicamentos é feita consoante a forma farmacêutica ou o tipo de utilização a que se destinam os medicamentos. Assim, existem duas áreas maiores de armazenamento de medicamentos, uma delas é destinada a formulações farmacêuticas sólidas (comprimidos, cápsulas, pós e granulados) e líquidas (xaropes, ampolas e soluções orais) organizadas por ordem alfabética do nome comercial, dosagem e quantidade devidamente identificadas. Estas

Figura 1 - Área de atendimento ao

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estão dispostas então num armário com gavetas deslizantes e modulares (figura 2). É de salientar que determinadas gavetas destinam-se exclusivamente ao armazenamento de medicamentos psicotrópicos; produtos protocolares e testes; preparações ginecológicas e por fim retais. A outra área de maior armazenamento destina-se unicamente aos Medicamentos Genéricos (MG) de forma sólida. Os MG estão dispostos por ordem alfabética da Denominação Comum Internacional (DCI), dosagem, quantidade e ainda, dentro de cada DCI, ordenadas pelo laboratório (Ex:. Alprazolam 0,25 mg Mylan, Alprazolam 0,5 mg Mylan, Alprazolam 1 mg Mylan, Alprazolam 0,50 mg Sandoz, Alprazolam 1 mg Sandoz, etc.).

Para além destas duas secções predominantes, existem ainda algumas prateleiras onde os produtos se distribuem também por ordem alfabética e por dosagem. São exemplos disso, os produtos farmacêuticos que se seguem, em que cada um tem um local específico de armazenamento: Soluções de uso externo; Medicamentos para inalação ou nebulizadores; Chás; Desinfetantes; Cremes, pomadas e geles; Colírios e pomadas oftálmicas; Medicamentos para uso auricular; Produtos de uso veterinário; Injetáveis e Leites.

No armazenamento encontra-se também um frigorífico onde são armazenados todos os produtos que exigem baixas temperaturas de conservação (entre 2 a 8 °C), como é o exemplo das insulinas, vacinas e alguns colírios. De salientar que o armazenamento de todos os produtos obedece ao critério “First expired, first out” (FEFO), de modo que, os produtos com menor prazo de validade sejam os primeiros a sair enquanto que para produtos que não tenham prazo de validade obedecem ao princípio “First in, first out” (FIFO), assegurando assim, a rotação de existências [3]. Os

estupefacientes e psicotrópicos localizam-se num local próprio ao qual só os profissionais de saúde da farmácia têm acesso.

A um nível um pouco superior da Farmácia Faria, existe um local onde se coloca os excedentes em prateleiras adequadas (figura 2), no entanto, também serve para colocar os produtos cujo prazo de validade já terminou e modo a serem devolvidos aos respetivos fornecedores. A temperatura, humidade e iluminação são rigorosamente controlados de maneira a que as condições de armazenamento de medicamentos imposta pela legislação sejam respeitadas.

É ainda aqui que se realiza a receção de encomendas e de todos os processos necessários para a gestão de stock, encontrando-se uma unidade principal do sistema informático que assegura o controlo de toda a rede (figura 2). A etiquetagem dos MNSRM, o controlo dos prazos de validade (PV) e eventuais devoluções são realizadas também neste local.

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2.2.3 Local de atendimento personalizado

Com base na Deliberação n.º 2473/2007, as farmácias devem dispor de um gabinete de atendimento personalizado [4]. Assim a Farmácia Faria tem uma sala

reservada a um atendimento mais especializado, privado, confiável ou que requer mais atenção. Para além de aconselhamento farmacêutico mais personalizado, também que se fazem outros atos farmacêuticos como a medição da pressão arterial (PA), dos valores do colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e teste da glicémia. Todos os valores são posteriormente registados em cartões feitos para esse efeito ou, caso o utente seja cliente habitual da farmácia e tiver seguimento local, o registo é feito no sistema informático. Este registo assegura um controlo e acompanhamento da PA dos utentes, tendo mesmo um papel essencial no controlo de problemas graves de saúde pública.

Esta sala também pode ser utilizada para administração de vacinas da gripe na época de vacinação por farmacêuticos habilitados para esse efeito.

2.2.4 Laboratório

Este local é destinado à preparação de medicamentos manipulados. Conforme a Portaria n.º 594/2004 de 2 de Junho e a Deliberação n.º 1500/2004 de 7 de Dezembro, esta zona está equipada com todo o material mínimo obrigatório, necessário à preparação deste tipo de produtos e as matérias-primas estão devidamente rotulados e organizados por ordem alfabética do nome químico [5], [6]. Nesta zona encontra-se uma

balança semi-analítica e analítica, um banho de água, uma mesa central para a

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preparação dos manipulados, um sistema de exaustão e uma banca para lavar o material com água corrente.

No laboratório também contém bibliografia necessária para a elaboração dos manipulados de que são exemplos Farmacopeia e o Formulário Galénico.

2.2.5 Escritório

Este local é destinado ao trabalho do DT que realiza todas as tarefas de administração, organização e gestão da Farmácia. No entanto, funciona ao mesmo tempo como biblioteca, uma vez que lá se encontra guardada grande parte da bibliografia constituída por várias publicações obrigatórias e de interesse para o exercício da atividade na farmácia e, ainda, documentação relacionada com a gestão administrativa.

2.2.6 Instalações sanitárias

As instalações sanitárias destinam-se ao uso do pessoal da farmácia e aos utentes que o solicitem.

2. Recursos Humanos

Os recursos humanos assentam a base do bom funcionamento de qualquer FC. É assim da maior importância que estas se encontrem dotadas de recursos humanos adequados, quer em número quer em qualidade.

A equipa técnica da Farmácia Faria é conhecida pela sua responsabilidade, profissionalismo e simpatia. Cada elemento apresenta funções e responsabilidades bem definidas e todas as tarefas são desempenhadas com competência e excelência. Deste modo, o trabalho em equipa resulta num serviço de qualidade reconhecido pelos utentes da Farmácia Faria.

A Farmácia Faria pertence ao Dr. Francisco Faria, o qual assume a direção técnica. Tal cargo submete para a responsabilidade de manter o correto e adequado funcionamento da farmácia.

Em concordância com o estipulado no Artigo 23º do Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto todas as farmácias devem obrigatoriamente dispor de, pelo menos, um diretor técnico e de outro farmacêutico [1]. Estes podem ser coadjuvados por técnicos de

farmácia ou por outro pessoal devidamente habilitado, no entanto, os farmacêuticos devem constituir, tendencialmente, a maioria dos trabalhadores da farmácia. A Farmácia Faria uma farmácia antiga, que privilegia o papel do Farmacêutico sendo constituída maioritariamente por estes profissionais de saúde:

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 Dr. António Cruz, Farmacêutico Adjunto;  Dr.ª Bernadete Moura, Farmacêutica;  Dr.ª Carla Faria, Farmacêutica;  Dr. David Costa, Farmacêutico;  Dr.ª Iolanda Antunes, Farmacêutica;  Tiago Almeida, Técnico de Farmácia.

O farmacêutico deve-se manter atualizado a nível científico, ético e legal, assumindo um nível de competência adequado à prestação de uma prática eficiente, constituindo a formação contínua uma obrigação profissional.

C. Gestão e Administração da Farmácia

Apesar das farmácias serem cruciais e exercerem um papel inigualável na promoção da saúde e do bem-estar publico, estas não deixam de ser um negócio e como tal, é necessário que os espaços tenham lucro para a sua própria subsistência. A realidade no atual, as Farmácias Portuguesas passam por um período económico muito difícil, no entanto, o ato farmacêutico não pode ser negligenciada.

1. Sistema informático

O software utilizado pela Farmácia Faria é o SIFARMA® 2000, propriedade da Glint. Este sistema consiste numa ferramenta essencial que permite auxiliar e facilitar o dia-a-dia do farmacêutico e outros profissionais de saúde acompanhando a modernização e as novas exigências das práticas comerciais e profissionais. Para além disso, permite uma articulação e suporte às várias atividades farmacêuticas executadas na farmácia que vão desde a gestão e receção de encomendas, processamento de devoluções, faturação, inventário, processamento do receituário, até à dispensa farmacêutica em si. Em relação ao utente permite um registo dos dados de identificação, subsistema de saúde a que pertence, dados relativos à dispensa de medicamentos (data e hora, designação e quantidade dispensada, preço unitário, dosagem), fazer um acompanhamento local, entre outros. Salienta-se ainda, que este software apresenta um elevado potencial, uma vez que, contém informação atualizada sobre os medicamentos sendo esta disponível em tempo útil.

Para se evitar a perda de informação, em caso de avaria informática ou acidente, a Farmácia Faria possui um sistema de cópias de segurança.

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2. Gestão de stock

O principal objetivo da gestão de stock numa farmácia é garantir o fornecimento dos produtos solicitados pelos utentes, uma vez que a dispensa de produtos relacionados com a saúde é a atividade com maior visibilidade. Ora a sua gestão envolve um conjunto de processos como seleção, aquisição, receção, armazenamento e dispensação de produtos necessários para um bom funcionamento da farmácia.

É importante que as farmácias atinjam um equilíbrio entre os produtos encomendados e dispensados evitando assim, uma rutura de stocks que poderá comprometer a resposta face às solicitações por parte dos utentes. Por outro lado, excessos de stock podem-se traduzir num aumento das necessidades do fundo de maneio, visto que constitui um ativo parado para qual a divida já foi, muitas vezes, contraída ou mesmo perdas por expiração do PV. Assim sendo, denota-se que uma boa gestão de stocks não é uma tarefa fácil constituindo mesmo um desafio para quem gere uma farmácia pois é influenciada por diversos fatores. A rotatividade, a sazonalidade, a procura de produto, o PV, custo de aquisição, condições de pagamento e bonificações por parte dos laboratórios ou fornecedores são apenas alguns exemplos dos fatores que poderão influenciar a gestão de stock. O SIFARMA 2000 permite-nos ver a rotatividade de cada produto, ou seja, a quantidade de vezes que este entra e sai do stock. Assim, quando temos uma grande rotatividade devemos adquirir o produto em maior quantidade, por outro lado, quando temos uma baixa rotatividade devemos assegurar pelo menos um stock mínimo desse produto para qualquer utente que o solicite. Este stock mínimo convém ser revisto com alguma regularidade e ser atualizado caso haja necessidade. Quando o produto atinge um valor igual ou inferior ao stock mínimo desse produto, gera-se uma proposta de encomenda, denominada de ponto de encomenda pelo fornecedor pré-definido, que será ou não posteriormente aprovada pelo responsável. A existência destes pontos de encomenda tem como principal objetivo evitar a rutura de stocks, repondo o produto antes que este atinja um stock nulo. Apesar de atualmente os sistemas de distribuição oferecerem uma elevada rapidez na entrega dos produtos, ainda ocorrem situações de rutura de stocks que tentamos resolver o mais rapidamente possível.

3. Encomendas e aprovisionamento

Na Farmácia Faria, a aquisição de produtos pode ser realizada recorrendo a intermediários como os distribuidores grossistas e/ ou cooperativas de distribuição farmacêutica ou diretamente aos laboratórios produtores. A escolha do fornecedor baseia-se nas condições financeiras (descontos financeiros, bonificações, facilidade de

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pagamento) oferecidas, rapidez e flexibilidade na entrega das mercadorias, facilidade no processo de devoluções e na possibilidade de adquirir pequenas quantidades de produto. Cabe ao DT avaliar e ponderar todos estes fatores de forma a optar pela escolha mais vantajosa para a farmácia.

A Farmácia Faria faz compras diárias a distribuidores grossistas e trabalha preferencialmente com três armazenamentos: Alliance Healthcare, COOPROFAR, Cofanor, tendo cada uma delas 3 a 4 rotas por dia.

3.1. Realização, receção e verificação de encomendas

Como já foi referido, fazem-se várias encomendas diariamente aos distribuidores grossistas com os quais a farmácia trabalha, através do SIFARMA (SI). À medida que se vão dispensando os medicamentos e produtos farmacêuticos, o SI elabora, automaticamente, uma proposta de encomenda (quando o stock mínimo é atingido ou é ultrapassado). No entanto, como esta proposta não é definitiva, o responsável pelas encomendas aceita, altera ou anula a encomenda, enviando-a por internet para o armazenista. Contudo, existem situações específicas em que se faz a encomenda por telefone.

Relativamente às compras realizadas diretamente aos laboratórios, a encomenda é concretizada através de uma reunião com o seu representante ou por contacto telefónico ou eletrónico quando já é habitual. De realçar, que este tipo de encomendas é realizada vulgarmente de três em três meses pois são mais vantajosas quando em grandes quantidades.

A receção e verificação das encomendas são etapas muito importantes para uma correta gestão de stock, pois podem levar a erros deste, Preço de Venda ao Público (PVP) e PV. Os medicamentos são entregues na farmácia em contentores apropriados e característicos de cada fornecedor. Cada contentor vem identificado com a farmácia de destino, nº do contentor, faturas ou guias de remessa em duplicado (ANEXO 1).

Após selecionar a encomenda correspondente, a primeira informação a introduzir é o nº de fatura e o valor líquido total da mesma. De seguida, procede-se à receção propriamente dita fazendo-se a leitura óptica do Código Nacional do Produto (CNP) ou código de barras de cada produto. À medida que se processa a encomenda, confirma-se a conformidade com o que foi realmente pedido e o estado dos produtos. Para além disso, verifica-se e regista-se PV caso este seja inferior ao marcado no programa ou caso o stock desse produto seja nulo. No caso de algum produto não tiver sido encomendado ou algum produto não tiver sido enviado mas faturado/ o produto não estiver em condições, é feita uma reclamação ao fornecedor para depois emitir uma nota de crédito

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ou emitir uma nota de devolução ao fornecedor, respetivamente. Por fim, deve-se conferir se o Preço de Venda à Farmácia (PVF) indicado no sistema informático corresponde ao que indica na fatura, caso não corresponda altera-se o do sistema. O valor final indicado pelo sistema deve coincidir com o valor líquido total da fatura.

Para os medicamentos de venda livre é sempre necessário proceder à sua etiquetagem. A etiqueta deve obrigatoriamente conter o PVP que é composto pelo preço que o armazenista comprou, pela margem de comercialização, quer do distribuidor grossista quer da farmácia, pela taxa sobre a comercialização do medicamento e, por último, pelo Imposto de Valor Acrescentado (IVA) [7]. A margem de lucro da farmácia

nestes produtos farmacêuticos é pré-estabelecida pela mesma. Todos os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e alguns MNSRM já possuem, no seu acondicionamento primário ou secundário, a indicação do PVP assim como obriga a Lei nº25/2011, de 16 de junho [8].

Rececionar encomendas foi uma das primeiras tarefas que realizei durante o meu estágio, permitindo-me não só contatar com os produtos de uma maneira direta mas também com todas as funcionalidades do SI.

4. Armazenamento

Um bom armazenamento dos produtos é imprescindível para um correto funcionamento diário da farmácia, por essa razão existe uma arrumação criteriosa para facilitar a procura dos produtos por parte de toda a equipa, traduzindo-se num menor tempo de espera para o utente. Os medicamentos estão armazenados num local onde só os profissionais têm acesso, já os Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal (PCHC) e os produtos naturais estão dispostos na zona de atendimento geral.

No início do meu estágio curricular, uma das minhas primeiras tarefas foi, para além de rececionar as encomendas, armazenar de forma correta os produtos. Esta tarefa foi de grande importância pois possibilitou-me a familiarização com os locais de armazenamento e com os produtos, os nomes comerciais, substâncias ativas, o que se relevou, posteriormente, bastante útil quando iniciei o atendimento ao público.

5. Controlo dos Prazos de Validade

De maneira a salvaguardar a potência e segurança máxima de um medicamento, é imprescindível a verificação do PV de todos os produtos que entram na farmácia. Sendo o farmacêutico o agente do medicamento, este deve controlar a qualidade do mesmo, garantindo a saúde do doente e também da população em geral [9].

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Como foi referido, os PV são verificados e atualizados, caso o stock do produto seja 0 ou o PV do novo produto seja inferior ao que apresentado no SI, durante a receção de encomendas. No entanto, este procedimento não é suficiente pelo que, a Farmácia Faria emite uma listagem de todos os produtos cujo PV expira nos próximos 3 meses. A verificação é realizada manualmente pelos seus profissionais de saúde e, caso o PV não corresponda ao da ficha de produto, esta é atualizada.

Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar este procedimento e, constatei que havia produtos constantes na lista cujo PV estava errado, na maioria das vezes inferior à realidade. No final de cada verificação, por prateleiras, procedia à alteração de todos os PV errados na respetiva ficha de produto. Estes erros podem dever-se à introdução errada aquando da receção de encomendas. Nestas listas consta sempre os PCHC que não possuem um PV definido mas sim um prazo de utilização após a sua abertura.

6. Devoluções

Apesar do PV ser um grande motivo das devoluções, existem outras razões. É o caso de produtos pedidos por engano, produtos danificados ou até mesmo produtos retirados sob ordem do INFARMED ou do laboratório produtor. O Aero-OM 105 mg/ ml emulsão oral, 25 ml foi um exemplo de um produto que teve que ser retirado por ordem do próprio laboratório (OM Pharma) devido a alterações da composição quali-quantitativa dos excipientes.

As devoluções são realizadas pelo SI, apenas temos que selecionar o fornecedor, colocar o(s) produto(s) que queremos devolver, o motivo pelo qual estamos a devolver e o documento de origem, ou seja, o nº da fatura. Após isto, é emitido uma nota de devolução em triplicado, em que duas são enviadas juntamento com o produto para o fornecedor devidamente assinadas e carimbadas e o outro é guardado na farmácia. Nos últimos meses do estágio, passou a ser obrigatória a colocação nas observações da nota de devolução do nº da reclamação que era dada via telefone. No mês de Outubro as guias de transporte ou notas de devolução passaram a ser comunicados previamente à Administração Tributária e Aduaneira (AT) e como resultado da comunicação, era atribuído um “código de documento AT”, representado no final de cada documento.

As situações são regularizadas pela troca do produto devolvido ou por outro de valor igual pelo fornecedor/ laboratório ou ainda uma nota de crédito que permitiria a regularização da situação no momento do pagamento da fatura final. No entanto, nem todas as devoluções são aceites pelo que cabe à farmácia assumir o prejuízo.

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Durante o meu estágio tive a oportunidade de realizar inúmeras devoluções quer pelo produto estar danificado quer por me ter enganado no pedido do produto e até mesmo de produtos fora do prazo.

D. Classificação dos produtos existentes na Farmácia

Segundo o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de Agosto, um medicamento é “toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas”. Estes podem ser classificados quanto à dispensa ao público, em MSRM e em MNSRM [10]. Para além de medicamentos,

as farmácias possuem produtos como substâncias medicamentosas, medicamentos e produtos de uso veterinário, medicamentos homeopáticos, produtos naturais, dispositivos médicos, suplementos alimentares, produtos de alimentação especial, produtos fitofarmacêuticos, produtos cosméticos e de higiene corporal ou artigos de puericultura.

1. Medicamentos sujeitos a receita médica

Para serem produtos sujeitos a receita médica têm que preencher uma das seguintes condições [1]:

 Possam constituir um risco para a saúde do utente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Possam constituir um risco, direto ou indireto para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

 Contenham substâncias ou preparações à base dessas substâncias cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Se destinem a ser administrados por via parentérica.

Este tipo de medicamentos apenas pode ser dispensado em FC, mediante a apresentação de uma receita médica devidamente preenchida. O farmacêutico assume então, um papel essencial na dispensa e administração correta de MSRM, tendo que prestar toda a informação importante que concerne ao medicamento.

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2. Medicamentos não sujeitos a receita médica

Os MNSRM ou OTCs (Over The Counter) são medicamentos que podem ser dispensados numa FC sem obrigatoriedade de apresentação de receita médica. Este tipo de medicamentos está indicado para a prevenção, tratamento ou alívio de sintomas de pequena gravidade e síndromas menores (constipações, alergias, obstipações, etc.).

Estes tanto podem ser dispensados por indicação médica como por aconselhamento farmacêutico. No entanto, com o Decreto de Lei n.º 134/2005 houve liberalização do mercado dos MNSRM pelo que passou a ser permitido a sua comercialização em locais fora das mesmas e estabeleceu o regime de preços livres [11]. De maneira a não

comprometer uma correta gestão da terapêutica, em junho do ano corrente, o Governo, em conselho de ministros, criou uma subcategoria de MNSRM (existem para já 17 substâncias ativas, SA) em que a dispensa era exclusiva nas farmácias, atendendo ao perfil de segurança ou às indicações terapêuticas dos mesmos. Esta modificação institui um passo significativo, na diminuição da lista de medicamentos comercializados fora das farmácias pois, inclui fármacos de uso prolongado que exigiam aconselhamento e acompanhamento farmacêutico.

3. Produtos e medicamentos de uso veterinário

Os medicamentos veterinários não são apenas recursos cruciais para a saúde e bem-estar dos animais, prevenindo ou tratando, mas também para a proteção da saúde pública [12]. No entanto, estes têm de ser distinguidos da medicação para uso humano,

para isso, têm de ter a inscrição “Uso veterinário” impressa na rotulagem e embalagem externa em fundo verde.

Na Farmácia Faria os produtos mais solicitados são, sem dúvida, os antiparasitários de uso externo ou interno e os anticoncecionais para os animais domésticos. A meu ver, esta área é um pouco “esquecida” e os farmacêuticos deviam ter mais formação de modo a aconselhar corretamente e a dar informações sobre dose a administrar, dependendo muitas vezes do seu peso; via de administração e posologia. Com esse intuito, a partir do mês de Outubro a Farmácia Faria passou a ter disponível um contato de Serviço de Apoio Veterinário 24 horas por dia para esclarecimento de qualquer dúvida relaciona com este tema, disponibilizando o contato de três veterinários para o efeito.

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4. Produtos cosméticos e de higiene corporal

A legislação define o conceito de Produtos de Cosmética e Higiene Corporal (PCHC), mas também todos os requisitos a que estão sujeitos para poderem ser comercializados em Portugal. Segundo o Decreto-Lei n.º 189/2008, de 24 de setembro como “qualquer substância ou preparação que, se destina a ser colocada em contacto com as diferentes áreas superficiais do corpo humano”, nomeadamente “a epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com o propósito de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou de corrigir os odores corporais” [13]. Estes

produtos só são colocados no mercado se tiverem em conformidade com as especificações exigidas pelo respetivo Decreto-Lei, principalmente no que toca à sua constituição.

A Farmácia Faria possui uma vasta gama de produtos para atender a todos os pedidos e dar resposta aos problemas do dia-a-dia de todos os utentes. Assim, os utentes procuram frequentemente aconselhamento em casos de pele atópica ou seborreica, acneica ou, em casos de dermatites várias. De forma a aconselhar o produto mais indicado para cada situação é importante uma formação contínua e atualizada por parte de todos os profissionais de saúde da farmácia.

Durante o estágio, tive oportunidade de participar em algumas enriquecedoras formações de cuidados dermocosméticos: “Avene – O cuidado essencial das peles sensíveis”; “Klorane Capilar”; “Klorane Bébé” e “Formação Geral Ducray”.

Estas formações para além de serem extremamente interessantes, colmataram alguma lacuna que tinha nesta área. Sendo marcas distintas, que tratam e cuidam diferentes tipos de peles, fiquei apta para saber o que aconselhar em cada situação e dar outros conselhos úteis. Durante os 6 meses que estive na Farmácia Faria, tive vários casos de utentes que me pediram aconselhamento sobre acne, queda de cabelo, caspa, rugas, psoríase, etc. Apesar de no início, nos casos mais complicados, ter que pedir auxílio a alguém mais experiente que eu, após estas formações já consegui aconselhar sozinha.

5. Medicamento homeopático

A homeopatia tem por base três princípios básicos: o da similaridade, o da totalidade e o da infinitesimalidade. Este último é caracterizado pelas diluições sucessivas de uma substância vegetal, animal ou mineral de forma a não conter “mais de uma parte por 10000 da tintura-mãe, nem mais de 1/100 da mais pequena dose eventualmente utilizada

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em alopatia” . A Farmácia Faria vende poucos produtos homeopáticos em comparação com os alopáticos.

6. Produto para alimentação especial e produtos dietéticos

Os produtos de alimentação especial destinam-se, especialmente, a indivíduos com comprometimento nos processos de assimilação ou metabolismo, os que se encontram numa situação patológica especial, tal acontece nos diabéticos, doentes celíacos, ou ainda a grávidas, idosos, desportistas e lactentes ou crianças, de 1 a 3 anos de idade [14].

Assim estes produtos são comercializados de forma a responder às necessidades nutricionais destes indivíduos em que a sua composição e processo de fabrico são distintas dos produtos alimentares diferentes dos de uso corrente.

Na Farmácia Faria existem vários produtos inseridos neste grupo, sendo a maior parte deles destinados à alimentação de crianças.

No que toca a produtos dietéticos, a Farmácia Faria possui alguns produtos que se apresentam sob a forma de comprimidos, cápsulas, pós, granulados, líquidos, entre outros. Englobam, por exemplo, preparações de óleos de peixe, leveduras, algas marinhas, plantas simples e em extrato, vitaminas, minerais e oligoelementos, proteínas, aminoácidos, ácidos gordos essenciais, enzimas e fibras. Estes produtos têm uma ação fisiológica inequívoca e devem ser utilizados como complemento a uma dieta equilibrada. Inclusive, todas as sextas-feiras há uma nutricionista que acompanha alguns utentes da farmácia numa dieta, a Dieta EasySlim. Por esta razão, a farmácia possui uma série de produtos dietéticos com características hipoglucídicas e hiperproteicas.

Ao longo do estágio curricular tive um curso “Programa Expert – Nutrição Infantil e Nutrição Clínica ” que me auxiliou no aconselhamento de leites e papas para as diferentes etapas dos bebés, as diferentes entre eles e também produtos dietéticos para adultos.

7. Produtos fitoterapêuticos

Já há muitos anos que os medicamentos tradicionais à base de plantas são utilizados com fins terapêuticos. Estes produtos estão sujeitos a um procedimento de registo de utilização tradicional à base de plantas, sendo necessário que sejam respeitados diversos critérios e são definidos e regulados, igualmente, pelo Estatuto do Medicamento sendo classificados como MNSRM [10].

Uma das grandes vantagens destes produtos, tendo uma origem natural, é a baixa incidência de efeitos adversos por possuir substâncias ativas em concentrações baixas. No entanto, cabe ao Farmacêutico, no ato da dispensa, atender ao perfil fisiopatológico e

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farmacoterapêutico do utente, de modo a indicar o produto mais adequado ou a desaconselhar o seu uso. Os utentes da Farmácia Faria procuram mais produtos como os “chás”, formas fitoterapêuticas em cápsulas e comprimidos usados para emagrecimento, situações de obstipação, insónia, fadiga, tosse, entre outras.

8. Dispositivos médicos

Os dispositivos médicos são importantes instrumentos de saúde que englobam um vasto conjunto de produtos. Estes são regulamentados pelo Decreto-Lei n.º 145/2009, de 17 de Junho e são definidos como “qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação (…) destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos (…) cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios” [15].

Alguns exemplos de dispositivos disponíveis na Farmácia Faria são os testes de gravidez, o equipamento para medição de glicemia, colesterolemia e trigliceridemia, material de penso e sutura, sistemas de aplicação parentérica e entérica, material para ostomizados e urostomizados, luvas, meias de descanso, escovas dentífricas, entre outros.

E. Dispensa de medicamentos

Em Portugal, a legitimação profissional da dispensação é referida no Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos (OF) que refere as obrigações dos farmacêuticos e atribui ao farmacêutico a exclusividade social deste serviço clínico. Aqui, o farmacêutico pode colocar em prática parte dos seus conhecimentos sobre os medicamentos, em função do doente. Efetivamente, é o serviço farmacêutico que assume maior prevalência, que aloca mais recursos e com maior visibilidade nas farmácias comunitárias. Na minha opinião, trata-se uma das atividades mais importantes do ato farmacêutico e, por consequência de maior responsabilidade [9]. Responsabilidade esta, que é de extrema importância porque

erros na dispensa de um medicamento ou de dosagem errada podem levar a consequências graves na saúde dos utentes. É também aqui que o farmacêutico interage com o utente criando uma relação de confiança e empatia.

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1. Prescrição médica e sua validação

Uma prescrição médica é fisicamente representada por uma receita, apresentada pelo utente na farmácia, sendo uma forma de comunicação entre o médico prescritor, o doente e o farmacêutico.

Atualmente, a prescrição de medicamentos é realizada por via eletrónica, facilitando então o acesso dos cidadãos, a partir de softwares credenciados pois, aumenta a segurança no processo de prescrição e dispensa e facilita a comunicação entre profissionais de saúde. A Portaria n.º 198/2011, de 18 de Maio, propôs “facilitar o acesso dos cidadãos ao medicamento e promover a prescrição eletrónica, com a desmaterialização de todo o circuito administrativo do medicamento”. No entanto, o modelo de receita médica hoje em dia, em vigor, é o aprovado pelo Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro, uniformizando as prescrições (ANEXO 2) [16].

Estas novas regras de prescrição aplicam-se a todos os medicamentos de uso humano sujeitos a receita médica, abrangendo medicamentos manipulados e medicamentos contendo estupefacientes ou substâncias psicotrópicas, independentemente do local de prescrição. Para além disso, destinam-se também à prescrição de outros produtos comparticipados pelo Estado, nomeadamente, produtos para autocontrolo da Diabetes Mellitus e produtos dietéticos [17].

Consoante a nova lei, a prescrição de um medicamento inclui obrigatoriamente a respetiva DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem, a apresentação e posologia. De especial destaque é o maior protagonismo do utente em relação à utilização de medicamentos que, não descurando o primado da prescrição médica, permitindo uma intervenção proactiva na maximização do uso racional e da poupança nos medicamentos [17].

Assim, é necessário referir que temos a receita informatizada médica materializada que é válida pelo prazo de 30 dias a contar da data de emissão ou a receita médica renovável (contendo até três vias) o prazo de valiadde é de 6 meses desde a data da prescrição, com a indicação “1ª via”, “2ª via”, e “3ª via” (ANEXO 3). Quanto ao tipo de tratamento, a primeira destina-se à prescrição de medicamentos utilizados em tratamentos de curta duração, enquanto que a receita médica renovável é destinada a tratamentos de longa duração. De referir que é a Portaria n.º 1471/2004, de 21 de dezembro, na sua atual redação, a Deliberação n.º 173/CD/2011, de 27 de outubro que, discrimina quais os medicamentos destinados a tratamentos de curta/média e longa duração [18], [19]. Em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos distintos

ou contendo o mesmo medicamento, não podendo, neste caso, ultrapassar o número total de embalagens prescritas e com um limite de duas por medicamento. Excetuam-se

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os casos em que os medicamentos se apresentam sob a forma de embalagem unitária, sendo que, nestas situações, o número máximo de embalagens por medicamento passa a ser quatro.

A prescrição de medicamentos pode, excecionalmente, realizar-se pelo modelo de receita médica pré-impressa, ou seja, via manual, de edição exclusiva da Imprensa Nacional-Casa da Moeda S.A.. Estas não podem possuir mais que uma via e a sua validade é de 30 dias sendo só autorizadas quando há: a) Falência no sistema informático; b) Inadaptação fundamentada do prescritor, previamente confirmada e validada anualmente pela respetiva Ordem profissional; c) Prescrição ao domicílio e d) Outras situações até um máximo de 40 receitas médicas por mês.

Para isso, é imperativo que o prescritor faça constar da receita a menção da situação de exceção (ANEXO 4) [17].

Existem vários tipos de receitas, que são identificadas por uma sigla e que não se aplicam só a medicamentos mas também a outros produtos de saúde. Assim, uma receita de medicamentos é caraterizada pela sigla – RN; uma receita especial para a prescrição de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos por – RE; receita para medicamentos manipulados – MM; receita para produtos protocolares da Diabetes Mellitus – MDB e receita para outros produtos – OUT, que se destina a produtos dermocosméticos, papas de bebés, meias elásticas, etc.

Dentro do novo modelo acautela-se, contudo, as situações de exceção justificada, quer em relação à determinação de um medicamento específico em função do contexto clínico do doente de forma justificada e documentada, quer em relação à necessidade de recorrer à prescrição por via manual. Assim, o prescritor pode, excecionalmente prescrever pela denominação comercial do medicamento. Esta justificação é valida quando não existe medicamentos genéricos comparticipados, ou exista apresentação original da marca ou quando o médico prescritor apresenta uma justificação técnica. Estas justificações técnicas são inscritas na receita médica, por baixo do medicamento prescrito com as seguintes menções:

 “Exceção a) do artigo nº 3 do artigo 6º – medicamento com margem ou índice terapêutico estreita”. Desta exceção fazem parte 3 substâncias ativas constantes da Deliberação 070/CD/2013: ciclosporina, levotiroxina sódica e tacrolímus [20].

 “Exceção b) do artigo nº 3 do artigo 6º - Reação adversa prévia”;

 “Exceção c) do nº 3 do artigo 6º - continuidade de tratamento superior a 28 dias”.

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Nas duas primeiras exceções apenas se pode dispensar o medicamento que consta na receita, enquanto que na exceção c) o utente pode optar por um outro medicamento equivalente ao prescrito, desde que seja de preço igual ou inferior [17]. No início do meu

estágio, para a justificação ser válida tinha que ser isolada, ou seja, sem mais medicamentos na receita, no entanto, isto mudou, e a justificação passou a ser válida para receitas onde constem mais medicamentos. Isto causou um problema, uma vez que, o SI não foi logo atualizado e não se conseguia selecionar a opção c) quando tínhamos mais do que um medicamento.

Todas as SA prescritas são acompanhadas pelo respetivo Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM), representado em dígitos e em código de barras que, agrupa pelo menos as seguintes características do medicamento: DCI, dosagem, forma farmacêutica, nº de unidades [20]. No entanto, há alguns códigos que

apenas dão para um único produto, apesar de haver vários medicamentos com a mesma SA, dosagem e forma farmacêutica só se pode dispensar esse medicamento.

A exceção c) tornou-se uma constante nas receitas médicas após a última atualização aparecendo, algumas vezes, receitas em que o medicamento prescrito ou estava esgotado no mercado ou tinha sido mesmo retirado do mercado. Ora tendo a exceção c) e não havendo nenhum medicamento mais barato que o prescrito, o utente não podia levar nenhum medicamento com aquela receita. Esta situação aconteceu-me algumas vezes durante o estágio, em que tive que explicar ao utente que tinha que ir outra vez ao médico expor a situação e pedir nova receita.

A receita só é validada pelo farmacêutico quando se verifica uma série de parâmetros acima referidos entre outros como a dada de prescrição, nome e nº de utente, corretamente assinada pelo prescritor e com a sua vinheta.

2. Transmissão de informação ao utente

Após a avaliação e validação da receita médica pelo farmacêutico, este deve estabelecer com o utente um diálogo de maneira a proceder a uma avaliação farmacoterapêutica mais eficaz. É indispensável que o farmacêutico assegure a transmissão de informação ao doente, nomeadamente, a indicação terapêutica, posologia, duração do tratamento, modo de administração, possíveis efeitos adversos e interações, assim como precauções especiais de utilização ou conservação, caso existam. Para isto, o farmacêutico deve ajustar a sua linguagem ao nível sociocultural do utente e esta deve ser clara, simples e objetiva de modo a que o utente fique esclarecido. Sempre que haja necessidade, a comunicação oral deve ser reforçada com informação escrita e, em alguns casos, com outros materiais de apoio. Outro aspeto importante é a

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garantia de que toda a informação dada foi assimilada pelo utente. Para isso, a minha maneira de o saber era perguntar ao utente, antes do utente ir embora, como é que toma cada um dos medicamentos, percebendo-me, assim, se o doente percebeu toda a informação que lhe foi transmitida.

Em casos em que a posologia era diferente da habitual ou era alterada a meio do tratamento, tinha o cuidado de o acompanhar após a venda, ou seja, no(s) dia(s) em que o a medicação mudava a sua posologia ligava-se para o utente a recorda-lo dessa alteração. Assim não é só importante uma boa transmissão da informação mas também o acompanhamento após este sair da farmácia para um maior benefício da saúde dos utentes.

Assim, constituem funções a desempenhar pelo farmacêutico, durante o aconselhamento, a promoção do uso racional do medicamento, a adesão à terapêutica e formas de minimizar possíveis efeitos secundários.

3. Processamento eletrónico da receita médica e finalização da dispensa

Na Farmácia Faria, a introdução dos medicamentos no sistema informático é realizada pela leitura dos códigos de barras dos medicamentos a dispensar dando entrada dos mesmos no SIFARMA 2000. Após a aplicação do organismo de que o utente beneficia, a percentagem do PVP sujeita a comparticipação é determinada automaticamente, assim como o valor que o utente terá de pagar.

Se por algum motivo, por exemplo, produtos esgotados, produtos indisponíveis na farmácia no momento da dispensa, entre outros, não for possível realizar a dispensa de toda a medicação presente na receita, deve-se efetuar uma “venda suspensa”.

Uma vez finalizada a venda, procede-se à impressão do documento de faturação no verso de cada receita. Neste devem constar a identificação da farmácia (o nome e n.º de contribuinte da farmácia; o nome do DT), o organismo responsável pela comparticipação, o número e lote da receita, número e data da venda, o código do operador que realizou a venda, o nome dos medicamentos dispensados e os respetivos códigos de barras, o PVP, o valor da comparticipação e, por fim, o valor a pagar pelo utente. Esta deve ser devidamente assinado pelo utente e por fim, resta ao farmacêutico datar, carimbar e assinar o verso da receita [21].

Concomitantemente com o documento de faturação, também sai um talão de venda (fatura/recibo) que é assinado e carimbado pelo farmacêutico e entregue ao utente.

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4. Regimes de comparticipação de medicamentos

A maioria dos medicamentos existentes nas farmácias portuguesas é comparticipada, sendo variável o grau de comparticipação consoante a entidade que o comparticipa e o tipo de medicamento. A atual legislação, o Decreto-Lei n.º 103/2013, de 26 de junho procede à alteração do Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de maio, aprova o sistema de comparticipação de medicamentos através de um regime geral e de um regime especial

[22], [23]. Apesar de existirem inúmeras entidades que, asseguram a comparticipação de

medicamentos, como é o caso da CGD, SAMS, SAVIDA, o SNS é o maior organismo. A comparticipação do Estado no preço dos medicamentos é fixada segundo 4 escalões. O Escalão A - 90%; Escalão B - 69%; Escalão C - 37% e Escalão D - 15% do PVP dos medicamentos. É a Portaria n.º 924-A/2010, de 17 de setembro que, integra os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos nos diferentes escalões de comparticipação do SNS [24].

No entanto, no regime especial em onde se encontram os pensionistas “cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes a retribuição mínima mensal garantida em vigor no ano civil transacto ou 14 vezes o valor do indexante dos apoios sociais em vigor, quando este ultrapassar aquele montante, sem prejuízo do disposto no número seguinte” a comparticipação do Estado no preço dos medicamentos integrados no escalão A é acrescida de 5 % passando para 95% e nos escalões B, C e D é acrescida de 15% sendo o valor de 84%, 52% e 30%, respetivamente [23]. Para se usufruir desta comparticipação a

receita médica tem que vir representada pela letra “R” juntamente com os dados do utente. Além disso, no caso de o utente ser abrangido por um regime especial de comparticipação de medicamentos em função de patologia, deve constar na receita a sigla “O”, sendo ainda obrigatória, no campo da receita relativo à designação do medicamento, a menção do respetivo diploma legal que consagra o respetivo regime. Aqui as comparticipações, são variáveis, no entanto, todos os medicamentos considerados imprescindíveis para a vida dos doentes são comparticipados na íntegra [23].

5. Medicamentos genéricos e sistema de preços de referência

Os medicamentos genéricos são identificados pelo seu nome de DCI, seguido da dosagem, forma farmacêutica e da sigla “MG”. Estes possuem a mesma SA, dosagem, forma farmacêutica que o medicamente de referência. Conforme o Estatuto do Medicamento, para que um medicamento genérico entre para o mercado tem que seguir o mesmo processo de Autorização de Introdução no Mercado (AIM) dos outros medicamentos, devendo demonstrar, através de estudos científicos, a sua bioequivalência para assim certificar a eficácia, qualidade e segurança [10].

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A promoção dos MG e a prescrição por DCI são medidas que visam a redução da despesa pública no sector da saúde, nomeadamente na área do medicamento. Contudo, a instituição Sistema de Preços de Referência (SPR) veio tentar controlar, ainda mais, esta despesa. O SPR, estabelecido pelo Decreto-Lei nº. 207/2002, de 2 de Dezembro que surgiu da necessidade do Estado em controlar a despesa pública, aplicando-se apenas a medicamentos comparticipados abrangidos por Grupos Homogéneos (GH) - conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado [25]. Assim, cada

grupo homogéneo contém um preço de referência que, de acordo com o Decreto-Lei n.º 106-A/2012, de 1 de Outubro, corresponde à média dos cinco medicamentos com PVP mais baixos praticados no mercado, sendo este o valor máximo a ser comparticipado [26].

É de salientar que, com a nova legislação em vigor, as farmácias devem ter em stock, no mínimo, 3 dos 5 medicamentos que compõem cada grupo homogéneo com o preço mais baixo.

É de salientar que, a cada trimestre, o INFARMED atualiza os preços de referência para cada um dos grupos homogéneos, bem como os correspondentes novos grupos a criar, resultantes da introdução no mercado de novos MG.

F. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

Esta classe de medicamentos está sujeita a um controlo especial, uma vez que estas substâncias possuem uma atividade farmacológica a nível do sistema nervoso central, sendo utilizados no tratamento de inúmeras patologias. No entanto, estes são passíveis de causar tolerância e dependência tanto física como psicológica, sendo necessário um controlo rigoroso para evitar o seu uso indevido ou desvio para o tráfico ilícito. Por este motivo, torna-se de extrema importância a existência de legislação para o devido controlo de todo o circuito destas substâncias.

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes autorizados no mercado em Portugal estão descritos nas Tabelas I a VI presentes no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro na sua atual redação, que tem vindo a sofrer atualizações constantes [27]. Este

diploma determina que, estas substâncias só são fornecidas mediante apresentação de receita médica materializada do tipo especial, presente no Despacho n.º 15700/2012, de 30 de novembro [16], [27].

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1. Aquisição

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são encomendados juntamente com os restantes medicamentos e produtos de saúde. No entanto, junto à fatura, vem a guia de requisição especial, em duplicado, onde também se incluem as benzodiazepinas. Tanto o original como o duplicado são arquivados num local próprio para este efeito para, até ao dia 10 do mês seguinte, ser assinado, datado e carimbado para identificação da farmácia pelo farmacêutico responsável. Enquanto que os duplicado são devolvidos ao respetivo fornecedor, os originais ficam arquivados na farmácia por um período de três anos [17].

Quando uma entrega é aprovada, o sistema solicita, automaticamente, a introdução do número da requisição especial. Esta medicação deve então ser guardada em local próprio, com acesso restrito aos funcionários da FC, para evitar situações de roubo ou extravio.

2. Dispensa

No momento da dispensa destes fármacos, o SIFARMAreconhece-o como psicotrópico ou estupefaciente, sendo obrigatório a introdução de dados a nível da receita sendo de salientar o nome do médico prescritor, dados do utente como o nome e morada do doente; nome, idade, morada e número e data de emissão do bilhete de identidade do adquirente. Cabe ao farmacêutico validar a receita e ainda a identidade do adquirente. Após este procedimento, ao se imprimir o documento relativo à faturação vêm juntamente, dois talões para anexar um na receita original e o outro na cópia [28]. A receita

deve ser datada e assinada pelo DT ou legal substituto. Cada receita é válida por 30 dias e apenas poderá conter um medicamento prescrito isoladamente, apesar do número de embalagens por receita ser igual ao dos restantes medicamentos.

3. Controlo

Sendo o INFARMED, a entidade responsável pelo controlo e fiscalização do circuito destas substâncias é necessário que lhe sejam enviados, mensalmente, os registos informáticos das entradas/saídas destes medicamentos. Trimestralmente, é obtida uma lista em triplicado, a partir do SI, relativa ao registo das entradas e saídas destas substâncias. Depois de devidamente assinadas e carimbadas, uma das cópias é enviada para o INFARMED, até ao 15º dia após o término do trimestre [29].

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O registo informático é encerrado no dia 31 de Dezembro de cada ano, sendo o mapa de balanço de entradas/saídas dos psicotrópicos e estupefacientes enviado até 31 de Janeiro do ano seguinte.

G. Medicamentos manipulados

Com a evolução na Indústria Farmacêutica, a maior parte dos Medicamentos Manipulados (MedM) preparados nas farmácias foram substituídos pelas especialidades farmacêuticas. No entanto, estes continuam a ter uma elevada importância quando é necessário uma adaptação ao perfil fisiopatológico de cada doente e de associações não disponíveis no mercado, possibilitando a personalização da terapêutica. Atualmente, a sua maior utilização verifica-se nas áreas de dermatologia e de pediatria.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 95/2004, de 22 de abril, é definido como “qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal cuja preparação e dispensa está sob a responsabilidade do farmacêutico” [30]. Assim sendo, a preparação de MedM é da

responsabilidade do farmacêutico e pode ser solicitada através de prescrição médica, por aconselhamento farmacêutico ou mesmo pelos utentes. No entanto, toda preparação e dispensa dos mesmos deve seguir sempre as boas práticas descritas na Portaria nº594/ 2004, de 2 de Junho [5]. Antes de iniciar a preparação de um manipulado, o farmacêutico

tem que garantir a segurança e qualidade da preparação não só das SA mas como de todos excipientes utilizados, de modo a não colocar a saúde do utente em risco.

Aquando da produção de um MedM deve ser elaborada uma ficha de preparação (ANEXO 5) bem como o cálculo do PVP, indicando sempre o nome do medicamento, a quantidade preparada, as matérias-primas utilizadas (quantidades e lotes), a técnica utilizada para a preparação, o prazo de validade, preço, entre outros.

Depois de preparado, o manipulado deve ser corretamente acondicionado, garantindo a compatibilidade entre o mesmo e o material da embalagem de modo a não ocorrerem interferências. De seguida, procede-se à rotulagem onde constam as seguintes informações: identificação da Farmácia e do DT; nome do manipulado e a sua fórmula quantitativa e qualitativa; nome do utente e caso se aplique, do médico prescritor; data da preparação e prazo de utilização, posologia; condições de conservação; instruções especiais para a sua utilização, como por exemplo ”Manter fora do alcance das crianças” ou “Agitar antes de usar”; via de administração; PVP.

O prazo de utilização é atribuído conforme as guidelines existentes ou de acordo com o Formulário Galénico Português.

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