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Automedicação e indicação farmacêutica

O conceito de automedicação surge como sendo a utilização de MNSRM de uma forma responsável, com a finalidade de aliviar e tratar situações passageiras e sem grande gravidade, autolimitante e num curto período de tempo [32].

Nos dias em que correm, trata-se de uma prática frequente, devido à crescente informação dos consumidores, publicidade nos meios de comunicação social e também das dificuldades económicas do país. Assim, o farmacêutico, cada vez mais, possui um papel de excelência ao assistir o utente na escolha do medicamento apropriado ou, caso seja necessário, encaminhar o doente para o médico. O Despacho nº 17690/ 2007, de 23 de Julho, lista as situações passíveis de automedicação, sendo as mais comuns a constipação, obstipação e diarreia [33]. A Indicação Farmacêutica adquire ainda mais

importância perante casos de grávidas, idosos, crianças, lactantes e doentes crónicos Apesar de algumas vezes esta prática não ser consciente, a automedicação tem vantagens, uma vez que, pode diminuir a afluência aos centros de saúde para a prevenção e resolução de pequenos problemas de saúde, denominados por transtornos menores.

Sempre que o utente se dirige à farmácia para pedir um determinado medicamento é importante que o farmacêutico coloque algumas questões de maneira a conhecer melhor o problema e consequentemente, aconselhar adequadamente. Este aconselhamento farmacêutico poderá ser através de medidas não farmacológico, farmacológicas ou as ambas. Aquando a dispensa dos MNSRM o farmacêutico deve disponibilizar toda a

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informação relativa ao medicamento como a posologia, duração do tratamento, possíveis efeitos adversos, entre outros. Caso os sintomas não melhorarem o utente deve ser encaminhado para um médico.

Durante os 6 meses de estágio na Farmácia Faria, deparei-me com várias situações em que os utentes se dirigiam à farmácia para se aconselharem com os farmacêuticos. No início do estágio foi relativamente complicado saber o que aconselhar nas diferentes situações visto que tinha pouca experiência, no entanto, com a ajuda imprescindível dos restantes farmacêuticos fui aprendendo. As situações mais habituais foram casos de constipação, dores de garganta, cansaço físico e/ ou psicológico, diarreia, tosse, etc. Apercebi-me da falta de informação no que toca à pílula do dia seguinte e dos xaropes para a tosse. A maioria das pessoas não sabia que o tratamento da tosse seca e da tosse com expetoração é diferente e nestes casos, a minha intervenção foi bem-sucedida uma vez que expliquei a diferença e os utentes, muitas vezes, acabaram por levar o medicamento com indicação contrária ao que tinham ido inicialmente pedir. Também houve casos em que tive que aconselhar os utentes a consultarem um médico, uma vez que, conclui que poderia não se tratar de um transtorno menor.

I. Conferência do receituário e faturação

1. Organização do receituário

Na Farmácia Faria existem três locais onde as receitas vão sendo colocadas após a finalização de cada dispensa. Um dos espaço destina-se às receitas do regime normal do SNS (faturadas no 01), um segundo espaço destinado às receitas do regime especial de pensionistas do SNS (faturadas no 48) e um último, reservado a todas as receitas que sejam faturadas a outros organismos (SAMS, Portarias do SNS, EDP, SÃVIDA…).

Cada lote fica completo quando se atinge um número de 30 receita, sendo iniciado outro quando se atinge este número, à exceção do último lote que pode conter qualquer número inferior. Antes de se fechar esse lote, todas as receitas sofrem uma primeira triagem tendo em conta vários elementos para que estas não sejam devolvidas pelo Serviço de Conferência de Faturas (CCF) [28]. Apesar de cada farmacêutico conferir cada

receita que dispensa, na Farmácia Faria existe uma dupla confirmação das receitas para diminuir ainda mais a possibilidade de erros. Caso existam erros, deve proceder-se à correção, através da alteração da receita no lote ou mesmo o abate da mesma. Sempre que seja necessário, por afetar diretamente o utente, este deve ser contactado, de forma a regularizar a situação ocorrida.

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Após cada lote ter sido devidamente conferido, é guardado com o seu Verbete de Identificação emitido pelo SIFARMA. Neste documento consta o nome e código da farmácia, mês e ano, quantidade de receitas, a importância total e por receita correspondente ao PVP, a quantidade total e por receita paga pelo utente e pelo organismo comparticipante [28]. Estes verbetes, depois de carimbados, envolvem os lotes

das receitas correspondentes.

No fim de cada mês, procede-se ao fecho da faturação, emitindo-se o resumo de lotes, em triplicado, e a fatura mensal. Posteriormente, ao se fechar a faturação, as receitas do SNS são enviadas para o Centro de Conferência de Faturas/Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, I.P., até ao dia 10 do mês seguinte ao do fornecimento e as restantes receitas dos outros organismos são encaminhadas para a ANF, uma vez que esta atua como intermediária entre as farmácias e as várias entidade, através do CTT e em correio registado [28]. A ANF, posteriormente, envia para a farmácia um documento que, serve como prova da receção do receituário, distribuindo-o aos diferentes organismos.

2. Devoluções de receitas

Por vezes, algumas receitas são devolvidas pelo CCF devido a irregularidades imputáveis à farmácia, indicando os motivos da sua devolução. Neste caso, a farmácia procede à sua correção e pode inclui-las em lotes do mês seguinte, diminuindo assim, a perda do valor da comparticipação traduzindo-se em prejuízo. No caso de receitas indevidamente devolvidas, as mesmas são enviadas à ANF juntamente com a listagem de erros do CCF para reclamação. Em qualquer dos casos, a farmácia deve enviar à ANF uma nota de crédito das receitas devolvidas, carimbada pelo CCF, dado que a ANF já tinha pago à farmácia as respetivas comparticipações.

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