• Nenhum resultado encontrado

Representando setembro o mês do regresso às aulas, é fundamental ter-se em atenção todas as problemáticas de saúde caraterísticas da época sazonal em causa. Assim, considerei importante estudar a temática da pediculose, como causa de emergência relativamente à saúde escolar.

9.1. Definição e Fisiopatologia

A Pediculosis capitis constitui uma parasitose exclusivamente humana e ubiquitária de elevada prevalência, especialmente entre crianças em idade escolar. Representa um problema universal que acarreta muitos custos e riscos resultantes do absentismo escolar e laboral. Desta forma, é fulcral insistir na aplicação de estratégias de promoção da saúde e numa vigilância adequada, para que seja assim possível o tratamento atempado de novos casos [37].

As crianças são o foco mais suscetível de infeção sintomática, contudo, a problemática pode afetar qualquer indivíduo, independentemente de idade, sexo ou condição socioeconómica [38]. O tratamento é importante, devendo ser tido em atenção e promovidas sobretudo pelos pais [39].

9.2. Transmissão e Sintomatologia

A pediculose afeta indivíduos de todas as faixas etárias e níveis sociais. Contudo, as crianças são o alvo preferencial, sobretudo as raparigas entre com idades compreendidas entre os 5 e os 11 anos, devido ao maior contacto interpessoal na comunidade escolar [38].

A transmissão ocorre sobretudo por contacto direto (através do contacto direto

cabeça com cabeça) ou por contacto indireto (pela partilha de objetos pessoais, tais

como, pentes, chapéus, fitas e almofada). Esta pode surgir em qualquer indivíduo, já que é independente da boa ou má higiene que o indivíduo pratique. [39].

Apesar da relativa benignidade, a patologia é causa frequente de desconforto físico e marcada morbilidade psicológica [37]. Assim, é fundamental estar alerta para todos os

comichão e por vezes até dor. Esta sensação dolorosa é causa frequente de desatenção, perturbação do sono, escoriações e sobreinfeções cutâneas do couro cabeludo, nomeadamente por Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus [40].

O diagnóstico da problemática é efetuado pela deteção visual de um ou mais piolhos vivos, com recurso ao pente de dentes finos [37].

9.3. Prevenção da doença e tratamento

Dada toda a energia e hiperatividade caraterísticas de muitas crianças, torna-se praticamente impossível evitar todos os possíveis contágios. Contudo, há certos comportamentos preventivos que lhes devem ser ensinados [41]. É prudente que as crianças saibam a principal causa de contágio, de modo a adquirem certos cuidados preventivos.

No momento do diagnóstico, a infestação está já presente há tempo suficiente para permitir a transmissão interpessoal, pelo que deve ser dada primazia ao diagnóstico dos casos concomitantes e início precoce do tratamento. Muitos são os métodos que ao longo das gerações têm sido usados nesta patologia. Muitos deles expõem o indivíduo a sérios riscos, nomeadamente algumas formulações caseiras à base de maionese, óleos essenciais e petróleo.

Para que o tratamento seja eficaz é fundamental ter-se em conta o ciclo de vida do piolho e a coexistência simultânea de vários estadios de maturação do mesmo. Tal facto torna evidente a necessidade de uma terapêutica seriada, para deste modo garantir a erradicação dos piolhos que sucessivamente vão eclodindo.

Atualmente, o tratamento de primeira opção para remoção dos parasitas e lêndeas é aplicação de uma solução com um composto piretróide [37]. O piretróide mais comumente utilizado é a permetrina a 1%. O mecanismo de ação da permetrina baseia- se no do bloqueio dos canais de sódio dos neurónios do piolho, repolarizando-os. Tal facto resulta na paralisia respiratória e morte do piolho. A sua atividade é sobretudo pediculicida, apresentando uma fraca atividade na erradicação das lêndeas, pelo que é recomendada uma segunda aplicação após 7 a 10 dias [42].

Nos últimos anos tem-se assistido ao aumento do número de resistências do piolho a este fármaco, pelo que a remoção dos piolhos e lêndeas com pentes de dentes finos, como método isolado, não é suficiente para erradicação da parasitose. No entanto, a remoção manual das lêndeas após uso do composto piretróide é um importante

tratamento adjuvante e fundamental em crianças com menos de seis meses de idade, já que nestas o uso de piretróides é totalmente contra-indicada [43].

9.4. Sensibilização escolar para a problemática

A pediculose é vista como uma ectoparasitose prevalente entre a população infantil [44]. Desta forma, apercebi-me durante o meu estágio na FC da necessidade de promover a saúde escolar, educando as crianças e adultos acerca da problemática da pediculose. Neste sentido e dado o início do ano escolar, realizei uma apresentação

animada aos alunos do 1º ano de escolaridade da Escola EB1 da Lomba (Figura 20 -

Anexo).

A apresentação baseia-se numa história original e animada que alerta para a necessidade de uma maior vigilância, bem como para o modo de prevenção, transmissão

e tratamento da doença (Apresentação 1). Os alunos demonstraram-se bastante atentos e

interessados ao logo de toda a apresentação, relatando vários episódios pessoais e questionando vários aspetos para uma melhor compreensão da temática (Figura 21 - Anexo). Após a apresentação voltei a salientar a importância de estarem muitos atentos para a problemática e do interesse de transmitirem os ensinamentos adquiridos aos pais e restantes familiares. Forneci aos alunos alguns jogos temáticos, como forma de consolidação dos conhecimentos obtidos (Figura 22 - Anexo).

“E porque a educação da criança deve começar em casa” considerei importante a apresentação de um póster informativo sobre a pediculose na FC, para que desta forma toda a população esteja devidamente informada para a problemática e assim possa atuar em conformidade (Figura 23 - Anexo).

9.5. Conclusões gerais

A adoção de comportamentos saudáveis em prol da qualidade de vida de cada indivíduo é fundamental, devendo essa educação ter início em casa e sendo sobretudo da responsabilidade dos pais. Os mesmos devem estar devidamente informados e atualizados relativamente aos comportamentos e cuidados a ter ao nível da prevenção e/ou ataque da pediculose. Para além dos pais, também os educadores, professores e familiares próximos das crianças devem manter-se atentos à problemática.

Após o desenvolvimento de todo este trabalho e tendo posteriormente, atendido na FC algumas mães dos meninos aos quais fiz a apresentação na EB1 da Lomba e alguma

população generalizada, posso concluir que consegui transmitir a mensagem principal do meu trabalho: prevenção!

Neste sentido, considero que a realização e exposição do poster informativo à população e a apresentação oral da temática aos alunos da Escola EB1 da Lomba foram pontos-chave para o alcance do meu principal objetivo: dar a conhecer a patologia de um modo fisiopatológico, e assim, promover uma melhoria no acesso aos cuidados de saúde existentes.

Documentos relacionados