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Trajetórias socioprofissionais dos diplomados em Educação Social da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

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Academic year: 2021

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(1)Trajetórias socioprofissionais dos diplomados em Educação Social da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti ANA MARIA SERAPICOS FLORBELA SAMAGAIO GABRIELA TREVISAN.

(2) TÍTULO Trajetórias socioprofissionais dos diplomados em Educação Social da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti — dezembro de 2012 AUTORES Ana Maria Serapicos Florbela Samagaio Gabriela Trevisan COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL Centro de Investigação de Paula Frassinetti CIPAF — cipaf@esepf.pt REVISÃO CIENTÍFICA DO TEXTO Paula Cristina Medeiros DESIGN E PAGINAÇÃO Pedro Serapicos ISBN 978-972-99174-5-5 EDIÇÃO Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti Departamento de Formação em Educação Social Rua de Gil Vicente 138 — 142 4000 – 255 Porto, Portugal T +351 225 573 420 F +351 225 508 485 E dep.social@esepf.pt www.esepf.pt. 2. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(3) Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 3.

(4) Tabela 1 Habilitações literárias dos familiares dos inquiridos Quadro 1 Níveis de desemprego por níveis de escolaridade máxima, Portugal (2008), INE Tabela 2 Importância dos motivos de escolha do curso de Educação Social Tabela 3. Índice de tabelas e quadros. Conhecimento da existência do curso de Educação Social Tabela 4 Conhecimento da existência da ESEPF e motivos de candidatura Tabela 5 Tipo de trabalho voluntário Tabela 6 Tempo de espera para colocação no 1º emprego Tabela 7 Dificuldades da colocação no 1º emprego Tabela 8 Tipo de função exercida e formas de acesso ao 1º emprego Tabela 9 Formas de acesso ao emprego atual e funções exercidas Tabela 10 Tipo de vínculos contratuais no emprego atual Tabela 11 Escalões de vencimento mensal Tabela 12 Situações de desemprego no percurso profissional. 4. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(5) 4.1. O estudo das trajetórias 18. Índice. 4.2. Processo metodológico 20. Nota prévia. 4.3. 6 Introdução 9. 1. A Escola Superior de Educação. Análise dos resultados 21. 4.3.1. 5. de Paula Frassinetti: nos trilhos da. Caracterização sociodemográfica. tradição e da inovação. dos inquiridos. A Educação Social e contextos. 11. 21. educativos. 2. 4.3.2. 33 Considerações Finais 36. A ESEPF inovando: a emergência. A escolha do curso de Educação. Referências bibliográficas. da Educação Social. Social e utilidade social do. 40. 14. diploma. Anexos. 23. 42. 3. A visibilidade da Educação Social 16. 4. Trajetórias Socioprofissionais dos diplomados da ESEPF 17. 4.3.3. A Educação Social e os valores humanistas: o caso do voluntariado 24. 4.3.4. O trabalho de voluntariado 25. 4.3.5. Formas de transição para o mercado de trabalho 26. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 5.

(6) Nota prévia. 6. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(7) Esta publicação, integrada no pro-. terrupta de Educadores Sociais nes-. como integrante de equipas multi-. jeto “Trajetórias socioprofissionais. ta instituição de ensino superior, é. disciplinares na área da intervenção. dos diplomados em Educação So-. de todo o interesse realizar um ba-. social, ainda marcada por indefini-. cial da Escola Superior de Educação. lanço feito ao trabalho desenvolvi-. ções ao nível dos perfis profissio-. de Paula Frassinetti”, tem por ob-. do, tendo por base o conhecimento. nais. O que carateriza e distingue. jetivo enquadrar a investigação em. das trajetórias sociais, académicas,. este técnico são algumas destas di-. curso sobre a construção teórica de. familiares, profissionais e pessoais. mensões relatadas pelos próprios. um perfil profissional do Educador. dos formandos, com o intuito de. Educadores e pelos empregadores. Social, alicerçado na prática socioe-. lhes “devolver” a imagem criada so-. diretos que neles reconhecem, fre-. ducativa do mesmo.. bre o seu perfil profissional, assim. quentemente, competências e sa-. O grupo de investigação, respon-. como os caminhos percorridos na. beres específicos para a intervenção. sável pela reflexão teórica e pelo. sua inserção no mundo do trabalho.. sociopedagógica.. trabalho empírico desenvolvido, é. A pertinência deste estudo justifi-. O grande desafio deste estudo é fa-. constituído por três professoras da. ca-se, também, pela fraca expressão. zer emergir características de uma. ESE de Paula Frassinetti que fazem. das pesquisas existentes neste âm-. matriz identitária de competências. parte do corpo docente do 1º ciclo. bito relativas ao Educador Social e,. do Educador Social formado pela. de estudos e formação pós-gradua-. ainda, pela necessidade de analisar. ESEPF, a partir de um conhecimen-. da, com experiência na orientação e. as competências desenvolvidas e os. to real e aprofundado dos contextos,. supervisão de estágios profissiona-. resultados das aprendizagens ad-. das condições e responsabilidades. lizantes na licenciatura em Educa-. quiridas pelos estudantes nas dife-. profissionais que lhe são atribuídas. ção Social.. rentes formações, tendo agora em. em ambiente de trabalho. Desta. Esta investigação resulta de um. conta a aplicação do processo de. forma, estará a ESEPF a contribuir. quadro contemporâneo exigente. Bolonha.. para a definição de competências. em que as instituições de ensino su-. de um perfil profissional específico. perior necessitam estar atentas aos. O estudo preliminar, já feito por. como é o do Educador Social, dan-. modos complexos como as trajetó-. esta equipa de investigação sobre as. do-lhe maior visibilidade e reconhe-. rias profissionais se constroem, de. trajetórias profissionais dos Educa-. cimento profissional.. forma a poderem oferecer aos seus. dores Sociais formados pela ESEPF,. estudantes diferentes possibilida-. tornou possível destacar a impor-. Ana Maria Serapicos. des de desenvolverem as competên-. tância de algumas dimensões es-. Impulsionadora da Educação Social na. cias necessárias à transição do am-. truturantes de uma prática socioe-. ESE de Paula Frassinetti. biente académico onde se formam. ducativa específica, no domínio do. José Luís Gonçalves. para o ambiente de trabalho onde. trabalho social. Dimensões como a. Diretor da ESE de Paula Frassinetti. poderão exercer uma profissão.. motivação pessoal para o desempe-. As transformações políticas, sociais. nho de uma profissão ligada à lógica. e económicas ocorridas no espaço. da transformação social e do desen-. europeu, a progressiva dificuldade. volvimento pessoal, a urgência de. em entrar no mercado de trabalho. uma ética de cuidado e o exercício. e as incertezas aí vividas, a convic-. do voluntariado, mostram-se mar-. ção de que “um emprego ‘para toda. cantes na construção e aquisição de. a vida’ é algo que os jovens não. competências específicas de quem. podem considerar como garanti-. trabalha com as complexidades. do” (Machado Pais, Cairns, Pappá-. próprias do Ser Humano.. mikail, 2005, p.109), motivaram o. Estas dimensões assumem parti-. grupo para esta investigação.. cular importância se pensarmos no. Paralelamente, estando a ESEPF a. Educador Social como um técnico. celebrar quase meio século de exis-. privilegiado da relação, da proximi-. tência e 16 anos de formação inin-. dade e do contacto com o outro, e. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 7.

(8) Trajetórias socioprofissionais dos diplomados em educação social da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti Ana Maria Serapicos Florbela Samagaio Gabriela Trevisan Cipaf — Esepf. 8. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(9) adequada aos contextos, às transfor-. culo à vida dos jovens portugueses.. mações, às mudanças, às incertezas,. As sociedades em geral procuram. às exigências para que foi remetida. um (re) equilíbrio constante. As ad-. a sociedade atual. É neste quadro. versidades fazem parte integrante. de fragilidades, que os jovens estu-. da vida das mesmas e, neste senti-. dantes do ensino superior tentam. do, a relação escola – mercado de. encontrar saída para os seus proje-. trabalho/emprego assume-se como. tos de vida. Convictos de se estarem. um desafio permanente. É funda-. a preparar para a vida ativa, eles. mental que a mão-de-obra e, neste. terão de contar com a imprevisibi-. caso, os jovens se qualifiquem para. lidade em conseguir o 1º emprego,. enfrentarem os desafios e as exigên-. com a instabilidade temporal des-. cias da sociedade. Pensa-se que o. Introdução. ses empregos e com o desempenho. “homem tem não só de viver da sua. profissional nem sempre associado. atividade, mas de viver de forma. As “certezas” que a formação acadé-. à área de estudo que frequentaram,. adequada às qualificações que ela. mica criava, como porta de entrada. na altura convictos de se estarem a. exige” (Adam Smith, cit por Teixei-. para o mundo do trabalho, passa-. preparar para a vida ativa.. ra Fernandes, 1991, p.19). ram a não ter correspondência real. As ideias de “geração suspensa”, do. Assim, as relações entre o sistema. na empregabilidade e nas funções. “prolongamento da juventude” ou. educativo, o sistema produtivo, o. profissionais desempenhadas.. da “geração ió-ió” têm vindo a ser-. desenvolvimento económico e so-. É fácil constatar que a regularidade. vir para definir esta imprevisibilida-. cial têm sido uma constante nos dis-. dos ciclos de vida, que passavam. de de percursos dos jovens na tran-. cursos quer dos políticos, quer dos. pela escola/formação/trabalho/in-. sição para o mercado de trabalho,. empregadores, quer ainda das famí-. serção na vida ativa/independência. sendo certo poder afirmar-se que:. lias que, com expectativas, investem. económica, desapareceu.. “(…) as novas gerações têm sido con-. no futuro dos seus filhos.. As estruturas ocupacionais muda-. frontadas de um modo particular. São evidentes as questões paralelas. ram com as alterações emergentes. com a erosão de certos marcos de. que destas relações emergem sendo. de uma mentalidade miscigenada. referência, até aí relativamente está-. do espaço científico, mas também. pelas tendências das sociedades. veis, no se que se refere a mecanis-. do espaço público, as análises e dis-. globalizadas. Sendo a novidade efé-. mos de socialização e transição para. cussões sobre as responsabilidades. mera, exige a adaptabilidade, a es-. a vida adulta” (Machado Pais, Cairns. das escolas, dos governos, a interli-. pecialização mas também a poliva-. e Pappámikail, 2005, pp.112-113).. gação do grau de alfabetização com. lência por parte de quem trabalha.. Também alterações recentes no. os mecanismos de reprodução so-. A precariedade económica desen-. mercado de trabalho, nomeada-. cial, a adequabilidade do perfil de. cadeia fragilidades sociais que se. mente a escassez de oferta e graus. competências adquiridas na Escola. refletem na não busca de bens cul-. de incerteza, levam a que exista:. às exigências laborais, às estratégias. turais e no não suporte financeiro. “(…) um reconhecimento implíci-. e mecanismos que estão por detrás. necessário às formações e especia-. to de que é preciso ter sorte, como. da oferta de emprego, das remune-. lizações que, por sua vez, exigem. se o trabalho pudesse ser sorteado. rações, da permanência dos diplo-. fatias significativas dos orçamentos. numa rifa de qualquer lotaria. O. mados nos primeiros empregos, da. familiares. E se, por um lado, é im-. certo é que o mercado de trabalho. vinculação e estabilidade dos postos. portante a preparação académica. apresenta para muitos jovens carac-. de trabalho, da forma como o Esta-. especializada, por outro, a poliva-. terísticas de lotado, isto é encontra-. do intervém na criação de oportuni-. lência e a flexibilidade remetem-nos. se retalhado em lotes, sujeito a uma. dades para os jovens escolarizados.. para a necessidade de se pensar em. crescente segmentação”.. A crescente dificuldade de entrada e. novos paradigmas profissionais.. (Machado Pais, 2001, p.17). inserção no mundo do trabalho dos. A “formação de banda larga” respon-. Contudo, este panorama de fragili-. jovens saídos da Escola, o desem-. de, por certo, de uma forma mais. dade não pode constituir um obstá-. prego e a precariedade dos vínculos. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 9.

(10) laborais, estão a fazer surgir novas. Deste modo, inicia-se com uma re-. configurações de exclusão económi-. flexão sobre questões educativas. ca e social, com efeitos significativos. alicerçadas na missão e projeto edu-. no que poderemos designar por ca-. cativo da Escola Superior de Educa-. racterização do nosso mercado de. ção de Paula Frassinetti. Parte-se,. trabalho.. de seguida, para a análise do papel desta Escola na contemporaneidade. Neste contexto, o trabalho que se. portuguesa, olhando em particular. apresenta tem os seguintes enfoques:. a emergência da Educação Social,. 2 Conhecer as formas de transição. e a necessidade de se tornar mais. dos jovens diplomados em Ed. So-. visível para um reforço da sua iden-. cial para o mercado de trabalho;. tidade profissional. Os conceitos. 2 Contribuir para a construção. e perspetivas sobre as trajetórias. teórica de um perfil profissional do. socioprofissionais são abordados. Educador Social, alicerçado na sua. no ponto seguinte, explorando-se. prática socioeducativa;. também os resultados do trabalho. 2 Identificar formas de mobilida-. empírico realizado a partir da apli-. de social e profissional dos diplo-. cação de um inquérito por ques-. mados em Ed. Social pela ESEPF;. tionário aos ex-estudantes do cur-. 2 Avaliar taxas de empregabilida-. so, entre os anos de 2007 e 2008.. de do curso de Ed. Social da ESEPF.. Termina-se com uma breve reflexão final sobre a contribuição do trabalho para a redefinição de um perfil específico da Educação Social.. 10. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(11) 1 A Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti: nos trilhos da tradição e da inovação.. como fins em si mesmo mas como condição necessária para o desenvolvimento das nossas competências nos mais diferentes níveis e domínios do saber, o que vem a refletir-se na vida pessoal, profissional e social. Os curricula deverão promover nos estudantes competências de imaginação, de viagens a locais distintos, que permitam o desenvolvimento de posturas éticas e reflexivas de abertura ao mundo, e enquanto indivíduos culturalmente criativos. Os curricula, mais do que desenvolverem apenas competências técnicas, deverão, então, impulsionar o desejo e curiosidade dos alunos (Hansen, 2010)1. Esta aquisição de competências está muito associada à. Como é sabido, o nosso século continua a estar forte-. escolarização porque se espera que seja pela Escola que. mente marcado por um conjunto convergente de acon-. o indivíduo se torne “mais competente” em relação aos. tecimentos sociais, políticos, culturais e económicos. que a não frequentaram, ou que a frequentaram com. que condicionam o Homem na sua relação com a vida.. insucesso. Com Maria do Céu Roldão (2008, p.11) di-. As transformações ocorridas ao nível demográfico, a. remos que. entrada da mulher no mundo do trabalho e as altera-. “ (…) há que organizar melhor, com mais eficácia, o tra-. ções familiares daí decorrentes, o desemprego, as novas. balho das escolas hoje, unicamente porque o sistema de. configurações familiares, os movimentos migratórios,. organização curricular uniformista e transmissiva que. as exclusões sociais, a alongada permanência no espa-. temos tido desde o século XIX, pensado para grupos. ço familiar e a inclusão tardia no mercado de trabalho. sociais mais homogéneos, é obviamente incapaz de ga-. dos jovens, os novos paradigmas das fases da vida, entre. rantir a aprendizagem de todos -, mas todos necessitam. outros, têm feito emergir enfoques teóricos e novas pos-. dela, numa sociedade a exigir crescente qualificação. turas de intervenção social.. particularmente ao nível do mercado de trabalho”.. A sociedade contemporânea, caracterizada por movi-. Além disso, vivemos num contexto de graves problemas. mentos de constante renovação e transformação de va-. ambientais, identificados a partir da degradação da na-. lores e ideais, formas de vida e organização individual,. tureza e da qualidade de vida da população mundial. Es-. pessoal e coletiva, apresenta-se, simultaneamente,. tes contextos obrigam à criação de novos imaginários,. como contexto de crescimento e de oportunidades va-. valores e estilos de pensamento que permitam o supe-. riadas mas, também, de vulnerabilidades que colocam. rar dessa crise. Como expõe Morin (1996), a complexi-. os indivíduos e as comunidades em situações de risco.. dade da realidade exige que saibamos como superar o. Se tradicionalmente, o risco se encontrava associado a. paradigma da disjunção, redução e unidimensionaliza-. populações ou grupos etários específicos, hoje conside-. ção, procurando um saber complexo, que nos permita. ra-se que, pelas diferentes instabilidades a que indiví-. distinguir sem desarticular, associar sem identificar ou. duos e grupos estão expostos, todos estamos sujeitos a. reduzir, através da formação de grupos que possam pra-. diferentes tipos de riscos – pessoais, coletivos, profis-. ticar a interdisciplinaridade e o diálogo entre saberes.. sionais, éticos, etc... – para os quais se torna necessário. Neste sentido, a ESEPF tem vindo a apostar na procura. um olhar atento e preparado (Xiberras, 1996, Paugam,. crescente de metodologias de ensino-aprendizagem que. 1996). Essa preparação passa, inevitavelmente, pela. possam reforçar nos seus estudantes as competências. aquisição de conhecimento produtor de competências. de complexificação das escolhas e decisões, enquanto. que garantam respostas adequadas às necessidades pes-. futuros educadores. Assim, a integração em linhas de. soais, sociais e profissionais. Pensamos que a instituição. investigação que trabalham as questões da problema-. escolar não mudou o suficiente, ao nível da sua organização e funcionamento, para garantir algo mais do que o conhecimento das matérias abordadas nos diversos currículos. Os conteúdos não poderão ser encarados. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 1  Comunicação do Prof. David Hansen no seminário interno de investigação, promovido pelo CIPAF/ESEPF, em 25 e 26 de Outubro de 2010, Porto.. 11.

(12) tização, bem como dos dilemas éticos na formação de. Os objetivos essenciais da Instituição a que esta Escola. Educadores Sociais, permitem aos estudantes o con-. pertence continuam, segundo as exigências dos tempos. tacto com realidades cada vez mais incertas onde a sua. e dos lugares, a assumir formas concretas no campo da. intervenção é, também, cada vez menos assente em sa-. educação e da assistência social. Preocupa-se, concreta-. beres únicos2.. mente, com a promoção de uma educação global que im-. Assim, grupos potencialmente expostos a riscos de. plica o desenvolvimento harmonioso do ser humano em. maus tratos, abandono familiar, exclusão social e po-. três dimensões: individual, comunitária e transcendente.. breza, a fenómenos como a violência urbana, a diversas. No que respeita à dimensão individual, pretende-se for-. dependências que põem em causa o bem-estar de cada. mar para:. um, comunidades migrantes e imigrantes, etc... neces-. 2 A liberdade e a responsabilidade;. sitam da intervenção de técnicos devidamente dotados. 2 A originalidade pessoal apoiada numa atitude críti-. de competências e saberes que permitam a prevenção e. ca e criativa;. intervenção em contextos socioeducativos fragilizados e. 2 A autonomia.. que façam prevalecer os mais elementares direitos hu-. Quanto à dimensão social ou comunitária, procura-se. manos. Com Adalberto Dias de Carvalho, diremos que. educar para:. a aplicação dos direitos humanos “…depende, cada vez. 2 O respeito pelas ideias dos outros;. menos, da sua declaração e, cada vez mais, das práti-. 2 A solidariedade com o mundo em que vivemos, de. cas e das representações que deles fazem os atores so-. modo especial com a comunidade circundante;. ciais, circunstância que implica a mediação educativa.”. 2 O compromisso na construção duma sociedade mais. (2001, p. 8).. humana e mais justa;. O objetivo inicial desta Instituição – Instituto das Irmãs. 2 A participação e o serviço;. de Santa Doroteia (1834) - era a educação de acordo. 2 A justiça;. com os contextos socioculturais e metodologias preco-. 2 A complementaridade.. nizados na época.. É atribuída uma importância significativa à dimensão. Desde a sua origem, e ao longo dos tempos, o Institu-. transcendente, uma vez que esta Instituição parte da. to foi explicitando a sua atividade através da educação. conceção de Homem como ser aberto ao transcendente.. sistemática e assistemática. À medida que o conceito de. No entanto, também assume o dever de respeitar a liber-. Educação foi evoluindo, a Instituição foi unificando o. dade de todos os formandos, ajudando-os à coerência. seu leque de atividades que procuram ser expressão de. com as suas posições/manifestações transcendentais.. um contributo para a educação ao longo da vida.. Pretende proporcionar a descoberta dessa dimensão (a relação e a fé no que acreditam) que lhes pode abrir os horizontes para a vivência e interpretação da realidade pessoal, dos outros e do mundo. Em síntese, a grande finalidade e objetivos da Instituição a que esta Escola pertence, presentes desde os seus primórdios, concentram-se num grande horizonte: a dimensão integral da formação do ser humano. Considerando que se trata duma Instituição que serve a sociedade, no domínio da educação, desde os anos setenta do século XIX, esta Escola não poderia deixar de estar profundamente mergulhada no cenário de exigências que perpassam a finalidade e os objetivos essenciais do seu modo de ser e de estar em Educação. Assim, esta insti-. 2  A título de exemplo da mobilização destas questões na formação de Educadores Sociais, sugerimos a leitura de Dias de Carvalho, Adalberto; Serapicos, Ana Maria; Samagaio, Florbela; Trevisan, Gabriela; Almeida, Walter; Magalhães, Igor; Faria, Álvaro (2011). Case 4.3: working with a gipsy family: a story from a Portuguese social educator, edited by Sarah Banks and Kristen Nohr. Practising social work ethics around the world: cases and commentaries. London: Routledge.. 12. tuição desde a sua origem (1963) até à passagem a Escola Superior de Educação, em 1988, tem procurado dar continuidade a este espírito fundacional, concretizando-o de acordo com o que é solicitado ao Ensino Superior, através dos diferentes cursos de formação inicial que a ESE. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(13) Paula Frassinetti promove, desenvolvendo competências nos profissionais que forma e dando resposta a alguns dos desafios e necessidades socioeducativas sentidas. O projeto educativo, científico e cultural da ESEPF perspetiva-se como um “espaço” de enriquecimento e aprofundamento de conhecimentos, capazes de garantir aos diplomados condições de eficácia profissional em contextos de intervenção socioeducativos diversificados. Identificando - se com a questão fundamental do processo de Bolonha “ (…) mudança do paradigma de ensino de um modelo passivo, baseado na aquisição de conhecimentos, para um modelo baseado no desenvolvimento de competências” (D.L. nº 74/2006 de 24 de Março), a Escola sentiu-se motivada a adequar os cursos que ministra às metodologias e princípios inerentes à nova postura de estar em Educação3. É preocupação da ESEPF prestar um serviço público, no campo da Educação, sério e adequado às constantes transformações que o mercado de trabalho vai apresentando. No seguimento do que foi anteriormente afirmado, sabe-se que “A formação inicial deve procurar, nos dias de hoje, desenvolver competências profissionais de banda larga e, simultaneamente, promover o desenvolvimento pessoal e social dos estudantes” (Saúde, Delgado, 2004, p.99). Assim, os jovens são socializados para a opção, numa lógica de liberdade de escolha como ética de vida (Machado Pais, Cairns, Pappámikail, op.cit., p.113). Pelo Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março, o grau de licenciado pelo ensino politécnico deverá preparar o indivíduo para o exercício de uma atividade de caráter profissional, com competências de compreensão, aplicação de conhecimentos e de resolução de problemas no âmbito da respetiva área de formação. Esta Escola, procurando concretizar os objetivos do Processo de Bolonha, coloca grande exigência na articulação entre a teoria e a prática, assim como na capacidade do “saber fazer” em contextos de trabalho. A mudança de paradigma tem sido uma evidência no tipo de trabalho que se desenvolve com o estudante, ajudando-o a construir um perfil desenhado com competências genéricas, onde se incluem as instrumentais, as sistémicas e interpessoais e as de natureza específica, com especial destaque para a componente experimental e de projeto.. 3 . Consultar anexo I – exigências de Bolonha.. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 13.

(14) 2 A ESEPF inovando: a emergência da Educação Social. Educação, Ciências Sociais e do Comportamento, Hu-. A Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti. grupos, instituições, etc....). acreditando que, pela formação e educação, poderia. 2 Adotar uma postura de adequabilidade face às rea-. ajudar a construir uma sociedade mais justa e coesa for-. lidades de intervenção. ma, desde 1996 , Educadores Sociais preparados para. 2 Identificar e saber utilizar os diferentes serviços,. intervir junto de populações diferenciadas quanto às. instituições e equipamentos sociais e educativos. suas motivações, às suas expectativas, ao seu estatuto. 2 Reconhecer a necessidade do trabalho em rede. social, às suas necessidades e aos seus projetos de vida.. (redes sociais de apoio, trabalho comunitário, equipas. Com a Licenciatura em Educação Social (pré-Bolonha). multidisciplinares...). quis esta Escola formar profissionais para responde-. 2 Articular saberes das diferentes áreas de conhecimento. rem a necessidades de cariz socioeducativo sentidas. 2 Aceitar e valorizar a diversidade social, étnica e cultural. por sociedades complexas e em permanente mudança.. 2 Trabalhar em equipas pluridisciplinares. Pretendeu-se, assim, uma formação de carácter profis-. 2 Ser autónomo e criativo. sionalizante, que habilitasse o Licenciado para a inter-. 2 Ter sensibilidade social. venção socioeducativa, em diferentes campos de ação. 2 Ter pensamento reflexivo e prospetivo. 4. manidades, Ciências Exatas e da Natureza, Línguas e Literaturas, Educação Artística e Motricidade Humana, que o tornem competente para: Competências Gerais 2 Identificar problemas sociais e educativos em contexto de trabalho 2 Caracterizar realidades sociais (meios envolventes,. e educação não formal. Privilegiava-se uma formação académica, baseada no desenvolvimento de competên-. Competências específicas. cias gerais e específicas, estruturantes de um perfil exi-. 2 Elaborar e aplicar instrumentos de diagnóstico em. gente ao nível dos saberes SER, ESTAR e FAZER.. contextos socioeducativos. O Plano de Estudos contemplava um conjunto de co-. 2 Tratar e analisar informações de diagnóstico em. nhecimentos do domínio da Pedagogia Social, da So-. contextos socioeducativos. ciologia, das Políticas e Serviços Sociais, da História, da. 2 Conceber e desenvolver projetos de intervenção so-. Psicologia, das Expressões, da Antropologia e da Ética. cioeducativos. e Deontologia Profissional. A par desta formação geral,. 2 Planificar e executar projetos de intervenção so-. um outro conjunto de unidades curriculares – mais es-. cioeducativos. pecíficas - completava e reforçava a definição do perfil. 2 Avaliar resultados da implementação de projetos. do Educador Social formado por esta Escola.. socioeducativos. A articulação dos saberes teóricos adquiridos em con-. 2 Conhecer e mobilizar metodologias e técnicas de. textos curriculares com a conceção, planificação e. intervenção socioeducativas. desenvolvimento de projetos em diversos contextos. 2 Ajudar a desenvolver a autonomia, a integração, a. socioeducativos proporcionavam ao formando, em. participação e a criatividade dos indivíduos e grupos. estágio, a aprendizagem de metodologias de interven-. 2 Saber gerir conflitos junto das populações-alvo. ção que o preparavam para o desenvolvimento pro-. 2 Conhecer e saber aplicar as funções dos equipa-. fissional. Atualmente o estudante formado pela ESE. mentos, instituições e serviços socioeducativos. de Paula Frassinetti deve possuir conhecimentos em. 2 Desenvolver competências técnicas, interpessoais e. diferentes áreas do saber, nomeadamente Ciências da. sociais necessárias ao trabalho de terreno 2 Desenvolver intervenções guiadas pela responsabilidade cívica e social. 4  Portaria Ministerial nº 277/96 de 20 de Julho, aprovação do Bacharelato em Educação Social, convertido posteriormente em Licenciatura Bi -etápica em Educação Social pela Portaria nº 532-J/2000 de 31 de Julho. 14. 2 Aplicar metodologias e estratégias facilitadoras de uma prática adequada aos contextos sociais. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(15) A par destas competências, outras, de carácter transver-. vezes em causa a resistência emocional dos investigado-. sal, são trabalhadas ao nível da formação inicial e pós. res: não somente não são evitados, mas são procurados. graduada tais como, ética e valores; comunicação; rela-. pela comunidade científica” (Orange, 2012, p.52-53).. cionamento interpessoal e pensamento crítico.. Com a preocupação de valorizar a formação com vista. O carácter profissionalizante foi, desde a criação do. ao exercício da atividade profissional de Educador So-. curso em 1996, uma preocupação e uma exigência da. cial, a ESEPF tem em consideração o seguinte:. formação em Educação Social. Para se proporcionar. 1 Haver dois estágios (Estágio I e Estágio II) com o. essa formação, a ESEPF mantém protocolos com várias Instituições onde os seus estudantes aprendem a obser-. objetivo de ir preparando o aluno pela observação, des-. var, a descobrir, a integrar-se, a conceber e a desenvol-. coberta e experiência de pequenas intervenções, para o. ver projetos de Intervenção Socioeducativos. Toda esta. Estágio Profissionalizante.. formação é supervisionada por um docente da Escola. 2 Atribuir ao Estágio Profissionalizante um número. e acompanhada, no terreno, por um orientador/técnico superior responsável na Instituição onde se desenvolve. de créditos elevado para dar possibilidade ao aluno de. o estágio. O constante contacto com os estudantes em. aplicar conhecimentos, metodologias e estratégias em. contextos de estágio e com os orientadores, proporcio-. contexto de trabalho.. na tempos de reflexão e de busca de soluções metodo-. 3 Definir objetivos para os diferentes estágios, tendo. lógicas de grande importância para a formação profissional. A este nível, os estudantes deverão conseguir 5. sempre em vista a progressão no âmbito do Saber Fazer7.. desenvolver diferentes competências instrumentais/ técnicas, interpessoais e sistémicas que permitam um. A aplicação dos conhecimentos teóricos, em diferentes. tipo de intervenção, orientada para problemas específi-. dimensões do saber, e em estreita articulação com as. cos, dentro de um quadro de referências e competências. metodologias e experiências associadas à prática profis-. associadas ao desempenho do Educador Social .. sional, conduz à conceção e desenvolvimento de proje-. Em síntese, o licenciado em Educação Social deverá. tos socioeducativos na área dos diferentes contextos de. estar devidamente apetrechado para saber fazer abor-. intervenção.. dagens profissionais no âmbito das competências asso-. A avaliar pelos inquéritos realizados aos estudantes,. ciadas ao perfil profissional do Curso, nomeadamente. durante o processo de avaliação interna do curso de. a capacidade de resolução de problemas relacionados. Educação Social8, a componente da prática pedagógica. com a sua área de intervenção. Daí a importância da. é um dos aspetos mais reconhecidos e valorizados pelos. problematização para a aquisição e desenvolvimento de. estudantes e ex-estudantes da ESE de Paula Frassinetti.. competências para, criticamente, selecionar informação. As saídas profissionais deste curso articulam-se per-. relevante sabendo fundamentar, argumentar, justificar. feitamente com as necessidades não só da região em. e aplicar as opções, o que proporcionará e facilitará ao. que se insere a ESE de Paula Frassinetti, como com. licenciado em Educação Social a autonomia indispensá-. as necessidades do país, dada a presença de proble-. vel para um profissionalismo fundamentado, rigoroso e. mas que atingem amplamente o tecido social em. independente. Tal como sustenta Orange (2012):. Portugal e a capacidade dos nossos diplomados em. “(…) Na vida corrente, os problemas são tidos como ne-. encontrar respostas sociopedagógicas adequadas às. gativos; eles são, de uma certa maneira suportados. Pelo. problemáticas em questão. As entidades emprega-. contrário, no trabalho científico, os problemas são vistos. doras, reconhecendo o perfil profissional dos nos-. como desafios intelectuais, mesmo se estes colocam por. sos estudantes, frequentemente solicitam à Escola,. 6. a indicação de finalistas integrando-os na vida ativa. Reconhecem a missão da ESE de Paula Frassinetti, 5  A título de exemplo, salientam-se alguns desses contextos: Lares de Infância e Juventude, CPCJ’s, Equipas de RSI e de Segurança Social, Escolas e Escolas TEIP, Apartamentos de autonomização, Hospitais, Projetos de desenvolvimento local e comunitário, Centros de convívio, Lares de Idosos, Instituições para Deficientes, etc… 6  A este respeito, importa sublinhar a introdução da metodologia dos “Dilemas Éticos” com os estudantes de Estágio Profissional. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 7  Ver anexo 2 – Objetivos de Estágio em Educação Social. 8  Relatório de Autoavaliação do Curso de Licenciatura Bietápica em Educação Social, Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, 2010-2011.. 15.

(16) adquirida ao longo de quase cinco décadas, mantendo-se fiel aos seus princípios e objetivos e respondendo, com abertura, às exigências e desafios dos tempos, ao promover preparação científica, pedagógica, inovadora e investigativa.. 3 A visibilidade da Educação Social Se lançarmos um olhar retrospetivo ao caminho percorrido pela Educação Social em Portugal, facilmente concluímos da crescente aceitação desta profissão e do seu reconhecimento nas dinâmicas institucionais. Sinais explícitos remetem-nos para a visibilidade que, a pouco e pouco, estes profissionais vão ganhando: o aparecimento continuado desta licenciatura no Ensino Superior, a criação de pós-graduações e de mestrados, a publicação de revistas e livros, a organização de seminários e congressos etc. A afirmação conseguida deve-se muito, em nosso entender, à pluralidade de funções exercidas pelos Educadores Sociais, à sua complementaridade junto de outros saberes profissionais, à facilidade como sabem e são capazes de passar dos contextos académicos para os contextos de trabalho onde o “saber fazer” é indispensável à. “Agimos a partir da ideia de que a finalidade da ação educativa é capacitação dos sujeitos para a vida social. O nosso objectivo é conseguir a promoção e a participação social activa das pessoas, dos grupos e das comunidades com quem trabalhamos, para que compreendam os seus direitos e assumam as suas responsabilidades”. orientação e resolução dos problemas, à consciência de um saber não acabado. Apesar desta crescente afirmação, identificamos a existência de obstáculos a um mais forte reconhecimento social destes profissionais, que poderemos atribuir a vários fatores: A À não clarificação das funções que o Educador Social desempenha porque muitas vezes confundido com outros trabalhadores da área social, como os Assistentes Sociais e os Animadores Socioculturais. Urge esclarecer que o papel do Educador Social é fundamentalmente pedagógico, sustentado por um conhecimento teórico-prático e por princípios éticos que respeitam e defendem os mais elementares princípios dos direitos humanos. A Associação Internacional dos Educadores Sociais (AEIJ) já em 2001, na Declaração de Barcelona, afirmou:. 16. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(17) Ao ambicionar integrar o sujeito na sociedade, ajudan-. Sabemos da importância das competências instrumen-. do-o a compreender o seu contexto de vida, motivan-. tais que o preparam para a utilização de metodologias,. do-o para a construção de projetos que lhe proporcio-. técnicas e estratégias de intervenção, a par do conhe-. nam a possibilidade de realização pessoal, diremos com. cimento das funções dos vários equipamentos e redes. Glória Pérez Serrano (2003, p.129) que os objetivos da. sociais de apoio; da importância das competências in-. Educação Social são desenvolver a maturidade social;. terpessoais que o dotam de um pensamento crítico e re-. promover as relações humanas e preparar o indivíduo. flexivo para o saber aceitar a diferença e ser imparcial na. para a convivência na comunidade.. resolução de conflitos; da importância das competências. “O saber pedagógico oferece (ao Educador Social) ins-. estratégicas para a otimização da intervenção valorizada. trumentos conceptuais de carácter abrangente, de acor-. pela capacidade criativa e de improviso que a todo o mo-. do com as exigências da atividade educativa, valorizada. mento necessita ter. Para isso, é crucial uma dose neces-. simultaneamente como arte, como ciência, como técni-. sária de autonomia e segurança que lhe confira confiança. ca e como filosofia” (Carvalho, Baptista, 2004, p.83).. junto da pessoa ou dos grupos com quem interage. É ur-. Ora, a avaliação do seu papel educativo implica tempo,. gente saber que este profissional se caracteriza. o tempo necessário que a mudança de mentalidades e. “… pela enorme capacidade de percepcionar a realidade,. dos comportamentos normalmente exige.. reflectir, adaptar-se às dificuldades e encontrar saídas possíveis para os múltiplos problemas de âmbito social.. B À investigação produzida que ainda é exígua mas que. Por isso, a sua formação profissional deverá ser rigoro-. reconhecemos ser fundamental para a afirmação desta. sa articulando o conhecimento, a formação pedagógica. profissão. O Educador Social terá de produzir conheci-. reflectida com uma cultura actual e crítica, fundamen-. mento que torne visível a matriz teórica em que se ins-. tal à leitura e compreensão do mundo, à capacidade de. creve a sua prática, a par dos resultados conseguidos no. orientação e decisão que, a cada momento, terá de to-. desenvolvimento dos projetos de intervenção. Por se. mar” (Serapicos, 2006, p.7). tratar de um profissional do terreno, um constante confronto entre teoria e prática, refletido e analisado, criará. D Ao ainda pouco investimento, por parte dos profissio-. condições de produzir conhecimento com saberes especí-. nais, na sua formação ao longo da vida e em formações. ficos pedagógico-sociais que sustentam a sua praxis pro-. pós graduadas para enfrentar a rápida obsolescência.. fissional. Mas, porque esta investigação socioeducativa se. Para a não cristalização dos referentes teóricos, técni-. alicerça normalmente em posturas de investigação ação,. cos e pedagógico - profissionais, a formação ao longo da. a investigação em Educação Social é extraordinariamente. vida dá oportunidade de evoluir na direção dos desafios. complexa. O investigador vê-se constantemente na en-. que o desempenho profissional vai exigindo.. cruzilhada das fontes de informação, do duplo papel de. O Educador Social, tal como os demais profissionais,. investigador/ator, da tomada de decisões, da definição. necessita acompanhar a dinâmica do tempo e do co-. de prioridades, do cruzamento das imensas variáveis que. nhecimento com uma atitude de abertura em relação. poderão ou não ir ao encontro das sensibilidades pessoais.. às oportunidades de atualização que vão surgindo, com. “Tal como argumenta Monteiro a Investigação-Acção. frequência, nos estabelecimentos de Ensino Superior e. assume-se (…) um processo no qual os investigadores. noutros espaços de formação.. e actores conjuntamente investigam sistematicamente um dado e põem questões com vista a solucionar um. Os tempos atuais não se compadecem com a falta de. problema imediato vivido pelos actores e a enriquecer o. atualização; por isso, a importância da autoformação e. saber cognitivo, o saber-fazer, o saber-ser, num quadro. da consequente implicação do sujeito na construção do. ético mutuamente aceite (…)” (Monteiro, 1995 in Guer-. seu próprio saber.. ra, 2005, p.53).. A criatividade e a inovação, num momento de elevada concorrência no mercado de trabalho e desemprego, fazem a. C Ao desconhecimento, por parte da sociedade em ge-. diferença. Como defende Roberto Carneiro (2001, p.76). ral, das suas competências, nomeadamente de carácter. “nunca, como hoje, se apelou tanto à capacidade de apren-. instrumental, interpessoal e estratégicas que tanto ca-. dizagem generativa – aquela que assenta no pensamen-. racterizam a sua profissão.. to diferente e na busca de soluções não convencionais”. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 17.

(18) Pós-graduações especializadas, mestrados e doutoramentos são alguns dos caminhos que, numa atitude assumida de educação vitalícia, poderão conduzir a uma investigação que “levada a cabo ligando tendências mundiais e europeias às novas exigências de competências necessárias e de perfis profissionais desejáveis é muito elucidativa. A mudança em curso quer na organização do trabalho, quer no funcionamento das sociedades demanda aptidões de adaptação e de inovação cada. 4 Trajetórias Socioprofissionais dos diplomados da ESEPF. vez mais críticas” (Carneiro, 2001, p.39).. 4.1 O estudo das trajetórias. Salienta-se, assim, a corresponsabilidade das Institui-. Este estudo pretende apresentar as trajetórias sociopro-. ções Escolares, enquanto unidades criativas de conteú-. fissionais de diplomados em Educação Social. Torna-se. dos educacionais, para a oferta de formação diversifica-. fundamental, desde logo, justificar a seleção do termo. da e atualizada que devem disponibilizar.. trajetória. A trajetória implica referenciais contextuais e. Na Cimeira Europeia de Lisboa, em Março de 2000,. uma ideia de permanente continuidade, ou seja, de mo-. referia-se que os sistemas educativo e de formação eu-. vimento, contrariamente à ideia de simples trajeto que. ropeus necessitavam de ser adaptados às exigências da. aponta para um percurso, individual, mas relativamen-. sociedade do conhecimento, à necessidade de um maior. te fechado em termos de focagem analítica face àqueles. nível e qualidade do emprego e que teriam de oferecer. referenciais.. oportunidades de aprendizagem e de formação concebi-. A análise das trajetórias dos jovens e das problemáticas. das para grupos-alvo em diferentes fases das suas vidas:. de inserção profissional, ganha interesse no campo da. jovens, adultos desempregados e as pessoas emprega-. investigação, em particular, desde a década de 70 do sé-. das que correm o risco de ver as suas competências ul-. culo passado. As modificações sociais e económicas no. trapassadas pela rapidez da mudança.. espaço europeu e, sobretudo, a ideia de que a entrada. Poderemos, ainda, dizer que o reconhecimento do Edu-. no mercado de trabalho e as situações aí vividas se tor-. cador Social poderá estar dependente das dinâmicas da. navam cada vez mais difíceis e/ou precárias, motivou. sociedade em geral e da valorização que essa sociedade. essas mesmas investigações (Trottier, 2000).. atribui ao seu trabalho educativo e de intervenção social,. Podemos afirmar que uma parte significativa dos pri-. caracterizado pela ajuda que dá na descoberta de cami-. meiros estudos sobre as trajetórias socioprofissionais. nhos que vão no sentido do bem-estar da pessoa. Final-. trabalha a noção no sentido da mobilidade social as-. mente, como parte dos fatores que contribuem para uma. cendente. Acreditava-se que, no caso dos diplomados. “indefinição” do educador social, poderão referir-se, tal. pelo ensino superior, a mobilidade a verificar seria ne-. como apontam Romans, Petrus e Trilla (2003): a exis-. cessariamente ascendente (Dubar, 1992). Contudo, a. tência de um campo de trabalho amplo e de diferentes. viragem da economia nos anos 70, fortemente marcada. visões sobre o que é “intervenção educativa”; a sobrepo-. pela crise petrolífera, arrasta consigo outras problemá-. sição de tarefas com outros profissionais da área “social”;. ticas associadas à noção de trajetória. Deste modo, as. as incertezas nas contratações e nas carreiras, e a instabi-. transformações sociais, resultantes duma introdução. lidade do mercado de trabalho social.. mais acentuada da tecnologia no mundo de trabalho, o aumento do desemprego, as dificuldades de acesso ao mercado de trabalho/emprego, entre outros, fazem emergir como objetos de estudo privilegiados, os problemas de entrada na vida ativa e as questões associadas à transição e mobilidades profissionais, mais concretamente as que dizem respeito à reconversão das próprias trajetórias socioprofissionais. Sem dúvida, que este contexto de incerteza e risco (Fernandes, 2006; Beck, 1992) reconfigura não só as trajetórias socioprofissionais como também a sua análise.. 18. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(19) Atualmente, a análise das trajetórias pode envolver não. Neste primeiro momento, ensaia-se a compreensão da. só a mobilidade profissional propriamente dita mas. inserção profissional como um processo, pretendendo. igualmente as passagens dos indivíduos por tempo de. retratar não apenas o papel da formação nessa inser-. formação ao longo da vida, assim como o afastamento. ção, mas também a diversidade na construção dessas. do mercado de trabalho e a procura ativa de emprego.. trajetórias. No segundo, através de entrevistas em pro-. A esfera da vida profissional não se separa necessaria-. fundidade a diplomados, pretender-se-á um olhar sobre. mente da pessoal. Os ciclos de vida complementam-se,. o modo como essa inserção foi construída e vivida, re-. entrecruzando-se.. lacionando-se a mesma com outras dimensões impor-. A ideia da diversidade é concomitante da ideia de tra-. tantes na vida dos atores, nomeadamente, de carácter. jetórias (Paugam, 2003). Neste sentido, justificamos,. pessoal e familiar9.. uma vez mais, a opção pela designação de trajetória. Assim, seguindo as definições de Dubar, as trajetórias. enquanto conceito estruturante da análise empreendi-. objetivas pretendem analisar uma sequência de posi-. da na medida em que são várias as trajetórias sociopro-. ções que se alteram ao longo da vida dos atores, medi-. fissionais preconizadas pelos diplomados em Educação. das em categorias estatísticas (escolares, profissionais,. Social. Importa salientar a ideia da diversidade das tra-. familiares…), enquanto as subjetivas incidirão no rela-. jetórias e percursos dos jovens na inserção profissional. to biográfico que os sujeitos efetuam sobre si próprios,. e na passagem entre sistema educativo e sistema pro-. analisando-se os mundos sociais dos mesmos e as lin-. dutivo. Outra ideia que começa a dissipar-se é a de que. guagens utilizadas por cada ator no modo como “fala. as dificuldades na inserção no mercado de trabalho se. sobre si mesmo” (Dubar, 1998, p.1). Para Dubar, como. ligavam intimamente com o fenómeno do desemprego,. de resto para diferentes autores, um estudo das trajetó-. para se procurar entender outras realidades, como a. rias de profissionais, entendido também como processo. dos jovens que, apesar de integrados já no mercado de. identitário – ou ainda, como processo de construção. trabalho, encontram dificuldades em estabilizar-se e em. de identidades específicas – deverá contemplar os dois. aceder a empregos onde possam, de modo efetivo, de-. universos.. sempenhar as funções para as quais se encontram pre-. A aquisição de competências, de códigos de leitura es-. parados (Trottier, 2000, Guerreiro e Abrantes, 2005).. pecíficos da realidade, assim como de princípios e prá-. Por outro lado, o postulado da adequação formação-. ticas deontológicas, contribui para a construção e orga-. -emprego (Trottier, 2000) problematiza-se, no sentido. nização de um perfil profissional, abrindo-se caminho. em que se torna possível aceder a um emprego por vias. para a socialização profissional (Dubar, 1996). Para este. diversas de formação, com exceção de categorias pro-. autor, “(…) la professionnalité des individus impliquant. fissionais altamente especializadas; de que a formação. l’articulation de trois processus:. ao longo da vida joga um papel crucial na construção de. — le processus de formation initiale et continue des. perfis profissionais ajudando a desenvolver competên-. compétences par l’articulation des diverses sources de. cias diversas. Tal como será possível também observar. celle-ci: savoirs formalisés, savoir-faire, expérience;. ao longo deste trabalho “(…) a relação formação-em-. — le processus de construction et d’évolution des em-. prego não é automática, mecânica e se, a formação é na. plois et de leur codification dans des systèmes d’emploi;. realidade uma condição necessária para aceder ao em-. — le processus de reconnaissance des compétences, résul-. prego ela não é, seguramente, uma condição suficiente”. tat du jeu des relations professionnelles.” (Idem, p.170).. (Trottier, 2000, p.97).. Este estudo poderá constituir um primeiro momento. O estudo das realidades de inserção dos jovens no merca-. de análise sobre a noção de trajetória socioprofissional. do de trabalho pode, em bom rigor, assumir diferentes for-. aplicada aos diplomados em Educação Social da ESEPF.. mas e enfatizar perspetivas diversas de análise. No nosso. A trajetória constitui uma noção vasta e dinâmica que. caso, pretende-se estruturar este estudo em dois momen-. acompanha(rá) o Educador Social enquanto profissional. tos distintos, ainda que complementares: um, de carácter. individual e, ao mesmo tempo, como membro de uma or-. mais objetivo, versando sobre os caminhos de formação e. ganização profissional.. trajetórias; outro, mais subjetivo, de análise das narrativas dos atores de emprego e inserção, neste caso, os diplomados propriamente ditos (Trottier, 2000, Dubar, 1998).. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 9  A segunda fase do estudo, de caráter mais interpretativo e qualitativo, está já em execução, pela equipa.. 19.

(20) 4.2 Processo metodológico. dade do próprio instrumento de recolha de informação,. O conhecimento das trajetórias socioprofissionais dos. assim como a compreensível desatualização dos endere-. diplomados em Educação Social da ESEPF torna-se. ços dos diplomados10.. fundamental numa altura em que esta Escola celebra. No sentido de operacionalizar a noção de trajetória so-. quase meio século de existência e 16 anos de formação. cioprofissional, o inquérito estruturou-se em torno de 6. de Educadores Sociais. Trata-se não só de avaliar um. dimensões de análise que a equipa de investigação con-. percurso institucional técnico e científico como também. siderou fundamentais:. e, fundamentalmente, de conhecer as trajetórias sociais,. I A caracterização sociodemográfica que engloba não. académicas, familiares, profissionais e pessoais dos for-. só dados de identificação do próprio inquirido, como. mandos que, entretanto, se licenciaram, “devolvendo-. igualmente alguns dados de caracterização dos familia-. lhes” a imagem, construída do ponto de vista científico,. res, designadamente dos progenitores e cônjuges;. de quem são, o que fazem, onde trabalham, como per-. II Motivos de escolha do Curso de Educação Social e da. cecionam o seu curso/formação assim como a respetiva. Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti. Esta. inserção no mundo profissional.. dimensão de análise engloba questões do tipo semia-. Ao longo de, sensivelmente, uma década, a Escola Su-. bertas e questões do tipo abertas, possibilitando ao in-. perior de Educação de Paula Frassinetti formou cerca. quirido uma relativa margem de liberdade de expressão. de 444 Educadores Sociais. Este conjunto constituiu o. sobre os motivos que antecederam e/ou condicionaram. universo de análise do nosso estudo.. as suas opções. É fundamental conhecer as razões que. A recolha de informação foi efetuada através de in-. levam o jovem a optar pela profissão de Educador So-. quérito por questionário e ocorreu entre os meses de. cial, sendo esta uma profissão de elevado valor huma-. Outubro de 2008 e Janeiro de 2009, tendo sido o seu. no e de significativa responsabilidade cívica. Por outro. lançamento realizado em dois momentos. Assim, num. lado, interessa à ESEPF conhecer a sua posição/valo-. primeiro momento, o inquérito foi dirigido à totalida-. ração académica e simbólica no mercado de oferta do. de dos diplomados via correio eletrónico. Embora de. Ensino Superior em Portugal ao nível da formação em. resposta anónima, a receção foi controlada do ponto. Educação Social.. de vista metodológico, em condições ditas normais de. III Ingresso na ESEPF. O ingresso na ESEPF e, funda-. investigações desta natureza, através da identificação. mentalmente, a frequência por parte do inquirido de. dos endereços eletrónicos, salvaguardando-se a confi-. uma licenciatura que implica 4 e/ou 3 anos, conforme. dencialidade dos inquiridos e dos respetivos dados. A. se trate do curso antes do processo de Bolonha e/ou. sua receção foi feita por um elemento exterior à equipa.. após o mesmo, torna-se num momento de vida particu-. Sendo um dos objetivos principais do estudo analisar. larmente significativo para o inquirido. É, seguramente,. uma década de formação de educadores sociais, é com-. um período de investimento pessoal, de empenho, de. preensível a constatação da desatualização de alguns. sociabilidade, de dificuldades, de desenvolvimento pes-. dos endereços eletrónicos assim como a ausência de. soal e social, pelo que se torna importante auscultar o. outros, na medida em que as tecnologias de informação. inquirido.. e comunicação não estariam tão vulgarizadas à época. IV Ingresso no primeiro emprego. Esta dimensão de. como atualmente. Deste modo, tornou-se necessário. análise, por sua vez, permite verificar a primeira apro-. operacionalizar um segundo momento de recolha de in-. ximação do recém-formado ao mercado de trabalho.. formação, desta vez, via postal.. Indicadores como, por exemplo, tempo de espera para. O inquérito por questionário foi dirigido à totalidade. colocação, tipo de vínculo contratual, tipo de função. dos diplomados em Educação Social da ESEPF (entre os. exercida, entre outros, possibilitam uma análise da in-. anos de 1999 e 2008, ou seja, 444 educadores sociais). A. serção profissional experienciada pelo educador social.. receção dos mesmos foi aleatória. Foram considerados. V Ingresso no emprego atual. Esta dimensão de análise,. 165 inquéritos válidos, o que aponta para uma taxa de. para além de permitir uma comparação com o ingresso. retorno de 37%, taxa ligeiramente acima dos 30% es-. no 1º emprego, faculta a informação sobre uma even-. tipulados para a validação do processo de aplicação do inquérito. Considera-se uma taxa satisfatória, especialmente se tivermos em conta a extensão e a complexi-. 20. 10  O inquérito por questionário aplicado poderá ser consultado e pedido à equipa de investigação, através de envio de email para cipaf@esepf.pt.. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

(21) tual mobilidade social e profissional, exercida por parte. prender-se, por um lado, com a necessidade que os di-. dos inquiridos em estudo, contribuindo para uma ope-. plomados sentem em “ganhar” experiência profissional. racionalização da própria noção de trajetória.. onde possam solidificar parte dos conhecimentos ad-. VI Avaliação global da formação adquirida na ESEPF.. quiridos; com a necessidade de obterem alguma auto-. A ESEPF, através das respostas dadas pelos inquiri-. nomia financeira relativamente aos seus progenitores;. dos, obtém um conhecimento sobre o seu próprio de-. ou mesmo com a necessidade de pararem os estudos. sempenho enquanto instituição qualificada de Ensino. durante um período e poderem retomá-los; ou, final-. Superior. Não será demais lembrar que estes proce-. mente, com o facto de muitos destes diplomados não. dimentos, levados a cabo por estudos avaliativos, en-. seguirem carreiras “académicas” que implicam, neste. contram-se intimamente relacionados com as práticas. caso, o investimento no aumento das qualificações12.. de autoavaliação, indispensáveis a uma regulação do funcionamento das Universidades e das Instituições de. Tabela 1. Ensino Superior em conformidade com o Regime Jurí-. Habilitações literárias dos familiares dos inquiridos. dico das Instituições de Ensino Superior (RJIES) (Lei nº 62/2007, artigo 24º, alínea 2) – “constitui obrigação. Pai. Mãe. Cônjuge. de cada instituição proceder à recolha e à divulgação de. Não sabe ler/escrever. 0%. 1%. 0%. informação sobre o emprego dos seus diplomados, bem. Sabe ler e escrever sem grau. 1%. 2%. 0%. como sobre os seus percursos profissionais”.. Ensino primário (4ª classe). 41%. 50%. 1%. Ensino preparatório. 16%. 16%. 2%. 19%. 16%. 4%. 10%. 7%. 15%. 6ª classe, ciclo preparatório. 4.3 Análise dos resultados. Ensino secundário unificado. 4.3.1 Caracterização sociodemográfica dos inquiridos. 9º ano, antigo 5º ano. Tal como na maioria dos cursos de ensino superior em. Ensino secundário complementar. Portugal, as taxas de feminização parecem aqui verificar-. 12º ano/propedêutico. se, também. De facto, ao longo dos seus 16 anos de exis-. Bacharelato. 1%. 2%. 2%. tência na ESEPF, o curso de Educação Social tem sido. Licenciatura. 4%. 4%. 7%. frequentado por um número significativo de elementos. Mestrado. 1%. 0%. 1%. do sexo feminino como acontece, aliás, com a maioria. Doutoramento. 1%. 0%. 0%. dos cursos na área da Educação e das Ciências Sociais11.. Não responde. 7%. 4%. 68%. Os concelhos e distritos de residência dos inquiridos, como seria de esperar, concentram-se em áreas geográ-. Como podemos observar pela análise dos resultados rela-. ficas próximas da ESEPF. Destacam-se, neste sentido, os. tivamente às habilitações literárias da família de origem,. distritos do Porto (76%) e Braga (5%). Ao nível da análise. verifica-se que na maioria dos casos se podem registar fe-. por concelho, os valores mais significativos dizem respei-. nómenos de mobilidade social ascendente dos filhos rela-. to aos seguintes: Gondomar (13%); Porto (10%); Valongo. tivamente aos seus pais/famílias de origem. Efetivamen-. (8%); Viana do Castelo (8%) e Vila Nova de Gaia (6%). De. te, a massificação e democratização do acesso ao ensino. resto, a tendência para a proximidade entre instituições. superior permite, hoje, que cada vez mais estudantes, in-. de ensino superior e a casa paterna tem sido encontrada. dependentemente das origens sociais, possam frequen-. por diferentes estudos de instituições de ensino superior. tá-lo. Às famílias de origem está frequentemente ligada. (Teixeira, 2008; Sá; Delgado, 2007).. a ideia de que a obtenção do diploma constitui um “pas-. A maioria dos inquiridos completou o grau de licencia-. saporte” para o acesso a oportunidades de vida que estas. tura não se encontrando, no momento, a realizar ne-. não obtiveram e à construção de uma vida melhor e mais. nhuma formação/especialização de tipo pós graduada,. estável que a sua. Assim, ainda que com o aumento do. como mestrado ou doutoramento. Esta escolha poderá. número de desempregados possuidores de diplomas de. 11  No ano letivo de 2007-08, por exemplo, encontravam-se inscritos em cursos de Educação 6816 estudantes, sendo 5766 mulheres e 1050 homens (INE, disponível em www.ine.pt).. 12  No ano letivo de 2010-2011, e após a abertura do Mestrado em Intervenção Comunitária (2008), um número significativo de nossos ex estudantes frequenta aquela formação.. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF. 21.

(22) ensino superior, os dados apontam para maiores situa-. Assim, a maioria dos pais dos inquiridos possui o ensino. ções de desemprego e de precariedade entre jovens que. primário (antiga 4ª classe) – 41% - seguido do ensino se-. não as possuem. Tal como argumenta Trottier, “Mesmo. cundário unificado (antigo 5º ano, atual 9º ano) – 19%. que os jovens diplomados que saem do ensino pós secun-. - e o atual segundo ciclo (antigo ensino preparatório/. dário sejam também confrontados com dificuldades de. antiga 6ª classe) – 16%. Já relativamente às mães dos. inserção, são os jovens subescolarizados que encontram. inquiridos, verificamos um ligeiro aumento ao nível da. mais dificuldades (…)” (2000, p.94). conclusão do ensino primário – 50% - com uma ligeira diminuição no ensino secundário (9º ano) em compara-. Quadro 1. ção com os pais – 16% - e, finalmente, com igual valor. Níveis de desemprego por níveis de escolaridade máxima,. quanto ao 2º ciclo. Quanto às situações perante o traba-. Portugal (2008), INE.. lho dos familiares dos inquiridos, elas podem ser ana-. Sexo. HM. H. M. 22. Nível de escolaridade mais elevado completo. Desemprego registado (N.º) por Sexo e Nível de escolaridade mais elevado completo; Anual. lisadas em diferentes perspetivas. Por um lado, a maioria encontra-se ainda a exercer uma profissão sendo trabalhador por con-. Período de referência dos dados. ta de outrem (33% para pais e 34% para. 2008. mães); ou trabalhando por conta própria. Local de residência. (11% pais e 13% mães). Por outro lado, po-. Portugal. dem verificar-se diferentes situações onde. Total. 416005. os inquiridos acumulam diversas condi-. Nenhum. 22747. ções perante o trabalho – por exemplo,. Básico — 1º Ciclo. 123843. sendo trabalhador por conta de outrem e. Básico — 2º Ciclo. 77786. mantendo uma profissão independente; ou. Básico — 3º Ciclo. 80865. sendo reformado e exercendo atividades. Secundário e pós-secundário. 72746. por conta própria também.. Superior. 38018. Verifica-se, ainda, um elevado número de. Total. 180661. pais que se encontra já na reforma, 27%. Nenhum. 9741. dos pais e 15% das mães, podendo estas. Básico — 1º Ciclo. 57915. situações representar maiores vulnerabi-. Básico — 2º Ciclo. 36121. lidades dos agregados familiares, nomea-. Básico — 3º Ciclo. 34722. damente para suporte dos encargos dos. Secundário e pós-secundário. 30168. filhos que se encontrem ainda a estudar.. Superior. 11994. Total. 235344. Nenhum. 13006. Básico — 1º Ciclo. 65928. Básico — 2º Ciclo. 41665. Básico — 3º Ciclo. 46143. Secundário e pós-secundário. 42578. Superior. 26024. Trajetórias Socioprofissionais dos Diplomados em Educação Social da ESEPF.

Referências

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