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Importância da natação para bebés: dificuldades e estratégias

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

RELATÓRIO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL PARA

OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

2º CICLO EM ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Importância da Natação para Bebés:

Dificuldades e Estratégias

Mestranda: Filipa Alexandra de Bessa Pacheco Leite de Carvalho

Orientador: Professor Doutor Nuno Domingos Garrido

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RELATÓRIO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL PARA

OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

2º CICLO EM ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Importância da Natação para Bebés:

Dificuldades e Estratégias

Mestranda: Filipa Alexandra de Bessa Pacheco Leite de Carvalho

Orientador: Professor Doutor Nuno Domingos Garrido

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I Dissertação elaborada com vista à obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, ao abrigo do artigo 16.º do Decreto -Lei n.º 74/2006, de 24 de Março, com as alterações introduzidas pelos Decretos-Leis n.ºs 107/2008, de 25 de Junho, e 230/2009, de 14 de Setembro, sob a orientação do Prof. Dr. Nuno Domingos Garrido Nunes de Sousa e do Prof. André Luiz Gomes Carneiro.

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II

AGRADECIMENTOS

À professora Sandra Fonseca pela sua colaboração acompanhamento, aconselhamento, auxílio e constante disponibilidade nos momentos mais complicados.

Aos meus pais, por todos os ensinamentos que me proporcionaram na vida, que me permitiram ser quem sou e pelo infindável apoio prestado e amor revelado.

Ao meu irmão, pelo apoio desde sempre e pela ajuda nos bons e maus momentos, e pelos conselhos. Ao meu namorado, por fazer parte da minha vida pessoal e profissional, e pela paciência.

A todos os amigos, pela amizade e presença em todos os momentos deste meu percurso.

Um obrigado especial à amiga Sara Brandão pelas horas disponibilizadas no apoio dado para a elaboração deste relatório, sem ela não seria possível. Obrigada amiga!

À Empresa Lousada Séc. XXI pela confiança no meu trabalho e pela oportunidade nestes 11 anos de parceria. Aos colegas de trabalho Joana Ferreira, Sérgio Moreira, Magno Andrade, Mário Teixeira, Miguel Crespo e Sandra Novais, pela colaboração, troca de experiências e amizade que nos uniu nas aulas de natação para bebés.

E um agradecimento a todas as crianças que aprenderam, evoluíram e cresceram, durante este percurso, e principalmente aos pais que confiaram no meu trabalho e que recentemente me ajudaram também na execução deste relatório.

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III

Índice

AGRADECIMENTOS ... II Índice de Figuras ... V Índice de Quadros ... VI Resumo ... I Abstract ... II Abreviaturas ... III INTRODUÇÃO ... 1 1. REVISÃO DA LITERATURA ... 4

1.1 - Definição de natação para bebés ... 5

1.2 - A Importância da Natação para Bebés ... 6

1.2.1 - Objetivos Psicomotores ... 7

1.2.2 - Objetivos Socio-afetivos ... 9

1.2.3 - Objetivos Cognitivos ... 10

1.3 - Etapas do desenvolvimento ... 11

1.4 - Organização e gestão das aulas ... 13

1.4.1 - Idade do bebé ... 13

1.4.2 - Número de alunos ... 14

1.4.3 - Frequência semanal... 15

1.4.4 - Duração das aulas ... 15

1.4.5 - Horário da aula ... 16

1.5 - Metodologia das aulas ... 16

1.5.1 - Planeamento... 16

2.5.2 - Adaptação ao Meio Aquático ... 21

1.5.3 - As primeiras sessões ... 22

1.5.4 - Evolução até aos 36 meses ... 23

1.5.4.1 - Pegas e apoios ... 23

1.5.4.2 - Equilíbrio ... 24

1.5.4.3 - Respiração e Imersão ... 25

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IV 1.5.4.5 - Saltos ... 28 1.5.4.6 - A importância do jogo ... 28 1.5.5 - Ritmo da criança ... 30 1.5.6 - Avaliação da atividade ... 31 1.6 - Recursos Humanos ... 32 1.6.1 - Enquadramento técnico ... 32

1.6.2 - Perfil do técnico de natação para bebés... 33

1.6.2.1 - Conhecimentos pedagógicos e científicos ... 34

1.6.2.2 - Características pessoais ... 34

1.7 – Equipamentos desportivos ... 34

1.7.1 - Instalações ... 34

1.7.2 - A piscina ... 35

1.7.3 - A água e o meio ambiente ... 36

1.7.4 - Material didático ... 38

1.8 - Importância dos pais e/ou acompanhante ... 40

2. Experiência Profissional: 11 anos ... 41

2.1- A professora adjunta... 43

2.2- A professora responsável ... 43

3. Reflexão Final ... 48

Referências ... 51

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V

Índice de Figuras

Figura 1 - Exercício realizado com música ... 44

Figura 2 - Organização da turma numa posição estática. ... 45

Figura 3 - Organização da turma em movimento. ... 45

Figura 4 - Organização em vagas. ... 45

Figura 5 - Formas de utilização do material didático ... 46

(8)

VI

Índice de Quadros

Quadro 1- Comparação entre o desenvolvimento motor terrestre e o tipo de estimulação no meio aquático 12

Quadro 2 - Comparação de métodos de ensino. ... 18

Quadro 3 - Comparação das alterações de comportamento no meio terrestre e no meio aquático. ... 21

Quadro 4 - Habilidades de Imersão. ... 26

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I

Resumo

O presente trabalho insere-se no plano da recomendação do CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, na Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, no ciclo de estudos conducentes ao grau de Mestre, no ensino da Educação Física nos ensinos básicos e secundários. A sua elaboração visa documentar o meu percurso profissional, enquanto professora de Educação Física, mas principalmente enquanto professora de Natação, no âmbito da Natação para Bebés (NB), que desenvolvi ao longo de 11 anos e que tem como objetivo o desenvolvimento das capacidades motoras, socio-afetivas e cognitivas dos bebés, bem como a sua adaptação ao meio aquático.

Iremos apresentar uma revisão da literatura sobre o tema em questão, fazendo referência à definição, aos objetivos e benefícios da NB, organização das aulas e metedologia das mesmas, aos fatores diretos ou indiretos à modalidade tais como os recursos humanos e equipamentos desporivos, e mostrar a importância dos pais e/ou acompanhantes na aula.

Posteriormente, faremos uma reflexão acerca do trabalho realizado neste período de tempo, procurando demonstrar os benefícios da natação nesta faixa etária, assim como mostrar o papel ativo dos pais nestas aulas, no que respeita à evolução dos seus filhos e interajuda com novos alunos e novos pais, assim como todas condicionantes neste processo de ensino.

Por fim, relatarei a minha experiência profissional no âmbito da NB ao longo de 11 anos de trabalho com esta faixa etária, bem como as dificuldades sentidas e estratégias adotadas.

A pertinência deste trabalho prende-se com o facto de considerar que este nível de aprendizagem é talvez o mais importante na área da Natação, porque para além de ajudarmos os bebés na adaptação ao meio aquático, permitindo um melhor ensino das técnicas de nado, também ajudamos na sua própria formação.

Assim como a Educação Física, que desempenha um papel fundamental na integração e crescimento físico, mental e emocional das nossas crianças, também a modalidade de Natação é importantíssima para o desenvolvimento destes fatores. Porém, cabe ao professor orientá-las, acompanhando as competências, objetivos e finalidades de cada modalidade abordada ao longo da vida escolar.

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II

Abstract

This dissertation arises from the need to enrich and supplement knowledge, based on the recommendation of the CRUP plan - Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, at the University of Trás-os-Montes e Alto Douro, in the course of studies leading to the degree of Master in the teaching of Physical Education in the basic and secondary teaching.

Its implementation aims to document and illustrate the activities along professional career as swimming for babies teacher over eleven years, which intention is the development of motor skills, socio-emotional and cognitive child development, the direct or indirect factors such as human resources and sport equipment, and show the importance of parents and / or careers in class.

We will present a review of the literature on the subject in question, making reference to the definition, objectives and benefits of swimming for babies, the organization of classes and class’s methodologies. Later we will make a reflection on the work done in this period of time, trying to demonstrate the benefits of swimming in this age group, as well as show the active role of parents in these classes, as regards the evolution of their children and mutual aid with new students and new parents as well as all conditions in the teaching process.

Finally, we will speak of my professional experience with baby swimming over 11 years of working with this age group and the difficulties and strategies adopted.

The relevance of this work relates to the fact that it considers that this level of learning is perhaps the most important in the area of swimming, because in addition to helping babies to adapt to the aquatic environment, enabling better teaching of swimming techniques, also we help in their own training. As well as physical education, which plays a key role in integrating and physical, mental and emotional growth of our children, also Swimming is very important for the development of these factors. However, the teacher guide them, accompanying skills, objectives and purposes of each modality addressed throughout school life.

(11)

III

Abreviaturas

AMA Adaptação ao meio aquático

NB Natação para Bebés

et al. e outros

p. página

cm centímetros

m metros

CNQ Conselho Nacional de Qualidade

FPN Federação Portuguesa de Natação

FINA Federação Internacional de Natação Amadora

m2 metro quadrado

º C graus centígrados ¾ três quartos

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1

INTRODUÇÃO

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2 Desde que nascemos que estamos numa constante aprendizagem diária, quer seja com os outros ou através dos nossos erros. Aprender significa alcançar algo, atingir um conhecimento ou progredir através da experiência do dia-a-dia, influenciados por algo ou alguém. Parte integrante deste processo de ensino-aprendizagem, que se quer positivo e gradual, é a dicotomia entre aluno e professor, que deverá ter como base a evolução e o alcance dos objetivos delineados.

Qualquer processo de ensino requer um conjunto de estratégias, metodologias, competências e, sobretudo aptidões por parte do professor para exercer a sua atividade de acordo com a faixa etária dos seus alunos. Muitas vezes estas condicionantes apercebem-se pela competência, pela naturalidade e leveza da ação, pela aparência de simplicidade, pela sensação de coerência que se transmite como se fosse um dom ou uma característica intrínseca (Santos & Veloso, 2008).

Desde o início da minha atividade profissional que leciono Natação nas várias faixas etárias, desde os bebés até aos adultos e idosos, mas sempre tive um gosto especial pela NB. Por esta razão, resolvi realizar este trabalho com base nos onze anos de grande carinho e paixão pelo que faço no meio aquático com esta faixa etária, na empresa municipal Lousada Séc. XXI, situada na Piscina Municipal de Lousada.

Segundo (Mckay & Mckay, 2005), aprender a nadar pode ser uma das experiências mais gratificantes da infância, até porque o bebé esteve rodeado de água no útero durante nove meses de gestação.

Os mesmos autores consideram que dentro de água nos sentimos leves, livres, acarinhados e purificados, e sendo assim os bebés podem entrar nesse elemento natural e sentir a sua gravidade alterada de uma forma harmoniosa e isenta de stress.

Durante uma aula de natação as brincadeiras e os jogos são uma constante que contribuem para o desenvolvimento dos nossos bebés. Liddle com Yorke (2007) no seu livro sobre coordenação motora dizem que os benefícios mais claros dos jogos e brincadeiras do dia-a-dia com as crianças são a força e resistência física que eles produzem, assim como a sua contribuição para o processo de vinculo entre pais e filhos, bem como o ensino das habilidades sociais básicas, como compartilhar, cooperar e competir de maneira saudável. Estes autores afirmam que as brincadeiras também aumentam a coordenação percetivo-motora, melhora a concentração, o desenvolvimento emocional, ajuda a manter o tônus muscular e o controle da postura.

Foram muitas as crianças que passaram pelo meu percurso profissional, e muitas são agora atletas de competição, o que me deixa extremamente feliz e realizada no trabalho desenvolvido. Durante este período de tempo, também passaram pelas minhas aulas, bebés com necessidades específicas de

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3 aprendizagem: deficiências motoras e síndromes do transtorno global do desenvolvimento, nomeadamente no espectro do autismo, as quais obtiveram melhorias consideráveis no seu desenvolvimento motor, mental e social.

Ao longo deste trabalho vou realizar uma pequena abordagem de todos estes fatores no ensino da natação para bebés, desde as condições gerais do meio onde a aula se insere, às metodologias utilizadas, as dificulades que foram surgindo e as estratégias usadas para colmatar estas situações, até à importância dos pais ou acompanhantes das crianças na aula, bem como a relação com os professores e com os restantes elementos intervenientes. Farei também referência à influência que a natação exerce no desenvolvimento geral das crianças, quais os factores que condicionam a metodologia da aula e a organização das mesmas.

Finalizo esta dissertação com uma reflexão crítica sobre as estratégias escolhidas e sobre o sucesso ou não das mesmas, bem como quais as espectativas para o futuro, relativamente aos meus alunos, e a mim própria.

(15)

4

1. REVISÃO DA LITERATURA

(16)

5

1.1 - Definição de natação para bebés

Onofre (1995) refere que a NB pretende expressar a liberdade de interação água/criança, sem quaisquer aprendizagens mecanistas. Não se trata de ensinar exercícios ou práticas como na natação tradicional, mas apenas de deixar a criança apropriar-se da água.

Segundo Sarmento e Montenegro (1992) a NB deve ser um projeto educativo, que defenda um tratamento global da aprendizagem motora. Estes autores mencionam que não se trata de ensinar ou aprender técnicas de natação, mas estimular as crianças a explorar o meio aquático, em segurança, dando importância à aprendizagem humana da água e na água, e não na aprendizagem das técnicas de natação, muito embora esse percurso possa ser um desenvolvimento lógico, quer do ponto de vista social, quer ainda do ponto de vista desportivo.

Embora não exista nenhuma definição concreta sobre o que é NB, diversos autores utilizam e aplicam termos como “adaptação ao meio aquático” e “atividades aquáticas na 1ª infância”.

Sendo uma atividade que envolve praticamente todos os músculos e articulações do nosso corpo, a natação é considerada um dos exercícios mais completos que beneficia o organismo, ajudando a melhorar a coordenação motora, a capacidade respiratória e o nível cardiovascular, estando também indicada para menores de 3 anos.

Nos últimos anos os pais têm percebido que é importante para os seus filhos iniciarem anatação cada vez mais cedo, não só por questões de segurança, mas também para o seu desenvolvimento motor e social, sendo que muitos especialistas recomendam o seu início por volta dos 6 meses.

Assim, podemos enumerar os benefícios da natação para as crianças: - Melhora a coordenação, o equilíbrio, a postura e a resistência; - Aumenta a força muscular;

- Ajudaa prevenir doenças respiratórias, como a asma e bronquite; - Tem um efeito relaxante, melhorando a qualidade do sono; - Estimula o apetite;

- Melhora problemas ortopédicos;

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6 O grande objetivo da natação para bebés NB é o da adaptação ao meio aquático, proporcionando à criança mais uma experiência que a exercite e que, simultaneamente, lhe confira uma competência específica: conhecer o meio aquático, conhecendo-se a si própria (Sarmento & Montenegro, 1992). Magnin (1974) entende por adaptação ao meio aquático uma sucessão de condutas motoras elaboradas pela criança em resposta a situações variadas dominadas pela presença da água.

Assim, Barbosa (2005) citando vários autores refere que a aquisição das habilidades aquáticas básicas terá como objetivo:

(i) Promover a familiarização do sujeito com o meio (Catteau e Garoff, 1988; Mota, 1990; Carvalho,

1994; Navarro, 1995; Crespo e Sanchez, 1998; Moreno e Sanmartín, 1998);

(ii) Promover a criação de autonomia no meio aquático (Catteau e Garoff, 1988; Mota, 1990;

Carvalho, 1994; Crespo e Sanchez, 1998; Moreno e Sanmartín, 1998);

(iii) Criar as bases para posteriormente aprender habilidades motoras aquáticas específicas (Langendorfer e Bruya, 1995; Crespo e Sanchez, 1998; Moreno e Sanmartín, 1998).

1.2 - A Importância da Natação para Bebés

Uma das maiores preocupações dos pais, quando inscrevem os seus filhos nas aulas de NB, cinge-se ao fato do afogamento ser uma das causas de morte acidental durante o Verão. Perez et al. (1997) refere que as primeiras classes de NB surgiram precisamente com essa intenção. E no seguimento desta ideia, vários autores (Fouace, 1980; Kochen & McCabe, 1986; Sarmento & Montenegro, 1992; Ahr, 1994; Luque, 1995; Sarmento, 2001) mencionam que a NB tem como principal objetivo a autonomia no meio aquático.

Com base nos princípios de equilíbrio, respiração, imersão, propulsão e salto, os autores Saavedra, Escalente; Rodríguez (2003) consideram que o bebé está adaptado ao meio aquático, quando possui o domínio do corpo na água. Fontanelli e Fontanelli (1985) afirmam que qualquer bebé sente uma atração natural pela água e, que o sentimento de medo ou insegurança apresentados na água são reações que possivelmente a criança adquiriu fora da água, uma vez que as crianças até um ano de vida desconhecem o significado do perigo.

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7 Num estudo de Brenner et al. (2009) concluiu-se que a frequência em aulas de natação formais foi associada a uma redução de risco de afogamento em crianças entre o primeiro ano de vida a os quatro anos de idade.

Por conseguinte, esta autonomia permite fornecer à criança uma forma de se deslocar “à vontade” no meio aquático, com pouca probabilidade de se afogar.

Segundo Kochen & McCabe (1986), ensinar o bebé a gostar da água deverá ser o objetivo principal de todos os programas de NB.

Sedo assim, as aulas deverão permitir ao bebé uma autonomia no meio aquático, através da sua adaptação desde muito cedo.

McKay & McKay (2005) referem que ensinar o bebé a nadar permite ganhos ao nível da confiança, na partilha de momentos de alegria, na comunicação através do toque e das palavras, e permite criar ligações fortes entre a criança e os pais/acompanhantes à medida que este vai passando por novos e variados estímulos.

A frequência em aulas de natação permite o desenvolvimento da criança a vários níveis: circulatório, cardíaco e respiratório; na correção e manutenção da postura, na prevenção de desvios da coluna, no aumento do volume sanguíneo e muscular do organismo; promove ao nível do desenvolvimento motor geral, no que respeita à coordenação e ritmo; e estimula o sistema endócrino nos processos digestivos e metabólicos (Mansolo, 1986).

1.2.1 - Objetivos Psicomotores

O desenvolvimento biológico passa por várias fases que estão associadas a determinados períodos evolutivos, e que na perspetiva de Santos (1997, p.6), podem influenciar a adaptação da criança ao meio aquático, tais como: (i) o primeiro contacto com a água, em espaço de piscina (6 meses – na ótica do autor); (ii) A aquisição da marcha (1 ano); (iii) A aquisição da linguagem, “idade dos medos” (2 anos); (iv) Aquisição do processo de autonomia (3anos).

De acordo com Damasceno (1994), o bebé antes de nascer, passou nove meses no ventre materno, submergido num meio aquoso muito parecido, na sua composição, com a água do mar.

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8 Segundo Breges (1980), o bebé não aprende a nadar quando em contacto com o meio aquático, e sim faz uso das suas habilidades inatas (flutuabilidade, reserva de oxigénio, inconsciência do perigo e etc), para assim, numa eventualidade ficar livre do perigo na água. O mesmo autor considera que quanto mais cedo a criança for encaminhada para a prática da natação, mais cedo terá elevada a sua aptidão psicomotora, pois esta atividade funciona como um pré-estimulo motor, já que a criança numa fase inicial consegue deslocar-se dentro da água, porque fica muito leve, conseguindo assim, executar movimentos que não conseguiria fora da água.

De acordo com Gallahue e Ozmun (2003) os exercícios desenvolvidos no meio aquático estimulam o sistema nervoso e sensorial do bebé, através do qual crescem ramificações dos neurónios, que aumentam o número de sinapses, formando assim uma boa capacidade de memorização. Nestas adaptações de estímulo e resposta, o bebé aumenta a sua capacidade sensoriomotora, tornando-o mais adaptado e mais inteligente, de uma forma agradável e motivadora.

Em conformidade com os autores da especialidade, os objetivos psicomotores são os mais relevantes, isto porque estes objetivos associam-se facilmente às atividades físicas, não colocando de parte a possibilidade de alcançar outras valências. Para que este objetivo seja atingido, Sarmento e Montenegro (1992) defendem que o bebé terá de ser capaz de aceitar a água nos olhos, ouvidos, boca e nariz; bloquear a respiração; colocar-se na posição horizontal e vertical, à superfície e profundidade; e utilizar os quatro membros como segmentos propulsivos.

Segundo Barbosa (1999), no meio aquático, existem alguns estímulos psicomotores, tais como:

- A capacidade de desenvolver com harmonia as habilidades motoras através de movimentos e formas lúdicas;

- Estimulação da coordenação fina e grossa, através de movimentos e materiais específicos; - Estimulação da perceção dos cincos sentidos: tato, audição, visão, olfato e paladar; - Originar e experimentar diversas sensações através dos movimentos;

- Exercitação do equilíbrio, vivenciando diversas posturas aquáticas; - Proporcionar os deslocamentos através da motivação na água;

- Desenvolver a noção espacial e lateralidade através dos mergulhos, giros, saltos; - Exercitação dos movimentos espontâneos;

- Vivenciar diferentes sinais gestuais e verbais;

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9 Ahr (1994) considera que a frequência nas aulas de NB permite reduzir o tecido adiposo, fortalece a massa muscular e o tecido conjuntivo, e ainda possibilita um desenvolvimento do sistema cardiorrespiratório. Esta situação é explicada porque o meio aquático é mais denso, obrigando a um maior esforço, que se manifesta num maior consumo de calorias.

Podemos concluir que a prática de NB contribui para o desenvolvimento psicomotor da criança, enriquecendo as suas experiências sensoriais e motoras (Fouace, 1980; Dorado, 1990; Luque, 1995; Moreno & Sanmartín, 1998).

1.2.2 - Objetivos Socio-afetivos

Na sociedade atual, o ritmo frenético do nosso quotidiano impede-nos que haja momentos de tempo útil com aqueles que nos são mais próximos. Por motivos profissionais, os pais passam menos tempo com os seus filhos afetando o seu relacionamento, diminuindo os períodos de interação e convívio. Neste seguimento, Kochen & McCabe (1986) consideram que nas aulas de NB a presença dos pais é importantíssima, pois para muitos é a única altura do dia que podem passar algum tempo de forma ininterrupta com o seu filho.

Nas aulas de NB os pais conseguem uma excelente oportunidade para darem mais atenção aos filhos, uma vez que possuem uma participação ativa nas aulas. Desta forma, e segundo Ahr (1994) as aulas de NB possibilitam a promoção e o aumento do tempo de interação e de convívio dos pais com os seus filhos. Nesta perspetiva, estas aulas permitem alterar a dificuldade que os pais sentem no dia-a-dia em obter tempo útil para os seus filhos, procurando maiores manifestações de proximidade física. Outra das vantagens que se obtém na frequência das aulas de NB é que permitem a alguns bebés, relacionarem-se com pessoas diferentes do seu dia-a-dia, desenvolvendo a interação, uma vez que por norma se relacionam com um número reduzido de pessoas, principalmente aquelas que não frequentam os infantários. Sendo assim, Ahr (1994) vai de encontro a Moreno e Sanmartín, (1998) ao afirmar que através da NB a criança estabelece relações com os seus pares e com outros adultos, favorecendo a socialização da criança (Perez et al., 1997; Moreno e Sanmartín, 1998).

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10 Desta forma, a aula de NB é um momento que vai para além da socialização do próprio bebé com os restantes elementos da turma, em que se estabelece uma de relação rica, intensa e privilegiada dos pais com os seus filhos (Fouace, 1980; Luque, 1995; Moreno & Sanmartín, 1998) e de socialização do bebé (Perez et al., 1997; Moreno & Sanmartín, 1998).

1.2.3 - Objetivos Cognitivos

Piaget (1970) propôs vários estádios de desenvolvimento cognitivo, que servem de base à esquematização dos objetivos cognitivos a alcançar nas aulas de NB.

Na opinião deste autor, a criança até aos dois anos organiza e estrutura o conhecimento do mundo que lhe é exterior, relacionando-se com essa realidade através do movimento, correspondendo à etapa da inteligência sensório-motor. Na perspetiva deste autor, os reflexos do bebé são inibidos, desde o nascimento até ao primeiro ano de vida, dando lugar aos movimentos voluntários primitivos, sendo determinados pela maturação, mas o seu aparecimento depende de fatores biológicos, ambientais e das tarefas que executam (Piaget, 1997).

De acordo com Cirigliano (1981), citado por Raiol e Raiol (2010), este é o período em que o professor deve explorar os reflexos naturais do bebé. Sendo os seguintes reflexos os mais significativos no processo de aprendizagem da natação:

 Reflexo natatório: o bebé realiza movimentos reflexos de pernas e braços;

 Reflexo do bloqueio da glote: o bloqueio da glote impede a água chegue até aos pulmões, desaparecendo por volta dos 10 a 12 meses;

 Reflexo de preensão: quando a palma da mão é estimulada, ocorre uma flexão dos dedos, ou seja, a mão fecha, desaparecendo por volta dos 3 a 4 meses;

 Reflexo de para-quedas: ao cair na piscina, a criança estende os braços, protegendo o rosto;

 Reflexo de moro: é um reflexo vestibular que consiste na adução dos braços, acompanhado de choro vigoroso, desaparecendo por volta dos 4 meses;

 Reflexo de endireitamento: é o reflexo provocado por pressão dos pés, com correspondente verticalização das pernas e do tronco.

Por norma, considera-se que a criança de tenra idade só reage a estímulos relacionados com a alimentação, o sono e a brincadeira. Todavia, já existe nas crianças uma predisposição para interiorizar estímulos e sensações do mundo exterior.

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11 Sendo assim, e segundo Dorado (1990), nas aulas de NB também é possível alcançar objetivos a nível cognitivo, pois a criança começa a distinguir objetos, pessoas, espaços, sensações tácteis, etc.

Na segunda etapa, segundo Piaget (1970), da inteligência pré-operatória, desenvolve-se entre os dois e sete anos, a criança antecipa conhecimentos, a partir do conhecimento sensório-motor que aprendeu na primeira etapa. Mediante a repetição de atividades sensoriais e motoras, a criança consolida o domínio do próprio eu, a exploração do ambiente circundante e a interiorização das experiências (Piaget, 1997). Por exemplo, se na primeira fase a criança interiorizou que ao bater os pés e as mãos consegue deslocar-se na água, quando entra na deslocar-segunda fadeslocar-se e vê um objeto, que pode deslocar-ser um brinquedo, afastado de si, ela sabe que, se bater os pés e as mãos, consegue deslocar-se alcançando o referido objeto.

Duque (2005) considera que a nível cognitivo a NB favorece a exploração ativa, estimula a capacidade de superar obstáculos, cria novas incertezas, permite diversas experiências que não são possíveis no meio terrestre, promove uma aprendizagem construtiva e estimula a concentração.

1.3 - Etapas do desenvolvimento

O desenvolvimento é um processo de crescimento e mudança a nível físico, comportamental e emocional.

A cada etapa de desenvolvimento correspondem linhas orientadoras, que não são estagnes no seu próprio período de tempo, uma vez que a criança é um indivíduo e pode atingir essas fases de desenvolvimento mais cedo ou mais tarde do que outras crianças da mesma idade, sem se falar, necessariamente de problemáticas.

Toda a criança precisa de ser estimulada no sentido das diferentes aquisições: habilidades motoras, cognitivas e sociais.

A aprendizagem motora tem vindo a ser estudada por diferentes pesquisadores, com o objetivo de compreender os processos envolvidos na aquisição de habilidades motoras e diferenças individuais (Cidade et al, 1998).

Tani (1988) afirma que as habilidades motoras adquiridas nos primeiros anos de vida formam a base para a aprendizagem posterior de tarefas mais complexas, o que nos faz atribuir uma maior importância à relação desenvolvimento e aprendizagem, nas suas diferentes fases.

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12 De acordo com Fonseca (1994) e Manoel (1994) as transições são indicadas do simples para o complexo e do geral para o específico, sequenciando um desenvolvimento variável na sua progressão, mas invariável na sua ordem.

Os mesmos autores são unânimes quanto à existência de uma série de modelos explicativos de sequências de desenvolvimento motor:

- Respostas reflexas (até um ano): inerentes ao desenvolvimento neurológico e às habilidades rudimentares como o sentar, gatinhar e andar;

- Habilidades fundamentais (um aos dois anos): correr saltar, lançar, agarrar e equilíbrio;

- Habilidades fundamentais específicas (dos dois aos sete anos): não são mais que as habilidades fundamentais gerais, mas mais refinadas, fluídas, automatizadas, com um grau coordenativo mais complexo;

- Habilidades especializadas (sete aos treze anos): quando desenvolvidas e direcionadas adequadamente são protagonistas de técnicas desportivas.

A sequência de aquisições é invariável mesmo que sejam variáveis os tempos em que as aquisições são feitas ou o tempo de duração de cada fase (Manoel, 1994).

Fontanelli e Fontanelli (1985) referem que as crianças, após o nascimento, podem ser divididas em grupos, consoantes as suas necessidades motoras e as suas fases de aquisições motoras. Estes autores relacionam as características do desenvolvimento motor observadas no meio terrestre e o tipo de estimulação propício ao meio aquático (conforme o quadro 1).

Quadro 1- Comparação entre o desenvolvimento motor terrestre e o tipo de estimulação no meio aquático

(de acordo com Fontanelli e Fontanelli; 1985).

Fases Idade Meio terrestre (caracterização) Meio aquático (tipo de estimulação)

0-3 Fase da descontração, do alongamento e da aquisição

da postura. Água quente e relaxamento

3-6 Preparação para a posição de sentado

Estimulação da musculatura dorsal através da postura horizontal da natação (sustentação da cabeça)

6-12 Movimentação global, aquisição da posição de sentado e preparação para a posição de pé.

Exercício global através da atividade do meio aquático

9-15 >15

Período de jogos e consolidação da postura bípede, bem

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13

1.4 - Organização e gestão das aulas

1.4.1 - Idade do bebé

Parece não existir consenso, no que respeita à idade ideal para iniciar as aulas de NB, bem comocom o termo da frequência destas atividades. Damasceno (1997) refere que não existe uma idade ideal para se iniciar a aprendizagem desta atividade, uma vez que esse processo é apenas uma continuidade, um prosseguimento da verdadeira origem do Homem, evidenciando que “as premissas do parto dentro de água sugerem, do ponto de vista pedagógico, que a contínua familiarização com o meio líquido dispensa maiores referências à idade ideal para se iniciar a aprendizagem da natação” (Damasceno, 1997, p.82). No que concerne ao início e fim deste tipo de programas de adaptação aquática, parece existir uma uniformidade de opiniões.

No entender de Velasco (1994), a NB deverá ter início por volta dos três meses de idade, considerando que é neste período que o bebé, possui um número considerável de anticorpos e um bom sustendo da cabeça, permitindo uma maior mobilidade e manipulação do seu corpo.

Nesta mesma linha de pensamento, Fonatanelli e Fontanelli (1985), consideram que a partir dos três meses de idade, se o bebé for saudável, pode frequentar a aula de natação, desde que o estabelecimento possua condições de higiene satisfatórias, profissionais capacitados e piscinas aquecidas entre os 23º e 45º.

Segundo Nascimento (1994), e corroborando com outros autores, considera que nos menores de dois anos a natação confere uma contribuição para a formação de uma criança mais segura e feliz.

Por seu lado, os autores Navarro e Tarrago (1980, In Damasceno, 1984), consideram que a adaptação ao meio aquático do bebé deve ser realizada de forma gradual:

- Até aos dois meses de vida, dá-se início aos primeiros contactos com a água, na banheira durante os primeiros banhos, tendo os pais como professores;

- Dos 4 aos 6 meses de idade, o processo de adaptação desenvolve-se de forma semelhante;

- Após os 6 meses e até ao fim do primeiro ano de vida, o bebé mantém a familiarização com o meio aquático, mas agora na piscina, com o acompanhamento de um professor especializado;

- A partir dos 12 meses e até aos 3 anos, as aulas decorrem de forma idêntica à anterior, aumentando apenas a sua duração (20 a 30 minutos, no máximo).

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14 Para que o bebé continue no seguimento de um conjunto de experiências executadas no meio aquoso – vida intrauterina, o autor Sarmento (2001) defende que a atividade deve iniciar-se durante o primeiro ano de vida, impedindo uma transferência negativa das experiências vivenciadas no meio terrestre. Esta indefinição quanto à idade ideal para iniciar as atividades aquáticas é explicada por Barbosa (1999) através de dois motivos essenciais: pela necessidade de aumentar o peso do bebé (prevenindo estados de hipotermia) e para que o sistema imunitário do bebé se desenvolva o suficiente antes de passar a frequentar um meio propenso a contágio de doenças virícas, bacteriológicas ou micóticas.

1.4.2 - Número de alunos

Damasceno (1997) e Lima (2003) referem ainda que uma das dificuldades encontradas, para a realização de uma subdivisão ideal das turmas, foca-se na heterogeneidade existente num grupo, na medida em que O bebé durante cada fase do seu desenvolvimento necessita de atividades distintas e específicas (Damasceno, 1997; Nakamura e Silveira, 1998).

Nakamura e Silveira (1998) consideram que o número de alunos por turma varia de acordo com as características e estrutura que a piscina disponibiliza, pois conforme a atividade realizada, acompanhante e o bebé necessitam de um determinado espaço para uma boa aprendizagem.

Segundo Patrício (1998), o número de alunos por turma deverá ser reduzido, evitando assim um ambiente agitado de vozes, choros e ondulações na água que provocam irritação e cansaço nos bebés. Outro autor, Velasco (1994), num trabalho realizado com bebés até aos 2 anos, considerou que o professor deverá ter a ser cargo, no máximo, 6 bebés (com os respetivos pais), permitindo corrigir adequadamente a intervenção dos pais, obtendo assim um ambiente agradável para todos. A partir dos 2 anos e até aos 3 anos de idade, mesmo autor sugere um máximo de 4 crianças (sem a presença dos pais) por professor, com o objetivo de haver um melhor acompanhamento do desenvolvimento de cada uma e salvaguardar a segurança do trabalho realizado.

Porém, segundo Patrício (1997), por vezes o número de crianças por sessão não é suficiente para cobrir as despesas da própria piscina.

Tal como foi dito antes, o número reduzido de alunos por turma torna-se mais vantajoso para atingir os objetivos pretendidos. Contudo, Palmer (1990) afirma que o número ideal será de 6 a 12 alunos por turma.

(26)

15

1.4.3 - Frequência semanal

Relativamente a este ponto, não existe assentimento entre os diferentes autores, sendo que uns sugerem a realização de uma aula por semana (Del Castillo, 2004), enquanto outros apontam para a frequência de uma a duas aulas por semana (Fernandes, 2004; Fontanelli e Fontanelli, 1985; Santos, 2003; Santos e Veloso, 2008).

McKay e McKay (2005) dizem que quanto mais vezes o bebé frequentar a aula de natação, mais natural tornará a aprendizagem. Os mesmos autores consideram que “no caso da natação para bebés, e em especial no início, a aprendizagem mais favorável consiste em praticar quatro vezes por semana, durante 30 minutos por sessão, ao longo de uma série de semanas e meses, adicionando e aperfeiçoando exercícios” (McKay e McKay, 2005, p.31).

O número de aulas, a idade e o nível de aquisição motora do bebé estão intimamente relacionados. Segundo um estudo de Veloso (2006), citado por Santos e Veloso (2008) os bebés mais velhos e com maior frequência às aulas, estavam mais evoluídos na aprendizagem. E tendo como base o mesmo estudo e a experiência na condução de programas com bebés em piscina, este dois autores propõem que o bebé frequente pelo menos duas aulas por semana.

1.4.4 - Duração das aulas

O professor para determinar a duração da aula, deve ter em consideração os seguintes aspetos: a ingestão de água, a capacidade de o bebé processar estímulos, a manutenção da temperatura corporal e o controle dos esfíncteres (Santos e Veloso, 2008).

Segundo Navarro e Tarrago (1980, citado por Damasceno, 1994) deve existir uma adaptação à água na banheira familiar, entre os 4 e os 6 meses de idade, com duração de 15 a 20 minutos.

De acordo com Fernandes (2004), citado por Azevedo et al. (2008), a duração das aulas para bebés devem ter uma menor duração (entre 30 a 45 Minutos), tendo em conta que o sistema termorregulador do bebé ainda não se encontra completamente desenvolvido, assim como pelo facto da sua capacidade de atenção ser menor tornando-se cansativas as atividades.

Sendo assim, existe algum consenso entre vários autores, de que aula deverá ter uma duração máxima de 30 a 45 minutos, porém este tempo pode variar, uma vez que bebés da mesma idade podem reagir de forma diferente no que respeita ao tempo de aula.

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16 O aparecimento de qualquer sinal de inadaptação ou de mal-estar deve condicionar a duração da aula. O bebé deve sair imediatamente da água sempre que apresentar sinais de arrefecimento (lábios e/ou membros azulados, tremores do maxilar inferior) e providenciarem formas para o seu aquecimento. Existe muita convergência de opiniões entre autores acerca da duração das aulas de adaptação ao meio aquático, no entanto, a maioria defende que estas aulas devem ter uma duração entre os 30 e os 45 minutos.

1.4.5 - Horário da aula

“Os bebés aprendem melhor quando se sentem confortáveis, descansados, despertos e alimentados” (McKay e McKay, 2005, p.31). Segundo estes autores, as alturas ideais para frequentar as aulas de NB são durante a manhã ou ao final da tarde e sendo ajustadas à idade, às fases de crescimento, à mudança de horário ou até às estações do ano.

Segundo Del Castillo (2004) uma vez que os bebés devem estar acompanhados pelos pais ou por alguém da sua confiança, o horário deve coincidir com o tempo livre dos mesmos.

1.5 - Metodologia das aulas

1.5.1 - Planeamento

De acordo com Santos et al. (1998) sendo o bebé o principal sujeito da nossa atividade, todos os nossos objetivos devem estar focados, dirigidos e finalizados nele. Desta forma, a elaboração de uma metodologia de aulas deve respeitar a integridade física, psicológica e socio-afetiva do bebé, considerando as suas especificidades no que respeita ao desenvolvimento biológico, psicomotor e socio-afetivo, bem como as suas rotinas sociais e familiares (Santos 1997).

Para Coursiere (1973) o principal objetivo das aulas de NB passa por ensinar o bebé a sobreviver, permitindo salvar a sua vida, mantendo-se em posição de flutuação dorsal durante algum tempo.

Por seu lado, o autor G. Azemar (1974) refere que a criança tornar-se autónoma no meio aquático quando for capaz de saltar da borda da piscina e de regressar sem qualquer ajuda pessoal ou material.

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17 O contato da boca com a água, a imersão completa, a flutuação, o salto para a água com e sem ajuda, o salto e nado até determinado ponto, os deslocamentos à superfície, e voltar sozinho para a borda da piscina, são vários níveis de aprendizagem referidos por Vallet (1974).

Segundo Azevedo et al. (2008) a adaptação do bebé ao meio aquático está explícita a partir do 6º sexto mês de vida, e que as aulas devem ser realizadas com o acompanhamento dos pais até aos 3 anos de idade, para que a criança se sinta mais segura, tornando o processo de aprendizagem alegre e satisfatório.

Fouace (1980) afirma que a NB não só é importante para a segurança da criança, mas também tem como objetivo a alegria que proporciona ao bebé ao brincar com a água e com os outros bebés, para além de permitir o desenvolvimento harmonioso ao nível motor, uma vez que favorece contrações iguais dos músculos agonistas e antagonistas. O autor menciona quatro estágios de desenvolvimento no que respeita à prática de atividades aquáticas:

- Flutuabilidade com rotação do corpo, que termina por volta dos 10 meses; - Motricidade, que permite ao bebé sair da água, sozinho (dos 10 aos 18 meses);

- Autonomia, que implica a realização de saltos, imersões, aperfeiçoamento das posições dorsal e ventral (desde os 18 aos 36 meses);

- Coordenação, que controla os movimentos com a adaptação respiratória.

Numa outra perspetiva metodológica, Navarro e Tarrago (1980, In Damasceno, 1994), definem os seguintes objetivos para o desenvolvimento do bebé no meio aquático:

- 1ª Etapa: Adaptação

 2 semanas a 2 meses: habituação ao meio (olhos, ouvidos, nariz e boca);  2 a 4 meses: habituação ao meio, flutuação e propulsão;

 4 a 6 meses: flutuação (com ajuda), propulsão e respiração; - 2ª Etapa: Sobrevivência

 6 a 12 meses: cair na água em qualquer posição e recuperar a posição de flutuação em decúbito dorsal;

 12 aos 24 meses: percorrer uma determinada distância em decúbito dorsal com propulsão de braços e pernas.

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18 Cirigliano (1981, In Damasceno, 1994) subdivide o desenvolvimento da motricidade aquática do bebé em três níveis diferentes, tendo em consideração o seu grau de autonomia:

- O bebé que ainda necessita de ser seguro (bebé de colo).

- O bebé que já adquiriu alguma autonomia na execução dos seus movimentos (pequeno caminhante).

- O bebé que já é capaz de realizar atividades mais complexas (o pequeno corredor).

Segundo Farmer (1982 a) os principais objetivos das atividades aquáticas com bebés, visam familiarizar a criança com a imersão, bem como a capacidade da criança em movimentar-se sozinha na água para posteriormente aprender as técnicas de nado sem o auxílio de material.

Na perspetiva de McKay e McKay (2005) o método de abordagem da NB não deve ser centrado em atingir objetivos rígidos, pois recorrem à pressão e à coerção para alcançar os objetivos pretendidos. Estes autores sugerem que a metodologia abordada deverá ser centrada na criança, respeitando o ritmo da mesma. Apresenta-se de seguida o quadro 2 que compara os dois métodos de ensino, o programa centrado no objetivo e o programa centrado na criança, retratados pelos autores Mckay e McKay (2005).

Quadro 2 - Comparação de métodos de ensino.

PROGRAMA CENTRADO NO OBJETIVO PROGRAMA CENTRADO NA CRIANÇA

A técnica vem primeiro A criança vem primeiro

O calendário é rígido e há pressão para executá-lo O calendário é flexível e depende da prontidão da criança

Usa-se a força e a coerção para ensinar técnicas de sobrevivência

Uma orientação e incentivo suaves ajudam a alcançar objetivos

O professor é dominante Ao ritmo da criança

Sério e rígido Aprendizagem divertida

Fonte: McKay e McKay (2005)

Durante a fase de adaptação ao meio aquático, e segundo Carvalho (1984), o professor deve ter em consideração os seguintes objetivos: a desinibição, aquisição de um novo equilíbrio, aquisição de uma nova respiração e aquisição de uma nova deslocação consequente (propulsão).

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19 Por outro lado, Franco (1985, citado por Damasceno 1994) considera os seguintes objetivos para cada faixa etária:

- Do zero aos 12 meses:

 Adaptação ao meio líquido;

 Apneias condicionadas a manter o rosto na água (até 15 segundos), inclusive em situações imprevistas;

 Flutuação em decúbito dorsal autónoma até 15 minutos (tempo máximo observado em crianças desta faixa etária);

 Trocas autónomas de decúbito (dorsal-ventral-dorsal)

 Giros (rotações). - Dos 12 aos 24 meses:

 Mergulhos na água a partir da posição sentada na borda da piscina e, posteriormente, na posição de pé;

 Capacidade de mergulho em pequenas profundidades;

 Estimular a coordenação de braços e pernas para deslocamentos em decúbito dorsal;

 Saída autónoma a partir da posição de pé na borda da piscina, percorrer uma determinada distância e retomar à borda de origem;

 Repetir a atividade anterior, mas com paragem total dos movimentos na metade do percurso (flutuação estática horizontal), para só então prosseguir a partir de uma indicação (sinal) dada pelo professor.

- Dos 24 aos 35 meses:

 Deslocamentos em decúbito dorsal, dominando o sentido da direção para um objeto pré-determinado;

 Trocas autónomas de decúbito (dorsal-ventral-dorsal);

 Giros (rotações) sem alterar a direção do trajeto estabelecido;

 Jogos que demonstrem total domínio do corpo na água, com controlo da respiração, sobre e debaixo da água;

 Recuperação aérea dos braços em deslocamentos no estilo de costas e crol. Este último com respiração frontal;

 Mergulho a partir da borda da piscina, passando por dentro de um aro que é suspenso à superfície da água.

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20 Por outro lado, autor Velasco (1994) subdivide o grupo de trabalho dos bebés, conforme a faixa etária e o seu desenvolvimento psicomotor, social e afetivo, em três níveis:

 Bebés I (dos 3 meses a aproximadamente 1 ano): neste nível o bebé realiza a aula com o pai. Neste período desenvolve-se a socialização da criança, estimulam-se os órgãos sensoriais e dá-se continuidade ao bloqueio respiratório (inato) que o bebé possui até ao 6º mês, há movimentação dos segmentos corporais que permite o aumento da amplitude articular e o fortalecimento muscular.

 Bebés II (1 ano a aproximadamente 2 anos): neste nível a aula é realizada com o pai até que seja feita a socialização com o grupo e o professor, momento a partir do qual, o pai será afastado progressivamente da criança. As aulas são mais dinâmicas, uma vez que o bebé tem a sua capacidade motora mais desenvolvida o que permite respostas motoras mais elaboradas.

 Bebés III (2 anos a aproximadamente 3 anos): nesta última fase a aula é realizada com o professor e o grupo, não sendo necessária a presença do pai na água, devido à conquista da sua socialização e adaptação ao meio líquido. Existe uma estimulação motora geral, com o intuito de uma total sobrevivência no meio aquático.

Este autor refere ainda que na aprendizagem da natação e principalmente na NB nada é mais importante do que o professor estar junto do aluno, dentro de água, para servir como modelo.

Segundo Santos (1997) quando elaboramos um projeto de NB, estamos a programar e a desenvolver, devemos ter em consideração os recursos estruturais/materiais existentes, para posteriormente podermos resolver questões relacionadas com os recursos humanos.

Os autores McKay & McKay (2005, p.16) sugerem que o professor faça aulas frequentes, como forma de fomentar um agradável ambiente de ensino, visto que “a repetição a prática encorajam uma aprendizagem serena e consciente semelhante ao padrão de aprendizagem natural do bebé”.

De acordo com Damasceno (1994) a metodologia de trabalho com bebés deve ter o propósito de ajustar os seus conteúdos, meios e métodos em todas as etapas evolutivas da criança. Sendo que o método formativo da NB deve passar por sucessivas progressões pedagógicas e por uma cuidadosa sistematização dos conteúdos de ensino, com necessidade de organização de atividades, respeitando as diferenças etárias e as particularidades individuais do desenvolvimento e do crescimento, e a capacidade de aprendizagem de cada criança.

Portanto de acordo com a experiência dos diversos autores referidos, podemos afirmar que não existe um programa ideal, pois cada um deles partiu de recursos pedagógicos desiguais, climas diferentes, instalações materiais distintas, etc.

(32)

21

2.5.2 - Adaptação ao Meio Aquático

Enquanto a maioria dos autores denomina a adaptação ao meio aquático (AMA) como uma fase de aprendizagem, o conceito de AMA identifica-se, por norma, como a primeira fase de formação do nadador, uma vez que é a fase de aquisição das habilidades (Carvalho, 1994).

A água, de acordo com Mota (1990), citado por Soares (2000), é um meio adverso, que provoca diversas dificuldades, que podem ser agrupadas em três domínios: a respiração, o equilíbrio e a propulsão. Por outro lado, Vasconcelos (1978), apenas refere que o equilíbrio e a respiração são elementos a abordar no processo de AMA.

Porém, habitualmente a respiração, o equilíbrio (que inclui as rotações e os saltos) e a propulsão são considerados como componentes da AMA (Carvalho, 1982; Catteau & Garoff, 1988; Mota, 1990).

Na iniciação ao processo de AMA ocorre um conjunto de transformações ao nível das referências dos órgãos dos sentidos (equilíbrio, visão, audição e propriocetivos), bem como ao nível de todas as referências que por norma existem na terra (fora de água).

Quadro 3 - Comparação das alterações de comportamento no meio terrestre e no meio aquático.

Alterações Terra Água

Deslocação  Equilíbrio vertical;

 Apoios fixos;  Braços equilibram;  Pernas deslocam.

 Equilíbrio horizontal;  Apoios não fixos;  Braços deslocam;  Pernas deslocam.

Respiração  Automatismo nato;

 Não condicionada.

 Inicialmente voluntária depois automatizada.

 Condicionada pelos movimentos e pala água.

Visão Normal (o ar não é agressivo para os

olhos)

 Limitada pelo fenómeno de refração.  A água pode conter agentes agressores (inicialmente causa mal-estar).

Audição  Normal (condições acústicas das

instalações).

 Limitada pela água nos ouvidos;  Distorcidas pela diferença de propagação do som.

Termo-Regulação  Contacto da atmosfera.  Contacto com a água (frio), originando

maior solicitação dos mecanismos de termo-regulação.

Esquema Corporal  Informações da planta do pé;  Desaparecem;

 Informações do ouvido interno;  Alternadas;  Informações vindas dos músculos;  Permanecem;  Dificuldade na interpretação

proporcional à complexidade do movimento.

 Maior dificuldade na interpretação do movimento.

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22 Sarmento (1979) afirma que a água possui dois aspetos que condicionam a evolução do bebé na água: uma distração e um medo. O mesmo autor refere que importa manter a distração e anular o medo. É importante referir que o espaço característico da motricidade humana é o terrestre, e que apesar da nossa grande capacidade de adaptação, que nos permite aprender em qualquer meio envolvente, não nos podemos esquecer que o meio aquático é próprio dos mamíferos aquáticos que sofreram adaptações para nele sobreviver. Portanto, para que a criança se adapte ao meio aquático é imprescindível que exista a possibilidade de experimentar o referido meio (Del Castillo, 2004).

1.5.3 - As primeiras sessões

Diem et al. (1974) recomenda que se faça uma visita à piscina antas da primeira aula de natação, pois o bebé deve conhecer o local.

A entrada na água deve se feita de uma forma cautelosa, dependendo da idade da criança e do adulto que a acompanha (Diem et al. 1974).

Na perspetiva de McKay & McKay (2005) antes da primeira ida à piscina, o acompanhante deve acostumar o filho à água enquanto toma banho na banheira. Na primeira ida à piscina este acompanhante deve conceder ao bebé tempo para que este se habitue ao novo local, à nova situação e a uma nova rotina, mostrando-lhe a água, os brinquedos e os locais de passagem. Estes autores consideram que os acompanhantes devem praticar uma entrada segura na piscina para que ambos se sintam felizes e à vontade na entrada e saída da água. Para isso referem diferentes formas de entrada na água, como as seguintes:

- Entrada simples na piscina com dois adultos: se o adulto estiver acompanhado a entrada torna-se mais fácil, pois enquanto um fica na parte lateral da piscina com o bebé, apoiando-o numa posição sentada, o outro pode entrar na água com toda a segurança;

- Entrada simples na piscina com um adulto: se o adulto estiver sozinho com o bebé pequeno que não pese muito, poderá descer pelos degraus da piscina. O acompanhante deve segurar o bebé com um dos braços, de forma que ele fique encaixado na anca do adulto, e com a mão livre agarra-se bem ao corrimão e desce devagar os degraus na piscina;

- Entrada alternada na piscina: no caso de não existir degraus e somente quando se aplica a crianças mais velhas que já conseguem sentar-se com firmeza e que conseguem passar de forma independente de uma posição sentada para uma em pé e vice-versa.

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23 Esta entrada deve ser feita apenas na parte menos funda da piscina e que consiste inicialmente na entrada do adulto acompanhante e posterior entrada da criança.

1.5.4 - Evolução até aos 36 meses

Navarro e Tarrago (1980, In Damasceno, 1994) afirmam que durante a fase intrauterina o bebé começa a sua familiarização com o meio líquido e desenvolvendo, de uma forma rudimentar, habilidades motoras aquáticas que, posteriormente, irão apenas ser aperfeiçoadas.

1.5.4.1 - Pegas e apoios

As pegas e apoios, segundo (Patrício, 1997), são importantíssimos para a segurança, o conforto e a capacidade de mobilidade do bebé na água. As pegas promovem a liberdade de movimentos e a segurança, sendo que o pai deve ter em atenção a posição da boca face à água (Santos, 2003).

Existem várias terminologias adotadas por diversos autores, quanto à designação dos vários tipos de pegas, contudo não existe um consenso acerca deste assunto.

McKay & McKay (2005) consideram três tipos de pegas:

- Pega ao colo: fornece maior segurança e deve ser usado no caso da criança se sentir insegura ou caso se agarre muito ao pai/acompanhante. É o apoio ideal para as primeiras idas à piscina;

- Pega facial: é uma excelente oportunidade de comunicação entre a criança e o pai/acompanhante, uma vez que fica estabelecido o contacto visual direto. Deve ser realizada com o bebé voltado para o pai, apoiando as mãos por baixo das axilas e com os polegares voltados para cima. Podem ser realizados movimentos de deslocamento para a frente e para trás. Porém, deve existir um especial cuidado relativamente à colocação da boca junto à água, para que o bebé não a engula;

- Paga lateral: sendo esta a forma mais usual de agarrar a criança, de uma forma descontraída, esta pega é usada para executar a maioria das técnicas, incluindo exercícios de bater os pés e passagens com e sem apoio. O bebé deve ser seguro do lado dominante do pai/acompanhante, de maneira que fique numa posição quase horizontal com a cara a alguns centímetros acima da superfície da água.

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24 A mão dominante do pai/acompanhante deve estar por baixo da axila mais afastada da criança, com o polegar voltado para cima, enquanto a outra mão fica debaixo da axila mais próxima da criança, com o polegar voltado para cima.

Santos (2003) faz ainda referência às pegas com apoio da cabeça sobre o ombro, como forma de desenvolver as flutuações dorsais.

1.5.4.2 - Equilíbrio

De acordo com Machado (1978) a pedagogia divide a aprendizagem da natação em cinco fases: a adaptação ao meio aquático; a flutuação; a respiração; a propulsão e o mergulho elementar.

O equilíbrio é a capacidade de permanecermos parados (equilíbrio estático) ou em movimento voltando à posição parada (equilíbrio dinâmico), em determinadas situações (Dendy, 2000). Segundo Navarro (1978) a AMA permite à criança transformar as suas sensações e modificar as suas possibilidades motrizes, devido à diminuição de gravidade, requisitando um esforço e domínio da sua conduta, uma vez que tem de usar as suas qualidades, num meio que não lhe é habitual, demarcando assim o carácter educativo do ensino.

As variáveis que interferem no equilíbrio terrestre e no meio aquático deverão ser equacionadas de forma diferente, uma vez que a força de impulsão da água provoca uma menor estabilidade. Deste modo, a locomoção na posição bípede torna-se dificultada, o que determina que as deslocações se façam preferencialmente em decúbito ventral e horizontal (posição dorsal e ventral). De acordo com vários autores como Catteau e Garoffe (1988), Mota (1990) e Carvalho (2004), estas novas adaptações provocam reestruturações das noções espaciais e do esquema corporal, para as novas situações de equilíbrio, proporcionando uma nova impulsão e fazendo com que o meio de locomoção seja diferente. “Encontrar o equilíbrio dentro de água é uma sensação única e complementa a aprendizagem do equilíbrio em terra firme” (McKay & McKay, 2005 p. 68). Estes autores sugerem que “montar” um esparguete é uma excelente forma de a criança aprender a equilibrar-se, sendo que precisará de se adaptar a uma superfície ondulante e em movimento por baixo de si, ao mesmo tempo em que se impulsiona para frente. Neste exercício, estes autores, propõem aos pais que combinem a canção com a brincadeira proposta.

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25 A resolução do Equilíbrio é expressa pela capacidade de deslizar na posição ventral e dorsal. Conforme afirma Carvalho (1994) estas posições ventral e dorsal, devem ser hidrodinâmicas, ou seja, que provoquem o menor grau possível de resistência sobre a superfície da água. Para um deslize mais correto sobre a água é particularmente importante a posição dos membros superiores, membros inferiores e cabeça.

No equilíbrio o aluno deve ser capaz de dominar os mecanismos de retorno à posição vertical; deslizar nas posições ventral e dorsal; entrar na água através do mergulho e adquirir a posição de equilíbrio (Barbosa e Queirós, 2003).

1.5.4.3 - Respiração e Imersão

A próxima etapa de adaptação ao meio aquático é efetuada através da boca, nariz, olhos e ouvidos. Após esta adaptação estar consolidada surge o processo respiratório no qual a inspiração ocorre fora de água e a expiração realiza-se dentro de água. Logo, a capacidade de imersão na água ocorre facilmente, podendo a criança passar para a flutuação e sustentação (Velasco, 1994).

A respiração na água difere nas suas características, relativamente à respiração em terra. Se em terra a respiração tem uma dominância nasal, no meio aquático tem uma dominância bocal; em terra a respiração é reflexa e no meio aquático é voluntária. No que respeita à relaçãoinspiração/expiração, em terra a inspiração é ativa (contração do diafragma) e a expiração é passiva (relaxamento do diafragma), no meio aquático a inspiração é reflexa e a expiração é ativa (no exercício-hiperventilação) (Borges, 2008 citado por Navega, 2011).

McKay & McKay (2005) sugerem diversas formas de imersão do bebé. Consideram que a adaptação à água na cabeça durante o banho permite à criança uma melhor preparação para as imersões. Sendo assim, sugerem que os pais realizem movimentos à superfície da água de forma a passar o rosto suavemente pela mesma, possibilitando a sensação da água a cobrir-lhe a cara. Estes autores sugerem, ainda várias formas de imersão, retratadas no quadro 4:

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26

Quadro 4 - Habilidades de Imersão.

Habilidades de Imersão Descrição

Imersão Facial Através da Pega Lateral (p.23) o adulto que acompanha a criança ergue-o cerca de 20-25 cm, com passagem pela posição vertical e mantendo as pernas dentro de água, roda os pulsos de forma que a criança fique deitada de lado e baixe-a até à superfície, encostando a parte posterior da cabeça na água, bem como a orelha e a face. Continuar a movimentar o bebé deslizando à superfície da água.

Imersão facial com rotação Esta é a primeira imersão verdadeira, e deve ser feita quando a criança se sentir à vontade na prática da imersão anterior. Esta imersão deve ser executada da mesma forma que a imersão facial, mas o adulto quando roda a criança, baixa-o de maneira que a cara fique dentro de água.

Ordem para suster a respiração

Realizar o exercício de frente para outro adulto que deve receber a criança com um brinquedo por cima da água. O adulto deve segurar a criança através da Pega Lateral, dar dois passos em frente, ao mesmo tempo em que faz uma contagem em voz alta (1,2,3) e no final levantar o bebé 20-25 cm acima da água e voltar a baixar em direção à mesma até que fique submerso, fazendo deslocar o bebé em direção ao segundo adulto. Meio segundo depois trazer de novo à superfície até às mãos do recetor.

Imersão vertical Mergulhar a criança de frente para o adulto, recorrendo à contagem e à elevação da ordem para suster a respiração, por forma a preparar a criança para permanecer debaixo de água, imergindo entre cerca de meio segundo a 3 segundos, dependendo da sua adaptação. O adulto deve usar a Pega Facial. Nível 1: O adulto deve ficar de pé dentro da piscina e a criança fica sentado no bordo da mesma, colocando as mãos debaixo das axilas. Fazer uma contagem e no final colocar as mãos à frente da criança para dar indicação de que está à espera para ele saltar. O adulto deve manter as mãos debaixo das axilas, enquanto a criança realiza o salto.

Nível 2: Assim que a criança se sinta à vontade no nível anterior, realizar a mesma sequência mas dando indicações à criança para que seja ela a executar o movimento sozinha, com o apoio do adulto no final do salto.

Passagem em imersão para par com apoio

Deve ser realizada quando a criança se sentir à vontade com as imersões, estiver apto a Suster a Respiração e sair do mergulho sustendo a respiração de forma consistente:

Nível 1: Segurar através da Pega Lateral, de frente para outro adulto, a uma distância de 1,2-1,5 m, fazer a Ordem de Suster a Respiração e depois baixar a criança em direção à água, realizando a contagem de “1,2,3” e à contagem de “2” entrega-lo ao recetor.

Nível 2: Após completar com segurança o nível 1, o tempo que imersão pode ser aumentado em mais 1 segundo.

Passagem em imersão para par sem apoio

Consiste numa passagem curta e sem ajuda. O adulto deve ficar de frente para o seu acompanhante à distância de 1,2 m. Segurar a criança na posição de Pega Lateral e realizar a Ordem para Suster a Respiração. Mergulhar completamente a criança e solta-la abaixo da superfície e empurrando-a para frente, realizar a contagem em voz alta a partir do momento de imersão. O recetor à contagem de “2” deve colocar as mãos debaixo das axilas e levantá-la acima da água.

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Passagem em imersão para o bordo

Aprender a agarrar o bordo da piscina.

Nível 1: Colocar um brinquedo no bordo da piscina ou na calha. O adulto, com o bebé na posição de Pega Lateral, e afastado da parede 1,5-1,8 m, realizar o deslocamento de deslize ventral e a 25-30 cm do bordo, deve para e pedir à criança que estenda os braços e agarre o bordo.

Nível 2: Realizar a mesma sequência, mas o adulto deve mergulhar a criança e impulsioná-la na direção do bordo da piscina, voltando depois a trazê-lo à superfície a uma distância de 30 cm do mesmo.

(Adaptado de McKay & McKay, 2005)

Estes autores acautelam para o número de imersões que devem ser feitas por lição e que não devem passar as 3-5 vezes, bem como a utilização de elogios e brinquedos no final de cada imersão para desviar a atenção do bebé quando este fica incomodado com o exercício ou com tosse.

Segundo Barbosa e Queirós (2003) durante a imersão o aluno deve ser capaz de se deslocar à superfície; suprimir os apoios; imergir, deslocando-se para a superfície; experimentar desequilíbrios e conseguir resolvê-los; e relacionar-se com o fundo da piscina. Ainda segundo o mesmo autor, durante a aprendizagem da respiração o aluno deve ser capaz de expirar na água, pela boca e pelo nariz; coordenar a respiração (inspiração + expiração) com os movimentos das pernas; efetuar inspirações curtas e expirações longas; e deslocar-se em diferentes direções.

2.5.4.4 - Propulsão

Segundo Borges (Borges, 2008 citado por Navega, 2011) a propulsão é caraterizada pela capacidade de deslocação no meio aquático com ausência de apoios fixos. Este autor considera que em terra os braços são dominantemente equilibradores e as pernas propulsoras, mas no meio aquático passa-se o contrário, os braços são propulsores e as pernas equilibradoras.

A propulsão consiste na capacidade de controlar o corpo em diferentes situações propulsivas das pernas e dos braços, com e sem apoios e nos diferentes planos de água, e deslocar em diferentes direções tendo consciência da resistência da água (Barbosa e Queirós, 2003).

Para Velasco (1994) a última etapa da aprendizagem na natação é o da propulsão. Só após a assimilação desta etapa, é que se passa para a aprendizagem seguinte: os quatro estilos, crol, costas, bruços e mariposa.

Imagem

Figura 1 - Exercício realizado com música
Figura 4 - Organização em vagas.
Figura 5 - Formas de utilização do material didático

Referências

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