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A próxima etapa de adaptação ao meio aquático é efetuada através da boca, nariz, olhos e ouvidos. Após esta adaptação estar consolidada surge o processo respiratório no qual a inspiração ocorre fora de água e a expiração realiza-se dentro de água. Logo, a capacidade de imersão na água ocorre facilmente, podendo a criança passar para a flutuação e sustentação (Velasco, 1994).

A respiração na água difere nas suas características, relativamente à respiração em terra. Se em terra a respiração tem uma dominância nasal, no meio aquático tem uma dominância bocal; em terra a respiração é reflexa e no meio aquático é voluntária. No que respeita à relaçãoinspiração/expiração, em terra a inspiração é ativa (contração do diafragma) e a expiração é passiva (relaxamento do diafragma), no meio aquático a inspiração é reflexa e a expiração é ativa (no exercício-hiperventilação) (Borges, 2008 citado por Navega, 2011).

McKay & McKay (2005) sugerem diversas formas de imersão do bebé. Consideram que a adaptação à água na cabeça durante o banho permite à criança uma melhor preparação para as imersões. Sendo assim, sugerem que os pais realizem movimentos à superfície da água de forma a passar o rosto suavemente pela mesma, possibilitando a sensação da água a cobrir-lhe a cara. Estes autores sugerem, ainda várias formas de imersão, retratadas no quadro 4:

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Quadro 4 - Habilidades de Imersão.

Habilidades de Imersão Descrição

Imersão Facial Através da Pega Lateral (p.23) o adulto que acompanha a criança ergue-o cerca de 20-25 cm, com passagem pela posição vertical e mantendo as pernas dentro de água, roda os pulsos de forma que a criança fique deitada de lado e baixe-a até à superfície, encostando a parte posterior da cabeça na água, bem como a orelha e a face. Continuar a movimentar o bebé deslizando à superfície da água.

Imersão facial com rotação Esta é a primeira imersão verdadeira, e deve ser feita quando a criança se sentir à vontade na prática da imersão anterior. Esta imersão deve ser executada da mesma forma que a imersão facial, mas o adulto quando roda a criança, baixa-o de maneira que a cara fique dentro de água.

Ordem para suster a respiração

Realizar o exercício de frente para outro adulto que deve receber a criança com um brinquedo por cima da água. O adulto deve segurar a criança através da Pega Lateral, dar dois passos em frente, ao mesmo tempo em que faz uma contagem em voz alta (1,2,3) e no final levantar o bebé 20-25 cm acima da água e voltar a baixar em direção à mesma até que fique submerso, fazendo deslocar o bebé em direção ao segundo adulto. Meio segundo depois trazer de novo à superfície até às mãos do recetor.

Imersão vertical Mergulhar a criança de frente para o adulto, recorrendo à contagem e à elevação da ordem para suster a respiração, por forma a preparar a criança para permanecer debaixo de água, imergindo entre cerca de meio segundo a 3 segundos, dependendo da sua adaptação. O adulto deve usar a Pega Facial. Nível 1: O adulto deve ficar de pé dentro da piscina e a criança fica sentado no bordo da mesma, colocando as mãos debaixo das axilas. Fazer uma contagem e no final colocar as mãos à frente da criança para dar indicação de que está à espera para ele saltar. O adulto deve manter as mãos debaixo das axilas, enquanto a criança realiza o salto.

Nível 2: Assim que a criança se sinta à vontade no nível anterior, realizar a mesma sequência mas dando indicações à criança para que seja ela a executar o movimento sozinha, com o apoio do adulto no final do salto.

Passagem em imersão para par com apoio

Deve ser realizada quando a criança se sentir à vontade com as imersões, estiver apto a Suster a Respiração e sair do mergulho sustendo a respiração de forma consistente:

Nível 1: Segurar através da Pega Lateral, de frente para outro adulto, a uma distância de 1,2-1,5 m, fazer a Ordem de Suster a Respiração e depois baixar a criança em direção à água, realizando a contagem de “1,2,3” e à contagem de “2” entrega-lo ao recetor.

Nível 2: Após completar com segurança o nível 1, o tempo que imersão pode ser aumentado em mais 1 segundo.

Passagem em imersão para par sem apoio

Consiste numa passagem curta e sem ajuda. O adulto deve ficar de frente para o seu acompanhante à distância de 1,2 m. Segurar a criança na posição de Pega Lateral e realizar a Ordem para Suster a Respiração. Mergulhar completamente a criança e solta-la abaixo da superfície e empurrando-a para frente, realizar a contagem em voz alta a partir do momento de imersão. O recetor à contagem de “2” deve colocar as mãos debaixo das axilas e levantá-la acima da água.

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Passagem em imersão para o bordo

Aprender a agarrar o bordo da piscina.

Nível 1: Colocar um brinquedo no bordo da piscina ou na calha. O adulto, com o bebé na posição de Pega Lateral, e afastado da parede 1,5-1,8 m, realizar o deslocamento de deslize ventral e a 25-30 cm do bordo, deve para e pedir à criança que estenda os braços e agarre o bordo.

Nível 2: Realizar a mesma sequência, mas o adulto deve mergulhar a criança e impulsioná-la na direção do bordo da piscina, voltando depois a trazê-lo à superfície a uma distância de 30 cm do mesmo.

(Adaptado de McKay & McKay, 2005)

Estes autores acautelam para o número de imersões que devem ser feitas por lição e que não devem passar as 3-5 vezes, bem como a utilização de elogios e brinquedos no final de cada imersão para desviar a atenção do bebé quando este fica incomodado com o exercício ou com tosse.

Segundo Barbosa e Queirós (2003) durante a imersão o aluno deve ser capaz de se deslocar à superfície; suprimir os apoios; imergir, deslocando-se para a superfície; experimentar desequilíbrios e conseguir resolvê-los; e relacionar-se com o fundo da piscina. Ainda segundo o mesmo autor, durante a aprendizagem da respiração o aluno deve ser capaz de expirar na água, pela boca e pelo nariz; coordenar a respiração (inspiração + expiração) com os movimentos das pernas; efetuar inspirações curtas e expirações longas; e deslocar-se em diferentes direções.

2.5.4.4 - Propulsão

Segundo Borges (Borges, 2008 citado por Navega, 2011) a propulsão é caraterizada pela capacidade de deslocação no meio aquático com ausência de apoios fixos. Este autor considera que em terra os braços são dominantemente equilibradores e as pernas propulsoras, mas no meio aquático passa-se o contrário, os braços são propulsores e as pernas equilibradoras.

A propulsão consiste na capacidade de controlar o corpo em diferentes situações propulsivas das pernas e dos braços, com e sem apoios e nos diferentes planos de água, e deslocar em diferentes direções tendo consciência da resistência da água (Barbosa e Queirós, 2003).

Para Velasco (1994) a última etapa da aprendizagem na natação é o da propulsão. Só após a assimilação desta etapa, é que se passa para a aprendizagem seguinte: os quatro estilos, crol, costas, bruços e mariposa.

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1.5.4.5 - Saltos

No que respeita à aprendizagem dos saltos para a água, Barbosa e Queirós (2003) consideram que o aluno deve ter em atenção a entrada na água em segurança. Para tal deverá desenvolver a perceção da posição da cabeça relativamente ao corpo, bem como a capacidade de imergir completamente e apanhar objetos a pequena e grande profundidade.

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