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ANÁLISE DE REDES SOCIAIS: UMA DÉCADA DE PUBLICAÇÕES SOCIAL NETWORK ANALYSIS: A DECADE OF PUBLICATIONS

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SOCIAL NETWORK ANALYSIS: A DECADE OF PUBLICATIONS

Priscila Romero Sanches - p-sanches@uol.com.br César A. Galvão F. Conde - cesargconde@gmail.com Maria Inês Tomaél - maritomael@gmail.com

Resumo: Este estudo se propõe a lançar um olhar sobre as publicações que utilizam a Análise de Redes Sociais (ARS) no periódico Transinformação, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas, nos últimos 10 anos, entre 2006 e 2016. Foi observado o ponto de partida dos estudos, como eles se desenvolveram durante os anos e quais áreas foram beneficiadas a partir destas pesquisas. Apesar de ser um tema com conceitos antigos, a Análise de Redes Sociais vem se desenvolvendo ao longo do tempo. Além disso, é possível concluir que o método serve como contribuição para qualquer área do conhecimento e pode ser utilizado para responder diversas questões.

Palavras-chave: Análise de rede. Redes sociais. Mídias sociais. Periódico científico.

Abstract: The purpose of this study is to check the publications on Social Network Analyses (SNA) in the journal Transinformação, of the Pontifical Catholic University of Campinas, in the past 10 years, between 2006 and 2016. It was observed the starting point of the studies, their development throughout the years and which areas have benefited from these researches. Although the concept of Social Network Analyses starts long ago, it has developed over the time. Also, it is possible to imply that the method serves as a contribution to answer questions from any area of knowledge.

Keywords: Network analysis. Social networks. Social media. Scientific journal.

1 INTRODUÇÃO

É importante analisarmos as motivações dos estudos e finalidades ligadas à Análise de Redes Sociais (ARS) nos mais diversos campos do conhecimento. Para este estudo, elegemos as publicações científicas que utilizaram a ARS como método de pesquisa, na última década de publicações do periódico científico Transinformação, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. O artigo tem como objetivo identificar as áreas de conhecimento dos autores e a forma como as pesquisas se desenvolvem, se teórica ou empírica.

Nota-se em muitos estudos a ausência da aplicação empírica da ARS, com a leitura do fenômeno das ligações entre atores por meio de gráficos e teoremas

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matemáticos. Talvez pela complexidade do método e da dificuldade na coleta de informações, muitos autores permanecem na análise teórica do tema. No caso das pesquisas empíricas, os meios utilizados foram sendo aprimorados e os observadores do fenômeno podem contar com programas de computador como UCINET, PAJEK etc.

Este estudo se propõe a observar como as pesquisas foram desenvolvidas ao longo desta década de publicações da Transinformação. Com um olhar também para a difusão do uso da rede mundial de computadores pelos atores das redes, chamando a atenção dos pesquisadores para a nova forma de interação e disseminação do fluxo de informação.

Este artigo foi feito com base na análise de nove artigos científicos, publicados na Transinformação de janeiro de 2006 a abril de 2016, nas edições de número 18 a 28. Os nove artigos foram selecionados com base no seguinte critério: a palavra “rede” precisava constar no título da publicação. Neste período, foram publicados na Transinformação cinco artigos teóricos e quatro empíricos que atenderam ao critério da seleção. Os estudos empíricos são os mais recentes, datam de 2014 a 2016. Enquanto as análises teóricas dominam a cena de 2006 a 2013.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A observação das pesquisas sobre a Análise de Redes Sociais (ARS) remete à necessidade de se pontuar alguns princípios dos estudos sobre o tema, visto que, segundo Lévy (1993, p. 183), toda mensagem é modificada pelo meio e atores que dela participam. Notadamente a ARS é uma ferramenta essencial na busca de resultados práticos no compartilhamento de informação, independentemente do período em que o fenômeno é analisado. Marteleto e Tomaél (2005) conceituaram a ARS como uma metodologia advinda da Antropologia e Sociologia para entender as relações dos indivíduos, o que garante a compreensão da estrutura relacional da sociedade. Para compreender esta relevância é preciso fazer um breve resgate histórico do conceito de ARS.

Os primeiros estudos de redes remontam à década de 1940, com Claude Lévi-Strauss e o estudo de família. Depois desse, muitos outros estudiosos fizeram análise de redes sociais, como Radcliffe-Brown, J A Barnes, Barry Wellman e

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George Simmel. Já em 1995, Colonomos (1995 apud Acioli, 2007, p. 9) afirma que: As redes nascem num espaço informal de relações sociais, mas seus efeitos são visíveis para além desse espaço através das relações com o Estado, a sociedade e de outras instituições representativas. A partir de interações estratégicas se dariam novas perspectivas de análise, ou um novo individualismo metodológico.

Com o advento das redes sociais online (ou mídias sociais), proporcionadas pela evolução tecnológica e popularização do uso dos computadores, a ARS ganha uma dimensão ainda maior. Os fenômenos anteriormente pesquisados pela observação do comportamento da sociedade ganham plataformas que amplificam interação entre atores e como se dá a troca de informações. As pesquisas lançam luz a um novo e amplo campo de estudo: o das mídias digitais. O que se pode notar é que a ARS é essencial para esmiuçar as relações propiciadas pela World Wide

Web.

Kadushin (2011) ressalta a importância da internet neste novo horizonte de estudo. Ele observa que em 2008, 75% da população adulta dos Estados Unidos da América fazia uso da rede mundial de computadores e pelo menos 35% deste total tinha um perfil em alguma mídia social. Com isso, por mais que as pessoas se sentissem solitárias em suas casas, mantinham contato com um grande número de outros indivíduos via internet. Desta forma, observa-se que o nível de conexão entre os indivíduos tende a aumentar independentemente da barreira geográfica que os separa.

Esta proximidade relacional, independentemente da geografia, garante, por exemplo, a troca de informações como contribuição para a difusão da ciência, pelo contato remoto de pesquisadores de uma mesma instituição ou então de unidades afastadas por continentes de distância. As mídias sociais também criam um ambiente produtivo para armazenamento e difusão de informações.

3 RESULTADOS: APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO

Foi possível observar que os estudos são feitos para responder perguntas paralelas às redes em qualquer área do conhecimento. Sendo assim, as pesquisas detalhadas em artigos apontam resultados que explicam fenômenos e fatos possíveis apenas por conta da existência de uma rede de relacionamento entre atores, que em virtude de suas ligações compartilham informações essenciais para modificar o meio em que estão inseridos.

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Nesta década de publicações da Transinformação foram escritos artigos sobre o tema que faziam descrições sobre o poder das ligações entre atores como garantia de sucesso econômico em empresas, passando pela importância na difusão de informação científica pela análise de trabalhos publicados em um período específico na América do Sul e ainda na busca e checagem de informações por jornalistas. A análise da organização política da sociedade passou pelo crivo da ARS. E até a mensuração da distribuição científica no Brasil ganhou forma por meio da análise da rede de pesquisadores pelo país.

Com relação à área de formação dos autores de artigos desta década de publicações, nota-se uma dominância da área de Humanas. Foram identificados 23 autores diferentes nos nove artigos analisados. Deste total, 12 têm formação na área de Ciência da Informação, três em Comunicação, outros quatro pesquisadores são formados em Engenharia de Produção, um em Agronomia e três em Economia. Apenas uma pesquisadora é autora de mais de um artigo publicado nesta década de análise. Trata-se da professora pós-doutora Maria Inês Tomaél, que é autora de dois artigos, um publicado em 2006 e outro em 2013. Há ligação dos pesquisadores com universidades dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e também de fora do Brasil com uma universidade da França e outra da Espanha.

O destaque fica com a Universidade Estadual de Londrina que é a instituição ligada a cinco autores de artigos. O Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca do Rio de Janeiro é a instituição base de outros quatro pesquisadores. Enquanto a Universidade de São Paulo é base de três autores. A Universidade Federal do ABC, em Santo André (SP), a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP), a Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, a Universidade Federal do Rio de Janeiro, a Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, a Université Paul Valéry Montepellier, de Montepellier, na França, e a

Universidad Carlos III de Madrid, na Espanha, estão ligadas a um autor de artigo

cada uma. Há ainda três autores ligados a empresas ou instituto não relacionados a universidades.

Sobre a abordagem dos artigos, nota-se que as pesquisas teóricas são dominantes nas publicações dos últimos 10 anos da Transinformação. Os autores Nair Yumiko Kobashi e Raimundo Nonato Macedo dos Santos, por exemplo, usam

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técnicas de bibliometria e conceitos teóricos da ARS em “Institucionalização da pesquisa científica no Brasil: cartografia temática e de redes sociais por técnicas bibliométricas” (2006). O apanhado demonstrado no artigo foi feito em três campos do conhecimento: Ciência da Informação, Energia Nuclear e Cronobiologia.

A análise proposta é feita com base em três indicadores gerados a partir de bases referenciais de produção científica, de citação e de cooperação entre instituições de ensino. O projeto de pesquisa se utiliza basicamente dos dados do

Institute for Scientific Information (ISI), que faz a indexação de cerca de 8.500

periódicos. Neste caso, o estudo se refere à rede social de conhecimento gerada por meio da disseminação da informação em publicações científicas. A análise proposta visa enfocar o caminho trilhado pelas ciências em algumas áreas do conhecimento para determinação de alocação de recurso.

Outra análise teórica foi proposta pelos autores Adriana Rosecler Alcará, Elaine Cristina Liviero Tanzawa, Ivone Guerreiro Di Chiara, Maria Inês Tomaél, Plínio Pinto de Mendonça Uchoa Júnior, Valéria Cristina Heckler, Jorge Luis Rodrigues e Sulamita da Silva Valente em “As redes sociais como instrumento estratégico para a inteligência competitiva” (2006). O estudo baseia-se nos conceitos metafórico, etnográfico, de intervenção e ainda emprega a teoria de gráficos e a álgebra das matrizes para a análise de redes. O artigo trata das redes sociais dentro das corporações e como a administração correta do fluxo de informação contribui para a formação da inteligência competitiva.

Os autores demonstraram que 40% das informações disseminadas dentro de uma corporação são de origem oficial e tratam de documentos inerentes ao campo de interesse da empresa. Outros 40% vêm de fontes informais, como clientes, fornecedores e outras corporações. Há ainda 10% da informação que partem de especialistas e mais 10% de eventos.

A análise demonstra que entender como o fluxo de informação se propaga entre os atores da rede gera eficiência e, por consequência, lucro, que é o objetivo fim da inteligência competitiva. O estudo aponta que é possível saber quais são os atores centrais e entender o papel dos demais participantes da rede para conferir eficiência na propagação da informação, qualidade da mesma e emprego assertivo dela.

Ruleandson do Carmo Cruz fez um referencial teórico sobre o compartilhamento da informação nas mídias sociais em “Redes sociais virtuais:

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premissas teóricas ao estudo em ciência da informação” (2010). O autor cita Orkut e

Twitter e busca em teóricos tradicionais da Ciência da Informação uma conceituação

para redes sociais e também para informação, que neste caso é objeto de compartilhamento das mídias sociais. O autor conceitua rede social, faz seu embasamento histórico e depois discorre sobre outros autores que visitaram o tema na atualidade, como Recuero, Tomaél e Marteleto (2013).

Cruz demonstra que as mídias sociais encontram base nos conceitos tradicionais de rede, como centralidade, densidade, simetria, assimetria, distância geodésica e transitividade. O embasamento teórico destes conceitos passa novamente pelas autoras acima citadas e ainda Barnes, Emirbayer; Goodwin, Lopes, Garton, Hanneman, Scott, entre outros. O autor observa que a única diferença entre as mídias sociais e as anteriormente estudadas é que as virtuais se utilizam de um

software para promover a interação entre atores.

Neste projeto de pesquisa as mídias sociais são apresentadas como novas formas de organização de redes sociais. Cruz aponta que há uma dinâmica constante de mudança nas redes virtuais, com quebras constantes de ligações entre atores. O autor demonstra que na rede social virtual o capital social do ator está ligado aos conceitos de popularidade na rede e capacidade de influenciar. Ele ainda traz à luz a análise de que o ciberespaço criou a possibilidade da formação de comunidades virtuais, que dispensam o conceito de territorialidade, agregando atores, independentemente da distância entre eles.

O artigo ainda complementa a relação do usuário do ciberespaço com a informação. Dentro deste contexto ela não está mais sob o domínio dos meios de comunicação de massa. É um estudo bastante atual sobre a ARS dentro do ambiente da rede mundial de computadores que hoje traz um novo paradigma de estudo aos pesquisadores.

Em “Considerações sobre a esfera pública: redes sociais na internet e participação política” de Jackson da Silva Medeiros (2013), o autor leva o leitor a uma viagem pela nova fronteira da organização e manifestação popular através da rede mundial de computadores. A condução teórica revela a contribuição das mídias sociais para a mobilização política da sociedade. Medeiros mostra como o ciberespaço abriu caminho para a participação popular de atores, que caso não houvesse esta oportunidade, ficariam à margem do processo político. Jackson conceitua o que seria esfera pública e política na atualidade.

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No artigo há uma ponderação sobre a liberdade de expressão, abastecida pelo acesso à informação, que não depende apenas agora dos meios de comunicação de massa. O cidadão munido de dados tem maior capacidade de se posicionar. Medeiros chama a atenção à bagagem cultural que cada indivíduo apresenta nesta ponderação política e tomada de posição. Mas por outro lado, ele faz uma avaliação de que por mais que a sociedade se organize, ainda é preciso a figura de validadores da opinião por meio dos meios de comunicação de massa.

Outra análise apresentada nestes últimos 10 anos de publicações que utilizam a ARS para explicar algum fenômeno é a do artigo “Redes sociais de dois modos: aspectos conceituais”, de Maria Inês Tomaél e Regina Maria Marteleto (2013). As autoras tratam das relações entre atores de categorias diferentes nas redes de dois modos. Um exemplo apresentado foi a relação entre atores de uma rede de pesquisadores, que também se relaciona com a de instituições de ensino. Tomaél e Marteleto apontam na pesquisa que este tipo de estudo é 80% menor, que análises de redes de apenas um modo.

As autoras observam que ao longo da vida os indivíduos vão formando pequenos grupos de interesse, círculos sociais, portanto é mais difícil que um indivíduo tenha círculos sociais idênticos aos dos outros, já que estes se formam por questões particulares como amizade, religião, estudos, etc. No estudo de redes de dois modos, há sempre duas variáveis, como pessoas e entidades. O objeto de estudo é a ligação do ator de uma rede com a outra rede. Num segundo momento é possível fazer a relação entre atores, mas ela não é o foco do estudo.

Foi possível observar também nesta década de análise das publicações da Transinformação que as pesquisas empíricas são as mais atuais. Este é caso do artigo “Visibilidad de los estúdios em el análisis de redes sociales em América del

Sur: su evolución y métricas de 1990-2013”, de Adilson Luiz Pinto e Audilio

Gonzales-Aguilar (2014), que utiliza referências de conceitos clássicos de redes sociais e também a base quantitativa da ARS aplicando teoremas matemáticos e conceitos da bibliometria e da cientometria. O artigo aborda a questão do capital social dos países da América do Sul, incluindo cinco universidades brasileiras, uma argentina e uma chilena. Pinto e Gonzales-Aguilar demonstram quais são os principais pesquisadores do tema na América do Sul e a influência que eles receberam de países como Estados Unidos e Espanha.

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instituições: Universidade de São Paulo, Universidade Federal de Minas Gerais,

Universidad de Buenos Aires y la Pontificia Universidad Católica de Chile,

Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Rio Grande do Sul, Fundação Oswaldo Cruz.

Quem também utilizou a ARS foi a autora Eva Herrero Curiel em “La

credibilidade de las redes sociales em el ámbito periodístico” (2015) que trata do uso

das informações fornecidas pelas mídias sociais aos jornalistas para execução do trabalho de reportar. Por meio de uma pesquisa empírica a autora conseguiu demonstrar que apesar de considerarem a informação presente em mídias sociais de baixa confiabilidade, muitos jornalistas têm aderido a elas para reproduzir conteúdo.

O estudo foi realizado com pouco mais de 400 jornalistas espanhóis - de um total de 75 mil registrados - por meio de um questionário que ficou aberto para respostas na internet pelo prazo de quase um ano. Segundo a pesquisa, 90% dos jornalistas espanhóis se utilizam das mídias sociais no trabalho. Facebook e Twitter foram as plataformas mais utilizadas. Em resposta ao questionário, mais da metade dos jornalistas (214), considerou que as redes sociais online divulgam informação pouco confiáveis. Porém os profissionais admitem que utilizam as mídias sociais frequentemente na execução do trabalho. Os principais usos são de difusão do conteúdo do veículo onde trabalha (69), para ter feedback do leitor (59), encontrar novos temas (58) e também para entrar em contato com as fontes (46).

Nota-se nesta década de publicações da Transinformação que os autores das Ciências Exatas têm predileção pelas pesquisas empíricas utilizando o método de Análise de Redes Sociais. É o caso dos economistas Otávio José Guerci Sidone, Eduardo Amaral Haddad e Jesús Pascual Mena-Chalco, que utilizaram gráficos e teoremas matemáticos para demonstrar qual é a situação da produção científica do Brasil no artigo “A ciência nas regiões brasileiras: evolução da produção e das redes de colaboração” (2016). De acordo com os autores, os dados da pesquisa foram extraídos das informações de publicações científicas descritas nos currículos da Plataforma Lattes do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de 1992 a 2009.

Os resultados do estudo dos economistas apontam que Sudeste e Sul dominam a produção científica no país, com três quartos dos estudos, seguidos pelo Nordeste e por fim Norte e Centro Oeste com menos de 10% das pesquisas. O

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levantamento também tornou possível observar que Brasil se destaca nas pesquisas de Medicina, Física, Biologia, Química e Agricultura.

Outro exemplo de que autores das áreas de Exatas tendem a se relacionar melhor com as pesquisas empíricas da ARS pode ser observado no artigo “Influência da ambiguidade de nomes na centralidade de redes de coautoria” (2015) dos autores Rafael Garcia Barbastefano, Cristina Souza, Juliana Maria de Sousa Costa e Patrícia Mattos Teixeira, formados em Engenharia de Produção.

Os autores utilizaram três maneiras diferentes de fazer a análise de citação para demonstrar alteração no grau de centralidade, proximidade e interação, por conta da forma como é feita a normalização da coautoria em pesquisas científicas. Os pesquisadores utilizaram primeiro o nome completo dos autores na citação, num segundo momento apenas a abreviação e por fim um sobrenome mais o primeiro nome abreviado. O experimento demonstrou que houve alteração na apuração do resultado por conta da modificação na forma de fazer a citação.

Segundo trata o artigo, muitos autores, principalmente os asiáticos, têm uma mesma letra na abreviatura do sobrenome. Isso leva a uma interpretação errônea dos dados sendo possível a mesma referência de citação a 30 autores diferentes, mascarando o resultado final da rede. O artigo aponta que o problema ainda não tem solução, por falta de uma normalização para a citação de coautoria e por isso é preciso atenção redobrada dos pesquisadores para evitar resultados equivocados em ARS para coautoria.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio do levantamento feito em 10 anos de publicações na Transinformação, foi possível observar sobre o tema Análise de Redes Sociais (ARS) que as pesquisas comumente usam o método como pano de fundo para vislumbrar resultados proporcionados pelos relacionamentos e troca de informações dentro das redes. A busca é por respostas, que são encontradas nas ligações entre atores e no fluxo de informação trocado entre eles.

Foi possível atingir o objetivo do estudo de identificar quais áreas do conhecimento receberam alguma contribuição, devido à aplicação da ARS em projetos de pesquisa. Além disso, baseado na identificação dos autores, o estudo demonstra que as pesquisas da ARS publicadas na última década, na

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Transinformação, são desenvolvidas em vários estados e instituições de ensino espalhadas pelo país, com domínio das regiões Sudeste e Sul. A análise dos artigos demonstra que os pesquisadores das Ciências Exatas têm predileção pela aplicação empírica da ARS, enquanto as publicações com análises teóricas são dominadas por autores pertencentes às Ciências Humanas.

As redes sociais são formadas por atores, que independentemente da forma como se encontraram, trocam informações e desta forma transformam o meio em que estão inseridos. Desde a colaboração científica, à troca de informações jornalísticas ou mesmo de mensagens que visam manter uma rede de amizade, a ARS é provada como método efetivo de medição do grau de interatividade e conectividade das redes sociais. Este artigo apenas reafirma a necessidade de análise constante das transformações da sociedade e como ela se organiza por meio da observação da interação entre atores, que vive uma constante transformação.

REFERÊNCIAS

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ALCARÁ, Adriana Rosecler et al. As redes sociais como instrumento estratégico para a inteligência competitiva. Transinformação, Campinas, vol. 18, n. 2, p. 143-153, maio/ago. 2006. Disponível em:

<http://dx.doi.org/10.1590/S0103-37862006000200006>. Acesso em: 10 maio 2016.

BARBASTEFANO, Rafael Garcia ET al. Influência da ambiguidade de nomes na centralidade de redes de coautoria. Transinformação, Campinas, vol. 27, n. 3, p. 189-198, set./dez. 2015. Disponível em:

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CURIEL, Eva Herrero. La credibilidad de las redes sociales en el ámbito periodístico. Transinformação, Campinas, vol. 27, n. 2, p. 165-171, maio/ago. 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/0103-37862015000200006>. Acesso em: 10 de maio de 2016.

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PINTO, Adilson Luiz; GONZALES-AGUILAR, Audilio. Visibilidad de los estudios en análisis de redes sociales en América del Sur: su evolución y métricas de 1990-2013. Transinformação, Campinas, vol. 26, n. 3, p. 253-267, set./ dez. 2014.

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TOMAÉL, Maria Inês; MARTELETO, Regina Maria. Redes sociais de dois modos: aspectos conceituais. Transinformação, Campinas, vol. 25, n. 3, p. 245-253, set./dez. 2013. Disponível em:

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