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INDICADORES PARA AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE FORNECEDORES NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Academic year: 2021

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INDICADORES PARA AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE

FORNECEDORES NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Margaret Souza Schmidt Jobim (1); Helvio Jobim Filho (2)

(1) Universidade Federal de Santa Maria, mssjobim@uol.com.br

(2) Universidade Federal de Santa Maria, jobimh@uol.com.br

RESUMO

O trabalho de pesquisa foi desenvolvido a partir do projeto que apresenta uma proposta de critérios para seleção e avaliação de fornecedores de materiais e componentes da cesta básica do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat. O objetivo principal do trabalho é o estabelecimento de requisitos de desempenho e a utilização de indicadores para monitorar a eficiência dos fornecedores oferecendo, através de um cadastro devidamente elaborado, referenciais de excelência e oportunidades de melhorias. Os indicadores coletados abordam aspectos técnicos, ambientais, sociais, legais e mercadológicos. Desta forma, critérios considerando confiabilidade, capacidade de fornecimento, recursos necessários, tempo de entrega, preço, existência de sistema da qualidade e experiência anterior, tornam-se itens obrigatórios na avaliação e seleção de fornecedores na indústria da construção. Deve-se considerar, entretanto, a existência de indústrias que atuam num mercado competitivo, com baixo nível de desenvolvimento tecnológico, e outras indústrias com sofisticado desenvolvimento tecnológico, representadas por pequeno número de produtores. Da mesma forma, a existência de empresas de construção com elevado patamar de desenvolvimento tecnológico e gerencial coexistem com empresas pouco desenvolvidas, o que exige uma certa flexibilidade nos critérios de seleção.

Palavras-chave: avaliação de fornecedores, indicadores de desempenho de fornecedores, materiais e componentes da construção civil.

1.

INTRODUÇÃO

Mercado mais competitivo, usuários mais exigentes, forte tendência à industrialização da construção civil e necessidade de obter vantagens competitivas efetivas por parte das empresas, têm conduzido o setor para a busca da garantia da qualidade do produto final através da garantia da qualidade dos materiais e componentes.

Diversos autores abordam as questões relacionadas à área de suprimentos das empresas de construção, em especial a aquisição e a seleção e avaliação dos fornecedores.

Segundo SOUZA (1996), a gestão da qualidade na aquisição dos materiais é de grande importância, visto que os insumos respondem por parte significativa do custo da obra, tendo forte impacto na produtividade dos serviços e no desempenho final do produto entregue.

JOBIM (2002) salienta que a importância dos suprimentos no sistema de gestão da qualidade pode ser avaliada, ainda, pela análise dos requisitos da ISO 9000/2000 e do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H). Assim, torna-se imprescindível identificar quais os materiais e componentes que podem afetar a qualidade da edificação, documentando o critério de decisão sobre a seleção de fornecedores e considerando confiabilidade, capacidade de fornecimento, recursos necessários, tempo de entrega, preço, existência de sistema da qualidade, experiência anterior e reputação. Ainda, conforme o autor, no âmbito das empresas há uma crescente necessidade de integração dos processos e operações que ocorrem entre construtores e fornecedores de materiais de construção, de forma a estabelecer um eficiente fluxo de informações entre ambos. Assim, o processo

I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

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de qualificação e seleção de fornecedores permite retirar uma fração significativa da subjetividade e imprevisibilidade associada à aquisição dos insumos.

A constatação de ZEGARRA & CARDOSO (2002), através de estudo de caso em um grupo de empresas construtoras, é que o departamento responsável pela função suprimentos não está devidamente estudado nem desenhado nas empresas analisadas pelos autores, e acaba atuando simplesmente como uma central de compras, ficando sujeito a requisições diárias das obras, o que impede um melhor gerenciamento das compras. Ainda, segundo os mesmos autores, as empresas que estruturam seu departamento de suprimentos podem potencializar as suas atividades. Assim, este departamento pode conseguir melhores preços agrupando compras ou pode passar a pesquisar novos produtos e fornecedores, participando com esse conhecimento em etapas iniciais do empreendimento e passando, por último, a cadastrar e avaliar seus fornecedores. Conforme os autores, o departamento de suprimentos cumpre com outras funções, além da de compra de materiais, agregando valor à gestão de materiais.

Entretanto, AMORIN (2000) afirma que a montagem de um sistema de avaliação eficiente de fornecedores de suprimentos depende de uma capacidade técnica e de investimentos nem sempre presentes em grande parte das empresas de construção, visto que estas são, na sua maioria, empresas de pequeno ou médio porte e o desenvolvimento de sistemas apresenta-se como um esforço significativo, tanto economicamente como em termos de alocação de recursos humanos. Segundo o autor, esta situação é agravada pelo quadro de competição que as obriga a uma intensa busca de produtividade, levando-as a reduzir ao mínimo seu pessoal técnico.

De acordo com ISATTO & FORMOSO (1999), de uma forma geral a avaliação do desempenho do fornecedor cumpre dois papéis importantes na relação empresa-fornecedor, sendo que o primeiro é o de possibilitar ao fornecedor a obtenção do feedback necessário às suas ações, constituindo-se em um instrumento na determinação e avaliação de suas estratégias de marketing, enquanto o segundo é no sentido de permitir a adoção, por parte das empresas produtoras, de sistemas de seleção e qualificação de fornecedores com base em critérios racionais, que possibilitem o estabelecimento de procedimentos padronizados para os processos de aquisição de insumos.

Da mesma forma SILVA & SHIMBO (1998) afirmam que, para atingir a qualificação de fornecedores de materiais, a empresa construtora deve dispor de informações simples e atualizadas e adotar mecanismos práticos e ágeis de avaliação dos mesmos.

Entretanto, segundo JOBIM (2002), a construção habitacional, além das suas características peculiares, apresenta uma diversidade de tecnologias e, da mesma forma, a indústria de materiais e componentes caracteriza-se pelos distintos níveis de desenvolvimento tecnológico e gerencial, incluindo desde a fabricação artesanal até a indústria de alto valor tecnológico agregado. Ainda, o número de itens na construção habitacional, assim como o número de empresas fornecedoras de materiais e componentes é pouco divulgado. Vale lembrar que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para compor o índice mensal de preços dos materiais da construção civil, trabalha com nove mil itens. Por outro lado, percebe-se a dificuldade para obter um número confiável de itens, devido às características locais e regionais da atividade de edificar no país.

Portanto, na indústria da construção civil alguns entraves podem ser citados como justificativa para a dificuldade de visualizar, integrar e gerenciar as cadeias de suprimentos e, conseqüentemente, elaborar critérios robustos para a seleção de fornecedores: elevado número de itens envolvidos no processo produtivo; diversidade de materiais e componentes, com características distintas, que compõem a cadeia da construção civil; desconhecimento da totalidade de fornecedores e clientes envolvidos em cada cadeia de suprimentos, dificultando a integração e o gerenciamento dos múltiplos processos chaves entre e através das empresas; necessidade de adequação dos conceitos advindos das áreas de marketing e logística para a realidade da construção civil; desconhecimento das necessidades do cliente final (usuário) e da importância dessas informações ao longo da cadeia; dificuldade de uma visão integrada, visto que a construção civil, diferentemente das demais indústrias, ainda não pode ser considerada uma montadora.

O risco do negócio, a possibilidade de obter lucro e a responsabilidade sobre o produto entregue ao cliente final (usuário), na construção habitacional, também dependem da estrutura do mercado fornecedor, que é distinta para cada um dos materiais e componentes adquiridos e para as diferentes

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regiões do país. Em vista disso, os materiais e componentes requerem estratégias diferenciadas de aquisição.

Desta forma, pode-se concluir que é de fundamental importância identificar, desenvolver e manter relações apropriadas com um número adequado de fornecedores que satisfaçam as necessidades das empresas. Entretanto, para o alinhamento de percepções entre a empresa e os fornecedores, no que se refere aos requisitos mínimos tecnológicos, ambientais, sociais, legais e comerciais, torna-se imprescindível o conhecimento das cadeias de suprimentos. Assim, pode-se garantir atitudes pró-ativas a partir dos critérios estabelecidos para a seleção de fornecedores e adicionar valor ao produto e à empresa construtora, reduzindo o risco.

Portanto, sugere-se que as decisões de compra se baseiem em critérios pré-estabelecidos e padronizados pela empresa e que estimulem os fornecedores atuais e potenciais para a melhoria contínua, de forma que os fornecedores que entregam seus produtos de acordo com os critérios estabelecidos, no prazo acordado e a um custo competitivo, podem garantir uma contribuição à rentabilidade da empresa de construção. Entretanto, a integração da informação entre os diferentes profissionais e direcionada para os objetivos da organização se torna indispensável, visto que a construção civil é caracterizada por envolver profissionais com interesses, habilidades e conhecimentos diferentes ao longo do processo produtivo e, desta forma, podem surgir problemas de comunicação nas interfaces.

Um exemplo a ser citado é o do concreto usinado. Em diagnóstico realizado em 36 empresas construtoras do Rio Grande do Sul por JOBIM (2002), aproximadamente 44% dos pesquisados avaliam seus fornecedores de concreto usinado, ou concreto dosado em central, priorizando a qualidade do produto entregue. A limitação de mercado também é considerada relevante (fator número um para 22% dos pesquisados) na escolha do fornecedor. Ainda, possivelmente porque as falhas no atendimento prestado pela empresa fornecedora do concreto usinado comprometam o planejamento da obra, este item também é considerado muito importante na avaliação dos fornecedores. Constata-se, entretanto, que apesar do razoável patamar de desenvolvimento gerencial da amostra de empresas construtoras estudadas no diagnóstico, com um respeitável conhecimento na implantação de sistemas de gestão da qualidade, uma das principais dificuldades dessas empresas refere-se à qualidade dos materiais de construção e à necessidade de critérios que orientem na avaliação e seleção de fabricantes.

Os critérios para seleção de fornecedores baseados em preço e condições de pagamento podem representar um entrave à melhoria contínua, exigida pelos modernos sistemas de gestão. Da mesma forma, os critérios baseados na qualidade do produto necessitam ser criteriosamente avaliados com base em indicadores. Pressupõe-se que a seleção de fornecedores, baseada nos conceitos e métodos teóricos desenvolvidos para o gerenciamento das cadeias produtivas, pode conduzir à integração fornecedor-cliente, contribuindo para o desenvolvimento de materiais e componentes que melhor atendam às necessidades do mercado.

Acrescente-se, ainda, que de acordo com o Relatório CIB, publicação 237 (2000), a indústria da construção é grande consumidora de produtos cuja fabricação utiliza intensamente a energia e os aspectos ambientais diretamente relacionados à produção destes materiais deve ser preocupação dos que os produzem. Os assuntos mais importantes no que diz respeito à fabricação referem-se à redução da quantidade de material e energia contidos nos produtos (renovação da matéria prima, reciclagem com baixa energia, aumento da durabilidade e da expectativa de vida útil), baixa emissão dos produtos utilizados (revestimentos amigáveis ao ambiente, pré-tratamento) e possibilidade de conserto fácil (projeto visando o desmonte e o conserto na fábrica) e de reciclagem (produtos feitos para serem devolvidos ao fabricante, após uso, provisionamento do produto). Entretanto, para alcançar os objetivos diretamente relacionados a assuntos ambientais, projetistas e fabricantes de materiais e componentes da construção precisam atuar em estreita cooperação no desenvolvimento de novos conceitos de construção. Deve-se introduzir, ainda, uma classificação de ambiente com o propósito de identificar fatores como expectativa de vida útil, energia intrínseca, composição e reciclabilidade. Muitos autores prevêem o aumento da responsabilidade por parte dos fabricantes, que acompanharão de perto seus produtos, da matéria prima até a entrega, aumentando a pressão para que sejam desenvolvidos novos materiais (reciclados ou feitos de recursos renováveis), sistemas fáceis de serem desmontados e reutilizados, normalização e modularidade dos componentes, instrumentos mais

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otimizados para um melhor prognóstico da vida útil dos sistemas e componentes e uma nova logística objetivando um menor ciclo de reciclagem.

Este trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa que estabelece indicadores de desempenho para os fabricantes de materiais e componentes da cesta básica do PBQP-H, fundamentados em critérios de desenvolvimento tecnológico, ambiental, social, legal e de mercado.

2.

DESCRIÇÃO

O complexo materiais de construção não se define em um setor ou gênero industrial, não sendo, desta maneira, constituído como identidade estatística. É, na verdade, resultado da produção de diversos gêneros industriais que poderiam ser identificados em mais de cem grupos e subgrupos. A variedade de materiais utilizados na construção é bastante diferenciada para cada tipo de obra, inclusive entre obras de mesmo tipo, em função das especificidades de cada uma. Neste trabalho optou-se por abordar apenas trinta e um materiais e componentes da cesta básica do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H), visto que um dos objetivos específicos deste programa é fomentar a garantia de qualidade de materiais, componentes e sistemas construtivos. Inicialmente, classificam-se os materiais e componentes da cesta básica do PBQP-H de acordo com a sua estrutura de mercado, com o objetivo de discutir a sua posição no contexto da indústria da construção, considerando-se que estes materiais podem abranger mercados locais, regionais e nacionais, desde pequeno e médios varejistas até exportações como canais de fornecimento, e distintos tipos de consumidores. Considera-se, ainda, a competitividade do complexo de materiais de construção no Brasil, a quantidade de fornecedores atuantes, a existência de fabricantes na região, a demanda regional e os pólos industriais.

O trabalho está dividido em etapas, sendo que apenas parte delas já está cumprida até o momento. A primeira tem como principal objetivo a elaboração de um cadastro atualizado de fornecedores. Segue-se a avaliação destes fornecedores frente às novas exigências do mercado, com o estabelecimento de indicadores de desempenho e, posteriormente, prestação de auxílio às empresas pesquisadas no diagnóstico dos pontos fortes e fracos, indicando as possibilidades de melhorias segundo aspectos técnicos, ambientais, mercadológicos, sociais e legais.

O início da coleta de dados, pela equipe de pesquisa, ocorreu no mês de agosto de 2003, através de entrevista baseada em lista de verificação, elaborada e discutida pelos envolvidos na cadeia produtiva do concreto usinado. A documentação comprobatória somente é exigida em caso de dúvida sobre a veracidade das respostas, sendo que os entrevistados estão cientes de que podem ser auditados, se a equipe julgar necessário.

A amostra é composta de dezenove empresas construtoras associadas ao Sinduscon local. Apenas uma delas é de médio porte. As demais são consideradas pequenas empresas. Embora todas elas tenham conhecimento sobre sistemas de gestão da qualidade, apenas duas são certificadas pela ISO 9000 e uma está qualificada pelo PBQP-H, nível D. Entretanto, por pertencerem a um sindicato pioneiro na implantação de sistemas de gestão da qualidade no país, existe um significativo patamar de desenvolvimento gerencial nestas empresas. Elas representam a totalidade de empresas construtoras associadas ao sindicato. As demais são prestadoras de serviços e não compõem a amostra.

3.

CADASTRO DE FORNECEDORES

Os dados são coletados através de entrevista junto às empresas da amostra. São entrevistados os responsáveis pelo setor de compras ou diretores. As questões referem-se à forma de aquisição dos 31 materiais e componentes estudados: compra direta do fabricante, através de distribuidor (autorizado ou não) ou compra em balcão. São registrados, ainda, os nomes de todos os fabricantes destes materiais e componentes. No caso do entrevistado desconhecer o fabricante (por exemplo, quando a compra é feita em balcão), as lojas de materiais de construção citadas são visitadas e a relação de fabricantes devidamente listada.

Os dados quantitativos são tabulados através de programa computacional estatístico. A relação dos fabricantes citados resulta no cadastro de fabricantes do Sinduscon local. Em uma etapa posterior, já iniciada, estes fabricantes devem ser devidamente avaliados, gerando indicadores de desempenho.

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Os materiais e componentes analisados constituem a cesta básica do PBQP-H e são os seguintes: blocos cerâmicos, telhas cerâmicas, areia, brita para concreto, cimento portland, argamassa industrializada, cal hidratada, cerâmica esmaltada para revestimento de piso, cerâmica esmaltada para revestimento de parede, chapas de compensado p/ fôrmas, portas de madeira, janelas de madeira, portas de alumínio, janelas de alumínio, portas de aço, janelas de aço, janelas de PVC, blocos de concreto, lajes pré-moldadas, concreto usinado, aço para armaduras de concreto, fios e cabos elétricos, interruptores, tomadas, disjuntores, tubos e conexões de PVC, louças sanitárias, metais sanitários, tintas PVA, tintas acrílicas e vidros.

A primeira conclusão é que alguns materiais e componentes estudados não são utilizados por uma parte significativa de empresas da amostra, conforme tabela 1 a seguir.

Tabela 1 – Materiais e componentes da cesta básica do PBQP-H não utilizados pela amostra de empresas construtoras estudadas

Material/componente não utilizado pelas empresas da amostra

Percentual de empresas da amostra que não utilizam o material/componente 1. Janelas de madeira 78,95% 2. Janelas de PVC 78,95% 3. Blocos de concreto 63,16% 4. Telhas cerâmicas 63,16% 5. Janelas de aço 42,11% 6. Lajes pré-moldadas 31,58% 7. Portas de aço 26,32% 8. Argamassa pronta 15,79%

9. Chapas de compensado para fôrmas 15,79%

10. Portas de alumínio 15,79%

11. Cal 10,53%

As janelas de madeira são pouco utilizadas em função da necessidade de manutenção e custo elevado, enquanto que as janelas de PVC ainda são pouco conhecidas no que se refere ao seu desempenho, além do custo também ser considerado elevado. Os blocos de concreto, além do custo elevado, possuem número reduzido de fabricantes na região e desempenho pouco conhecido. Por outro lado, há um número significativo de indústrias cerâmicas na região, facilitando a aquisição de blocos cerâmicos. Ainda assim, as telhas cerâmicas não são utilizadas em mais da metade das empresas, dando espaço às telhas de fibro-cimento que permitem uma redução no madeiramento do telhado. Os demais materiais e componentes, por razões distintas, não são adquiridos por uma pequena parte da amostra.

Sobre as formas de aquisição dos materiais e componentes, os entrevistados optaram entre: 1. compra direta do fabricante; 2. compra de distribuidor autorizado; 3. compra em balcão; 4. compra direta do fabricante e distribuidor autorizado; 5. compra direta do fabricante e balcão; 6. compra de distribuidor autorizado e balcão; 7. compra direta do fabricante e de distribuidor autorizado e balcão. Os resultados encontram-se na tabela 2 a seguir e estão assinalados os percentuais correspondentes às formas mais comuns de aquisição.

Deve-se observar que os dados referem-se apenas à forma de aquisição dos materiais e componentes pela amostra de empresas estudada, não computando o volume adquirido pelas empresas.

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Tabela 2 – Formas de aquisição dos materiais e componentes pela amostra de empresas estudadas

* percentual significativo de empresas que não utiliza este material/componente ** extrator Material/componente Direto fabric. Distrib. autoriz. Balcão Fabric. e distrib. Fabric. e balcão Distrib. e balcão Fabric., distrib. e balcão Blocos cerâmicos 89,47% 10,53% Telhas cerâmicas* 36,84% Areia** 78,95% 10,53% 5,26% 5,26%

Brita para concreto** 78,95% 10,53% 5,26% 5,26%

Cimento portland 5,26% 5,26% 89,47%

Argamassa industr.* 68,42% 10,53% 5,26%

Cal hidratada* 42,11% 5,26% 36,84% 5,26%

Cerâmica revest. piso 5,56% 50,00% 16,67% 16,67% 11,11%

Cerâmica revest. parede 5,56% 50,00% 16,67% 16,67% 11,11%

Chapas comp. fôrmas* 26,32% 5,26% 42,11% 10,53%

Portas de madeira 55,56% 27,78% 16,67% Janelas de madeira* 21,05% Portas de alumínio* 73,68% 10,53% Janelas de alumínio 88,89% 11,11% Portas de aço* 73,68% Janelas de aço* 57,89% Janelas de PVC* 15,79% 5,26% Blocos de concreto* 36,84% Lajes pré-moldadas* 68,42% Concreto usinado 100,00%

Aço armaduras concreto 15,79% 57,89% 10,53% 5,26% 10,53%

Fios e cabos elétricos 22,22% 5,56% 55,56% 5,56% 5,56% 5,56%

Interruptores 22,22% 5,56% 55,56% 5,56% 5,56% 5,56% Tomadas 27,78% 5,56% 55,56% 5,56% 5,56% Disjuntores 22,22% 5,56% 55,56% 5,56% 5,56% 5,56% Tubos e conexões PVC 5,56% 38,89% 33,33% 16,67% 5,56% Louças sanitárias 27,78% 11,11% 33,33% 22,22% 5,56% Metais sanitários 22,22% 11,11% 44,44% 11,11% 5,56% 5,56% Tintas PVA 22,22% 22,22% 5,56% 44,44% 5,56% Tintas acrílicas 22,22% 22,22% 5,56% 44,44% 5,56% Vidros 61,11% 27,78% 11,11%

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O principal objetivo desta etapa do projeto de pesquisa é a identificação dos principais fabricantes dos materiais e componentes da cesta básica do PBQP-H, com vistas ao estabelecimento de indicadores de desempenho que venham a auxiliar na seleção e avaliação de fornecedores por parte das empresas construtoras.

Percebe-se, entretanto, um elevado número de empresas construtoras que têm um conhecimento ainda incipiente sobre seus fornecedores. Considerando-se que a construção civil tende a se tornar uma indústria montadora, é de extrema importância o relacionamento entre as empresas, formando parcerias na negociação e troca de informações sobre os fabricantes e entre empresas e fabricantes, visando compartilhar responsabilidades e, conseqüentemente, melhorias no produto final.

Considerando-se que o número de fabricantes de materiais e componentes das empresas da amostra estudada é relativamente reduzido, pode-se sugerir que o levantamento de dados e o estabelecimento de indicadores, além de imprescindível para o monitoramento e orientação para a melhoria contínua dos fabricantes, não é tarefa árdua neste primeiro momento. A figura 1 ilustra o número de fabricantes para os materiais e componentes das empresas da amostra estudada.

Figura 1 – Número de fabricantes que fornecem materiais e componentes da cesta básica do PBQP-H para as empresas construtoras da amostra estudada

Nº fabricantes 5 3 6 4 8 2 6 5 6 7 4 5 8 6 4 3 5 2 2 5 4 4 4 2 4 8 5 5 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Blocos cerâmicos Telhas cerâmicas Areia e brita para concreto Cimento portland Argamassa industr. Cal hidratada Cerâmica revest. parede e piso Chapas comp. fôrmas Portas de madeira Janelas de madeira Portas de alumínio Janelas de alumínio Portas de aço Janelas de aço Janelas de PVC Blocos de concreto Lajes pré-moldadas Concreto usinado Aço armaduras concreto Fios e cabos elétricos Interruptores Tomadas Disjuntores Tubos e conexões PVC Louças sanitárias Metais sanitários Tintas PVA Tintas acrílicas Vidros

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A etapa seguinte deste projeto de pesquisa refere-se à avaliação dos fabricantes utilizando a ferramenta de coleta de dados que envolve aspectos técnicos, mercadológicos, sociais, legais e ambientais.

4.

AVALIAÇÃO DE FABRICANTES - INDICADORES DE DESEMPENHO

Os indicadores são valores que servem como referência para as empresas, fornecendo informações necessárias ao processo de tomada de decisões e de melhoria da qualidade e produtividade da empresa. O setor da Construção Civil ainda é pouco habituado à prática da medição, motivo pelo qual existe uma carência de dados que possam fornecer informações quanto ao desempenho atual das empresas e quanto às ações a tomar para melhoria da qualidade e produtividade de seu processo produtivo. Neste artigo sugere-se o estabelecimento de indicadores de desempenho para os fabricantes dos materiais e componentes da cesta básica do PBQP-H. Por questões de espaço, analisa-se os resultados da pesquisa realizada para o concreto usinado ou concreto dosado em central.

Na cidade onde se localizam as empresas da amostra existem duas únicas centrais fornecedoras de concreto usinado. O mercado consumidor se distribui, considerando-se apenas o número de empresas e desconsiderando o volume adquirido, conforme ilustra a figura 2 a seguir.

47%

32% 21%

Fabricante 1 Fabricante 2 Fabricantes 1 e 2

Figura 2 – Distribuição do mercado consumidor de concreto usinado pelas empresas da amostra

4.1 Principais resultados e análise

Os dados relativos ao desempenho dos fabricantes são coletados a partir de ferramenta proposta por JOBIM (2003) e aborda aspectos técnicos, ambientais, mercadológicos, sociais e legais.

4.1.1 Aspectos técnicos

Os aspectos técnicos avaliados nas empresas fabricantes de concreto usinado referem-se à implantação de sistemas da qualidade e processo de certificação de produto, controle e parceria tecnológica, centro de pesquisa e desenvolvimento, marcas e patentes e atendimento às normas técnicas.

Os dois fornecedores para as empresas construtoras da cidade em estudo são certificados pela série de normas NBR ISO 9000. Entretanto, nenhum deles encontra-se em processo de certificação de produto ou em estágio de credenciamento no Programa Setorial da Qualidade - PBQP-H.

Os dois fornecedores oferecem controle tecnológico realizado em laboratório não credenciado pelo INMETRO, em função da inexistência de laboratórios credenciados na região. Entretanto, ambos possuem parceria ativa com a Universidade Federal local, sendo que o fornecedor 1 possui um setor específico para projeto e desenvolvimento de produtos, com profissionais em nível de 3º grau trabalhando no setor. Ambos comprovam o pagamento de direitos autorais de patentes registradas no Brasil e atendem 100% das normas técnicas pertinentes, vigentes no momento no país.

Os aspectos técnicos são coletados segundo a tabela 3 a seguir, e a pontuação para cada item é proposta e discutida entre os fabricantes e empresas construtoras envolvidas.

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Tabela 3 – Relação de itens para a avaliação e estabelecimento de indicadores de desempenho relativos a aspectos técnicos

1. AVALIAÇÃO TÉCNICA – (25% do total de pontos)

1.1 Estágio atual de implantação do Sistema da Qualidade – ISO 9001/2000

ƒ Empresa fornecedora em processo de certificação segundo os requisitos da norma NBR ISO 9001 ƒ Empresa fornecedora certificada segundo os requisitos da norma NBR ISO 9001

1.2 Estágio atual de implantação do processo de certificação de produto

ƒ A empresa fornecedora encaminhou solicitação de certificação ao INMETRO ƒ O organismo certificador analisou o processo

ƒ Produto certificado pelo INMETRO

1.3 Estágio atual de implantação de Programa Setorial da Qualidade - PBQP-H ƒ A empresa fornecedora está em período de credenciamento no âmbito do PSQ ƒ A empresa fornecedora está credenciada no âmbito do PSQ

ƒ A empresa fornecedora participa do PSQ e apresenta produtos não-conformes às normas técnicas ƒ A empresa fornecedora participa do PSQ e apresenta produtos conformes às normas técnicas 1.4 Estágio atual de controle tecnológico

ƒ A própria empresa fornecedora oferece controle tecnológico associado ao produto, em laboratório não credenciado pelo INMETRO

ƒ A própria empresa fornecedora oferece controle tecnológico associado ao produto, em laboratório credenciado pelo INMETRO

1.5 Estágio atual de parceria tecnológica

ƒ O fornecedor já desenvolveu parceria tecnológica com universidades e centros de pesquisas ƒ O fornecedor possui atualmente uma parceria ativa com universidades ou centros de pesquisas 1.6 Centro de pesquisa e desenvolvimento

ƒ A empresa fornecedora possui departamento específico para projeto e desenvolvimento de produtos com profissionais (nível: 3º grau) trabalhando no setor

ƒ A empresa fornecedora possui laboratório interno para validação de produtos e/ou processos 1.7 Marcas e patentes

ƒ A empresa fornecedora comprova o registro de patentes de produtos e processos, ou comprova o pagamento de direitos autorais de patentes registradas no Brasil

ƒ A empresa fornecedora comprova o registro de marcas de produtos e processos, ou comprova o pagamento de direitos autorais de marcas registradas no Brasil

1.8 Estágio atual de atendimento às normas técnicas

ƒ A empresa fornecedora atende 100% das normas listadas vigentes nesta data

4.1.2 Aspectos ambientais

Os aspectos ambientais avaliados nas empresas fabricantes de concreto usinado da cidade em estudo referem-se à implantação de sistema de gestão ambiental, programas de diminuição da quantidade de matérias primas renováveis e não renováveis, de controle da emissão de substâncias tóxicas para a população, flora e fauna, de tratamento de resíduos de matérias primas, resíduos finais e resíduos químicos, de diminuição de energia não renovável e de controle da qualidade ambiental (ruído, dano ao eco-sistema/paisagem, vida útil e embalagens).

Os dois fabricantes em estudo não se encontram em processo de implantação de sistema de gestão ambiental (NBR ISO 14001), mas possuem indicadores da diminuição de matérias primas renováveis, programa de tratamento de resíduos de matérias primas, de resíduos finais e de resíduos químicos. Também há, nas duas empresas, programa de controle da qualidade ambiental (ruído), mas apenas o fabricante 1 dispõe de controle formalizado da vida útil do produto, realizado através de ensaios e de acordo com as normas. Da mesma forma, o fabricante 1 possui indicadores de diminuição de consumo de energia não renovável.

Os dados coletados para avaliação e estabelecimento de indicadores de desempenho relacionados a aspectos ambientais são coletados através da tabela 4.

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Tabela 4 – Relação de itens para a avaliação e estabelecimento de indicadores de desempenho relativos a aspectos ambientais

2. AVALIAÇÃO AMBIENTAL – (25% do total de pontos)

2.1 Estágio atual de implantação do Sistema de Gestão Ambiental – NBR ISO 14001

ƒ Empresa fornecedora em processo de certificação segundo os requisitos da NBR ISO 14001 ƒ Empresa fornecedora certificada segundo os requisitos da NBR ISO 14001

2.2 Estágio atual do programa de diminuição da quantidade de matérias primas renováveis

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para diminuição de matérias primas renováveis ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para diminuição de matérias primas renováveis ƒ A empresa fornecedora possui indicadores da diminuição de matérias primas renováveis

2.3 Estágio atual do programa de diminuição da quantidade de matérias primas não renováveis (desperdícios) ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para diminuição de matérias primas não-renováveis

ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para diminuição de matérias primas não-renováveis ƒ A empresa fornecedora possui indicadores da diminuição de matérias primas não-renováveis

2.4 Estágio atual do programa de controle da emissão de substâncias tóxicas para a população, flora e fauna ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para diminuição de emissão de substâncias tóxicas para a população, flora e fauna

ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para diminuição de emissão de substâncias tóxicas para a população, flora e fauna

ƒ A empresa fornecedora possui indicadores da diminuição de emissão de substâncias tóxicas para a população, flora e fauna

2.5 Estágio atual do programa de tratamento de resíduos de matérias primas

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para tratamento dos resíduos de matérias primas ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para tratamento dos resíduos de matérias primas 2.6 Estágio atual do programa de tratamento de resíduos finais

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para tratamento dos resíduos finais ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para tratamento dos resíduos finais 2.7 Estágio atual do programa de tratamento de resíduos químicos

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para tratamento dos resíduos químicos ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para tratamento dos resíduos químicos 2.8 Estágio atual do programa de diminuição de energia não renovável

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para diminuição de consumo de energia ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para diminuição de consumo de energia ƒ A empresa fornecedora possui indicadores de diminuição de consumo de energia não renovável 2.9 Estágio atual do programa de controle da qualidade ambiental – ruído

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado de controle da poluição do ruído no ambiente ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado de controle da poluição do ruído no ambiente 2.10 Estágio atual do programa de controle da qualidade ambiental – dano ao eco-sistema/paisagem

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado de avaliação do dano ao ecossistema/paisagem ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado de avaliação do dano ao ecossistema/paisagem 2.11 Estágio atual do programa de controle da qualidade ambiental – vida útil

ƒ A empresa fornecedora possui controle não formalizado da vida útil do produto ƒ A empresa fornecedora possui controle formalizado da vida útil do produto

4.1.3 Aspectos mercadológicos

Os aspectos mercadológicos dizem respeito à competitividade, relações com o mercado, eficiência de entrega (pontualidade), controle da quantidade e características do produto entregue, assistência técnica, pesquisa de mercado, sistemas (fornecedores).

As empresas fabricantes de concreto usinado na cidade não possuem sistemática, com indicadores, para identificar o seu posicionamento e o da concorrência no mercado. Apenas a empresa 2 possui

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indicador de pontualidade na entrega, com valor acumulado superior a 90% nos últimos 12 meses. Da mesma forma, apenas a empresa 2 fornece equipamentos utilizados na execução da concretagem. A tabela 5 apresenta os critérios para a avaliação e elaboração de indicadores referentes ao desempenho de mercado das usinas concreteiras.

Tabela 5 – Relação de itens para a avaliação e estabelecimento de indicadores de desempenho relativos a aspectos mercadológicos

3. AVALIAÇÃO MERCADOLÓGICA – (25% do total de pontos) 3.1 Competitividade

ƒ A empresa fornecedora possui sistemática, com indicadores, para identificar o seu posicionamento e da concorrência no mercado

3.2 Relações com o mercado

ƒ O fornecedor realiza com freqüência no mínimo anual pesquisa de satisfação junto aos clientes

ƒ A empresa fornecedora possui sistemática para levantamento e solução de reclamações com indicadores 3.3 Eficiência de entrega - pontualidade

ƒ A empresa fornecedora possui indicador de eficiência de entrega dos pedidos – pontualidade de entrega na obra

ƒ O indicador de pontualidade na entrega tem um valor acumulado entre 50 e 90% nos últimos 12 meses ƒ O indicador de pontualidade na entrega tem um valor acumulado superior a 90% nos últimos 12 meses 3.4 Controle de quantidade e características do produto entregue

ƒ A empresa fornecedora possui indicador de controle de quantidade e características de pedidos

ƒ A empresa fornecedora tem no mínimo 90% dos pedidos dentro do intervalo de tempo acordado entre as partes em 12 meses

ƒ A empresa fornecedora tem 100% dos pedidos dentro do intervalo de tempo acordado entre as partes em 12 meses

ƒ A empresa fornecedora possui controle, com indicadores, dos produtos avariados na entrega 3.5 Assistência técnica/atendimento ao cliente

ƒ A empresa fornecedora possui um departamento específico para atendimento ao cliente ƒ A empresa fornecedora possui indicadores de eficiência no atendimento ao cliente

ƒ A empresa fornecedora possui departamento específico para atendimento ao cliente e indicadores de eficiência no atendimento

3.6 Identificação do produto e do fabricante

ƒ A empresa fornecedora fornece manual de procedimentos para uso do produto 3.7 Pesquisa de mercado

ƒ A empresa fornecedora realiza pesquisa de mercado antes do lançamento de um novo produto 3.8 Sistemas – fornecedores

ƒ A empresa fornecedora especifica materiais componentes do sistema estrutural ƒ A empresa fornecedora fornece materiais componentes do sistema estrutural

ƒ A empresa fornecedora especifica equipamentos utilizados na execução do sistema estrutural ƒ A empresa fornecedora fornece equipamentos utilizados na execução do sistema estrutural ƒ A empresa fornecedora indica mão-de-obra treinada para a execução do sistema estrutural ƒ A empresa fornecedora oferece treinamento para equipes na obra

ƒ A empresa fornecedora fornece mão-de-obra treinada para a execução do sistema estrutural

4.1.4 Aspectos sociais e legais

Avalia-se, nos aspectos sociais e legais, o estágio de implantação de sistema de gestão da responsabilidade social, treinamento, qualificação de pessoal, reconhecimento/premiação, promoção de palestras, seminários e discussões, programas de filantropia e incentivo à integração social.

No que se refere à avaliação social e legal das duas empresas, nenhuma delas encontra-se em processo de implantação do sistema de gestão da responsabilidade social (SA 8000/1997), mas ambas possuem indicadores de treinamento com tendências positivas em um período de 24 meses. A empresa 2 possui programa formalizado de filantropia, com periodicidade semestral.

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A tabela 6 apresenta os critérios para avaliação e estabelecimento de indicadores referentes a aspectos sociais e legais.

Tabela 6 – Relação de itens para a avaliação e estabelecimento de indicadores de desempenho relativos a aspectos sociais e legais

4. AVALIAÇÃO SOCIAL E LEGAL – (25% do total de pontos)

4.1 Estágio atual de implantação do Sistema de Gestão da Responsabilidade Social – SA 8000/1997 ƒ Empresa fornecedora em processo de certificação segundo os requisitos da AS 8000

ƒ Empresa fornecedora certificada segundo os requisitos da SA 8000 4.2 Treinamento

ƒ A empresa fornecedora possui indicador de horas de treinamento por funcionário por ano

ƒ A empresa fornecedora tem indicadores de treinamento com tendências positivas em um período de 24 meses

4.3 Qualificação de pessoal

ƒ A empresa fornecedora possui indicador estratificado da escolaridade de seus colaboradores (1°, 2° e 3° grau)

ƒ O indicador existente mostra claramente o status atual e se a evolução é positiva ƒ A empresa fornecedora possui programa estruturado de incentivo à educação 4.4 Reconhecimento/premiação

ƒ O fornecedor recebeu prêmio estadual reconhecido oficialmente ƒ O fornecedor recebeu prêmio nacional reconhecido oficialmente 4.5 Palestras, seminários, discussões

ƒ A empresa fornecedora promove palestras, seminários e discussões sobre assuntos atuais no mínimo duas vezes ao ano

ƒ A empresa fornecedora promove palestras, seminários e discussões sobre assuntos atuais no mínimo a cada dois meses

ƒ A empresa fornecedora promove palestras, seminários e discussões sobre assuntos atuais no mínimo mensalmente

4.6 Programas de filantropia

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado de filantropia, com periodicidade anual ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado de filantropia, com periodicidade semestral ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado de filantropia, com periodicidade anual ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado de filantropia, com periodicidade semestral 4.7 Incentivo à integração social

ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para integração social com periodicidade anual ƒ A empresa fornecedora possui programa não formalizado para integração social com periodicidade semestral

ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para integração social com periodicidade anual ƒ A empresa fornecedora possui programa formalizado para integração social com periodicidade semestral

4.1.5 Indicadores

Os dados são coletados pela equipe de pesquisa através da ferramenta de coleta apresentada e resultaram em indicadores de desempenho para os dois fabricantes de concreto usinado da cidade. Os valores apresentados são médias obtidas através de cálculo que considera a nota atribuída a cada fabricante, segundo os itens propostos. Pode-se constatar que o patamar de desenvolvimento tecnológico e gerencial dos dois fabricantes é semelhante, mas existem possibilidades de melhorias para ambos.

A figura 3 a seguir ilustra a situação das duas empresas pesquisadas, únicas fornecedoras de concreto usinado no mercado da cidade em estudo.

(13)

Figura 3 – Indicadores de desempenho atribuídos aos dois fornecedores (fabricantes) de concreto usinado da cidade em estudo

4.1.6 Possibilidades de melhorias

Não existem diferenças significativas nos quatro aspectos avaliados nas duas empresas fabricantes de concreto usinado na cidade em estudo. Pode-se verificar que nos aspectos técnicos, sociais e legais, ambas se equivalem. Referente aos aspectos ambientais, a empresa 1 possui melhor pontuação, enquanto que nos aspectos mercadológicos a empresa 2 alcançou melhor desempenho. Algumas considerações fazem-se pertinentes:

Aspectos técnicos

ƒ O processo de certificação do produto é dificultado pelo fato de não existirem laboratórios credenciados pelo INMETRO na região.

ƒ Da mesma forma, o controle tecnológico através de laboratório credenciado fica prejudicado. ƒ Depende das lideranças do setor a iniciativa para a organização de um Programa Setorial da

Qualidade junto ao PBQP-H.

ƒ A manutenção de parceria ativa com a universidade é facilitada pela existência de Universidade Federal na cidade, com profissionais pesquisadores qualificados.

Aspectos ambientais

ƒ A implantação do sistema de gestão ambiental (NBR ISO 14001) deve ser uma meta a ser perseguida pelas empresas, pois possivelmente em breve, por questões de exigências legais, os fornecedores de concreto usinado tenderão a trilhar este caminho.

ƒ Os indicadores da diminuição de matérias primas renováveis e não renováveis e de emissão de substâncias tóxicas para a população, flora e fauna são relativamente fáceis de coletar, visto que as empresas já possuem programas com este fim.

Aspectos mercadológicos

ƒ Se as empresas conhecem a sua participação no mercado e acompanham o desempenho do concorrente, porque estes dados não são transformados em indicadores e balizam a competitividade da empresa no mercado local?

46,25 42,50 60,00 48,88 57,50 80,00 40,5047,50 51,06 54,72 0 20 40 60 80 100 Aspectos técnicos Aspectos ambientais Aspectos mercadológicos Aspectos sociais e legais Geral Fornecedor 1 Fornecedor 2

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ƒ Da mesma forma, a coleta de indicadores sobre eficiência na entrega (pontualidade), assim como o registro formalizado do controle da quantidade e características do produto entregue não acarretam custos nas empresas e podem representar um diferencial para o cliente, desde que devidamente divulgados.

ƒ É uma tendência na construção civil nacional o fornecimento de sistemas ao invés de materiais. No caso das concreteiras, todo equipamento ou serviço associado ao material pode acrescentar valor ao produto entregue. Ao invés de vender concreto, porque não fornecer a concretagem (material, equipamentos e serviço) ou, ainda, a estrutura pronta?

ƒ Considerando que o número de clientes de cada empresa fornecedora de concreto usinado é relativamente pequeno (em função do porte da cidade e do volume de obras), as pesquisas de mercado são facilmente realizáveis, não acarretam custos adicionais e pode-se sugerir que auxiliem na definição de novos produtos e serviços.

Aspectos sociais e legais

ƒ A implantação de sistemas de gestão da responsabilidade social ainda é uma realidade distante na construção civil do país.

ƒ A formalização de programas de incentivo à integração social, de filantropia, de organização de palestras, seminários e discussões sobre assuntos atuais podem resultar em vantagens para a empresa, pois estes programas já existem mas não estão devidamente formalizados.

5.

CONCLUSÕES

Considerando-se os diferentes patamares de desenvolvimento tecnológico e gerencial das empresas construtoras e das indústrias fornecedoras de materiais e componentes, conclui-se que a adoção dos critérios propostos deve ocorrer de forma evolutiva e em níveis adequados ao desenvolvimento de cada empresa.

Entretanto, embora as restrições anteriores, conclui-se que os critérios de seleção e avaliação de fornecedores e o estabelecimento de indicadores de desempenho constituem uma ferramenta importante para as empresas engajadas nos modernos sistemas de gestão, mas preferencialmente devem constituir ações setoriais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Maria, RS, 2003.

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ZEGARRA, Sofia L. V.; CARDOSO, Francisco F. A gestão de informações relativas à gestão de

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Referências

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