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Magnifica Reitora da Universidade de Cabo Verde, Senhoras e Senhores Membros da Direção da UNI-CV,

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Academic year: 2021

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Assembleia Nacional

Magnifica Reitora da Universidade de Cabo Verde,

Senhoras e Senhores Membros da Direção da UNI-CV,

Senhoras e Senhores Docentes,

Senhoras e Senhores Discentes,

Senhoras e Senhores representantes da Comunicação Social Livre,

Ilustres Convidados,

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Permitam-me antes de mais saudar tão importante iniciativa e agradecer à direção da UNI-CV, em especial à magnífica reitora – Doutora Judite Nascimento, por me terem convidado para fazer parte dela e humildemente partilhar convosco algumas ideias que tenho sobre esta matéria.

Cabo Verde tem sido palco, nos últimos tempos, de vários encontros e conferências internacionais da CEDEAO, da União Africana da CPLP e da Francofonia sobre a problemática da integração regional e continental do nosso país.

Tem reunido políticos, parlamentares, empresários, homens de cultura, académicos, para refletir e analisar as condições políticas e de cooperação que viabilizam a inserção dinâmica de Cabo Verde na Africa do Oeste, na CEDEAO e no sistema Economico Mundial.

O conceito e o significado de integração têm a sua origem no termo latino “integrare”, significando assimilação e reunião de interesses.

Na evolução e aplicação deste conceito se introduziu vários pensamentos, abrangendo áreas tão diversas como pedagogia, sociologia, ciências do trabalho, política, economia e segurança, tendo sempre como pressuposto um melhor conhecimento mútuo, um fortalecimento de laços e a adequada interdependência.

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Para mim é evidente que, para o caso deste evento, a aplicação do conceito “integração” interessa mais às áreas da sociologia, da política e da economia.

Na verdade a CEDEAO, assim como os outros casos de integração regional de países, é uma tentativa de integração política, social e económica de 15 estados da região oeste africana, na busca de:

a) Estabelecer um espaço de concertação e coordenação política e diplomática;

b) Promover a livre circulação de pessoas, bens e capitais, nos respetivos países;

c) Construir um espaço de cooperação económica e de investimento regional, integrado na economia global;

d) Criar uma zona de livre comércio e de preferências tarifárias, com uma união aduaneira efetiva;

e) Promover um mercado comum amplo, compreendendo uma união económica e monetária.

Foram estes os objetivos fixados em Lagos-Nigéria, a 28 de Maio de 1975, pelos 15 Chefes de Estado dos países fundadores da CEDEAO.

Cabo Verde viria a aderir à organização em 1976, cerca de um ano depois da proclamação da independência nacional.

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O que faz deste evento uma oportunidade para celebrarmos a data e fazermos um balanço, ainda que breve do trabalho realizado neste quase meio século.

Aqueles que iniciaram esta caminhada, estavam guiados pela necessidade de constituir um bloco económico regional, capaz de encorajar, fomentar e acelerar o desenvolvimento dos Estados Membros.

Propunha-se “promover a cooperação e a integração, na perspetiva de uma união económica da África do Oeste, tendente a elevar o nível de vida dos seus povos; manter e aumentar a estabilidade económica; reforçar as relações entre os Estados Membros e, assim, contribuir para o progresso e o desenvolvimento em África”.

A organização foi instalada, foi estruturando-se ao longo deste tempo e conta hoje com instituições importantes:

1. A Conferência dos Chefes de Estado e de Governo; 2. O Conselho de Ministros;

3. O Parlamento da Comunidade; 4. O Conselho Económico e Social;

5. O Tribunal de Justiça da Comunidade; 6. A Comissão;

7. O Banco de Investimentos e de Desenvolvimento da CEDEAO (BIDC);

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8. Organização Oeste Africana da Saúde.

Estas instituições são unanimemente aceites, a nível global e regional e com seus esforços têm contribuído para a criação das condições para a integração económica e social projetada.

Com elas foi possível efetivar a livre circulação de pessoas e bens e estabelecer um acordo aduaneiro e uma zona de preferências tarifárias.

Está ainda em vias de conclusão a construção de uma união monetária e, em estudo, um acordo sobre a segurança e estabilidade, na região.

De realçar, nesta matéria, a criação da UEMOA, em Janeiro de 1994, por 7 estados da região, todos pertencentes à Comunidade e que usam o franco CFA como moeda comum. Este grupo de 7, passou a 8, em Maio de 1997, com a entrada da Guiné Bissau.

De referenciar, ainda, que as discussões sobre a moeda única no espaço da CEDEAO estão numa fase importante, entre nós.

Cabo Verde ainda não decidiu pela adoção de uma eventual moeda única regional.

Recorde-se que o nosso escudo está indexado ao EURO, no âmbito do Acordo de Cooperação Cambial, assinado com Portugal em 1998 e ratificado pelo ECOFIN apos a criação do EURO.

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A nossa economia tem como principal âncora e economia do espaço europeu; com quem temos um nível de trocas comerciais superior a 80 % do total; aonde está a origem principal dos IDE (investimentos diretos externos) no País; e de onde vem a quase totalidade dos fluxos turísticos que recebemos (800.000 turistas/ano).

Assim, nesta matéria é recomendável que façamos um bom trabalho de casa, pois é possível ser pragmático e defender os nossos interesses, salvaguardando a nossa pertença à CEDEAO.

Pelos estatutos, podemos sempre avocar as nossas especificidades e, eventualmente, justificar a posição que vier a ser tomada. Mas sendo uma questão de política, os argumentos devem ser consistentes e convincentes e merecer o respetivo cuidado diplomático na sua abordagem.

Por outro lado, passos importantes foram dados e encontra-se em construção um quadro de intervenção comum para a resolução dos problemas de Infraestruturas, de Transportes, de Comunicações e de Energia.

São questões consensuais e desenvolvidas no quadro da organização formal anteriormente elencada e na resolução das quais estamos plenamente engajados.

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Paralelamente, mas sem unanimidade, a CEDEAO foi edificando as infraestruturas de prevenção e resolução de conflitos, de cariz militar, nos países da região.

Assim,

Em 1989 foi assinado, em Freetown (Serra Leoa) o protocolo relativo ao Mutual Defense Assistence.

E a coberto desse protocolo houve a primeira intervenção militar organizada de forças da CEDEAO, na Libéria, em 1990, através da ECOMOG (Grupo de Observadores Militares da CEDEAO), na sequência da uma longa guerra civil (1989-1996).

Subsequente a essa intervenção da ECOMOG, os chefes de estado assinaram em 1993 o Tratado que atribui oficialmente à Comunidade a responsabilidade de prevenir e resolver conflito na região.

Desde essa data, foram feitas várias intervenções de forças militares da CEDEAO, em vários países da sub-região, para a resolução de conflitos, de ameaças de conflitos militares, de reposição da ordem constitucional, no seguimento de golpes de estado, ou de ameaças terroristas.

Nesta matéria destaco, pela sua dimensão e importância, as intervenções em Serra Leoa (1997), em Cote d’Ivoire (2011) e em Guiné Bissau (2012).

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Esta é uma parte importante da CEDEAO, pois para se construir uma comunidade económica e social de paz e desenvolvimento é preciso construir a estabilidade politica e militar; e travar a luta necessária contra focos de instabilidade, infelizmente bastante frequentes na nossa sub-região.

Há que no entanto realçar que para o caso de Cabo Verde, um país de território, população e recursos exíguos, mas democrático, estável e de paz, as prioridades tem que ser obrigatoriamente outras.

Na nossa integração na CEDEAO, o foco não pode estar na resolução e prevenção de conflitos militares.

A nossa atenção e o nosso foco devem antes estar na resolução de problemas ligados a mobilidade de pessoas, bens e capitais; na segurança do país e na securização das nossas relações com o resto do mundo; na luta contra os tráficos; no combate ao desemprego; na batalha contra as causas e os efeitos das mudanças climáticas; na unificação do mercado da sub-região; na promoção das trocas comerciais e empresariais; no intercâmbio cultural; na preservação dos ganhos da história comum; na boa e fluente troca de experiencias entre os cidadãos dos nossos países.

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Devemos batalhar para pôr de pé um sistema de transportes aéreos e marítimos, capaz de dinamizar o comércio e a atividade empresarial na CEDEAO.

Temos que lutar pela remoção dos obstáculos ligados às telecomunicações;

É imperioso o engajamento do país na solução dos problemas de intermediação bancária ainda existentes e que dificultam o comércio e os investimentos na região;

No quadro do desenvolvimento do País, devemos incrementar e desenvolver acordos de dupla tributação com os restantes países de CEDEAO;

Teremos que encontrar as formas de adequar o nosso tecido empresarial e produtivo às necessidades e especificidades da comunidade; mas sobretudo constituirmo-nos em plataforma para as trocas entre a CEDEAO, a Europa e as Américas.

No processo de integração na nossa sub-região, em particular, mas também no continente africano, em geral, temos que saber analisar ao pormenor as vantagens comparativas e competitivas que são nossas: a estabilidade, a previsibilidade a força das instituições, o ambiente de democracia e de liberdade, são elementos nossos que podem ser utilizados para transformar Cabo Verde numa plataforma de circulação no Atlântico Medio,

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úteis para África e para a inserção dinâmica de Cabo Verde no Sistema Economico Mundial.

Devemos portanto desenvolvê-las e reforçá-las.

Para isso é prioridade para nós, no quadro da integração regional na CEDEAO, desenvolver intensa e adequada atividade diplomática com o objetivo de mobilizar parcerias regionais, nomeadamente, institucionais, empresarias, técnicas e financeiras para fazer de Cabo Verde uma Plataforma de distribuição de trafego aéreo e marítimo, ao serviço da integração e do desenvolvimento regional e da inserção Oeste-Africana no Sistema Economico Mundial.

Minhas senhoras e meus senhores

É igualmente prioritário, incrementar a nossa capacidade de diagnóstico, com recolha e tratamento atempados de informações estratégicas; com conhecimento e com tomada de decisões rápidas e corretas.

O papel das academias cabo-verdianas, das Universidades, será importante nessa matéria se soubermos adaptar os nossos interesses aos dos países e povos da nossa sub-região; se a nossa investigação for incentivada por interesses que dizem respeito também a esses países e povos; se a nossa política de intercâmbio for adicionalmente virada para o continente africano; se os nossos

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professores e os nossos alunos dispuserem de oportunidades para conhecer, analisar e incorporar a realidade que se vive na região e no continente.

A integração de e no espaço CEDEAO, apesar dos 43 anos de caminho já percorrido, é um processo que apenas está no seu início.

Do que até agora foi feito, Cabo Verde de pouco se aproveitou.

A nossa insularidade, as dificuldades de mobilidade; a deficiente ligação com a realidade do continente; e as nossas próprias especificidades históricas e culturais têm sido, para nós, um óbice à afirmação da nossa pertença, como povo, ao espaço da CEDEAO.

O desafio que se nos apresenta é de remover estes obstáculos e promover as condições que nos permitam conhecer melhor as possibilidades e potencialidades que a sub-região representa para o desenvolvimento futuro de Cabo Verde.

A nossa postura face ao continente e à sub-região oeste africana é fortemente influenciada pelo medo; medo ditado por um certo preconceito que nos foi transmitido e que de forma irrefletida incorporámos; medo do desconhecido; medo do aparentemente diferente.

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Mas os nossos medos não podem continuar a condicionar as nossas opções e a obrigar-nos a perder oportunidades que, se aproveitadas, serão úteis, no futuro, para os nossos filhos e netos.

A integração significa cooperação, entrosamento e fortalecimento de laços.

Para cooperar temos que nos encontrar; para entrosar temos que nos conhecer e para fortalecer laços temos que, primeiro, os estabelecer.

Por isso não me canso de repetir.

A prioridade de Cabo Verde no seu processo de integração na CEDEAO tem que ser os transportes e as comunicações; para nos aproximarmos do continente; para conhecermos as pessoas; para identificarmos interesses comuns; para descobrirmos oportunidades; para estabelecer cumplicidades e parcerias.

A CEDEAO tem sido para nós, Cabo Verde, um simples espaço de encontro e discussão entre os políticos e governantes.

O desafio é torna-lo num espaço de cidadãos, de empresários, de investigadores, de académicos, de homens de cultura, de trocas e de convivência entre os povos dos diversos países que a compõem.

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Para Cabo Verde trata-se de criar as condições para vencer os nossos medos e de, numa dinâmica WIN/WIN, promovermos uma verdadeira integração naquele que é o nosso espaço geográfico, político, histórico e económico mais natural.

Neste desafio o papel da universidade é importante pois é ela que, de forma científica, poderá produzir as alternativas capazes de guiar sociedades e governantes, nesta caminhada.

Desejo-vos pois uma boa semana de reflexão sobre os DESAFIOS DA NOSSA INTEGRAÇÃO REGIONAL.

Referências

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