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Mobililidade e midiatização: o tênue limite entre solidariedade e exclusão nos modos jornalísticos de reportar os fluxos migratórios de refugiados 1

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Mobililidade e midiatização: o tênue limite entre solidariedade e exclusão nos modos jornalísticos de reportar os fluxos migratórios de refugiados1

CAETANO, Kati (Doutora)2 MOREIRA, Thales (Bacharel)3 Universidade Tuiuti do Paraná / Paraná

Resumo: O presente texto faz parte de um projeto de pesquisa de parceria internacional

que aborda as novas práticas jornalísticas no contexto digital. Seu propósito específico é o de monitorar e analisar as coberturas feitas por três jornais online de origem estrangeira, mas com edições brasileiras, concernente aos modos como abordam o atual tema da crise dos refugiados: HuffPost Brasil (do Huffing Post norte-americano); VICE

News Brasil (do VICE News canadense) e El País Brasil (do El País espanhol). Tendo

em vista que esses periódicos entram no Brasil, assim como em outros vários países, com a proposta de introduzirem um jornalismo diferenciado, serviu de mote à pesquisa examinar seus modos de construção da informação, as implicações interacionais pressupostas, o emprego de recursos da web para agregação de valor à notícia e os recursos enunciativos acionados para gerar efeitos de sentido mais envolventes no que toca à adesão, compreensão e participação dos leitores na causa dos refugiados. A análise revelou distintos recursos enunciativos dos jornais em face dos movimentos cíclicos e tensionados de evocação à solidariedade e ações de rejeição dos pedidos de acolhimento.

Palavras-chave: representações midiáticas; crise dos refugiados; HuffPost Brasil; El

País Brasil; VICE News Brasil.

1. INTRODUÇÃO

Os crescentes conflitos e debates em torno da crise vivida pelos refugiados são reveladores da instabilidade de sentido que nossa sensação de partilha do comum, inclusive no que toca ao compartilhamento de espaços geopolíticos, apresenta em toda sua latência de consensos e dissensos. Vive-se a tensão entre aceitar, assimilar, integrar, segregar ou excluir em vários momentos da cotidianidade; se torna contundente em

1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Digital, integrante do 6º Encontro Regional Sul de História da Mídia – Alcar Sul | 2016.

2 Doutora em Letras pela Universidade de São Paulo (FFLCH/USP); pós-doutora em Semiótica (CNRS/France) e em Ciências da Linguagem (Université de Paris 7). Professora titular e pesquisadora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Linguagens - PPGCom/UTP; líder do Grupo de Pesquisa “Interações Comunicacionais, Imagens e Culturas Digitais - INCOM/CNPq, email: katicaetano@hotmail.com.

3 Bacharel em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da FACSA-UTP, , bolsista de Iniciação Científica em 2015 e integrante do Grupo de Pesquisa “Interações Comunicacionais, Imagens e Culturas Digitais” - INCOM/CNPq, email: toliveiram@live.com.

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momentos de grandes ondas migratórias4. Os discursos e as ações oscilam entre a premissa da necessidade de colaboração, solidariedade e de solução de impasses, de um lado, e as consequências econômicas, políticas e culturais que medidas humanitárias podem acarretar para os países. Em face desse cenário de embates, as mídias informativas adotam, em geral, a postura de responsabilidade social que lhes é tradicionalmente imputada (e muitas vezes questionada), colocando-se como porta-vozes dos desfavorecidos e mediadores entre estes e as governanças. No atual quadro do jornalismo colaborativo, ainda, o papel de intermediação entre os fatos e as opiniões do público favorece manifestações dos leitores contra as vozes decisórias e contra o próprio posicionamento da imprensa, o que requer, da parte desta, estratégias consideradas mais apropriadas e atrativas para manter a audiência. Em prol de soluções aos problemas migratórios, representando vozes dissonantes da sociedade em face da gravidade dos fatos, os jornais devem fazer escolhas enunciativas próprias, definidoras de suas identidades visuais e ideológicas.

Nosso trabalho verifica os rumos tomados por 3 jornais online da atualidade referentes à pauta da crise dos refugiados: HuffPost Brasil, VICE News Brasil e El País

Brasil. A escolha do HuffPost Brasil deve-se à integração à pesquisa JADN

(Journalisme à l´heure du numérique - em parceria com a Universidade Lumière Lyon 2, Universidade Federal do Paraná, Universidade Positivo e Universidade Tuiuti do Paraná), da qual deriva a opção pelos outros dois periódicos, em vista de algumas similitudes: ambos consistem em ramificações de jornais internacionais com produções especificamente destinadas ao Brasil, nos moldes do que fazem com outros países; são jornais online e se utilizam, em maior ou menor grau, dos recursos do jornalismo digital: hipertextualidade (Canavilhas, 2014, p. 3 - 14), multimidialidade (Salaverría, 2014, p. 25 - 30), interatividade (Rost, 2014, p. 53 - 64), instantaneidade (Bradshaw, 2014, p. 111 - 120), personalização (Lorenz, 2014, p. 137 - 152), ubiquidade (Pavlik, 2014, p. 159 - 164) e linguagem (Bertocchi, Camargo e Silveira, 2015, p. 63 - 69).

Os três veículos que fazem parte deste corpus são de origem estrangeira e tiveram suas versões em português lançadas no Brasil em datas muito próximas. O El

País Brasil (EPBR), lançado em novembro de 2013, de acordo com matéria de

4 A esse respeito, sugere-se a leitura do artigo de James Young - TV from the dark age shines spotlight

on Brazil´s races debate - publicado no blog de Vincent Bevins, na Folha de São Paulo, em

13/08/2015. Disponível em: <http://frombrazil.blogfolha.uol.com.br/2015/08/13/tv-from-the-dark-ages-shines-spotlight-on-brazils-race-debate/>. Acesso em 28/04/2016.

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fundação do jornal, buscava fornecer "informações diferenciadas" sobre o que acontece no Brasil e na América Latina, situadas no contexto global, o que pressupõe a avaliação da imprensa brasileira ainda presa a características convencionais e localistas, o que justificaria a inserção de novos olhares sobre a agenda informativa, além de uma dilatação da pauta internacional.

Poucos meses depois, o Grupo Abril inicia as operações do então Brasil Post, em janeiro de 2014, de acordo com o site Jornalistas da Web, trazendo a proposta do

The Huffington Post americano para o Brasil. O site propôs “inovar o jornalismo

brasileiro com linguagem própria de internet, incorporando as conversas que ocorrem nas redes sociais e agregando os conteúdos mais importantes para os leitores”, como expresso pelo editor brasileiro, Diego Iraheta, em carta que anunciava a troca de nome, realizada recentemente, para HuffPost Brasil (HPBR). Na visão jornalística do HPBR, uma das características importantes é a curadoria, como destacada pelo próprio editor do jornal, em entrevista ao programa Tela UN, da Universidade Positivo, em maio de 20155. De acordo com Iraheta, a curadoria seria a busca por conteúdos nas redes sociais (vídeos, imagens etc.) para serem usados em um relato, além de tópicos de veículos de comunicação. Outra característica marcante no editorial do HPBR é a presença de bandeiras ativistas, em relação às quais o jornal toma partido abertamente, como as lutas de direitos das mulheres e de entidades LGBT.

No segundo semestre de 2014, o último a desembarcar foi o canadense VICE

News (VNBR), um dos canais noticiosos com maior crescimento no YouTube, segundo

a assessoria de imprensa do site em matéria publicada pela Gazeta do Povo, em 31 de julho de 2014. Atualmente, o canal mantido pelo site no YouTube conta com mais de 6 milhões de inscritos. No caso do VNBR, focado no público jovem, utiliza-se uma linguagem que tende mais ao informal, priorizando pautas com assuntos diferenciados ou que abordem um tema importante de forma mais atrativa aos leitores.

2. OS REFUGIADOS EM PAUTA

A discussão dos problemas migratórios, especificamente concernente aos grandes contingentes de massas humanas que fogem de seus países, em consequência de

5 Entrevista Diego Iraheta Brasil Post – Tela UN. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BqdOlYnEmug>.

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problemas ambientais e conflitos políticos e econômicos, não é recente, mas atinge seu mais recente pico de atenção a partir de 2011. A imprensa brasileira começa a dar-lhe espaço de importância nas primeiras páginas a partir de 2013, embora os casos dos refugiados africanos e asiáticos em direção aos países europeus do Mediterrâneo, principalmente encontrados nas praias italianas, já viessem sendo enfaticamente debatidos pela imprensa internacional (o jornal El Clarín.com já recorre a um especial multimidiático sobre o assunto considerado inovador para a formatação de reportagens na web no início dos anos 2000, sobre o drama dos "cayucos"). Em 2014, o tema cobre boa parte da pauta nacional, mas se incrementa em 2015, primeiramente pelas consequências advindas da guerra na Síria e do avanço das ações do Estado Islâmico (ISIS, que é designado com a sigla EI no Brasil); em seguida, a partir do segundo semestre, pelas reações aos atentados de Paris em 13/11/2015, que arrastaram consigo tanto movimentos coletivos de cobranças de medidas urgentes contra o terrorismo, quanto discursos acalorados que misturavam a guerra contra o terror a um sentimento indiscriminado e equivocado6 de intolerância ao islamismo, ao arabismo e, em certos casos, ao estrangeiro em geral. Se, do lado dos posts jornalísticos, a questão se apresenta de uma perspectiva predominantemente econômico-político, a perspectiva dos comentários postados em suas redes sociais se revela polêmica porque inclui tanto posições de defesa quanto respostas passionais que referendam posições polêmicas calcadas na ideia de que refugiados e terroristas se equivalem, e que as medidas de prevenção à sua entrada nos países europeus são justificadas.

A partir de janeiro de 2016, outro eixo temático se integra ao cruzamento dessas duas isotopias semânticas - refugiados e terrorismo. Trata-se da confluência dos debates dos candidatos à presidência dos Estados Unidos nas eleições primárias. Os discursos populistas e reacionários do postulante a candidato Donald Trump, voltados sobretudo ao problema dos mexicanos nos Estados Unidos e refugiados de vários países como Síria, Iraque, Afeganistão, Eritreia, Paquistão, Sudão, Somália, Nigéria, Congo, Sérvia, Albânia entre outros em países da União Europeia, suscitam embates calorosos da parte dos participantes das redes sociais, que misturam os tópicos das eleições ao da chamada crise dos refugiados. Uma rede de controvérsias se estabelece entre as manifestações

6 Deve-se ressaltar que no Brasil, até o final do século XX pelo menos, os árabes de qualquer nacionalidade eram chamados de "turcos", numa clara demonstração de desconhecimento total das diferenças nacionais e de estereotipia do mundo oriental A esse respeito é ilustrativa a obra de Edward Said, Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente (2007).

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contrárias a seus discursos considerados "politicamente incorretos" e outros que encontram em seu clamor o argumento de autoridade para justificar seus próprios preconceitos e intolerâncias.

Tendo em vista que o presente artigo visa a dar conta das heterogeneidades dos três jornais, do ponto de vista de seus processos produtivos e das articulações que tenta promover com o público em geral, por intermédio do método quanti-quali comparativo, observam-se alguns aspectos da construção de suas identidades visuais e ideológicas, sobretudo em relação às potencialidades oferecidas pelas tecnologias digitais. Assim, busca-se indagar como se posiciona cada periódico com respeito ao cenário do webjornalismo, pelo emprego ou não de seus recursos, e como se insere nesse espaço, visando (ou não) a configurar-se por meio de práticas que lhe pareçam (e, por meio das marcas deixadas em seus produtos/processos, também nos pareçam) inovadoras e atualizadas em consonância com a hora do digital.

Em duas fases de levantamento sistemático - novembro/2015 e abril/2016 - em um total de 184 matérias, 101 foram apresentadas no HPBR, 23 no VNBR e 60 no EPBR, compreendendo indagações da seguinte ordem: número de matérias destinadas ao tema; origem das matérias, distinguindo-se aquelas produzidas pelo próprio jornal e por seus correspondentes internacionais, articulistas e blogueiros alojados em suas páginas; uso de imagens, considerando a economia simbólica que representaram para os discursos verbais; utilização de hiperlinks; recurso a estratégias multimidiáticas presentes numa mesma cobertura do tema; apropriações de conteúdos ou postagens de redes sociais (não necessariamente oriundas de comentários de suas próprias páginas); e adaptação de conteúdos às plataformas ou criação de formatos peculiares a cada uma.

2.1 HuffPost Brasil – HPBR

Dentre as 101 matérias do HPBR, 37 (36,6%) são de agências de notícias, predominantemente conteúdos do Estadão, da Reuters e Agência Brasil, 6 (5,9%) do Grupo Abril, ao qual se integra o produto HPBR, 6 (5,9%) reproduzem matérias das versões americana, árabe e grega – The Huffington Post, HuffPost Arábia e HuffPost

Grécia - e 48 (47,5%) são produzidas pela equipe de redação local, 2 são reportagens da

BBC News apenas indexadas no site do HPBR (links diretos para o site do outro veículo), e outras 2 retiradas dos sites Brasileiros e RYOT News. Esse dado é revelador

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de uma característica geral do jornalismo atual, menos voltado a um trabalho de campo e mais centrado no papel de curadoria de informações que circulam pelo espaço da web. Em entrevista concedida ao programa Tela UN, da Universidade Positivo7, em sua presença por ocasião da II Jornada de Jornalismo Digital8, o editor-chefe, Diego Iraheta, confirma essa postura do HPBR e da importância dada ao trabalho de curadoria do jornalista no contexto midiático atual.

Quase todas as matérias são ilustradas por imagens, com concentração de 92 textos, dentre o total de 101, acompanhados ou encabeçados por fotografias, que cumprem em sua maioria o papel de ilustração testemunhal dos fatos relatados.9 O jornal tem um estilo próprio no emprego dos arquivos de imagens - as galerias - colocando-as sempre na parte final de uma notícia, com fotografias articuladas ao tema ou a temas adjacentes. Com base na ideia de que os fatos podem ser compreendidos em versões sintéticas, por meio de tópicos enumerados, o jornal publicou em 23/12/2015, uma galeria de fotos intitulada "12 imagens FUNDAMENTAIS para entender a crise dos refugiados em 2015" sob a forma de uma retrospectiva de notícias veiculadas nesse ano. A galeria foi reproduzida com frequência no site no período de 27/12/2015 a 23/02/2016. Essa abordagem mais rasante e redutora dos eventos é uma característica do periódico, que tenta assegurar sua atração junto aos leitores apostando menos no aprofundamento da investigação e mais na atualidade e constância da temática em discursos de cunho didático.

Pelo fato de se configurarem como um quadro fixo, que serve de referência visual aos textos publicados, tais galerias acabam sendo reproduzidas em várias atualizações de notícias com títulos como “O drama dos refugiados”, “Nova selva”, “Objetos de refugiados”. Numa dessas edições, inscreveram-se no espaço das galerias 20 fotografias acompanhadas da propaganda institucional do Ministério da Justiça do Brasil. A iniciativa articula-se a uma atitude do HPBR de comparar o Brasil aos países europeus que circunscrevem os espaços de acolhimento buscados pelos refugiados, em face da polêmica que se instaura sobre as consequências das políticas adotadas ou das

7 Entrevista Diego Iraheta Brasil Post – Tela UN. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BqdOlYnEmug>.

8 Evento realizado na Universidade Positivo em Curitiba pelas três instituições brasileiras parceiras na pesquisa - Universidade Federal do Paraná, Universidade Positivo e Universidade Tuiuti, e que contou com a presença de outros integrantes da França, de professores pesquisadores brasileiros convidados e público interessado.

9 A esse respeito, ver artigo de CAETANO, Kati e VEIGA, Zaclis, na revista Ação Midiática, UFPR, 2015.

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medidas tomadas contra a entrada dos mesmos nos respectivos espaços de fronteira. A frase da logo institucional "Refugiados no Brasil - Para os refugiados o Brasil é uma oportunidade de viver" (em letras caixa alta) aparece como a resposta do país, encampada pelo discurso jornalístico, ao movimento oscilatório de enfrentamento do problema no nível mundial. As primeiras notícias aparecem como a constatação de uma tragédia jamais vista, desde a segunda guerra mundial, seguida das denúncias e reivindicações junto a entidades como a ONU e governos de países envolvidos; logo, o impasse diante do número impressionante de movimentos migratórios, representado tanto por cifras quanto por uma enxurrada de fotos de milhares de pessoas chegando em barcos superlotados, em botes de salvação, de naufrágios, vítimas e mortes, formaliza-se em discursos apreensivos, gestos de recuo, confissão de incertezas, propostas estapafúrdias, como a criação do país dos refugiados pelo milionário norte-americano Jason Buzi, e clamor da parte da ONU, da ACNUR e de outras entidades pela busca de soluções e de solidariedade. Além do programa mobilizado para a recepção de haitianos, que passaram a ser legalizados, o Brasil editou, por intermédio do CONARE - Comitê Nacional para os Refugiados, uma Resolução Normativa permitindo a emissão de vistos especiais a pessoas afetadas pelo conflito na Síria, os "vistos humanitários". "Em 2015, a resolução foi renovada por mais dois anos. De lá para cá, já foram emitidos mais de 8,4 mil vistos nas unidades consulares de vários países, em especial no Líbano, Jordânia e Turquia."10

A posição do HPBR em face desses tensionamentos se resolve por um traço característico de seus modos de noticiabilidade dos fatos. No que toca à abordagem qualitativa, o jornal tem adotado um estilo discursivo recorrente de evocar os acontecimentos e expressar opiniões a partir de outros pontos de vista, pela proliferação de vozes. Raramente a coluna do meio, a dos posts noticiosos, apresenta editoriais da equipe, mesmo sendo produzidos pela redação local e, quando o faz, coloca-se como o mediador da voz do outro, daquele que tem responsabilidade sobre o tópico narrado, ou daquele que o discute. Assim, um fato é relatado segundo alguém, um porta-voz, uma organização, um país; na perspectiva de um outrem, especialista, jornalista, político, jamais a partir da voz do protagonista, que se apresenta sempre em terceira pessoa - aquele de quem se fala. Embora se misture o discurso direto, formalizado em afirmações entre-aspas e anunciadas por verbos "dicendi", ao indireto, por meio da

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incorporação da fala de outrem com a própria voz do jornal, percebe-se uma clara recorrência de contornos bem delimitados às opiniões, limitando-se o HuffPost a editar as informações11.

Mais da metade das matérias (70,2%) utiliza-se de hiperlinks (71) para contextualizar ou dar explicação a termos, nomes, fatos, situações e eventos reportados, adotando o procedimento de minimização de informações numa matéria e complementaridade vertical, dada pela navegação na rede digital, conferindo-lhe agregação de valores pelo acesso a um banco de dados sistematizado pela redação. Obviamente, mediante tal procedimento cria-se um percurso orientado de leitura dos fatos, pinçando apenas alguns aspectos entre milhares de tantos outros dados disponíveis, mas não há dúvida de que se obtém com isso o efeito de sentido de adensamento do conteúdo. Essas potenciais narrativas construídas em trajetos de leitura alinhavados por links outorgam, ainda, ao produto jornalístico online a sensação de um processo inacabado, sempre passível de uma atualização mais completa do assunto e formalizada em outros percursos.

Apesar da facilidade de formatação de vídeos e imagens animadas nos processos digitais, e da oferta mesmo de aplicativos para criação de dinâmicas multimidiáticas e imersivas12, o HPBR utiliza-se com pouquíssima frequência, no período estudado, dessas estratégias. Das 49 matérias, apenas 09 o empregaram, e com objetivo mais didático, de explicação de um processo - como ocorrem as eleições americanas, por exemplo. Nota-se que o HPBR faz uso, embora não regular, de dados provenientes das redes (16 entre 101), em sua maioria consistindo em widgets13 e capturas de telas para comprovar a informação dada.

Pelo exposto, é possível inferir o caráter noticioso assumido pelo jornal, com efeito de sentido de objetividade e neutralidade, engajamento nas pautas da atualidade de caráter nacional e internacional, por meio de gestão do que circula na web, sem muita preocupação em utilizar recursos de multimidialidade disponíveis, fato que se explica

11 Um exemplo claro desse raciocínio pode ser visto em:

http://www.brasilpost.com.br/2015/11/23/george-rr-martin-crise-re_n_8631382.html .

12 A estratégia de reportagens multimidiáticas têm sido valorizadas por alguns grandes jornais, visando a uma formatação mais criativa, aprofundada e consoante às potencialidades das tecnologias digitais, como têm acontecido com os especiais do jornal argentino El Clarín (LONGHI, SILVEIRA, 2010), Folha de S. Paulo, The New York Times, e, mais recentemente, mesmo o El País (espanhol) iniciou sua empreitada no chamado jornalismo imersivo.

13 Pequenos softwares usados em páginas de website para fornecer ao usuário informações de um tipo específico em uma pequena área da tela, determinada de acordo com o layout da página. (Cambridge Dictionaries Online/Tradução do autor).

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em parte pela pequena equipe de atuação no Brasil, por questões técnicas e de tempo de monitoramento, captura, edição e circulação. O predomínio da imagem fotográfica, tanto como condutora da orientação de leitura da página, quanto como materialidade visual dos relatos, tem uma particularidade que não é exclusiva do HuffPost Brasil no tocante à temática dos refugiados: as fotos são dramáticas, expõem sofrimento e morte, de adultos e crianças, além de formas aviltantes de condições de vida de seres humanos. Nesse sentido, o jornal segue uma espécie de algoritmo que também não lhe é exclusiva, partilha com outros jornais online e offline a lógica de ver - saber - fazer saber e fazer

sentir.

2.2 Vice News Brasil – VNBR

Grande parte das edições do VNBR (19 de 23, ou 82%), observadas no período, apresentam traduções das matérias publicadas no jornal canadense ou em um de seus subsidiários, sem apresentar expressivamente conteúdo noticioso oriundo das redes sociais. O fato de não se marcar com um diferencial de produção local, no entanto, não tem o mesmo significado que aquele atribuído ao HuffPost brasileiro, qual seja o de reproduzir pontos de vista alheios. Ao contrário, no VNBR predominam notícias advindas de agências internacionais incorporadas de uma forma singular, pelo fato de se centralizarem em situações ou eventos nos quais a voz dos protagonistas - refugiados - está de alguma maneira explicitada. O emprego de notícias de agências internacionais baseadas em reportagens "sur terrain" dá a impressão de posicionar o braço local como uma dilatação do jornal sede. A lacuna reconhecida e a ser preenchida no Brasil parece ser aquela da precariedade de um volume maior de dados internacionais; do modo de filtrá-los e de expô-los. Assim, se no HuffPost a ênfase está no uso do discurso em terceira pessoa, resgatando a fala dos que "monitoram" os refugiados, no caso do Vice a estratégia é focalizar as condições de vida e sobrevivência dos refugiados, que passam a ser enunciativamente engajados nas matérias. Alguns exemplos são ilustrativos da comparação: enquanto o HuffPost apresentava os objetos dos refugiados divulgados pela polícia italiana, o VICE News buscou ouvir dos próprios refugiados qual era a importância dos objetos que conseguiram salvar. Para tanto, foram mobilizados uma jornalista e um fotógrafo que elaboraram a reportagem com base em imagens

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identificadoras dos atores sociais e trechos de suas falas ao responderem ao mote que deu origem às entrevistas.

As imagens também constituem elementos de grande poder persuasivo no VICE (de 23 matérias, 21 continham imagens, ou 91%), distribuídas de forma equilibrada entre fixas e vídeo. Um detalhe interessante é que as fixas têm uma função mais ilustrativa, não trazem novos valores complementares ao texto, e os vídeos revelam-se fundamentais para o entendimento da notícia, seja pelo seu caráter explicativo-didático, seja pela reprodução da voz do refugiado colocando-se no lugar de vítima da tragédia vivida. Pode-se inferir desse aspecto que o ato de saber envolve a sensibilidade para

sentir e a competência para compreender o lugar e a situação do outro. Concebe-se

aqui o sentido de compreender em sua acepção primeira, ressaltada por Heidegger ao explicar que o movimento de com-preender implica uma apreensão conjunta, portanto originariamente comunicacional. O vídeo de caráter didático institui uma relação mais direta e imediata com o enunciatário indicando que não basta relatar um fato, mas torná-lo claramente compreensível. Os depoimentos e falas dos próprios refugiados acompanhados de fotos ilustram a importância afetiva dos pertences salvos; o sentimento impresso nas telas de fundo de seus celulares (reportagem feita por Barbara Dabrowska e Yahya Alous, em 21/09/201514) demandam do enunciatário competência cognitiva e sensível para apreender conjuntamente o conteúdo relatado. Com isso, inscreve sua lógica no algoritmo do ver - saber - fazer saber - fazer compreender -

fazer sentir.

2.2.1 A fotografia do menino Aylan

O exemplo da morte do menino sírio Aylan Kurdi numa praia turca foi significativo para o acirramento das cobranças mundiais em relação à crise e, na presente análise, revela-se um claro demarcador de posições entre os periódicos. O

HuffPost Brasil e o El País Brasil reportaram a morte de Aylan sob a forma de um

discurso jornalístico, atendendo às perguntas convencionais formuladas na composição da notícia (o quê, como, quando, onde e por quê?), enquanto o VICE News, seguindo

14 Outros casos similares: Refugiados nos Contaram como É a Vida Depois de Chegar à Alemanha http://www.vice.com/pt_br/read/refugiados-nos-contaram-como-a-vida-depois-de-chegar-alemanha Pedimos a Seis Refugiados para Documentar seu Cotidiano com Câmeras Descartáveis

http://www.vice.com/pt_br/read/pedimos-a-seis-refugiados-para-documentar-seu-cotidiano-com-cameras-descartaveis

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sua linha de abordagens menos pontuais e informativas, optou por abordar o acontecido por meio de entrevista realizada com a fotógrafa responsável pela foto que circulou na rede. A vantagem dessa estratégia no tocante ao maior efeito de presença do fato está na recuperação processual da captura da imagem, simulando o impacto da visão da fotógrafa e de sua reação com respeito a esse fato específico.

Quando uma imagem é eleita para representar simbolicamente uma situação pela imprensa, ela passa a ter o estatuto de documento histórico, como muito bem esclarece o historiador de imagem visual André Gunther em seu blog acadêmico intitulado "L´image social" (19/09/2015)15. Para Gunther, um ícone midiático constitui

uma imagem de informação recontextualizada pela restituição de sua opacidade iconográfica, associada a um sistema exegético autorrealizador, que a designa como emblema e a confirma no seu estatuto de exceção, segundo os princípios herdados da crítica da pintura histórica, cujo papel é, desde a Antiguidade, fazer conhecer ao público as memorabilia de uma época. Antes que indagar se uma imagem faz história, convém constatar que a história popular, essa que se manifesta nos monumentos ou manuais escolares, é precisamente constituída por uma série de estereótipos iconográficos, largamente redifundidos pelas indústrias culturais. Admitir uma fotografia no ranking dessas imagens-emblemas lhe confere imediatamente a qualidade de documento histórico.16

Ainda para o autor, esse processo de registro recorrente de uma foto nas diferentes mídias outorga-lhe certo grau de naturalização como se fosse a prova fiel do fato documentado, o que posiciona "o papel dos meios como atores da qualificação dos fatos dignos de passar para a história"17.

Entende-se, portanto, que a escolha da entrevista da fotógrafa, em vez da simples reprodução da foto na esteira de milhares de outras postagens desse tipo, garantiu ao

15 Título do artigo: #AylanKurdi, icône mode d’emploi. Disponível em: http://imagesociale.fr/2083. 16 Tradução livre de: [Il s’agit] d’une image d’information recontextualisée par la restitution de son

opacité iconographique, associée à un système exégétique autoréalisateur, qui la désigne comme emblème et la confirme dans son statut d’exception, selon des principes hérités de la critique de la peinture d’histoire, dont le rôle est depuis l’Antiquité de faire connaître au public les memorabilia d’une époque. Plutôt que de se demander si une image fait l’histoire, il convient de constater que l’histoire populaire, celle qui se manifeste dans les monuments ou les manuels scolaires, est précisément constituée par une série de stéréotypes iconographiques, largement rediffusés par les industries culturelles. Admettre une photographie dans les rangs de ces images-emblèmes lui confère immédiatement la qualité de document historique.

17 [...] le rôle des médias comme acteurs de la qualification des faits dignes de passer à l’histoire (GUNTHER, 2015, #AylanKurdi, icône mode d’emploi. Blog "L´image social". Disponível em: http://imagesociale.fr/2083.

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VICE o diferencial em face das críticas ao sensacionalismo fotojornalístico emanado de

muitas opiniões. O El País expôs o fato a partir de notícia assinada por correspondente com o acréscimo de outros dados obtidos de agências de notícias, enquanto o HuffPost, com a matéria intitulada “Fotos de menino sírio encontrado morto na Turquia chocam o

mundo e mostram face mais brutal da crise dos refugiados”, de autoria de repórter da

redação nacional, elabora a informação em terceira pessoa (“as imagens chocam o

mundo”), mas acentua o teor opinativo de seu posicionamento frente à tragédia relatada

("e mostram a face mais brutal"), uma vez que aciona o raciocínio escalar do ápice da brutalidade que chega a atingir crianças – fica subjacente a presença do operador argumentativo escalar "até as crianças estão sendo vítimas" na formulação do título.

2.3 El País Brasil – EPBR

Concernente à origem das matérias publicadas pelo El País Brasil, é possível notar a utilização de materiais produzidos por correspondentes do jornal em diversas partes do mundo (39 de 60 publicações, ou 65%), enquanto apenas 2 (3,3%) são de redação nacional. Notícias oriundas de agências de notícias (Agência EFE e outras não especificadas pelo jornal) são expressivas, correspondendo a 10% (6) do total observado. Dentre as outras 13 matérias, 2 são galerias de imagens assinadas apenas como "El País - Madrid", 2 são traduções de matérias do site espanhol do jornal, e 9 são da editoria de Opinião. Quanto ao uso de imagens, em 86,6% (52) matérias, majoritariamente ilustrativas dos textos, porém, ao contrário do HuffPost Brasil, o EPBR busca apoio também em infográficos, com orientações visuais sobre o caminho percorrido por refugiados. Quinze vídeos (25%) foram contabilizados no período analisado, visando a contextualizar, explicar ou complementar as notícias recorrentes dos textos.

O El País Brasil se assemelha com o HuffPost nos modos de enunciação, mas recorre menos aos verbos “dicendi”; ao enunciar em discurso indireto a voz do outro, incorpora-a na fala do jornal criando a impressão de que, embora os redatores se apoiem em fontes de autoridade, são eles de fato os responsáveis pela edição e interpretação das notícias. Esse alinhavo dado pelo El País é entrecortado em alguns momentos pelo uso de adjetivos, advérbios e expressões modalizadoras, garantindo a sobreposição de sua

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fala à voz alheia, apenas evocada.18 Nesse sentido, diferencia-se do HuffPost, pois neste a voz do outro sobredetermina o discurso do jornal que se apresenta mais como um compilador de informações, pondo em relevo seu caráter de curador das informações para os leitores. De seu lado, o El País mantém os ares de objetividade sem, no entanto, deixar transparecer os entremeios que efetiva para não aparentar neutralidade. Em sua seção Opinião, o jornal adota a estratégia de trazer para o leitor brasileiro as investigações e matérias de seus correspondentes internacionais lado a lado com aquelas oriundas das agências de notícias e de articulistas, sem delimitar isenções de sua editoria em relação a opiniões alheias, como se as ideias do articulista e do jornal ocupassem um mesmo espaço plural. Exerce, assim, a prática prenunciada no discurso de fundação da edição brasileira de alargamento da pauta internacional, trazendo com frequência ao jornal local as produções da edição espanhola e de outros pontos do mundo em que tem ramificações, ou de partes de seus registros, como pode ser observado na matéria publicada em 18/01/2016, intitulada "Um depósito de seres humanos no coração da

União Europeia"19, com link na imagem principal remetendo à galeria do site espanhol - "Refugiados en el lodo" -, cujas fotos se misturam a outras da publicação brasileira.

Do mesmo modo que o HPBR, o El País da edição brasileira também recorre, ainda que não frequentemente, a conteúdos postados nas redes sociais, principalmente

Facebook e Twitter, apresentando 6 incorporações desse material noticioso no período

observado, que não são, entretanto, constitutivas de pauta; servem apenas de referência. Sua lógica algorítmica formula-se em termos muito mais argumentativos do que sensíveis, ficando estes últimos manifestos na escolha das imagens e de expressões modalizadoras, o que agrega ao segmento ver - saber - fazer saber e fazer sentir, um forte valor opinativo ao fazer saber ancorado em termos modalizadores como advérbios e adjetivações .

CONCLUSÕES

As conclusões sobre o material examinado se encaminham em duas direções. A primeira diz respeito ao comportamento dos três jornais no que concerne aos aproveitamentos das potencialidades tecnológicas, visando aos propósitos de aprofundamento, contextualização, presentificação, co-participação do leitor e

18 Um exemplo pode ser visto na edição:

http://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/21/internacional/1453402427_686809.html.

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verificabilidade dos fatos noticiados. A segunda articula-se aos modos de enunciar e dar visibilidade aos problemas dos refugiados, sobretudo no contexto europeu, em que a situação aparece de modo mais intensificada e polarizada.

Os recursos mais comuns nos três casos consistem na utilização de hipertextualidade, atualizações frequentes e referencialidade midiática, em que o jornalista aparece mais como um curador do que um produtor de informação. Como explicado, porém, há, nesse aspecto, graus de participação diferentes nos processos produtivos que distinguem sobretudo o HuffPost Brasil do El País Brasil. Em nenhum caso, no período estudado houve a identificação de produção de reportagens que propiciassem maior aprofundamento da informação, nem emprego de estratégias multimidiáticas de captura da atenção do leitor ou de sua interatividade. Como não se apresentam propriamente sob a forma de trabalhos de investigação, não apresentam igualmente condições de verificabilidade, baseando grande parte da credibilidade do leitor em regimes de crença e de confiança nas notícias circuladas na rede intermidiática. Ressalva deve ser feita ao VICE News nas matérias protagonizadas pelos refugiados por meio da intervenção de repórteres e fotógrafos do jornal, nas quais as marcas espaço-temporais, assim como as subjetividades são mostradas. No que diz respeito à apropriação de redes sociais, o HuffPost e o El País são os que mais buscam material noticioso em sites como Facebook e Twitter, tendo respectivamente 12 e 6 artigos utilizando este recurso, já o VICE apresenta apenas 3 publicações que fazem uso das redes. Esta apropriação é realizada de duas formas: 1) pela inserção de widgets dos sites, que permitem a visualização do conteúdo postado e possibilita também a interação (curtir, comentar e compartilhar) com o mesmo; e 2) pela captura de tela de páginas ou partes das páginas dos sites de redes sociais.

Por último, concernente aos modos de abordagem da temática, percebe-se evidente posicionamento do HuffPost no sentido de cotejar as ações e conflitos europeus com respeito ao acolhimento de refugiados em contraposição ao contexto nacional, na sua política de asilo de haitianos, angolanos e sírios. Em nenhum momento, porém, esse fato é refletido criticamente, apesar dos problemas enfrentados pelos angolanos e pela saída gradativa dos haitianos do país em direção a outros países da América Latina em face da ruptura de um imaginário do Brasil como terra de imigrantes e de convivência hospitaleira (COGO, 2014). O El País tenta abordar o problema a partir de perspectivas próprias, mas reproduzidas em geral da ação de correspondentes

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internacionais, tentando mesclar "na justa medida", o caráter noticioso a uma perspectiva opinativa, e em constante tensionamento diante da própria oscilação manifestada pelos diferentes governos e sociedades de destino envolvidos. O VICE

News é o que apresenta o maior diferencial no tratamento da temática, procurando fugir

do lugar comum da curadoria de informações e de relatos descritivos para permitir aos refugiados formas criativas de protagonizarem suas condições e memória.

Em suma, os conteúdos dos três jornais abrangem, em geral, dados fragmentários e acumulativos, respaldados em cifras e fontes de autoridade, sem problematizar sociológica, histórica, econômica e politicamente a informação. Ao contrário, ancoram (e ao mesmo tempo a constituem) sua própria estratégia tensiva de oscilações de discursos, sobre a qual se sustenta a manutenção da noticiabilidade de um fato, no jogo pendular de posicionamentos divergentes e movediços que afirmam a necessidade de políticas de integração e de ações que as repudiam. O traço distintivo do VICE News, nesse sentido, seria o de efetuar um giro perspectivista, ao fazer emergir por meio de recursos estéticos de efeitos de aproximação, algo que aparece em voo rasante nas mídias, em geral sintetizado na expressão do "drama dos refugiados". Essa estratégia consiste nos modos de enunciar, visando a fazer sentir, que não se pode esperar "que o imigrante venha sem sonhos e aspirações, sem familiares e sem vínculos, sem história, sem escolha e sem desejos." (TEIXEIRA, 2008, nota 24).

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