• Nenhum resultado encontrado

APLICAÇÃO DE ALGORITMOS GENÉTICOS À SÍNTESE DE FILTROS PARA CONTROLE POR MODO DESLIZANTE

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "APLICAÇÃO DE ALGORITMOS GENÉTICOS À SÍNTESE DE FILTROS PARA CONTROLE POR MODO DESLIZANTE"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

APLICA ¸C ˜AO DE ALGORITMOS GEN´ETICOS `A S´INTESE DE FILTROS PARA CONTROLE POR MODO DESLIZANTE

Felipe da Trindade do Nascimento e Jos´e Paulo V. S. da Cunha∗ ∗Departamento de Eletrˆonica e Telecomunica¸c˜oes — Faculdade de Engenharia

Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Rua S˜ao Francisco Xavier 524, sala 5001E — 20559-900 Email: felipedtdn@gmail.com, jpaulo@ieee.org

Abstract— This paper proposes the application of genetic algorithms to the synthesis of filters which modulate signals of variable structure sliding mode controllers. The modulation of the control signal can reduce the amplitude of this signal and thus can reduce power consumption and chattering. These filters are also applied to systems with parametric uncertainties and unmeasured state variables. In these systems, the uncertainties can impair the accurate estimation of the state by means of observers. For the synthesis of these filters, it is necessary to obtain the envelope, which is the maximum norm of each impulse response admissible for the system. After this step, a filter is synthesized to generate an upper bound for the envelope.

Keywords— Filter synthesis, Variable structure control, State observer, Genetic algorithms, Impulse response, Envelope, Modulation signal.

Resumo— Neste artigo prop˜oe-se a aplica¸c˜ao de algoritmos gen´eticos para a s´ıntese de filtros para modular sinais de controladores a estrutura vari´avel e modo deslizante. A modula¸c˜ao do sinal de controle pode reduzir sua amplitude e, consequentemente, pode reduzir o consumo de energia para realizar o controle e o chattering. Esses filtros tamb´em s˜ao aplicados em sistemas que possuem incertezas param´etricas nos quais nem todas as vari´aveis de estado s˜ao medidas. Nesses sistemas, as incertezas nos parˆametros podem impedir que seus estados sejam estimados com precis˜ao por observadores. A s´ıntese desses filtros necessita da obten¸c˜ao da envolt´oria, que ´

e a norma m´axima de cada resposta impulsiva admiss´ıvel no sistema. Ap´os este passo, ´e sintetizado um filtro que majore a envolt´oria.

Palavras-chave— S´ıntese de filtros, Controle a estrutura vari´avel, Observador de estado, Algoritmos gen´eticos, Resposta impulsiva, Envolt´oria, Sinal de modula¸c˜ao.

1 Introdu¸c˜ao

Em muitas aplica¸c˜oes de controladores, ´e dif´ıcil obter um modelo preciso do sistema a ser contro-lado por falta de informa¸c˜oes sobre a dinˆamica, n˜ao-linearidades e parˆametros variantes no tempo. Por isto, a engenharia de controle ´e for¸cada a usar modelos simplificados que possuem incertezas, o que reduz o desempenho do sistema controlado (Li et al., 1996). Para contornar as dificuldades na modelagem de sistemas, utilizam-se controla-dores robustos. Um dos m´etodos mais utilizados ´e o controle por modo deslizante (sliding mode con-trol — SMC), que ´e usual no concon-trole a estrutura vari´avel (variable structure control — VSC) (Li et al., 1996).

Algoritmos gen´eticos (AGs) j´a foram usados para a s´ıntese de filtros digitais (Dexiang and Mi-chael, 1995) e anal´ogicos (Grimbleby, 2000). Este artigo prop˜oe o uso AGs para a s´ıntese de filtros usados em fun¸c˜oes de modula¸c˜ao em controlado-res a estrutura vari´avel para sistemas com parˆ a-metros incertos. Outro objetivo ´e sintetizar filtros com ordem superior a um, que poder˜ao resultar em melhor desempenho do controle a estrutura vari´avel do que os filtros de primeira ordem de-senvolvidos por Cunha et al. (2008). Tem-se em vista reduzir a amplitude da fun¸c˜ao de modula¸c˜ao do sinal de controle e, consequentemente, reduzir o chattering e o consumo de energia para realizar o controle.

2 Controle por Modo Deslizante e Fun¸c˜ao Modula¸c˜ao

Para apresentar os conceitos de controle por modo deslizante e fun¸c˜ao de modula¸c˜ao, considera-se o sistema dinˆamico (Utkin et al., 1999, Se¸c˜ao 1.1) ˙x = f (x, u) , com estado x ∈ Rn e uma entrada u ∈ R fornecida pela lei de controle a estrutura vari´avel

u= −ρ sign(σ) , (1)

na qual sign(·) ´e a fun¸c˜ao sinal (Nascimento, 2010, p. 20). A vari´avel ρ, denominada fun¸c˜ao de modu-la¸c˜ao ou sinal de modula¸c˜ao, ´e a amplitude do si-nal de controle. O sisi-nal σ ´e denominado fun¸c˜ao de chaveamento (Edwards and Spurgeon, 1998, p. 3). Como exemplo considera-se o sistema linear e invariante no tempo (LTI)

˙x1= −x1+ x2, (2) ˙x2= x1+ x2+ u , (3)

σ= x2, (4)

no qual o sinal de sa´ıda σ ´e usado como fun¸c˜ao de chaveamento em (1).

A condi¸c˜ao de existˆencia do modo deslizante ´e σ ˙σ < 0 (Edwards and Spurgeon, 1998, Cap´ı-tulo 1), ent˜ao

σ˙σ = x2(x1+ x2+ u)

(2)

São João del-Rei - MG - Brasil

Esta condi¸c˜ao de existˆencia do modo deslizante para o sistema de controle a estrutura vari´avel (1)– (4) pode ser reescrita como

x1x2+ x22< ρ|x2| , ∀t ≥ 0. (6) Ent˜ao, a existˆencia do modo deslizante fica condicionada `a seguinte desigualdade (x26= 0)

ρ > x1x2 |x2| + x 2 2 |x2| = x1sign(x2) + |x2| . (7)

Se a fun¸c˜ao de modula¸c˜ao for ρ = 1, ∀t, ent˜ao esta condi¸c˜ao ser´a satisfeita se

x1sign(x2) + |x2| < 1 . (8) Caso o estado do sistema (2)–(3) satisfi¸ca a desi-gualdade (8), este poder´a convergir para a super-f´ıcie de deslizamento. A Figura 1 ilustra o estado juntamente com o sinal de controle. Neste caso, as condi¸c˜oes iniciais satisfazem a desigualdade (8) e o estado do sistema converge para a superf´ıcie de deslizamento antes de um segundo. Por outro

0 1 2 3 4 5 −1 0 1 Tempo (s) u 0 1 2 3 4 5 0 0.1 0.2 x1 0 1 2 3 4 5 −0.2 0 0.2 0.4 x2

Figura 1: Simula¸c˜ao do sistema (1)–(4) com fun-¸c˜ao modulafun-¸c˜ao ρ = 1 e condi¸c˜oes iniciais que sa-tisfazem a desigualdade (8).

lado, a Figura 2 apresenta um caso em que a desi-gualdade (8) n˜ao ´e satisfeita e o sistema apresenta um comportamento inst´avel. 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 −2 −1 0 Tempo (s) u 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 1 2 3 x1 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 0 2 5 x2

Figura 2: Simula¸c˜ao do sistema (1)–(4) com fun-¸c˜ao de modulafun-¸c˜ao ρ = 1 e condi¸c˜oes iniciais que n˜ao satisfazem a desigualdade (8).

Se a fun¸c˜ao de modula¸c˜ao sempre satisfizer a desigualdade (7), o sistema de controle ser´a glo-balmente est´avel, o que poderia ser realizado se

todas as vari´aveis de estado fossem medidas, como na fun¸c˜ao de modula¸c˜ao

ρ= |x1| + |x2| + 1 . (9) Uma alternativa ´e estimar o estado x1 por meio do observador em malha aberta

˙ˆx1= −ˆx1+ σ , (10) que ´e obtido da equa¸c˜ao de estado (2), na qual somente o estado x1 ´e estimado (ˆx1) e x2 = σ. O estado estimado ´e usado na fun¸c˜ao modula¸c˜ao do controlador (ρ) e ter´a que satisfazer a desigual-dade (7) excluindo-se termos transit´orios. As con-di¸c˜oes iniciais para os estados x1 e x2 ser˜ao as mesmas para ambos os exemplos, j´a o estado es-timado ˆx1 ter´a a condi¸c˜ao inicial diferente de x1. Na Figura 3, a fun¸c˜ao modula¸c˜ao

ρ= |ˆx1| + |x2| + 1 , (11) usa o estado estimado (ˆx1) e pode-se mostrar que o sistema ´e globalmente est´avel (Cunha et al., 2008).

0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 x1 0 1 2 3 4 5 6 0 2 4 x1 0 1 2 3 4 5 6 -20 2 4 6 x2 0 1 2 3 4 5 6 -10 -5 0 5 Tempo (s) u ^

Figura 3: Simula¸c˜ao do sistema (1)–(4) com fun-¸c˜ao de modulafun-¸c˜ao (11) gerada com o estado esti-mado pelo observador (10).

3 Majorantes da Resposta de Sistemas Incertos

Em sistemas incertos pode ser dif´ıcil projetar ob-servadores capazes de estimar precisamente o es-tado. Por outro lado, o projeto da fun¸c˜ao de mo-dula¸c˜ao n˜ao demanda o estado, mas apenas ma-jorantes para certos sinais. Nesta se¸c˜ao s˜ao intro-duzidos dois conceitos importantes para o projeto de fun¸c˜oes de modula¸c˜ao em VSC com realimen-ta¸c˜ao de sa´ıda: aproxima¸c˜ao por filtro de primeira ordem (first order approximation filter — FOAF) e envolt´oria da resposta impulsiva.

Margem de estabilidade ´e um conceito fun-damental para o desenvolvimento de FOAFs. O termo margem de estabilidade foi utilizado por Io-annou and Tsakalis (1986) para os polos de uma fun¸c˜ao de transferˆencia. A seguir define-se a mar-gem de estabilidade de matrizes de transferˆencia e de matrizes reais, conforme (Cunha et al., 2008).

(3)

Defini¸c˜ao 1 A margem de estabilidade da ma-triz de transferˆencia G(s) ´e dada por γ0 := minj{−R(pj)}, onde {pj} s˜ao os polos de G(s). Defini¸c˜ao 2 A margem de estabilidade de A ∈ Rn×n´e dada por λ0:= minj{−R(λj)}, onde {λj} s˜ao os autovalores de A.

As margens de estabilidade s˜ao essenciais no Teorema 1 de (Cunha et al., 2008) apresentado a seguir, sobre FOAFs para sistemas com parˆ ame-tros conhecidos.

Teorema 1 Considere o sistema

˙x(t) = Ax(t) + Bu(t) , y(t) = Cx(t) , (12) onde y ∈ Rp, u ∈ Rme x ∈ Rn. Seja γ

0a margem de estabilidade da matriz de transferˆencia G(s) := C(sI − A)−1B, λ0 a margem de estabilidade da matriz A e seja γ1 := γ0− δ com δ > 0 sendo uma constante arbitr´aria. Seja u(t) um majorante instantˆaneo de u(t), i.e., ku(t)k ≤ u(t), ∀t ≥ 0. Ent˜ao ∃ c1, c2 > 0 tais que a resposta impulsiva g(t) do sistema (12) satisfa¸ca

kg(t)k ≤ c1e−γ1t, (13) e as desigualdades sejam satisfeitas (∀t ≥ 0)

kg(t) ∗ u(t)k ≤ c1e−γ1t∗ u(t) , (14) ky(t)k ≤ c1e−γ1t∗ u(t)+

+ c2e−(λ0−δ)tkx(0)k . (15) A s´ıntese de FOAFs ´e baseada na resposta impulsiva do sistema. Para sistemas que n˜ao pos-suem incertezas, a s´ıntese do filtro se torna mais f´acil pois basta projetar um filtro cuja resposta im-pulsiva seja maior que a norma da resposta impul-siva do sistema de interesse (Cunha et al., 2008). Se o sistema possuir parˆametros incertos que influ-enciam a resposta impulsiva, antes de projetar o filtro ´e necess´ario obter um majorante para todas as respostas impulsivas admiss´ıveis. A determina-¸c˜ao do majorante consiste em encontrar o maior valor da norma da resposta impulsiva variando-se os parˆametros do sistema.

O Teorema 1, para sistemas com parˆametros conhecidos, pode ser estendido para sistemas com parˆametros incertos que perten¸cam a um conjunto de sistemas incertosP. Por exemplo, sejam A(α), B(α) e C(α) as matrizes que definem o sistema no espa¸co de estado e que s˜ao fun¸c˜oes dos parˆametros incertos no vetor α = [α1, . . . , αq]T, que satisfaz as restri¸c˜oes (Cunha et al., 2008)

αmin i≤ αi≤ αmax i, ∀i ∈ {1, . . . , q} . (16) Ent˜ao, pode-se definir o conjunto de sistemas in-certos como

X

:= {{A(α), B(α), C(α)} :

αmin i≤ αi≤ αmax i,∀i ∈ {1, . . . , q}} . (17)

A resposta impulsiva g(t, α) = C(α)eA(α)tB(α), com t > 0 e g(0, α) = 0, pertencer´a ao conjunto das respostas impulsivas do sistema incerto

G := {g(t, α) : αmin i≤ αi≤ αmax i, ∀i ∈ {1, . . . , q}} . (18) Considerando-se estes conceitos, pode-se es-crever o Teorema a seguir, sobre FOAFs e envol-t´oria para sistemas com parˆametros e ordem in-certos (Cunha et al., 2008).

Teorema 2 Considere o conjunto de sistemas LTI com parˆametros incertosPdefinidos por ma-trizes reais incertas {A, B, C} limitadas e com dimens˜oes compat´ıveis e a sua resposta impulsiva dada por g(t) = CeAtB(t > 0) e g(0) = 0, perten-cente ao conjunto G. Seja γ0a margem de estabi-lidade de G(s) = C(sI − A)−1B e seja λ0 a mar-gem de estabilidade da matriz A, que corresponde a algum elemento espec´ıfico dentro do conjuntoP. Assume-se que as margens de estabilidade

γ0:= infPγ0, λ0:= infPλ0, (19)

s˜ao finitas e todas as respostas impulsivas g(t) ∈ G s˜ao limitadas pela fun¸c˜ao envolt´oria

g(t) = sup G

kg(t)k , (20)

que ´e uniformemente limitada, i.e., ∃ gsup≥ 0 tal que g(t) ≤ gsup, ∀t ≥ 0. Seja γ1 := γ0− δ com δ > 0 uma constante arbitr´aria. Seja u(t) um majorante instantˆaneo para u(t), i.e., ku(t)k ≤ u(t), ∀t ≥ 0. Ent˜ao, ∃c1, c2>0 tais que qualquer resposta impulsiva g(t) ∈ G satisfa¸ca kg(t)k ≤ c1e−γ1t e as inequa¸c˜oes

kg(t) ∗ u(t)k ≤ c1e−γ1t∗ u(t) , (21) ky(t)k ≤ c1e−γ1t∗ u(t)+

+ c2e−(λ0−δ)tkx(0)k , (22) ser˜ao satisfeitas ∀t ≥ 0 por qualquer sistema per-tencente ao conjuntoP.

No Teorema 2 nota-se que a determina¸c˜ao da envolt´oria g(t) ´e a chave para a s´ıntese de FOAFs para sistemas incertos.

O ganho DC do FOAF deve ser pequeno para se manter pequena a amplitude da fun¸c˜ao de mo-dula¸c˜ao do controlador por modo deslizante. O ganho DC do FOAF ´e dado por

S(c1, γ1) = Z +∞ 0 c1e−γ1tdt= c1 γ1 . (23)

Algumas simplifica¸c˜oes s˜ao adotadas para determinar a envolt´oria e sintetizar filtros: (i) Adota-se um horizonte de busca finito, i.e., t∈ [0, tf], 0 < tf <+∞, uma vez que a estabili-dade estrada/sa´ıda de G(s) implica em g(t) → 0

(4)

São João del-Rei - MG - Brasil

exponencialmente `a medida que t → +∞. (ii) A envolt´oria ´e amostrada periodicamente no inter-valo t ∈ [0, tf]. O intervalo de amostragem h ∈ R+ e o horizonte de busca tf = kfhdevem ser escolhi-dos de forma adequada conforme recomenda¸c˜oes em (Cunha et al., 2008).

4 Algoritmos Gen´eticos para Otimiza¸c˜ao Nos AGs, o foco principal ´e a popula¸c˜ao. A po-pula¸c˜ao (P ) ´e formada por indiv´ıduos (Ii):

P= {I1, . . . , Ii, . . . , Iµ} ,

com i = 1, . . . , µ. O tamanho da popula¸c˜ao (µ) pode variar durante o processo de otimiza¸c˜ao ou busca.

Originalmente os AGs adotaram a represen-ta¸c˜ao bin´aria. Segundo Herrera et al. (1998), a utiliza¸c˜ao de parˆametros reais permite que os al-goritmos gen´eticos fa¸cam melhor a busca dentro do universo de solu¸c˜oes, o que torna ´util a repre-senta¸c˜ao real na otimiza¸c˜ao neste trabalho.

A cadeia de dados de cada indiv´ıduo ´e deno-minada cromossomo. O cromossomo representa o conjunto de parˆametros da fun¸c˜ao objetivo que ser´a otimizada.

Um indiv´ıduo da popula¸c˜ao pode ser a solu-¸c˜ao da otimizasolu-¸c˜ao ou busca. Todo o valor que o cromossomo pode assumir representa seu es-pa¸co de busca. A fun¸c˜ao objetivo f (x) (Jamshidi et al., 2003, Se¸c˜ao 1.3.1) ´e um valor escalar que ´e fun¸c˜ao do vetor x com n dimens˜oes, ou seja, se o cromossomo representa n parˆametros de uma fun¸c˜ao objetivo, ent˜ao seu espa¸co de busca ´e um espa¸co com n dimens˜oes. O vetor x que tem um conjunto de n vari´aveis xj (j = 1, . . . , n) repre-senta um ponto no espa¸co vetorial Rn. As vari´a-veis xj s˜ao denominadas genes. Assim, um indi-v´ıduo ´e constitu´ıdo de n genes. Essa constitui¸c˜ao tamb´em pode ser denominada gen´otipo.

Normalmente a representa¸c˜ao dos gen´otipos de um indiv´ıduo ´e feita por um vetor de n´umeros bin´arios, inteiros ou reais, onde a combina¸c˜ao dos elementos de cada vetor determina a maior ou a menor relevˆancia de um indiv´ıduo dentro da popu-la¸c˜ao. Dependendo do grau de relevˆancia, pode-se chegar `a solu¸c˜ao ou otimiza¸c˜ao de um problema, ou seja, o fen´otipo do melhor indiv´ıduo.

Neste trabalho foram utilizados os seguintes operadores gen´eticos: (1) operador de sele¸c˜ao por roleta, (2) operador de cruzamento uniforme e (3) operador de muta¸c˜ao real (Goldberg, 1989; Jamshidi et al., 2003; Herrera et al., 1998).

5 Algoritmo Gen´etico para Determinar a Envolt´oria

O m´etodo descrito a seguir utiliza a evolu¸c˜ao para toda a resposta impulsiva em um intervalo de

tempo finito 0 ≤ kh ≤ kfh. Uma vez que o resul-tado ´e uma sequˆencia (vetor) em tempo discreto, ´e necess´ario que cada ponto da resposta impulsiva atual seja comparado com a envolt´oria anterior e somente o maiores valores ser˜ao mantidos. A en-volt´oria evolu´ıda ´e dada por

gi(kh) = max{gi−1(kh), kgi(kh)k} , (24) ∀k ∈ {0, 1, . . . kf} e i = 1, 2, . . . . A envolt´o-ria inicial ´e nula, ou seja, g0(kh) = 0, ∀k ∈ {0, 1, . . . kf}.

Um valor escalar tem que ser atribu´ıdo `a ap-tid˜ao a fim de orientar o AG. Para isto, a evolu¸c˜ao ´e obtida pela diferen¸ca entre a norma da resposta impulsiva atual e a anterior, conforme

∆gi(kh) = kgi(kh)k − gi−1(kh) , (25) onde se nota que ∆gi(kh) ≥ 0, ∀k ∈ {0, 1, . . . , kf} e i = 1, 2, . . . . Ent˜ao, pode-se escolher como fun-¸c˜ao aptid˜ao a norma da evolu¸c˜ao da envolt´oria (25) dada por

F = βk∆gi(kh)k1+ (1 − β)k∆gi(kh)k, (26) na qual β ∈ [0, 1] ´e o peso que permite combinar a norma um (k · k1) com a norma infinita (k · k∞). Como exemplo, considera-se o sistema com fun¸c˜ao de transferˆencia

G1(s) =

(s+2)2

(s+α1)(s+2+α2j)(s+2−α2j) , (27) com parˆametros incertos α1e α2pertencentes aos intervalos 2 ≤ α1≤ 5 rad/s e 5 ≤ α2 ≤ 10 rad/s. A Figura 4 ilustra que a fun¸c˜ao aptid˜ao segue um padr˜ao para majorar toda envolt´oria e em, aproxi-madamente, 70 gera¸c˜oes chega-se `a convergˆencia. Neste caso, a fun¸c˜ao aptid˜ao indica a evolu¸c˜ao da envolt´oria, que naturalmente ´e reduzida na me-dida em que a envolt´oria atual se aproxima da envolt´oria final. O crit´erio de parada ´e o erro m´a-ximo permitido (10−6). 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 10−10 10−8 10−6 10−4 10−2 100 102 Geração Aptidão Melhor aptidão Aptidão média

Figura 4: Fun¸c˜ao aptid˜ao durante a determina¸c˜ao da envolt´oria da norma da resposta impulsiva de (27) por algoritmo gen´etico.

A Figura 5 ilustra as envolt´orias obtidas por trˆes combina¸c˜oes das normas. O detalhe indica que n˜ao h´a muita diferen¸ca nos resultados obtidos entre as combina¸c˜oes das normas.

(5)

0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8 3 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 Tempo (s) Envoltória Norma Infinita (β=0) Norma um (β=1)

Norma Infinita mais um (β=0,5)

0.265 0.27 0.275 0.536 0.538 0.54 0.542 0.544 0.546 Tempo (s) Detalhe da Envoltória

Figura 5: Envolt´orias da norma da resposta im-pulsiva de (27) obtidas por algoritmo gen´etico. Utilizou-se trˆes normas diferentes para calcular a aptid˜ao (26).

6 Aproxima¸c˜oes por Filtros de Ordem Superior

Filtros de primeira ordem j´a foram utilizados com sucesso por Cunha et al. (2008) para realizar a modula¸c˜ao do sinal de controle de sistemas VSC. O projeto de FOAFs a partir da envolt´oria pode ser realizado por m´etodos de otimiza¸c˜ao convexa. Tendo em vista reduzir ainda mais a ampli-tude das fun¸c˜oes de modula¸c˜ao, aqui se prop˜oe o projeto de filtros de ordem superior a um. Uma vez que este novo problema pode recair em oti-miza¸c˜ao n˜ao-convexa, ser˜ao utilizados algoritmos gen´eticos.

Outros pesquisadores tamb´em utilizam fil-tros de ordem superior como estimadores de per-turba¸c˜oes n˜ao modeladas no sistema (Shendge et al., 2010). Neste caso usa-se o filtro para redu-zir o efeito de perturba¸c˜oes no sistema como forma de melhorar o desempenho de um controlador por modo deslizante. Os resultados obtidos utilizando filtros como estimadores s˜ao satisfat´orios para o que foi proposto.

Os filtros de aproxima¸c˜oes de ordem superior (higher order approximation filters – HOAFs) s˜ao generaliza¸c˜oes dos filtros de primeira ordem que satisfazem condi¸c˜oes similares `aquelas dos Teore-mas 1 e 2. Ent˜ao, ´e poss´ıvel representar o HOAF de ordem n com polos reais distintos como:

˙y1(t) = −γ1y1(t) + c1ku(t)k , (28) .. . ˙yn¯(t) = −γ¯ny¯n(t) + c¯nku(t)k , y(t) = y1(t) + · · · + y¯n(t) , (29) onde γi > 0 e ci ∈ R (i = 1, . . . , ¯n). O si-nal de sa´ıda do HOAF deve satisfazer y(t) ≥ kg(t) ∗ u(t)k , ∀t ≥ 0, excluindo-se os efeitos das condi¸c˜oes iniciais.

Defini¸c˜ao 3 O filtro com fun¸c˜ao de transferˆencia F(s) = c1 s+ γ1 + c2 s+ γ2 +, . . . , + cn s+ γn , (30) e resposta impulsiva f(t) = c1e−γ1t+ c2e−γ2t+, . . . , +cne−γnt, (31) t >0, f (0) = 0, com constantes ci ∈ R e γi >0 (i = 1, 2, . . . , n) ´e um HOAF da matriz de transfe-rˆencia incerta, estritamente pr´opria e est´avel G(s) se for satisfeita a desigualdade

g(t) ≤ f (t) , ∀t ≥ 0 , (32) onde g(t) ´e a envolt´oria definida em (20).

Uma vez que a envolt´oria g(kh) tenha sido de-terminada, pode-se formular a fun¸c˜ao escalar para a aptid˜ao do filtro (31)

∆H = kf (·) − g(·)k1, (33) que deve ser minimizada pelo algoritmo gen´e-tico tendo-se em vista a minimiza¸c˜ao do ganho DC, condicionada ao atendimento da desigualdade (32). O ganho DC de um filtro ´e proporcional `a ´

area da sua resposta impulsiva, ent˜ao a minimiza-¸c˜ao ser´a feita atrav´es da diferen¸ca entre a ´area da envolt´oria e a ´area da resposta impulsiva do filtro. Para obter a ´area, a norma um ser´a utilizada por ser proporcional `a ´area.

O algoritmo proposto para a s´ıntese de HOAFs ´e descrito na Tabela 1.

Tabela 1: Algoritmo gen´etico para s´ıntese de fil-tros de ordem superior.

minimize∆H = kf (·) − g(·)k1 se∃ g(·) ≥ f (·) fa¸ca

descarte f(·) fim do se

A inicializa¸c˜ao do AG na s´ıntese dos filtros de ordem superior ´e apresentada na Tabela 2. A Defi-ni¸c˜ao 3, pode ser generalizada para filtros com po-los complexos, por exemplo, com fun¸c˜ao de trans-ferˆencia de terceira ordem (third order approxima-tion filter — TOAF)

F(s) = c1s 2+ c 2s+ c3 (s + γ1)(s + γ2)(s + γ∗2) , (34) na qual γ2 = α1+ α2j e γ2∗ = α1− α2j formam um par de polos complexos conjugados.

Para ilustrar a aplicabilidade de filtros com polos complexos, considera-se a fun¸c˜ao de trans-ferˆencia

G2(s) =

s2+ 4s + 4

s3+ 9s2+ 49s + 145. (35) O TOAF com polos complexos projetado por AG possui a fun¸c˜ao de transferˆencia

F2(s) =

s2+ 2, 642s + 72, 3

(6)

São João del-Rei - MG - Brasil

Tabela 2: Parˆametros do algoritmo gen´etico para s´ıntese de filtros de ordem superior.

Popula¸c˜ao inicial 300 indiv´ıduos

Taxa de cruzamento uniforme 90%

Taxa de elitismo 2 indiv´ıduos

Operador de sele¸c˜ao roleta

Operador de muta¸c˜ao uniforme

Crit´erios de parada

M´aximo n´umero de gera¸c˜oes 100

M´aximo n´umero de gera¸c˜oes

sem evolu¸c˜ao (stall generations) 50

Tolerˆancia da fun¸c˜ao aptid˜ao

(function tolerance) 10−

6

A Figura 6 apresenta a resposta impulsiva do TOAF com polos complexos comparado a outros filtros. Nota-se que o uso de polos complexos, para certos casos, ´e melhor se comparado ao uso do SOAF (second order approximation filter ) ou TOAF com polos reais. Neste caso, se um FOAF for projetado para o sistema (35), seu ganho DC (´area da resposta impulsiva) ser´a maior que o do filtro de terceira ordem com polos complexos.

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 Tempo (s)

Norma da resposta impulsiva

SOAF com polos reais TOAF com polos reais TOAF com polos complexos Envoltória do sistema G

2(s)

Figura 6: Resposta impulsiva de SOAF, TOAF com polos reais e com polos complexos sinteti-zados atrav´es de algoritmos gen´eticos juntamente com norma da resposta impulsiva de G2(s) (35).

H´a casos em que os HOAFs com polos reais s˜ao melhores que HOAFs com polos complexos (Nascimento, 2010, Se¸c˜ao 5.1).

7 Conclus˜oes

O uso de algoritmos gen´eticos (AGs) simplificou a obten¸c˜ao da envolt´oria de respostas impulsivas de sistemas incertos originalmente proposta em (Cunha et al., 2008).

Al´em disso, os AGs possibilitaram a s´ıntese de filtros de ordem superior, pois a determina¸c˜ao dos parˆametros desses filtros requer um algoritmo

de otimiza¸c˜ao n˜ao-convexa. A s´ıntese de filtros de primeira ordem recai num problema de otimiza¸c˜ao convexa (Cunha et al., 2008). No exemplo apre-sentado, mostrou-se que um filtro de aproxima¸c˜ao de terceira ordem pode ter ganho DC bem menor que um filtro aproxima¸c˜ao de primeira ordem e, portanto, poderia resultar em sinais de controle com menor amplitude em sistemas VSC.

Agradecimentos

Este trabalho foi parcialmente financiado pelo CNPq, Faperj e CAPES.

Referˆencias

Cunha, J. P. V. S., Costa, R. R. and Hsu, L. (2008). Design of first-order approximation filters for sliding-mode control of uncertain systems, IEEE

Trans. Ind. Electronics 55(11): 4037–4046.

Dexiang, J. X. and Michael, L. D. (1995). Design of optimal digital filter using a parallel genetic al-gorithm, IEEE Trans. Circ. and Syst. II: Analog

and Digital Signal Processing 42(10): 673–675.

Edwards, C. and Spurgeon, S. K. (1998). Sliding

Mode Control: Theory and Applications, Taylor

& Francis Ltd.

Goldberg, D. (1989). Genetic algorithms in search,

optimization, and machine learning,

Addison-Wesley: Reading, MA.

Grimbleby, J. B. (2000). Automatic analogue circuit synthesis using genetic algorithms, IEE Proc.

Circ., Devices & Syst. 147(6): 319–323.

Herrera, F., Lozano, M. and Verdegay, J. L. (1998). Tackling real-coded genetic algorithms: Opera-tors and tools for behavioural analysis, Artificial

Intelligence Review 12: 265–319.

Ioannou, P. and Tsakalis, K. (1986). A robust direct adaptive controller, IEEE Trans. Aut. Contr.

31(11): 1033–1043.

Jamshidi, M., Krohling, R. A., Coelho, L. S. and Fle-ming, P. J. (2003). Robust Control Systems with

Genetic Algorithms, Taylor & Francis.

Li, Y., Ng, K. C., Murray-Smith, D. J., Gray, G. J. and Sharman, K. C. (1996). Genetic algorithm automated approach to design of sliding mode control systems, Int. J. Contr. 63(4): 721–739.

Nascimento, F. T. (2010). Algoritmos gen´eticos

para s´ıntese de filtros aplicados em controle

por modo deslizante, Master’s thesis, Programa

de P´os-Gradua¸c˜ao em Engenharia Eletrˆonica,

UERJ, Rio de Janeiro. Dispon´ıvel em http:

//www.lee.eng.uerj.br/~jpaulo/PG/2010/ MSc-AG-Sintese-de-Filtros-2010.pdf. Shendge, P. D., Suryawanshi, P. V. and Patre, B. M.

(2010). Robust sliding mode control for systems with noise and unmodeled dynamics based on un-certainty and disturbance estimation UDE, Int.

J. Computer Applications 1(9): 37–42.

Utkin, V., Guldner, J. and Shi, J. (1999). Sliding Mode

Control in Electromechanical Systems, Taylor &

Referências

Documentos relacionados

A Medida Provisória nº 759, de 23 de dezembro de 2016, dispõe sobre a regularização fundiária urbana e rural, inclusive no âmbito da Amazônia Legal, objetivando a simplificação e

Neste início das mobilizações pela Campanha Salarial 2009 dos Educadores do Paraná, é de fundamental importância que todos disponham de informações sobre as

Este trabalho tem como objetivo calcular os custos de qualidade de um processo produtivo de fabricação de aros para ventiladores numa empresa qualquer utilizando a metodologia

A adição da torta de dendê proporcionou efeito linear crescente (p&lt;0,05) para o tempo gasto por período de ingestão e compor- tamento quadrático para o tempo gasto no período

TRANSPORTE DOS ANIMAIS ATÉ O ABATEDOURO. a) O transporte dos animais vivos provenientes do manejo realizado sob qualquer sistema com fins comerciais até o abatedouro

Se a readmissão ocorreu no segundo ano após o desligamento, destaca- ram-se os jovens com menos de 17 anos, com a 8ª série concluída ou ainda em andamento, remuneração média de um

Primeiro você precisa saber o que vai fazer com seu motor home para melhor escolha do veículo.. Hoje temos no mercado diversos equipamentos para facilitar sua vida, desde

Uma análise fundamental da Ecologia Comportamental é a construção do Orçamento de Atividades que pode ser definida como a quantificação do tempo que cada animal utiliza em