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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO FERNANDO PEREIRA SILVA

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE EDUCAÇÃO, FILOSOFIA E TEOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

FERNANDO PEREIRA SILVA

PERSPECTIVAS POLÍTICO-ELEITORAL DOS VEREADORES E FIÉIS ASSEMBLEIANOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: UM ESTUDO DE CASO

NOS MINISTÉRIOS JESUS É A FONTE DA VIDA E IPIRANGA

São Paulo 2016

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FERNANDO PEREIRA SILVA

PERSPECTIVAS POLÍTICO-ELEITORAL DOS VEREADORES E FIÉIS

ASSEMBLEIANOS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO: um estudo de caso nos ministérios Jesus é a fonte da vida e Ipiranga

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Ciências da Religião Orientador: Prof. Dr. Ricardo Bitun

São Paulo 2016

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S586p Silva, Fernando Pereira

Perspectivas político-eleitoral dos vereadores e fiéis

assembleianos do Município de São Paulo: um estudo de caso nos Ministérios Jesus é a Fonte da Vida e Ipiranga / Fernando Pereira Silva – 2017.

141 f.: il ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2017.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Bitun Bibliografia: f. 102-107

1. Igreja Assembleia de Deus 2. Evangélico 3. Vereador 4. Política municipal I. Título

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À minha esposa, pelo constante incentivo e apoio; a meus professores e colegas que confiaram na realização deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela vida que concedeu, bem como pela ímpar oportunidade concedida em realizar uma pós-graduação na Universidade Presbiteriana.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie em conjunto com a CAPES, no fornecimento da bolsa de estudos, que jamais irei esquecer e sempre irei agradecer.

Aos Professores Dr. Ricardo Bitun, Dra. Lidice Meyer Pinto Ribeiro, Dr. Hermisten Maia Pereira da Costa e Dr. João Baptista Borges Pereira, pelos ensinamentos concedidos durante o curso de pós-graduação, bem como no incentivo a essa pesquisa com sugestões e apoio.

Aos Professores Dr. Jorge Pinheiro dos Santos e Leonildo Silveira Campos, que colaboraram muito na construção dessa dissertação com indicações precisas acerca dos referenciais usados aqui.

Aos Professores Dr. Ubirajara Carnevale de Moraes, Dra. Melanie Lerner Grinkraut, Dr. Rodrigo Augusto Prando, Ms. Domingos Pozzetti Neto, Dra. Miriam Rodrigues, que me encorajaram a ingressar em um curso de mestrado, bem como colaboraram com as pesquisas.

Aos meus pais que sempre apoiaram a minha carreira docente e discente ao longo dos estudos.

À minha esposa que sempre me incentivou e me auxiliou em diversos momentos, tanto nos agradáveis, quanto nos desagradáveis, com muito amor e paciência.

Aos meus amigos de infância, que acompanharam essa trajetória, com muita alegria e satisfação, sendo eles: Arnaldo Andrade, Rodrigo de Jesus e William Charles.

Aos meus colegas que estiveram presentes também, com indicações e ajudas como: Alexandre Bueno, Bernadete Marcelino, Marlene Alves, Priscilla Oliveira, Enoc Almeida, João Victor, Eliezer Lírio entre muitos outros.

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Pensamento político é a expressão de um ser político, de uma situação social. Não se pode entender o pensamento quando se subestima as realidades sociais das quais vem o pensamento político. (Jorge Pinheiro dos Santos).

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RESUMO SILVA, Fernando Pereira.

Universidade Presbiteriana Mackenzie

No ano de 2010 segundo o IBGE, a capital paulista contava com mais de 10 milhões de pessoas e dentro desse número, 1.240.660 de pessoas residentes na capital que informaram ao mesmo órgão pesquisador em 2010 pertencer a uma igreja evangélica. Nesse sentido, observarmos que para as eleições municipais em São Paulo obtivemos a candidatura de 30 nomes evangélicos para o cargo de vereador na cidade, dentre 1145 para 55 vagas. Ao término das eleições, somente 12 foram eleitos e receberam um total de 568.292 votos válidos. Dessa maneira, a pesquisa aqui pretende apresentar quais as perspectivas político-eleitoral dos vereadores e fiéis assembleianos do município de São Paulo, contando com pesquisa de campo, entrevista, questionário semiestruturado, análises de conteúdo dos dados coletados. Ao longo da pesquisa observamos como se apresentam essas perspectivas com base nas respostas e teorias de Pierre Bourdieu e Max Weber prioritariamente. Ao término das análises podemos observar como essas perspectivas podem dizer muito acerca da relação que esses políticos e fiéis possuem da temática em questão, tendo em vista que há uma via de mão dupla quando falamos de eleições, onde os posicionamentos podem ser os mais diversos possíveis em um ambiente que existem dominantes e dominados.

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RESUMEN

En el año de 2010 segundo o IBGE, la capital paulista contava con más de 10 millones de personas y dentro de su número, 1.240.660 de habitantes de los residentes en la capital que informó sobre el mismo organismo de búsqueda en 2010 pertencer a una iglesia evangelica. Nesse sentido, observamos que para las elecciones municipales en São Paulo tuvimos una candidatura de 30 nombres evangelicos para el cargo de concejal en la ciudad, entre 1145 para 55 ofertas. Al final de las elecciones, solo 12 recibieron un total de 568.292 votos reales. Dessa manera, una investigación sobre el tema de las perspectivas de los presupuestos políticos y electorales los evangelicos de la iglesia Asamblea de Dios en la ciudad de São Paulo, la investigación cuenta con, investigación de campo, el cuestionario semiestruturado, los análisis de contenido y la discusión de los datos recopilados. Al final del analisis observamos como las perspectivas pueden decir acerca de la relación que los políticos y los fieles tienen de el tema en discusión, teniendo en vista que hay una bidericcional mano cuando hablamos de elecciones, donde sus posicionamientos puenden ser los más variables possibles en un ambiente que hay dominantes y dominados.

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ABSTRACT

In the year 2010 according to the IBGE, the capital of São Paulo had more than 10 million people and within that number, 1,240,660 people living in the capital who informed the same research agency in 2010 belonged to an evangelical church. In this sense, we note that for the municipal elections in São Paulo we obtained the candidacy of 30 evangelical names for the position of councilman in the city, from 1145 to 55 vacancies. At the end of the elections, only 12 were elected and received a total of 568,292 valid votes. In this way, the research here intends to present the political-electoral perspectives of the city councilmen and faithful congregations of the city of São Paulo, counting on field research, interview, semi-structured questionnaire, content and discursive analyzes of the data collected. Throughout the research, we observe how these perspectives are presented based on the answers and theories of Pierre Bourdieu and Max Weber as a matter of priority. At the end of the analysis we can see how these perspectives can tell a lot about the relation that these politicians and faithful have of the subject in question, considering that there is a double way when we speak of elections, where the positions can be as diverse as possible In an environment that there are dominant and dominated

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Número de legenda e de candidatos... 27

Figura 2: Puxadores de voto... ... 30

Figura 3: Ficha de recolhimento de assinatura... 42

Figura 4: Projetos Aprovados Noemi Nonato... 49

Figura 5: Projetos Vetados Noemi Nonato... 53

Figura 6: Projetos Aprovados Sandra Tadeu...56

Figura 7: Projetos Vetados Sandra Tadeu... 57

Figura 8: Características de um político evangélico segundo os fiéis... 62

Figura 9: Conhecimento das funções do vereador segundo os fiéis... 66

Figura 10: Posição dos fiéis acerca da PL 272... 71

Figura 11: Lei de zoneamento... 72

Figura 12: Principais desafios de um cristão no ambiente político... 76

Figura 13: Diferença entre os sexos na Câmara Municipal segundo os fiéis... 80

Figura 14: Percentual de conhecimento de vereadores e/ou candidatos evangélicos ...83

Figura 15: Percentual de reivindicações realizadas pelos fiéis... 88

Figura 16: Percentual de eficácia no diálogo entre vereadores e eleitores segundo os fiéis... 90

Figura 17: Direcionamento do voto do fiel... 95

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TABELAS

Tabela 1: Candidatos evangélicos a vereador do município de São Paulo em

2012...34

Tabela 2: Candidatos evangélicos eleitos vereadores do município de São Paulo em 2012...36

Tabela 3: Exercício do vereador...44 Tabela 4: Projetos aprovados e vetados...49

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LISTA DE ABREVIATURAS

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

AD: Assembleia de Deus

CCB: Congregação Cristã no Brasil

PRC: Partido Republicano Cristão

CPAD: Casa Publicadora das Assembleias de Deus

TSE: Tribunal Superior Eleitoral

HGPE: Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral

CGU: Controladoria Geral da União

CGADB: Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil

PL: Projeto de lei

INEP: Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação

CONPRESP: Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo

SESI: Serviço Social da Indústria

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 14

1 PENTECOSTALISMO ... 18

1.2 Pentecostalismo no Brasil ... 19

1.3 Assembleia de Deus no Brasil (AD) ... 22

2 A QUESTÃO TÉCNICA: A COMPOSIÇÃO DO PROCESSO ELEITORAL, ASPECTOS INSTITUCIONAIS DO PARTIDO POLÍTICO ... 28

2.1 O Processo de candidatura do vereador ... 28

2.2 O processo eleitoral no Brasil, nas eleições para vereador ... 29

2.2.1 Estratégia partidária ... 31

2.3 O sistema proporcional de lista aberta ... 33

2.3.1 O sistema proporcional de lista aberta para o eleitor ... 34

2.3.2 O sistema proporcional de lista aberta para o partido ... 35

2.4 O voto como elemento democrático ... 41

2.5 O Partido Republicano Cristão (PRC) ... 43

2.5.1 Mecanismos de criação do partido ... 44

3 O EXERCÍCIO DO VEREADOR E A ATUAÇÃO DAS VEREADORAS SEGUNDO OS SEUS PROJETOS ... 46

3.1 Projeto de lei e lei municipal ... 47

4 A VISÃO ELEITORAL DO VEREADOR VERSUS ELEITORADO ... 64

4.1 Análise de conteúdo sobre a visão eleitoral ... 64

5 A RELAÇÃO ENTRE VEREADORES E ELEITORES, PERSPECTIVAS DE UM AMBIENTE POLÍTICO ... 86

5.1 Perspectiva política das vereadoras e dos fiéis ... 96

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 103

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 108

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INTRODUÇÃO

O município de São Paulo no ano de 2010 contava com mais de 10 milhões de habitantes, conforme o Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desse número informado há em torno de 1.240.660 de pessoas residentes na capital que informaram ao mesmo órgão pesquisador em 2010 pertencer a uma igreja evangélica, sendo: Luterana, Presbiteriana, Metodista, Batista, Congregacional, Adventista, Assembleia de Deus, Congregação Cristã no Brasil, Evangelho Quadrangular, Universal do Reino de Deus, Casa da Benção, Deus é amor, Maranata e Nova Vida. Os adeptos das referidas constituem cerca de 14,39%, para um número de 8.619.170 eleitores para as eleições de 2010.

Os dados do Censo 2010 serão a base para realizarmos parte da pesquisa aqui apresentada, no que se refere ao número de vereadores eleitos em 2012 no município de São Paulo. Desse modo, houve um número de 1145 candidatos para 55 vagas, que corresponde a uma relação de 21 candidatos por vaga. Com base no número de candidatos em geral, evidencia-se que os elegíveis, os quais se intitulam evangélicos e/ou tiveram seus nomes veiculados na mídia como tais correspondem a 30 nomes o que indica menos de 3%, ou seja, 2,62%. Dentre os números apresentados, somente 12 dos 30 candidatos foram eleitos. Para tal resultado os políticos evangélicos receberam um total de 568.292 votos válidos.

Com base nas informações do Censo, o recorte a ser realizado aqui nessa pesquisa compreenderá somente a Igreja Assembleia de Deus (AD), que corresponde a maior igreja do Brasil, inclusive dentro do seguimento pentecostal e conforme GRACINO e MARIZ (2013) os pentecostais, que representam 13,30% da população brasileira e 60% dos evangélicos tiveram um crescimento maior nas regiões ditas grandes regiões metropolitanas, principalmente nas regiões mais afastadas, que são conhecidas também por periferias. Daí a opção por essa denominação evangélica e estratificação social, no que diz respeito aos dados fornecidos pelo IBGE em 2010.

Como ponto a ser pesquisado nessa dissertação, objetivamos apresentar quais são as perspectivas político-eleitoral dos vereadores e fiéis assembleianos da cidade de São Paulo, a fim de explanar seus posicionamentos, acerca dessa temática político-eleitoral. Por se tratar de um estudo de caso, elencamos 02

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vereadoras membros da Assembleia de Deus, as quais são Noemi Nonato e Sandra Tadeu e 24 fiéis pertencentes a mesma igreja, mas de ministérios diferentes. As vereadoras congregam na ADBrás, que pertence ao ministério Madureira. Já os fiéis são de outros ministérios, sendo eles Jesus é a Fonte da Vida e Ipiranga, configurando assim um estudo de caso nesses dois últimos ministérios correspondentes a membresia desses assembleianos em decorrência das análises.

Para fins de pesquisa nesse estudo de caso, a metodologia utilizada foi de pesquisa de campo, contendo entrevistas para as vereadoras e questionário semiestruturado aos fiéis. Sendo assim, no decorrer de 04 meses entramos em contato por diversas vezes por telefone e pessoalmente com os assessores das vereadoras na Câmara Municipal de São Paulo. Após as tentativas, no mês de dezembro de 2015 conseguimos as entrevistas com as vereadoras em seus respectivos gabinetes. Paralelamente ao processo de contato com as vereadoras e seus assessores, remetemos um questionário semiestruturado a 60 fiéis das Assembleias de Deus Jesus é a fonte da Vida e Ipiranga, localizadas na macro região do Jardim Ângela na cidade de São Paulo e obtivemos 24 questionários respondidos, conforme já informado anteriormente.

Com os dados a mão, realizamos uma análise de conteúdo das entrevistas concedida, utilizando como referenciais teóricos os estudos de Max Weber de político profissional de tipo carismático para as respostas das vereadoras, bem como as teorias de campo e habitus de Pierre Bourdieu. Já para a análise dos questionários submetidos aos fiéis utilizamos como referencial teórico Pierre Bourdieu e suas já mencionadas teorias de campo e habitus. Todo material analisado também conta com as considerações importantíssimas de teóricos das ciências sociais e da religião.

Para a redação desse trabalho, optamos por fracioná-lo em 06 partes sendo 05 capítulos seguidos das considerações. Com o intuito de apresentarmos a dissertação de uma forma mais didática, realizamos o seguinte esquema em capítulos: O primeiro capítulo corresponde a um Contexto histórico do pentecostalismo no Brasil e a Assembleia de Deus, o segundo capítulo tratará da ‘A questão técnica: A composição do processo eleitoral, aspectos institucionais do partido político’, o terceiro conta com ‘O exercício do vereador e a atuação das vereadoras segundo os seus projetos’ nesse trabalho em questão, o quarto capítulo apresentará ‘A visão eleitoral do vereador versus eleitorado’ o quinto e último

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capítulo traz ‘A relação entre vereadores e eleitores, perspectivas de um ambiente político’, seguido das considerações finais.

Apresentaremos aqui um breve contexto dos capítulos relacionados acima. O primeiro capítulo apresenta a história do pentecostalismo no Brasil, como se deu a sua inserção, por quais meios, igrejas e personalidades marcantes, tanto nas igrejas pentecostais como na Assembleia de Deus que encabeça o pentecostalismo no Brasil ao lado da Congregação Cristã no Brasil (CCB).

O segundo capítulo intitulamos de ‘A questão técnica: A composição do processo eleitoral, aspectos institucionais do partido político’, que por sua vez nos traz um viés mais recorrente da ciência política, com dados técnicos acerca da candidatura de vereadores, bem como se dá o processo eleitoral no Brasil, no que compete ao legislativo, a estratégia utilizada pelos partidos políticos e o sistema vigente no país e suas possibilidades de eleição. Outros pontos abordados nesse capítulo são discussão sobre o voto como elemento democrático e por fim a apresentação do possível partido político da Assembleia de Deus o Partido Republicano Cristão (PRC).

O capítulo terceiro ‘O exercício do vereador e a atuação das vereadoras segundo os seus projetos’ apresenta o exercício do vereador com base nos dados da Controladoria Geral da União (CGU) e projetos de lei, que fazem parte da função do vereador. Ainda neste capítulo analisaremos a atuação das vereadoras, com base em seus projetos de lei em parte aprovados e em parte vetados.

A partir do quarto capítulo ‘A visão eleitoral do vereador versus eleitorado’ realizaremos as análises dos discursos coletados nas entrevistas para o pesquisador e nos questionários, começando nesse capítulo com a visão das vereadoras e dos fiéis sobre a temática eleitoral e política, dentro dos campos que estão inseridos. Não só nesse capitulo, mas como no próximo e último, as perguntas funcionam como uma espécie de espelho nas respostas para os pesquisados. As respostas das vereadoras, assim como as respostas dos fiéis serão analisadas à luz dos teóricos mencionados acima, bem como por outros teóricos também. A fim de trazermos um caráter mais didático e dinâmico às respostas dos fiéis desse estudo de caso, traremos suas respostas em gráfico, seguidas de comentários baseados em teorias aqui escolhidas.

O quinto e último capítulo apresenta ‘A relação entre vereadores e eleitores, perspectivas de um ambiente político’. Esse capítulo vai mostrar como se dá o

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relacionamento entre a parte política e o eleitorado, tendo em vista o público alvo da pesquisa. As relações acerca de suas perspectivas do ambiente político são em um primeiro momento comparadas e em seguida tratadas cada qual em seu ambiente coletivo, haja vista que uma parte das perguntas realizadas em entrevistas e remetidas em questionários não funciona como espelho.

Nas considerações finais retomamos os capítulos trabalhados, com a finalidade de refutar as analises trazendo uma compreensão do que foi abordado ao longo do trabalho. Não só os comentários, mas também a possibilidade de estudos futuros serem realizados com pessoas que compõem um público semelhante ao aqui pesquisado.

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1 PENTECOSTALISMO

O presente relatório trabalhou com o movimento pentecostal1 em especial a

Igreja Assembleia de Deus. Nesse sentido, realizaremos um breve contexto da inserção do pentecostalismo no Brasil, a fim de situarmos melhor o objeto da nossa pesquisa.

Para caracterizarmos melhor o movimento pentecostal é importante mencionarmos o protestantismo que ao lado do catolicismo e das igrejas ortodoxas é um dos ramos do cristianismo. O protestantismo tem seu marco histórico na Reforma Protestante do século XVI, que tem como três principais reformadores: Martinho Lutero, João Calvino e Úlrico Zwinglio, além das:

[...] igrejas que se originaram da Reforma ou que, embora surgidas anteriormente, guardam os princípios do movimento: luteranas, presbiterianas, metodistas, congregacionais e batistas. Estas últimas, as batistas, também resistem ao conceito de protestantes por razões de ordem histórica, embora mantenham os princípios da Reforma. [...] São integrantes do protestantismo chamado tradicional ou histórico, tanto sob o ponto de vista teológico como eclesiológico. (MENDONÇA, 2012. p, 73).

Nesse sentido, tanto os reformadores como as igrejas aqui mencionadas são elementos que constituem a base da Reforma Protestante.

No que se refere ao pentecostalismo, creditam-se duas datas como referências históricas acerca de sua aparição, com as datas de 1901 e 1906. (CAMPOS, 2005). Assim, esse moderno movimento pentecostal tem sua primeira identificação em 1901 numa dada reunião proferida por Charles Fox Parham no estado do Kansas e mais tarde em 1906 na Califórnia com William Joseph Seymour. Mas, a experiência pentecostal e experiências religiosas que são identificadas também em outras religiões têm sua origem anterior a essa data:

[…] pois há relatos de experiências carismáticas em comunidades cristãs do primeiro e segundos séculos (movimento montanista). A história registra também muitas experiências exáticas e místicas no decorrer da Idade Média, tanto dentro como fora dos monastérios. Aliás, muitos fenômenos reivindicados pelo pentecostalismo, como suas marcas distintivas, não são exclusivos da religião cristã, tratando-se de fenômenos próprios da religiosidade universal. (CAMPOS, 1996, p. 80).

1O termo pentecostal vem de Pentecostes, uma das festas judaicas. O livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 2, descreve como os discípulos de Cristo foram batizados pelo Espírito Santo, fato esse comparado pelo falar em novas línguas, ou línguas estranhas (SIEPIERSKI, 2001, p. 34).

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Alguns pesquisadores do protestantismo/pentecostalismo remetem seu início histórico ao movimento montanista atrelado a Montano, um cristão do século II. (CAMPOS, 2005 e MATOS, 2006). Ainda em corroboração ao excerto acima, algumas experiências psíquicas fora do pentecostalismo foram identificadas em outras religiões, tais como casos de possessão e xamanismo em povos primitivos, entre mórmons, sufismo islâmico entre outros já identificados no âmbito da antropologia. (CAMPOS, 2005).

Assim, tomamos a origem do movimento pentecostal a partir de sua chegada ao território norte-americano, onde evidenciaram-se situações identificadas como pentecostais no estado do Kansas em uma aula de ensino bíblico ministrada por Charles Fox Parham, sendo elas a conclusão que o batismo do Espírito Santo e a glossolalia2 estavam de acordo com a Bíblia e nessa mesma reunião uma de suas

alunas passou por essa experiência de falar em línguas. (SIEPIERSKI, 2001).

1.2 Pentecostalismo no Brasil

Ao situarmos o pentecostalismo no Brasil é importante apresentar as suas características e fases que ele ocorreu, ou seja, o seu contexto conforme as igrejas e sua mensagem:

O pentecostalismo brasileiro teve como característica fundamental o intuito de levar a mensagem do evangelho a um mundo que considerava perdido, anunciando a restauração através da ação do Espírito Santo, o qual nas palavras de Daniel Berg, missionário fundador da Assembleia de Deus no Brasil ‘Jesus, salva, cura, vai voltar e batizar com o Espírito Santo’. A militância pentecostal no Brasil foi composta basicamente por pregadores urbanos, em praças, ruas e calçadas. Neste contato com a cultura brasileira, algumas de suas práticas, doutrinas e modelos organizacionais foram influenciados pela cultura religiosa popular, constituindo assim um pentecostalismo predominantemente brasileiro [...]. (BITUN, 2011, p. 51).

Com a especificação de sua mensagem acerca do evangelho aos que habitam em um mundo perdido, o pentecostalismo brasileiro pode ser também classificado a partir da teoria das três ondas, sendo a primeira onda com as igrejas Congregação Cristã no Brasil (CCB) e a Assembleia de Deus (AD), que compreendem o período de 30 anos entre 1910 e 1940, com ênfase no batismo. A

2 [...] os primeiros pentecostais entendiam o fenômeno da glossolalia como xenolalia, que é a

“capacidade de falar uma linguagem humana identificada sem havê-la estudado. A xenologia passou a ser, no pentecostalismo, um sinal de vocação missionária” (Dreher, 1999: 187; Burgess, 1990 apud ALENCAR, 2013, p. 59).

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segunda onda é iniciada em 1950 com o destaque das Igrejas do Evangelho Quadrangular, O Brasil para Cristo e Deus é Amor, com ênfase na cura. Por fim, completando a terceira onda, que também são conhecidas no âmbito acadêmico como neopentecostais, temos as Igrejas Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça entre outras, nos anos de 1970 a 1980, com ênfase na libertação FRESTON (1994), no entanto, essas últimas não serão abordadas nessa pesquisa.

A titulo de contextualização do pentecostalismo brasileiro, apresentaremos sinteticamente as igrejas que estão nas duas primeiras ondas mencionadas anteriormente.

A pioneira Congregação Cristã no Brasil3, que foi fundada pelo italiano Luigi

Francescon em 1910 contava com as primeiras igrejas em São Paulo e Paraná. Conforme o Censo IBGE 2010, a Congregação Cristã no Brasil possui mais de 2 milhões de membros e até hoje mantém um padrão rigidamente igual à igreja fundada em 1910 e além disso, possui características muito peculiares, tais como: Templos padronizados, liturgia fechada, ou seja, a mesma praticada em todas as igrejas, cultos voltados para revelação divina, glossolalia e também a adoração por meio de orquestra sempre muito bem afinada, a qual é considerada a maior orquestra de uma organização do mundo, contando com aproximadamente 250 mil músicos. Não há cobrança de dízimos aos fiéis, não há pastores, somente Anciões, Cooperadores e Diáconos. O batismo é realizado por imersão, a Santa Ceia é realizada uma vez por ano e outra característica marcante é a do ósculo Santo, que cumpre uma recomendação do Apóstolo Paulo, ou seja, ao final de cada culto os homens se beijam no rosto e as mulheres também. (ALENCAR, 2013).

A Igreja do Evangelho Quadrangular4 tem como fundadora Aimée Semple

McPherson, que se converteu em 1907. Em seu ministério ela pregava em diversos locais, realizando campanhas pelo mundo difundindo a palavra de Deus e em 1922 sentiu-se inspirada pelo Espírito Santo e nomeou o seu ministério de ‘Quadrangular’. No Brasil a Igreja do Evangelho Quadrangular foi fundada em São João da Boa Vista (SP) em 1951, no entanto, o seu nome era Igreja Evangélica do Brasil e dirigida pelo missionário Harold Edwin Williams, conhecido por pregar debaixo de

3

Informações completas da Congregação Cristã no Brasil estão disponíveis no site: http://www.cristanobrasil.com/index.php>. Acesso em: 20 out. 2016.

4Para saber mais sobre a Igreja do Evangelho Quadrangular, consultar http://www.portaligrejaquadrangular.com.br/portal/quadrangular-historia.asp>. Acesso em: 20 out. 2016.

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lonas com o auxílio do peruano Jesus Hermírio Vasquez Ramos. Atualmente essa igreja, conta com mais de 1,6 milhão de membros espalhados pelo Brasil e até hoje a Igreja do Evangelho Quadrangular tem em seu cerne os mesmos aspectos, como batismo com o Espírito Santo, cura divina e o falar em línguas. (BANDINI, 2004)

Segundo ALENCAR (2013) O Brasil para Cristo é uma igreja 100% brasileira fundada pelo pernambucano Manoel de Mello, que foi um evangelista assembleiano e que também passou pela Igreja do Evangelho Quadrangular. A igreja foi fundada em 1955 por meio de uma visão/revelação divina feita de Jesus Cristo para o pastor em sua casa, no entanto, o nome O Brasil para Cristo só foi incorporado de forma regimentar em 1974. Muitos dos cultos foram realizados no estádio do Pacaembú e Vale do Anhangabaú. Desde 1979 a igreja saiu de um galpão improvisado no Tatuapé para a sede, que fica no bairro da Pompéia e tem capacidade para mais de 10 mil pessoas.

Outra igreja pentecostal bastante conhecida é a Igreja Deus é Amor5, que foi

fundada pelo missionário David Martins Miranda em 1962 no bairro de Vila Maria. Atualmente a igreja conta com mais de 22 mil igrejas espalhadas pelo Brasil e tem a sua sede mundial na Baixada do Glicério em São Paulo, com um espaço para cerca de 60 mil pessoas. (ORO, 2001). A exemplo de Manoel de Mello, a Igreja Deus é Amor também foi criada por intermédio de revelação divina ao missionário David Miranda e os primeiros membros foram os seus familiares. Até os dias de hoje, a igreja mantém a liturgia acerca da manifestação de línguas estranhas, cura divina, revelação e adoração por cânticos.

Apresentadas sinteticamente algumas das igrejas evangélicas que compõem o pentecostalismo brasileiro, cabe a partir daqui dissertar especificamente sobre a Assembleia de Deus e sua institucionalização no Brasil. Como mencionando anteriormente, a pesquisa realizada teve colaboração de fiéis dessa igreja, portanto, o relato torna-se importante.

5Relatos sobre a vida do missionário David Marins Miranda e trajetória da Igreja Pentecostal Deus é

Amor estão disponíveis em http://www.ipdarquivos.hospedagemdesites.ws/site/?page_id=5341>. Acesso em: 20 out. 2016.

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1.3 Assembleia de Deus no Brasil (AD)

A Assembleia de Deus, a maior igreja pentecostal no Brasil com mais de 12 milhões membros atualmente, foi iniciada em solo brasileiro em 1911, CARVALHO (2014) a partir de: “Dois seguidores de Durham, os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, crendo ter recebido revelações de Deus, vieram para o Norte do Brasil, Estado do Pará, onde, numa Igreja Batista, começaram a pregar o batismo com o Espírito Santo e ali fundaram a Igreja Assembléia de Deus.” (CAMPOS, 1996, p. 82).

A partir de 1940 a Assembleia de Deus consolidou-se como a maior igreja pentecostal do Brasil, principalmente no que se refere as regiões metropolitanas, por conta das migrações que ocorreram no espaço de 40 anos, ou seja, entre 1940 e 1980. (FAJARDO, 2015). Anterior a isso, a igreja criou um jornal conhecido como Mensageiro da Paz, que possuía uma característica marcante, a qual mencionava as diferenças que havia entre os ramos do protestantismo. Segundo ALENCAR (2013) em 1946 criou-se uma editora, a conhecida Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD), que por sua vez criou hinários, lições bíblicas e instrumentos de formação doutrinária.

Como parte da estruturação das Assembleias de Deus, podemos destacar a sua teologia utilizada, a conhecida teologia do sofrimento pregada pela instituição até os dias de hoje. Dessa maneira, o:

Sofrimento não é um ideal, mas uma prática e uma práxis com fundação ideológica; ela dá a veracidade do grupo, a legitimação da verdade do mesmo, pois é esse sofrimento que constrói a identificação com os Atos dos

Apóstolos. (ALENCAR, 2013, p. 146).

Assim, esse conceito pode ser considerado como ponto fundamental desde seus primeiros anos de fundação até os dias atuais.

Outro ponto de destaque é a estruturação hierárquica nas Assembleias de Deus, inicialmente destacam-se os fundadores Gunnar Vingren e Daniel Berg aos quais somente a fundação lhes é atribuída. Outro personagem de destaque dentro dessa estrutura hierárquica é Samuel Nystron que foi considerado o principal responsável pela tradicionalização das Assembleias de Deus no Brasil. (ALENCAR, 2012). Posteriormente o pastor brasileiro Cícero Canuto de Lima consagrado6 pastor

6 O termo consagrado encontra-se no Ritual do AT que simbolizava as responsabilidades e os

privilégios do sacerdócio levítico (Lv 8.22). A palavra hebraica traduzida por consagrar significava literalmente encher a mão e provavelmente se referia a ofertas depositadas nas mãos deles. (A

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23

pelo próprio Gunnar Vingren em 1923 também se diferencia dentro da Assembleia de Deus, conforme mencionado abaixo.

Em 1937 Canuto planejou transferir-se para São Paulo para assumir a direção da Igreja na capital, conforme declarou: “Senti que tinha chamada

para cá [São Paulo] em 1937. [Porém, na época] Puseram muitos obstáculos aqui para que eu não entrasse.[...]”.24 Ou seja, já na década de 1930, Canuto, que era uma das principais lideranças na Igreja no Nordeste cria interesse em trabalhar na metrópole, possivelmente antevendo o destaque que a Igreja em São Paulo poderia representar para a denominação no futuro. Não é possível dizer a quais obstáculos o pastor se referia, já que poderiam ser tanto os suecos que dirigiam a Igreja em São Paulo na época [...].(FAJARDO, 2015, p.7).

Uma vez que não conseguiu estabelecer-se em São Paulo, deslocou-se ao Rio de Janeiro, onde tornou-se auxiliar de Samuel Nystron, mais tarde em 1946 tornou-se pastor em São Paulo.

Um pouco mais adiante retornaremos a falar do pastor Cícero Canuto de Lima, bem como do próximo pastor a ser mencionado, o pastor Paulo Leivas Macalão.

Um outro líder importante dentro do cenário assembleiano, o pastor Paulo Leivas Macalão, gaúcho que se converteu no Rio de janeiro em 1924 e já em 1926 desenvolveu um trabalho de evangelização nas periferias da cidade. É possível que o pastor Macalão tenha tido algum atrito com o fundador Gunnar Vingren, por conta de questões nacionalistas, pelo fato de ser de família rica e de tradição militar. Em 1929 fundou a conhecida Igreja no bairro de Madureira e daí cria-se o conceito hoje conhecido de ministério, que caracteriza a heterogeneidade da Assembleia de Deus em um sentido corporativo/institucional, ou seja, está relacionado a uma estrutura hierárquica que vai do pastor presidente até o líder local e diferencia o fiel acerca da membresia, até mesmo porque cada ministério tem sua convenção, que pode ou não ser de abrangência nacional. (ALENCAR, 2013).

Anos mais tarde, o pastor Paulo Leivas Macalão por revelação7 divina em

sonho, chegou a São Paulo em 1938 para alugar um salão que lhe foi mostrado em sonho, na rua da Glória, bairro do Brás. No entanto, a Assembleia de Deus já havia sido instaurada anos antes no bairro de Vila Carrão e depois no Belém, por intermédio do sueco Daniel Berg em 1927. (FAJARDO, 2015). Desde então,

consagração ou ordenação de ministros hoje tem raízes nessa prática veterotestamentária). (Dicionário bíblico, 2016)

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se a criação de ministérios e consequentemente mudanças na liturgia, políticas etc., mesmo assim ainda carregam o DNA assembleiano.

A criação de ministérios não fica restrita aos pastores Paulo Leivas Macalão e Daniel Berg, com Madureira e Belém, respectivamente. Nos dias atuais, podemos verificar que há uma gama enorme de ministérios assembleianos espalhados pelo Brasil inteiro. A título de referenciação, podemos citar os que serão observados nesse trabalho, como ministérios Assembleia de Deus do Ipiranga e Assembleia de Deus Jesus é a Fonte da Vida, os quais têm suas igrejas localizadas nos bairros parque Santo Amaro e jardim Maria Alice (macroárea do Jardim Ângela), no município de São Paulo. Os referidos ministérios foram escolhidos para essa pesquisa, com base em sua membresia, que está distante das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato, tanto fisicamente, como ideologicamente. Tal escolha de distância é entendida como uma espécie de neutralidade em relação ao convívio de fiéis e as vereadoras aqui elencadas, pois acreditamos que se fossem questionados fiéis do mesmo ministério e até mesmo da mesma Igreja Assembleia de Deus Madureira, a conhecida ADBrás, a qual as duas vereadoras são membros, alguns fiéis poderiam sentir-se incomodados em relação a pesquisa ou até mesmo poderiam faltar com uma espontaneidade nas respostas. Ao longo do trabalho, observamos que as respostas foram cedidas com espontaneidade e com isso acreditamos que esse distanciamento dos sujeitos de pesquisa tenha sido válido.

Continuando a redação acerca dos ministérios, podemos destacar alguns outros mais conhecidos em nível de ilustração, como: o Vitória em Cristo, que pertence ao pastor Silas Malafaia, ministério do Bom Retiro do pastor Jabes de Alencar entre outros. De acordo com ALENCAR (2013) esses ministérios em suas sedes funcionam como uma espécie de identificação institucional, pois as congregações que pertencem aos ministérios fundantes geralmente passam por encontros, que são conhecidos como Congressos e neles são realizadas cerimônias de Ceia do Senhor, casamentos, ensinamentos bíblicos etc. Outra característica dessas sedes são as suas estruturas físicas, grande parte têm extensões enormes que chegam até um quarteirão, o que possibilita reunir as igrejas menores, as quais são pertencentes. Um ponto que é importante a ser mencionado acerca dessas sedes é que elas possuem uma figura conhecida como pastor-presidente, essa figura dentro da denominação/ministério tem o poder de veto, ou seja, é a pessoa que decide o que será feito na igreja. Essa estrutura segue o seguinte esquema de

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funcionamento: o membro responde ao líder ou dirigente local, que por sua vez responde ao pastor setorial, que responde ao pastor-presidente, que é responsável pelo ministério.

Para que haja um melhor entendimento sobre a figura do pastor-presidente e outras situações dentro da Assembleia de Deus, utilizaremos os escritos de Gedeon Freire de Alencar, especialista nos estudos sobre a Assembleia de Deus. Nesse sentido, apontemos sobre o início da nomenclatura pastor-presidente, que segundo BOURDIEU (1989) funciona como uma espécie de poder simbólico, o qual está conferido nesse título e se vale perante aqueles que estão debaixo de sua autoridade eclesiástica.

Essa titulação surge pela primeira vez em 1958, se referindo a Paulo Leivas Macalão, na época dirigente supremo do Ministério Madureira. Pastor-presidente é um adjetivo que tem e assume substância, natureza e personalidade, pois é impossível essa função ser separada de agora em diante do nome. Não existe mais o irmão X, irmão Y, existe apenas o “Pastor-presidente Fulano” etc. Isso, e apenas isso, lhe dá a identidade; o “culto a personalidade” […]. (ALENCAR, 2013, p. 178).

Ainda sobre o poder exercido pelo pastor-presidente, dentro das Assembleias de Deus, as figuras de Cícero Canuto de Lima e Paulo Leivas Macalão exemplificam a guerra do conservadorismo dentro dos ministérios, Missão versus Madureira respectivamente até o fim de seus dias quando, na década de 80 o ciclo desses grandes nomes encerrou, com algumas semelhanças, inclusive no ordenamento que aconteceu quando ambos possuíam 30 anos de idade, solteiros e com a chegada da idade avançada não deram oportunidade para jovens como ocorreu com eles. Ficaram o máximo de tempo que puderam nas suas posições de pastor-presidente, assemelhando-se a monarcas de um país dentro das Assembleias de Deus. (ALENCAR, 2013).

Esse tipo de liderança exercida pelos pastores está atrelada a uma forma de despotismo nuançado, que segundo ALENCAR (2013) não se valida somente no carisma, mas muito em função de suas forças simbólicas que representaram na igreja.

Um novo modelo de pastor-presidente acontece nas Assembleias de Deus após a fase de Paulo Leivas Macalão e Cícero Canuto de Lima:

Agora o pastor presidente ganha mais – muito mais – e, com isso, ao longo dos anos, vai ter ascensão social distinta de seus pares; e sua família obviamente, vai ter um nível econômico superior às demais famílias pastorais. Não é sem motivo, portanto, que seus herdeiros vão também assumir cargos no Ministério, pois esse vai se tornar “patrimônio da família”.

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Isso vai caracterizar as cúpulas dos Ministérios […], no qual o filho (ou o genro) é pastor auxiliar ou vice-presidente, esperando apenas o pai/sogro morrer para herdar o “trono”.(ALENCAR, 2013, p. 228).

Ainda sobre estrutura de poder dentro da Assembleia de Deus, podemos apresentar mais três nomes, sendo eles: José Wellington Bezerra da Costa (vice-presidente de Cícero Canuto de Lima), Samuel Câmara (vice-(vice-presidente de Alcebíades Pereira) e Silas Malafaia. Os dois primeiros são mais conhecidos dentro do ambiente assembleiano:

[...] que apesar de travarem uma guerra pessoal, são símbolos de uma luta de poder muito maior, mais ampla e mais complexa se comparadas às suas desavenças pessoais. É algo macro. No caso dos dois, por causa do Centenário, a luta se tornou mais visível. Ser o presidente da denominação

no ano do Centenário tinha um poder simbólico e era a possibilidade de

entrar para história. (ALENCAR, 2013, pp. 266-267).

Os pastores Samuel Câmara e José Wellington Bezerra, também estão na mídia televisiva8, assim como o mais conhecido de todos, o pastor Silas Malafaia, -

que ganhou terreno enquanto os dois primeiros travaram disputas na televisão, nos tribunais e nas Convenções-, com o programa ‘Vitória em Cristo9’ exibido pelas

emissoras Band, Rede TV, Rede Brasil em âmbito nacional e em outras emissoras, no que se refere aos âmbitos regionais. O pastor José Wellington Bezerra da Costa apresenta o programa ‘Momento Assembleia de Deus’ na Rede TV10. Já o pastor

Samuel Câmara também possui um programa na mesma Rede TV e pela TV Boas Novas, o qual é intitulado ‘A Voz da Assembleia de Deus’. 11

De longe se percebe que o pastor Silas Malafaia é o mais conhecido do Brasil dentre todos como pastor assembleiano, que conseguiu essa espécie de capital simbólico ao se afastar de um modelo de Assembleia de Deus engessado, pois além de ser o mais conhecido como já mencionado é polêmico, rico, conservador, marqueteiro entre outras características que o permite ser um homem extremamente poderoso, não só no âmbito evangélico com seus mega eventos, que ele mesmo

8 Os programas televisivos aqui mencionados foram identificados na data de 02 de novembro de

2016, na programação disponível no site das igrejas e UOL atrelado as emissoras.

9Programa Vitória em Cristo. Programação disponível em:

http://www.vitoriaemcristo.org/_gutenweb/_site/gw-programa-de-tv/>. Acesso em 15 dez.2016.

10 Momento Assembleia de Deus. Programação disponível em:

http://www.cpadnews.com.br/assembleia-de-deus/34431/assista-em-novo-dia-e-novo-horario-na-rede-tv-o-programa-momento-ad.html>. Acesso em 15 dez.2016.

11 A voz da Assembleia de Deus. Programação disponível em: <

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intitula de ‘cruzadas evangelísticas’, mas também no ambiente secular12,

principalmente no cenário político nacional, tendo em vista que diz em quem o fiel pode ou não votar etc. (ALENCAR, 2012).

Com as situações de confronto e características de poder apresentadas no campo13 de disputas, constituindo um habitus, que Bourdieu vai chamar de conjunto

de disposições14 de estruturas estruturantes, no que se refere ao confronto de

ideais, ego, figuração pública e poder, acredita-se que o recorte realizado aqui sobre a Igreja Assembleia de Deus, compreende o ambiente de pesquisa sobre fiéis que manifestaram suas posições dentro de um cenário político investigado, a fim de se buscar um entendimento sobre a perspectiva política e eleitoral assembleiana no município de São Paulo, dentro dos ministérios Jesus é a Fonte da Vida 15e

Ipirang16a.

A seguir, apresentaremos a constituição do sistema político eleitoral no qual as vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato são participantes, bem como estratégias de partidos, quadro de candidatos evangélicos nas eleições de 2012 para vereadores do município de São Paulo e o voto como elemento constituinte da democracia.

12 O Termo secular aqui será utilizado para designar aquilo ou aquele que não está sujeito a uma

ordem religiosa. (FERREIRA, 2010).

13 O campo é uma rede de relações objetivas (de dominação, ou de subordinação, de complementaridade ou de antagonismo etc.) entre posições [...]. Cada posição é objetivamente definida por sua relação objetiva com outras posições ou, em outros termos, pelo sistema das propriedades pertinentes, isto é, eficientes que permitem situá-la com relação a todas as outras na estrutura da distribuição global das propriedades. Todas as posições dependem, em sua própria existência e nas determinações que impõem aos seus ocupantes, de sua situação atual e potencial na estrutura do campo [...].(BOURDIEU, 1996, p. 261).

14 Pierre Bourdieu utiliza a palavra “disposição”, entendendo que seja “bastante apropriada para

exprimir o que recobre o conceito de habitus (definido como sistemas de disposições): ela exprime, em primeiro lugar, o resultado de uma ação organizadora, apresentando então um sentido próximo ao de palavras como ‘estrutura’; designa, por outro lado, uma maneira de ser, um estado habitual (em particular do corpo) e sobretudo uma predisposição, tendência, propensão ou inclinação. (ORTIZ, 2008, p. 53).

15 A Igreja Assembleia de Deus Jesus é a Fonte da Vida está localizada na rua Antonia de Pina, 258 –

Jardim Maria Alice.

16 A Igreja Assembleia de Deus (Ministério do Ipiranga) está localizada na rua Capelinha, 3 – Parque

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28

2 A QUESTÃO TÉCNICA: A COMPOSIÇÃO DO

PROCESSO ELEITORAL, ASPECTOS

INSTITUCIONAIS DO PARTIDO POLÍTICO

2.1 O Processo de candidatura do vereador

A realização de uma candidatura para vereador17 deve seguir alguns passos e

tem de estar em conformidade com situações legais e partidárias. Nesse sentido, o norte dessa apresentação tem como ponto de partida a Constituição Federal em seu capítulo IV no artigo 29, sobre o número de cidadãos a concorrer e a votar nas eleições. Logo, a constituição acerca do número de vereadores por município está atrelada ao número de habitantes e, no caso Paulistano temos a indicação do quórum máximo que é de 55 vereadores, conforme a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 58, DE 23 DE SETEMBRO DE 2009: 18 [...] IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observado o limite máximo de: x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; (BRASIL, 1988).

Apresentado os números de habitantes versus candidatos possíveis, cabe apresentar como funciona a sistemática política, no que se refere a candidatura de um vereador, mencionando os artigos e leis, que envolvem o processo de candidatura do vereador.

Segundo a Reforma Eleitoral 2015, para uma pessoa se candidatar a vereador em qualquer cidade do país, o primeiro requisito, conforme a Lei nº 13.165/201519, que modifica a Lei nº 9.504/97 Art. 9º20 é residir na cidade pretendida

17 A palavra “Vereador” vem do verbo verear, Significativa “pessoa que vereia”, isto é, pessoa que

tinha a incumbência de vigiar pela comodidade, bem-estar e sossego dos munícipes. Vereação era o lugar de verear, ou o conjunto dos Vereadores no exercício de suas funções. A palavra permaneceu no direito brasileiro com sentido bastante modificado, significando modernamente o membro da Câmara Municipal, o legislador municipal. (SILVA, 1997).

18 Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm. Acesso: 12 jan. 2016

19Lei nº 13.165/2015. Disponível em:< http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-no-13-165-de-29-de-setembro-de-2015>. Acesso em: Acesso em 09 nov. 2016.

20 Lei nº 9.504/97 Art. 9º Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9504.htm>. Acesso

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até um ano antes da eleição e estar filiado a um partido político até seis meses antes da eleição e estar de acordo com o Art. 5º da Lei 4.737/196521.

Outros requisitos também são observados e exigidos para haver elegibilidade do cidadão que pretende se candidatar a vereador, tais como: grau de parentesco até segundo grau, sendo pai, mãe, filho (a), avô (ó), neto (a), irmão (ã) e critérios afetivos e/ou de afinidade como adoções, cunhado (a), genro, nora e sogro (a). Cidadãos nessas condições informadas não são elegíveis a candidatura em qualquer cidade do país ao cargo de vereador.

A partir do momento que o cidadão está em conformidade com requisitos e exigências acima, o próximo passo é se filiar a um dos 35 partidos políticos22 registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que existem atualmente no Brasil.

Tendo apresentado o processo de candidatura de um vereador, o próximo passo é descrever como se dá o processo eleitoral para esse cargo municipal, não somente com base em leis e artigos, mas também com teóricos da ciência política.

2.2 O processo eleitoral no Brasil, nas eleições para vereador

As eleições para vereador no Brasil são realizadas no âmbito de “um sistema de representação proporcional que deixa ao eleitor uma ampla margem de escolha” (MAINWARING, 2001, p. 302). Mas o que isso quer dizer ao eleitor que não tem acesso a informações dessa natureza? No ano de 2012 no município de São Paulo a população superou o número de 10 de milhões de habitantes, conforme o censo IBGE de 2010.

Um ponto a ser observado nesse processo eleitoral de representação proporcional é abordado de forma clara no seguinte excerto de Jairo Nicolau:

O sistema em vigor no Brasil oferece duas opções aos eleitores: votar em um nome ou em um partido. As cadeiras obtidas pelos partidos (ou coligações entre partidos) são ocupadas pelos candidatos mais votados de cada lista. É importante sublinhar que as coligações entre os partidos funcionam como uma única lista; ou seja, os mais votados da coligação, independentemente do partido ao qual pertençam, elegem-se. (NICOLAU, 2006, p. 692).

Nesse sentido, o eleitor pode optar pela legenda do partido ou pelo candidato que melhor lhe apresenta propostas e plano de governo ou o representa nas

21 Anexo A - Art. 5º da Lei 4.737/1965. Disponível em: < http://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/codigo-eleitoral-1/codigo-eleitoral-lei-nb0-4.737-de-15-de-julho-de-1965>. Acesso em: Acesso em 09 nov. 2016.

22 Anexo B – Lista de partidos políticos. Disponível em: <

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atitudes, visões, ideologias etc. Visto as possibilidades de voto que o eleitor possui nas eleições municipais, cabe apresentar de maneira didática como funciona esse sistema de representação proporcional de lista aberta.

Entendendo que se todos os candidatos de um partido somam juntos 15% dos votos válidos, isso quer dizer que 15% das vagas serão destinadas ao partido na Câmara. Logo, o sistema proporcional possibilita que partidos pequenos, conhecidos como minorias ou partidos fracos possam ter representantes na Câmara Municipal. No caso das eleições de São Paulo há 55 vagas em disputa, que são disputadas pelos partidos concorrentes, assim:

Figura 1: Número de legenda e de candidatos

91000 91002 91003 91004

Fonte: dados do autor

Cada um dos candidatos da figura 1 possui um número próprio, que é formado por cinco dígitos. Desse modo, os dois primeiros dígitos (em negrito e sublinhado) são a legenda do partido político e os três restantes (em itálico) identificam cada um dos candidatos. Portanto, o eleitor tem a possibilidade de votar somente no partido ou no candidato composto por cinco dígitos e, logo após a votação são somados todos os votos válidos desse partido e contabilizados, a fim de identificar se alcançaram uma determinada cota de votos válidos e consequentemente eleitos. Esse cálculo é realizado a cada eleição e tem o nome de quociente eleitoral, que:

Por analogia, pode-se dizer que o “quociente eleitoral é o preço de uma vaga em voto. Portanto, divide-se a votação do partido pelo quociente eleitoral para ver quantas vagas aquele partido vai ter, ou seja, quantas vagas, ele pode “comprar”. Então, por exemplo, para deputado federal, o partido fez um quociente eleitoral em São Paulo de 400 mil votos. Se o partido tiver feito dois milhões de votos, ele terá feito cinco vezes o quociente eleitoral e terá cinco vagas garantidas. (AVELINO, 2015, p.31).

Candidatos que são

apresentados dentro de uma possibilidade votação por parte dos eleitores

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Portanto, não basta o candidato ser bem votado e seu partido/coligação ter alcançado a cota necessária de votos válidos. Os votos válidos são aqueles que possuem um direcionamento, seja ele para um partido, ou para um candidato específico, excluindo-se então os votos brancos e nulos.

Nesse sentido, veja-se23 hipoteticamente como se dá esse processo de votação, tanto no sentido individual (por candidato), quanto no sentido coletivo (partido político).

Os candidatos votados individualmente precisam coletivamente alcançar o número mínimo de votos que está representado pela linha de margem mínima de votos. Nesse período não há mais nada que o eleitor deva fazer, a não ser esperar a apuração dos votos e de certo modo torcer por seu candidato ou partido. Já na tabela de Votação total dos partidos A, B e C 24, há a soma de votos totalizada por

candidatos no âmbito individual e votos por legenda.

O partido A, não alcançou a cota mínima de candidatos votados, logo não pode eleger ninguém. Em contrapartida, os partidos B e C conseguiram eleger vereadores acima da cota mínima estipulada. O partido C conseguiu um maior número de votos e assim terá mais cadeiras na Câmara em relação ao partido B. Dentro do partido, são eleitos aqueles candidatos que obtiveram o maior número de votos, no que se refere à cota mínima. Assim, os candidatos que obtiveram mais votos que a cota mínima, tem seus votos transferidos e distribuídos a outros candidatos do partido/coligação, para que assim haja uma proporcionalidade nos votos e consequentemente a eleição de candidatos que não alcançaram o número mínimo desejado.

Passemos agora para um item importante dentro de um cenário político eleitoral. A estratégia partidária, por muitas vezes permite que um determinado partido e/ou coligação consiga alcançar mais cadeiras ao término das eleições proporcionais.

2.2.1 Estratégia partidária

Por muitas vezes, diversos candidatos são eleitos sem que tenham alcançado a meta mínima de votos e isso se dá pela forma de voto do sistema

23 Anexo C - Votação individual nos partidos A, B e C 24 Anexo D - Votação total dos partidos A, B e C

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mencionado acima. Nas eleições para vereador na cidade de São Paulo não temos um exemplo conhecido aos olhos do eleitor sobre essa condição. No entanto, podemos observar nas propagandas realizadas no Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) que “Os partidos têm criado diferentes estratégias para lidar com o reduzido tempo do HGPE que eles têm disponível. Alguns asseguram mais tempo para determinados nomes, os puxadores de legenda; outros apresentam apenas as fotos e um breve currículo dos candidatos.” (NICOLAU, 2006). Alguns candidatos mais conhecidos pelo eleitor, não por sua competência política, mas sim por alguma outra habilidade/atuação, como ser ator, cantor, palhaço etc., o que não é o caso das vereadoras Sandra Tadeu e Noemi Nonato, que receberam juntas mais de 81.000 votos.

Os puxadores de legenda ou puxadores de voto estão presentes em diversas eleições de votação proporcional, mas como citado anteriormente, no caso para vereadores não há um caso tão conhecido do eleitor e desse modo, serão mencionadas as eleições para deputado federal de São Paulo no ano de 2014, com os candidatos Celso Russomano e Tiririca, que ilustram claramente a função de puxadores.

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Fonte: Política Estadão. Acesso em: 08 out. 2014. (adaptado pelo autor).

O exemplo clássico do puxador de legenda ou puxador de votos como mencionado na figura 2 é bem caracterizado nas eleições para o legislativo do Brasil, que contemplam deputado federal, deputado estadual e vereador que é o caso estudado nessa pesquisa, mas ressaltamos que o exemplo compete a deputados federais. Geralmente o voto dessa natureza é motivado pelos atributos do candidato, que mais uma vez não são totalmente de competência política e nesse sentido:

O voto personalizado refere-se à porção do apoio eleitoral de um candidato que se origina em suas qualidades pessoais, qualificações, atividades e desempenho. A parte do voto que não é personalizada inclui apoio a um candidato baseado na sua filiação partidária, determinadas características do eleitor como classe, religião e etnia, reações às condições nacionais, tais como o estado da economia, e avaliação centrada no desempenho do partido que está no governo. (CAIN, FAREJOHN e FIORINA 1987 apud NICOLAU, 2006, p.701).

Essas qualidades pessoais estão bem presentes na figura do candidato do PRB Celso Russomano, que pelo fato de ser uma pessoa muito conhecida no ambiente midiático por ser defensor das causas do cidadão-consumidor, como uma espécie de ‘guardião’ do código de defesa do consumidor lhe garante uma boa colocação nas eleições proporcionais. Da mesma maneira, o comediante Tiririca do PR é conhecido na mídia televisa, não por atuar junto ao consumidor/eleitor, mas por atuar para o expectador/eleitor com performances circenses e piadas do gosto popular.

Os dois casos acima demonstram como se dá esse processo de puxadores de votos, pois dificilmente grande parte cidadãos daquele período eleitoral conheçam os candidatos que se elegeram pela sobra de votos de Tiririca e Russomano, salvo no caso do cantor Sérgio Reis que é por muitos conhecido, por suas músicas sertanejas.

2.3 O sistema proporcional de lista aberta

Como informado o sistema de votação proporcional de lista é utilizado no Brasil para as eleições do legislativo sendo para deputados federal, estadual e vereadores. Desse modo, serão apresentadas algumas características desse sistema de votação em relação ao eleitor e ao partido, ou seja, “O sistema

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proporcional [...] vai procurar representar a sociedade de acordo com suas opiniões. O objetivo, portanto, é contabilizar todos dos votos e distribuir a representação proporcionalmente.” (AVELINO, 2015, p.29)

2.3.1 O sistema proporcional de lista aberta para o eleitor

O sistema proporcional de lista aberta possibilita ao eleitor votar nas eleições para o legislativo no partido ou no candidato. Como já ilustrado anteriormente: de acordo com a figura 1.

Esse sistema apresentado acima se repete entre todos os demais partidos dentro da eleição e faz com que o eleitor encha ou não os olhos com tantas possibilidades. Essas possibilidades estão relacionadas a uma questão de formação de grupo sociais específicos que estabelece uma relação, entre eleitor e candidato e por vezes:

[…] é necessário que haja partidos ideologicamente identificados com tais grupos específicos, especialmente do ponto de vista dos interesses políticos, e que se afirmem e se apresentem socialmente como tal. Por fim, é preciso que esses grupos sociais identifiquem tais partidos e os reconheçam como seus representantes, criando com eles um “contrato” capaz de estabelecer um vínculo de representação. (LAGO, 2005. p.16).

A relação ideológica que aproxima um determinado grupo social de um candidato que o represente nas eleições pode ser de diversas naturezas, tais como: o que um candidato diz ser certo ou errado acerca da pena de morte, maioridade penal e outros assuntos que são discutidos de formas acaloradas ou não acaloradas na sociedade. Sobre esses assuntos, muito se entende da posição política do eleitor, que pode ser de direita ou de esquerda. No entanto, como identificar se o eleitor é de esquerda ou de direita dentro de um cenário político de tantas possibilidades da lista aberta? Basicamente as respostas são encontradas nas dimensões econômicas e de costumes, conforme o sociólogo Alberto Carlos Almeida:

Na dimensão econômica, diminuir a intervenção e regulamentação estatal está associado com ser de direita. E o oposto está associado à esquerda. Por outro lado, justamente o inverso se aplica à ação do estado em relação aos costumes. Quando o governo intervém, punindo ou regulando comportamentos sociais e culturais, tais como criminalizando o aborto, reprimindo manifestações religiosas, enfim, agindo para dizer o que é certo ou errado fazer, isto é uma ação associada à direita. A não ação estatal para regular tais comportamentos está associado à esquerda.

As concepções econômicas de esquerda e de direita, sintetizadas na noção de intervencionismo versus não-intervencionismo estatal na economia,

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estão relacionadas com visões de mundo e programas de ação em diversas áreas. (ALMEIDA, 2001, p. 1)

Feita a associação por parte do eleitorado e candidato, no que se refere a uma perspectiva de aproximação de grupo social com base ideológica é importante frisar que o presente trabalho tem como objetivo apresentar a perspectiva político-eleitoral do assembleiano, acerca das eleições para vereador no município de São Paulo, o qual possui duas vereadoras pertencentes a Igreja Assembleia de Deus.

Mais adiante, tentaremos perceber se o eleitor utilizou da sua ampla margem de escolha dentro do cenário de voto proporcional de lista aberta, indicando se possui algum conhecimento para com candidatos evangélicos ou não.

Abordada a parametrização da lista aberta para o eleitorado, faz-se necessário apresentar alguns aspectos desse sistema de votação para o partido político.

2.3.2 O sistema proporcional de lista aberta para o partido

Esse sistema eleitoral permite um chamado multipartidarismo, que se caracteriza pelo número e tamanho dos partidos e isso ocorre com o fim do bipartidarismo em 1979 e desse modo:

O número e o tamanho relativo dos partidos influenciam a política democrática. Influem na maneira como os governos se conduzem, porque a necessidade e a natureza das coalizões dependem do número e das dimensões dos partidos e, consequentemente, afetam as estratégias do governo e da oposição. (COX 1990; G. B. POWELL 1982, p. 90 apud MAINWARING, 2001, p.170).

Logo tantas possibilidades de escolha entre os partidos políticos influenciam positiva e negativamente na disputa eleitoral e mais do que isso, permite a criação exacerbada de coligações entre os partidos e então a possível transferência indireta do voto a um outro candidato de outro partido e assim as coligações:

[...] não só são possíveis como adquirem uma conotação particular, permitindo que se vote num candidato de determinado partido e seja eleito um candidato de outro partido. Isso ocorre porque, uma vez que os partidos decidem fazer a coligação proporcional para eleição de deputado, vereador e assim por diante, o Tribunal Eleitoral considera essa coligação como um partido. Somam-se todos os votos de todos os partidos pertencentes a essa coligação para determinar quantas vagas aquela coligação vai ter, e daí saem os eleitos entre os mais votados da coligação, que são ordenados independentemente dos partidos de origem. (FILHO, 2015, p.33).

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Dito sobre a possibilidade da coligação e seu resultado, voltando à lista aberta que permite uma ampla possibilidade de escolha de candidatos para o eleitor dentro de um partido político, como mencionado. Isso quer dizer que “os partidos podem apresentar uma lista de candidatos de até uma vez e meia o número de cadeiras da circunscrição eleitoral” NICOLAU (2006, p. 693), ou seja, se existem 55 vagas para vereador no município de São Paulo, em média cada partido pode apresentar até 82 candidatos25 ao cargo. Nas eleições de 2012 para vereador no município foram

inscritos 30 candidatos que se intitulavam evangélicos, dentre todos os partidos participantes.

A tabela 1 apresenta todos os candidatos que se intitulavam evangélicos, bem como tiveram seus nomes veiculados na mídia26 como tais, que concorreram ao

cargo vereadores:

Tabela 1: Candidatos evangélicos a vereador do município de São Paulo em 2012

NOME PARA URNA SIGLA DO PARTIDO NÚMERO DE VOTOS

PASTOR EDEMILSON CHAVES PP 45858

JEAN MADEIRA PRB 35036

CORONEL TELHADA PSDB 89053

ELISEU GABRIEL PSB 53634

SANDRA TADEU DEM 45770

SOUZA SANTOS PSD 39658 NOEMI NONATO PSB 35601 PATRICIA BEZERRA PSDB 34511 MARTA COSTA PSD 32914 ATILIO FRANCISCO PRB 32513 DAVID SOARES PSD 32081 EDUARDO TUMA PSDB 28756 PR. CARLOS PPS 255 PR. CARDOSO PTB 1239

25 Conforme a Lei 15.165/15 Art. 10 Cada partido ou coligação poderá registrar candidatos para a

Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais no total de até 150% (cento e cinquenta por cento) do número de lugares a preencher, salvo:

I - nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a Câmara dos Deputados não exceder a doze, nas quais cada partido ou coligação poderá registrar candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital no total de até 200% (duzentos por cento) das respectivas vagas;

II - nos Municípios de até cem mil eleitores, nos quais cada coligação poderá registrar candidatos no total de até 200% (duzentos por cento) do número de lugares a preencher. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13165.htm#art2>. Acesso em 27 mai. 2016.

26 Entende-se por mídia, os meios de comunicação de massa, como: Televisão, rádio, jornal, revista e

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