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Doenças ocupacionais: um estudo com trabalhadores bancários do município de Crissiumal - RS

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - UNIJUI

ALANA PATRÍCIA DUARTE DAHMER

SINTOMAS DE DOENÇAS OCUPACIONAIS:

Um estudo com trabalhadores bancários do município de

Crissiumal - RS

Três Passos, 2014

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ALANA PATRÍCIA DUARTE DAHMER

DOENÇAS OCUPACIONAIS: Um estudo com trabalhadores

bancários do município de Crissiumal – RS

Trabalho de Conclusão de Curso

Trabalho de Conclusão de Curso de Administração da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial à Conclusão de Curso e consequente obtenção de título de Bacharel em Administração.

Orientadora Profª Ms.: Maira Fátima Pizolotto

Três Passos, 2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a vocês, que sempre me fizeram acreditar e persistir na realização dos meus sonhos e trabalharam muito para que eu pudesse realizá-los, minha mãe, Lenir e, ao meu pai, Olmiro. A você Luis, companheiro no amor, na vida e nos sonhos, que sempre me de força para continuar, me apoiou nas horas difíceis e compartilhou comigo as alegrias. Aos meus irmãos, Alice e Luiz, que se preocupam comigo, torcem pelos meus sonhos e acreditam no meu potencial. Dedico para vocês esta conquista, que é muito importante em minha vida. Obrigada por tudo, por serem a minha Família e estarem sempre ao meu lado!

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AGRADECIMENTOS

À Aquele, que me permitiu tudo isso, ao longo de toda a minha vida, à você Deus, obrigada!

À minha família, que nos momentos de minha ausência dedicados a este curso, sempre entenderam que o futuro, é feito a partir da constante dedicação no presente.

À minha mãe Lenir, minha irmã Alice e minha afilhada Anabel que dedicaram parte do seu precioso tempo em se dedicar a mim.

Ao meu namorado Luis, pelo amor, companheirismo, e enorme compreensão.

Aos professores, na tarefa de multiplicar meus conhecimentos.

À professora Mestre Maira F. Pizolotto, minha orientadora, pelo incentivo e orientação que me foram concedidos durante essa jornada.

...e finalmente, aos colegas pela espontaneidade e alegria na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade.

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RESUMO EXPANDIDO Introdução

O presente trabalho consiste no Trabalho de Conclusão de Curso em que foram estudados os trabalhadores bancários de três instituições financeiras, um banco estatal estadual, uma estatal federal e uma cooperativa de crédito, do município de Crissiumal/RS, com o intuito de conhecer a saúde no trabalho e na vida pessoal destes profissionais, sob a ótica das doenças ocupacionais.

Dias e Almeida (2001) afirmam que nem sempre há uma relação equilibrada entre as demandas e as possibilidades do trabalhador em efetuá-las, seja pelas condições desfavoráveis oferecidas no trabalho, sejam pelas características incompatíveis do trabalhador de realizar tais demandas. Em consequência a isso, os casos de doenças ocupacionais e seus procedentes afastamentos estão aumentando gradativamente.

Uma das áreas profissionais mais afetadas por doenças ocupacionais é a área de serviços financeiros, e por isso a importância deste estudo em ser realizado, comparando entre três organizações com diferentes direções administrativas.

Oliveira et. al.(1998, apud Silva e Másculo) cita que as transformações no processo de trabalho bancário, provindas da informatização e automação de grande parte das tarefas, promoveram consequências para os trabalhadores, elevando os riscos de doenças ocupacionais, tais como a LER – Lesões por Esforço Repetitivo e o estresse.

As metas ousadas resultantes do desejo de elevar a lucratividade, fazem do profissional atuante despender um esforço mental e psicológico maior, necessitando procurar estratégias de enfrentamento, e obter auxílio de um profissional da saúde para superar problemas e doenças ocupacionais.

O presente estudo tem como objetivo identificar se os trabalhadores de três instituições bancárias de Crissiumal/RS apresentam sintomas que possam vir a acometê-los com doenças ocupacionais e descrever as estratégias de enfrentamento utilizadas por estes profissionais.

Metodologia

A classificação da pesquisa é de natureza aplicada, pois refere-se a debater problemas, apresentando um referencial teórico de determinada área de saber, e indicando soluções alternativas. (ZAMBERLAN et al. 2014) Caracteriza-se por abordagem quanti-qualitativa, quanto aos objetivos é exploratória e descritiva, quanto aos procedimentos técnicos, é bibliográfica, documental, de levantamento, porque o investigador interroga diretamente as pessoas sobre determinado assunto como é apresentado por Zamberlan et al. (2014) e através do questionário aplicado aos profissionais estudados. Ainda, é de campo e estudo multicasos, porque, segundo Bogdan e Biklen (1994 apud Araldi 2003) esse método se configura pelo estudo de dois ou mais casos, possibilitando aprofundar e observar detalhadamente um contexto ou indivíduo, de um acontecimento específico.

O questionário foi aplicado nas três agências do município de Crissiumal/RS, sendo que a instituição estatal estadual tem 10 colaboradores, mas apenas 9 responderam, a instituição estatal federal possui 7 trabalhadores tendo 100% de retorno e a cooperativa de crédito que possui duas unidades de atendimento, totaliza 26 colaboradores, obtendo resposta de 25 apenas. Na análise dos dados coletados foi utilizado o software Excel para tabulação e análise dos mesmos.

Resultados

Dos respondentes, a cooperativa de crédito é formada principalmente por pessoas da geração Y, entre 24 e 34 anos, já em comparação às instituições públicas a predominância é da geração X, com pessoas entre 35 e 54 anos. Outro fator importante de citar é a

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continuidade aos estudos, onde apenas a cooperativa de crédito afirma continuar em atualização, sendo que as instituições estadual e federal têm em sua maioria parado os estudos.

O que pode ser constatado na pesquisa é a grande comodidade e monotonia vivida pelos trabalhadores da instituição estatal estadual, onde a sua maioria está a mais de 12 anos na empresa, e parte desses está pelo mesmo período de tempo no mesmo cargo e na mesma cidade. A cooperativa de crédito também apresenta uma certa monotonia, porém com menor período de tempo, pois a sua maioria está com até sete anos de organização, nos mesmos cargos e na presente cidade.

Em contraponto, a instituição estatal apresentou um rodízio entre cidades e planos de carreira interna, pois a maioria de seus trabalhadores está a mais de oito anos na organização, porém estão de um a três anos no atual cargo, e nesta cidade.

Em relação às demandas pessoais e sua possível influência nas atividades profissionais, a maioria dos colaboradores das três instituições denotam sofrer com média frequência interferência. Conforme aponta Lipp (1984, apud LIPP e TANGANELLI, 2002) o estresse pode ter sua fonte inicial nos fatores externos, que são as exigências do dia a dia, impostas ao trabalhador, traduzidos em problemas familiares, sociais, de trabalho, doenças de um filho, perda de uma posição na organização, perda de uma promoção de cargo ou salarial, dificuldades econômicas, notícias ameaçadoras, medo de assaltos. Estes trabalhadores estão propícios a desenvolver quadros de estresse e levar a um estresse crônico, que vem a ser a síndrome de burnout.

Acerca dos sintomas psicológicos de doenças ocupacionais, o nervosismo se destaca elevando a média, apresentando um índice de 3,1 para os bancos estadual e federal. A insatisfação é sobressaliente no banco estadual, exibindo um índice de 3,6. Já a ansiedade é notada em maior frequência no banco federal, com índice de 3,4. Estes sintomas englobam o estresse, e refletem no esgotamento do trabalhador, podendo desencadear a ocorrência de outros sintomas e doenças ocupacionais.

O desgaste afeta o próprio indivíduo, os seus familiares e a organização em que trabalha, pois quanto mais ele ficar estressado, menos apoio e compreensão recebem em sua vida pessoal, e torna-se menos produtivo no trabalho. (CUSTÓDIO, 2007)

Quanto aos sintomas físicos de doenças ocupacionais, pode ser citado com evidência o fator de tensão/dor muscular apontado com índice de 3,5 pelo banco estadual, sendo também o índice mais alto citado dentre todos os fatores. O banco estatal estadual passa a ser a instituição bancária que mais apresenta sintomas, os quais sejam, dores nas costas, com índice de 3,4, dores no pescoço/nuca, com índice de 3,3, dores de cabeça, com índice 3,3, dores nos braços, com um índice de 3,1 e dores nas mãos/dedos, com índice 3.

Lembrando que o quadro funcional da instituição bancária estatal estadual é formado principalmente por pessoas de 35 a 54 anos, com perfil de alta monotonia, evitando mudanças, e com a maior parte do trabalho de forma manual, por não possuir tantos recursos tecnológicos, tendem a apresentar maior possibilidade de desenvolverem dores e tensões musculares, que podem levar a um quadro clínico de LER/DORT.

Geralmente, os sintomas de LER/DORT aparecem de maneira silenciosa, e são agravados após períodos de maior quantidade de trabalho ou jornadas prolongadas e, mesmo sentindo dor e desconforto, o trabalhador tenta continuar suas atividades, diminuindo assim a capacidade física tanto laboral, quanto nas atividades cotidianas. (MENDES, 2010)

É saliente que a instituição estatal é a organização que utiliza uma gama maior e mais frequente de estratégias de enfrentamento aos sintomas de doenças ocupacionais, a frequência apontada em ouvir músicas, é um índice de 4,4, a prática de hobbies e passatempos, um índice de 4, conversar com amigos, familiares e colegas, um índice de 4, prática de caminhadas/corridas ou outras atividades físicas, um índice de 3,7 e a verificação de pressão

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arterial, um índice 4. A cooperativa de crédito exibe uma preferência maior em conversar com amigos, familiares e colegas, com índice de 4,1. Esta estratégia também é bastante utilizada pelo banco estadual, apresentando índice de 3,7.

Dando ênfase à importância de tomar conhecimento de formas de prevenir e realizar ações de enfrentamento aos sintomas de doenças ocupacionais, Luersen (2009) defende a prática de implantar políticas de prevenção nas agências bancárias, evitando doenças ocupacionais que possam incidir sobre a saúde física e mental dos trabalhadores, adotando ações de fiscalização e correção, induzindo todos a prevenirem-se de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, reorganizando a instituição de modo geral, podendo assim diminuir as afecções e suas consequências que prejudicam não só o colaborador, mas também a organização, pois terá, em seu efetivo, indivíduos de pouco rendimento ou afastados das suas atividades.

Conclusão

Neste estudo foi possível identificar os sintomas de doenças ocupacionais sofridos pelos trabalhadores bancários de instituições estatal estadual, estatal federal e de uma cooperativa de crédito do município de Crissiumal-RS, bem como as estratégias de enfrentamento adotados pelos mesmos.

Toda essa mudança associada à competição entre as organizações, à pressão em cumprir com os objetivos delineados e exigidos pelas direções de cada instituição, colaboradores acumulando cargos e funções, sendo cobrados por desenvolverem suas atividades com eficiência e rapidez, sofrendo pressões dos clientes, acaba fazendo com que doenças ocupacionais se manifestem e contribui para desenvolver uma série de outras enfermidades.

A instituição bancária que mais apresentou sintomas físicos e psicológicos foi a instituição estadual, contudo, apresentou apenas média frequência, ou seja, um índice 3, comparando-a com as outras duas instituições que apresentaram rara ocorrência. É sobressaliente que a organização que mais sofre com sintomas de doenças ocupacionais também é a que menos utiliza estratégias de enfrentamento a esses sintomas, demonstrando um índice 2, correspondendo a rara frequência.

Esta pesquisa auxiliará os colaboradores a utilizar as estratégias adequadas de enfrentamento para os sintomas sentidos por eles, bem como irá promover o interesse destas instituições em adotar medidas coletivas de prevenção às doenças ocupacionais, pois terá colaboradores saudáveis e ativos, realizando suas atividades com eficiência, trazendo lucro para a organização e proporcionando maior realização profissional ao trabalhador, expandido estas realizações a sua vida pessoal.

Palavras-chave: doenças ocupacionais, estratégias de enfrentamento. Referências Bibliográficas

ARALDI, Juciane. Aprendizagem musical de DJs: um estudo multicasos. In. ANAIS –

ABEM, 2003. [Porto Alegre, RS]:[UFRGS], 2003. Disponível em: <

http://www.ufrgs.br/cotidiano/fl_adm/uploads/fck/youblisher_com-896798-Aprendizagem_musical_de_DJs_um_estudo_multicasos.pdf>. Acesso em 26 nov. 2014. CUSTÓDIO, Alessandra Neves. Desgaste Físico e Emocional. Disponível em: <

http://www.rh.com.br/Portal/Qualidade_de_Vida/Artigo/4745/desgaste-fisico-e-emocional.html> Acesso em: 22/08/2014.

DIAS, Elizabeth Costa (Org); ALMEIDA, Ildeberto Muniz; et al. Doenças relacionadas ao Trabalho: Manual de procedimentos para os Serviços de Saúde. Serie A. Normas e manuais técnicos; n 114. Brasília – DF, 2001.

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LIPP, Marilda Emmanuel Novaes; TANGANELLI, Maria do Sacramento. Stress e qualidade de vida em magistrados da Justiça do Trabalho: diferenças entre homens e mulheres. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 15, n. 3, 2002.

LUERSEN, Cristiane Ingrid. Doença Ocupacional no Banco do Brasil: Um olhar sobre a especificidade de uma agência. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso ( Especialização em Gestão de Negócios Financeiros). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS, 2009. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/26279?locale=pt_BR> Acesso em 25/08/2014.

MENDES, Maria Aparecida de Borba. LER/DORT e o Trabalho Bancário. 2010. Monografia (Bacharelado em Direito). Faculdade de Direito de Curitiba. Curitiba, PR, 2010. SILVA, Glaucia Wasconcelos; MÁSCULO, Francisco Soares. LER – Epidemia silenciosa

que causa reflexos na saúde dos bancários. Disponível em

<http://www.simucad.dep.ufscar.br/projetos/gt_abergo/artigos.html> Acesso em 25/08/2014. ZAMBERLAN, Luciano (Org.); et al. Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2014.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Tempo de trabalho na instituição financeira ... 40

Gráfico 2: Função exercida no momento ... 41

Gráfico 3: Tempo de trabalho na presente função ... 42

Gráfico 4: Tempo de trabalho na unidade de Crissiumal ... 42

Gráfico 5: Carga horária trabalhada diariamente ... 43

Gráfico 6: Realização de horas extras ... 44

Gráfico 7: Interferência das demandas da vida pessoal nas atividades de trabalho ... 45

Gráfico 8: Média dos sintomas psicológicos de doenças ocupacionais por instituição financeira ... 46

Gráfico 9: Média dos sintomas físicos de doenças ocupacionais por instituição financeira .. 49

Gráfico 10: Média de estratégias de enfrentamento utilizadas pelas instituições financeiras..52

Gráfico 11: Como percebe a sua saúde ... 56

Gráfico 12: Saúde atual comparada há de um ano atrás ... 56

Quadro 1: LER/DORT por Região, comparado ao País...19

Quadro 2: Frases do estresse...21

Quadro 3: Perfil biográfico dos trabalhadores estudados...39

Quadro 4: Sintomas psicológicos apresentados por cada Insatisfação Financeira...47

Quadro 5: Sintomas físicos apresentados pelas três Instituições Financeiras...50

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 11 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 12 1.1 Apresentação do tema ... 12 1.2 Questão do estudo ... 13 1.2.1 Objetivo Geral ... 14 1.2.2 Objetivos Específicos ... 14 1.3 Justificativa ... 14 2. REFERENCIAL TEÓRICO... 16

2.1 Bancos: Estatal Federal, Estatal Estadual, e Cooperativa de Crédito ... 16

2.2 Doenças Ocupacionais ... 18

2.3 Estratégias de Enfrentamento ... 25

2.4 Reflexos no trabalho e na vida pessoal ... 28

3. METODOLOGIA ... 31

3.1 Classificação da Pesquisa ... 31

3.2 Sujeitos da Pesquisa e Universo Amostral ... 33

3.3 Coleta de Dados... 33

3.4 Análise e Interpretação de Dados ... 34

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 35

4.1 Caracterização do Setor Bancário de Crissiumal - RS ... 35

4.2 Caracterização das Instituições Financeiras Estudadas ... 35

4.2.1 Instituição Financeira Cooperativa de Crissiumal... 35

4.2.2 Instituição Financeira Estatal Estadual... 36

4.2.3 Instituição Financeira Estatal Federal ... 37

4.3 Perfil Biográfico dos Trabalhadores Bancários... 37

4.4 Perfil Profissional dos Trabalhadores Bancários ... 40

4.5 Sintomas de Doenças Ocupacionais ... 44

4.6 Estratégias de Enfrentamento aos Sintomas de Doenças Ocupacionais ... 52

CONCLUSÃO... 59

5. REFERÊNCIAS ... 62

GLOSSÁRIO...68

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho consiste no projeto de Trabalho de Conclusão de Curso, e tem o intuito de conhecer a saúde no trabalho e na vida pessoal de profissionais bancários, sob a ótica das doenças ocupacionais.

Serão estudados os trabalhadores de três instituições financeiras de Crissiumal – RS, sendo um banco estatal federal, um banco estatal estadual e uma cooperativa de crédito, identificando o perfil desse colaborador e verificando a sua saúde e sua vida pessoal quando afligidas pelas doenças ocupacionais.

Inicialmente é especificado o que é banco estatal federal, estatal estadual e cooperativa de crédito, abordando serviços bancários, é explanado sobre doenças ocupacionais, bem como estratégias de enfrentamento e reflexos no trabalho e na vida pessoal.

O trabalho compõe-se pelas seguintes seções: primeiramente a contextualização do estudo, apresentando o tema, a questão do estudo, objetivos geral e específicos, e a justificativa. Na segunda seção é apresentado o referencial teórico, que embasa o estudo com os temas apresentados acima. A terceira seção é sobre a metodologia da pesquisa, demonstrando as classificações da pesquisa, os sujeitos da pesquisa e universo amostral, a coleta de dados, a análise e interpretação dos dados. O quarto capítulo é a apresentação e análise dos resultados obtidos através da pesquisa. O quinto capítulo compreende a conclusão do estudo. E finalizando, são apresentadas as referências bibliográficas que fundamentaram a pesquisa, seguida do apêndice que trata-se do questionário aplicado.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

A contextualização do estudo é formada pelos subcapítulos de caracterização do setor bancário, apresentação do tema, questão do estudo, objetivos geral e específicos, e justificativa.

1.1 Apresentação do tema

O tema deste estudo consiste nas doenças ocupacionais dos trabalhadores bancários.

Em meados da década de 90, na tentativa de conter a chamada crise estrutural do capital, que consistia no acúmulo de grandes níveis de mercadorias e estoques, além da queda na produtividade e nos lucros das empresas, o setor bancário é afetado pela reestruturação dos modelos de gestão e pela implementação de novas tecnologias, alterando a organização do trabalho. Segnini (1999), em uma revista divulgada eletronicamente, retrata a reestruturação bancária resultando no intenso desemprego, terceirização e precarização do trabalho e na intensificação do ritmo de desenvolvimento das atividades. Ainda, segundo a autora, o desemprego foi devido à eliminação e unificação de postos de trabalho, à redução de níveis hierárquicos e à implantação de novas tecnologias.

As novas tecnologias, ao passo que automatizaram as agências bancárias, ocasionaram, de acordo com Lombardi (1997), a intensificação do ritmo de trabalho e a elevação das metas de produção, a que, somado ao medo de perder o emprego, foi intensificada a jornada laboral, com excessos de horas extras e salários relativamente baixos.

Em estudo apresentado pelo Dieese no site da Agência Brasil, em 1990 havia 732 mil bancários no país, caindo 46,3% até 1999, quando chegou a 393 mil vagas, permanecendo até 2001. De 2002 a 2011, o total de empregos em bancos apresentou um crescimento contínuo, totalizando, no primeiro trimestre de 2012, 508 mil vagas de postos de trabalho, um crescimento de 29,3% ao longo de pouco mais de uma década.

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O conjunto de modificações da década de 90 juntamente com seus reflexos, com o passar dos anos, aumentaram as exigências sobre o trabalhador, e isso fez o bancário adaptar o seu perfil profissional e adotar uma postura negocial, ou seja, ser um bom vendedor.

Os bancos estão demandando por profissionais cada vez mais qualificados, pois a estratégia de vendas desenvolvida é o “cultivo de clientes”, segundo Larangeira (1997). A estratégia implica em alto investimento em capital humano, uma vez que, para firmar a relação entre banco e cliente, deve dispor de atendimento de qualidade e promover a estreita relação cliente-funcionário, visando manter a fidelidade do cliente.

A pressão em cumprir metas de venda de produtos como seguros e cartões de crédito, é uma das maiores reclamações dos bancários. Porém, com o avanço da tecnologia, a previsão é de que permaneçam nas agências apenas funcionários qualificados e com perfil negociador, e uma das maneiras de mostrar essas habilidades é atingindo e superando metas, para o que o bom relacionamento entre funcionário e cliente pode contribuir efetivamente.

A constante cobrança em alcançar metas coloca o funcionário em elevado nível de

stress, que normalmente é acompanhado por diversos outros sintomas, como insônia,

irritação, transtornos alimentares, enfim, levando a um caso de depressão e à utilização de medicamentos psicotrópicos para melhorar seu estado psicológico.

A sobrecarga de trabalho que preconiza o estresse, a ansiedade, a insônia, e o temor de perder o emprego é uma das causas que desencadeia a depressão, como relatado e vivido por muitos profissionais do setor financeiro, podendo desenvolver doenças ocupacionais prejudiciais ao trabalhador e à organização indiretamente.

1.2 Questão do estudo

As metas ousadas resultantes do desejo de elevar a lucratividade fazem o profissional atuante despender um esforço mental e psicológico maior, necessitando algumas vezes ministrar medicamentos e obter auxílio de um profissional da saúde para superar problemas e doenças ocupacionais.

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A questão do estudo evidencia-se pela necessidade de verificar a qualidade de vida pessoal e profissional do trabalhador bancário frente aos problemas enfrentados no dia a dia, permitindo assim a seguinte proposição de estudo: Os trabalhadores bancários do município de Crissiumal – RS apresentam sintomas de doenças ocupacionais?

1.2.1 Objetivo Geral

Identificar se os trabalhadores de três instituições bancárias de Crissiumal – RS apresentam sintomas que possam vir a acometê-los com doenças ocupacionais e descrever as estratégias de enfrentamento utilizadas por estes profissionais.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Conhecer o perfil biográfico e profissional dos trabalhadores bancários;

b) Identificar a existência ou não de sintomas de doenças ocupacionais nestes trabalhadores;

c) Descrever as estratégias de enfrentamento a possíveis sintomas apresentados pelos trabalhadores;

d) Comparar e analisar as repostas entre as três instituições financeiras.

1.3 Justificativa

A pesquisa é de extrema importância para a acadêmica, formanda em Administração pela Unijuí, pois engloba e instiga o conhecimento sobre uma importante área da administração, a gestão de pessoas, área essa de grande interesse e identificação pela acadêmica. O estudo, claro, utiliza-se de toda a carga de aprendizado obtido pela autora durante o curso, sendo ímpar a sua realização em permitir a busca pelo tema proposto e formalizar a conclusão do curso.

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A importância do estudo deve-se ao fato de que, na presente cidade, muitas pessoas trabalham em instituições financeiras, e há bastantes outras pessoas próximas, ligadas aos profissionais em questão. O estresse e a depressão afetam profissionais da área, porém estas doenças provocam sintomas e situações que refletem em pessoas envolvidas com tais funcionários, sejam companheiros, familiares, ou os próprios clientes, estendendo os sintomas e desequilíbrios emocionais por várias outras áreas profissionais, desencadeando um círculo vicioso, uma vez que todas as áreas se interligam e relacionam.

A realização de um levantamento da existência ou não de doenças ocupacionais em profissionais bancários é de notável relevância por poder planejar e implantar estratégias para modificar o ambiente e proporcionar a realização das atividades de forma saudável, beneficiando os trabalhadores, que vão ter qualidade de vida no trabalho, e também as empresas, que vão ter seus colaboradores ativos, satisfeitos e motivados para exercerem suas funções.

A sociedade tem, em seu meio, inúmeros trabalhadores que têm seus empregos no ramo bancário. As doenças ocupacionais afetam várias classes trabalhistas e os bancários estão incluídos. Estas doenças têm sintomas psicológicos e físicos, dificultando a vida do indivíduo e de sua família, além de influenciar outras pessoas, como clientes, colegas, vizinhos... Enfim, deve-se lembrar também que toda a sociedade necessita dos produtos e serviços ofertados pelas instituições financeiras. A comunidade demanda de serviços satisfatórios, que lhe agradem e, sobretudo, com bom atendimento, e para isso é necessário haver nestas instituições trabalhadores saudáveis, entusiasmados em atender e realizar suas atividades, justificando assim esta pesquisa.

Para embasar e fundamentar o estudo é inicialmente definido o que são bancos e instituições financeiras, abordando os serviços bancários, para então estudar e assimilar sobre doenças ocupacionais, estratégias de enfrentamento e reflexos no trabalho e na vida pessoal.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

A revisão da literatura e a busca por teorias abrangentes sobre o assunto em questão tem a finalidade de conceituar e fundamentar o estudo e seus diagnósticos, permitindo uma análise conceitual e, mais tarde, possibilitar sugestões concretas. O mesmo está estruturado pelas seguintes partes: banco estatal federal, estatal estadual, e cooperativa de crédito, doenças ocupacionais, estratégias de enfrentamento e reflexos no trabalho e na vida pessoal.

2.1 Bancos: Estatal Federal, Estatal Estadual, e Cooperativa de Crédito

Um banco é uma instituição financeira pertencente ao Sistema Financeiro Brasileiro e regulado pelo Banco Central do Brasil. De acordo com a Lei n° 7.492 de 16 de junho de 1986, considera-se instituição financeira a pessoa jurídica de direito público ou privado que tenha como atividade principal ou acessória, cumulativamente ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação, intermediação ou administração de valores mobiliários. Estas instituições podem também administrar seguros, consórcios, capitalização e realizar operações de câmbio.

Os bancos têm por objetivo captar recursos monetários das pessoas, aplicando em contas correntes e poupanças, pagando rendimentos ao poupador. Parte do valor captado é cedido a outras pessoas, na forma de financiamentos para aquisição de bens móveis e imóveis, cobrando juros e comissões. A diferença entre o valor pago ao poupador e o valor recebido como juro é o spread bancário, ou seja, a sua forma de obter lucros. Esta é uma característica comum aos bancos, públicos e privados, além das cooperativas que atuam na carteira comercial.

Bancos públicos estaduais e bancos estatais são instituições financeiras intrínsecas ao governo tanto federal como estadual. Segundo Lopreato (1995), essas instituições foram criadas como parte integrante do setor público, assim, desempenhando atividades funcionais, promovendo ações e fomentando programas governamentais, seguindo a política em curso.

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Uma cooperativa de crédito também tem o intuito de promover ações benéficas às pessoas, porém, estimulando a solidariedade, igualdade e prosperidade entre os seus associados, que, ajudando-se mutuamente, desenvolvem a instituição e beneficiam-se dela, (Schimmelfenig, 2010).

Os princípios que norteiam uma cooperativa compõem-se de sete itens, que são: I-adesão voluntária e livre; II-participação econômica dos membros; III-gestão democrática pelos membros; IV-autonomia e independência; V-educação, formação e informação; VI-intercooperação; VII-interesse pela comunidade.

Ademar Schardong, em um artigo publicado pelo site www.cooperativismo.org.br, fala sobre o ano de 2012, que foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU), como o Ano Internacional das Cooperativas. Segundo Schardong, é a celebração de uma forma diferente de fazer negócios, na qual os associados desfrutam dos resultados gerados de forma coletiva. Neste contexto, o cooperativismo de crédito promove, cada vez mais, o desenvolvimento de comunidades no mundo inteiro, através do fortalecimento da economia local, da democratização do crédito e da desconcentração de renda. Contribui também para a construção de um mundo melhor.

As atividades financeiras são divididas em carteiras, como carteira comercial, carteira de investimento e/ou desenvolvimento, de crédito imobiliário, de arrendamento mercantil e de crédito, financiamento e investimento.

Os bancos múltiplos são instituições que atuam com mais de uma carteira, dentre elas a comercial, que permite a captação de depósitos à vista. As cooperativas de crédito também podem atuar com a carteira comercial e outras, desenvolvendo atividades muito semelhantes às de um banco.

Salienta-se a diferença de bancos e cooperativas, desde gerenciamento, enfoque estratégico, até a parte operacional. O banco trabalha com o objetivo de obter lucro, consequentemente busca atender uma fatia maior da população, buscando de fato maximizar seu resultado e oferecer aos acionistas lucros crescentes.

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Já uma cooperativa de crédito obviamente também busca o lucro, porém, este é rateado entre seus associados, passando a ser chamado de sobras. As cooperativas atendem o seu associado, em âmbitos regionais, dispondo de um atendimento mais próximo a ale.

Schardong (2003) coloca que as cooperativas necessitam ser cada vez mais ágeis e competitivas para contemplar as individualidades e garantir renda. Salienta-se que os aspectos gerenciais tornam-se, então, um fator determinante para possibilitar a concorrência com grandes bancos. A administração precisa ser eficiente para manter a cooperativa rentável numa economia aberta, integrada e altamente concorrencial.

Nos bancos, as decisões estratégicas e econômicas são tomadas pela cúpula do Conselho Administrativo, em contraponto, nas cooperativas de crédito as decisões estratégicas são tomadas em conjunto, através de assembleias e comissões formadas pelos seus associados.

As operações de crédito realizadas nas cooperativas são personalizadas quanto às condições e prazos, oferecendo soluções adequadas aos associados, que têm acesso às modalidades e taxas iguais para todos. Já nos bancos, as operações de crédito são padronizadas e massificadas, ou seja, de forma que atendam ao público em geral, e as taxas podem variar de acordo com o nível de relacionamento do cliente com a empresa.

São visíveis as diferenças entre ambas as instituições. Encontramos os mesmos produtos, porém cada uma com suas metas de acordo com o foco estratégico definido, e os colaboradores desenvolvendo, sob pressão, as atividades delineadas por suas direções.

2.2 Doenças Ocupacionais

Doenças ocupacionais são resultantes da exposição do trabalhador aos riscos associados à atividade que exerce. Costa (2009) define-as como moléstias que lenta e progressivamente afetam os indivíduos, originadas de fatores gradativos e duráveis, ligadas às condições de trabalho.

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Dias e Almeida (2001) afirmam que nem sempre há uma relação equilibrada entre as demandas e as possibilidades do trabalhador em efetuá-las, seja pelas condições desfavoráveis oferecidas no trabalho, seja pelas características incompatíveis do trabalhador em realizar tais demandas. Em consequência a isso, os casos de doenças ocupacionais e seus procedentes afastamentos estão aumentando gradativamente.

Os tipos mais comuns de doenças relativas ao trabalho são as lesões por esforço repetitivo (LER) e os distúrbios osteomuscular relacionados ao trabalho (DORT), que apresentam cerca de 30 patologias, entre elas a tendinite (inflamação do tendão) e a tenossivite (inflamação da membrana que envolve os tendões), podendo alterar a estrutura osteomuscular, como tendões, articulações, músculos e nervos. Estes problemas são causados por diversos tipos de pressões existentes no trabalho e afetam pessoas tanto física como psicologicamente.

O trabalhador que exerce funções que exijam esforço físico associado à repetitividade de movimentos, após certo tempo, apresenta um rendimento prejudicado pela fadiga muscular e mental, a primeira relativa aos movimentos e postura inadequada (que prejudica o funcionamento do sistema nervoso), e a segunda à necessidade de concentração da atividade. Assim, não apenas a produtividade é afetada, pois, simultaneamente, estão ocorrendo microlesões em tendões, nervos, e, com a continuidade das tarefas, vão se agravando até apresentar um quadro de LER/DORT.

De acordo com dados obtidos no Ministério da Previdência Social, foi possível agrupar informações e formar o quadro a seguir.

Quadro 1 - LER/DORT por Região, comparado ao País. LER/DORT por Região/País

2010 % 2011 % 2012 %

Brasil 16.533 100 15.088 100 13.188 100 Região Sul 3.214 19,44 2.682 17,78 2.250 17,06 Fonte: Ministério da Previdência Social, elaborada pela autora.

Analisando o quadro, é possível constatar uma leve queda nos números nos três anos avaliados, porém, observando o percentual de números de casos de LER/DORT na Região Sul em relação ao Brasil, no ano de 2012 são registrados, só na presente região, 17% dos casos.

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O mercado instiga e valoriza o imediatismo financeiro, e, sobretudo, o retorno rápido, não importando o preço. O custo aplicado na saúde não é atrativo para a organização, uma vez que ela pode rapidamente substituir colaboradores, principalmente em tempo de desemprego (Veloso e Pimenta, 2005).

Nas últimas duas décadas, o setor bancário vivenciou uma transformação rápida da tecnologia, implicando inúmeras modificações no processo produtivo. Toda essa mudança expôs os trabalhadores às doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Em conformidade a isso, Oliveira et. al.(1998, apud Silva e Másculo) cita que as transformações no processo de trabalho bancário, provindas da informatização e automação de grande parte das tarefas, promoveram consequências para os trabalhadores, elevando os riscos de doenças ocupacionais, tais como a LER – Lesões por Esforço Repetitivo e o estresse.

O enxugamento no número de profissionais bancários e a elevação do lucro coloca o colaborador numa pressão muito alta, tanto de serviço como psicologicamente, propiciando-o a desenvolver doenças ocupacionais.

Corroborando com a reflexão, Alexandre (2002) atribui à intensificação da carga de trabalho, traduzida na redução do número de funcionários nas agências bancárias, aumento de horas extras, além da elevada pressão para o cumprimento de metas, como causas para os problemas osteomusculares, desenvolvidos por estes colaboradores.

Outra doença ocupacional que afeta muitos trabalhadores é o estresse ocupacional, que deve ser eliminado da estrutura organizacional como fator determinante para elevar a produtividade. Ele pode provocar o absenteísmo de funcionários, turnover, prejuízos com custos de saúde e a queda na produtividade propriamente dita.

Um conceito simples e claro para o estresse é o citado por Selye (1965): “Conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma situação que exige esforço de adaptação”. E é denotado tal esforço de adaptação nos ambientes de trabalho dentro das agências, onde a demanda de atendimento cresce, o número de funcionários diminui, e a pressão para atingirem as metas é elevada, transformando em situações hostis para o funcionário lidar.

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Outro conceito de estresse também apresentado por Selye (1956 apud Kafrouni, 2014) é que na esfera médica, o estresse é a velocidade de uso e desgaste do corpo. Ainda, estresse vem a ser a resposta do corpo a qualquer exigência ou mudança sofrida. Qualquer situação diferente ao vivenciado por uma pessoa pode representar um estresse para tal indivíduo, variando de intensidades, o que é visto como a resposta do corpo para enfrentar tal situação, procurando manter o equilíbrio fisiológico.

O problema é resultante da Síndrome Geral de Adaptação (SGA), onde toda mudança de padrão gera um estresse, que varia em níveis de intensidade. Conforme Selye (1959 apud Filgueiras; Hippert, 1999), a SGA é um conjunto de reações e apresenta três fases: a primeira é a fase do alarme, onde são manifestadas reações agudas; a segunda é a da resistência, quando aparentemente as reações cessam, ficando no conformismo; e a terceira é quando se chega à exaustão, quando as ações da primeira fase passam a se manifestam novamente, podendo levar a um colapso no corpo. Ainda segundo o autor, as três fases não necessariamente devem se manifestar para se ter o quadro da síndrome, lembrando que somente o estresse de alta intensidade é que pode levar à fase de exaustão e morte.

Em contraponto, Lipp (2001) aponta quatro fases do estresse, apresentando uma fase intermediária entre a resistência e a exaustão, a fase de quase-exaustão. A seguir é apresentado um quadro com as quatro fases do estresse de Lipp (2001), para um melhor entendimento das reações físicas e psicológicas do organismo ao estresse. É importante salientar que uma pessoa pode passar por todas as fases, diferenciando-se uma das outras pela rapidez e pela permanência de cada fase.

Quadro 2 - Fases do estresse

Fases Características Dificuldades

Alerta - Muita adrenalina;

- É o preparo para a luta, para o enfrentamento aos estressores; - Existe muita motivação, interesse e produtividade;

- O organismo não apresenta sono, fome e nem cansaço.

- Problemas em dormir; - Libido em alta;

- Musculatura tensa e retesada; - Humor labial.

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persistem e o organismo tenta resistir;

- Fase de cautela;

- O organismo demonstra sentir cansaço.

- A libido volta ao normal; - O corpo fica cansado; - Memória começa a falhar; - Demonstração de tédio.

Quase-Exaustão - Corpo e mente começam a ceder;

- O organismo já não aguenta mais.

- Pouco sono;

- Não existe vida sexual; - Baixa produtividade e criatividade;

- Doenças surgem; - A vida perde o brilho; - As pessoas perdem a graça.

Exaustão - O organismo adoece, podendo

aparecer doenças graves como úlceras, psoríase, vitiligo, enfartos, entre outras.

- Pouco sono ou em demasia; - O indivíduo acorda cansado; - Perda total da libido;

- Sem condições de produzir; - O corpo está muito cansado e desgastado;

- Aparecimento de várias doenças graves.

Fonte: Lipp (2001)

Para Codo, Soratto e Vasques-Menezes (2004 apud Rego, 2008), apenas a sobrecarga de tarefas não desenvolve o quadro de estresse, mas, ela estando associada à falta de autonomia no cargo, ou seja, delimitando o trabalhador a cumprir exatamente com o que é demandado pelos superiores, pode levar o empregado a sofrer de tal mal.

Segundo Cooper, Sloan & Willians (apud Veloso e Pimenta, 2005), os colaboradores com seus valores individuais, ao sofrerem influência de elementos estressores (fontes de pressão), escolhem formas individuais de regular sua situação como mecanismo de combate. A manifestação do estresse (estado de saúde ou satisfação com o trabalho) se dá caso seja escolhida uma estratégia falha de combate.

Veloso e Pimenta (2005) complementam ainda que as fontes de pressão que podem contribuir para o quadro de estresse no trabalho são:

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a) Solução dos problemas dos clientes; b) Problemas com sistemas de informática; c) Cumprir metas, obrigação de vender; d) Excesso de trabalho;

e) Inter-relacionamento na organização (vertical-horizontal); f) Falhas no processo de comunicação;

g) Excesso de produtos;

h) Segurança física, medo de assaltos;

i) Valor monetário e a responsabilidade sobre ele; j) Falta de recursos humanos;

k) Falta de treinamento;

l) Insegurança profissional, instabilidade e medo do desemprego.

Segundo Veloso e Pimenta (2005), as fontes de pressão podem ser divididas em cinco grupos que são: fatores intrínsecos ao trabalho, papel na organização, relacionamento interpessoal, carreira/realização e clima/estrutura organizacional.

Sobre estas fontes de pressão, Cooper (1983 apud Kafrouni, 2014) aponta ainda um sexto fator que vem a ser a interface lar/trabalho. O autor denota que os sintomas do estresse ocupacional são divididos em sintomas individuais, que são o aumento da pressão arterial, humor deprimido, aumento da ansiedade, irritabilidade, aumento do risco de doenças cardiovasculares; e em sintomas organizacionais, que agrupam o alto absenteísmo, alto “turnover”, baixa autoestima, insegurança e redução da capacidade laboral.

Já para Lipp (1984, apud Lipp e Tanganelli, 2002), o estresse se origina de fontes externas e internas. As fontes internas compreendem o jeito de ser da pessoa, o seu tipo de personalidade e a forma como reage às situações da vida. E a forma como o indivíduo interpreta o acontecimento é o que pode torná-lo estressante. As fontes estressoras externas configuram as demandas do dia a dia da pessoa, como os seus problemas familiares, seus compromissos sociais e doenças na família. Até mesmo no âmbito organizacional, se o profissional perde uma posição na empresa, perde uma promoção de cargo ou salarial, passa por dificuldades econômicas, toma conhecimento de notícias ameaçadoras, sofre medo de assalto, enfim, pode desencadear o início do estresse.

(24)

Segundo Varella (2014), o estresse pode aumentar a pressão arterial, levando à hipertensão. Esta, ao longo do tempo, enrijece a musculatura das artérias do organismo e surge a arteriosclerose, que eleva as chances de desenvolver doenças cardiovasculares. A hipertensão mal tratada pode lesar os rins e desencadear insuficiência renal, afetar a retina, promover a cegueira e prejudicar as artérias periféricas, levando à amputação de membros.

A dermatite é uma inflamação crônica da pele caracterizada por lesões avermelhadas e coceira, podendo, algumas vezes, descamar. Um dos fatores que propiciam a ocorrência dessa enfermidade é o estresse emocional. (VARELLA, 2014)

De acordo com Varella (2014), outras doenças de cunho físico que podem ser desenvolvidas em decorrência do uso exagerado de medicamentos anti-inflamatórios, utilizados como paliativos para a dor (caso de indivíduos com lesões de LER/DORT) e o estresse percebido pelo trabalhador, são as úlceras estomacais e gastrites.

Um dos mais importantes desdobramentos do estresse ocupacional é a denominada Síndrome de Burnout, entendida como uma síndrome caracterizada pelo esgotamento físico, psíquico e mental, em decorrência de trabalho excessivo e estressante.Lipp (2001) a explica como sendo um quadro de estresse crônico, apresentado por profissionais que despendem alto nível de atenção e responsabilidade em tomadas de decisão e demais tarefas de sua competência, além de grande contato com outras pessoas.

Em consonância compreende-se Burnout como um estado de extremo esgotamento de energias, advindo da intensa exposição ao estresse ocupacional.

Podemos entender Burnout como um estado decorrente de uma tensão crônica gerada a partir do contato direto e excessivo com outras pessoas na situação de trabalho, particularmente quando envolve atividade de cuidado. Uma síndrome por meio da qual o trabalhador perde o sentido da sua relação com o trabalho, de forma que este já não importa da mesma maneira que antes, e qualquer esforço lhe parece ser inútil. Esta síndrome afeta, principalmente, profissionais da área de serviços quando em contato direto com seus usuários. (VASQUES-MENEZES, 2005 apud REGO, 2008)

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Varella (2014) complementa que os principais sintomas manifestados por indivíduos com síndrome de burnout são o esgotamento físico e mental, que refletem em ausências no trabalho, provocam irritação, isolamento, mudanças repentinas de humor, falha na memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima.

Contribuindo com o estudo, Codo e Vasques-Menezes (2000) diferem a síndrome de

burnout do estresse genérico, pois o primeiro apresenta sentimentos de fracasso, além de

exaustão emocional, como sentimentos de fadiga, despersonalização, ações duras e distanciamento das pessoas clientes, e baixa da realização pessoal, que é acompanhada do sentimento de incompetência e insatisfação no trabalho.

Colaborando com o raciocínio, Lima (2004) coloca que o estresse é caracterizado pelo excesso de compromisso, as pessoas sentem-se cansadas, com as emoções exacerbadas e com pouca energia. Já os indivíduos que sofrem de burnout caracterizam-se pelo descompromisso, sentem-se esgotados, e resguardam seus sentimentos, além de perder a esperança.

Outro quadro psiquiátrico que vem na linha do estresse e da síndrome de burnout é a depressão. Varella (2014) aponta que depressão não é tristeza, e sim uma doença que necessita de tratamento. Se não houver um tratamento correto e suficiente, pode levar vários meses para desaparecer, ou ainda, progredir para níveis mais altos. Depressão é também uma doença recorrente. Apresenta-se como uma doença potencialmente grave que pode vir ou não acompanhada do sentimento de tristeza. Instala-se um humor depressivo, com incapacidade de sentir prazer em atividades habitualmente agradáveis, provocando sintomas como desânimo e falta de interesse por qualquer atividade, interfere com o sono, com a vontade de comer, com a vida sexual, com o trabalho, e pode levar ao suicídio.

2.3 Estratégias de Enfrentamento

Segundo Lipp e Tanganelli (2002), as intervenções focadas no indivíduo têm como propósito reduzir as consequências de riscos do estresse ocupacional já existente e são estratégias de enfrentamento individuais.

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Estratégia de enfrentamento é caracterizada por Limongi-França e Rodrigues (2005) como “conjunto de esforços que uma pessoa desenvolve para manejar ou lidar com as solicitações externas ou internas, que são avaliadas por ela como excessivas ou acima de suas possibilidades”. Não necessariamente essas ações são conscientes, uma vez que o profissional pode simplesmente reagir de alguma forma quando colocado em situação estressante.

É necessário analisar não só o agente estressor e a sua respectiva resposta, mas também a forma como a pessoa avalia e enfrenta este fator, levando em conta as características individuais e o ambiente no qual a pessoa está. As intervenções focadas na organização visam alterar os estímulos estressores de tal ambiente, podendo modificar a estrutura organizacional, as condições de trabalho e as relações interpessoais no ambiente de trabalho. Já as intervenções direcionadas ao indivíduo objetivam amenizar os impactos de riscos já existentes, desenvolvendo um repertório eficiente de estratégias de enfrentamento individuais (LIPP, TANGANELLI, 2002).

Luersen (2009) menciona formas para solucionar os problemas de doenças ocupacionais, implantando, nas organizações bancárias, políticas efetivas de prevenção a doenças ocupacionais que possam acometer a saúde física e mental dos trabalhadores, incorporando ações de correção e fiscalização, induzindo todos a prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, e reorganizar as agências de modo geral, podendo assim diminuir as afecções e consequências que implicam no afastamento do colaborador.

Um mecanismo natural de defesa envolve os mecanismos psicológicos, e Silva (1992) complementa sobre:

Nos processos mentais humanos têm sido estudados diferentes mecanismos de defesa, valendo destacar negação, a auto-repressão, a racionalização, diferentes formas de fuga ou evitação, o deslocamento e a idealização. Considera-se que prejuízos importantes para a saúde mental podem advir do uso constante e exacerbado destes mecanismos. Por outro lado, eles fazem parte da vida mental, sendo importantes na autoproteção contra o mal-estar psíquico. A sublimação é reconhecida como um mecanismo de elevada importância na preservação da saúde mental, sendo que esta mesma sublimação se associa, fundamentalmente, ao exercício de atividades laborais significativas.

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Compreende-se, então, que o processo de autodefesa mental é importante no início do processo de instalação do estresse e demais doenças ocupacionais, pois auxilia no enfrentamento e na aceitação de situações estressantes que expõe o trabalhador a essas causalidades. No entanto, a prática da autodefesa não deve ser prolongada se os sintomas de tais doenças persistirem, podendo piorar o quadro de saúde ao invés de melhorá-lo, devendo o trabalhador procurar auxílio com profissionais adequados e adotar o uso de práticas que possam auxiliar no enfrentamento.

O enfrentamento do estresse apresenta uma enorme gama de estratégias que podem ser utilizadas pelos trabalhadores para lidar com situações ameaçadoras, fazendo a pessoa aprender a relacionar-se melhor com o estresse e a restringir o excesso dele, para não prejudicar sua saúde, trabalho e vida pessoal.

Segundo Nieman (2003, apud Kafrouni, 2014), uma das formas de enfrentar o estresse e otimizar o estado mental dos trabalhadores é a prática regular de exercícios físicos que promovam a redução da depressão, ansiedade e estresse, melhorando o bem-estar psicológico e elevando a disposição para o dia a dia.

A ginástica laboral é um programa fisioterápico que tem como intuito aliviar a tensão provocada pelas atividades repetitivas dos trabalhadores. Estes exercícios podem ser praticados antes, durante ou depois do horário de expediente, buscando benefícios pessoais no trabalho, pois são atividades de integração que proporcionam melhorar a relação de coleguismo entre os funcionários.

A qualidade de vida é promovida através desta ação, prevenindo o sedentarismo, aumentando a autoestima do trabalhador e estimulando a sua confiança em si mesmo e na sua competência profissional.

Outra estratégia de enfrentamento é o próprio tratamento das doenças ocupacionais, tanto as de caráter físico, que são as LER/DORT, alergias, gastrites, etc., quanto as de caráter psicológico, que podem ser estresse, depressão, transtornos alimentares e mentais, distúrbios de sono e outros.

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Os tratamentos de LER/DORT precisam, primeiramente, de um diagnóstico clínico realizado através de exames avaliativos e relatos do trabalhador doente, para então passar ao tratamento, que pode envolver o uso de medicamentos e terapias física e mental. Estas devem ser acompanhadas pelo terapeuta ocupacional, pela ação de correção postural e pela avaliação e mudança dos movimentos físicos/reorganização das atividades, que pode incluir a mudança de função do trabalhador dentro da própria agência.

Há também o tratamento fitoterápico, que tem por objetivo reduzir a dor e a inflamação, porém o que normalmente apresenta um melhor resultado é o uso de anti-inflamatórios e analgésicos, agregados às terapias como acupuntura, yoga e pilates, que proporcionam o alívio de dores momentâneas.

Michel (2000) acrescenta:

Os medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios são eficazes para o combate da dor aguda e inflamação. Isoladamente, não são eficazes para combate da dor crônica. Neste caso, é necessária associação dos psicotrópicos (antidepressivos tricíclicos e fenotiazínicos) que proporcionam efeito analgésico e ansiolítico, estabilizam o humor e promovem alterações na simbologia da dor.

Limongi-França e Rodrigues (2005; 1999) sugerem, como forma de prevenir as doenças ocupacionais, modificar regularmente as tarefas no trabalho, procurando evitar ao máximo a monotonia, reduzir o excesso das exaustivas jornadas de trabalho, valorizar a qualidade nas relações sociais, dar condições físicas no trabalho e investir no aprimoramento profissional e pessoal. Ainda indicam utilizar técnicas de relaxamento, praticar exercícios físicos regulares, garantir uma alimentação balanceada e horas de sono apropriado a cada indivíduo, buscar psicoterapia que promova o autoconhecimento e organizar o tempo livre para atividades de lazer que sejam prazerosas.

2.4 Reflexos no trabalho e na vida pessoal

Rocha e Glima (2000 apud Silva 2010) apontam malefícios nos órgãos sexuais, como perda de libido e frigidez, também podendo constituir quadros de osteoporose, obesidade,

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diabete mellitus, podendo também desenvolver câncer, que é a representação da imunidade baixa, compreendendo que o estresse altera negativamente a vida pessoal. Pode-se destacá-los em quatro grupos de atuação: prejuízo da relação consigo e com outros; tensão física e psicológica; queda da capacidade intelectual e perturbações do sono, induzindo à fadiga.

Além dos sintomas já mencionados, o estresse pode desencadear outras doenças epidemiológicas que interferem na qualidade de vida do trabalhador. (LIPP e GUEVARA, 2004)

Segundo Robbins (2002), os sintomas do estresse ocupacional podem ser divididos em três categorias que são fisiológica, comportamental e psicológica. A fisiológica são as alterações no metabolismo do corpo, como gastrites, psoríases. A comportamental trata das mudanças no comportamento propriamente dito, como alterações na produtividade, absenteísmo no trabalho, turnover, utilização de tabaco e elevado consumo de álcool, como formas de fugir do problema, além da fala rápida. A área psicológica é afetada no que diz respeito à insatisfação no trabalho, tensão, ansiedade, tédio e retardação de atividades.

O estresse ocupacional deixa o profissional apático, lento, sem ânimo, trazendo o sentimento de ter um trabalho sem sentido, com insucesso.

Para Silva (2010):

Nesse sentido, pode-se entender como as principais síndromes e doenças associadas e/ou provocadas pelo stress ocupacional as somatizações, fadiga, distúrbios do sono, depressão, síndrome do pânico, síndrome de Burnout, síndrome residual pós-traumática, quadros neuróticos pós-traumáticos, síndromes paranóides, além de alguns distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT) ou lesões por esforço repetitivo (LER), transtornos psicossomáticos, síndromes de insensibilidade, alcoolismo, uso de outras drogas ilícitas e outros.

O colaborador percebe a sua autoestima baixa, refletindo nos relacionamentos com outras pessoas, além de agravar a depressão e alterar os hábitos alimentares.

Couto (1987, apud Lipp; Tanganelli, 2002) afirma que o estresse ocupacional intervém na maneira como o indivíduo age nas diversas áreas da sua vida, influenciando na

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sua qualidade de vida. Assim, no aspecto familiar pode haver desarmonias e falta de apoio, se a pessoa dedicar pouco tempo à família e designar maior tempo para o trabalho. Da mesma forma, na área social, a falta de apoio por parte de amigos e colegas provoca o isolamento e problemas de relacionamentos sociais.

No âmbito organizacional, a presença de um colaborador estressado pode incidir na decorrência de atividades ineficientes, comunicação deficitária, desorganização, insatisfação, além de provocar nervosismo e estresse nos demais colegas.

A saúde psíquica provém de uma interface harmoniosa entre o indivíduo, o trabalho e a organização (Dejours, 1999). As relações sócio-profissionais dependem da sua qualidade, da capacidade para resistir e do risco de adoecer, onde é possível compreender que a organização de trabalho é o principal fator de desequilíbrio da saúde mental dos trabalhadores. A saúde psíquica é resultante da busca pelo prazer e da negação ao sofrimento, porém o autor complementa que o sofrimento não é patológico e sim um sinal de alerta para evitar o adoecimento.

Limongi-França e Rodrigues (1999) apontam que a qualidade de vida no trabalho é uma percepção comprometida das condições de vida no trabalho, abrangendo o bem-estar, garantia de saúde e segurança física, mental e social e treinamentos para realizar as funções com êxito e bom uso da energia pessoal.

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3. METODOLOGIA

A metodologia, o tema e o caminho propostos, deve ser bem delineada e coerente, possibilitando obter o êxito no desenvolvimento do trabalho. Este capítulo aborda os aspectos da classificação da pesquisa, universo amostral e sujeitos da pesquisa, coleta de dados, análise e interpretação dos dados.

3.1 Classificação da Pesquisa

A classificação da pesquisa é estruturada pelas características que apresenta em relação à natureza, à abordagem, aos objetivos e aos procedimentos técnicos. A base teórica adotada aqui é originária da obra de Zamberlan et al. (2014).

Quanto à natureza, a pesquisa consiste em uma pesquisa aplicada, que intui a adquirir conhecimentos para aplicação prática em soluções de determinados problemas da realidade, envolvendo verdades e interesses locais. Zamberlan et al. (2014) esclarece que a pesquisa aplicada refere-se a debater problemas, apresentando um referencial teórico de determinada área de saber, e indicar soluções alternativas. Com isso, o presente estudo pretende identificar se há ou não doenças ocupacionais em profissionais bancários em três instituições financeiras.

Quanto à forma de abordagem, a pesquisa caracteriza-se como quanti-qualitativa, onde a abordagem quantitativa fez referência a tornar tudo quantificável, como opiniões e informações para classificar e analisar os dados coletados. Zamberlan et al. (2014) explica que:

Estes métodos são utilizados na descrição dos fenômenos (estrutura e composição) e em sua explicação, pois servem para investigar as relações de causa e efeito (cadeia causal) tanto em fenômenos quanto entre as variáveis selecionadas e também para esclarecer as influências destas variáveis às demais.

Já por ter uma abordagem qualitativa, a coleta de dados foi realizada diretamente no ambiente natural, e segundo Zamberlan et al. (2014), o pesquisador é o instrumento-chave, sendo também descritiva, pois os pesquisadores analisam seus dados indutivamente. O estudo visa a conhecer as características de perfil biográfico e profissional dos trabalhadores

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bancários de três instituições financeiras, além de identificar as suas opiniões e sentimentos quanto à sua saúde ocupacional, induzindo a conhecer a existência ou não de sintomas de doenças ocupacionais, através da aplicação de um questionário abordando as variáveis em análise.

Quanto aos objetivos, o estudo é de cunho exploratório e descritivo, justificando-se em exploratório por não haver informações sobre o tema em questão e onde se busca maior familiaridade com o problema. Também justifica-se em ser descritivo pois serão explanadas e descritas as características da população estudada.(ZAMBERLAN et al. 2014)

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa consiste em pesquisa bibliográfica, documental, de levantamento, de campo e estudos multicasos. É uma pesquisa bibliográfica porque, como conceitua Lakatos; Marconi (2002, apud Zamberlan et al. 2014), fundamenta-se pelo referencial teórico já publicado acerca dos assuntos abordados pela pesquisa. Documental, Gil (2002, apud Zamberlan et al. 2014) pois esclarece como sendo um procedimento técnico que utiliza documentos e/ou materiais que ainda não foram analisados, mas que não deixam de ter seu valor científico, onde no estudo serão analisados os questionários respondidos pelos trabalhadores bancários de um banco federal, um banco estadual e uma cooperativa de crédito. De levantamento porque o investigador interroga diretamente as pessoas sobre determinado assunto, como é apresentado por Zamberlan et al. (2014), através do questionário aplicado aos profissionais estudados. Ainda, segundo Gil (2002, apud Zamberlan et al. 2014), em seguida analisa-se quantitativamente e obtêm-se as conclusões. De campo por ser uma pesquisa desenvolvida dentro do ambiente onde ocorre o fenômeno, problema em estudo, conforme é explicado por Zamberlan et al. (2014). Caracteriza-se como um estudo multicaso, porque, segundo Bogdan e Biklen (1994 apud Araldi 2003), esse método se configura pelo estudo de dois ou mais casos, possibilitando aprofundar e observar detalhadamente um acontecimento específico num contexto ou indivíduo. Este estudo investigou e analisou o problema em três instituições financeiras, reconhecendo a existência ou não de sintomas de doenças ocupacionais em seus colaboradores.

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3.2 Sujeitos da Pesquisa e Universo Amostral

O município de Crissiumal – RS dispõe de cinco organizações financeiras, porém para a realização deste estudo foram selecionadas três destas organizações, que são: uma estatal federal, uma estatal estadual e uma cooperativa de crédito, esta última apresenta duas unidades de atendimento. O universo amostral e os sujeitos da pesquisa foram a totalidade de colaboradores destas instituições, compreendendo, assim, sete colaboradores da instituição estatal, sendo que retornaram os sete questionários respondidos, dez colaboradores da instituição estadual, porém retornaram apenas nove questionários respondidos, e 26 colaboradores da instituição cooperativa de crédito, sendo que retornaram apenas 25 questionários respondidos, totalizando assim 41 questionários respondidos. A pesquisa apresentou duas abstenções.

3.3 Coleta de Dados

A coleta de dados foi obtida através da aplicação de um questionário onde foram abordadas questões que identificaram o perfil biográfico e profissional dos trabalhadores, denotando também a ocorrência ou não de sintomas de doenças ocupacionais, bem como as estratégias de enfrentamento utilizadas ou não por eles. Possibilitou atingir o objetivo do presente estudo, que é o de apontar a ocorrência ou não de sintomas de doenças ocupacionais em profissionais bancários de três instituições financeiras de Crissiumal – RS.

Os itens de estudo, que formaram o questionário apresentado no apêndice A deste trabalho, foram agrupados em: Perfil Biográfico; Perfil Profissional e Sobre a sua Saúde. Nas questões a serem respondidas sobre a saúde do entrevistado, para cada uma o respondente teve de assinalar a intensidade com que sentiu cada sentença, dentre as opções que variavam de: nenhuma frequência a muita frequência.

A coleta de dados ocorreu entre os dias 19 e 27 de agosto de 2014, com os questionários sendo entregues pela pesquisadora a cada um deles, explanando o assunto abordado e clarificando que não teria nenhuma forma de identificação e nem exposição do trabalhador a organização empregadora.

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3.4 Análise e Interpretação de Dados

Os questionários, depois de aplicados e coletados, foram tratados e analisados utilizando para isso o software Excel para elaboração de gráficos que permitam, visualmente, melhor analisar as respostas e compará-las entre as três instituições.

O processo de análise e tabulação de dados compreendeu a seleção, categorização e tabulação dos dados coletados. Em poder destes dados, após aplicação instrumental, procedeu-se uma análise e interpretação dos mesmos para posterior transcrição de resultados.

Para análise foram constatadas as variáveis estabelecidas para a pesquisa, levando em conta o perfil dos trabalhadores bancários de Crissiumal-RS, a identificação de sintomas de doenças ocupacionais, tanto físico como mentais, e tomado conhecimento de estratégias de enfrentamento utilizadas por cada um, comparando cada variável ao tipo de instituição financeira estudada.

Concomitantemente foi realizada uma relação entre os dados coletados com o referencial teórico, na intenção de fundamentar a pesquisa e seus resultados.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização do Setor Bancário de Crissiumal - RS

O setor, de modo geral, foi amplamente reestruturado em seu modelo de trabalho entre os anos 1990 e 2000, onde reduziram-se os postos de trabalho e passou a ser exigido o mesmo desempenho daqueles que continuaram nas instituições financeiras.

Desde 2000 para cá, houve uma restauração dos postos de trabalho, o número de vagas cresceu continuamente na última década, mas muito se deve ao fato de os bancos terem se expandido em larga escala, ou seja, abertura de novas agências, e pela demanda dos clientes que chegam às agências e deparam-se com poucos funcionários para atender.

Com a moeda estabilizada, as instituições financeiras passaram a procurar outras formas de obter a lucratividade, e então adotaram a redução de custos e a busca incessante de rendimentos, o que tem refletido em condições de trabalho piores, e uma elevada carga de pressão sobre os profissionais bancários, que passaram a viver sob tensão, carga exaustiva de trabalho e constante sensação de insegurança que permeia o ambiente de trabalho. Esses fatores podem desencadear doenças ocupacionais que prejudicam o colaborador e a sua produtividade.

Os trabalhadores estudados exercem suas atividades em instituições financeiras da cidade de Crissiumal – RS, onde são encontradas as seguintes organizações: um banco estatal federal, um estatal estadual, e uma cooperativa de crédito.

4.2 Caracterização das Instituições Financeiras Estudadas

4.2.1 Instituição Financeira Cooperativa de Crissiumal

A primeira organização estudada é uma instituição financeira cooperativa, existente desde 1902, com 112 anos de atividades, e presente em 10 estados brasileiros, contando com mais de 1.100 pontos de atendimento. Tem seus negócios focados no crescimento de seus

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