Plano de Ensino
IV – Recursos
VI – Ações Autônomas de
Impugnação
1.3. Apelação (8)
1.4. Recursos especial e extraordinário (13/14)
1.5. Reclamação (15)
Reclamação
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Introdução
A Constituição Federal prevê a reclamação nos arts. 102, 103 e 105,
especificamente
endereçada para o
STF
e
STJ
, regulamentada pela Lei
8.038/1990, nos art. 13 a 18.
Ocorre, porém, que a
reclamação
foi regulamentada expressamente no
Código de Processo Civil, indo além da disciplina original para os
tribunais superiores.
Agora a reclamação é regulada nos arts. 988 a 991, com ampliação
significativa das hipóteses de cabimento previstas naquele diploma
legal e servem para
quaisquer tribunais
.
Reclamação
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Natureza jurídica
A reclamação é
ação
.
Diz-se que os meios de impugnação das decisões judiciais podem ser
divididos em três classes:
(a) recursos;
(b) sucedâneos recursais; e
(c)
ações impugnativas autônomas
.
A reclamação compõe o terceiro grupo, tal como a ação rescisória, a
ação anulatória, a querela nullitatis e o mandado de segurança.
A finalidade não é impugnar a decisão com o fim de anulá-la ou
reformá-la,
mas
apenas fazer com que seja cumprida decisão do
tribunal em determinado caso concreto
ou, mesmo, apenas
preservar
sua competência
.
Reclamação
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(d) garantir a observância de
acórdão proferido em julgamento de
incidente de resolução de demandas
repetitivas
ou
de incidente de
assunção de competência
(inciso IV)
Defende a autoridade das decisões
de observância necessária,
emanadas de qualquer
tribunal
(b) garantir a autoridade das
decisões do tribunal (inciso II);
(c) garantir a observância de
enunciado de
súmula vinculante
e
de decisão do STF em controle
concentrado de constitucionalidade
(inciso III)
Ou seja, em ação direta de
inconstitucionalidade; ou em ação
declaratória de constitucionalidade;
ou, em ação de descumprimento de
preceito fundamental
(a) preservar a competência
do tribunal (inciso I);
Reclamação
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A “parte interessada” - pessoa
prejudicada pela decisão que
usurpou a competência do
Tribunal, ou desrespeitou sua
autoridade
Legitimidade Ativa
Quem praticou o ato impugnado
por meio da reclamação, que,
nos termos do art. 103-A, § 3º,
da CF, poderá ser:
Ministério Público, porque
sempre estará em jogo questão
de ordem pública
autoridade judicial
ou
autoridade administrativa
Legitimidade Passiva
beneficiário da decisão
impugnada
Reclamação
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Petição
Objetivo
Impor o que já foi decidido anteriormente
,
sumulado
, ou o que já
está
regulado em alguma norma de competência
.
Competência
O juízo competente será o
tribunal afrontado
.
Fundamento legal
Reclamação
6
Petição
Interesse de agir
A Súmula 734 do STF prevê: “Não cabe reclamação quando já
houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha
desrespeitado decisão do STF”.
O CPC veda “a propositura de reclamação
após o trânsito em
julgado da decisão
” (CPC, 985, § 4.º).
Requisitos
• deverá ser instruída com os documentos relativos ao direito
que se pretende tutelar (Ex. cópia da decisão cuja autoridade
se pretende preservar, ou do ato judicial ou administrativo que
a contrariou).
Reclamação
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Petição
Pedido
A procedência do pedido, para a
preservação da competência do
tribunal
ou para
a imposição do cumprimento do seu julgado
.
Requerimento
▪ A citação do beneficiário da decisão impugnada para,
querendo, contestar no prazo de 15 dias.
▪ A suspensão do processo ou do ato impugnado em caráter
liminar
▪ A juntada da inclusa guia de custas devidamente recolhida.
Valor da causa
O valor da causa deve corresponder ao da demanda originária em
que se proferiu a decisão reclamada, com a devida atualização.
Sugestão
de Petição Inicial
MÁRIO LIMA
, brasileiro, casado, bancário, domiciliado nesta Capital,
ajuizou a ação de n.º 1004000-04.2019.8.26.0001 formulando pedido de
indenização por danos materiais e morais contra
DANIEL MIRANDA
,
brasileiro, solteiro, vigia, também residente nesta Capital, sob a alegação
da violação ao direito de vizinhança. A ação que correu na 1ª Vara Cível da
Comarca da Capital – Foro Central, foi julgada procedente, condenando
DANIEL
ao pagamento de R$ 4.000,00 a título de danos materiais e R$
5.000,00 a título de danos morais, fixando-se a verba de sucumbência no
patamar mínimo. Inconformado, o réu apelou. Entretanto, o juiz de piso
considerou a data da publicação da sentença como data inicial para a
contagem de prazo para interposição da Apelação, desconsiderando a
data da decisão dos Embargos de Declaração interpostos por
MÁRIO
,
alegando que a interrupção apenas ocorre quando os embargos são
admitidos. Forte nesse entendimento, o juízo negou seguimento à
apelação por intempestividade.
QUESTÃO: Como advogado de DANIEL promova a medida adequada à
solução da questão.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO – SP.
Processo de Origem nº 1004220-04.2019.8.26.0100
DANIEL MIRANDA, brasileiro, solteiro, vigia, portador da Cédula de Identidade
RG n° [número], inscrito no CPF sob o n° [número], residente nesta Capital, na Rua [endereço], com endereço eletrônico [e-mail], por seu advogado que esta subscreve,
constituído nos termos do mandato anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 998 e seguintes do CPC, promover a presente RECLAMAÇÃO em face de decisão proferia pelo MM. Juiz Titular da 1ª
Vara Cível da Comarca da Capital – Foro Central e de MÁRIO LIMA, brasileiro,
casado, bancário, portador da Cédula de Identidade RG n° [número], inscrito no CPF
sob o n° [número], residente nesta Capital, na Rua [endereço], com endereço eletrônico [e-mail], pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
DOS FATOS
O Reclamado distribuiu a ação de n.º 1004000-04.2019.8.26.0001 formulando pedido de indenização por danos materiais e morais contra o reclamante, alegando violação ao direito de vizinhança (docs. anexos).
A ação foi julgada procedente, condenando o Reclamante ao pagamento de R$ 4.000,00 a título de danos materiais e R$ 5.000,00 a título de danos morais, fixando-se a verba de sucumbência no patamar mínimo (docs. anexos).
À apelação do Reclamante, entretanto, foi negado seguimento, sob a alegação de intempestividade.
Assim se deu porque o juiz de piso considerou a data da publicação da sentença como data inicial para a contagem de prazo para interposição da Apelação, desconsiderando a data da decisão dos Embargos de Declaração interpostos pelo Reclamado à alegação de que tal prazo apenas aproveitaria caso admitidos os embargos, o que não ocorreu (docs. anexos)
A decisão do juízo além de incorreta tecnicamente, viola a competência deste Tribunal, senão vejamos.
DO DIREITO
O novo Código de Processo Civil, a fim de evitar a presente situação, trouxe a previsão da Reclamação, conforme disposto:
O novo Código de Processo Civil, a fim de evitar a presente situação, trouxe a previsão da Reclamação, conforme disposto:
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal;
Além disso, o Código de Processo Civil assim dispõe sobre a apelação:
Art. 1.010. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau,
conterá: I - os nomes e a qualificação das partes; II - a exposição do fato e do direito; III - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; IV - o pedido de nova decisão.
[...]
§ 3º Após as formalidades previstas nos §§ 1º e 2º, os autos serão remetidos ao
tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. (grifos nosso)
Ora, a leitura do que dispõe o art. 1.010, § 3º, do CPC, deixa claro que o recurso de apelação tem seus requisitos de admissibilidade verificados apenas no
Tribunal.
Segundo magistério de Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários ao Código de Processo Civil RT 2ª. Tiragem pg. 2056):
“não existe mais competência diferida do juízo de origem para proferir juízo de admissibilidade do recurso de apelação. Referida competência era diferida porque a
“não existe mais competência diferida do juízo de origem para proferir juízo de admissibilidade do recurso de apelação. Referida competência era diferida porque a
competência definitiva sobre admissibilidade de apelação sempre foi do tribunal ad quem. No sistema do Código, em razão da ênfase dada à tramitação rápida do processo, o recurso de apelação tem seus requisitos de admissibilidade verificados apenas no Tribunal e é importante notar que a apreciação dos requisitos de admissibilidade de um recurso está centrado, de modo geral na pessoa do relator”.
Logo, o julgador de primeiro grau, face ao que dispõe a legislação processual vigente não poderia ter procedido a análise da admissibilidade do recurso interposto pela reclamante, para em seguida, declará-lo intempestivo.
Assim, há por descumprido o dispositivo contido no § 3º do art. 1.010 do CPC, e o acolhimento da reclamação é medida que se impõe, para que seja preservada a competência do Egrégio Tribunal de Justiça de São Paulo. Nesse sentido é a jurisprudência. Confira-se:
“Reclamação. Magistrada de primeiro grau que analisa pedido de gratuidade processual veiculado em sede de apelação. Juízo de admissibilidade que, nos termos do novo diploma processual, art. 1.010, §3º, CPC, só pode ser realizado pelo Tribunal. Usurpação de competência. Cassação da decisão de primeiro grau. Reclamação provida” (TJSP; Reclamação 2055873-24.2018.8.26.0000; Relator (a): Ruy Coppola; Órgão Julgador: 32ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional III - Jabaquara - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 01/08/2018; Data de Registro: 01/08/2018).
Deste modo restando evidente que a decisão proferida pelo juiz de piso desrespeitou preceito processual vigente, com a usurpação da competência deste Egrégio Tribunal de Justiça, cabe tão somente a elaboração do pedido e demais requerimentos.
DO PEDIDO
Diante do exposto, requer o Reclamante seja julgada procedente a presente reclamação para que seja determinado o envio dos autos ao Tribunal de Justiça competente a realizar o juízo de admissibilidade da Apelação devidamente interposta, bem como, a condenação do Reclamado ao pagamento de custas processuais e honorários advocatícios a serem arbitrados nos termos do art. 85 do CPC.
DOS REQUERIMENTOS
Outrossim, esta também se apresenta para requerer:
a) nos termos do art. 989, II, CPC, a suspenção do andamento do feito, em que proferida a decisão impugnada até a decisão final desta Reclamação;
b) a citação do beneficiário da decisão impugnada nos termos do art. 989, III, do CPC; e
Dá-se à causa o valor de R$ 9.000,00 (nove mil reais), consistente no valor da causa da ação originária devidamente atualizado.
Termos em que,
Pede e espera deferimento, São Paulo, (data).
(Nome do Advogado) (Número da OAB)