^
^l/.
^^^^^
THESB
QUE
SUSTENTA
EM
NOVEMBRO
DE
1868
DE
DOUTOR
EM
MEDICINA
PELA
FRANCISCO
DOS SANTOS PEREISA
NATURAL
D'ESTA PROVÍNCIA.
Le snccés...n'estpas ceqiii importe;
ce qui importe, c'tíst Teffort: cai-c'cst 14 ce qui dépend de Tliomme,cequi
Telève, ce qui le rend content de lui
même.L'accompIissementdudevoir,
voi-láet levéritable but dela vie et le
vé-ritable bien.
DiSCOURS
—
PAR TUEODOKK JuUFFROV PAG. 3i4.•(No?ífeaiíxMtlangesPhilosophiques.
BAHIA:
TYP.—
CONSERVADORA—
LADEIRA DO XISMENDES
X. 28.FACULDADE DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
DIRECTORO EXM.
SR.CONSELHEIRO
DR.JOÃO
BAPTISTA DOS
ANJOS.O EXM. SNR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES.
osSRS. DOUTORES l*"
ANNO.
MATÉRIAS QUELECCIOnIo. , Physicaemgeral,eparticularmenteemsuas
Cens. Vicente Ferreira deMagalhães. _| applicaçòes á Medicina.
FranciscoRodrigues daSilva ChimicaeMineralogia. Adriano AlvesdeLimaGordilho . . . Anatomiadescriptiva.
2."
ANNO.
Antoniode Cerqueira Pinto Chimicaorgânica. Jerónimo SodréPereira Physiologia. ^
Antonio Mariano doBomfim Botânicae Zoologia.
Adriano AlvesdeLimaGordilho . . . Repetição deAnatomiadescriptiva.
3.°
ANNO.
Cons. Elias José Pedroza Anatomiageralepathologica. José de Góes Siqueira Pathologiageral.
Jerónimo Sodré Pereira Physiologia.
4.0
ANNO.
Cons.ManoelLadisláoAranhaDantas. . Pathologiaexterna.
Pathologiainterna.
1 Partos, moléstias demulheres pejadasede
Mathias Moreira Sampaio •
| meninosrecemnascidos.
5.»
ANNO.
Continuaçãode Pathologiainterna.
Joaquim Antoniod'01iveiraBotelho . . Matéria medica e therapeutica.^
, . . ,
„
V Anatomiatopographica, Medicinaoperato-JoseAntoniode Freitas
^ ria, e apparelhos. 6."
ANNO.
Pharmacia. Salustiano Ferreira Souto Medicinalegal.
Domingos Rodrigues Seixas Hygiene, eHistoria daMedicina.
Clinicaexternado3.°e4.° anno.
AntonioJanuáriode Faria Clinicainternado5.°e6.°anno. RozendoAprígio Pereira Guimarães . . 1
Ignacio JosédaCunha I
PedroRibeiro deAraujo íSecçãoAccessoria.
José Ignacio deBarrosPimentel. . . .]
Virgilio Climaco Damazio '
José Afíonso Paraizode Moura. . . . j
Augusto Gonçalves Martins /
DomingosCarlosdaSilva > SecçãoCirúrgica.
Demétrio Cyriaco Tourinho
f
Luiz Alvares dos Santos > Secção Medica.
JoÈo Pedro da CunhaValle
\
O SR. DR. CINCINNATO PINTO DA SILVA.
O SR. DR, THOMAZ d'AQUINO GASPAR.
A
Facudade não approvanemreprovaas opiniões emittidas nastheses, que lheAllIMSMAS
ESPONTAMOS
E SEU
TRATAMENTO
DISSERTAÇÃO.
SECÇÃO
PRIMEIRA.
Savoirobservei- est Ic plus preciotix
talcnt du médéciii, puisque uotr''nf ':-^t
láprcsque toutentier.
(J .Arnould-)
Definição.
RANDES
são, porcerto, as difi&culdades, que se nosde-,
param
ao encetarmoseste trabalho,nascidas todas dadi-'verg-enciados Pathologistas sobre a verdadeira
significa-Içãonosologica da palavra aneurysma, e porisso variam
»as definições, seg-undo os diversos
modos
de entender decada
um
d'estes,e d"ahiagrande confusãoqueha
resultadoparaa sciencia.Vidal (de Cassis) (1), ErnestHart (2), Richet(3),considerandoo
aneu-rvsma:
um
tumorcontendosangue liquido,ou coagulado, ecom^municandocomo canal de
uma
artéria,deram-lheuma
accepçãomuitolata, demodo
queseriamjulg-adas
como
pertencentes ámesma
classe, moléstiascompleta-mente
distinctas,nãosòcom
respeito àanatomiae physiolog-ia patholog-i-cas,comopelamarcha,
eatèpelatherapeutica, a qual necessariamente hadevariar
em
casos completainente diversos. Estes illustres Pathologistastomam
porbase desuadefinição deaneurysmasossymptomas, quereal-mente
à estesacompanham,
mas
que, entretanto, se manifestamem
ou-tras moléstias.
E
pois queestesnãoestabelecem distincção palpável, não(1) Traité dePathologieexternepag. 600. v. 1.
(í)
A
SystemofSurgeryby variousAuthoraeditedby Holmes, pag. 343.v. 3.(3) Dict. med. eckirurg. prat.art. Anévrysmes.
podem
essas ideias fundamentaruma
definição.Assim deveriasercon-siderado, seg-undo estes auctores,
n"uma
mesma
classe, oaneurys-ma
cylindroide de Breschet, denominado por Clielius e alg-uns outrosPatholog-istas Allemãesverdadeiro diffuso, e que hoje,
com
os prog-ressosda sciencia, e especialmente da anatomia patliologica, deve ser tido
como
uma
simples dilatação arterial.O
mesmo
succederiacom
cer-tos tumores cancerosos e erecteis, nos quaes se observam pulsações e
ruidodefolie; o
chamado
aneurijí^macirsolde,ouvarh arterialdeDupuntren,aífecção queconsistenoalong-amentodaartéria
com
dilataçãode suas tuni-cas,demodo
quea torna flexuosa à imitação dasveias varicosas; ostumoressang'uineosdevidos à hemorrhag^iasarteriaes intersticiaesseriam,pelo facto
Tinicodapresença de alg^uns
symptomas
communs com
os dosaneurys-inas,julg-adospropriamentetaes.
Com
osanatomo—
patholog-istasentende-mos
que não bastaqueum
tumorsejaacompanhado
de pulsações,nem
deruido de sopro,para que possaser capitulado de aneurysma; è
neces-sárioquealg-umacousamais exista, que melhor o caracterise, e
estabe-leçadififerençanotável:sò os caracteresanatómicos
preenchem
essedeside-ratumactualmente, porque sò a anatomiapathologica nospoderá
forne-cerdadossufRcientesparadisting-uil-o de qualqueroutra aífecção, e
ca-pazes de constituir
uma
base legitima e solida,em
que devaassentar asua definição. Baseando-se n'estas ideias, Broca, Sedillot, GrisoUe, Sir
WilliamFerg-usson,Follin, Léon LeFort eoutrosencararamoaneurysma,
relativamente àestaquestão, mais
com
respeito á esses caracteres,do queaos funccionaes,
ou
s^^mptomaticos.Broca (4) define-o:
um
tumorcircunscripto, cheio de sangue liquido, ouconcreto,communicandodirectamentecom o canal de
uma
artéria elimitadoporuma
membranaque toma o nomedesacco. Seg-undoomodo
de pensardoeste patholog-ista, quanto à verdadeiraaccepção da palavra aneurysma,como
èfácilde comprehender-se, o estudo atè então incompleto e imperfeito
d'esse
ramo
importantissimodacirurg-ia teve maiorimpulso,porissoqueelleprocurousepararscientificamente os verdadeiros aneurysmas de
ou-tros tumores,
com
os quaes, por suas relaçõescom
a circulação arterial,elles apresentam alg-unspontos de contacto. Mas, entretanto,não
abran-g-eoauctor
em
uma
sò classe todasas espécies patholog-icasreconhecidashoje
como
pertencentes àella, alèmde que não satisfaztodas asnecessi-'dades dapraticamais ou
menos
completamente; por quanto,como
bem
dizelle, èmuitas vezes difficil,durante avida,disting-uir se
um
aneurys-ma
èou nãocircunscripto.Grisolle (5)levado pelo
exame
anatomo-pathologicodos saccosaneu-rysmaticos tirou de sua estructura os elementos paradefinil-os; eassim
(í) Traité des anévrysmesetson traitement.pag. 3. (ò) Traitéde pathologie interne, pag. 323,v. 2.
—
3—
considera-os como: tumores produzidos querpeladilataçãoparcialou fjeraldas
(imicas arteriacs, querpelosangueque,
em
comequencia daruptura da interna edamedia, iufbUrou-se,ouaccumulou-se
em
umsaccoformadopelamembranacel-lulosa, ealgumasvezes também à custados órgãosvisinhos. Estadefinição nõo
comprehende
todas as espéciesde aneurysmasconfirmadashodiernamen-tepelaanatomiapatholog-ica;porqueeífectivamente osarterio-venososeos kvstof^enicos não se
acham
abrangidosn'ella, encerrandoaliás,como
uma
espécie d'esía aífeccão, as intihrafões, resultantesde ferimentosarteriaes.
Sedillot(6) exprime-se de
um
modo
mais geral,procurando fazeren-trar
em
umasò
classe,tanto osaneurysmas verdadeiros,como
os ditfusoseoskystogenicos e atò algumas outras affecções,
como
adilatíiçãosim-ples arterial, aampulare o
aneurysma
cirsoide, que por certo não lhepodem
pertencer. Seg'undoesteauctor,pois, òum
aneurysma
—
todootumor
formado desangue arterialpuro, oumisturado aorenoso,produzidojapela
dila-taçãode
uma
artéria,japor saccos oukgslos accidentaes deseni-oliidosácustadostecidos circumvisinhos,ecommunicando com
uma
artéria.Poderíamoscitarmuitas outras definições;
mas como
quasi todasres-sentem-se das
mesmas
lacunas, ou porcomprehenderem
moléstiascom-pletamente distincías, ou por e^cluirem outras, que são consideradas,
graças aos bellissimos trabalhos modernos,
como
verdadeirosaneurys-laas,porisso deixamos de apresental-as.
Adoptamos
a de LéonLe
Fort{/;,que define o aneurysma:
um
tumorcheio desangue liquido, oufconcreto,distincío do canalarterial, com que communica, e consecutivo à ruptura
par-cial,outotal das túnicas arteriai',s.
De
feito ellanãosò abrang'e osaneurys-ma.spropriamenteditos,
como
também
osdistingue das demais affecções,com
asquaesteem
elles certamentealguma
analogia, que nãoébastante para fazer consideral-as idênticas; e fallando árespeito do modo, peloqualse deveencarar a palavraaneurysma, equal a verdadeira aíTecção,
que ella deve designar, exprime-se d*este
modo
este abalisadoescri-ptor
—
Ce qu'ilimporte en pathologie, suríout en pathologiechirurgicale,lors-qu'on veut dénommer, défmir et classer les maladies, ce n'est pas de
rappro-ther les unes des autres, ou
même
de confondre, dansxuie dénominationcom-mune, celles qui ontdesanalogies sousle rapport deslésions anatomiques; c'est
derapprocher, de reunir, cellesqui ontentreellescommelienscommuns,une
ana-logieen anatomie patkologique,aussi bienqu'une analogie encliniqueeten
théra-peutique. Le laolanccrijsme doitsapptiquer ã desmaladiesanalogues en clinique
et en anatomie patkologique,etnon àdes affections analogues seulement
enana-tomie pathobgique,maisabsolumentdissemblablesencliniqueetenthérapeutique.
Orjusque danscesdernières annèes,lemotanévrysmeconservant1'acceplion qu'on
lui donnaitaudix-septième siècle,a presque toujours étésynonime de dilatation
(6) Medicineoperatoire,pag. 194í;. 1.
artérielle, maladieforí différente de 1'anévrysme. Abraçando adoutrinad'este escriptor, naoaceitamos,
como
pertencentes áclasse d'aquellas affecções, oaneurysma
de Pott oupor anastomose, o dosossos, verdadeirotumor
canceroso,
em
que predominaoelementovascularsang-uineo, o cylindroidedeBreschet, a dilatação ampular, observada quasi que exclusivamente
na
aorta tboracica, etc; porqueem
nenhuma
d'estas entidadespatholo-gicas encontra-se o que deve caracterisar o aneurysma, isto é, o
tumor
distinctodo canalda artéria, que outracousa nãoémais doque o sacco
aneurysmal propriamente dito.
Quanto aos aneurysmas diffusos, não os consideramos propriamente
como
aneurysmas senãoà certos respeitos.Quando
em
consequência doferimento de
uma
artéria,se derum
accumulo sang-uineo, que nãoestejalimitado ainda, e seja recente, não sedeverá tomal-opor
um
aneurysma
propriamente dito; n'estecaso éuma
simples hemorrbag-ia, queseobser-va: mas. quandoaferidadoteg-umento externo, por onde corre osang-ue, se oblitera, ou cicatrisa, conservando-se, entretanto,aberta a artéria, se estabelece n'aquelleponto
um
verdadeiro tumor; por quantoo sangue, ácusta dostecidos visinhos e dos coágulos jáformados, cerca-sede
uma
membrana
quevem
áconstituirum
sacco irreg-ular,mas
bem
limitado,sacco este, que, communicando-se
com
o canal da artéria, reveste osmesmos
caracteres deum
aneuyrsma, e contra o qual serão empreg-adosquasi os
mesmos
meios therapeuticos, quecombatem
aquella aífecção.Com
amór
parte dosPatholog-istas,denominamos
esteaneurysma
fal-so primitivo
em
contraposição ao falso consecutivo, cuja única diíferença consisteem
que esteseforma após a ruptura deum
tumor
aneurysmal.Nada
ha, por certo, mais difficultosoem
qualquer sciencia,doque
estabelecer
uma
classificaçãomethodicaenatural;porque asbases, sobreque ella deve assentar, diversificam, jásegundo o pensarde cada
au-ctor, jásegundo a doutrinadominante de cada epocha; é o que se
obser-va
na
scienciaqueprofessamos, e maisparticularmente aindan'estera-mo
dacirurgia, objecto de nossotrabalho.É
por isso que nãoépossívelqueclassificaçõesfundadas
em
elementos diversos,deixem
de sereivadas de grandeslacunas, d'onde resultaa mais completa confusão.A
anatomiapathologicae aetiologia,tão distinctasentresi,teemsidoas bases, sobre que hão lançado suas vistas aquelles que d'eâta
impor-tantíssima questão se
teem
até hoje occupado. Alg-uns fundando-sena
etiologiadividiram os aneurysmas
em
traumáticose espontâneos. Esta di-visão ésem
duvidaimportante,seaconsideramosem
relação aoprogres-—
5
—
so dasalterações, oumodificações, quesoffre qualquer artéria atéquese constitua
um
aneurysma.È
isto o que se dá, por exemplo,em uma
arté-riaferida: então a infiltração e o accumulo sang-uineos nas suas túnicas e nostecidoscircumvisinhosvão experimentando alterações oumodifica-çõestaes, que dão
em
resultado aformação deum
tumorsang-uineoen-kystado,
communicando
com
oseu canal, e manifestando-seporsympto-mas
idênticos aosd'aquelle que tivesse por origem qualquer dasaltera-çõeshistológicasdastúnicas internas arteriaes, e para cuja producção
não énecessáriaaprecedência de causatraumática. Entretanto somos de
opinião que,parao pratico, édesnecessário, senão inútil, saberse a
cau-sa que actuoupara aproducção do
aneurysma
éinterna, ou traumática;porquanto atlierapeutica,para onde deveelledirig-irsua attenção,nãose
modifica
nem
noprimeiro,nem
no segundo caso,alem de que, quantasvezes causas traumáticase espontâneas
obram
combinadamente para aproducção de
um
aneurysma
espontâneo, e quantasmais aindanão sepo-de conhecer a naturesa da que actuou para sua producção"?
Ou-çamos
o que à respeito diz Mr. LéonLe Fort (8^: Vartère poplitée, siètjed'un athéromê, s'est spontanénient ourerte et
k
mnrj sV^x/ infdlré éina Ir fisftit,graiaseux rowm; (a
même
nrfrre a ríérompiic Idriyni^ntdum
vn. rjforf d'cr-tension trop brusque, et lamème
inlUtradoni>'eslproduite; uneaiguílle aIm-versé rartère et une hémorrhagie intersticielle aeulieu; dans les tvois caste
sangpeutêtreinfiUré ou rassemblé en foijer limitéetdans les troiscas
um
mê-me
maíadie peutavoir été produite. Qu'importe-t-il au chimrgien?est-ce d'a-voirá décrire une lésion traiiniaíique ou une lésion spontanée dont il feradeux descriptions distinctes,ou bien d'avoirá traiter, quelqu'en soit la caiíse
productive,une hémorrhagieintersticielle,un anévrysmediffus,ouun anévrysme
enkysté? Ce qu'il luiimporte,c'estla lésion à laquelleildevra porter le remede,
et, si les ejfets produits ont été, en définitive,les mêines sov^s lesrapports dela
cliniqueetde lathérapeuf ique,peu luiimporte si les anévrysmessont endogènes,
ouéxogènes.
Os que do
exame
histológico dosacco aneurysmaltiraram osele-mentos necessários para fundamentar
uma
classificação, estabeleceramduas grandes classes, verdadeiros e falsos.
Com
o progredirincessante,porem, da anatomia pathologica, não
podem
sercapituladas deaneurys-mas
verdadeiros,como
consideravamos auctoros antigos, as simples di-lataçõesarteriaes,por issoque não teem os caracteres essenciaes d"aquel-les, além de quevantagem
alg-umaresulta ao pratico de saber, se osac-co aneurysmal ò formado dastúnicas arteriaesou não, quandoa
sympto-matolog'ia, o diagnosticoe a therapeutica não soffrem modificações.
í^e-melliantes denominações não deixam atédeserinconvenientesno estado
actualda scienciapela confusão que à esta trariam, visto que
antiga-(8) Obracitada,pag. 521.
—
6
—
mente
era considerado verdadeiro oufalsoum
aneurysma, se o sacco eraformado dadilataçãodetodas as túnicas arteriaes, oude
uma
só d'estas.Doutrinaéesta queosanatomo-pathologústas modernos
teem
reg-eitado, epelo contrario
chamam
verdadeiro aquelle,na
composiçãode cujo saccoentra qualquer das túnicas daartéria. Taes denominações são ainda
im-próprias, porque,
como
bem
diz Broca, o termofalsotraz á ideia alg-umacousaespecial e excepcional.
Julg"amos, pois,mais util e de maiorinteressepara ocirurg-iãoo
sa-ber que o sang-ue éou nlo contido
em
um
sacco próprio, e que este é reg-ular, ounão, e se acausaéexterna ouinterna, do queterideiaexa-ctado
numero
de túnicas arteria3s que entramna
composição do sacco,ouse
uma
membrana
de nova formação o constitue.Tem-se
aindadivi-dido
em
diífusos e circunscriptos os aneurysmas, e essa divisãog^eral éuma
das melhores, etem
bastantesrelaçõesnlo s jcom
o diag*nostico,como
com
atherapeutica. Os circunscriptosforam ainda subdivididosporalg'unsauctores
em
verdadeiros, isto é, aquelles, cujo sacco é formado pela dilatação dastres túnicas arteriaes;em
falsos, istoé, aquelles,cujosacco éformado por
uma
membrana
de novaformação; e aindaem
mix-tos, cujo sacco participa da natureza dos precedentes. Ja anteriormente
mostramos a
má
applicaçãodostermosverdadeiro e falso,que nãopodem
maisfigurarna
scienciamoderna
sob amesma
antig-a accepção. DesdeFernel até Scarpa, áquem,porcerto, cabe ag-loriade haver combatido a
opinião g^eralmente recebida de qu3todos os aneurysmas espontâneos
originavam-se de
uma
dilataçãoarterial, quasitodos os Patholog"istasad-mittiam a suaexistência.Doutrinaéesta,contra aqual
haviam
protestadoSennert, Barbetti, Diemerbroeck, Goney,
Mouro
e alg-uns mais, aindamuito antesdeScarpa, se
bem
queeste tivesse ido muito mais long-e; porquanto,depois dehaverneg-ado a existênciadeaneurysmas
verdadeiros,pro-curou estabelecer
como
opiniãobaseada, quenenhum
aneurysma
existe,paracujaproducçãoseja necessária aprecedência de
uma
dilataçãoarte-rial.
O
auctor, diz muitobem
Broca, quando apresentou suas reflexões eobservações sobre os aneurysmas
n'uma
epocha,em
que aanatomiapa-tholog"ica estava ainda
em
seuberço,nãojulg-ava possível queuma
dila-taçãoarterial podesse formarum
tumorcircunscripto, terum
sacco dis-tincto do canalarterial, que obstasseaolivre curso dosang-ue, eque
esteemfim manifestasse tendência à se coag'ular, depositando-se
em
camadasconcêntricassobre asparedes arteriaes; hoje,porem,quasi todosos
Patho-log-istassão accordes
em
admittirque a simplesdilatação arterial sepodetransformar
em
um
aneurysma, efactos não pouco numerosos existem,que confirmam esta asserção. Os aneurysmas falsos, isto é, osde sacco
formado por menbranas de nova formação, tiram suaorig-em de
feri-mentos e rupturas de artérias.
arterio-venosos, se o sacco
communica
somentecom
aartéria, ou secom
a ar-tériae veia aomesmo
tempo.A
elassificacrio g-eralraente acceita pelos pathologistas é esta; es-I)ontaneos e traumáticos, subdivididos os primeiros, segundo aspar-ticularidades da estractura do sacco, e os seg'undos
em
ditfusoy falsos primitivos, e falsos consecutivos e arterio-venosos, formando(ístes duas espécies distinctas,variz aneurysmal, eo
aneurysma
arterio-venoso.
Parece simples e natural esta classificação;
mas
osprogressosqueaphysiologia pathologica
ha
tido n'estes últimostemposdemonstram
quãoincompletaé ellahoje; porque se
tem
conhecido quenem
todos osaneu-rysmasarterio-venosos seoriginamdo traumatismo.
Com
o fim,pois,de fazersanar os defeitos provenientesd"esta classificação,até entãogeralmente
aceita, apresentaBroca
uma
outra, que, se nãosatisfazcompletamenteaoespirito, pelo
menos
secompadece melhorcom
as necessidades daprati-ca cirurg'ica. Divideo auctorosaneurysmas primeiramente
em
arteriaes e arterio-venosos; depoisforma dos primeiros duas subdivisões, circuns-criptos, queabrangem
o verdadeiro, o mixto externo, ofalso ouenkys-tado e o kystogenico; e ditfusos, que
comprehendem
o diffusoprimitivoe o ditfuso consecutivo. Dos segundos estabelece duas espécies variz
aneurysmal ouphlebarteria, e
aneurysma
varicoso. Foi,certamente,um
grandeserviço, queprestou Brocaá sciencia; porque na realidade esta
suaclassificação é
uma
dasmelhores que se ha feito.Entretanto, porem, não aadoptamosem
sua totalidade, por issoque nossomodo
de pensarem
relação aos aneurysmasdiffusosnos leva ádivergirdod'este escriptor-TírnestHart(9) e Erichsenclassificamquasi queidenticamente, incluindo,porem, n'esta classede aff^ecções adilataçãoaneurysmal, ouo
aneurysma
fiKsiforme, que, segundo os melhores auctores modernos, éconsideradocomo
uma
simples dilatação arterial.O
primeiro d'estes auctorestoma
porbase de suaclassificaçãoaanatomia do sacco aneurysmal, o
segundo
asformasdiversas que este reveste. Nós, porem, de accôrdo
com
amaio-riadoscirurgiões modernos dividimos os aneurysmas
em
dctasgrandesclasses-aneurysmasarteriaes e arterio-venosos;subdividida cada
uma
em
duasordens-espontaneos e traumáticos. Os arteriaes espontâneos
com-prehendem
asseguintes variedades: mixtoexternodeScarpa, dissecante,kystogenico, fusiforme, e sacciformo: os traumáticos oufalsos
com-prehendem
o falso primitivo e o falso consecutivo. Osarterio-ve-nosos tanto espontâneos,
como
traumáticosabrangem
duasespé-cies, variz aneurysmal e
aneurysma
varicôso.Nós
na
continuaçãodonossotrabalho,occupar-nos-hemossomentedosaneurysmas
espontâne-os arteriaes.
Auatomia
e
Pliysiologia
patliologicas.
Importante é o estudo da physiolog*iae anatomiapathologicas dos
aneurysmas, estudo que
tem
merecido a attençao de todosos Patholog-is-tas, e sobre o qualascienciamoderna
tem
realisadoimmensos
progres-sos.
A
estructuradosacco aneurysmal é,como
anteriormente dissemos, abase,em
que sefundam
os anatomo-pathologistas, quando pretendemestabelecer suas classificações. Vimos, quando d'ellas nos occupamos, que elles admittiam asseguintesespécies: verdadeiros, mixtos (internos e externos), falsos,dissecante e kystogenico: vejamosag-óra secada
uma
d'ellasrepresenta
uma
variedadebem
caracterisada.Aneurysma
verdadeiro dever-se-hiachamar
aquelle que fosselimita-do por
um
sacco,em
cuja composição entrassem astres túnicas arteriaes.Quando
tratávamos dasclassificações, mostramos que aaífecção, áqueosantig"osauctores
davam
onome
áe aneurysmaverdadeiro,erasimplesmenteuma
dilataçãoarterial, quenadatem
quevêrcom
aclasse dos aneurysmas propriamenteditos: dissemos entãotambém
que eramuito exag-erado og-randeecelebre cirurgião de Pavia, quando,combatendoaopinião
g-eral-mente
recebidadequetodadilataçãoarterialconstituoum
aneurysma,ne-gava
apossibilidade datransformaçãod'ellaem
um
tumor
d'essa espécie.Certamente,nosindivíduosde idade provecta teem-se encontrado,
coincidin-do
com
a presença dos aneurysmas, dilatações de artérias:mas
n'essascircunstanciasnão ha propriamente aneurysma; por quanto as
altera-ções athéromatosassão incipientes apenas, e
nem
existetumor
circuns-cripto,
nem
os outros signaesd'aquellaaífecção. Porem, se asalteraçõesprogredirem, e as túnicas arteriaes. perderem sua elasticidade,
produ-zir-se-hao aneurysma, porisso qne estassehão de romper. Quanto aos
casos,
em
quese julgater encontrado ainda perfeita atúnica interna, e que setem
considerado,como
exemplos evidentes deaneurysma
verda-deiro, asexperiências de Pigeaux claramente
demonstram
que o quesi-mula
túnicasorosan'esses aneurysmas, outra cousa não é mais doque
uma
simplesmembrana
produzida pelo sangue, aindaem
circulaçãono
interiordosacco.
Em
verdade,este celebreexperimentalistaverificouqueo liquidosanguíneo, quando circula
em
uma
excavação cellulosa,deter-mina
a deposição deuma
lamina delgada etransparenteem
tudoseme-lhante á túnica sorosa das artérias. Ora, se o sacco aneurysmal está
n'es-tas condições,não
ha
razão para que não se deposite esta lig-eiramem-brana, eportanto não é necessário admittir-se
uma
espécie distincta deaneurysma
pelo só factode se haveralguma
vez encontrado semelhantemembrana.
Aneurysmas mixtos internos: a túnica interna das artérias é
uma
—
9
—
ainda as mais lig-eiras. Comprehende-se,pois, que ellaporsi
sónlopode
constituir o sacco de
um
aneurysma, paracuja forma;;ão serianecessá-rio que se distendesse consideravelmente. Osfactos que se leem nos
annaes scientiticos,
como
comprobatórios da existência d"estaatfecção,sSo apenascasos de aneurysmasmixtos externos,
mal
dissecados einter-pretados, e, se
tem
sidoadmittidoscomo
taes,ésimplesmenteem
theoria,^hio que caso alg'um
com
caracteresbem
distinctos setem
apresentado.Algumas
peças anatómicas, que setem
exhibido, boje queestio comple-tamenteestudadas,nãosãomaiscapituladas,como
exemplosd"esta espéciede aneurysmas.
No
myato externo, que é inneg-avelmente o mais frequente deto-dos os aiieurysmas, a túnicaarterial externa éa.única que entra
na
composição dosacco. N'esta variedade, cuja descripçãosedeve aogrande
cirurgirio dePavia, a alteração bistologicadas túnicas internas éa que
primeiro entra
em
scena, equandoestas seteem
rompido,osangue vencea
pequena
resistência, que lhe oppoea túnica externa,aqual,distenden-do-se,
vem
áconstituir o sacco.O aneurysma
dissecante, entrevistopor Maunoir, e descripto depois por Lajimec, dequem
recebeu onome,é
uma
variedade aneurysmaticadasmaisnotáveis, ecujaproducçlo assemelha-se de
alguma
sorteàdopre-cedente. ]\'as,para que esse
aneurysma
seforme,nãobastaquea alteraçãohistológicadastúnicas internas asabranja
em
um
s5 de seus pontos, ou•
em
todasuacircumferencia,demodo
que,quandoa pressão dacolumnadesangue vencer o obstáculo queellas deparam-lhe, a rupturase eifectue;
n"io: é necessário que,
com
o choque dacolumna
sanguineacontinua-mente
exercido, a túnica externa, já distendidalogoapós a ruptura dasinternas, sedescolle, e que osangue se accumule entre estase aquella,
formando assim
um
tumor
parallello ao canal da artéria. Se a rupturaas
comprehende
em
toda sua circumferencia, otumor
queresulta éfasiforme oucylindrico,
permanecendo
otubo arterialbanhadodesanguepor todosos lados. Essavariedade deaneurysmas érara, e mais rara
aindanas artériasdos membros. Pertence, pois, mais áclasse dos
aneu-rysmasmédicos, doque à doscirúrgicos.
Existe, ainda,
um
aneurysma
que novivonãosemanifesta porsignalalgum
especial, evem
áserokystogenico, oqual éformadoporum
kystodesenvolvido nas túnicas arteriaes, abrindo-se para a cavidade d'estes
vasos. Hoje não
ha
Pathologistaque desconheça a suaexistência;por-quantopeçasanatómicas existem que incontestavelmente a confirmam.
Já Stcínzei,
em
uma
autopsiahavendo encontradoum
pequenoaneurysma
obliterado, tinha supposto aexistência d"aquella aíFecção; Leudet,porém,
apresentando á sociedade anatómicaduaspeças,confirmouas ideias d'este
e deCorvisart.
Com
eífeitoem
uma
destasveem-setreskystos pequenos, douscommunicando
com
o canul arterial,dosquaesum
por largoorifício,—
10—
o outro pordons pequenos; o terceiro,porém, aindanão sehaviaaberto.
Desenvolvem-se esteskystosentre a túnica externa eas internas,de
modo
que, ao
romperem-se
para aartéria constituem verdadeiros aneurysmasmixtosexternos.
Em
relação ássuas formasosaneurysmasconstituemasduasseguintesvariedadesmuitodistinctas
—
fusiformeesaxiforme.Na
producção doaneu-rysma
fusiforme as túnicas internas dasartérias,em
vezde seromperem
somenteem
um
ponto,como
costumaacontecerno mixtoexterno,rompem
se ao contrario
em
toda sua circumferencia; e,como
o sang-uecontinúaúexercer pressão
em
todos ospontosd"esta, a túnica externase dilata, evim tumor distincto do canal arterial seforma, quepor seu intermédio
mantém
acontinuidaded'este. Se aartériaestá situadaem
parteque não oppõe obstáculo ao desenvolvimento doaneurysma
em
todo e qualquersentido, este setorna perfeitamente fusiforme, por isso que a sua parte
mediadilata-semais, doqueassuas extremidades.
Nem
sempre,porém,ascondiçõessão asmesmas,e pode succederque
um
obstáculo existaem
um
ponto;então adilatação terálug-armais
em
outros,doquen'este, eportantoaformase modifica,de
modo
quemuitas vezes simulaum
aneurysma
saxi-iorme.
No
aneurysma
fusiforme existem dous orifíciossituados,em
g-eral,em
pontosoppostos,de maneira que, quando o sang-ue penetra pelosu-perior,a elasticidadedosacco,posta
em
jog"o,reag'esobreelle, eofazpassar ao inferior.Quando
os coag-ulos,em
consequênciadacura espontânea ouartificial, seteemformado,procuram,
em
g-eral, depositar-sena
peripheriadosacco, deixando-lhe
um
canalpermeável nointerior. Pode, entretanto,succederque este canalváoccupar a parteperipherica, eentãoélimitado
de
um
ladopelasuperfície dos coágulos, deoutro pelaface internadosacco.
O aneurysma
saxiformecommunica
com
ocanal daartéria,ou
dire-ctamente por
um
orifício, oupor intermédio deum
pedículocanaliculado. E'de todas asformas deaneurysmas amaiscommum,
e aque melhorseprestaaos diversos meiosempreg-ados pela therapeutica cirúrgica.
O
ori-fício decommunicação émuitovariável,nãosó
em
relação ásuagrandeza,como
ásua forma.Quando
o tumoréincipiente, este orifício épequeno,estreito, irregulare debordos cortantes e franjados; quando, porém,já é
muito desenvolvido, é entãolargo, regular mais ou menos, de bordos
rombos, e
em
roda se encontram quasi sempre vestígios das diversasdegenerações histológicas, queprovocaram asua producção.
A
artéria,em
que semanifesta este aneurysma, éoradisposta porformatal,que
simulaatravessal-o, ora parececomprimida
em
virtudedotumor
repousarsobre ella
O
aspecto émui
variáveltambém,
umas
vezessuasuperfície élisa, emais ou
menos
arredondada; outras, porém,écheiade saliências e—
11—
depende da posição do orifício de commiinicaçao, e
também
dasdi-mensõesd*este. Assim, quando este se acha situado
na
parte superior, ácada systole cardiaca o sang-uepenetra facilmente n'elle, evae actuar
com
quasi toda a força,com
que vinhasobre o fundo do aneurysma,tor-nando
o crescimento d'este maisrápido, e quasi semprena
direcção dovaso. Quando, porém, oorifícioésituadomuito embaixo, a
columna
san-gHiinea que o atravessa não pode exercertoda sua forca depressão, eporissoseu crescimento se fazlentamente, porquanto grandeparte d'esta
forca se
ha
perdido peladirecção retrograda, que acolumna sanguineaé obrigada á seguirparachegar ao fundodo sacco, e é ainda
em
conse-quênciad"este facto que n"estas circumstancias o
aneurysma
perdurapormais
tempo
sem
se romper.Hart (10) attribue muita influencia ásdimensões d'estes orifíciosno
desenvolvimento doaneurysma.
Segundo
ellequantomenor
fòro orifíciodecommunicaçuo, maisrápidoSfváseu crescimento,emaisimminentesua
ruptura, eporisso tãorarossão osaneurysmaspediculados, que
chegam
á adquirirvolumesconsideráveis
.
O
authorexplica este facto comparando oaneurysma n'estascondi-ções aopequenoinstrumento, conhecido
com
onome
de paradoxohydros-tatko,queéformado de
um
pequeno
tuboem
communicação
com
um
folie.Se, pois, dizHart, estiveremcheios deliquido tanto o tubo,
como
o folie,quanto
menor
for o diâmetro do orifício interno d"aquelle,maiorserá apressãonointeriord'este. Ora,
um
aneurysma
saxiforme,communicando
com
uma
artériaporum
orifícioestreitado,seachanasmesmas
condiçõesphysicasque esteinstrumento. E' aceitável esta explicação dadaporelle,
e fundada nasleis da physica.
O
sangueno
interior dos aneurysmassofí*remodificações
em
seu estadomuito maisdig^nasdeattrahiraattenção,doqueas quesedão
na
estructura de seusacco, modificações, quedizemrespeito à natureza e qualidades dos coágulosqueláse formam. São
na
verdade estes coágulos, que,augmentando
a densidade das paredes dosacco aneurysmal, asfazemresistirá acção enérgica docoração, e obstam
áseu desenvolvimentoprogressivo: sãoelles, ainda, que,pelo
augmento
de densidade e espessura do sacco. o fazem retrahir-se, e concorrer
assimparaa obliteraçã,o da suacavidade.
Ao
abrir-seum
aneur^^smano vivo, oudepois damorte, duasespé-cies de coágulos o
enchem
mais oumenos
completamente; unsverme-lhos,molles e amorphos,outrosduros, mais ou
menos
descorados edis-postos
em
laminas. Como, porém, seproduzem
esses coágulos? Porquerazão unssão.mollese corados; outros duros, descorados e dispostos
em
laminas?Taes sãoas questões, que nos
veem
ámente, questões de altatranscendência
em
relação ájustificação dos diversosmeiostherapeuticos—
12
—
cirúrgicos, propostos
na
cura dos aneurysmas. Antes, porém, den'ellasentrarmos,estudemosacirculaçãoarterial ao nivel e aindano interior do
tumor
aneurysmal.Supponha-se o aneurysma, cujaforma é
amais
frequente, osaccí-forme. Játratandod^elle, dissemosque
um
sóorifício existiaqueopunha
em
communicaçdo
com
o canal arterial. Quando,em
consequência dasjstole cardíaca o sangue atravessa o orifício superior da artéria ao
niveldo
tumor
aneurysmal, parte penetrana
cavidaded'este,parteseguea direcçãoque trazia, eportantoaquantidade de sangue que chegaao
orifícioinferior,é
menor
do queaquepassa peloorifíciosuperior;eporissoapressão queexercen'esteémuito maiordo quen'aquelle. Mas, quando
sobrevem asystoleda artéria, então o sacco aneurysmal,
em
virtude desua elasticidade, seretrahe, e expelle osangue contido parao canal da
artéria; e,
como
noorifíciosuperioruma
novacolumna de sangueappa-rece, este então se dirige ao orifícioinferior, onde apressão era
menor
durante a diástole arterial,
porém
maior agora,em
consequência donovo impulso, que lhe é transmittido pela elasticidade do sacco,
ha
poucoretrahido.
No
interiordo saccoa circulação sefazdomodo
seguinte:na
diástole arterial vimos queparte do sangue, que entrava peloorifício superior, penetrava noaneurysma
atravez de seuorifício decommuni-cação;
na
systole,porém, parte d'esse sangue refluiaparaa artéria,em
consequência da retractibilidade dasparedesdo sacco.
Todo
o sangueque entrano
aneurysma na
primeiradiástolenãoreflue paraa artériana
systole, de maneira que
n'uma
segundadiástole a quantidade queentraémenor,
enão
se mistura ao precedente, senãona
parte amaispróximado orifício,no entantoqueo quese acha
em
contactocom
asparedes dosacco experimenta apenasmovimentos oscillatorios, etende á se
depo-sitar sobre ellas.
Acontece, ás vezes, que dosacco aneurysmal
emergem
ramos
colla-teraes, e estes, então, ou são impervios, emodifícação
nenhuma
trazemácirculaçãoaneurysmal, ouestão pervios; eportanto acirculação se
tem
de alterar.
Em
consequênciadasystole arterial asparedesdoaneurysma
seretrahem,e
comprimem
osangue, quelá existe, e estetende á sahirpelosorifícios, que encontra; então s3 estabelece
uma
corrente interiorentre o orifício de
communicação
e o da collateral; nos outros pontos,porém, o sanguefica
em
repouso, ouquando muitoem
movimentos
oscil-latorios.Ora,comprehende-se queseacollateralnãoestiver obliterada,e se osangue secoagular nos pontos,em
que estáquasi estagnado,um
canalse forme, estabelecendo
uma
communicação
entre otronco arterialea
collateraldoaneurysma. D*estefacto,entretanto,nãoexisteprova
alguma
material; razão, porque Berardconcluequeas collateraesnosaneurysmas
estão sempreobliteradas.
No
aneurysma
fusiforme a circulação sefazde-
13
—
superior, tivessede atravessar
um
canal de paredes inextensiveis.pas-saria ao orifício inferior
na
mesma
quantidade ecom
amesma
tensão;mas,
como
asparedes do saccosão contracteis eextensiveis,succede que,quandoa diástole arterialse faz, o sang-ue,que entra, as distende,
per-dendo assim parte de suaforça, de
modo
que, quando chega ao orifícioinferior, ésempre
em
quantidademenor
ecom
muito poucaforça.Na
systole as camadassang-uineasmais próximas aoorifícioinferior,atraves-sam-n'o do
mesmo modo
que,em
idênticas circunstancias,noaneurysma
sacciforme. N'este aneurysma,pois, o sang-ue correnocentro
com
muito maiorrapidez, do que nas partos periphericas, onde tende ácoap^-ular-se.Como
porém
explicar-se a produccão d"esses coágulos'? E' osangueum
liquido, que, para se conservarcom
todosos seos caracteres epro-priedades, necessita estar
em
continuo e perenne movimento.Desde que entra
em
repouso, seus elementostendem
áseparar-se, e afibrina, então, se coagulando,prende nasmalhas desua rêde os gló-bulos, 6 constitue assim o coagulo vermelho, molle etc.A
superfícieinterna dasartériasérevestidade
uma
sorosaque alubrifícaconstante-mente, efacilitaassimocursodo sangue.
Quando,pois, qualquer que sejaacansa, houver alteração, ou
des-truição d'esta sorosa, o sangue tende á coagular-se ahi,
como
succede,ãchando-se
em
contactocom
qualquer corpo estranho. Aindamais;uma
ligeirainflammação é capaz de produzir
também
a coagulação do sangue.Ora, si
n"um
aneurysma, além da morosidade da circulação, existemestasduascondições, e secadaumad"ella8 por sisó écapaz de produzir a coag'ulação do sangue, por maioria derazão, quandoellas
obram
con-junctamente, essescoágulosse
devem
formar; eisto tanto mais verdadeé, quando sereconhece a presençadelles
em
todos osaneurysmaspropria-mente
ditos, e quando nas simplesdilataçõesarteriaes,em
que o sanguecirculalivremente,
eem
quepersistea túnicasorosa, não setem
demons-trado coagulação alguma. Dissemos, aindahapouco, que
na
abertura deum
aneurysma
duasespéciesde coágulos se encontrava, unsmolles, decoloraçãoquevariadesde overmelho claro, até overmelhonegro, outros
duros,
sem
cõredispostosem
laminas, chamados os primeiros por Brocacoágulospassivos, os segundos activos.
Como
seproduzem
estasduas espécies de coágulos"? diversas são as theorias. Wardrop,em
suaobraintitulada Traité des anéi-rijsmes, procurasustentar
sem
fundamento queoscoágulos activos seformam
em
conse-quênciada coagulação da
lympha
plásticano interior do saccoaneurys-mal;
sem
fundamentodissemos, porque aslaminasasmaisexternasdestescoágulos, asquaes deviam ser asmais recentes, são ao contrariomais
descoradas e resistentes, doque as internas; oque nãosuccederia, si,
por-ventura, fosse a
tympha
plásticaquesecoagulasse paraproduzil-os.Como
explicar-se ainda pela theoria de
Wardrop
as curas pela compressão—
14
—
dig-ital
em
alg-umas horas? Assim, pois, caheporterra essa theoriaque
não fundamenta metliodo alg*um datherapeutica dos aneurysmas. Mais
tardeHodgson,Broca,e0'BrienBelling-hanno anno de1847,
em
seu trabalhointitulado Observations on aneurysm andUs treatment by compremon
explica-ram
a formação doscoag"ulosactivose passivos pelas modificações dacir-culação nointeriordo aneurysma. Seg-undo elles os activos oufibrinosos
se
produzem
pela deposição dafibrina do sang-ue sobre as paredes dosacco. Mas, paraqueessadeposiçãotenha lug-ar,é necessário que a
cir-culação setorne lenta e morosa; porque, desde queesta pára,todoo san-g-ue contido secoagula,e se
formam
então coag-ulosnegTos. Foifundadon'estatheoriaqueO'BrienBelling-han propoz o
methodo
da compressãoparcial e intermittente
na
cura dosaneurysmas.Kichet(11) sustentasatisfactoriamentequeos coag-ulos activosnãosão
primitivamente taes, e sim
uma
transformação dos coag-ulos passivos, esuppõe
sem
razãoconhecidaqueestasedáem
consequência deum
trabalhoinflammatoriopoucointenso. Assim exprime-se elle:
na
demora do curso dosanguenosacco aneurysmal, suarenovaçãoincompleta,suaestagnaçãoe irregula-ridade das paredes não são senão as condiçõesphysiologicas da formação dos coágulos; ha
uma
outra aindamais poderosatalvez,á quechamarei voluntaria-mentepathologica;éainflammação,nãoainflammaçãolevada aos últimoslimites,até a suppuração e a gangrena; mas esta inflammação sub-aguda que Hunter
chamouadhesiva»
Do
que deixamos dito se deprehende que duas são as theorias principaes que existem sobre a formação doscoag-ulos, ade O'BrienBelíing-han e Broca, e ade Richet.
Léon LeFort estabeleceu, servindo-se doselementos das precedentes
theorias,
uma
outrapropriamente ecléctica e baseadaem
factos clinicosenos progressos datherapeutica cirúrgica, quese pode resumir nestas
duasproposições: primeira; oscoágulosfibrinosos são
uma
transformaçãodos coágulospassivos: segunda; paraqueellesseformem, é necessáriaa
persistênciadecommunicação entre a artériaeo sacco,erenovação inces-sante desangue
na
cavidadedoaneurysma.De
feitopormeiod'estatheoriao autorexplicade
um
modo
claro e evidente a evolução dos coágulos quese
formam
nointerior dosaneurysmas.Tratandonósdacirculação no interiordosaccoaneurysmal,dissemos
que ascamadas sanguineas mais
em
contactocom
asparedes d'esteouficavam estagnadas, ou apenas
eram
submettidas ámovimentos
oscilla-torios pouco enérgicos, e n'estas circumstancias, não se renovando o
sangue, ahi sedepositava
em
forma de coágulos mollescom
todososseuselementos.
Logo
que pela continuação das pulsações penetra novo sangue, ocoagulo mollequejá existiaérecalcado de encontroásparedes, e
—
15
—
quencia desta compressão,espremido o sòro, o qual vaimisturar-se
com
osang"ue ainda
em
circulação, resulta imia folha albumino-íibrinosa,quese amolda ásparedes aneurysmaes, e,
como
esta,muitas outrasqueficamsuperpostas. Se,porém, fôrde repente interrompida a circulação,o
san-gue
quenoaneurysma
existeha
se decoag-ular, e aevolução, de quefalíamos, nno se effectviará, caso
em
que esse coag"ulo molleoupassivoou
tem
deobrarcomo
verdadeiro corpo estranho, ou desag-gregar-separaentrardenovo
em
circulação, quandoesta se restabelece,como
cos-tuma
succeder depois daoperação da ligadura. Comprehende-se,ainda,por esta theoriaque, á proporção que novoscoágulosse formam, novas
laminas
também
sevão depositando; o que explica adisposição doscoá-gulos, segundoBroca.
etiologia.
Consultando-se as obras dos diversosautoresquese hão occupado
da etiologia d'esta aífecção, vô-sequequasi todossãoaccordes
em
dar ásidade.-j
uma
influencia não pequenasobre a manifestação efrequênciad"ella. Crisp, (12]
em
um
quadroestatísticoSobre aneur3'sma3espontâneosinternoseexternos, publicado
na
Grã-Bretanhadesdeo anno de 178oaté 1847, representandoum
total de 551 casos, mosfra que amaiorfrequên-cia desta moléstiase dá naidadede 30
àoO
annos. Lisfranc (13)em
um
quadro de 120 observações suas confirmaa opinião deCrisp. Farece-nos,
pois, quea conclusãológicadestasobservações éque nosextremosda
vi-dapoucatendênciaexisteparaaproducção d'estaaffecção, cujamaior
fre-quência
tem
logarna
idademédia davida. Este resultadonãosó éveri-ficado pelasestatísticasque
abrangem
osaneurysmasdetodas asartérias,como
também
pelas quesão relativasáuma
só artéria. LéonLe
Fort(14) reuniu 259 casosde ligaduradaartéria carótida
em
virtudedeaneu-rysmas espontâneos, e encontrou o
máximo
de frequêncianaidade de 30á 49 annos. Observa-se quasi a
mesma
proporção quantoaosaneurysmasespontâneos do tronco brachio-cephalico Assim
em
um
total de 35casos acharam-se apenas 2
na
idadede 10 á 30 ánnos; 5na
de 30 á 40;7
na
de 50 á60; e apenas 2 além de 60 annos. Broca reconheceu, peloexame
accurado que fezdaestatísticade Crisp, queha
um
certo antago-nismo estabelecido pelas dilferentesidadesem
relação á frequência dosaneurysmas suprae sub-diaphrag*maticos; antagonismo que elleexprime
(12) DiscasesandInjuries oflheblood-vessels,London\S34t.
(13) Desdiversen methodespour robliteration des artères dansle traií. des anévrysmes. Paris 1834.
—
16
—
na
seg'uiiite proposição—
«A' mesurequeVhomme
avance enâge,ladkpontion aíix anécrysmesaugmentesur les artèressus-diaphragmatigues etdiminue sur lesartèressous-diaphragmatiques.yyO
queé queexplica esse antag-onismo?Para Broca, árespeito dosaneurysmas deve sepensar do
mesmo modo
que sobre asliernias; assim admitte elle aneurysmasde força ede
fra-queza, asserção esta que se fundamentanasseg-uintespalavras: (15) «/í?
suis disposè à le croire. Les anévrysmes deforce, siirvenantála suite d'efforts
violents, de mouvements exagérés, se montrentde préférence sur les individua
dans la force de Vâge; Uspeuvent atteindre toutesles artères,mais onles obser-veprincipalement surlesartèressous-diaphragmatiques. Lesanévrysmes de
fai-blesse,développésá lafaveurd'unealtérationquidiminuelarésistancedesparois
artèrielles et qui survient ordinairement par lesprogrès del'âge,réconnaissent
pour cause déterminante lacontraction pureet simpleduveníriculegaúche du
cceur, et se montrent surtout sur les artères quireçoivent directement le choc
des ondées sanguines.LacrossedeVaorteetlesbranches qui ennaissent ensont le
siège le plus habituei. Quant auxartères sous-diaphragmatiques, elles y sont
beaucoup moinsexposées,parce qu'ellessont plus éloignéesdu cceuretquela co-lonne sanguine, en se réflêchissantau niveau de la crosse aortique, perd une
partie de sa violence.»
Sexo. Sãotão frequentesosaneurysmasnoshomens,
quam
rarosnasmulheres.
De
todos os casos eolleccionados porCrisp, pode se dizerquesó
uma
oitavaparte foi observadan'estas.E
Léon LeFort (16)em
40 casosd"esta affecção no tronco brachio-cephalico verificousomente4
em
mu-lheres;
em
74 casosna
carótida,em
quesepraticou aoperaçãodalig-adura pelo methodode Anel, notou somente 21em
mulheres e 53em
homens.Será, por ventura, devidoesse resultado aog-enerodevidaespecial,á
queseentreg^am osindividuos decada sexo?Oshomens,emg-eral,
em
con-trario das mulheres, principalmente
em
nossopaiz, occupando-seem
mistéres que exig-em movimentos muscularesviolentos e energ-icos, os
quaes activam acirculação e forçade impulsão cardiaca, são
indubitavel-mente
maisaptosa contrahiremum
tal g-enerodeaffecção.N'estes as artérias, soífrendo repuxamentosbruscos e pressões vio-lentas, não
podem
deixar de ressentir-se e experimentar aruptura de suas túnicas, d'onde a producção dotumor aneurysmal.Uma
observaçãodig-nade attenção éque os aneurysmasinternos sãomaisfrequentes nas
mulheres do que os externos; o que se demonstrapelas e.statisticas:
as-sim,
em
243 casos de aneurysmas internosum
quinto pertencia àmulhe-res; e
em
283 de externos (não comprehendidos os dacarótida) só 20tinham sido observados n'estas.
Raça. Quanto a esta causa predisponenteapontada pelos autores,
Broca, obra citadapag. 49
—
17—
estamos convencido deque nada sepoderáaffirmararespeito desua in-fluencia para a producção dosaneurysmas.
Com
quanto sejam estas af-lecçõesem
maiornumero na
Inp-laterrae nos Estados-UnidosdaAme-rica, do que
na
Fran-a, Allomanlia,Itáliaeem
outros paizes, os hábitosdosliabitantesde cada
um
d'estes não deixamde teruma
influencia porcerto tuo notável sobre a frequência d"estas afeções, quanto as raças, de
modo
quesobreestepontoetiolog'iconãoexistemmaisdoquesimplescon-jecturas.
Se
ha
paiz, ond^ esta moléstia, perraittam-nosa expressão, reinaquasi endemicamente, éa Ing-laterra, e depoisd'este osEstados-Unidos.
i\'este ultimo,porém,observa-se quesãomais frequentes nos emig'rados
jng-le/ies e Irlandezes,do que nos pretose nasfamíliasbrancas,
estabele-cidas ejá acclimadas. Diversosdocumentosexistem nos anuaes scientiti-cos, que parecem, entretanto, trazer alg-umaluz áquestão da influencia
das raças: assim
Webber,
áfrente do serviçocirúrgico da emigTação co-lonialdasíndias Orientaes, tendovisitado oshospitaes dos indig-eua-;em
Bombaim,
e consultado os médicos e cirurgirx^sda ludiainglezasobre afrequência d'esta moléstia, colhe oseg-uinte esclarecimento
—
que éra-ríssimo o casode
aneurysma
oude afl^ecção cardíaca entre osnaturaesdopaiz.
Em
seu relatório a respeito do estado sanitário dastropasnasco-lónias Inglezas diz Tulloch
—
que, no decurso deseis annosem
Ceylão,em
um
exercito de 13,000 soldados europeos, deram-se trez casos deaneurysmas; entretantoque,
em
22,000 indigenas, soldadoseprisioneiros,nenhum
sócaso foiobservado.E' o systema arterial aórtico o que,
em
contraposição aopulmonar,apresenta o
máximo
decasosde aneurysmas. Seg"undo o importantetra-balho de Crisp vê-seque raramente se tornaeste systemaséde d'aquella
affecção; e de suas aturadas investigações quanto á sédedos aneurysmas apenas verificou odistinctoPathologistadouscasosnaartériapulmonar,
não
em
seu troncoprincipal,mas
em
seus ramos. NasobrasdeAmbrósioParé lê-se
uma
observação, na qual reconheceu estepela autopsiaser otronco daartéria pulmonar a séde de
um
aneurysma. Qual arasão dara-ridade dos aneurysmasneste systema*?Até hoje asciencianão deu ainda
sua ultima palavra sobreesta questão.
O
que, porém,está fórade todaequalquer contestaçãoéque
oathero-ma
e as incrustações calcareas, origem por certomui
frequente dapro-ducçãodoaneurysma
espontâneo,não setem
observado, senãocomo
uma
raridade no systema pulmonar. Julgamos muito provável, senão certo,
que a natureza dosanguearterialinflue dealg*ummodo namanifestação
d'estas alterações; e
um
caso citado porBroca nostrazalgum
esclare-cimento.
Uma
mulhervelha sobos cuidados de Moissenet,em
Salpètrière,manifestava duraute a vida
uma
cyanoseintensissima; depois de morta,fazendo-se-lhe autopsia, encontrou-se o canal arterialpersistente, e,
em
-
18-roda do seuorificio de coramimicaçao
com
a artériapulmonar,um
depo-sito calcareo de extensão de
um
centimetro; e outroig-ual no da aortaBrocaexplica satisfactoriamente aformaçãod'esses depósitospelo
reflu-xodosang-uevermelho arterialdaaortapara aartériapulmonarpor
inter-médiodocanalarterial:este factoé bastante poderoso para nos firmar
no
quedissemos sobre a influencia do sang-ue arterial
na
ptodcução dosaneurysmas espontâneos.
Parece-nos
também
quealgnma
importância deve merecernestaquestão a forçade contracção do ventrículodireito.
Em
verdadeocora-ção direito
tem
menos força de impulsão, do queo esquerdo; por tanto o choque daondasang-uinea deve sermenor
no systema pulmonar, doque no da aorta:o queexplica,á nosso ver, a maiorfrequênciad'esta af-fecçãono
mesmo
systema.E' principalmente sobreas artérias maisgrossas e próximas ao
cen-trodacirculaçãoque maior
numero
de aneurysmassemanifestam.O
qua-dro junto deCrisp,reunindoindistinctaeexclusivamenteoscasosde
aneu-rysmasespontâneos internos e externos, confirma oque deixamosdito.
Ramos
daartéria pulmonar . 2 Troncobrachio-cephalico . . 20175 25
Aortaabdominaleseus ramos. 59 7
2 Temporal 1 9 1 2 23 66 Axillar 18 Poplitéa 137 1 Tibial posterior 2 . 1
Tem-seinvocado
com
razão,paraexplicar-se a frequênciadosaneu-rysmas espontâneos nas artérias de grossocalibre e maispróximasao
coração, principalmente nos pontos
em
que
existem dilataçõesampul-lares aonivel dassubdivisões, o choque energ-ico do sang-ue contra as
paredes d'ellas;é assim que osaneurysmas da aortasãomaisfrequentes
no sinusqueprecede àcrossa; e os dacarótidaprimitivano ponto de sua
divisão
em
interna e externaetc.A
hypertrophiado coração, assimcomo
as palpitaçõesnervosasdeste org-am,accelerando acirculação,fazem aug-mentaraforçadaimpulsãosang-uinea, e desfarteconcorrem para o
de-senvolvimento do aneurysma,efactos clinicosexistembaseados
na
obser-vação queconfirmam, dealg-umasorte, esta asserção.
Rendle,cirurgiãodaprisãodeBrixton, referedouscasosseusde
aneu-rysmasaórticos
em
duasmulheres, osquaes seproduziram, aoouvirem' estasler suassentenças.
Uma
nomomento
daleituraexperimentouuma
dor intensissimano
^pig-astrio, quea fez cahir
em
syncopa; seis semanas depois estava—
II
-já eramuitodesenvolvido: a outrasentiu
menos
dòr;amarcha
damoléstia foimenos
rápida,sendo,entretanto,maisdesenvolvidootumor,oqualrom-peu-se quarentaeoito horas depois do reconhecimento. Acceitamos estes
factos
com
bastante reserva; porque nãopodemos
crêr que asemoções,que acceleram innegavelmentea circulaçrio,
porém
intermittentemente, porsi sósbastem paraproduzirum
aneurysma; somos anteslevado áopinarque estacausanaofezmais,doquedespertarodesenvolvimento,até
entãoestacionário, de
algum
pequeno tumor aneurysmaljá existente,em
virtude de alterações atheromatosa ecalcarealatentes, que morosamente
iam minando
astúnicasarteriaes, as quaes romperam-se abruptamenteem
consequênciado choquesang-uineo, auginentado deforça pelainten-sidade das palpitações cardíacas.
A
hypertrophia do coração, porém,obrandoconstantemente,não sófaz apparecerotumor noponto,
em
queexiste aalteração,
como
também
podeproduzir adilatação arterial, quenão éaindaaneurysma,
mas
que pelacontinuaçãodamesma
causapodechegar ásel-o.
Ha
certas profissõesque não deixam deinfluirbastante nodesenvol-vimento e frequência d'esta moléstia, principalmente nos vasosarteriaes
maisexternos; e asque
exigem
movimentos musculares maisenérgicos são asque maiornumero
decasos apresentam.Xa
França,naInglaterra,sãoquasisempreos indivíduosdasclasses laboriosas e pobres que mais
são feridosdestemal.
Porter(17),entretanto,opina contraesta ideiageralmenterecebida,por
issoque
na
Irlanda, diz esteescriptor,encontrara maiornumero
de factos d'estaaffecçãoem
indivíduos que viviamna
abastança, enão seemtrega-vam
ás profissões laboriosas.Mas
hoje queosfactoscomprobatórios abun-dam, não podenegar-se ainfluencia enérgica que exercem estasprofis-sõespara a producçãod'esta moléstia.
Algumas
ha que tanta influenciapossuem
em
relaçãoao desenvolvimento da moléstiaem
certa edeter-minada,séde que, por assimdizer, constituem
uma
verdadeirapredispo-sição;peloqueosaneurysmasespontâneosdaartéria poplitéa
manifestam-se maisnosindivíduos,cujaprofissão obriga-osá
uma
permanente flexãodaperna,
ou
áflexões e extensõesbruscas,como
as de alfaiate, cocheiro,etc. Nestes casoscurva-se a artéria, e
como
quese encurta, epelafaltade acçãomuscular experimentaalteraçõesdetalforma,que,emsua extensão
rápidae enérgica,suastúnicasinternas se
rompem;
estaruptura,ajudadacom
o choque da columna sanguínea de encontro ácurvadura d'arteria, constituocom
oprogredird'estasalteraçõesum
verdadeiroaneurysmapo-plitêo.
Hogdson, Richerand e Hart,
em
suas experiências sobre cadáveres(11) Obsermtionon thesurgicatpathology andtreatment ofaneurysm.
~
20
—
confirmaramessa opinião; sugeitando a perna docadáver á extensões
for-cadasque
chegavam
até a produzir a ruptura dos ligamentosposterioresda articulaçãodojoelho,
viam
então que astúnicas internas arteriaes serompiam. Broca(18),aproveitando-sedadisposiçãoanatómicado annel
mus-culosodosolear, poronde
passam
osvasostibio-peronêos, explicaapro-ducçãod'este aneurysma, do
mesmo modo
que Verneuil a dasvarizesdaparte posterior da perna. Este distincto escriptor assim se exprime:
« Contraaopiniãogemias varizesprincipiam quasisempre nasveiasprofundas
da região posteriordaperna: adilatação venosapára bruscamente ao niveldo ponto
em
que osvasos tibio-peroneos atravessam oannel do musculosolear,e édevida aoobstáculo queacontracção deste annel musculosooppõe ácirculação de
retrono. »
Segundo, pois, estes Pathologistas as varizes se
produzem
em
conse-quência deste annel que,estreitando-se pela contracção do musculo, obsta
à subidado sanguevenoso; e as veias, n=io podendo comportar agrande
massado sangue,dilatam-se e constituem as varizes. E'por
um
mecha-iiismo idêntico quesemanifestamosaneurysmasdapopliteasegundoestes
mesmos
autores.Quanto anósestacausa,muitoimportante, porcerto, éapenas
coadju-vante; e por sisó não basta. E' antes do complexo de todas as causas
apontadas,eprincipalmente, asmechanicasque sedevededuzir,ou
resul-taraproducção domal.
As
túnicas arteriaes são sujeitasádiversas alterações que, tornandoasmaisfriáveis,facilitamasuaruptura,queé oprimeiro passo
na
producçãodo aneurysma; o atheroma, a degeneração gordurosa, ainfiltração
cal-carea estão n"este caso. Quasi todos os autores antigos pretendiam que
esta affecção erasempreresultantedo atheroma;hoje,porém,tem-se
reco-nhecido que,
com
quantono maiornumero
doscasos seja este o principiod'aquella moléstia,algumasvezes,comtudo,podeoriginar-sede
uma
sim-ples dilatação arterial,
em
que oexame
não demonstraindicioalgum
daexistência d'aquella alteração. Broca e Richet, queemittem esta opinião,
fazemnotar
com
muitarazão,que, sendo asdegenerações atheromatosa e calcareamaisfrequentesna
velhice,doquena
idademedia davida,sao,com-tudo, osaneurysmasraríssimosn'aquellaidade efrequentes n'esta.
O
que éindubitávelhoje éque as degenerações atheromatosa ecal-careanãosão privativas davelhice,
como
se pretendia. Pode existir oatheroma,
sem
que aindasejavisivel: e issoporque, quando incipiente,apresenta laminastãodelgadas edelicadas que, á primeiravista,
podem
confundir-se
com
atúnica interna dovaso.No
termomédio davidahumana,
em
queémaisfrequente esta alteração, pode dizer-se que quasi sempreéellaoprincipio originadordo aneurysma.
I
21
Não
setem
encontrado a deg-eneração calcarea somente nave-lhice;Wilson,Young"e Andral verificaram-na
em
meninosde8annoseem
homens
de 20 à30annos. E' tãogrande aforçade destruição que sobreas paredesd'arteria exerce o atheromaque cheg-aà perforal-as; Risdon
Bennet (19) refere ocasode perforação daartériaaorta noponto,
em
quese havia desenvolvido
um
atheroma.Diversasdiatheses
como
a rheumatismal, ag-ottôsaetetem
sidotam-bém
consideradascausas predisponentes d'estaaffecçao. Sobreoseumodo
de actuar,nada
ha
depositivo e de provado.A
siphilis, o tratamento mercuriale oabuso dos alcoólicossãotidos,como
capazes de predispor aeconomiaanimaláproducção deaneurysmas;entretanto, nãoexistemprovas, quejustifiquemtalasserção.
Em
algunsindividuos,ha
paraestamoléstia,uma
certa disposiçãoor-gânica considerada pelos Pathologistas,
como
uma.diathese aneurijsmal; ecom
eífeito diversos factosem
apoio d"istonos apresentam autores degrandecritério
.
Donald
MuHro
(20) refere o facto deum
individuo,em
que notroncoarterial poplitôo esquerdo existiam dous aneurysmas, e nasartériasdo
membro
pelviano direito, quatro.Manec
(21) levou ao conhecimento daSociedade anatómica deParis oimportantíssimo caso daexistênciademais de 3u aneurysmas, todos
no
cadáver de
um
velho.Estes emuitos outros factosconfirmam a existência d'esta disposição
orgânica.
Syiiiptomatologia.
O
aneurysma, no começo de seu desenvolvimento,em
geral,seac-companha
dephenomenos
insidiosos; ena maioria dasvezes,seucresci-mento se faz lento, de
modo
que passa desapercebido aocirurgião, e atéao próprio paciente,principalmente, quando ésituadonapartemais
pro-fundade
um
membro.
Na
verdade, n'estas circunstancias osphenomenos
que
podem
existir, são simples dores e difficuldades nosmovimentos domembro,
em
que ellese estáproduzindo;phenomenos
porem, queporcertonão
podem
constituir caracteres. Entretanto,em
algunscasospode suspei-tar-seda existência deum
aneurysma incipiente, por alguns dadossub-jectivos; é assim, que
um
individuo,accusandouma
sensação dolorosaderuptura
em uma
perna,em
consequência, porexemplo, deesforçosviolen-(19) Meã. Chirurg. Trans.v.SÈ,pag. 161.
(20) Essaysandobs.phys.andlitt.vol. 3,pag. 178. (21j Bulletim. Socanat. 1827, tomo 2. pag.J88.