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DC4.aula.07.RecuperaçãodacoisaperdidaeBenfeitorias

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Academic year: 2021

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FACULDADE ESTÁCIO DO PARÁ - FAP

DIREITO CIVIL IV

PROF. JUAREZ GADELHA

DIREITOS REAIS

13 RECUPERAÇÃO DA COISA PERDIDA OU FURTADA

Como visto anteriormente a coisa pode ter a posse perdida por vários motivos. Quem encontra coisa perdida deve restituí-la ao dono ou legítimo possuidor, conforme prega a lei, no Código Civil,

Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.

Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.

É o que nos ensina a doutrina, apesar de nada constar no nosso atual Código Civil, conforme lições de Silvio Rodrigues, quando diz:

Aquele que achou coisa alheia deve devolvê-la. O gatuno que furtou coisa de outrem não a pode conservar. E se um ou outro a alienarem a terceiro, este fica sujeito a dela ser privado, pelo êxito da ação reivindicatória intentada pelo verdadeiro proprietário. E, outro remédio não lhe resta, senão acionar a pessoa de quem houve a coisa, por seu valor, acrescido de perdas e danos, se o alienante agiu de má-fé.(grifo nosso)

Assim, em se tratando de coisa móvel perdida ou furtada ou roubada, a legislação (em uma interpretação extensiva) permite a utilização da ação de reivindicação, que apesar de não constar expressamente referida no novo Código Civil de 2002, é amplamente utilizada, pois construída desde o vetusto Código Civil de 1916, movida contra o detentor, a quem se ressalva a possibilidade de ajuizar ação regressiva contra quem lhe transferiu a posse da coisa, a fim de ser ressarcido do seu prejuízo.

Dizia o Código Civil de 1916,

Art.521. Aquele que tiver perdido, ou a quem houverem sido furtados, coisa móvel, ou título, ao portador, pode reavê-los da pessoa que os detiver, salvo a esta o direito regressivo contra quem lhos transferiu.

Parágrafo único. Sendo o objeto comprado em leilão público, feira ou mercado, o dono, que pretender a restituição, é obrigado a pagar ao possuidor o preço por que o comprou. (grifo nosso)

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apropriação indébita ou de estelionato, pois nestes casos o possuidor acabou consentindo na transferência da posse da coisa, de livre e espontânea vontade, apesar de ter sido envolvido por ardis.

Nos casos de furto ou apropriação indébita, o possuidor perdeu a posse contra a sua vontade, valendo-lhe o uso da ação reivindicatória pelo costume judicial, não necessitando o verdadeiro possuidor pagar nada ao atual detentor da coisa furtada ou indevidamente apropriada.

Analisando o antigo Código Civil de 1916, verificamos que, se o objeto foi adquirido por terceiro de boa fé em leilão público, feira ou mercado, aquele que pretender a restituição, é obrigado a pagar o preço por que o comprou.

Mesma forma se deve agir em caso de penhor, se o objeto for subtraído, devendo restituí-lo ao legítimo dono, com o pagamento do preço pelo qual o adquirente do mesmo, de boa-fé, o pagou.

Da mesma forma acontece com os títulos ao portador extraviados ou furtados, em caso adquiridos por terceiro de boa-fé, quando merecedor de indenização pelo preço pago, conforme art.913, do CPC,.

Art.913. Comprado o título em bolsa ou leilão público, o dono que pretender a restituição é obrigado a indenizar ao adquirente o preço que este pagou, ressalvado o direito de reavê-lo do vendedor.

Neste caso, apesar do Código Civil de 2002 nada se manifestar a respeito, encontra-se a previsão da ação reivindicatória no Código de processo Civil, no art.907, I, conforme abaixo:

Art.907. Aquele que tiver perdido título ao portador ou dele houver sido injustamente desapossado poderá:

I - reivindicá-lo da pessoa que o detiver;

14 AS BENFEITORIAS

São bens acessórios que alteram parcialmente o bem principal, incorporando a este, podendo ser de três tipos: necessárias, úteis e voluptuárias, conforme elenca o Código Civil, no art.96, quando diz:

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Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.

Passemos a analisar cada uma dessas espécies de benfeitorias.

14.1 BENFEITORIAS NECESSÁRIAS

São aquelas destinadas à conservação ou à salvação do bem, quando o prédio ameaça ruir, conforme parágrafo 3º do art.96 do Código Civil,

§ 3o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se

deteriore.

14.2 BENFEITORIAS ÚTEIS

São aquelas que ampliam ou facilitam o uso ou fruição do bem, como, na construção de novo dormitório na casa, à luz do parágrafo 2º do art.96 do Código Civil,

§ 2o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.

14.3 BENFEITORIAS VOLUPTUÁRIAS

São as benfeitorias fúteis, destinadas ao deleite ou recreio, a fim de embelezar o bem, quando, por exemplo, se substitui as janelas de madeira por esquadrias de vidro, por estarem na moda, nos termos do parágrafo 1º do art. 96 do Código Civil,

§ 1o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.

14.4 INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORIAS

NA POSSE DE BOA-FÉ

Quando o possuidor da coisa é de boa-fé, ele tem direito a ser indenizado pelas benfeitorias necessárias e úteis, caso tenha que devolver a posse do bem, por meio de ação possessória, nos termos do art.1.219 do Código Civil, podendo, inclusive, reter a coisa, enquanto não for indenizado, conforme, citado artigo.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

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A lei não só lhe assegura o direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, mas também, o de reter a coisa enquanto não for ressarcido, nada fazendo jus quanto às benfeitorias voluptuárias, podendo, entretanto, levantá-las, ou seja, retirá-las, desde que isso não prejudique a coisa.

Essa indenização deve ser calculada pelo valor atual da coisa, segundo as leis de mercado, que acabam agregando valor a coisa.

NA POSSE DE MA-FÉ

O possuidor de má-fé só tem direito à indenização pelas benfeitorias necessárias, não devendo ser ressarcido pelas benfeitorias úteis e voluptuárias, bem como, não pode, se quer, levantá-las, ainda que sem prejudicar a coisa, conforme at.1.220 do Código Civil.

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

Essa indenização, sobre as benfeitorias necessárias, deve ser calculada pelo valor atual da coisa, segundo as leis de mercado, que acabam agregando valor a coisa, ou pelo custo em que se deu sua incorporação à coisa principal, a critério do devedor (aquele que irá ser imitido ou reintegrado na posse da coisa principal), que geralmente, escolhe a de menor valor.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual.

CONSEQUÊNCIAS GERAIS

O imitido ou reintegrado na posse pode compensar o valor das indenizações com o valor das perdas e danos causados pelo antigo possuidor, por ventura, existentes, conforme art.1.221 do CC,

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem.

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Assim, se as benfeitorias necessárias, realizadas pelo possuidor, mesmo o de boa-fé, poderão ensejar perdas e danos, pelo envelhecimento e deterioração natural da coisa, podendo ser compensada com o valor a ser pago à título de indenização.

Referências

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