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Um estudo sobre a qualidade do ambiente educativo da creche

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Academic year: 2021

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ELEUSA MARIA FERREIRA LEARDINI

UM ESTUDO SOBRE A QUALIDADE DO AMBIENTE

EDUCATIVO DA CRECHE

CAMPINAS 2015

(2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

ELEUSA MARIA FERREIRA LEARDINI

UM ESTUDO SOBRE A QUALIDADE DO AMBIENTE

EDUCATIVO DA CRECHE

Tese apresentada Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Doutora em Educação, na área de concentração de Psicologia Educacional.

Orientadora: Prof. Drª. ORLY ZUCATO MANTOVANI DE ASSIS

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA ELEUSA MARIA FERREIRA LEARDINI E ORIENTADA PELA PROFª. DRª. ORLY ZUCATTO MANTOVANI DE ASSIS

Assinatura do Orientador

_______________________

CAMPINAS 2015

(3)

Ficha Catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação

Rosemary Passos - CRB 8/5751

Leardini, Eleusa Maria Ferreira, 1974.

L478e Um estudo sobre a qualidade do ambiente educativo da creche / Eleusa Maria Ferreira Leardini. – Campinas, SP: [s.n.], 2015.

Lea

Orientadora: Orly Zucatto Mantovani de Assis.

Lea Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de

Educação.

Lea 1. Programa de Educação Infantil e Ensino Fundamental. 2. Creches. 3.

Qualidade. 4. Ambiente educativo. I. Assis, Orly Zucatto Mantovani de,1939-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: A study onthe quality of educational environment of daycare center

Palavras-chave em inglês:

Early Childhood Education Program and Elementary School Day care

Quality

Educational environment

Área de concentração: Psicologia Educacional Titulação: Doutora em Educação

Banca examinadora: Eliete Aparecida de Godoy Jussara Cristina Barboza Tortella Maria Teresa Egler Mantoan Andréa Patapoff Dal Coleto Data de defesa: 24-02-2015

Programa de Pós-Graduação: Educação Banca examinadora:

Eliete Aparecida de Godoy Jussara Cristina Barboza Tortella Maria Teresa Egler Mantoan Andréa Patapoff Dal Coleto Data de defesa: 24-02-2015

(4)
(5)

RESUMO

A presente pesquisa teve por objetivos investigar a organização e a qualidade

do ambiente educativo de uma creche municipal do município de Itatiba/SP,

cujo projeto arquitetônico está baseado no Programa Proinfância, do Ministério

da Educação. Para tanto, foram realizadas cinquenta horas de observação na

referida creche, a fim de analisar as interações pessoais, a organização do

espaço, dos materiais e do tempo, por meio de um roteiro de observação

fundamentado no Programa de Formação de Professores

– PROEPRE – do

Laboratório de Psicologia Genética

– LPG – da Universidade Estadual de

Campinas. A metodologia utilizada foi o estudo de caso com análise qualitativa.

Os resultados demonstraram que o projeto arquitetônico, com vistas a

proporcionar qualidade no atendimento das crianças pequenas, é coerente e

apropriado o que tange os aspectos estruturais, pois a dimensão e disposição

dos ambientes propicia a interação das crianças e do professor com os

materiais e espaços diversificados, tais como pátios coberto e aberto,

brinquedoteca, sala de vídeo, área de recreação ao ar livre, solários, horta,

jardins, entre outros. Quanto aos aspectos pedagógicos e das interações

pessoais, foi possível apurar que a organização do ambiente educativo é

proposta pelo professor em função da sua intencionalidade e independe da

disposição e características que os espaços físicos apresentam. Entretanto, foi

possível constatar que maiores são as possibilidades de interações quando a

creche dispõe de espaços variados e planejados para atender a proposta

pedagógica. Com tais resultados, pretende-se contribuir para a reflexão dos

profissionais que atuam com crianças pequenas, de forma a propiciar

condições para a melhoria da organização do ambiente educativo das creches,

entendendo-o como um elemento que contribui e facilita o processo de

aprendizagem, construção de conhecimentos e interações. Finalizando, os

resultados também poderão colaborar com a qualidade dos aspectos que

compõem a organização e estrutura dessas instituições.

Palavras-Chave: Programa de Educação Infantil e Ensino Fundamental,

Creches, Qualidade, Ambiente Educativo.

(6)

ABSTRACT

This research aimed to investigate the organization and quality of the

educational environment of a municipal nursery school in Itatiba, Sao Paulo;

whose building had its architectural design based upon the guidelines of

Proinfância, a Program by the Brazilian Ministry of Education.

In order to do so,

fifty hours of observation were carried out in the aforementioned daycare center

to analyze personal interactions, the space layout, as well as the organization of

educational equipment and schedule. The observation was made taking into

account a script based on the Teacher Training Program

PROEPRE

of the

Genetic Psychology Laboratory

LPG

– of

the State University of Campinas.

The case study with qualitative analysis was the chosen methodology. The

results showed that the architectural design was coherent and appropriate

regarding its structural aspects, such as the size and layout of environments

when it came to providing quality care of young children, for they encouraged

the interaction of both the children and the teachers with the educational

material and the available spaces, i.e.: covered and open yards, playroom,

video room, outdoor play area, sun porch, flower and vegetable gardens,

among others. As for educational and personal interaction aspects, it was

noticed that the organization of the educational environment is proposed by the

teacher based on their goals, regardless of the layout and other features of the

physical spaces. However, this study demonstrated that the interaction

possibilities are wider when the nursery school has varied spaces which are

specially designed to meet their educational proposal. Such results intend to

make the professionals working with young children ponder their practice in

order to provide conditions for improving the organization of the educational

environment of nursery schools, as long as the environment is understood as

an element that contributes to and facilitates not only interactions, but also the

process of learning and knowledge building. Finally, the results can also

contribute to the quality of the aspects that make up the organization and

structure of daycare centers.

Keywords:

Early Childhood Education Program and Elementary School,

Day

care, Quality, Educational Environment.

(7)

SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

SUMÁRIO

LISTA DE FUGURAS

1.

INTRODUÇÃO

19

Primeira Parte: A Revisão da Literatura

22

2.

A CRECHE E SEU CONTEXTO HISTÓRICO E PEDAGÓGICO

24

2.1. A QUALIDADE NO ATENDIMENTO DAS CRIANÇAS PEQUENAS

NA CRECHE

26

3.

O AMBIENTE EDUCATIVO DA CRECHE

42

3.1.

ESPAÇO FÍSICO E AMBIENTE EDUCATIVO: ALGUMAS DEFINIÇÕES

42

3.2.

OS ESPAÇOS E AMBIENTES NA PERSPECTIVA DE DOCUMENTOS

OFICIAIS DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO BRASIL E OUTROS PAÍSES

44

3.3

A CRECHE E O AMBIENTE EDUCATIVO

49

Segunda Parte: A estruturação da pesquisa e os percursos metodológicos

62

4.

A PESQUISA DE CAMPO E OS PROCESSOS INVESTIGATIVOS

64

Terceira Parte: Apresentação e Discussão dos Resultados

68

5.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

70

5.1.

CARACTERIZAÇÃO DO ATENDIMENTO EM CRECHE NO MUNICÍPIO

PESQUISADO

70

5.2.

CARACTERIZAÇÃO DA CRECHE SELECIONADA

72

5.3.

DIÁRIOS DE CAMPO

77

5.4.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

100

6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

111

7.

REFERÊNCIAS

115

(8)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Visualização do Projeto Arquitetônico do Proinfância

73

FIGURA 2: Fachadas do Prédio do Projeto Arquitetônico do

Proinfância

74

(9)
(10)

Agradecimentos

Agradeço...

Imensamente a Deus e a Virgem Santíssima pela força e perseverança;

Á minha querida e admirada orientadora Orly Zucatto Mantovani de Assis pela calma, conhecimento, orientações, ombro amigo, encorajamento e compreensão;

Aos meus pais Terezinha e Divanir pelos incentivos e ajudas constantes para que tudo desse certo na conclusão de mais essa etapa acadêmica;

Aos meus sogros Rosa e Silvio pelo incentivo e ajuda;

À minhas amigas de todas as horas Eliete Aparecida de Godoy e Jussara Cristina Barboza Tortella, vocês sempre fazem diferença na minha vida;

À amiga Andréa Patapoff Dal Coleto que sempre esteve à disposição para ajudar e incentivar;

À professora Maria Teresa Egler Mantoan pelo carinho e receptividade nas contribuições com o trabalho;

Aos professores Valério Arantes e Telma Pileggi Vinha pela disponibilidade e incentivo;

Á amiga Ester Cecília Fernandes Baptistella pelo carinho e amizade;

Aos professores Silvio e Marcia Gamboa pela presença e amizade;

À querida amiga Maria de Fatima Silveira Polesi Lukjanenko pela abertura e incentivo da pesquisa, mas além de tudo por ter participado de toda a minha jornada acadêmica e mais ainda presente para a conclusão dessa etapa.

A todas as professoras, amigos e amigas da Rede Municipal de Educação de Itatiba. Em especial a todos os profissionais e amigos da Creche selecionada.

(11)

Às queridas amigas Talita e Daniela do Laboratório de Psicologia Genética – LPG.

Aos funcionários da Secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UNICAMP pela disposição em ajudar e atender os alunos com dedicação.

À todos os amigos, amigas, alunos e alunas que torceram cada qual do seu jeito, para que a conclusão desse trabalho fosse completada.

(12)

1. INTRODUÇÃO

Pensar a educação das crianças pequenas pode ser sinônimo de um espaço escolar designado muitas vezes de Creche ou Escolinha, sendo que as crianças somente brincam, são cuidadas e atendidas em suas necessidades fisiológicas de dormir, comer, serem trocadas ou banhadas.

Ao longo dos anos, observa-se que tem crescido a consciência acerca das necessidades educativas das crianças de zero a três anos em diversas ordens, como em programas governamentais que preconizam o bem-estar físico e emocional, a instituição de normas, leis, investimentos financeiros e pedagógicos, com a preocupação cada vez mais crescente com a formação inicial e continuada dos profissionais que atuam com as crianças pequenas e na valorização de salários, no repensar os objetivos que se espera para essa etapa, visto ser crucial para seu desenvolvimento global e pleno.

Atrelada à ideia de se considerar as necessidades educativas das crianças entre zero a três anos surge da mesma forma, a preocupação com a qualidade dos serviços educacionais oferecidos a essas crianças.

Dada a importância das considerações sobre a qualidade de atendimento à criança pequena, que teve de certa forma, o ponto de partida com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 quando se reconheceu a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, as questões referentes a organização dos espaços físicos, bem como de seus componentes desencadearam uma série de reflexões, apontamentos, critérios e pesquisas evidenciando sua importância para promover aprendizagens das crianças pequenas.

Dentre os elementos que compõem a rede de aspectos e suas especificidades na Creche para o atendimento às crianças pequenas o ambiente educativo merece destaque, uma vez que se espera um ambiente espaçoso e harmonioso, atraente, seguro, esteticamente planejado e organizado para oferecer bem-estar e conforto às crianças, ao mesmo tempo em que deve ser rico em possibilidades de interação, em experiências, explorações, descobertas, de vivenciar situações significativas ao seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

Mas será que os ambientes das creches são organizados ou arranjados pelos educadores para atender às necessidades das crianças de zero a três anos? Em que

(13)

medida o espaço contribui para a estruturação da rotina das crianças pequenas? Como planejar a organização de ambientes democráticos e propícios à autonomia pelas crianças?

Compreende-se que as instituições que atendem crianças de zero a três anos têm na organização dos ambientes uma parte importante de sua proposta pedagógica, pois traduz e representa as concepções de criança, de educação e do processo de ensino e aprendizagem.

Levando-se em consideração tais aspectos, é possível, com base nestas discussões, estabelecer a importante relação entre a possibilidade oferecida às crianças pequenas na Creche para explorar e atuar sobre o meio físico e social de forma cada vez mais elaborada, a brincar de forma livre e também dirigida nos momentos que são oportunos.

Outros aspectos a serem considerados para o ponto de partida para a presente pesquisa se deu por dois motivos, primeiramente o desejo de pesquisar o tema foi devido à experiência como professora formadora no ano de 2008 do Curso de Extensão Universitária PROEPRE1 Fundamentos Teóricos e Prática Pedagógica para a Educação da criança de 0 a 3 anos que se destina à formação de professores para a Educação Infantil.

Nessa ocasião foi possível acompanhar os relatos das professoras estudantes quanto às dificuldades e mesmo falta de informações para adequar ou utilizar de forma apropriada os espaços da creche. Por outro lado, despertou a necessidade de rever conceitos, práticas e concepções sobre o espaço educativo dos professores envolvidos no processo educacional por meio da oportunidade da formação continuada.

O segundo motivo importante foi à oportunidade de ter sido Chefe de Seção de Creches da Rede de Educação de um município do interior de São Paulo, no qual foi possível identificar que os espaços das unidades escolares eram bastante variados entre adequados, inadequados ou pouco adequados para atender as necessidades de brincar, educar, interagir, cuidar e socializar das crianças atendidas entre três meses a três anos.

Essas experiências me impulsionaram enquanto pesquisadora a buscar pesquisas nacionais e internacionais que abordassem a organização dos espaços

1

PROEPRE de autoria da Prof.ª. Dr.ª Orly Zucatto Mantovani de Assis, fundadora e

coordenadora do Laboratório de Psicologia Genética da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

(14)

físicos ou os arranjos espaciais propostos no ambiente de creche, visto que esses temas são relevantes, cotidianos e intimamente atrelados ao contexto das instituições que atendem crianças pequenas.

Como a questão discutida nessa pesquisa se refere à qualidade do ambiente educativo da creche, é importante refletir como as instituições de atendimento às crianças pequenas têm organizado os diferentes espaços, mas o problema que norteou essa pesquisa foi: Qual a organização do ambiente educativo proposto numa creche tida como modelo de qualidade pelo Programa Proinfância.

Dessa forma, essa pesquisa teve por objetivos investigar o ambiente educativo da creche, bem como, observar como sua organização se estabelece com crianças pequenas.

Para contemplar tais objetivos a pesquisa está estruturada em três partes. O primeiro capítulo contempla a revisão da literatura com discussões sobre os aspectos históricos do atendimento em creches para as crianças pequenas.

Apresenta também as definições sobre o conceito de qualidade na creche, quais aspectos o compõem e abordam as contribuições de pesquisas nacionais e internacionais.

O segundo capítulo apresenta as definições do espaço, ambiente, ambiente educativo e suas particularidades para o contexto educacional da Creche, bem como as contribuições dos documentos oficiais do Ministério da Educação.

A segunda parte apresenta a estruturação da pesquisa cuja opção metodológica foi o estudo de caso com sessões de observação realizadas na Creche selecionada para acompanhar a rotina e toda a organização metodológica, os percursos para a coleta de dados e a análise qualitativa dos resultados.

A terceira parte contém a apresentação dos resultados das observações realizadas para se atingir os objetivos propostos. Em seguida estão as Considerações Finais.

(15)

Primeira Parte:

(16)

2.

A CRECHE E SEU CONTEXTO HISTÓRICO E PEDAGÓGICO.

Por vezes a educação da criança de zero a três anos recebeu e ainda recebe na atualidade as mais diferentes denominações como Creche, Escolinha, Pré-escola, Abrigo, Parque Infantil, Asilo entre outras, entretanto, independente de suas definições, o atendimento das crianças pequenas é resultado de uma série de iniciativas, ações e concepções que contemplam as dimensões assistencialistas e educativas, pois ao longo de seu percurso histórico passou por muitas modificações que fizeram com que esta etapa da educação básica se tornasse cada vez mais significativa para a sociedade.

No Brasil a história do atendimento a crianças pequenas teve seu início com as iniciativas de entidades religiosas católicas que recebiam crianças abandonadas por mães solteiras ou órfãs. A forma adotada para recebê-las era nas “Rodas dos Expostos”, criadas desde o início do século XVIII em formato de comportas cilíndricas e giratórias em madeira para acolher os bebês, de forma a impossibilitar a identificação das pessoas que as deixassem. Essas rodas se encontravam nos muros de igrejas e hospitais de caridade (OLIVEIRA, 2002).

Sucessivamente foi ampliada a disponibilidade das rodas dos expostos no Brasil a começar pela primeira em Salvador em 1726, Rio de Janeiro 1738, São Paulo 1825 e Porto Alegre 1837 reafirmando a necessidade de acolhimento às crianças abandonadas, muitas vezes de famílias ricas ou mesmo filhos de escravos (ROMAN e STEYER, 2001).

De acordo com Oliveira (2002) o caráter assistencialista de cuidados tinha por finalidade retirar as crianças abandonadas da rua, diminuir a mortalidade infantil, formar hábitos higiênicos e morais, oferecer alimentação, abrigo e segurança. Ao final do século XIX, com o período da Abolição dos Escravos houve um crescimento significativo de crianças abandonadas, pois a falta de estrutura dos escravos recém-libertos dificultava a criação dos filhos. Dessa forma, muitas crianças foram acolhidas pelas instituições religiosas para também oferecer ofícios de trabalho. A organização desse tipo de atendimento as crianças pobres e desamparadas caracterizaram então as primeiras creches, asilos e orfanatos para enfrentar os problemas daquela época. Por outro lado, ao final do mesmo período tinha início a instituição dos jardins de infância, designados aos filhos das classes mais privilegiadas em 1875 no Rio de Janeiro e em 1877 em São Paulo. Essas instituições tinham como pressuposto pedagógico as ideias de Frederich Froebel, educador alemão que criou o

(17)

Em contrapartida segundo Kuhlmann (1998) com altos índices de mortalidade infantil na população carente que refletiam a organização familiar com condições precárias de sustento as crianças, portanto, aconteciam no ambiente familiar, assim como no âmbito das instituições que atendiam crianças abandonadas como as creches, asilos e orfanatos, alguns institutos foram criados com vistas a combater esses resultados como o Instituto de Proteção à Infância do Rio de Janeiro cujo objetivo era acolher às mães grávidas pobres e oferecer proteção aos recém-nascidos com distribuição de leite, vacinação e higiene dos bebês. O Instituto de Proteção e Assistência à Infância, o qual originou em 1919, a construção do Departamento da Criança, com vistas a supervisionar os estabelecimentos de acolhimento à criança, e acabar com o trabalho das mães voluntárias que prestavam cuidados aos filhos das trabalhadoras, pois com a crescente industrialização do país e o uso de mão de obra feminina reforçaram as reivindicações por melhores condições de trabalho e de instituições capazes de atender os filhos das operárias enquanto trabalhavam.

Oliveira (2002) ressalta que a crescente industrialização e demanda de trabalho ocasionaram a inserção da mulher no setor industrial, além da chegada dos imigrantes trabalhadores mais qualificados no Brasil, impulsionaram mudanças nas fábricas com vistas a reconhecer os direitos dos trabalhadores. Desse modo, no Brasil as creches foram instituídas para atender a necessidade das indústrias que empregavam em sua maioria mulheres.

No entanto, de acordo com Oliveira (2002) por muito tempo o que se preservou no atendimento as crianças pobres ou para os filhos das operárias em creches e escolas infantis foi a educação assistencialista de baixa qualidade, no qual somente preparava as crianças para conviver no meio social onde estavam introduzidas, ou seja, não ofereciam nenhuma perspectiva de melhoria de vida e de crescimento sociocultural.

Lutas pela democratização da escola pública, somadas a pressões de movimentos feministas e de movimentos sociais de lutas por creches, possibilitaram a conquista, na Constituição de 1988, do reconhecimento da educação em creches e pré-escolas como um direito da criança e um dever do Estado a ser cumprido nos sistemas de ensino (OLIVEIRA, 2002, p.115).

Algumas conquistas quanto à crescente superação da concepção assistencialista tomaram força por meio da instituição de políticas governamentais como a Constituição Federal do Brasil de 1988 que considera a creche uma instituição educativa para atender crianças pequenas, um direito da criança, uma opção da família e um dever do Estado (artigo 208, inciso IV).

(18)

Em outra instância a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96 estabelece no Art.30 que a Educação Infantil será oferecida em: “I – Creches ou entidades equivalentes para crianças de até três anos de idade; II – Pré-escolas para crianças de quatro a seis anos de idade”.

De acordo com Oliveira (2002) após a promulgação da LDB 9394/96 ampliam-se as oportunidades de inampliam-serção das crianças pequenas ao atendimento educacional, da mesma forma que aumenta a responsabilidade das unidades escolares para gerir os repasses financeiros do governo, a investir na formação de profissionais da educação competentes com suas funções de educar e cuidar com a programação de propostas pedagógicas baseadas no processo de ensino e aprendizagem.

Desse modo, o reconhecimento legal e instituído pelo poder governamental assegura o direito das crianças pequenas à educação em instituições educacionais com vistas a oferecer cuidados e educação de qualidade. Na contramão da concepção assistencialista a creche passa então a incorporar intenções, objetivos e metas educacionais.

2.1. A QUALIDADE DO ATENDIMENTO ÀS CRIANÇAS PEQUENAS NA CRECHE

Tendo esse breve histórico apresentado a devida superação da concepção assistencialista de educação às crianças pequenas para a inclusão significativa das intenções e ações pedagógicas, compreende-se que o contexto educacional da Creche ao ser reconhecido como educativo contempla necessariamente as concepções de educar e cuidar no atendimento as crianças pequenas e, consequentemente, a qualidade necessária para promover os processos de desenvolvimento e aprendizagem.

Mas o que significa cuidar e educar? Em que medida estas ações estão associadas às crianças pequenas ou a Creche?

As definições apresentadas por Ferreira (2000) esclarecem que o cuidar remete à ideia de cautela, em se fazer preparativos para se prevenir, bem como, ações de cuidado consigo mesmo. Já em relação ao educar perpassa pelas ações relacionadas para promover a educação de alguém ou de si, considerando ainda o sentido de instrução para gerar aprendizagem.

Nesse sentido, ambos os aspectos se apresentam em meio a ações que podem ser despendidas a alguém ao se considerar suas necessidades.

(19)

Em relação às necessidades das crianças pequenas ao estarem presentes no contexto educativo da Creche, esses aspectos, inevitavelmente, estão relacionadas à alimentação, ao descanso, higiene pessoal, bem como, ao brincar, ao aprender, a ser ouvida, a ter oportunidades de se expressar e comunicar ideias, se divertir, construir conhecimento, se relacionar com outras crianças e adultos, a errar e reorganizar seu pensamento, a ser respeitada, a participar de momentos que promovam aprendizagens significativas, a explorar a natureza a seu redor, a se desenvolver cognitiva, afetiva, motora e socialmente, entre tantas outras necessidades.

Mantovani de Assis (2003) colabora com a questão das necessidades das crianças ao elencar algumas perspectivas. A primeira necessidade expressa à ideia de sentir-se aceita, de ter confiança, de ter segurança e competência como princípios do desenvolvimento, mas destaca que o ambiente educacional tem papel importante na conquista dessas manifestações, pois sendo ele livre de tensões e pressões a tendência é que a criança possa se sentir segura, a elaborar mecanismos de aceitação, a ter autoconfiança, a expressar seus sentimentos e compartilhar ideias, o que culmina no desenvolvimento de um sentimento de competência individual.

As necessidades de conhecer, raciocinar e de resolver problemas, bem como ser criativa estão relacionadas às possibilidades de exploração, de descoberta, de experimentação, de manipulação presentes nas situações de aprendizagens. Em outro sentido, a autora aponta as necessidades das crianças se tornarem observadoras e a serem desafiadas no processo de aprendizagem que inclui experiências, reflexões, planejamento, antecipar consequências entre outras situações importantes de forma criativa e dinâmica, com oportunidades de expressar seus sentimentos e conhecimentos.

Contemplando o sentido do desenvolvimento infantil global, as necessidades de desenvolver a coordenação motora estão relacionadas às capacidades de exploração do espaço, a manipulação de objetos capazes de promover a consciência das possibilidades, limites e controle de seus movimentos.

Por característica marcante do desenvolvimento social as crianças necessitam compartilhar experiências com outras crianças e adultos para se sentirem integradas a uma comunidade, de forma a estabelecer relações interpessoais e convívio para desenvolver a capacidade cada vez mais elaborada de se comunicar, de expressar suas ideias, sentimentos e a interagir com a diversidade social.

Da mesma forma, Portugal (2005) salienta que é necessário que a Creche assegure a satisfação das necessidades da criança e possa garantir experiências

(20)

diárias considerando os aspectos físicos, de afeto, de segurança, de reconhecimento e de afirmação, de se sentir competente e de ter significados e valores. Dessa forma, as finalidades educativas na Creche contemplam oportunidades as crianças pequenas de expressarem sentimentos, a terem domínio e controle do próprio corpo, a serem curiosas, exploradoras, se comunicarem e se autocontrolarem, a compartilharem e expressarem desejos, ideias, vontades e conviverem com outras pessoas.

Contemplando a perspectiva do respeito às necessidades de as crianças contempladas na Creche o documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (1998, v.1) pontua que o projeto educativo da Educação Infantil contempla ações educativas intencionais, situações diversas que envolvem a brincadeira e aprendizagens orientadas pelos profissionais da educação. Entretanto, há que se considerar que essas perspectivas contemplam e integram o processo de desenvolvimento infantil de forma a compreender a ação de educar baseada e relacionada ao cuidado.

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confianças, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos amplos da realidade social e cultural. Nesse processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis (RCNEI, 1998, p.23, v.1).

Da mesma forma, o documento Parâmetros Curriculares Nacionais para Educação Infantil (2006) reforça a seriedade desses aspectos ao se considerar o trabalho educativo com vistas ao educar e cuidar de forma indispensável, indissociável, valorizando os direitos e as necessidades de cada criança.

A esse respeito Craidy e Kaercher (2001, p.16) esclarecem que.

A educação da criança pequena envolve simultaneamente dois processos complementares e indissociáveis: educar e cuidar. As crianças desta faixa etária, como sabemos, têm necessidades de atenção, carinho, segurança, sem as quais elas dificilmente poderiam sobreviver. Simultaneamente, nessa etapa, as crianças tomam contato com o mundo que as cerca, através de experiências diretas com as pessoas e as coisas deste mundo e com as formas de expressão que nele ocorrem. Esta inserção das crianças no mundo não seria possível sem que atividades voltadas simultaneamente para cuidar e educar estivessem presentes.

(21)

Em meio à organização educativa da Creche há que se ponderar a qualidade do atendimento ofertado as crianças de zero a três anos, pois essa preocupação recai sobre a importância e o direito a educação das crianças pequenas e na forma como as instituições educacionais têm se organizado para atender a demanda cada vez mais crescente de matrículas nesse segmento da Educação Infantil.

Essas informações são confirmadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística em Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (2011) na qual expressa que as crianças matriculadas em Creche, considerada como estabelecimento destinado a oferecer assistência a crianças nas primeiras idades, não atende a demanda das crianças que tem direito a esse nível da educação, o que demonstra uma pequena parcela da população que compreende a faixa etária de zero a três anos usufruindo desse atendimento.

Essa demanda é constituída pelos fatores das necessidades que levam a família a procurar pelo atendimento na Creche e pelos direitos constituídos as crianças pequenas. Como necessidades é possível elencar algumas formas particulares como, a necessidade familiar, mais especificamente na figura das mães, que necessitam trabalhar e ao mesmo tempo requerem um local de atendimento aos filhos enquanto trabalham ou essa situação é marcada pela possibilidade de as mães ingressarem no mercado de trabalho tendo um local para deixar seus filhos e assim contribuir ou mesmo gerir o sustento das famílias.

Outros fatores que contemplam essas necessidades são o amparo e o oferecimento de condições de segurança, alimentação e higiene oferecidos pelas instituições, pois algumas famílias de baixa renda podem demonstrar dificuldades em suprir essas condições.

Em outro sentido o aumento da população de crianças de zero a seis anos também é expressivo, o que pode refletir na procura por vagas em creches.

Além desses aspectos, enquanto direito estão assegurados pela Constituição Federal e pela LDB 9394/96 que toda criança de zero a três anos tem direito à Educação Básica e pode ser atendida nas unidades escolares de Creche que compreendem essa faixa etária.

Nesse sentido compreende-se que a Creche aborda e cumpre o importante papel de atender à comunidade, às famílias e suas necessidades da mesma forma que garante e atende aos direitos das crianças à Educação em instituições educacionais de caráter coletivo e pedagógico que envolve cuidados e educação. Nesse sentido, o atendimento em Creche precisa contemplar as melhores condições e

(22)

intenções educativas ideais para promover o desenvolvimento infantil com excelência e qualidade.

De outra perspectiva, inúmeras discussões e pesquisas tem abordado a qualidade no atendimento oferecido nas Creches, pois sendo esse contexto educacional envolto de vários aspectos e intenções educativas, é preciso considerar e mensurar sua qualidade, visto que, é considerada a base da Educação.

Mas antes mesmo das relações dos aspectos que dizem respeito à preocupação com a qualidade das Creches é oportuno à reflexão sobre o conceito de qualidade e de que forma se expressa no contexto educacional, visto que há várias interpretações do seu sentido.

Para Moss (2002, p.17) “o conceito de qualidade não é neutro nem isento de valores. É resultado de um modo específico de ver o mundo e está permeado de valores e pressupostos. Trabalhar com o conceito de qualidade é uma opção, não uma necessidade”. Dessa forma, a definição de qualidade é considerada subjetiva, pois qualquer definição está baseada em valores relativos a um determinado contexto. Entretanto, o autor salienta que definir metas de qualidade é se remeter a um contexto onde se almeja resultados a curto, médio ou longo prazo. A afirmação no que diz respeito à possibilidade da opção da qualidade tem relação com a intenção e os valores de quem a almeja.

Entretanto o autor (2002, p.22) ressalta ainda que “o trabalho com qualidade precisa ser contextualizado, espacial e temporalmente, e reconhecidas à diversidade cultural e outras formas de diversidade”. Nesse sentido, a compreensão da qualidade deve contemplar a realidade do contexto a ser analisado e compreendido suas dimensões para que possa efetivar o que é almejado com respeito a diferentes formas de organização.

Zabalza (1998) também colabora com as discussões sobre a qualidade ao abordar três dimensões importantes com vistas a aplicar o conceito de qualidade para diferentes realidades. A primeira está vinculada a valores atribuídos como valiosos e adequados às intenções da instituição, das pessoas entre outras situações. Em outro sentido a qualidade está associada à efetividade de bons resultados alcançados. E por último está vinculada à satisfação dos participantes no processo e dos usuários do mesmo considerando a qualidade de vida e a satisfação dos envolvidos.

Sendo o próprio conceito de qualidade subjetivo e pode acolher múltiplos significados é oportuno refletir de que forma a qualidade é entendida no contexto educacional da Creche, visto que esse segmento da Educação tem ampliado

(23)

consideravelmente o atendimento as crianças pequenas.

Em se tratando de qualidade em Creche e Pré-escolas o Ministério da Educação do Brasil vem abordando essa preocupação por meio da publicação de vários documentos oficiais que expressam as necessidades de intenção, reflexão, ações e do estabelecimento de políticas nacionais para assegurar uma educação de qualidade a todos os segmentos da Educação, especialmente a Creche e seu contexto educativo por ser o primeiro segmento da Educação Infantil a atender as crianças de zero a três anos.

O documento Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à educação (2006) em relação aos princípios, metas e estratégias para assegurar a qualidade da Educação Infantil, aborda que as instituições de atendimento as crianças pequenas devem assegurar e programar os parâmetros de qualidade para as creches, entidades equivalentes e pré-escolas. Gradativamente esses aspectos devem ser ampliados com o acesso e a oferta de vagas.

Por meio de estudos e pesquisas devem ser estabelecidos sistemas de avaliação sobre custos da Educação Infantil de forma a ressaltar sua eficiência, bem como a generalização da qualidade do atendimento as crianças pequenas. A partir desses resultados e informações a divulgação permanente também se faz necessária para que a qualidade dos serviços seja passível de supervisão, controle e avaliação com vistas à sua avaliação e adoção de medidas de melhoria, respeitando ainda as legislações vigentes, as teorias e as pesquisas da área.

Os documentos Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação (2006) contemplam nos volumes um e dois a necessidade de se estabelecer ações efetivas para a promoção da qualidade nas instituições de Educação Infantil e definem que o conceito de parâmetros está relacionado à ideia de padrões de referência orientadores, dessa forma, considera como importante o estabelecimento de pontos de partida e chegada para atingir tais objetivos.

O documento Critérios para um Atendimento em Creches que Respeite os Direitos Fundamentais das Crianças (2009) contempla na forma de direitos as necessidades das crianças pequenas e a articulação das concepções entre cuidar e educar ao expressar os direitos quanto: à brincadeira e a sua valorização, contemplando a disposição de materiais e recursos pedagógicos próprios para essa finalidade. Da mesma forma em que devem ser assegurados momentos de brincadeiras livres e dirigidas, em espaços adaptados, internos, externos e transformáveis, contemplados na organização da rotina, assim como o envolvimento

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das crianças e adultos nos momentos de interação.

O direito a atenção individual ao respeitar as individualidades, singularidades e o contexto sociocultural das crianças, desde a serem chamadas pelos seus nomes próprios, como o estabelecimento de diálogos com os pais, a oferecer oportunidades de as crianças serem ouvidas na expressão de seus sentimentos, manifestações psicológicas ou nos diferentes momentos de comunicação. Outras características contemplam a atenção, o reconhecimento das diferenças de personalidades, necessidades educativas das crianças e a forma como devem ser atendidas respeitando as individualidades e sua interação com as crianças e adultos de forma carinhosa e atenciosa.

Quanto ao direito de um ambiente aconchegante, seguro e estimulante estão contempladas as intenções e ações quanto aos cuidados estéticos e a organização dos espaços de forma a propiciar bem-estar das crianças e adultos, satisfação, adequação as necessidades das crianças.

Em relação ao direito ao contato com a natureza impera a ideia de exploração e acesso a lugares, objetos, materiais, animais no sentido de preservar o respeito, cuidado e manutenção da natureza.

Em se tratando de necessidades fisiológicas, de bem-estar e o direito à higiene, à saúde e alimentação sadia as reflexões giram em torno da orientação e promoção de cuidados a serem realizados de forma tranquila, pausada, sem pressões, planejadas, intencionais e executadas de forma afetiva e com respeito às individualidades de cada criança mesmo estando num ambiente coletivo.

Em relação às necessidades educativas são apontados os direitos quanto ao desenvolvimento da curiosidade, imaginação e capacidade de expressão das crianças pequenas devido ao respeito ao ritmo e as características do processo de desenvolvimento e aprendizagem. É oportuno destacar que devem ser ofertados momentos diferenciados para a promoção dessas características do desenvolvimento por meio de brincadeiras, momentos e situações lúdicas significativas. Da mesma forma, que os progressos do desenvolvimento devem ser registrados e comunicados a família, responsáveis e familiares.

Compreende-se que esse documento valoriza as características do desenvolvimento e as necessidades das crianças de Creche, mas ao mesmo tempo subsidia, orienta e abre caminhos para o trabalho significativo dos profissionais que atuam nesse contexto educacional, considerando os cuidadores, os educadores, os professores, os membros da equipe gestora, auxiliares administrativos, de limpeza e

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manutenção, alimentação e demais profissionais que podem estar ligados às instituições como psicólogos, psicopedagogos, entre outros.

Da mesma forma é uma maneira de considerar o esclarecimento dos objetivos, finalidades e intenções educativas a família e familiares envolvidos no contexto educacional da Creche, que podem também contribuir com iniciativas cada vez mais amplas de conscientização, entendimento e valorização dessa etapa escolar, com fins em si mesmos para a promoção do desenvolvimento infantil, ultrapassando a ideia de direito adquirido garantido pela Legislação do país. Da mesma forma há de contribuir para que as parcerias entre ambas as instituições – família e escola – sejam efetivadas com empenho e clarificação de direitos e deveres de todos os envolvidos.

Com o objetivo de propor uma autoanálise da comunidade escolar e a revisão dos componentes que compõem a qualidade do atendimento oferecido às crianças pequenas o documento Indicadores de Qualidade (2009) corrobora com as iniciativas de qualificar a Educação Infantil a partir de uma análise pautada em seis dimensões.

A Dimensão Planejamento Institucional contempla a preocupação com a clareza e respeito aos objetivos da instituição pela equipe escolar. Dessa forma destaca a importância de a proposta pedagógica ser construída e vivenciada por todos com seus princípios, metas e objetivos. A Dimensão Multiplicidade de Experiências e Linguagens se refere às inúmeras possibilidades de oferecer experiências de aprendizagens, atividades, organização de ambientes e materiais, situações lúdicas entre outras, de modo a propiciar condições para as crianças construírem e vivenciarem a autonomia. Na Dimensão Interações o princípio que deve preservar em todas as suas possibilidades é o fortalecimento das relações interpessoais e de amizade. A Dimensão da Saúde salienta a preocupação com a segurança das crianças com a prevenção de situações de risco, de acidentes, de cuidados e da alimentação saudável. A Dimensão Espaços, Materiais e Mobiliários ressalta a importância das concepções de educação, cuidados, a forma como a organização dos espaços é realizada de forma a respeitar as necessidades de desenvolvimento das crianças. A Dimensão Formação e Condições de Trabalho das professoras e demais profissionais propõe que a qualificação dos profissionais que trabalham diretamente com as crianças pequenas seja constante, de forma a aprimorar as experiências de aprendizagens oferecidas e planejadas as crianças e pelo bem-estar dos profissionais. A última Dimensão aborda a Cooperação e Troca com as Famílias e Participação na Rede de Proteção Social com vistas à promoção de parcerias, acolhimentos e convivência com as famílias.

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A organização desse documento e seu modo de análise podem impulsionar a participação e o comprometimento cada vez mais consolidado com os objetivos e metas da educação para as crianças pequenas, pois envolve os profissionais e os respeita como parte do processo educativo, sendo ouvidos e de forma a propiciar condições de se expressarem, cada qual com suas concepções, suas realidades e formas de organizar o atendimento das crianças.

Em sentido mais amplo, a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, estabelece a qualidade na Educação Infantil ao instituir ampliação da oferta do atendimento as crianças de até três anos em creches e a universalização do atendimento as crianças com idade entre quatro e cinco anos na pré-escola até o ano de 2016 na Meta Um.

Quanto às estratégias a qualidade está focada no atendimento ao padrão nacional de qualidade considerando a ampliação das redes públicas considerando por outro lado as peculiaridades locais.

Outro aspecto importante é a Programar Avaliação da Educação Infantil a cada dois anos com base em parâmetros nacionais de qualidade, de modo a considerar e reafirmar as condições de infraestrutura física, a constituição do quadro de pessoal, os mecanismos de gestão, os recursos pedagógicos, a acessibilidade entre outros aspectos relevantes.

Em outro sentido a lei prevê a articulação com a etapa escolar seguinte com a inserção das crianças de seis anos no Ensino Fundamental, mas com a preservação das especificidades contempladas as crianças de zero a cinco anos na Educação Infantil baseada nos parâmetros de qualidade.

Todos esses documentos reforçam a necessidade de se considerar a qualidade no atendimento as crianças pequenas. Mas compreende-se que a qualidade contempla aspectos de ordem estrutural como espaços físicos, o tipo de construção, o atendimento a critérios de luminosidade, ventilação entre outros, da diversificação, quantidade e disponibilidade de recursos e materiais acessíveis às crianças e profissionais para a promoção de práticas educativas, da mesma forma que perpassa aos investimentos de formação inicial e continuada dos profissionais da educação.

A qualidade pode ser concebida e avaliada de forma diferenciada por todos os envolvidos no contexto da Educação Infantil ao se considerar as diferentes perspectivas e intencionalidades de educadores, gestores, pais, familiares e as próprias crianças atendidas.

Entretanto, é por meio da instituição de políticas nacionais e das legislações vigentes que a almejada qualidade no atendimento as crianças pequenas inicia o

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caminho das transformações sociais, com acesso e permanência das crianças atendidas, a concretização de saberes, o desenvolvimento de processos de ensino e aprendizagem, a qualificação dos profissionais com melhores condições de trabalho e vida entre outros fatores relevantes ao se considerar as necessidades e as realidades de cada instituição escolar.

Algumas pesquisas e estudos com a perspectiva de analisar a qualidade do atendimento oferecido às crianças pequenas corroboram com essas perspectivas demonstradas nos interesses de muitos pesquisadores nacionais e internacionais.

No Brasil vários estudos colaboraram com essa discussão, com destaque aos realizados pelo Laboratório de Psicologia Genética - LPG da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP coordenado pela professora doutora Orly Zucatto Mantovani de Assis.

Com o objetivo de auxiliar os educadores de creche em sua formação, na reflexão de suas práticas, bem como nas possibilidades de estabelecerem novas relações na reconstrução de seu saber a partir de suas experiências e da avaliação das mesmas, o estudo de Costa (2006) revelou as mudanças efetivas geradas por um programa de formação continuada em três instituições assistenciais da cidade de Campinas – SP que atendiam crianças de zero a três anos. Participaram da amostra vinte e seis educadores que atuavam direta ou indiretamente com as crianças.

Fundamentado na teoria construtivista piagetiana, o referido programa derivou-se do PROEPRE (Programa de Educação Infantil e ensino fundamental) elaborado pela professora doutora Orly Zucatto Mantovani de Assis e propiciou um curso de formação com cento e vinte horas de estudos, analisando e refletindo sobre como favorecer o desenvolvimento da criança nos aspectos físico, afetivo, cognitivo e social, os princípios da teoria construtivista, a união de cuidados e educação, o papel da educadora na creche e os procedimentos de uma educação ativa.

Os resultados encontrados demonstraram que os profissionais participantes, após participarem do curso, obtiveram melhorias quantitativas e qualitativas em suas atuações que contribuíram para transformar a qualidade do trabalho pedagógico desenvolvido com as crianças.

Borges (2009) se propôs a investigar a influência do Curso PROEPRE: Fundamentos Teóricos e Prática Pedagógica para a Educação Infantil, ofertado na modalidade de Curso de Extensão pela Escola de Extensão – EXTECAMP da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. A investigação foi realizada em dois grupos de professores participantes do curso distribuídos em duas cidades do interior do Estado de São Paulo, totalizando 34 alunos.

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A coleta de dados procedeu com a utilização de dois instrumentos, sendo que o primeiro continha informações para analisar os dados demográficos dos participantes e o segundo era composto por um Teste Situacional com questões de conhecimento sobre desenvolvimento infantil da criança de zero a três anos, aplicado pré e pós-teste.

Os resultados do Teste Situacional com relação ao Pré-teste demonstraram que o grupo de professores possuía pouco conhecimento sobre o desenvolvimento infantil das crianças de zero a três anos. Já em relação aos resultados do Pós-teste houve significativa incorporação de aspectos referentes ao desenvolvimento infantil em comparação com os do pré-teste. Por essa razão o curso de extensão se mostrou adequado para a formação dos professores que atuam com crianças entre zero a três anos.

Grana (2011) analisou a natureza e as características das interações socioafetivas entre bebês em dois grupos que comportavam a faixa etária entre 10 a 24 meses numa creche não governamental – ONG, localizada em uma cidade do interior do Estado de São Paulo.

Para a coleta de dados foram realizadas sessões de observação de forma a acompanhar as atividades e momentos de interação entre as crianças, utilizando-se também de filmagens.

Os resultados demonstraram que os grupos de crianças apresentaram interações entre os pares com prevalência de algumas condutas como expressões de contentamento e também descontentamento, observações, imitações entre outros aspectos.

Dal Coleto (2014) tendo por pressuposto a discussão sobre a avaliação da qualidade na Educação Infantil contemplando o atendimento da criança de zero a três anos, elaborou um instrumento de avaliação participativa com setenta e um participantes entre professores, educadores, dirigentes e pais de três escolas que atendem crianças pequenas. Os resultados demonstraram que é necessário criar condições para a avaliação da qualidade das creches que atendem crianças pequenas partindo da realidade e contexto de cada instituição escolar. A elaboração de instrumentos de avaliação com critérios próprios facilita o entendimento e análise dos resultados para poder propor ações e mudanças, desde que contemple a participação ativa dos envolvidos no contexto educacional.

Outros pesquisadores brasileiros também tem contribuído com pesquisas com relação à qualidade do atendimento em Creche utilizando como instrumento a Escala Norte-americana, com a versão traduzida para o Brasil intitulada Infant/Toddler

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Environment Rating Scale-Revised Edition-ITERS, a qual propõe a avaliar a qualidade

do atendimento oferecido às crianças de zero a três anos.

Esse instrumento é subdividido entre sete subescalas: Espaço e Mobiliário; Rotinas de Cuidados Pessoais; Escuta e Conversação; Atividades; Interação; Estrutura do Programa e Pais e Pessoal e, composta por trinta e nove itens.

Silveira (2009) verificou a adequação da escala norte-americana utilizada para avaliar a qualidade do atendimento oferecido às crianças de zero a três anos

Infant/Toddler Environment Rating Scale-Revised Edition.

A referida escala foi aplicada em quatro turmas de creches distribuídas entre as diferentes gestões: universitária, municipal, filantrópica e particular. Os itens que melhor foram avaliados foram da gestão universitária, seguido pela municipal, em relação ao nível de má qualidade foram a filantrópica e por último a particular.

Dessa forma, a escala se mostrou pertinente para averiguar o nível de qualidade nas creches brasileiras. Os resultados foram encaminhados para a equipe gestora de cada unidade escolar para a discussão e reflexão das práticas.

Corroborando com essas reflexões, principalmente quanto à importante participação e reconhecimento do educador para promover parâmetros de qualidade a pesquisa de Zucoloto (2011) também investigou se a escala Infant/Toddler

Environment Rating Scale-ITERS seria adequada para entender a qualidade na

educação dos bebês e crianças pequenas. O estudo foi realizado numa creche na região sul da cidade de São Paulo, conveniada do grupo de pesquisas Contextos

Integrados em Educação Infantil da Faculdade de Educação da Universidade de São

Paulo.

A Escala norte-americana mostrou-se coerente para se avaliar os itens que pretendem medir a avaliação das creches. Mostrou-se também adequada por permitir a reflexão dos educadores com vistas à formação continuada.

Quanto aos pesquisadores internacionais Barros (2007) investigou a qualidade de 160 creches no Distrito de Porto em Portugal. A coleta de dados foi a partir da Escala de Avaliação do Ambiente de Creche - ITERS-R na versão portuguesa.

Os resultados demonstraram que foram considerados inadequados e não satisfatórios itens de baixa qualidade como refeições rápidas, trocas de fraldas, práticas de saúde, utilização de livros e jogos. Os itens considerados medianos contemplaram práticas de segurança, música e movimento, atividades de grupo e oportunidades para desenvolvimento profissional. Já os itens mais valorizados foram o ajudar as crianças a compreenderem sua linguagem, interação adulto-criança,

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disciplina e interação entre os pares.

O estudo concluiu que a qualidade das creches, dentre a amostra selecionada, permeia um resultado insatisfatório e que necessita de investimentos por parte do governo para oferecer um atendimento adequado às crianças pequenas, bem como aos profissionais relacionados nesse contexto.

Tadeu (2012) também se propôs a investigar a qualidade de trinta salas de berçário por meio da aplicação da Escala de Avaliação do Ambiente de Creche - ITERS-R na versão portuguesa aplicadas nos Conselhos de Setúbal e de Palmela em Portugal que atendem crianças entre três aos doze meses.

Os dados foram coletados por meio de sessões de observação nas salas com o grupo por três horas, tal qual propõe os procedimentos relativos ao instrumento, nos quais os trinta e nove itens puderam ser analisados. Os resultados foram aplicados em sistema de análise estatística para determinar a validade dos mesmos.

Os resultados demonstraram que as salas de berçário analisadas demonstraram uma média de resultados classificados entre mínimo e bom. As análises detalhadas das subescalas revelaram a constituição de áreas consideradas fortes e deficitárias com relação à qualidade. Em relação às áreas deficitárias se enquadram a falta de higiene entre os procedimentos de cuidados com as crianças e a falta de livros acessíveis às crianças. Já as áreas consideradas fortes destacam-se a existência de espaços e mobiliários de boa qualidade, boas práticas dos prestadores de cuidados em relação à linguagem e a interação com as crianças e adultos.

De certa forma, a qualidade das salas de berçário observadas e avaliadas por meio de uma escala própria de avaliação em Creche da referida pesquisa revelaram a qualidade da realidade das unidades escolares, sua importância para que as práticas educativas e que a organização desse atendimento pudesse ser melhorada.

Carvalho (2012) centrou sua investigação na construção de um instrumento de avaliação das práticas educativas em Creche com vistas a analisar a qualidade desse contexto de atendimento as crianças pequenas considerando aspectos de caráter geral como níveis de bem-estar e implicação e, também individual como Segurança e Autoestima, Curiosidade e Ímpeto Exploratório e as Competências Sociais e Comunicacionais. Os estudos foram realizados em Portugal. A base teórica foi a psicologia do desenvolvimento evidenciada no Modelo Curricular High/Scope, que estabelece uma “Roda de Aprendizagem” para bebês e crianças de forma a atender cuidados e educação (POST e HOHMANN, 2003). Dessa forma, após a formulação do instrumento a pesquisadora o submeteu a consulta de especialistas para a validação e

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fidedignidade. Em seguida, e após as devidas reformulações e adaptações do instrumento ao contexto de creche, foi realizada sua aplicação num grupo focal de onze educadoras.

As análises dos resultados permitiram concluir que o instrumento elaborado com a finalidade de avaliar a qualidade das práticas educativas em creche é um instrumento inovador e coerente para essa finalidade. Por outro lado, foram confirmadas as colocações teóricas da literatura sobre o contexto da creche e sua importância, bem como a consideração das opiniões dos profissionais que trabalham com esse segmento de atendimento as crianças pequenas.

Uma vez que as investigações apresentadas têm demonstrado a importância do oferecimento e da avaliação constante dos aspectos que compõem a organização da Creche se torna imperativo afirmar que as experiências de aprendizagem e de socialização para as crianças pequenas se tornam necessárias neste ambiente.

A qualidade da Creche contempla aspectos que dizem respeito à disponibilidade de espaços constituídos e a sua adequação em termos estruturais como iluminação, ventilação, espaços internos e externos, oferecimento de materiais, brinquedos, livros, jogos e outros materiais didáticos que auxiliam o oferecimento de experiências de aprendizagens.

Além desses fatores, é possível também destacar o importante papel dos profissionais de educação na figura do educador, primeiramente, que está no convívio direto com as crianças pequenas. Em outro aspecto a intencionalidade educativa contemplada nas propostas curriculares ou no currículo das crianças pequenas de forma a atender as suas necessidades e na adoção de práticas educativas capazes de propiciar o desenvolvimento infantil pleno.

Considerando a interação promotora do convívio social saudável há que se considerar a qualidade dos relacionamentos e as diferentes formas de relações interpessoais na creche, de forma a promover nas crianças pequenas habilidades sociais e de convívio com outras pessoas.

Nessa medida, pode-se concluir que a avaliação do ambiente educativo da creche é necessária para promover uma educação de qualidade para as crianças pequenas, uma vez que, esse período escolar é de fundamental importância para o seu desenvolvimento global.

Considera-se que o ambiente educativo, assim como, entendido e definido nesse estudo e com os esclarecimentos dos pesquisadores apresentados no enquadramento teórico, se torna um dos elementos que pode possibilitar a promoção

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do desenvolvimento infantil ao oferecer oportunidades de interações entre os ambientes físico e social, assim como, aos diversos objetos de conhecimento e em suas diferentes dinâmicas de atendimento, respeitando as individualidades das crianças, suas necessidades, seus ritmos, suas histórias familiares e suas culturas.

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3.

O AMBIENTE EDUCATIVO DA CRECHE.

Com a crescente inserção das crianças nas instituições de Educação Infantil que contemplam o atendimento da faixa etária de zero a três anos, muitos pesquisadores passaram a investigar os mais diversos aspectos, finalidades e objetivos desse contexto escolar.

Dentre essas perspectivas a organização do espaço físico ou os arranjos espaciais tem ganhado cada vez mais interesse de investigação devido a sua importância para promover o desenvolvimento infantil juntamente com outros fatores como, a organização e efetivação do Projeto Político Pedagógico, a preocupação com critérios e princípios de qualidade, investimentos na formação continuada dos educadores, acesso a materiais, brinquedos e objetos pedagógicos de qualidade, respeito às diversidades sociais, aproximação da família enquanto parceira no processo educacional entre outros aspectos.

Esse capítulo aborda as definições de espaço físico e ambiente educativo e importância para contexto educacional da Creche

3.1. ESPAÇO FÍSICO E AMBIENTE EDUCATIVO: ALGUMAS DEFINIÇÕES

Em se tratando do contexto educacional muitas questões suscitam dúvidas quanto à relação entre os elementos que o constituem como espaço físico, proposta pedagógica, formação de professores, os métodos de ensino entre outros.

Considerando a importância do espaço escolar e as suas mais diversas formas de organização é possível refletir se há diferenças entre espaço e ambiente? Qual é o papel da organização do espaço e ambiente em diferentes segmentos educacionais? Nesse sentido faz-se necessário definir o conceito de espaço, ambiente e educativo visto que essa pesquisa tem como pressuposto refletir e analisar o ambiente educativo e suas relações com a educação das crianças pequenas na Creche.

Ferreira esclarece no dicionário Aurélio (2002) a definição de espaço com referência a lugares, recintos e que também envolve a capacidade de lotação. Em relação a ambiente sua origem está no latim e significa ambiens/ambientis com o sentido de envolver algo. Educativo por sua vez é um adjetivo que significa concernente à educação, ou seja, que contribui ou acrescenta elementos, ações ou processos ao contexto educacional.

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Colaborando com essas definições Forneiro (1998, p.232) traz as definições de espaço e ambiente.

O termo espaço refere-se ao espaço físico, ou seja, aos locais para a atividade caracterizados pelos objetos, pelos materiais didáticos, pelo mobiliário e pela decoração. Já o termo ambiente refere-se ao conjunto do espaço físico e às relações que se estabelecem no mesmo (os afetos, as relações interpessoais entre as crianças, entre crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto).

Considerando os conceitos apresentados defende-se a ideianesta tese de que o ambiente educativo é constituído pelo espaço físico, de onde derivam todos os lugares que constituem o contexto escolar e pela intencionalidade da organização do ambiente promotor de ações educativas e relações interpessoais que favorecem o processo de aprendizagem. Portanto, o ambiente educativo considera o espaço físico, as intenções, as ações educativas e as relações interpessoais entre todos os envolvidos no processo de aprendizagem pelas crianças ou alunos.

Contribuindo com essa ideia Oliveira (2002, p.32) esclarece que.

Todo ambiente, sem exceção, é um espaço organizado segundo certa concepção educacional, que espera determinados resultados. Há sempre um arranjo ambiental, mesmo que isso se traduza na existência de uma sala com pouco mobiliário e poucos objetos e brinquedos ou uma sala entulhada de berços dispostos lado a lado, como na enfermaria de um hospital tradicional, ou abarrotada de mesas, cadeiras ou carteiras, imitando um arranjo escolar também ultrapassado.

Rodriguez (2005) esclarece que o espaço é um elemento básico do processo educativo por representar lugares em que o desenvolvimento humano se processa. Por essa razão os espaços comportam significados de várias ordens, como simbólico, afetivo, comunicativo entre outros aspectos independentes das formas topológicas, geográficas, arquitetônicas ou físicas de um lugar.

Nesse sentido o autor defende a ideia que os espaços representam a possibilidade das relações humanas e, se tratando dos educativos, a forma como estão organizados, como a comunidade escolar promove ações e intenções entre as formas diferenciadas de pensar e o fazer pedagógico. Desse modo, quanto maiores e melhores forem as referências que o ambiente educacional dispõe de espaços, melhores serão as condições de se promover o processo educativo e, consequentemente, a construção de identidades, ou seja, ações socioeducativas.

Santos, Sekkel e Gozzi (2003) discutem a influência dos espaços no desenvolvimento do projeto educacional e destacam que o da escola vai além do físico, pois é considerado um espaço de vida e tudo que dele deriva sendo, os móveis

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em si e as diversas formas de sua organização, os objetos, os aromas, os ruídos, suas nuances, as pessoas que o constituem, bem como suas memórias. Assim sendo, o ambiente expressa vários aspectos que influenciam os modos de agir e de se relacionar com as pessoas que fazem parte desse contexto educacional, como a intencionalidade, a segurança, a forma de acolher e respeitá-las, ao promover o exercício da cidadania e o desenvolvimento da individualidade entre outros.

Santos, Sekkel e Gozzi (2003) defendem ainda a concepção de que o espaço se torna um elemento organizador das relações, por essa razão há a necessidade de se aliar às concepções e o planejamento dos espaços escolares com o objetivo de promover as relações entre as crianças e o conhecimento se valendo das diretrizes do projeto educacional de cada realidade.

Da mesma forma Oliveira, Mello, Vitoria e Rossetti-Ferreira (2011) salientam que a organização do tempo e dos diferentes espaços traz segurança às crianças, pois asseguram a elas a compreensão do modo pelo qual as organizações sociais se constituem, e sendo a escola estabelecida em sua essência pela coletividade, os espaços escolares promovem as interações sociais. Entretanto, há de se considerar as crianças como seres ativos e participativos nessa organização e o professor é essencial para coordenar a utilização dos espaços e dosar o tempo necessário para atingir tais finalidades.

Ao se considerar a importância da promoção de um ambiente educativo rico em experiências de aprendizagem e em relações interpessoais de modo cada vez mais elaborado é possível refletir e indagar sobre o contexto da Educação Infantil.

3.2. OS ESPAÇOS E AMBIENTES NA PERSPECTIVA DE DOCUMENTOS OFICIAIS DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO BRASIL E OUTROS PAÍSES

Dada a importância das considerações sobre a qualidade de atendimento da criança pequena, que teve de certa forma, o ponto de partida a partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 quando se reconheceu a Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, as questões referentes à organização dos espaços físicos, bem como de seus componentes desencadearam uma série de reflexões, apontamentos, critérios e pesquisas evidenciando sua importância para promover aprendizagens para as crianças pequenas.

Dentre muitas iniciativas para a discussão do tema, profissionais e representantes voltados à Educação Infantil do Ministério da Educação do Brasil

Referências

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