LIPÍDIOS
Abundantes em vários tipos de alimentos (leite, manteiga,
margarina, embutidos)
Nutrientes importantes – fonte de energia para funções
orgânicas
Fontes de vitaminas lipossolúveis (A, E, D e K) e de ácidos
graxos insaturados essenciais
Contribuem para melhorar paladar e sensação de
saciedade
Exercem importante função na estrutura, na composição e
LIPÍDIOS
Componentes em maior quantidade do tecido adiposo –
isolamento para o organismo e proteção para os órgãos internos.
Suscetíveis à rancificação e à lipólise – alterações nas
características sensoriais dos alimentos;
Suscetíveis a processos de transformação estrutural, que
ao mudar suas propriedades físico-químicas, os tornam mais aptos para determinadas aplicações;
Desempenham importantes funções tecnológicas:
emulsificantes, texturizantes, aromatizantes, umectantes, transmissão de calor a alta temperatura.
LIPÍDIOS
Definição: substâncias solúveis em éter, clorofórmio, acetona e demais
solventes. Pouco solúveis em água. Classificação generalizada:
lipídios simples (neutros): formados a partir da esterificação de ácidos
graxos e glicerol. Subdivididos em:
Gorduras: são ésteres formados a partir de ácidos graxos e glicerol,
chamados glicerídios.
Ceras: ésteres formados a partir de ácidos graxos e alcoóis de cadeia
longa.
lipídios compostos: substâncias que, além da ligação éster da união do
ácido graxo e do glicerol, têm outras funções químicas. Incluem: fosfolipídios, cerebrosídeos (ou glicolipídios).
lipídios derivados: são obtidos por hidrólise dos lipídios neutros ou
compostos e que apresentam propriedades de lipídios. São os ácidos graxos, álcoois de alto MM, vitaminas lipossolúveis, entre outros.
Conteúdo de lipídios de alguns alimentos
Produto % Lipídio Aspargos 0,25 Arroz 1,4 Nozes 58 Coco 34 Amendoim 49 Leite 3,5 Manteiga 80 Queijo fresco 11,8 Carne bovina 6Óleos e Gorduras
O estado físico é o que diferencia um óleo de
uma gordura
Óleos: líquidos à temperatura ambiente.
Composição e estrutura dos Lipídios
Tipos de ácidos graxos
Os ácidos graxos são classificados em:
saturados: contêm apenas ligações simples
entre os átomos de carbono.
insaturados: contêm uma ou mais ligação
dupla.
A
dupla
ligação
apresenta-se,
normalmente, em posição cis. Exceções: leite
(5 a 15% dos ácidos graxos são trans), gordura
vegetal hidrogenada (10 a 40% de ácidos
graxos trans)
Principais ácidos graxos saturados nos alimentos
Nome sistemático Nome comum Átomos C Ponto fusão (o C) Ponto ebulição(o C) n-Butanóico butírico 4 - 5,3 164 n-Pentanóico valérico 5 - 34,5 186 n-Hexanócio capróico 6 -3,2 206 n-Heptanóico enântico 7 -7,5 223 n-Octanócio caprílico 8 16,5 240 n-Nonanóico pelargônico 9 12,5 256 n-Decanóico cáprico 10 31,6 271 n-Dodecanóico láurico 12 44,8 130 n-Tetradecanóico mirístico 14 54,4 149 n-Hexadecanóico palmítico 16 62,9 167 n-Heptadecanóico margárico 17 61,8 175 n-Octadecanóico esteárico 18 70,1 184 n-Eicosanóico araquídico 20 76,1 204 n-Docosanóico beênico 22 80 - N-tetracosanóico lignocérico 24 84,2 -
Exemplos de fontes de ácidos
graxos saturados
Ácidos graxos saturados de cadeia linear:
com < 24 C ( mais freqüentes: entre 12 e 24 C)
• Láurico (C-12:0) – 45 a 50% gordura de coco, 45 a 50% óleo de palma
• Mirístico (C-14:0) – 15 a 18% gordura de coco e de óleo de palma
• Palmítico (C-16:0) – 22 a 28% óleo de algodão, 35 a
40% óleo de palma, 20 a 30% gorduras de origem animal, 15 a 20% óleo de peixe
• Esteárico (C-18:0) – 30% dos ácidos graxos dos depósitos de gordura de ruminantes.
Os ácidos graxos saturados com mais de 24 C
raramente ocorrem em óleos comestíveis, mas
são encontrados em ceras.
Os ácidos graxos com número ímpar de C aparecem em
pequenas quantidades em gorduras animais (1 a C-23), em óleo de peixe (C-13 a C-19) ou em gorduras vegetais (C-9 a C-23)
Ácidos graxos insaturados
Apresentam uma ou mais duplas ligações de C entre as moléculas. Apresentam isomeria.
Principais ácidos graxos insaturados nos alimentos
Nome sistemático Nome comum Nome abrev.
9-Tetradecenóico miristoléico 14:1 (n - 5) 9-Hexadecenóico palmitoléico 16:1 (n - 7) 9-Octadecenóico oléico 18:1 (n – 9) 11-Octadecenóico vacênico 18:1 (n – 7) 9-Eicosenóico gadoléico 20:1 (n – 11) 9,12-Octadecadienóico linoléico 18:2 (n – 6) (ω6) 9,12,15-Octadecatrienóico linolênico 18:3 (n – 3) (ω3) 5,8,11,14-Octadecatetrenóico araquidônico 20: 4 (n – 6) (ω6) 5,8,11,14,17-Eicosapentaenóico EPA 20:5 (n – 3) (ω3) 4,7,10,13,16,19-Docosahexaenóico DHA 22:6 (n – 3) (ω3)
ÁCIDOS GRAXOS DOS ALIMENTOS
Ácidos graxos insaturados de cadeia linear:
Número, localização, configuração e conjugação de suas ligações duplas.
Nos alimentos, o número de insaturações não ultrapassa 6.
Normalmente, as ligações duplas não estão conjugadas (entre duas duplas
ligações existe pelo menos um grupo metileno –CH2)
A localização da ligação dupla no carbono 9 na forma cis é a mais freqüente
Os ácidos graxos insaturados podem ter as ligações duplas localizadas em
diferentes posições e, por isso, é preciso uma descrição que especifique sua posição e configuração. Exemplo: ácido cis-9, 12, 15 – octadecatrienóico (linolênico ou C-18:3). A posição da ligação dupla é determinada com a expressão (n-x), na qual x é o número de átomos de carbono que há desde a última ligação dupla ao grupo metila terminal: C-18:3 (n - 3)
n - 3
ÁCIDOS GRAXOS DOS ALIMENTOS
Outra forma de indicar a posição das ligações duplas dos ácidos graxos:
Indica-se somente a posição da primeira ligação dupla, sendo a numeração dos Carbonos iniciada a partir da extremidade da cadeia carbônica (o
Carbono do grupo metila terminal recebe o número 1) e precedida pela
letra ômega (). Assim:
ácido graxo ômega 3 (3): ácido graxo que apresenta sua primeira ligação
dupla no terceiro Carbono contando a partir da extremidade da cadeia carbônica.
Ácidos graxos essenciais
Fisiologicamente, três ácidos graxos polinsaturados, que apresentam mais de uma dupla ligação, são considerados essenciais:
Ácido linoléico (C:18:2 6) Ácido linolênico (C18:3 3) Ácido araquidônico (C20:4 6)
O caráter essencial está associado à posição da primeira ligação dupla a partir do grupo metila: o organismo só consegue realizar modificações enzimáticas em ácidos graxos em posições mais próximas ao grupo carboxílico.
Grupos de Lipídios Alimentícios
Lipídios do leite: caracteriza-se por apresentar grandes
quantidades de ácidos graxos de cadeia curta (C4 a C10). Principal representante: ácido butírico (3 a 15% do total). Também são encontrados ácidos de cadeia longa (ácido oléico – 30 a 40%; ácido palmítico – 25 a 32%; ácido esteárico – 10 a 15%).
Grupo do ácido láurico: no qual o óleo apresenta, em sua
composição, 40 a 50% de ácido láurico. Outros ácidos em menores concentrações – C8, C10, C14, C16, C18 (maioria saturados, como por exemplo, nos óleos de coco e de babaçu).
Grupo dos ácidos oléico-linoléico: maior e mais variado. Os
lipidios que pertencem a este grupo são todos de origem vegetal. O grupo caracteriza-se por apresentar um teor < 20% de ácidos saturados. Os ácidos graxos presentes são os ácidos oléico e linoléico. Ex: óleos de algodão, milho, girassol e azeite de oliva.
Grupos de Gorduras Alimentícias
Grupo do ácido linolênico: com altas concentrações de ácido
linolênico. Também apresenta altas concentrações de ácidos oléico e linoléico. Ex: óleo de soja - 23% ácido oléico, 48% ácido linoléico, 9% ácido linolênico; óleo de milho – 28% ácido oléico, 50% linoléico, não apresenta ácido linolênico.
Grupo das gorduras animais: as gorduras animais apresentam
também teores elevados dos ácidos oléico e linoléico. Este grupo caracteriza-se por apresentar alto teor de ácidos graxos saturados de alta massa molecular. O teor varia de 30 a 40% dos ácidos C16 (palmítico) e C18 (esteárico) saturados alto ponto de fusão. Ex: sebo, toucinho.
Reações Químicas
Neutralização Saponificação Hidrogenação Interesterificação Halogenação Rancidez hidrolítica (lipólise) Rancidez oxidativa
Neutralização
• Neutralização do grupamento carboxílico do ácido
graxo na presença de base forte (NaOH, KOH). R-COOH + NaOH RCOO- Na+ + H
http://quimicasemsegredos.com/images/Teoria/Saponificacao/sabao1.jpg
Reações de
Neutralização e de Saponificação
•
Grau de deterioração
•Estabilidade
•
Verificar possíveis fraudes e adulterações
• Índice de saponificação • Índice de neutralização • Índice de acidez
Reação de Hidrogenação
https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSs2yJmu1zphI-uFq2QbT6on1Iu5fzZgoUL-LkLS7EaXhTZA1Jpyg
A hidrogenação de gorduras é uma reação química que
consiste na adição de hidrogênio nas ligações duplas dos grupos acil insaturados.
Reação de grande importância para a indústria, porque
permite a conversão de óleo líquido em gorduras plásticas para a produção de margarinas, gorduras e outros produtos semi-sólidos.
Para certos óleos, o processo também resulta na
diminuição da suscetibilidade à deterioração por oxidação (oxidativa).
https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTS6AJ_4CFjbE-AtPTlhFgNmlvgxUNIrzJp97hvOUMm2F0TQs9O
Reação de Interesterificação
Catalisadores: Zinco, Cádmio (ou seus compostos), compostos
de metais alcalinos ou de metais alcalino terrosos; enzimas.
Para obtenção de gorduras hidrogenadas, com composição similar às de ocorrência natural em alimentos.
Reação de Halogenação
As duplas ligações presentes nos ácidos graxos insaturados reagem com halogênio (cloro e bromo), para formar compostos de adição.
C = C + Br2 - C – C –
Br Br
I2: menos reativo. Praticamente só é adicionado na forma de monocloreto de iodo (ICl) ou de monobrometo de iodo (IBr).
Índice de iodo = número de gramas de iodo que reage com 100g de lipídio. O iodo reage com os pontos de insaturação, indicando o grau de insaturação dos ácidos graxos de um óleo ou gordura.
Oxidação Lipídica
Uma das principais causas de deterioração de
alimentos.
Inicia-se com a formação de radicais livres e
hidroperóxidos podendo causar alterações sensoriais indesejáveis em óleos, gorduras ou alimentos que os contêm, produzindo odor e sabor desagradáveis e com isso, a diminuição do tempo de vida útil.
Produtos finais que podem ser carcinogênicos.
Os ácidos graxos insaturados, são as estruturas mais
Oxidação Lipídica
Iniciação: Propagação: Terminação: R1H R1 + H R1 + O2 R1OO R1OO + R2H R2 + R1OOH R1 + R 2 R1-R2 R2 + R1OO R1OOR2 R1OO + R2OO R1OOR2 + O2Oxidação Lipídica
Etapa de iniciação: o grupamento metil (R1H) é atacado por
espécie reativa e oxigênio, formando radical alila (R1).
Etapa de propagação: ocorre rearranjo molecular de R1, e com
adição de oxigênio triplete ocorre formação de radical peroxil (R1OO), que ataca o carbono -metileno de outro ácido graxo insaturado adjacente e forma hidroperóxidos e outro radical alila que retroalimenta a reação. É portanto, um processo autoxidativo.
Etapa de terminação: os radicais livres formados se ligam
formando compostos estáveis. Os produtos finais são derivados da decomposição dos hidroperóxidos, como álcoois, aldeído, cetonas, ésteres e outros hidrocarbonetos, além de outros produtos. Aldeídos e outros compostos voláteis formados conferem sabor e odor desagradáveis ao alimento, afetando a qualidade do produto.
Consistem em critérios úteis para avaliar o estágio do
processamento, bem como sua utilidade.
Propriedades estão diretamente relacionadas com a
composição química dos triacilgliceróis.
Propriedades:
Ponto de fusão e consistência Calor específico Viscosidade Peso Índice de refração Polimorfismo Ponto de fumaça
Propriedades Físicas
Óleos: líquidos em temperatura ambiente; PF < 15°C, Gorduras: 30 a 42°C (PF de sebos > 42°C)
PF de lipídios depende:
Tamanho da cadeia carbônica: quanto menor a
cadeia, mais líquido é o lipídio.
Saturados de cadeia curta (até 8C) – consistência
líquida; > 8C – consistência sólida.
Grau de insaturação: quanto maior o grau de
insaturação, menor será o ponto de fusão.
Isomeria: presença de duplas ligações. Possibilita a
ocorrência de isômeros cis e trans. Quanto maior o no
de trans, maior o PF.
Útil para se saber o comportamento dos lipídios durante
os processos tecnológicos.
Calor específico de gorduras líquidas é duas vezes
maior do que o das gorduras sólidas.
Maior mobilidade das moléculas na gordura líquida
↑ com o comprimento da cadeia carbônica
↓ com o aumento da insaturação
↑ com a hidrogenação.
Calor Específico
Lipídios com grande quantidade de insaturações
apresentam PF mais baixos.
A maioria dos óleos vegetais é líquida em temperatura
ambiente.
Temperatura na qual são constatadas as primeiras fumaças de
lipídio sob aquecimento.
Temperatura ideal para aquecimento de óleos de fritura não deve ultrapassar 180°C.
T > 180º C odor, sabor e aspecto indesejáveis.
Polimorfismo
Mais adequados Menos indicados
Tipo P. fumaça Tipo P. fumaça
Soja 240°C Girassol 183°C Canola 230°C Azeite de
oliva 175°C Milho 215°C
Óleos para Fritura
Índice de Refração
Cadeia maior
Efeito da concentração de ácidos graxos livres nos pontos de fumaça, faísca e combustão de óleo de soja
Concentração de ácidos graxos livres
(%)
Temperatura (°C)
Ponto de fumaça Ponto de faísca Ponto de combustão
0,05 210 330 370
0,5 160 290 350
5,0 125 260 320