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Desenvolvimento de uma Metodologia Computacional para Automatizar o Processo de Avaliação do Teste Cometa

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(1)

Daniel San Martin Pascal Filho

Desenvolvimento de uma Metodologia

Computacional para Automatizar o

Processo de Avalia¸

ao do Teste Cometa

Trabalho de conclus˜ao de curso apresentado como parte dos requisitos para obten¸c˜ao do grau Bacharel em Ciˆencias da Computa¸c˜ao.

Orientador:

Prof. Dr. rer.nat. Aldo von Wangenheim

Co-orientador:

Leandro Coser

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

DEPARTAMENTO DE INFORM ´ATICA E ESTAT´ISTICA

BACHARELADO EM CI ˆENCIAS DA COMPUTA ¸C ˜AO

Florian´opolis – SC Junho / 2008

(2)

Trabalho de conclus˜ao de curso sob o t´ıtulo “Desenvolvimento de uma Metodologia Computacional para Automatizar o Processo de Avalia¸c˜ao do Teste Cometa”, defendido

por Daniel San Martin Pascal Filho sob aprova¸c˜ao, em Florian´opolis, Santa Catarina, pela banca examinadora constitu´ıda:

Prof. Dr. rer.nat. Aldo von Wangenheim Departamento de Inform´atica e Estat´ıstica Orientador

Leandro Coser

Departamento de Inform´atica e Estat´ıstica Co-Orientador

Banca Examinadora

Leandro Coser

Departamento de Inform´atica e Estat´ıstica

Antonio Carlos Sobieranski

(3)

“Perder dinheiro ´e perder pouco, Perder Confian¸ca ´e perder muito, Perder a Coragem ´e perder tudo. Portanto, mantenha a coragem como o bem mais precioso de sua vida.” Masutatsu Oyama

(4)

Agradecimentos

Ao orientador Professor Aldo von Wangenheim por suas sugest˜oes e cr´ıticas. Ao co-orientador e membro da banca Leandro Coser por sua paciˆencia e dedica¸c˜ao nestes ´

ultimos meses. Ao membro da banca Antonio Carlos Sobieranski por apontar caminhos que ajudaram no enriquecimento deste trabalho.

`

A Prof. Dra. Cl´audia Maria Oliveira Sim˜oes por me receber em seu laborat´orio e fornecer o material necess´ario para iniciar meus estudos sobre o Teste Cometa. Al´em disso, agrade¸co a ela por me apresentar ao Mestrando Thiago Caon, quem sempre esteve pronto para esclarecer quaisquer d´uvidas sobre o Teste Cometa.

Ao Grupo Cyclops, onde tive a oportunidade de contribuir e aprender ao longo destes ´

ultimos dois anos. Especialmente aos colegas M´arcio Giovani Jasinski, Miguel Cartagena e Diego Garcia, que me presentearam com in´umeras li¸c˜oes enquanto trabalhamos juntos. Ao Mestre Rafael Simon Maia por ser um gestor participativo, estar sempre disposto a ajudar e compreender quando as coisas n˜ao iam bem.

Aos meus amigos e colegas de curso, com os quais pude compartilhar esta maravilhosa fase de minha vida.

Aos meus pais por proporcionarem a infra-estrutura necess´aria para que eu pudesse ingressar, cursar e concluir o curso de Bacharelado em Ciˆencias da Computa¸c˜ao na Univer-sidade Federal de Santa Catarina. Agrade¸co a eles, tamb´em, por todo o apoio, incentivo, amor e carinho de que precisei ao longo destes anos.

Ao meu irm˜ao Liber Alves San Martin que, mesmo sem tempo, sempre esteve ao meu lado disposto a conversar sobre os mais diversos assuntos e dar seu apoio quase incondicional nas decis˜oes que tomei. `A minha namorada Mˆonica Patr´ıcia Sequinatto pelo seu esfor¸co em prol de minha forma¸c˜ao, amor, carinho e compreens˜ao. Aos meus Av´os que mesmo estando t˜ao longe sempre estiveram t˜ao perto.

(5)

Resumo

O Processo de avalia¸c˜ao da genotoxicidade do Teste Cometa pode ser auxiliado por ferramentas de an´alise computacional, dando mais rapidez e precis˜ao `as an´alises. No entanto, esses sistemas s˜ao importados e tˆem um pre¸co muito elevado, o que dificulta sua aquisi¸c˜ao por parte dos laborat´orios.

Este trabalho apresenta a proposta de uma metodologia computacional para automa-tizar o processo de avalia¸c˜ao do teste cometa atrav´es de t´ecnicas de processamento de imagens digitais(PDI). Com a aplica¸c˜ao de t´ecnicas de PDI ´e poss´ıvel extrair caracter´ıs-ticas geom´etricas dos cometas, por meio do qual s˜ao corretamente classificados.

(6)

Abstract

The evaluation process of Comet Assay genotoxicity can be aided by computational analysis tools, providing faster and more accurate analysis. However, these systems have high prices, which difficults their acquisition by laboratories.

Aiming to be the basis for the construction of such a computational tool, this work presents a proposal for a methodology to automate the process of the Comet Assay eva-luation through Digital Image Processing techniques(DIP). With the application of DIP techniques it is possible to extract geometric characteristics of comets, through which they are classified.

(7)

Sum´

ario

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de acrˆonimos e abrevia¸c˜oes p. 14

1 Introdu¸c˜ao p. 16

1.1 Objetivo . . . p. 16 1.1.1 Objetivos Espec´ıficos . . . p. 16

2 Justificativa p. 18

3 Levantamento do Estado da Arte p. 19

3.1 Komet 5.5 . . . p. 19 3.2 Comet Assay IV . . . p. 20 3.3 CometScore . . . p. 22

4 Fundamenta¸c˜ao Te´orica p. 24

4.1 O Teste Cometa . . . p. 24 4.1.1 Como o Teste Cometa Funciona e o que ele Mede . . . p. 25 4.1.2 Varia¸c˜oes do Teste Cometa . . . p. 26 4.1.3 Medi¸c˜oes no Teste Cometa . . . p. 27 4.2 Conceitos B´asicos de Processamento de Imagens Digitais . . . p. 28 4.3 Aquisi¸c˜ao de Imagem . . . p. 28 4.4 Pr´e-processamento . . . p. 29

(8)

4.4.1 Corre¸c˜ao de Inclina¸c˜ao . . . p. 29 4.4.2 Limiariza¸c˜ao . . . p. 30 4.4.3 Subtra¸c˜ao de Imagens . . . p. 31 4.4.4 Filtragem de Imagens . . . p. 31 4.4.5 Filtragem no Dom´ınio Espacial . . . p. 32 4.4.5.1 Filtros da Mediana . . . p. 33 4.4.5.2 Filtragem Gaussiana . . . p. 33 4.4.5.3 Filtro de Difus˜ao Anisotr´opica . . . p. 34 4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens . . . p. 37 4.5.1 Detec¸c˜ao de Descontinuidades . . . p. 37 4.5.1.1 Transformada de Hough . . . p. 38 4.5.1.2 Detec¸c˜ao de Circunferˆencias pela Transformada de Hough p. 38 4.5.1.3 Detec¸c˜ao de Bordas . . . p. 39 4.5.1.4 O Operador de Sobel . . . p. 40 4.5.2 Limiariza¸c˜ao . . . p. 41 4.5.2.1 Limiariza¸c˜ao Global . . . p. 42 4.5.2.2 Limiariza¸c˜ao Global Iterativa . . . p. 42 4.6 Morfologia Matem´atica . . . p. 43 4.6.1 Operadores Mofol´ogicos em Imagens Bin´arias . . . p. 44 4.6.1.1 Dilata¸c˜ao e Eros˜ao . . . p. 44 4.6.1.2 Abertura e Fechamento . . . p. 45 4.7 Reconhecimento e Interpreta¸c˜ao . . . p. 45

5 Metodologia p. 46

5.1 Ferramenta de Desenvolvimento . . . p. 46 5.2 Passos no Dom´ınio do Processamento de Imagens . . . p. 46 5.3 Aquisi¸c˜ao de Imagem . . . p. 47

(9)

5.4 Defini¸c˜ao da Regi˜ao de Interesse . . . p. 48 5.5 O Problema dos Cometas em Forma de Nuvem . . . p. 48 5.6 Pr´e-processamento . . . p. 50 5.7 Segmenta¸c˜ao do Cometa atrav´es de T´ecnicas Baseadas em Limiariza¸c˜ao

Adaptativa com Reconstru¸c˜ao . . . p. 50 5.8 M´etodo Baseado no Algoritmo CHARM para Segmenta¸c˜ao da Cabe¸ca

do Cometa . . . p. 57 5.8.1 Algoritmo de Detec¸c˜ao de Circunferˆencia pela Transformada de

Hough atrav´es do Vetor de Gradiente de Sobel Limiarizado . . . . p. 59 5.8.2 Algoritmo de Busca Radial para Delineamento da Borda da Cabe¸ca p. 60 5.9 Extra¸c˜ao de Caracter´ısticas das Imagens Segmentadas . . . p. 62 5.10 Base de Conhecimento . . . p. 62 5.11 Classifica¸c˜ao dos Cometas . . . p. 63 5.12 Detec¸c˜ao de Erros . . . p. 64

6 Resultados p. 66

7 Conclus˜ao p. 68

8 Trabalhos Futuros p. 70

Referˆencias Bibliogr´aficas p. 71

9 Anexo A - C´odigo Fonte do Prot´otipo p. 74

9.1 anisodiff2D . . . p. 74 9.2 cometGUI . . . p. 76 9.3 cometseg . . . p. 83 9.4 cycCometCVCore . . . p. 84 9.5 extremes searcher bw . . . p. 87 9.6 gray threshold . . . p. 88

(10)

9.7 gray thresholding . . . p. 88 9.8 head segmentation . . . p. 89 9.9 is connectedpixel . . . p. 94 9.10 nonblack var . . . p. 95 9.11 radians . . . p. 96 9.12 threshold by range . . . p. 96 9.13 threshold with reconstruction . . . p. 97

(11)

Lista de Figuras

3.1 A esquerda, tela de apresenta¸c˜` ao de dados e `a direita est´a a tela da base

de dados. . . p. 19 3.2 Comet Assay IV . . . p. 21 3.3 Tela principal do CometScore. . . p. 22 3.4 Menu de informa¸c˜oes que se deseja capturar na an´alise. . . p. 22 4.1 Exemplo do ciclo b´asico do teste cometa. As c´elulas s˜ao retiradas das

amostras para serem fixadas nas lˆaminas com agarose e, logo, levadas a um tamp˜ao de lise. Ap´os serem lisadas, perdendo o citoplasma, mem-brana entre outras estruturas, elas s˜ao expostas a um campo eletrofore-tico. Algum tempo depois, as lˆaminas com DNA recebem um tratamento

e s˜ao levadas a um microsc´opio para serem analisadas. . . p. 24 4.2 Classifica¸c˜ao visual sugerida por Collins et. al. (1995). Imagens de

cometas (a partir de linf´ocitos), coradas com DAPI. Representam 0-4

utilizados para as aulas escore visual. . . p. 25 4.3 Esquema de classifica¸c˜ao visual de cometas de Kobayashi et al. (1995).

Cada cometa pode pertencer a uma dos cinco tipos de classes. . . p. 28 4.4 Etapas mais comuns no processamento de imagens. . . p. 29 4.5 Exemplo de binariza¸c˜ao como pr´e-processamento . . . p. 30 4.6 Distribui¸c˜ao de Gauss em 2-D com m´edia (0,0) e σ = 1 (IMAGE

PRO-CESSING LEARNING RESOURCES, ) . . . p. 34 4.7 Detec¸c˜ao de circunferˆencias por meio da transformada de Hough. . . p. 40 4.8 Histograma bimodal. . . p. 42 4.9 Representa¸c˜ao de uma imagem bin´aria. . . p. 43 5.1 Diagrama simplificado da metodologia. . . p. 47

(12)

5.2 Microsc´opio Olympus BX40. . . p. 48 5.3 Uma t´ıpica an´alise mostrando o cometa com sua cabe¸ca( head), cauda(

tail) e o fundo( background) da regi˜ao de interesse. . . p. 49 5.4 Cometa da classe 4. N˜ao possui cabe¸ca. . . p. 50 5.5 Imagens com contrastes diferentes . . . p. 51 5.6 Imagens em n´ıvel de cinza de linf´ocitos humanos cometas capturados

com uma cˆamera de intensidade. Esquerda: Controle amostra. Direita:

irradiados com 2 Gy. . . p. 52 5.7 Distribui¸c˜ao Gaussiana do ru´ıdo no fundo da imagem do Teste Cometa

(BOCKER et al., 1999) . . . p. 53 5.8 Dependˆencia do n´umero de objetos(NO) dentro da imagem bin´aria sobre

limiar selecionado.(BOCKER et al., 1999). O decrescimento no NO para

baixos limiares ´e resultado da fus˜ao dos objetos. . . p. 54 5.9 Metodologia para segmenta¸c˜ao do cometa. . . p. 54 5.10 Resultado final da segmenta¸c˜ao dos cometas pelo m´etodo desenvolvido

por Rivest et al.(1996) . . . p. 55 5.11 Fun¸c˜ao de Limiariza¸c˜ao com Reconstru¸c˜ao. Esta fun¸c˜ao utiliza

uma imagem em n´ıveis de cinza f com dimens˜oes M x N. No final do processamento, produz-se uma imagem bin´aria g. O n´ıvel de limiariza¸c˜ao superior t1 deve ser passado `a fun¸c˜ao. t1 ´e o n´ıvel para a limiariza¸c˜ao

superior. . . p. 56 5.12 Exemplo de cometa com cabe¸ca dif´ıcil de ser segmentada. . . p. 58 5.13 Trˆes exemplos de cometas dif´ıceis de terem suas cabe¸cas segmentadas. A

borda branca mostra o resultado da segmenta¸c˜ao via algoritmo CHARM.

(VOJNOVIC et al., ) . . . p. 58 5.14 Sentido da busca radial. . . p. 60 5.15 Localiza¸c˜ao de pontos extremos na imagem do cometa produzida pela

etapa de segmenta¸c˜ao. . . p. 62 6.1 Classifica¸c˜ao do especialista x usu´ario atrav´es do prot´otipo. . . p. 67 6.2 Tempo de resposta do prot´otipo. . . p. 67

(13)

Lista de Tabelas

4.1 M´ascara 3x3 freq¨uentemente usada no filtro de mediana . . . p. 33 5.1 A ocorrˆencia de p´ıxeis ruidosos ´e usado para calcular o limiar ´otimo. . . . p. 55 5.2 Principais passos para a segmenta¸c˜ao do cometa inteiro . . . p. 57

(14)

14

Lista de acrˆ

onimos e abrevia¸

oes

A

API - Application Programming Interface AIFF - Audio Interchange File Format

B

BSD - Berkeley Software Distribution

G

GNU - Gnu is not unix

H

HU - Hospital Universit´ario

I

IDE (Integrated Development Environment)

L

LIRC - Linux Infrared Remote Control

LGPL - GNU LESSER GENERAL PUBLIC LICENSE

P

(15)

Lista de acrˆonimos e abrevia¸c˜oes 15

PDI Processamento Digital de Imagens

R

ROI - Region of interest

S

SGI - Silicon Graphics, Inc

SR - Speech Recognition ou Structured Report (de acordo com o contexto)

T

TAG- Do inglˆes, etiqueta

U

(16)

16

1

Introdu¸

ao

O Teste Cometa, tamb´em conhecido como Ensaio Cometa, ´e utilizado como um m´ e-todo para medir o dano no DNA das c´elulas. Por ser de f´acil execu¸c˜ao e de baixo custo, foi largamente adotado tanto nos meios acadˆemicos quanto fora dele. Contudo, o processo de classifica¸c˜ao de centenas de c´elulas presentes nas lˆaminas ´e visual e repetitivo, tornando-se um tanto cansativo para os especialistas envolvidos.

Essa situa¸c˜ao motivou a cria¸c˜ao de diversos sistemas de vis˜ao computacional para a quantifica¸c˜ao do Teste Cometa. No entanto, o alto custo desses sistemas ainda torna sua aquisi¸c˜ao invi´avel para a maioria dos laborat´orios brasileiros.

Atrav´es de um estudo detalhado sobre o Teste Cometa e das t´ecnicas mais comuns utilizadas para sua automatiza¸c˜ao por computador, este trabalho buscou desenvolver uma metodologia para classificar cada n´ucleo de c´elula, a partir da qual seja poss´ıvel imple-mentar um sistema computacional eficiente e de baixo custo.

1.1

Objetivo

Este trabalho visa o desenvolvimento de uma metodologia computacional capaz de automatizar o processo de classifica¸c˜ao dos n´ucleos celulares, em imagens oriundas de Testes Cometa, quanto aos danos em seus DNAs.

1.1.1

Objetivos Espec´ıficos

• Estudo das t´ecnicas utilizadas em Processamento de Imagens Digitais; • Apresenta¸c˜ao dos princ´ıpios do Teste Cometa;

• Aplica¸c˜ao de t´ecnicas de processamento digital de imagem para melhoramento das caracter´ısticas das imagens dos cometas;

(17)

1.1 Objetivo 17

• Levantamento, desenvolvimento e/ou aplica¸c˜ao de t´ecnicas de processamento digital de imagem para segmenta¸c˜ao das cabe¸cas e caudas dos cometas;

• Levantamento, desenvolvimento e/ou aplica¸c˜ao de t´ecnicas de processamento digital de imagem para classifica¸c˜ao das imagens dos cometas conforme as cinco classes tradicionais de acordo com o dano no DNA;

• Extra¸c˜ao de caracter´ısticas das imagens dos cometas como comprimento da cauda do cometa e diˆametro da cabe¸ca, baseada na an´alise computacional das caracter´ısticas da imagem.

(18)

18

2

Justificativa

O Teste Cometa foi introduzido por ¨Ostling e Johanson em 1984 (OSTLING; JOHAN-SON, 1984), sendo uma t´ecnica desenvolvida para detectar a quebra de DNA (´acido de-soxirribonucl´eico), produzida por altera¸c˜ao gen´etica nas c´elulas. Devido ao baixo custo envolvido em sua execu¸c˜ao, ele ´e hoje um dos testes mais populares para a an´alise de genotoxicidade.

Cada lˆamina a ser analisada por um especialista possui mais de 100 cometas distri-bu´ıdos de forma desuniforme em sua superf´ıcie. Dentre os cometas dispostos sobre cada lˆamina, em m´edia, 50 s˜ao selecionados e classificados visualmente por um especialista. Na classe zero o cometa n˜ao possui cauda, contendo pouca danifica¸c˜ao no material gen´etico. Nas classes um, dois e trˆes, os cometas apresentam uma cauda formada pelo escorrimento do material gen´etico sobre a lˆamina. O comprimento dessa cauda em rela¸c˜ao ao diˆametro da cabe¸ca, entre outras caracter´ısticas, ´e usado para classificar o cometa visualmente pelos especialistas em uma dessas trˆes classes(Fig.4.3). J´a cometas da classe 4 n˜ao apresentam uma cabe¸ca bem definida, formando uma nuvem (Fig.4.2).

A an´alise de um grande n´umero lˆaminas ´e considerado um processo cansativo, al´em disso, como o processo tradicional de sele¸c˜ao e classifica¸c˜ao dos cometas ´e visual.

Nesta pesquisa, procura-se desenvolver uma metodologia de baixo custo computacio-nal que automatize o processo de classifica¸c˜ao dos danos do DNA de cada cometa presente nas imagens das lˆaminas, capturadas por uma cˆamera digital convencional acoplada ao microsc´opio.

(19)

19

3

Levantamento do Estado da

Arte

Nas pr´oximas se¸c˜oes h´a uma breve descri¸c˜ao dos sistemas computacionais mais uti-lizados para avalia¸c˜ao da genotoxicidade do Teste Cometa dispon´ıveis no mercado. Os comet´arios sobre os mesmos s˜ao feitos com base nas informa¸c˜oes disponibilizadas pelas empresas respons´aveis.

3.1

Komet 5.5

O software Komet 5, segundo a empresa ANDOR Technology, sua fabricante, ´e, sim-plesmente, a mais avan¸cada e completa solu¸c˜ao em software para an´alise, manuseio de dados e apresenta¸c˜ao de amostras do Teste Cometa. O Komet 5 introduziu o uso de Base de Dados, armazenando a imagem de cada c´elula junto com sua respectiva an´alise.

Figura 3.1: `A esquerda, tela de apresenta¸c˜ao de dados e `a direita est´a a tela da base de dados.

Separadamente ao Komet 5.5, h´a o Komet Database View(DBV), com o qual se pode visualizar os dados da base de dados, al´em de ser poss´ıvel realizar an´alises sobre o mesmo. O DBV permite apresentar os resultados na forma de Dose Response curves e de outros

(20)

3.2 Comet Assay IV 20

tipos de gr´aficos.

Principais Caracter´ısticas:

• Captura de cometas por um s´o clique do “mouse”(“one click capture”), garantindo uma r´apida pontua¸c˜ao(“scoring”);

• Computa¸c˜ao completamente autom´atica e interativa da porcentagem de DNA da cabe¸ca e cauda, momento Olive da cauda, porcentagem de intensidade da cauda, comprimento da cauda, etc.;

• Base de dados de captura e armazenamento das imagens e dados das c´elulas; • Visualiza¸c˜ao da base de dados permite a apresenta¸c˜ao de dados, decodifica¸c˜ao e

sum´arios de dados para an´alise estat´ıstica;

• O modo “Experience” guia o usu´ario pela an´alise, lˆamina por lˆamina;

• O “scoring”(pontua¸c˜ao) pode ser suspenso e reiniciado em m´ultiplas sess˜oes. Atualmente, o Komet 5.5 ´e vendido por USD$6440,00.

3.2

Comet Assay IV

O Comet Assay IV possui o lema:“O sistema de classifica¸c˜ao de teste cometa mais consistente e mais r´apido do mundo”. Desenvolvido pela Perseptive Instruments, destaca-se pelo destaca-seu m´etodo de classifica¸c˜ao de apenas um clique e pela imagens de v´ıdeo ao vivo, caracter´ısticas que, segundo a empresa, tornam seu software o mais simples de ser utilizado.

Caracter´ısticas de Comet Assay IV

• Marca automaticamente as c´elulas avaliadas para prevenir que os usu´arios classifi-quem a mesma c´elula duas vezes;

• Suporte a cˆamera colorida para obter imagens de v´ıdeo ao vivo;

• Facilidade de importa¸c˜ao e classifica¸c˜ao de imagens capturadas com qualquer cˆamera digital;

• A classifica¸c˜ao autom´atica por um s´o clique permite uma melhor velocidade e re-produtibilidade;

(21)

3.3 CometScore 21

Figura 3.2: Comet Assay IV

• Suas ferramentas de administra¸c˜ao de estudos flex´ıveis colaboram na realiza¸c˜ao de um trabalho personalizado;

• A conectividade com o banco de dados Oracle aumenta a seguran¸ca dos resultados; • Possui diversas macros de Excel para a an´alise e compara¸c˜ao de dados;

• Armazena as imagens automaticamente dados da an´alise para garantir mais quali-dade;

O funcionamento b´asico do software ´e relativamente simples. Com o acoplamento uma cˆamera ao microsc´opio, o Comet Assay IV pode capturar as imagens em tempo real, ou seja, o que se pode observar na tela do computador ´e um v´ıdeo do que est´a acontecendo sob as lentes do microsc´opio. Isto permite que o microsc´opio possa ser calibrado e as altera¸c˜oes apare¸cam no monitor. Logo, a classifica¸c˜ao de cada cometa ´e feita no momento em que se clica sobre o mesmo, que aparece no v´ıdeo. O cometa clicado recebe uma marca para evitar reclasisifica¸c˜oes e os dados podem ser armazenados tanto em um arquivo no formato do “Excel” quanto num armazenados no banco de dados, ou nos dois.

(22)

3.3 CometScore 22

Figura 3.3: Tela principal do CometScore.

3.3

CometScore

O CometScore ´e um software gratuito para quantificar os resultados do teste cometa. O software produzido pela Tritek Corporation roda apenas na plataforma Windows. Ele aceita unicamente imagens de 8-bit em tons de cinza ou 24-bit coloridas, ambas no formato BMP. Al´em disso, a disposi¸c˜ao dos cometas nas imagens deve ser horizontal, da esquerda-para-direita ou da direita-para-esquerda.

Caso as imagens n˜ao estejam nesse padr˜ao, a empresa fabricante aconselha que sejam usados softwares de processamento de imagem para corrigi-las. Um software aconselhado pela empresa ´e o GIMP, cuja licen¸ca de uso ´e livre.

Estando a imagem pronta para ser analisada, ela deve ser carregada no CometScore. Uma vez carregada, o usu´ario deve, ainda, separar os cometas do fundo da imagem. Essa tarefa ´e realizada atrav´es de um componente localizado no lado direito da tela. Com isso, ´e aplicada uma limiariza¸c˜ao simples sobre a imagem inteira.

Figura 3.4: Menu de informa¸c˜oes que se deseja capturar na an´alise.

Para escolher o cometa que se deseje classificar, ´e preciso clicar e arrastar o mouse em volta do cometa para formar um retˆangulo ao seu redor. Feito isso, o usu´ario deve tra¸car uma linha entre a cabe¸ca do cometa e a cauda usando o pr´oprio “mouse”. Uma vez

(23)

3.3 CometScore 23

feito o retˆangulo, um linha passa a acompanhar o ponteiro do “mouse”. Tra¸cada a linha divisora, o programa faz o processamento para extrair as informa¸c˜oes do cometa escolhido finalmente.

Dentre as 17 informa¸c˜oes que o CometScore ´e capaz de capturar est˜ao: comprimento da cauda, ´area da cauda, porcentagem de DNA na cauda, momento da cauda e momento Olive da cauda. As informa¸c˜oes que se deseje extrair devem ser escolhidas em uma janela de configura¸c˜ao.

Ap´os haver quantificado os cometas desejados, as informa¸c˜oes podem ser visualizadas em um software de planilhas, como o Microsoft Excel.

(24)

24

4

Fundamenta¸

ao Te´

orica

4.1

O Teste Cometa

O teste cometa foi introduzido por ¨Ostling e Johanson em 1984 (OSTLING; JOHAN-SON, 1984), sendo uma t´ecnica desenvolvida para detectar a quebra de DNA (´acido desoxirribonucl´eico), produzida por altera¸c˜ao gen´etica nas c´elulas.

Figura 4.1: Exemplo do ciclo b´asico do teste cometa. As c´elulas s˜ao retiradas das amostras para serem fixadas nas lˆaminas com agarose e, logo, levadas a um tamp˜ao de lise. Ap´os serem lisadas, perdendo o citoplasma, membrana entre outras estruturas, elas s˜ao expostas a um campo eletroforetico. Algum tempo depois, as lˆaminas com DNA recebem um tratamento e s˜ao levadas a um microsc´opio para serem analisadas.

O princ´ıpio no qual o teste cometa se baseia ´e que danos no DNA reduzem o tamanho de seus fragmentos. Este efeito ´e detectado ao se aplicar um campo eletrofor´etico 1 para separar os fragmentos gen´eticos do n´ucleo de acordo com seus tamanhos. Antes de serem

1

A eletroforese ´e uma t´ecnica utilizada para separar macromol´eculas tais como ´acidos nucl´eicos ou prote´ınas com base no tamanho, na carga el´etrica e em outras caracter´ısticas f´ısicas. Tal propriedade, atribui-lhe um papel fundamental na separa¸c˜ao dos fragmentos de DNA durante a execu¸c˜ao do teste cometa.

O uso deste m´etodo possibilita a migra¸c˜ao das mol´eculas atrav´es da extens˜ao do gel, impulsionadas por uma corrente el´etrica. Nas extremidades do gel est˜ao os el´etrodos que fornecem a for¸ca dirigida. Em alguns casos, o formato da mol´eculas tamb´em influencia na facilidade de migra¸c˜ao pelo gel.

(25)

4.1 O Teste Cometa 25

expostas a tal campo, as c´elulas j´a foram devidamente lisadas com o tamp˜ao de lise. O padr˜ao migrat´orio formado pelos fragmentos de DNA formam um padr˜ao t´ıpico da cauda de um cometa.

Por ser simples, sens´ıvel, vers´atil, r´apido e econˆomico ele tˆem atra´ıdo muitos adeptos, sendo que sua cita¸c˜ao em trabalhos acadˆemicos e utiliza¸c˜ao em laborat´orios cresce a cada ano. Conseq¨uentemente, vem sendo aplicado em testes genot´oxicos, biomonitoramento humano, epidemiologia molecular, ecotoxicologia, assim como em pesquisas em danos e reparo de DNA.

4.1.1

Como o Teste Cometa Funciona e o que ele Mede

Na d´ecada de 1970, Cook et. al.(1976) desenvolveram uma abordagem para a inves-tiga¸c˜ao de estruturas nucleares baseada na lise de c´elulas com detergente n˜ao-iˆonico e de cloreto de s´odio em alta concentra¸c˜ao. Este tratamento remove membranas, citoplasma e nucleoplasma, e desintegra os nucleossomos. Quase todas as histonas s˜ao diluidas pelo alto cloreto de s´odio (COLLINS, 2004). As histonas s˜ao prote´ınas fortemente associadas com mol´eculas de DNA. Elas s˜ao respons´aveis pela estrutura da cromatina e desempenham um importante papel na regula¸c˜ao da express˜ao gˆenica.

Figura 4.2: Classifica¸c˜ao visual sugerida por Collins et. al. (1995). Imagens de cometas (a partir de linf´ocitos), coradas com DAPI. Representam 0-4 utilizados para as aulas escore visual.

Assim, apenas o nucl´eolo ´e deixado, consistindo de uma matriz nuclear ou “scaffold”( esqueleto) composta por ´acido ribonucleico( RNA) e prote´ınas, juntamente com o DNA, o qual ´e negativamente supercoloidado 2 como conseq¨uˆencia dos giros feitos pela

dupla-2

(26)

4.1 O Teste Cometa 26

h´elice em volta das histonas do nucleossomos.

O que sobra do “supercoils” sugere que a rota¸c˜ao livre do DNA n˜ao ´e mais poss´ıvel. Cook et. al.(1976) propuseram um modelo com o DNA unindo a matriz em intervalos para que seja distribu´ıdo eficientemente em uma s´erie de “loops”, mais que uma mol´ecula linear. Quando o “supercoil” negativo estiver desenrolado pelo intercalamento com o brometo de et´ıdio, os “loops” expandidos do centro do nucle´oide formar˜ao uma mancha. Um efeito similar foi visto quando uma radia¸c˜ao ionizante foi usada para relaxar os “loops” - uma quebra de fita simples ´e suficiente para relaxar o “supercoil” num dado “loop”.

O teste cometa, portanto, em sua forma mais freq¨uente de uso, envolve a lise de detergente em alta concentra¸c˜ao salina, seguida de fixa¸c˜ao em agarose para que o DNA fique imobilizado com a subseq¨uente eletroforese.

A primeira demonstra¸c˜ao de “cometas” foi realizada por ¨Ostling e Johanson(1984), que descreveram as caudas em fun¸c˜ao do DNA com “supercoil” relaxado e referenciaram ao modelo de nucle´oide de Cook et. al.(1976). Essencialmente, a cauda do cometa parece uma simples mancha dos “loops” relaxados arrastados para um lado pelo campo eletrofor´etico.

¨

Ostling e Johanson(1984) empregaram um pH menor que dez. Este fato mostra que, apesar da varia¸c˜ao mais comum atual do teste cometa empregar o SCGE alcalino, um alto pH n˜ao ´e essencial para detectar a quebra de fita simples.

4.1.2

Varia¸

oes do Teste Cometa

O Teste Cometa apresenta algumas varia¸c˜oes, contudo as mais comuns s˜ao:

• Alkaline Single Cell Gel Electrophoresis

O procedimento de ¨Ostling e Johanson n˜ao foi largamente adotado. Alguns anos mais tarde, dois grupos de pesquisadores (SINGH et al., 1988) desenvolveram de forma independente m´etodos que envolviam o tratamento usando um alto pH. Esta alcaliniza¸c˜ao torna as caudas dos cometas mais pronunciadas e melhora a resolu¸c˜ao do teste, n˜ao afetando a sensibilidade( isto ´e, detecta a pequenas doses de dano).

no sentido contr´ario ao de rota¸c˜ao da h´elice, diminuindo o n´umero de ligamentos, temos o “supercoil” negativo. O “supercoil” ´e positivo quando ele aumenta o n´umero de ligamento. O estado super enrolado ´e menos est´avel que o estado relaxado. Para desfazer o “supercoil” ´e necess´ario uma quebra em uma das cadeias de DNA. Essa quebra ´e usada no teste cometa e faz com que o “supercoil” seja diretamente respons´avel pela mancha em forma de cometa resultante dos testes.

(27)

4.1 O Teste Cometa 27

• Neutral Single Cell Gel Electrophoresis

Foi desenvolvido por Olive et. al. para facilitar a detec¸c˜ao da quebra de fita dupla sem a interferˆencia da quebra de fita simples. Seu procedimento emprega um tra-tamento extensivo de quebra das c´elulas em agarose a cinq¨uenta graus c´elcios. Sob essas condi¸c˜oes ´e prov´avel que a matriz nuclear esteja descontinuada de modo que ser´a verdadeiramente poss´ıvel verificar o comportamento dos segmentos provenientes da quebra de fita dupla.

4.1.3

Medi¸

oes no Teste Cometa

Kumaravel et. al(2007) detalha os m´etodos usados para avaliar as imagens do Teste Cometa. As principais t´ecnicas descritas em seu artigo s˜ao apresentadas a seguir.

Sing et. al(1988) desenvolveram uma vers˜ao alcalina do Teste Cometa. no qual eles usaram o comprimento da migra¸c˜ao do DNA( comprimento da cauda) para quantificar a extens˜ao de seu dano. Subseq¨uentemente, outros grupos de pesquisadores publicaram artigos no qual novos parˆametros do Teste Cometa foram usados. Contudo, a maior parte desses novos parˆametros encontrados ca´ıram em desuso.

Olive et. al(1990) fez uma not´avel publica¸c˜ao, onde ´e usado o conceito de “tail mo-ment” (momento da cauda) para descrever a migra¸c˜ao do material gen´etico. O “tail moment” calculado por Olive et. al(1990) se tornou conhecido como “Olive tail mo-ment”(OTM). Este parˆametro ´e particularmente ´util na descri¸c˜ao da heterogeneidade em uma popula¸c˜oes celulares, pois o OTM pode pegar varia¸c˜oes na distribui¸c˜ao do DNA na cauda.

Collins et. al(1995) publicaram um m´etodo de pontua¸c˜ao visual(”visual scoring”) atrav´es do qual se pontua cada cometa, classificando-os em graus que v˜ao de 0 a 4( Fig. 4.2). Dessa forma, se 100 cometas s˜ao classificados em uma lˆamina, o seu “score” total ficar´a entre 0 e 400 unidades arbitr´arias.

Outra publica¸c˜ao de destaque sobre a classifica¸c˜ao visual foi a de Kobayashi et al.(1995). O sistema de “scoring” usado por eles agrupou os cometas em cinco est´agios(Fig. 4.3). No entanto, eles n˜ao calculam o “score” total para cada lˆamina.

A quantifica¸c˜ao visual ´e um m´etodo r´apido e simples, ao qual se deve recorrer para explorar a utilidade do Teste Cometa, sem a necessidade de investir em equipamentos e caros softwares de an´alise de imagens(COLLINS, 2004).

(28)

4.2 Conceitos B´asicos de Processamento de Imagens Digitais 28

Figura 4.3: Esquema de classifica¸c˜ao visual de cometas de Kobayashi et al. (1995). Cada cometa pode pertencer a uma dos cinco tipos de classes.

Cabe salientar que o “scoring” visual baseado em Collins et. al(1995) se tornou muito popular em estudos de biomonitoramento e estudos de repara¸c˜ao de DNA. Mais de 70 estudos de biomonitoramento se reportam ao dano de DNA usando o crit´erio de quanti-fica¸c˜ao visual (MOLLER, 2006).

4.2

Conceitos B´

asicos de Processamento de Imagens

Digitais

As imagens s˜ao facilmente digitalizadas com as tecnologias existentes. Seja atrav´es de uma simples cˆamera fotogr´afica digital ou de aparelhos de tomografia computadorizada, pode-se capturar sinais cont´ınuos e digitaliz´a-los para fins, como an´alise, arquivamento, uma posterior visualiza¸c˜ao ou qualquer outro tipo de processo.

Nesse contexto, tem-se destacado o processamento digital de imagens(PDI). Apli-cando opera¸c˜oes de PDI, consegue-se n˜ao apenas melhorar a qualidade da imagem para a vis˜ao humana como tamb´em adapt´a-las para a an´alise de suas caracter´ısticas e estru-turas presentes segundo Russ (1998). Como, normalmente, o processamento de imagens envolve procedimentos que podem ser expressos de forma algor´ıtmica, a maior parte de suas fun¸c˜oes podem ser implementadas via software (FILHO, 1999).

A divis˜ao das principais etapas do processamento de imagens segundo Gonzalez(2002) s˜ao apresentadas na figura 4.4.

4.3

Aquisi¸

ao de Imagem

A aquisi¸c˜ao de uma imagem ´e a primeira etapa no processamento de imagens. Para realiz´a-la, necessita-se de um sensor e um digitalizador. A fun¸c˜ao do sensor ser´a o de converter a imagem em sinal el´etrico enquanto o digitalizador converter´a a imagem ainda no formato anal´ogico para um sinal digital.

(29)

4.4 Pr´e-processamento 29

Figura 4.4: Etapas mais comuns no processamento de imagens.

Para obter uma imagem de qualidade deve-se escolher de forma adequada os sensores, o conjunto de lentes, as condi¸c˜oes de ilumina¸c˜ao da cena, estabelecer os requisitos de velocidade de aquisi¸c˜ao, a resolu¸c˜ao, a quantidade de cores, entre outros. No final desta etapa, tem-se a imagem digitalizada(FILHO, 1999).

4.4

Pr´

e-processamento

Nem sempre a imagem digitalizada ´e uma representa¸c˜ao precisa da cena capturada ou mesmo ´util para uma an´alise. Essa imagem pode possuir p´ıxeis ruidosos, contraste e brilho inadequados, fus˜ao de objetos da cena com o fundo, inclina¸c˜ao inadequada, etc. Assim, o principal objetivo nesta etapa ´e preparar a imagem para futuras opera¸c˜oes sobre a mesma, aplicando melhoramentos em sua qualidade, como o realce de caracter´ısticas relevantes, corre¸c˜ao de inclina¸c˜ao e corre¸c˜ao de defeitos que possam ter ocorrido. Este trabalho ´e realizado em baixo n´ıvel, ou seja, diretamente nos valores de intensidade dos p´ıxeis(FILHO, 1999).

4.4.1

Corre¸

ao de Inclina¸

ao

O algoritmo classificador de cometas depende da correta orienta¸c˜ao das caudas dos cometas dentro das imagens adquiridas. Neste caso, ele espera que os cometas tenham suas caudas voltadas para a direita. Dessa forma, se a imagem possuir seus cometas com as

(30)

4.4 Pr´e-processamento 30

caudas voltadas para a esquerda, poder´a fatalmente ocorrer um grave erro, gerando uma classifica¸c˜ao inadequada. Uma corre¸c˜ao da inclina¸c˜ao da imagem poder´a ser necess´aria nessa etapa.

4.4.2

Limiariza¸

ao

Quando a imagem ´e adquirida em n´ıveis de cinza, ela pode conter muitas informa¸c˜oes desnecess´arias para a etapa de segmenta¸c˜ao. Logo, pode-se aplicar a t´ecnica de Limia-riza¸c˜ao para reduzir a quantidade de dados existentes na imagem e minimizar o ru´ıdo, tendo como resultado uma imagem mais limpa.

A forma mais simples de Limiariza¸c˜ao, a qual usa apenas um valor de limiar ´e conhe-cida como Limiariza¸c˜ao Global(GORMAN, 1995).

B(x, y) =    0 se f (x, y) ≤< T 1 se f (x, y) > T (4.1)

De forma sucinta, pode-se dizer que a Limiariza¸c˜ao Global( 4.1 ), conhecida tamb´em por Binariza¸c˜ao, gera uma imagem bin´aria B(x, y), a partir de, por exemplo, uma imagem em tons de cinza f (x, y), usando um tom T para decidir qual p´ıxel passar´a para 0 e qual passar´a para 1.

No exemplo a seguir, utiliza-se Limiariza¸c˜ao para reduzir a quantidade de informa¸c˜oes na imagem.

(a) imagem original (b) Limiariza¸c˜ao com T = 65

(31)

4.4 Pr´e-processamento 31

4.4.3

Subtra¸

ao de Imagens

A subtra¸c˜ao de duas imagens f (x, y) e g(x, y) ´e considerada uma opera¸c˜ao ponto-a-ponto e pode ser denotada por

h(x, y) = f (x, y) − g(x, y) (4.2)

e ´e obtida pelo c´alculo da diferen¸ca entre todos os pares de p´ıxeis de localiza¸c˜oes correspondentes de f e g.

4.4.4

Filtragem de Imagens

As t´ecnicas de filtragem de imagens digitais tˆem como objetivos(PEDRINI; SCHWARTS, 2008)

• Melhorar a qualidade de uma imagem( nitidez); • Eliminar ru´ıdos;

• Pr´e-segmentar imagens;

• Eliminar ou provocar distor¸c˜oes; • Criar efeitos art´ısticos.

Em resumo, a filtragem de imagem ´e usada para produzir imagens mais apropriadas do que a imagem original para determinada aplica¸c˜ao. Ela pode se dar tanto no dom´ınio espacial quanto no dom´ınio da freq¨uˆencia.

As filtragens no dom´ınio espacial trabalham no pr´oprio plano da imagem, isto ´e, sobre seus p´ıxeis diretamente. Por outro lado, as t´ecnicas no dom´ınio da freq¨uˆencia s˜ao baseadas nas transformadas de Fourier das imagens(GONZALEZ; WOODS, 2002).

Apesar das filtragens no dom´ınio da freq¨uˆencia apresentarem uma boa resposta, os algor´ıtmos de PDI contidos na metodologia desenvolvida durante este trabalho pertencem ao dom´ınio espacial. Por conseguinte, concentrar-se-´a a fundamenta¸c˜ao te´orica no mesmo, a fim de proporcionar um melhor entendimento da metodologia desenvolvida.

(32)

4.4 Pr´e-processamento 32

4.4.5

Filtragem no Dom´ınio Espacial

No dom´ınio espacial, o valor do p´ıxel resultante de uma filtragem depende do seu valor original e do valor de sua vizinhan¸ca. Os pontos mais pr´oximos s˜ao os que possuem maior influˆencia sobre o ponto a ser modificado.

Fun¸c˜oes de processamento de imagens no dom´ınio espacial podem ser expressas como

g(x, y) = T [ f (x, y)] (4.3)

onde f (x, y) ´e a imagem de entrada, g(x, y) ´e a imagem processada, e T ´e um operador sobre f , definido sobre alguma vizinhan¸ca de (x, y).

O principal meio de realizar o processamento no dom´ınio espacial ´e atrav´es da apli-ca¸c˜ao de matrizes conhecidas como m´ascaras, cuja forma normalmente ´e quadrada, em todos os p´ıxeis da imagem.

Assim, o novo valor para um p´ıxel na posi¸c˜ao (x, y) ap´os a aplica¸c˜ao de uma m´ascara com centro na mesma posi¸c˜ao, depende dos valores de seus p´ıxeis vizinhos e dos coeficientes da m´ascara.

Se os n´ıveis de cinza de uma imagem sob a m´ascara forem denotados por zi= f (x, y), 1 ≤ i ≤ 9, tem-se uma resposta da m´ascara

R= 9

i=1

wizi (4.4)

em que wi representa os coeficientes da m´ascara.

Na filtragem no dom´ınio espacial h´a dois conceitos que merecem destaque: a correla¸c˜ao e a convolu¸c˜ao. Os filtros lineares, ou m´ascaras, s˜ao geralmente descritos por matrizes de convolu¸c˜ao.

Seja w o filtro de correla¸c˜ao. Em geral, seleciona-se um filtro com n´umero ´ımpar de elementos, tal que, durante seu deslocamento sobre a imagem, o centro do filtro esteja localizado sobre o p´ıxel em considera¸c˜ao na imagem.

A correla¸c˜ao de uma imagem f de tamanho m × n por um filtro w pode ser expressa como w(x, y) · f (x, y) = m/2

i=[−m/2] n/2

j=[−n/2] w(i, j) f (x + i, y + j) (4.5)

(33)

4.4 Pr´e-processamento 33

De forma similar a correla¸c˜ao, a convolu¸c˜ao se baseia na aplica¸c˜ao de um filtro w0 sobre a imagem. O filtro w0 ´e resultado uma reflex˜ao, ou seja, uma rota¸c˜ao de 180 graus, do filtro w. Dessa forma, a convolu¸c˜ao de uma imagem bidimensional f por um filtro w0 ´e expressa por w(x, y) ∗ f (x, y) = m/2

i=[−m/2] n/2

j=[−n/2] w(i, j) f (x − i, y − j) (4.6)

Em caso de simetria no filtro, a correla¸c˜ao e a convolu¸c˜ao s˜ao idˆenticas. A seguir, ser˜ao apresentados alguns dos filtros mais importantes pertencentes ao dom´ınio espacial, como o filtro de Mediana e filtro de Gauss.

4.4.5.1 Filtros da Mediana

Os filtros de mediana, ou filtros passa-baixa, s˜ao freq¨uentemente usados para suavizar imagens, reduzindo a varia¸c˜ao de intensidades entre um p´ıxel e seu sucessor. Isso, tamb´em, ocasiona uma redu¸c˜ao no ru´ıdo.

1/9 1/9 1/9

1/9 1/9 1/9

1/9 1/9 1/9

Tabela 4.1: M´ascara 3x3 freq¨uentemente usada no filtro de mediana

A id´eia deste filtro ´e substituir o p´ıxel atual pelo valor m´edio de intensidades de sua vizinhan¸ca, incluindo ele pr´oprio(IMAGE PROCESSING LEARNING RESOURCES, ). Ele tem o efeito de eliminar p´ıxeis com valores muito diferentes da m´edia de sua vizinhan¸ca, reduzindo, assim, o ru´ıdo impulsivo( sal-e-pimenta).

4.4.5.2 Filtragem Gaussiana

O filtro de Gauss ´e um operador de convolu¸c˜ao bidimensional, muito similar ao filtro de mediana, usado para suavizar as imagens e remover ru´ıdos.

Nesse tipo de filtro, os coeficientes da m´ascara s˜ao derivados a partir de uma fun¸c˜ao Gaussiana bidimensional. A fun¸c˜ao Gaussiana isotr´opica( circularmente sim´etrica) com m´edia zero e desvio padr˜ao σ ´e definido como

G(x, y) = 1 2πσ2e

(−(x2+y2)

(34)

4.4 Pr´e-processamento 34

que ´e usada como um filtro de suaviza¸c˜ao. Um exemplo de gr´afico da distribui¸c˜ao gaussiana ´e mostrado na figura 4.4.5.2.

Figura 4.6: Distribui¸c˜ao de Gauss em 2-D com m´edia (0,0) e σ = 1 (IMAGE PROCES-SING LEARNING RESOURCES, )

O filtro de Gauss tem algumas propriedades matem´aticas interessantes:

• Ele ´e um filtro isotr´opico, ou seja, produz a mesma resposta em todas as dire¸c˜oes na imagem;

• Quanto maior o valor de σ , maior a largura do filtro Gaussiano e maior ser´a a suaviza¸c˜ao;

• Fun¸c˜oes Gaussianas s˜ao separ´aveis, logo, uma convolu¸c˜ao Gaussiana pode ser reali-zada processando a imagem com um filtro unidirecional e ent˜ao processando o resul-tado com o mesmo filtro unidirecional orienresul-tado ortogonalmente ao filtro Gaussiano usado na primeira etapa. Esse processo causa uma grande redu¸c˜ao no n´umero de opera¸c˜oes feitas na convolu¸c˜ao(PEDRINI; SCHWARTS, 2008).

Apesar do filtro Gaussiano ser capaz de suavizar as imagens, ele tamb´em borra as bor-das bor-das imagens. Esse problema ´e minimizado se for usado o filtro de Difus˜ao Anisotr´opica ao inv´es do filtro de Gauss.

4.4.5.3 Filtro de Difus˜ao Anisotr´opica `

As vezes deseja-se suavizar uma imagem digital preservando o m´aximo poss´ıvel as bordas das estruturas presente na mesma. No caso da suaviza¸c˜ao das imagens do Teste Cometa, essa propriedade ´e fundamental, uma vez que desde de sua aquisi¸c˜ao as estru-turas internas do cometas, como a cabe¸ca e a cauda, j´a possuem bordas mal definidas. Um dos filtros mais destacados quando se procura suavizar uma imagem preservando as

(35)

4.4 Pr´e-processamento 35

inter-regi˜oes, ´e o filtro de Difus˜ao Anisotr´opica. Chung e Shapiro(2000) aplicaram-no para segmentar les˜oes de pele em imagens digitais, cujas bordas deveriam sofrer a menor degrada¸c˜ao poss´ıvel.

Perona e Marlik( 1990) desenvolveram um filtro anisotr´opico formulado matematica-mente como um processo de difus˜ao, que privelegia a suaviza¸c˜ao intra-regional em vez da inter-regional.

Assim, a suaviza¸c˜ao ´e vista como um processo de difus˜ao que ´e suprimido ou parado nas bordas pela sele¸c˜ao local de for¸cas de difus˜ao adaptativa. Este processo pode ser expresso por:

∂ tu( ¯x,t) = div(c( ¯

x,t)∇u( ¯x,t)) (4.8)

A for¸ca da difus˜ao ´e controlada por c( ¯x,t). O ¯x representa as coordenadas espaciais (x, y) para um filtro em 2-D. Numa implementa¸c˜ao discreta, a vari´avel t ´e respons´avel por enumerar as itera¸c˜oes. A imagem de intensidades I( ¯x,t) ´e denotada por u( ¯x,t). A fun¸c˜ao c( ¯x,t) depende da magnitude do gradiente da imagem de intensidade. Ela ´e uma fun¸c˜ao monotonicamente decrescente c( ¯x,t) = f (|∇I( ¯x,t)|), a qual basicamente torna as regi˜oes difusas e n˜ao afeta os per´ımetros das localiza¸c˜oes de alto gradiente.

Uma das equa¸c˜oes de difus˜ao propostas e adotadas utilizada nesta pesquisa foi:

c( ¯x,t) = e

|∇I( ¯x,t)| κ

!!

(4.9) O coeficiente de difus˜ao decresce com o aumento do gradiente. Se o gradiente adquire um valor grande, sup˜oe-se uma descontinuidade e a difus˜ao ´e parada. O parˆametro κ ´e escolhido de acordo com a quantidade de ru´ıdo e o brilho da borda. Para entender o parˆametro κ e a o valor de descontinuidade 5I, definiu-se Φ(5I) como o produto c ∗ 5I, conhecido como fluxo. O maior fluxo ´e gerado em locais com o gradiente 5I igual a κ. Quando abaixo de κ, o fluxo se reduz para zero porque em regi˜oes homogˆeneas um fluxo m´ınimo ou inexistente tem lugar. Acima de κ a fun¸c˜ao de fluxo ´e mais uma vez decremen-tada `a zero, parando a difus˜ao em locais de alto gradiente. Uma escolha correta da fun¸c˜ao de difus˜ao n˜ao apenas preserva as bordas como traz estabilidade num´erica(CHUNG; SA-PIRO, 2000).

(36)

4.4 Pr´e-processamento 36

dos fluxos entre a intensidade dos p´ıxeis vizinhos.

Para exemplificar, pode-se rescrever a equa¸c˜ao 4.8 para coordenadas de duas dimen-s˜oes como:

It= div(c(x, y;t)∇u(x, y;t)) = c(x, y;t)∇I + ∇c · ∇I (4.10)

Onde div ´e o operador divergente, 5 e 4 representam os operadores gradiente e Laplaciano, respectivamente, com respeito `a vari´avel espacial. A equa¸c˜ao (4.10) se reduz `

a equa¸c˜ao isotr´opica de difus˜ao do calor It= c · 4I se c(x, y;t) for uma constante.

Assim, a difus˜ao na qual o coeficiente de condu¸c˜ao ´e escolhido localmente como uma fun¸c˜ao de magnitude do gradiente da fun¸c˜ao de brilho preservar´a e delinear´a o brilho das bordas se a fun¸c˜ao g(·) for escolhida apropriadamente(MIRANDA; NETO, 2007).

c(x, y,t) = g(||5I(x, y;t)||) (4.11)

A equa¸c˜ao (4.10) pode ser discretizada em um reticulado quadrado, ou vizinhan¸ca-4, com valores de brilho (p´ıxels) associados aos v´ertices e os coeficientes de condu¸c˜ao aos arcos. Uma discretiza¸c˜ao dos 4-vizinhos do operador Laplaciano pode ser usado:

Ii, jt+1= Ii, jt + λ [cN· δNI+ cS· δSI+ cL· δLIcO· δOI]ti, j (4.12)

onde 0 ≤ λ ≤ 14 para fornecer estabilidade ao esquema num´erico. N, S, L, O s˜ao os mnemˆonicos para Norte, Sul, Leste e Oeste. os sobrescritos e super-escritos nos colchetes s˜ao aplicados a todos os termos que eles circunscrevem, e o s´ımbolo δ indica as diferen¸cas dos vizinhos mais pr´oximos, dadas por:

                 δNIi, j≡ Ii, j+1− Ii, j+1 δSIi, j≡ Ii, j+1− Ii, j+1 δLIi, j ≡ Ii, j+1− Ii, j+1 δOIi, j≡ Ii, j+1− Ii, j+1 (4.13)

O valor do gradiente pode ser calculado em diferentes estruturas de vizinhan¸ca, con-seguindo diferentes resultados entre precis˜ao e localidade. A escolha mais simples consiste em aproximar a norma do gradiente a cada localiza¸c˜ao de arco com o valor absoluto de

(37)

4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens 37

sua proje¸c˜ao ao longo da dire¸c˜ao do arco:

                 cti, j= g ∇NI t i, j  cti, j= g ∇SI t i, j  cti, j= g ∇LI t i, j  cti, j= g ∇OI t i, j  (4.14)

Segundo Miranda et al(2007), esse esquema n˜ao ´e a discretiza¸c˜ao exata de (4.10), mas da equa¸c˜ao de difus˜ao similar na qual o tensor de condu¸c˜ao ´e diagonal com valores de entrada g(|Ix|) e g( Iy ) em vez de g(||Ix||) e g( Iy

). Esse esquema de discretiza¸c˜ao preserva a propriedade das equa¸c˜oes cont´ınuas (4.10) de que a quantidade total de brilho na imagem ´e preservada.

4.5

Segmenta¸

ao de Imagens

Um dos primeiros no processamento de uma imagem digital ´e o de criar parti¸c˜oes da mesma atrav´es de seus elementos consitu´ıntes (GONZALEZ; WOODS, 2002). Esses elementos s˜ao caracterizados por propriedades intr´ınsecas da imagem como intensidade m´edia dos p´ıxeis, contraste ou textura. Tal processo ´e conhecido como segmenta¸c˜ao e representa o menor n´ıvel no qual o entendimento de uma imagem possa ser baseado. A segmenta¸c˜ao ´e capaz de resumir todos os objetos distintos que comp˜oem uma imagem, o que a torna muito valiosa para extra¸c˜ao de informa¸c˜oes.

Os algoritmos de segmenta¸c˜ao para imagens monocrom´aticas s˜ao geralmente baseados em uma das seguintes propriedades b´asicas de valores de n´ıveis de cinza: descontinuidade e similaridade. Na descontinuidade a abordagem ´e particionar a imagem baseado em mudan¸cas bruscas nos n´ıveis de cinza. As principais ´areas de interesse s˜ao a detec¸c˜ao de pontos isolados, detec¸c˜ao de linhas e bordas na imagem(BASTOS, ). Na similaridade as principais abordagens baseiam-se em limiariza¸c˜ao e crescimento de regi˜oes.

4.5.1

Detec¸

ao de Descontinuidades

Em PDI, a detec¸c˜ao de descontinuidades s˜ao m´etodos utilizados para salientar a loca-liza¸c˜ao de bordas ou objetos dentro das imagens. A transformada de Hough, por exemplo, foi aplicada para localizar o ponto central das cabe¸cas dos cometas neste trabalho5.8.1.

(38)

4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens 38

4.5.1.1 Transformada de Hough

A forma original da transformada de Hough foi desenvolvida por Paul Hough, em 1962. A transformada ´e muito usada na detec¸c˜ao e um conjunto de pontos na imagem que perten¸cam a uma curva espec´ıfica, tal como segmentos de retas, circunferˆencias, elipses, entre outros objetos parametriz´aveis. Essas curvas constituem uma fam´ılia representada por:

f(v, p) = 0 (4.15)

em que v ´e um conjunto de coordenadas e p ´e um vetor de parˆametros caracter´ısticos da curva.

Atrav´es de um conjunto de procedimentos, a transformada de Hough busca encontrar um subconjunto de pontos que perten¸cam a curva especificada.

O conceito b´asico ´e computar a localidade, no espa¸co de parˆametros, para um con-juntos de curvas passando atrav´es de cada elemento de borda candidato na dada imagem. O espa¸co de parˆametros ´e quantificado em c´elulas, e um acumulador ´e associado a cada c´elula.

O conte´udo do acumulador de cada c´elula referenciado por cada locus ´e incrementado por 1. Os acumuladores a que forem atribu´ıdos os maiores valores representam a localiza-¸c˜ao mais prov´avel da curva procurada. Os acumuladores com o maior conte´udo resultante determinar a existˆencia e a localiza¸c˜ao das curvas mais prov´avel, a partir de determinada classe, no dada imagem (SKLANSKY, 1978).

4.5.1.2 Detec¸c˜ao de Circunferˆencias pela Transformada de Hough

A transformada de Hough para Circunferˆencias consiste em encontrar um conjunto de pontos que perten¸cam a uma mesma circunferˆencia.

Num sistema de coordenadas cartesianas, uma circunferˆencia pode ser descrita pela equa¸c˜ao 4.16

(x − a)2+ (y − b)2= r2 (4.16)

(39)

4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens 39

Para cada p´ıxel (x, y), a c´elula de acumula¸c˜ao (a, b, r) ´e incrementada se o ponto (a, b) estiver a distˆancia r do ponto (x, y). Se um centro espec´ıfico (a, b) de uma circunferˆencia de raio r ´e freq¨uentemente encontrado no espa¸co de parˆametros, h´a uma grande probabilidade de existir uma circunferˆencia de raio r e centro (a, b) na imagem(PEDRINI; SCHWARTS, 2008). Os tons elevados no espa¸co de parˆametros mostrar˜ao a localiza¸c˜ao dos centros das circunferˆencias no plano da imagem.

Para calcular todos os valores de (x,y) para um determinado ponto(a,b) a equa¸c˜ao 4.16 n˜ao ´e muito utilizada, pois sua parametriza¸c˜ao em fun¸c˜ao de (a,b) n˜ao produz, diretamete, implementa¸c˜oes eficientes(PISTORI; PISTORI; COSTA, 1998).

Tamb´em ´e poss´ıvel descrever uma circunferˆencia atrav´es de equa¸c˜oes param´etricas usando fun¸c˜oes trigonom´etricas.

   x= a + rcosθ y= b + rsenθ (4.17)

A forma de coordenada polar ´e a mais usada( eq. 4.17) e a resolvendo para os parˆ a-metros da circunferˆencia tem-se

   a= x − rcosθ b= y − rsenθ (4.18)

Assim, se o raio da circunferˆencia for previamente conhecido, ent˜ao ´e necess´ario in-crementar o acumulador para o ponto (a, b) dado pelas equa¸c˜oes 4.17 e 4.18. Nesse caso, circunferˆencias de raio r poder˜ao ser detectadas a cada aplica¸c˜ao do algoritmo.

4.5.1.3 Detec¸c˜ao de Bordas

A detec¸c˜ao de bordas ´e uma t´ecnica que procura real¸car os pontos de uma imagem digital em que a intensidade luminosa muda abruptamente. Uma borda pode ser des-crita como uma descontinuidade nos n´ıveis de cinza entre duas regi˜oes suficientemente homogˆeneas de uma imagem.

As t´ecnicas mais utilizadas para a detec¸c˜ao de bordas s˜ao baseadas na aplica¸c˜ao de operadores de deriva¸c˜ao, como os operadores de gradiente. Isso porque o c´alculo da m´edia dos p´ıxels sobre uma regi˜ao tende a borrar uma imagem. Assim como o c´alculo da m´edia ´e an´alogo `a integra¸c˜ao, pode-se esperar que a diferencia¸c˜ao tenha o efeito oposto, ou seja,

(40)

4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens 40

(a) dados originais no espa¸co (x,y) (b) correnspondente c´elulas de acu-mula¸c˜ao no espa¸co (a,b)

Figura 4.7: Detec¸c˜ao de circunferˆencias por meio da transformada de Hough.

ele agu¸ca a imagem(GONZALEZ; WOODS, 2002).

4.5.1.4 O Operador de Sobel

O operador de Sobel, ou filtro Sobel como tamb´em ´e conhecido, calcula o gradiente da intensidade da imagem em cada ponto, dando a dire¸c˜ao da maior varia¸c˜ao de claro para escuro e a quantidade de varia¸c˜ao nessa direc¸c˜ao.

Para uma imagem f (x, y) define-se o gradiente f nas coordenadas (x, y) como o vetor:

5 f = " Gx Gy # (4.19) 5 f = "∂ f ∂ x ∂ f ∂ y # (4.20)

Sabe-se a partir da an´alise vetorial que o vetor gradiente aponta na dire¸c˜ao de mudan¸ca mais r´apida de f na posi¸c˜ao (x, y). Em detec¸c˜ao de bordas, a magnitude desse vetor ´e uma quantidade importante, geralmente chamada simplesmente de gradiente e denotada por 5 f , em que:

5 f = mag(5 f ) = [G2x+ G2y]12 (4.21)

(41)

4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens 41

na dire¸c˜ao de 5 f . Normalmente, aproxima-se o gradiente com valores absolutos:

5 f = |Gx| + |Gy| (4.22)

que ´e muito mais simples de ser implementada(GONZALEZ; WOODS, 2002).

J´a as m´ascaras que definem o operador de Sobel s˜ao implementadas como:

Gx=     −1 0 1 −2 0 2 −1 0 1     (4.23) Gy=     −1 −2 −1 0 0 0 1 2 1     (4.24)

Matematicamente este operador utiliza duas matrizes 3 x 3 que s˜ao convolu´ıdas com a imagem original para calcular aproxima¸c˜oes das derivadas - uma para as varia¸c˜oes horizontais e uma para as verticais.

A magnitude(G) e o ˆangulo de orienta¸c˜ao do gradiente(θ ) s˜ao dados respectivamente por: G= q G2 x+ G2y (4.25) e θ (x, y) = arctan Gy Gx  (4.26) As m´ascaras s˜ao deslocadas ao longo da imagem. Assim, tem-se como resultado uma imagem de gradiente com o mesmo tamanho da imagem original.

4.5.2

Limiariza¸

ao

Uma das t´ecnicas mais simples de segmenta¸c˜ao de imagens digitais ´e a limiariza¸c˜ao. Ela consiste em utilizar um ou mais limiares para classificar os p´ıxeis da imagem. A maior parte das t´ecnicas de limiariza¸c˜ao ´e baseada no uso de histogramas.

(42)

4.5 Segmenta¸c˜ao de Imagens 42

Figura 4.8: Histograma bimodal.

4.5.2.1 Limiariza¸c˜ao Global

Se uma imagem em tons de cinza f (x, y) apresentar dois picos bem definidos em seu histograma(histograma bimodal), a limiariza¸c˜ao ser´a trivial, pois se procurar´a repartir os p´ıxeis no valor T encontrado no vale entre os picos. Assim, cada ponto de f (x, y) > T ´e denominado ponto de objeto, enquanto os outros s˜ao ditos pontos de fundo. Neste caso, onde a imagem ´e dividida em apenas duas classes, o processo ´e conhecido como binariza-¸

c˜ao. A imagem bin´aria resultante B(x, y) pode ser definida como em 4.1. Normalmente, os valores usados para o fundo e para o objeto s˜ao 0 e 1 respectivamente.

Ainda, pode-se utilizar diversos valores de limiares, atribuindo um tom de cinza para cada classe de objetos( intervalo de limiar). Esse processo de segmentar a imagem inteira apenas com um valor de limiar ´e conhecido como limiariza¸c˜ao global.

4.5.2.2 Limiariza¸c˜ao Global Iterativa

Quando n˜ao h´a informa¸c˜oes claras do comportamento de determinado objeto a ser segmentado na imagem, uma abordagem de limiariza¸c˜ao adaptativa pode ser utilizada.

Algumas t´ecnicas determinam o valor do limiar por meio da otimiza¸c˜ao de certas medidas de separa¸c˜ao entre as classes de objetos na imagem. A minimiza¸c˜ao de erros na segmenta¸c˜ao entre as classes ´e uma t´ecnica bastante utilizada nesses casos. Assim, um m´etodo para selecionar iterativamente o valor de limiar ´e reduzi-lo, contando o n´umero de p´ıxeis ru´ıdosos iterativamente, at´e encontrar uma quantidade de p´ıxeis ru´ıdosos pr´oxima a esperada. Essa t´ecnica foi utilizada por Bocker et al.(BOCKER et al., 1999) para segmentar imagens de cometas em imagens digitais de ensaios cometas.

Ridler e Calvard(1978) propuseram um m´etodo para selecionar iterativamente o valor do limiar baseado na combina¸c˜ao de duas distribui¸c˜oes Gaussianas. Partindo de um valor de limiar inicial, o m´etodo busca melhorar esse valor com base na m´edia de tons de cinza do objeto (µ1) e do fundo(µ2). O processo de refinamento p´ara quando n˜ao houverem

(43)

4.6 Morfologia Matem´atica 43

mais altera¸c˜oes significativas entre as itera¸c˜oes, ou seja, quando a diferen¸ca |Ti− Ti+1| entre os limiares T nas itera¸c˜oes i e i + 1 torna-se muito pequena.

4.6

Morfologia Matem´

atica

A morfologia matem´atica ´e uma metodologia para an´alise de imagens digitais nascida na d´ecada de 60, na Fran¸ca, na Escola de Minas de Paris. Foi concebida para tratar somente imagens bin´arias mas ao londo do tempo foi estendida para imagens em n´ıveis de cinza.

Ela permite a constru¸c˜ao de operadores morfol´ogicos ´uteis para a descri¸c˜ao de objetos em imagens. Al´em disso, os operadores morfol´ogicos s˜ao utilizados em uma s´erie de aplica¸c˜oes como extra¸c˜ao de bordas de objetos, delimita¸c˜ao de fecho convexo, busca de padr˜oes espec´ıficos na imagem entre muitas outras.

A id´eia central por tr´as da morfologia matem´atica ´e extrair as informa¸c˜oes relati-vas `a geometria e a topologia de um de uma imagem, que ´e visto como um conjunto desconhecido, pela transforma¸c˜ao atrav´es de elementos estruturantes.

Os elementos estruturantes s˜ao bem-definidos e conhecidos( forma e tamanho). O ele-mento estruturante ´e comparado por meio de uma transforma¸c˜ao ao conjunto em an´alise. Os resultados obtidos pela transforma¸c˜ao permitem avaliar o conjunto desconhecido.

Figura 4.9: Representa¸c˜ao de uma imagem bin´aria.

A teoria dos conjuntos ´e usada para representar a forma dos objetos em uma ima-gem. Convencionalmente, os p´ıxeis pretos s˜ao representados por 0 e os brancos, por 1. Assim, uma imagem bin´aria pode ser vista como uma cole¸c˜ao de coordenadas discretas que perten¸cam aos objetos na imagem. Pode ser expressa por {(x, y)| f (x, y) = 1}.

Esse conjunto ´e definido no espa¸co bidimensional dos inteiros. A imagem bin´aria exemplificada pela figura 4.9 ´e representada pelo conjunto

(44)

4.6 Morfologia Matem´atica 44

4.6.1

Operadores Mofol´

ogicos em Imagens Bin´

arias

Alguns operadores morfol´ogicos b´asicos ser˜ao mostrados a seguir, os quais servem de base para operadores mais complexos usados em diversos algoritmos em processamento de imagens.

4.6.1.1 Dilata¸c˜ao e Eros˜ao

A dilata¸c˜ao nada mais ´e do que a combina¸c˜ao de dois vetores por meio da soma vetorial de seus elementos, como na adi¸c˜ao de Minkowski, ou seja:

D(A, B) = AMB= [ b∈B

(A + B) (4.27)

Onde, tipicamente, A ´e uma imagem e B, um elemento estruturante, que representa alguma caracter´ıstica de forma que se deseja avaliar.

A dilata¸c˜ao ´e capaz de encolher uma imagem. Por exemplo, seja A = {(1, 2), (3, 2)} e B= {(0, 0), (4, 1)} ent˜ao o resultado de uma opera¸c˜ao de dilata¸c˜ao ´e:

AL

B= {A + {(x1∈ B)}SA+ {x2∈ B} AL

B= (1, 2), (7, 2), (3, 3)

J´a a eros˜ao bin´aria tem a propriedade de encolher uma imagem. Ela pode ser vista como uma opera¸c˜ao de subtra¸c˜ao vetorial entre os elementos de dois conjuntos, desde que o resultado continue contido em um desses conjuntos. A dilata¸c˜ao e a eros˜ao n˜ao s˜ao opera¸c˜oes inversas uma da outra. Para conjuntos A e B, a eros˜ao de A por B(A B), define-se como

A B = {x|(B)x⊆ A} (4.28)

A equa¸c˜ao 4.28 mostra que a eros˜ao de A por B nada mais ´e do que a transla¸c˜ao(eq. 4.29) de todos os pontos x tais que B, quando transladado por x, fique contido em A. A transla¸c˜ao, por sua vez, ´e denotada por (A)x e ´e definida como

(A)x= {c|c = a + x, para a ∈ A} (4.29)

sendo A e B conjuntos de Z2, como componentes a = (a1, a2) e b = (b1, b2), respecti-vamente.(GONZALEZ; WOODS, 2002)

(45)

4.7 Reconhecimento e Interpreta¸c˜ao 45

4.6.1.2 Abertura e Fechamento

Apesar da dilata¸c˜ao e da eros˜ao n˜ao serem opera¸c˜oes inversas, enquanto a primeira expande uma imagem a segunda a diminui. As duas opera¸c˜oes combinadas d˜ao lugar a outras opera¸c˜oes morfologicas como a abertura e o fechamento.

Em geral, a abertura ´e usada quando se procura suavizar os contornos de uma imagem. Ela consiste em aplicar uma eros˜ao seguida de uma dilata¸c˜ao atrav´es do mesmo elemento estrutural. Sua principal aplica¸c˜ao, como seria de se esperar, ´e criar espa¸co( abertura) entre objetos de uma imagem e remover p´ıxeis ru´ıdosos do fundo.

Por outro lado, o fechamento consiste em aplicar uma eros˜ao uma dilata¸c˜ao seguida de uma eros˜ao, mantendo, tamb´em, o mesmo elemento estrutural para as duas opera¸c˜oes sucessivas. O fechamento tamb´em tende a suavizar os contornos mas, em oposi¸c˜ao a abertura, geralmente funde as quebras em v˜aos finos, elimina pequenos buracos e preenche fendas em um contorno. (GONZALEZ; WOODS, 2002)

A abertura de um conjunto A por um elemento estruturante B, A ◦ B, ´e definida como:

A◦ B = (A B) ⊕ B (4.30)

e o fechamento do conjunto A pelo elemento estruturante B , denotado por A • B, define-se como

A• B = (A ⊕ B) B (4.31)

4.7

Reconhecimento e Interpreta¸

ao

A cada um dos objetos gerados pela etapa de segmenta¸c˜ao ´e assignado um r´otulo, o que caracteriza o processo de reconhecimento. A interpreta¸c˜ao, por outro lado, tenta atribuir um significado a cada um, ou mesmo, ao conjunto de objetos segmentados. No caso das imagens do Teste Cometa, poder-se-ia diferenciar as estruturas dizendo que os objetos menores do que trˆes p´ıxeis s˜ao ru´ıdo, enquanto os objetos maiores e pr´oximo da localiza¸c˜ao central da cabe¸ca fazem parte do cometa, sendo apenas fragmentos de DNA. Essa diferencia¸c˜ao ´e um exemplo de interpreta¸c˜ao.

(46)

46

5

Metodologia

5.1

Ferramenta de Desenvolvimento

O prot´otipo funcional para testar a m´etodologia foi desenvolvido utilizando a ferra-menta MATLAB, da empresa The Mathworks (http://www.mathworks.com/).

O MATLAB (MATrix LABoratory) ´e um software interativo de alta performance especializado para o c´alculo num´erico. O MATLAB integra an´alise num´erica, c´alculo com matrizes, processamento de sinais e constru¸c˜ao de gr´aficos em ambiente um f´acil de usar onde problemas e solu¸c˜oes s˜ao expressos somente como eles s˜ao escritos matematicamente, ao contr´ario da programa¸c˜ao tradicional.

O MATLAB ´e um sistema interativo cujo elemento b´asico de informa¸c˜ao ´e uma matriz que n˜ao requer dimensionamento. Esse sistema permite a resolu¸c˜ao de muitos problemas num´ericos em apenas uma fra¸c˜ao do tempo que se gastaria para escrever um programa semelhante em linguagem Fortran, Basic ou C. Al´em disso, as solu¸c˜oes dos problemas s˜ao expressas quase exatamente como elas s˜ao escritas matematicamente(WIKIPEDIA, ).

Sua escolha se deve ao fato do MATLAB conter um robusta biblioteca de processa-mento de imagens e estat´ısticas. Com isso, a velocidade de implementa¸c˜ao do prot´otipo foi reduzida substancialmente.

5.2

Passos no Dom´ınio do Processamento de Imagens

A metodologia desenvolvida seguiu os passos cl´assicos de um sistema de processamento de imagens (PDI) do dom´ınio espacial(GONZALEZ; WOODS, 2002). Utilizaram-se fil-tros, opera¸c˜oes morfol´ogicas, al´em de t´ecnicas segmenta¸c˜ao de imagem com o intuito de extrair informa¸c˜oes relevantes para classificar os cometas atrav´es de informa¸c˜oes geom´ e-tricas.

(47)

5.3 Aquisi¸c˜ao de Imagem 47

e do cometa se d´a deforma separada. Isso permite que o algoritmo seja implementado de forma paralela em alguns trechos. As principais etapas est˜ao ilustradas na figura 5.1 e ser˜ao suas descri¸c˜oes ser˜ao aprofundadas nas pr´oximas sess˜oes.

Figura 5.1: Diagrama simplificado da metodologia.

5.3

Aquisi¸

ao de Imagem

As imagens utilizadas neste trabalho s˜ao imagens microsc´opicas de culturas celulares de fibroblastos( macaco Resus) cedidas pelo Laborat´orio de Virologia Aplicada da UFSC. Para a aquisi¸c˜ao das imagens, utilizou-se um microsc´opio de fluorescˆencia Olympus BX40 com filtro de excita¸c˜ao 515-560nm e filtro de barreira de 590nm. Inicialmente, efetuou-se uma varredura da lˆamina com um aumento de 400x. Para a classifica¸c˜ao dos cometas, segundo Silva et AL.(1996) as imagens foram visualizadas com aumentos de 1000x e 4000x. As imagens digitais foram capturadas em amostras de 2048x1536 p´ıxeis no formato JPEG e espa¸co de cor RGB.

(48)

5.4 Defini¸c˜ao da Regi˜ao de Interesse 48

Figura 5.2: Microsc´opio Olympus BX40.

5.4

Defini¸

ao da Regi˜

ao de Interesse

O algoritmo desenvolvido recebe uma imagem como parˆametro. Contudo, o usu´ario do prot´otipo pode abrir uma imagem e dentro dela selecionar uma regi˜ao que contenha o cometa a ser classificado. A regi˜ao selecionada ´e conhecida como regi˜ao de interesse(ROI). Assim, fica a cargo do usu´ario definir a regi˜ao de interesse dentro da imagem original, a qual pode conter v´arios cometas( normalmente mais de 50) onde est´a localizado o cometa a ser classificado. Esse processo envolve a sele¸c˜ao manual de uma ´area retangular ou atrav´es de um clique do mouse sobre a zona a ser classificada, a qual sofrer´a diversos melhoramentos a fim de realizar a classifica¸c˜ao.

Se o usu´ario optar pelo m´etodo de clicar sobre o cometa a ´area de interesse ser´a definida como um retˆangulo como canto superior esquerdo localizado em 2 vezes o diˆ ame-tro da cabe¸ca(Dcabeca), o diˆametro ´e o dobro do raio especificado, `a esquerda do centro da cabe¸ca(Ccabeca)e 2 × Dcabeca acima de Ccabeca. Seu canto inferior direito localiza-se a 4 × Dcabeca para a direita de Ccabeca e 2 × Dcabeca para baixo.

5.5

O Problema dos Cometas em Forma de Nuvem

A cabe¸ca do cometa ´e caracterizada por uma distribui¸c˜ao circular de material gen´etico altamente concentrado. Por sua vez, a cauda ´e formada pelo padr˜ao migrat´orio dos fragmentos de DNA ao longo da lˆamina.

(49)

5.5 O Problema dos Cometas em Forma de Nuvem 49

Na an´alise visual, os cometas s˜ao classificados pelos especialistas com base na rela¸c˜ao de propor¸c˜ao entre a cabe¸ca e a cauda, e pela concentra¸c˜ao de material gen´etico na cabe¸ca do cometa. Se houver uma baixa concentra¸c˜ao de DNA na regi˜ao da cabe¸ca, ou seja, se o cometa apresenta a forma de uma nuvem, ele ser´a classificado como classe 4 (COLLINS; AG; SJ, 1995).

Pela an´alise exclusivamente geom´etrica, o que se faz ´e ver, por exemplo, quantas vezes a cauda do cometa ´e maior do que a cabe¸ca. Com essa informa¸c˜ao, classifica-se o mesmo em uma das cinco clasclassifica-ses j´a apresentadas. A figura 5.3 mostra como o software Komet(TM) define o cometa e suas estruturas(INDUSTRIAL TOXICOLOGY RESEARCH CENTRE, ).

Figura 5.3: Uma t´ıpica an´alise mostrando o cometa com sua cabe¸ca( head), cauda( tail) e o fundo( background) da regi˜ao de interesse.

Do ponto de vista de computacional, o que se deseja ´e saber onde est´a a cabe¸ca do cometa e qual ´e o seu diˆametro, uma vez que este nem sempre ´e igual a duas vezes o raio estimado pelo usu´ario. Tamb´em, ´e preciso localizar os pontos extremos das caudas dos cometas. Contudo, a classe quatro (Fig. 5.4) n˜ao possui uma cabe¸ca, o que torna dif´ıcil sua caracteriza¸c˜ao muito dif´ıcil dentro dessa abordadem.

Esses problemas colocam os cometas em forma de nuvem fora da capacidade de medi-¸c˜ao dos sistemas baseados em an´alise de imagem ou, quando analisadas por eles, podem gerar medi¸c˜oes inadequadas. Nuvens s˜ao, portanto, classificadas apenas pela an´alise vi-sual, i.e., por especialistas.

Segundo eles, a identifica¸c˜ao precisa das nuvens vem com a pr´atica e experiˆencia; por conseguinte, ´e importante que as nuvens sejam identificadas corretamente, enquanto o “scoring”(pontua¸c˜ao) das lˆaminas seja feita utilizando sistemas de an´alise de imagens.

O ideal ´e que a classifica¸c˜ao dos cometas da classe 4 seja feita de forma visual e contabilizada pelo sistema de an´alise de imagens(KUMARAVEL et al., 2007).

Em sua pesquisa, que envolveu a avalia¸c˜ao genotoxicidade em c´elulas mam´arias, Maria et al.(2007) contaram o n´umero de nuvens manualmente(visualmente) em cada lˆamina.

(50)

5.6 Pr´e-processamento 50

Figura 5.4: Cometa da classe 4. N˜ao possui cabe¸ca.

A porcentagem de nuvens foi usada como um parˆametro potencial de medida de genoto-xicidade, possivelmente representando c´elulas mortas.

5.6

Pr´

e-processamento

As imagens microsc´opicas s˜ao ruidosas e freq¨uentemente tˆem muita varia¸c˜ao no fundo, tornando dif´ıcil sua an´alise. Por isso ´e necess´ario limp´a-las antes da etapa de segmenta¸c˜ao. A aplica¸c˜ao de um filtro Gaussiano reduz significativamente o ru´ıdo.(NANDY; GUDLA; LOCKETT, 2007).

A fim de realizar a suaviza¸c˜ao e elimina¸c˜ao de parte do ru´ıdo da imagem de entrada, denotada por Isource, passou-se um filtro Gaussiano com kernel de 7 e σ = 5 na mesma, gerando uma nova imagem(Igauss f iltered). Com isso houve uma grande redu¸c˜ao do ru´ıdo. Contudo, perdeu-se parte das informa¸c˜oes de borda das cabe¸cas dos cometas.

Sendo assim, como somente a segmenta¸c˜ao da cabe¸ca do cometa depende da redu¸c˜ao do ru´ıdo e suaviza¸c˜ao da imagem de entrada, optou-se por inserir um filtro de difus˜ao anisotr´opica nesta etapa do algoritmo de busca radial usado para segmentar a cabe¸ca, cujo detalhamento ser´a dado mais adiante.

5.7

Segmenta¸

ao do Cometa atrav´

es de T´

ecnicas

Ba-seadas em Limiariza¸

ao Adaptativa com

Recons-tru¸

ao

Para obter resultados mais confi´aveis, a medi¸c˜ao dos danos de DNA deve ser restrita unicamente aos cometas; quaisquer outros tipos de objetos (denominados artefatos), como peda¸cos de cometas anexados por engano, artefatos coloridos no gel, etc., devem ser rejeitados(BOCKER et al., 1999).

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