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A publicidade e mídia das instituições de controle

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Academic year: 2021

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GUILHERME B. C. RODRIGUES

A PUBLICIDADE E MÍDIA DAS INSTITUIÇÕES DE CONTROLE

IJUÍ-RS 2015

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DE LINGUAGENS, ARTE E COMUNICAÇÃO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HAB. PUBILCIDADE PROPAGANDA

GUILHERME B. C. RODRIGUES

A PUBLICIDADE E MÍDIA DAS INSTITUIÇÕES DE CONTROLE

Projeto de monografia apresentado ao Curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para conclusão de curso.

Professora Orientadora: Nilse Maria Maldaner Professor componente da Banca: Celestino Perin

Ijuí, 2015

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Resumo

Este trabalho aborda a comunicação das instituições de controle no Brasil. A importância das mídias digitais como ferramenta de contato entre organização e sociedade, visando mostrar seu trabalho realizado e assim ganhar credibilidade junto à população. A crescente evidência e visibilidade que os órgãos de controle, principalmente Polícia Federal, ganharam nos meios de comunicação, fortalece sua imagem institucional. O objetivo do estudo é entender como as redes sociais ajudam os órgãos estatais a ganhar confiança da sociedade. Para isso, iremos apontar exemplos e examinar a repercussão que as grandes operações policiais têm na mídia. Fica nítida a relevância que uma boa utilização da plataforma digital faz, trazendo para a instituição um meio de comunicação eficiente que permite um retorno quase instantâneo da opinião pública. As mudanças nos diversos níveis de comunicação dos órgãos governamentais podem ser muito favoráveis para as entidades ganharem a credibilidade da população.

Palavras-chaves: meios de comunicação, mídias digitais, Polícia Federal, redes sociais,

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Lista de Figuras

Figura 1: Reportagens do escândalo Petrobras...28

Figura 2: Pesquisa de Satisfação no site oficial da Polícia Federal...32

Figura 3: Pesquisa de Satisfação no site oficial da Polícia Federal...32

Figura 4: Acesso a Informação no site oficial da Polícia Federal...33

Figura 5: Indicação das redes sociais site oficial da Polícia Federal...34

Figura 6:Informações sobre campanhas site oficial da Polícia Federal...34

Figura 7: facebook.com/departamento de polícia federal/linha do tempo...35

Figura 8: facebook.com/departamento de polícia federal/avaliações...35

Figura 9: facebook.com/departamento de polícia federal/curtidas...36

Figura 10: facebook.com/departamento de polícia federal/ comentários positivos...37

Figura 11: facebook.com/departamento de polícia federal/ comentários positivos...37

Figura 12: facebook.com/departamento de polícia federal/comentários negativos...39

Figura 13: facebook.com/departamento de polícia federal/comentários negativos...39

Figura 14: facebook.com/departamento de polícia federal/comentários negativos...40

Figura 15: facebook.com/departamento de polícia federal/ano2011...41

Figura 16: facebook.com/departamento de polícia federal/ano2011...41

Figura 17: facebook.com/departamento de polícia federal/ano2012...42

Figura 18: facebook.com/departamento de polícia federal/lavajato...43

Figura 19: facebook.com/departamento de polícia federal/zelotes...43

Figura 20: facebook.com/departamento de polícia federal/delirium...43

Figura 21: facebook.com/departamento de polícia federal/ineptus...43

Figura 22: facebook.com/departamento de polícia federal/desventura...43

Figura 23: facebook.com/departamento de polícia federal/linhadetempo/lavajato...44

Figura 24: facebook.com/departamento de polícia federal/linhadetempo/lavajato...44

Figura 25: facebook.com/departamento de polícia federal/desventura...45

Figura 26: facebook.com/departamento de polícia federal/desaparecido...46

Figura 27: facebook.com/departamento de polícia federal/capturado...46

Figura 28: facebook.com/departamento de polícia federal/desaparecido...46

Figura 29: twitter.com/@agencia pf/inicio...47

Figura 30: twitter.com/@agencia pf...47

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Figura 32: twitter.com/@agencia pf/inicio...48 Figura 33: youtube.com/pfnatela/vídeos...49 Figura 34: youtube.com/pfnatela/discussão...49 Figura 35: youtube.com/pfnatela/vídeos...50 Figura 36: youtube.com/pfnatela/comentários...51 Figura 37: youtube.com/pfnatela/comentários...51

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Sumário

INTRODUÇÃO...7

CAPÍTULO 1: AS INSTITUIÇÕES ESTATAIS E SUA COMUNICAÇÃO...8

1.1 Brasil: Trajetória Institucional...8

1.2. O marketing das Instituições Governamentais...12

1.3. Comunicação do Setor Público...16

CAPÍTULO 2: HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL...20

2.1. Origem da Polícia Federal...20

2.2. A Polícia Federal nos meios de comunicação...21

2.3. O impacto das operações da Polícia Federal nas mídias...25

2.4. A notícia como construção social da realidade...27

2.5. Escândalos nos Meios de Comunicação...29

CAPÍTULO 3: A COMUNICAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL NAS MÍDIAS DIGITAIS...34

3.1. Polícia Federal nos Meios Digitais...34

3.2. A Comunicação da Polícia Federal em seu site...34

3.3. Comunicação da Polícia Federal no Facebook...38

3.4. Comunicação da Polícia Federal no Twitter...50

3.5. Comunicação da Polícia Federal no Youtube...51

CONCLUSÃO...56

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Introdução

Este estudo monográfico tem como objetivo evidenciar o papel de destaque que as Instituições de Controle do país estão ganhando nos últimos anos. A constante exibição da instituição Polícia Federal na mídia colabora para o aumento de credibilidade da mesma junto à sociedade. Ministério Público e Tribunal de Contas são outros exemplos de entidades que estão em destaque nos meios de comunicação fortalecendo sua imagem organizacional através da exibição de seu trabalho realizado.

A crescente necessidade de comunicação dos órgãos governamentais, incluindo as instituições de controle, para satisfazer uma demanda pública vem trazendo novos paradigmas para a comunicação institucional. Os novos meios de comunicação, especialmente a internet, são ferramentas extremamente importantes para a divulgação dos trabalhos destas entidades governamentais. Colaboram para um relacionamento com a população, aumentando a transparência de suas ações e o feedback do trabalho exercido.

Numa tentativa de contextualizar essa questão, o trabalho inclui o ambiente histórico em que foram formadas as Instituições de Controle, em específico a Polícia Federal. A partir dai será desenvolvida uma linha de pensamento trazendo a tona uma necessidade das entidades governamentais de se relacionarem com a sociedade. Um bom exemplo disso é a criação do Departamento de Comunicação da Polícia Federal. As mudanças e o desenvolvimento dos meios de comunicação trouxeram uma nova maneira dos órgãos do Estado se manifestarem para atingir a opinião pública. Nos dias de hoje é possível ter um retorno imediato das ações e trabalhos realizados pelas entidades. O uso do Marketing Institucional, antes utilizado apenas por empresas privadas visando lucro, passou a ser exercido pelos órgãos de governo para fortalecer sua imagem e assim ganhar credibilidade junto à sociedade, possibilitando assim, uma melhor compreensão sobre a evolução da política de comunicação social no Departamento de Polícia Federal.

Os últimos tópicos do trabalho dedicam-se a um estudo de caso da PF na mídia contemporânea. A constante deflagração de megaoperações, como a Lava Jato, colaboram e muito para a aproximação e respeito da sociedade perante a organização. O objetivo principal do estudo é evidenciar a comunicação social, os avanços alcançados nos últimos anos e os principais problemas e desafios enfrentados para tornar a atividade eficaz e compatível com os diversos meios de comunicações dos dias de hoje.

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CAPÍTULO 1 – AS INSTITUIÇÕES ESTATAIS E SUA COMUNICAÇÃO

1.1. Brasil: Trajetória Institucional

No Brasil, assim como em países que passaram pela transição de regimes autoritários para democracia, é indispensável o fortalecimento das instituições do Estado. As eleições regulares, liberdade de organização política, livre imprensa, liberdade de opinião, entre outras, só são possíveis em uma ordem democrática consolidada. Assim é possível passar por crises políticas resolvendo tudo com base em regras já preestabelecidas.

Sendo assim, é fundamental que as instituições ou agências estatais estejam suficientemente investidas de capacidade para harmonizar as relações sociais e garantir a integridade dos bens públicos. O Estado é a autoridade constituída encarregada de garantir os direitos inerentes à liberdade privada, e este também deve se sujeitar aos mecanismos legais e institucionais que limitem sua ação, para que não se volte contra a própria sociedade. Só é possível construir instituições públicas capacitadas para exercer funções em nome do interesse público em uma sociedade marcada pela liberdade e tolerância política.

A expressão controle social tem origem na sociologia. Ela assegura o conformismo dos indivíduos a um conjunto de regras e princípios prescritos e sancionados. Mannheim (1971, p. 178) a define como o “conjunto de métodos pelos quais a sociedade influencia o comportamento humano, tendo em vista manter determinada ordem”. Desta forma, o controle assume diversos significados ambíguo: limitação, fiscalização, vigilância, dominação, direção, registro e verificação. Sua realização requer a existência do controlador e do controlado. Por isso, são grandes os desafios de assimilar a importância dos mecanismos para a garantia de que as relações Estado-sociedade se pautem em valores democráticos e republicanos. As instituições de controle tem importância vital para a sobrevivência do Estado Democrático de Direito.

É certo que o sistema de controle tem custos, e na maioria dos casos muito altos. Quanto mais complexa a estrutura do Estado, mais caro fica para investir em instituições de controle apropriadas. Este é o caso do Brasil. O gasto público deve produzir benefícios efetivos voltados para a preservação da integridade do patrimônio público. As ações das instituições de controle tem impacto direto no fortalecimento da democracia e das

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instituições democráticas, pois controla os limites das autoridades eleitas e da burocracia já preestabelecida. Este é um aspecto relevante que o autor Speck destaca em seu texto:

Qualquer governo deveria estar duplamente interessado em um controle efetivo sobre a administração dos seus recursos: para melhorar o desempenho de seus projetos políticos e para evitar escândalos envolvendo os seus integrantes. A primeira preocupação se baseia no cálculo econômico de custos e benefícios. Um governo que consegue controlar o desvio ou má aplicação de verbas públicas tem mais recursos disponíveis para os seus projetos ou poderá realizá-los com menos impostos. (Speck, 2000b apud Ipea, 2010, p. 417)

Desta forma é possível compreender que não basta criar instituições de controle e atribuir funções para que haja controle efetivo dos recursos e compromisso dos governantes. Faz-se necessário prover pessoal capacitado e recursos tecnológicos para o desenvolvimento de suas atribuições. Isto implica em investimentos financeiros e na crença da importância destas instituições por parte dos políticos.

As Instituições Sociais servem como um meio para a satisfação das necessidades da sociedade. Nenhuma Instituição surge sem que antes tenha surgido uma necessidade. Elas representam um conjunto de regras e procedimentos padronizados, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade. Uma instituição não existe isolada da outra. As principais instituições sociais são: religião, família, econômica, política, educação e recreação. Todas as instituições são conservadoras por essência. Nos últimos anos a Administração Pública Federal (APF) brasileira observou um grande fortalecimento das instituições de controle. Tais atividades, juntamente com procedimentos focados em resultados, ganharam destaque com sua entrada na agenda política com o tema de combate à corrupção. Tendo em vista essa política, a sociedade brasileira já necessitava de instituições mais fortes para satisfazer uma necessidade da própria opinião pública. Segue uma citação de Juliana Fonseca que reforça esta linha de pensamento:

A instituição social é um mecanismo de proteção da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização

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do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos (que dele participam). (FONSECA, 2010)

É importante destacar que todo esse crescimento e destaque das organizações de controle estão inseridos em um contexto sócio-político e institucional. A promoção de uma gestão mais eficiente e efetiva foram propostas para novos modelos organizacionais e de gestão com foco em resultados. O Brasil, como signatário de tratados internacionais com vistas ao combate a corrupção, tem uma pressão internacional que gera uma necessidade de inibir os riscos do desvirtuamento em diversas organizações. Segue um pensamento do artigo de Sheila Maria Ribeiro que corrobora com a tese de que um novo cenário sócio-político contribuiu muito para essa vitrine das instituições de controle.

Vale destacar que o fortalecimento do controle não pode ser explicado separadamente do contexto sócio-político e institucional. A reforma gerencial dos anos 1990, os processos induzidos por agentes financeiros internacionais, o crescimento da participação social, o papel da mídia, a profissionalização da burocracia e, sobretudo, o aumento da transparência das informações potencializado pelas novas tecnologias de informação e de comunicação contribuíram enormemente para a ampliação das atividades dos órgãos de controle da administração federal. (RIBEIRO, 2010, p.3)

A transparência e o controle social é um dos temas frequentes na agenda dos órgãos de controles. A modernização da gestão pública em substituição a controles meramente burocráticos por controles sociais adotam medidas que reforçam a participação da sociedade na fiscalização dos recursos públicos. O princípio da transparência é fundamental para a modernização da gestão pública. As entidades federais intensificam este esforço em disponibilizar informações em vários níveis e formatos, seja por iniciativa própria ou por força da legislação. Segundo Lira, esta parceria entre sociedade e atividades governamentais podem gerar bons resultados.

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A atuação conjunta entre governo e sociedade pode resultar em valiosos ganhos econômicos, sociais e culturais. Os ganhos econômicos são os advindos dos recursos que o controle social pode evitar que sejam escoados pela corrupção. Os ganhos sociais advêm da elevação da qualidade dos serviços prestados à população pela administração pública e da melhora dos indicadores sociais relativos à saúde e à educação. Os ganhos culturais advêm do fortalecimento de valores importantes para a cidadania, como a responsabilidade sobre a coisa pública. (Lira. 2003, pág. 68).

Vale ressaltar que dependendo da informação divulgada, para o cidadão comum, os dados colocados a sua disposição possuem um linguajar tecnicista, o que dificulta e muito a sua compreensão. A administração pública, muitas vezes, possui vocabulário singular, distante do cidadão. Neste sentido uma citação de Borborema é muito instrutiva, pois evidencia este obstáculo que impõe um ruído na comunicação.

As informações obtidas devem ser tratadas antes de serem disponibilizadas à sociedade na homepage, de modo que sejam mais facilmente entendidas. Para Galhano (2006) é necessário que estudos científicos sejam desenvolvidos para adequar as diversas informações em linguagem contábil para uma linguagem de fácil entendimento do cidadão, como já existe o esforço do Portal da Transparência da CGU em implementar uma “linguagem cidadã”. (BORBOREMA E RIBEIRO, 2006, p. 68)

A história da administração pública brasileira mostra que o controle interno surge no processo de evolução do controle das contas públicas. A Constituição federal de 1988 consolidou o processo de redemocratização do País, neste contexto, o controle interno cresceu em importância. Pode-se afirmar que o momento favoreceu o fortalecimento desta função, tendo em vista a liberdade de participação da sociedade e a emergência do discurso sobre direitos de cidadania, transparência administrativa e controle social. A Carta Constitucional dispôs claramente que todos os Poderes governamentais manterão, de forma integrada, o Sistema de Controle Interno. Cabe ressaltar que o fortalecimento das instituições de controle não são um fenômeno isolado e fazem parte da lógica de desenvolvimento da

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sociedade global. O controle administrativo e outras formas de vigilância dos indivíduos potencializam-se em num ambiente competitivo do qual fazem parte organizações cada vez mais complexas, que envolvem o poder público e o privado, dentro e fora de limites territoriais.

Tratando especificamente das corporações policiais, a transformação política e social e a compreensão de uma sociedade inserida em um ambiente de conflito, no qual os problemas da violência e da criminalidade são complexos, a polícia passa a ser demandada para garantir não mais uma ordem pública determinada, mas sim os direitos como está colocado na Constituição de 88. Sendo assim, a ordem pública passa a ser definida também no cotidiano, exigindo uma atuação estatal mediadora dos conflitos e interesses distintos. A democracia necessita de uma função policial protetora de direitos dos cidadãos em um ambiente de conflitos.

1.2. O marketing das Instituições Governamentais

Nos últimos anos as instituições do Estado passaram a utilizar a comunicação com a sociedade e opinião pública com o intuito de fortalecer sua imagem organizacional. Seu objetivo é muito simples: criar um laço com a população para além de divulgar seu trabalho realizado, ganhar o apoio social e consequentemente poder nas esferas da administração pública.

O Marketing Institucional passou a ser uma ferramenta extremamente importante, e não apenas empregado pelas instituições privadas, mas incorporado pelos órgãos de Governo e Estado. Definido como aquele que não tem como objetivo imediato a venda dos produtos da organização. Seu principal objetivo é reforçar a imagem destas, auxiliando o posicionamento institucional. Objetiva estimular atitudes e comportamentos favoráveis nos diversos segmentos de público, conseguindo sua parceria e apoio. Extremamente atual, o Marketing Institucional passa a ser denominado em um contexto mais amplo como Marketing Organizacional. Kotler e Armstrong nos auxiliam neste entendimento na seguinte passagem:

Muitas vezes, as organizações realizam atividades destinadas a “vender” a própria organização. O marketing organizacional também chamado marketing institucional, consiste em atividades empreendidas para criar, manter ou modificar as atitudes e

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comportamentos do público-alvo com relação a uma organização. Tanto as organizações com fins lucrativos quanto as sem fins lucrativos praticam o marketing organizacional. As empresas patrocinam relações públicas ou campanhas de propaganda corporativa para “polir” suas imagens. As organizações sem fins lucrativos, como igrejas, universidades, instituições de caridade, museus e grupos artísticos, fazem o marketing de si mesmas com o objetivo de levantar fundos e atrair membros ou patronos. O marketing organizacional exige o conhecimento da imagem atual da organização e o desenvolvimento de um plano de marketing para aprimorá-la (KOTLER e ARMSTRONG, 1999, p. 461).

Toda organização tem um apelo ideológico básico que é a razão de ser da instituição. Desta forma é extremamente importante a missão da entidade estatal estar muito bem definida. Isto serve para não haver nenhum desalinho na sua forma de comunicação com a sociedade. Uma missão clara e bem explícita auxilia a população no entendimento das tarefas de determinada instituição estatal, os próprios funcionários ou servidores em seu papel na sociedade e a relevância de seu trabalho e por fim na comunicação do órgão público para manter uma linha coerente e de acordo com as propostas desta ou aquela entidade. Para ajudar em nosso entendimento sobre a importância de uma missão corporativa bem definida Pringle e Thompson possuem uma passagem muito esclarecedora.

A missão corporativa deve ser reduzida a um compromisso único, contundente. O problema é que a maioria das empresas simplesmente tem muita coisa a dizer para elas mesmas, para seus funcionários e clientes, além da sua tentação para elaborar grandes textos de missão. (PRINGLE; THOMPSON, 2000, p. 88).

Além de uma missão muito nítida, as instituições desenvolvem a visão corporativa que nada mais é que olhar para o futuro de uma instituição e imaginar como ela deveria ou gostaria de estar, a partir de certo tempo, em seu papel social. No caso da Polícia Federal, por exemplo, a instituição deve estar moderna, bem equipada, com seu quadro de servidores preenchido e adequada às necessidades contemporâneas, salários atualizados etc. Segue um trecho muito simples e de fácil entendimento de Berkowitz para elucidar o assunto.

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Uma visão clara do futuro da organização, frequentemente com um tema de inspiração. Ao estabelecer a direção geral para a organização, a visão corporativa descreve no que esta se empenha em se transformar – ampliando a organização, mas não além da imaginação. Mesmo que os termos sejam em geral usados de forma alternada, uma visão é algo a ser buscado, enquanto uma missão é algo a ser realizado. Em princípio, essa visão é uma frase curta que possa inspirar funcionários, investidores e clientes. (BERKOWITZ et al 2003, p. 32)

A partir destes aspectos vai se criando uma cultura organizacional, que influi diretamente na identidade, imagem e reputação de uma determinada instituição. De maneira bem resumida cabe esclarecer cada um destes conceitos. A identidade organizacional é uma percepção interna do grupo. “Como vemos a nós mesmos”. O DNA da entidade. Foca em como os aspectos da organização expressam suas ideias chave para o público externo. A imagem da organização é uma percepção externa. Abrange diferentes imagens sustentadas pelos diversos públicos da organização. Uma percepção cognitiva, ou seja, um conjunto de significados por meios dos quais a instituição é conhecida, descrita, lembrada e relatada. Formada por incontáveis detalhes, o indivíduo pode selecionar pensamentos ou expressões específicos para formar uma imagem, de forma que nem todas as impressões contribuem igualmente. Por fim, a reputação de uma organização é construída socialmente e sustentada por diversos públicos. É uma avaliação afetiva e subjetiva sobre os atributos da organização. Estável e duradoura a reputação de uma instituição pode ser comparada com outra, seja negativa ou positiva esta comparação. Sendo assim, a imagem (cognitiva) é um modelo mental; a reputação (afetiva) é uma avaliação, uma opinião subjetiva e emocional acerca dessas características. (Pahins, 2013)

Os esclarecimentos acima descritos servem para as entidades formarem sua maneira de se comunicarem com a sociedade. Vale destacar que a as atividades de comunicação social das instituições em geral é algo novo no país. Este tipo de relacionamento com o público sempre foi muito mais característico e utilizado pelas empresas privadas, que fazem uso dessa ferramenta visando, no fim das contas, o retorno financeiro. Para Margarida Kunsch, a comunicação institucional, por meio das relações públicas, enfatiza os aspectos relacionados com a filosofia da organização e contribui para o desenvolvimento institucional. Segue uma citação que aborda este pensamento:

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A comunicação institucional está intrinsecamente ligada aos aspectos corporativos institucionais que explicitam o lado público das organizações, constrói uma personalidade creditiva organizacional e tem como proposta básica a influência político-social na sociedade onde está inserta. (KUNSCH, 2003, p. 164)

As organizações governamentais estão trazendo para si uma estratégia antes utilizada apenas pelo setor privado, visando lucros. Na verdade o que antes se traduzia em dinheiro para as empresas, hoje se traduz em respeito e poder por parte das instituições de controle. O fortalecimento da imagem destes órgãos reflete em um apoio social muito grande. Segue mais uma diferenciação entre imagem e identidade. Margarida Kunsch (2003, p. 170) explicita muito bem em um trecho de seu livro: “Imagem é o que passa na mente dos públicos, no seu imaginário, enquanto identidade é o que a organização é, faz e diz”.

Ainda fazendo uma analogia entre instituições privadas e Instituições do Estado cabe à reflexão que uma das mais importantes funções e até mesmo princípios básicos de um órgão estatal é a transparência. As empresas privadas utilizam-se do marketing institucional para serem confiáveis.

Acredita-se que só é possível ser transparente e estar em dia com suas atribuições públicas através de uma comunicação eficiente revelando a importância das entidades administrativas. Assim consegue-se a legitimidade da opinião pública e todo respaldo necessário para continuar atuando junto à sociedade. Segue trecho muito instrutivo sobre o tema:

A comunicação dita “institucional” enuncia os valores da empresa: ela é o porta-voz da alma e da vocação da empresa. Não é por acaso que essa forma de comunicação cresce. O público exige das grandes empresas que elas legitimem sua atividade. A eficiência econômica e financeira não é suficiente, as empresas devem demonstrar sua justificativa social. Quanto mais importante é uma empresa – seja em nível mundial, para as multinacionais, seja local, para uma PME (Pequena e Média Empresa) – mais ela deve se preocupar com sua faceta “institucional”, com sua inserção na sociedade, com seu valor cívico e moral no sentido mais amplo. A comunicação institucional assinala a contribuição da empresa para a coletividade: esse último termo é crucial. Não se trata mais de se dirigir ao financista, ao assalariado, ao consumidor, ao fornecedor, mas ao cidadão em cada um deles. O conteúdo da comunicação institucional é moral, político ou filosófico (KAPFERER, 2003, p. 385).

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Ainda abordando a transparência como função extremamente importante da comunicação pública das organizações governamentais, pode-se afirmar que é necessária a comunicação para a população conhecer o trabalho que está sendo realizado pelas instituições. O Ministério Público nunca teve tanto destaque na mídia como nos dias de hoje. Isso não quer dizer que antes o MP não trabalhava, mas sim que não comunicava aos cidadãos as suas respectivas ações e resultados. A Polícia Federal, por exemplo, hoje conta com seu site oficial, uma página no Facebook e uma conta no Twitter. São canais de comunicação utilizados para expor o trabalho realizado pela instituição e ainda por cima receber um feedback da opinião pública. Vale ressaltar que esta é uma realidade recente apenas possível com a evolução da internet. O autor Jorge Duarte traz um pensamento que ratifica essa linha de raciocínio:

É próprio da República a transparência. E essa é a razão para que um Estado democrático tenha de manter em suas rotinas a publicização de tudo que é feito com o dinheiro público; de tudo que é de interesse público e de tudo que possa afetar o bem público e o patrimônio público. A publicidade seria, então, um compromisso natural e ético, não só dos governantes eleitos, mas também de todo e qualquer servidor público. Entretanto, para não ficar cada um deles, avulsamente, tornando, à sua maneira, pública a coisa pública, espera-se que faça parte da própria estruturação do Estado a manutenção de um Sistema de Publicidade (e de publicização da coisa pública), por sua vez, subdividido em atribuições, tantas as obrigações para com a divulgação dos assuntos de interesse público. (DUARTE, 2007, p. 180)

1.3. Comunicação do Setor Público

Considera-se como uma das atividades mais importantes no serviço público a divulgação jornalística e atendimento às demandas da imprensa. Presente em praticamente todos os órgãos e o crescente relacionamento do Estado com a imprensa pressionaram as instituições a se organizarem. A própria demanda social por informações levou ao crescimento e sofisticação das relações públicas. O Governo Federal, na década de 30, transformou em política de Estado o controle e difusão de informações por meios de comunicação de massa, interferindo diretamente nos meios de comunicação. Em 1931, é estruturado o Departamento Oficial de Publicidade, na Imprensa Nacional.

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Nesta época, se operacionalizou a execução de serviços de radiocomunicação no território nacional, com a criação do programa radiofônico “A Voz do Brasil”. O ápice do uso da imprensa como condutor de informação governamental ocorre através do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e dos Departamentos Estaduais de Imprensa e Propaganda (Deips). Em 1945, o DIP foi sucedido pelo Departamento Nacional de Informações. A comunicação social ganhava cada vez mais relevância no setor público e em 1949, o Departamento Administrativo do Serviço Público oferece o “Curso de Relações com o Público” e, em 1957, o “Curso de Relações Públicas, Divulgação e Publicidade”. (ALVES, 2006, p. 64)

O fortalecimento do movimento sindical, a maior liberdade de imprensa, novos padrões de competitividade e a crescente exigência quanto aos direitos sociais e dos consumidores levam empresas e instituições a se adaptar e criar canais de comunicação com a sociedade. A imprensa passou a ser identificada pelas organizações como “o grande instrumento, o caminho mais curto para agir sobre a agenda pública, informar e obter uma imagem positiva” (DUARTE, 2003, p. 88).

Com relação ao trabalho da assessoria de imprensa no setor público, apesar das características singulares, as premissas são praticamente as mesmas da atividade na iniciativa privada.

A principal missão da assessoria de imprensa no governo é contribuir para que a sociedade, por meio da mídia jornalística, tenha acesso às informações de seu interesse. O cumprimento dessa responsabilidade é complexo e se expressa em distintas vertentes. No que diz respeito às ações pró-ativas, as duas principais tarefas são as seguintes: apurar e distribuir informações de interesse público, normalmente não cobertas pelos veículos de comunicação, inclusive os de grande porte, e disponibilizar notícias à parcela da mídia que não tem amplo acesso às fontes (EID, 2003, p. 1).

Na década de 1980, com a redemocratização do país, a área de atendimento à imprensa teve uma mudança fundamental. Tornou-se a mediadora mais importante entre as demandas e anseios da sociedade e informações governamentais. Com a reforma do Estado nos anos seguintes, esta demanda aumentou, exigindo um profissionalismo

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maior por parte das entidades de governo. Desta forma passaram a ser contratadas pessoas através de concursos públicos aperfeiçoando e aprimorando a atividade.

Na verdade, muitas pessoas fazem confusão quanto ao emprego dos termos em comunicação. Alguns defendem o conceito de comunicação integrada englobando as áreas de comunicação mercadológica (marketing e propaganda, por exemplo), comunicação institucional e comunicação interna. Na comunicação institucional estão inseridas as atividades de relações públicas, assessoria de imprensa, responsabilidade social, promoção cultural etc. É importante destacar que independentemente da modalidade escolhida, as instituições estatais cada vez mais fazem uso dessas ferramentas para promoverem sua imagem e reputação através da sociedade. Também fica claro que se faz imprescindível à atividade, ser exercida por pessoas extremamente qualificadas e que ajudem no objetivo final. Todo este esforço auxilia a criar credibilidade, o que contribui no apoio social para a instituição.

É fato que as transformações tecnológicas ocorridas nas últimas décadas geraram um diferente modo de relacionamento entre imprensa, setor público e sociedade. Um depoimento exemplifica: “o twitter foi divisor de águas. Passou a exigir do assessor de imprensa maior agilidade, eficiência nas respostas e habilidade de interagir com diversos públicos, de diferentes classes, idades, formação acadêmica. O impacto não foi apenas na atuação dos jornalistas e assessores de imprensa, exigiu também um conhecimento de operacionalização e gerenciamento de comunicação do próprio setor público.

É fato que nos dias de hoje uma informação para chegar do Estado para a sociedade em geral não precisa passar pelo antigo caminho de jornais, rádios, revistas etc. Basta uma publicação nas redes sociais que a comunicação entre instituições do Estado e público em geral torna-se direta e potencialmente sem ruídos. Uma das consequências é a maior agilidade e facilidade. Porém a exigência é muito mais pesada. O profissional de comunicação que gerencia um determinado setor fica disponível a qualquer um. O seu smartphone dá acesso contínuo aos e-mails e movimentações nas redes sociais em torno do órgão assessorado, tornando-se assim um trabalho ininterrupto. Além disso, ainda tem o dirigente da repartição pública, que fica conectado e mais facilmente aciona o profissional de comunicação para resolver determinada pendência. Pode-se afirmar que o foco das ações de assessoria de imprensa estão se voltando cada vez mais no sentido de atuar diretamente para a sociedade em geral e os públicos específicos do órgão.

A tradicional grande mídia, ou tradicional imprensa de referência, perdeu seu papel de protagonista nessa intermediação de comunicação entre Estado e

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sociedade. Essa nova realidade, leva os jornalistas, tradicionalmente refratários ao contato com o público geral, a desempenhar funções de seus pares na configuração acadêmico-tradicional da comunicação – publicitários e relações públicas. Caracteriza-se assim, uma importante mudança no papel dos comunicadores contratados pelos órgãos públicos. Passam a ser gestores de processos comunicativos, assumindo a responsabilidade de se tornar um estrategista com capacidade de analisar no todo o cenário de comunicação do órgão para o qual trabalha.

Vale destacar que o respeito e a importância do trabalho dos comunicadores de órgãos públicos cresceram não apenas junto aos jornalistas, mas também dos assessorados. Seu trabalho continuará em evidência e ampliará os conceitos de acesso e transparência na Administração Pública. Como já dito anteriormente, a tendência é que se desloque do atendimento à grande imprensa para o público usuário dos serviços da instituição assessorada. O papel do gestor de comunicação de uma instituição pública cresceu e ganhou espaço dentro da organização. Seu gerenciamento elabora a estratégia desta a partir do que e com quem a instituição quer e precisa dialogar. Além disso, sua atividade que já era caracterizada como multitarefa obrigou este profissional a se qualificar e ampliar seus conhecimentos devido à realidade da informação instantânea e da interação imediata com a sociedade.

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CAPÍTULO 2 - HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL

2.1. Origem da Polícia Federal

O Departamento de Polícia Federal foi criado em 28 de março de 1944. Subordinada ao Ministério da Justiça é uma instituição policial brasileira, órgão permanente instituído por lei, organizado e mantido pela União. Ela desempenha com exclusividade a função de polícia judiciária da União. Sendo assim, pode-se dizer que Polícia é a instituição que tem a legitimidade de agir, quando alguma coisa que não deveria acontecer venha a acontecer, algo tem que ser feito. Um órgão governamental, presente em todos os países, politicamente organizados, cuja função é a de repressão e manutenção da ordem pública através do uso da força, ou seja, realiza o controle social.

O fim da ditatura militar em 1985 trouxe inovações importantes na seara da segurança pública. “A segurança pública dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio [...]”, segundo a redação do Artigo 144 da Constituição Federal. A ordem constitucional erigida a partir de 1988 elegeu entre seus objetivos fundamentais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o desenvolvimento nacional, a erradicação da pobreza, a redução das desigualdades sociais e o respeito à dignidade da pessoa humana. No modelo democrático, a Segurança Pública é via de acesso à cidadania plena, ao garantir o respeito à dignidade da pessoa humana e aos próprios Direitos Humanos.

Quando a capital do Brasil era o Rio de Janeiro, só lá existia uma polícia diferenciada, e que era responsável pela segurança do Presidente e Ministros e também atuava na área de segurança pública daquele Estado. Era chamada de Polícia do Distrito Federal. As outras polícias dos Estados não podiam intervir, interferir ou investigar. Só neste ponto a PF se diferenciava das demais no país. Suas atividades e atribuições só foram estendidas para todo o território nacional em junho de 1946. Em 1960, com a mudança da capital federal para Brasília, os órgãos públicos federais dos Poderes da República, incluindo o Departamento Federal de Segurança Pública, também mudaram para Brasília, que passou a ser o novo distrito federal do país. Só que apenas uma pequena parte dos policiais do Departamento Federal de Segurança Pública foi para a nova capital da República, ficando no então Estado da Guanabara a maior parte de seu efetivo e seus serviços de segurança pública. Em 31 de dezembro de 1960, o governo decidiu criar uma escola de polícia. A escola de

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polícia foi chamada de ANP - Academia Nacional de Polícia, e foi inaugurada em 20 de dezembro de 1961. Para fazer o primeiro curso, foram 200 jovens selecionados de algumas cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Recife, Porto Alegre, Salvador, Goiânia e Belo Horizonte. Diferente de outras polícias (Civil, Militar e Rodoviária), que têm suas ações limitadas aos seus Estados, a Federal pôde investigar, desde então, onde quiser, e quem quiser, incluindo as outras polícias, em qualquer localidade, se houver denúncias contra integrantes das corporações. (Alves, 2006)

Em poucos momentos da história recente do Brasil se viu tamanha admiração da opinião pública por um órgão governamental. Tratando-se de polícia, então, a raridade é maior. Realizando extensas investigações para obter provas das relações ilícitas que envolvem a administração pública, políticos e empresas privadas, a Polícia Federal vem ganhando simpatia da opinião pública.

2.2. A Polícia Federal nos meios de comunicação

O setor de Comunicação Social no Departamento da Polícia Federal foi instituído com o Decreto nº 73.332, de 19 de setembro de 1973. A partir dai sua Divisão de Comunicação Social (DCS) passou a ter atribuições como órgão de apoio técnico. Nesta época o contexto histórico era bem diferente da realidade atual. O golpe militar de 1964 instaurou um rígido controle sobre todos os veículos de comunicação. Através da Divisão de Censura e dos Serviços de Censura, expressamente previsto na Constituição de 1967, o DPF assumiu a execução da censura prévia, antes feita por órgãos vinculados às Forças Armadas. O papel da PF na operacionalização da censura não pode ser ignorado. Pode-se dizer que é uma mancha na história da instituição.

No início, a relação entre imprensa e Polícia Federal era muito conturbada. Durante a ditatura militar, não havia espaço para os meios de comunicação criticar os órgãos policiais. A censura fazia parte da grande mídia, sendo assim o diálogo não teve uma base inicial entre as partes. Com o fim da ditadura militar e a imprensa livre, essa falta de diálogo perdurou por ainda muito tempo e a relação era sempre de tensão e estranhamento. Isso sem contar que os Agentes Federais não foram preparados para uma postura amigável perante a mídia e sociedade. Não havia esse hábito de falar com os meios de comunicação. A partir da criação de um Departamento de Comunicação Social foi que a instituição passou a se organizar ao longo do tempo, passando do improviso a uma atividade

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estratégica. A Polícia Federal aceitou o fato de que falar com a imprensa não é um favor, e sim uma obrigação que se impõe à Administração e aos gestores públicos, dentro da noção de transparência. Por essa ótica é extremamente importante que os governos criem ou aperfeiçoem departamentos de comunicação em todos os órgãos governamentais importantes, em especial nas áreas econômicas e militares. (ALVES, 2006)

Na parte de organização e estruturação da Comunicação Social no DPF, foi definida a implantação da unidade organizacional central, subordinada diretamente ao Diretor-Geral, com a atribuição de exercer o planejamento, a coordenação, a supervisão, a orientação geral, bem como a execução direta de programas e projetos da área. Nos níveis regional e local, nas unidades descentralizadas, foram criadas projeções descentralizadas para exercer as atividades de comunicação social nas respectivas repartições. Foi prevista a designação de servidores do quadro do DPF, para atuar de forma integrada: um sistema único, harmônico e organizado. Cabe agora citar os critérios a serem levados em consideração para indicar um servidor a exercer sua função na área. As normas encontram-se no parágrafo único no artigo 10 da IN1 006.

I – formação acadêmica na área de comunicação social, preferencialmente; II – perfil de identificação com a função;

III – experiência na área;

IV – conhecimento do órgão como um todo e do papel deste na sociedade civil; V – iniciativa e organização;

VI – fluência verbal; VII – aptidão para redação;

VIII – raciocínio abrangente. (ALVES, 2006, p. 85)

O texto normativo também detalhou e padronizou as condutas a serem adotadas na divulgação de acordo com os princípios, diretrizes e fundamentos jurídicos. Tais normas encontram-se no art. 31 da IN 006 em comento:

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I – os fins de informar, preservando-se, sempre, a imagem da instituição;

II – a abordagem isenta de conceitos ou afirmações que indiquem pré-julgamento de fatos ou pessoas envolvidas;

III – a divulgação de informações, sempre que possível, pelo representante da comunicação social designado pelo dirigente da unidade local e credenciado junto à CS/GAB/DG2;

IV - a iniciativa e incumbência da CS/GAB/DG quanto aos assuntos de abordagem e abrangência nacionais, dos fatos e assuntos de grande relevância ou de repercussão interestadual, bem como daqueles cuja divulgação tenha sido por ela avocada; V – o uso dos formulários Nota à Imprensa e realese, seguindo modelo aprovado pela CS;

VI – o envio à CS/GAB/DG, por fax ou correio eletrônico, no mesmo dia da divulgação, das Notas à Imprensa e Relises expedidos pelas unidades descentralizadas;

VII – a inserção na home page do DPF, pela CS/GAB/DG, de matérias recebidas nas descentralizadas;

VIII – a apresentação de material apreendido em operações policiais, visando ilustrar reportagens, evitando-se, em tais casos, atribuir-se valores estimativos; IX – evitar-se a apresentação detalhada de documentos arrecadados ou apreendidos que possam identificar pessoas envolvidas ou investigadas.

X – evitar-se a exposição de policiais, de equipamentos e de armamentos, bem como de presos, salvo quando estes expressamente autorizarem;

XI – o agendamento de entrevistas ou solicitações de informações recebidas dos veículos de comunicação, tanto quanto possível, por meio de fax ou correio eletrônico, contendo breve descrição da matéria a ser tratada;

XII – o acompanhamento do dirigente, em entrevistas individuais ou coletivas com a imprensa, pelo responsável da comunicação social na unidade, sempre que possível; XIII – a participação de policiais federais em seminários, palestras, mesas redondas e similares deve ser feita sobre assuntos de sua área de competência e previamente autorizada pela chefia imediata;

XIV – o uso do emblema do DPF como símbolo exclusivo para representar o Departamento de Polícia Federal;

XVI – a proibição de se divulgar os meios empregados na investigação policial; XVII – a proibição de divulgar dificuldades, limitações ou deficiências de recursos humanos, técnicos, financeiros e materiais, necessários às operações policiais ou ao desempenho das atividades;

XVIII – a proibição de vincular o nome do DPF a qualquer tipo de campanha publicitária com fins econômicos. (ALVES, 2006, p. 86)

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O fato do Departamento de Comunicação da Polícia Federal optar por aproveitar servidores do próprio quadro de funcionários cria um problema devido à falta de pessoas com formação específica na área. Segundo pesquisa realizada em 2005, apenas 12% dos servidores designados para a área eram formados em comunicação social (que abrange cursos de jornalismo, relações públicas, rádio e TV, publicidade e propaganda, dentre outros). A maioria absoluta (70%) dos servidores tinha formação em Direito, 13% em outros cursos superiores diversos e 4% tinham apenas o curso médio. Outro ponto importante revelado pela pesquisa é o acúmulo de atribuições dos servidores designados para a atividade de comunicação. Apenas 36% trabalham exclusivamente na atividade. O restante acrescenta funções distintas além da comunicação. (Alves, 2006)

Isso certamente representa prejuízos para o rendimento e qualidade do trabalho realizado. Uma das características principais da atividade policial são as frequentes viagens para cumprimento de missão, bem como o cumprimento de jornada de trabalho em horários diferenciados. Desta forma a ausência de um servidor na área de comunicação torna-se corriqueira, comprometendo um trabalho sistemático no departamento.

Destaca-se que além da falta de profissionais com formação específica na área, a relação entre instituições governamentais e opinião pública vem mudando nos últimos anos, muito em razão da internet e redes sociais. O Marketing Institucional, por exemplo, sempre foi mais utilizado pelas empresas do setor privado, com o objetivo de criar um relacionamento e vínculo entre a marca e público-alvo, assim reforçando sua imagem. Com a possibilidade da PF ter uma página no Facebook, sempre postando imagens e operações deflagradas, ela passa a ter um retorno da sociedade imediato.

Pode-se ressaltar que boa parte dos comentários positivos e vários compartilhamentos reforçam que esta ferramenta é extremamente importante para a organização criar um relacionamento direto com a população, ganhar credibilidade social e apoio da opinião pública. É claro que tais mudanças e novos recursos demandam um trabalho contínuo e planejado, até porque, a confiança da população pode ser traduzida em poder para a instituição. Além disso, no próprio site da PF existe um campo com uma pesquisa de satisfação para ser preenchido por qualquer pessoa. Lá qualquer um pode postar suas críticas ou elogios à instituição. Ou seja, nos dias de hoje as Instituições de Controle social podem entrar em contato direto com a população, sem ter que passar pelas possíveis influências de grandes meios de comunicação de massa que por muito tempo determinavam a opinião pública. Acredita-se que ainda o fazem, mas não com tanta força.

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2.3. O impacto das operações da Polícia Federal nas mídias

É evidente que a Polícia Federal tem efetuado um trabalho de destaque social. O número de operações realizadas, especialmente, no combate à corrupção e crime organizado nos Três Poderes, gera uma visibilidade única para a instituição. Uma recente pesquisa, realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), revelou que a PF é a instituição pública com maior credibilidade junto à população. No caminho contrário, a classe política é apontada como a que menos inspira confiança, portanto, credibilidade. (VEIGA, 2009, p. 29)

Entender essa consolidação da Polícia Federal e a baixa confiança do povo nos políticos é também direcionar nossos olhares a construção das produções midiáticas. É importante considerar a ideia de mediação, ou seja, a presença dos meios eletrônicos e midiáticos como variável na relação que o indivíduo tem com o mundo que o cerca. Ao analisar a reputação da Polícia Federal e sua representação nos meios de comunicação, verificamos que os efeitos dos discursos veiculados interferem na construção da identidade dos próprios policiais federais. A relação indivíduo – organização é um ciclo de reciprocidade, pois à medida que uma pessoa participa de uma organização e se identifica com seus valores, ela também contribui para a construção da identidade da organização. Bauer e Mesquita citam uma passagem que nos ajuda a entender essa reciprocidade.

No caso específico das organizações, pode-se dizer que os indivíduos identificam-se à medida que acreditam haver similaridade entre seus atributos e os da organização. Esta identificação pode percorrer dois caminhos distintos: o reconhecimento por parte do individuo de valores e crenças que são semelhantes aos dele (identificação por afinidade); e o ato de se fazer o mesmo, idêntico à organização, incorporando seus valores e crenças (emolução). (BAUER E MESQUITA, 2007, p.20)

A passagem acima é importante para refletirmos que a construção midiática não tem efeitos apenas na sociedade em geral, mas na instituição. Mais profundo que isso, os efeitos afetam também o próprio individuo que faz parte desta entidade. A comunicação que é lançada a todos os públicos: interno (policiais) e externos (sociedade), contribuem para a construção da identidade e reputação respectivamente. Os meios de comunicação contribuem para conferir status e impor normas sociais.

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(...) os meios de comunicação outorgam prestigio e acentuam a autoridade de indivíduos e grupos, legitimando-lhes o status. Da mesma forma, estes recursos podem legitimar e ajudar a “vender” aos membros das empresas os novos valores, conceitos e filosofias. Isto endossa a crença popular norte americana de que “se você for realmente importante, estará no centro de atenção de massa, e se estiver no centro de atenção de massa, será sem dúvida importante”. (AIDAR E ALVES, 1997, p. 218)

Percebe-se que as coberturas das operações da Polícia Federal fazem uso do elemento “espetáculo”. A cultura industrial corrobora com este tipo de comportamento dos meios de comunicação. Homens armados, fardados, acompanhados do brasão da corporação. Os suspeitos também compõem o quadro, sempre em primeiro plano e algemados. Grande parte da mídia brasileira constrói as matérias com base nas figuras de heróis (neste caso, a PF) e vilões (aqueles que por ela foram presos). Sendo assim, há uma relação de cumplicidade entre os que trabalham nos meios de comunicação e a policia. O jornalista, por um lado, busca o “furo”, ou participar da operação através da cobertura “ao vivo”. No outro lado a polícia, representada através da mitologia do herói, reforça sua reputação institucional e ganha mais força e credibilidade junto à sociedade e opinião pública. O fato da polícia, na maioria dos casos, ser utilizada como a única fonte ou pelo menos a que domina a versão dos fatos (definidora primária da notícia), até porque estamos tratando de crimes onde o acusado não tem privilegio da fala, garante que os meios de comunicação direcionem à instituição o apoio da opinião pública. Hall traz uma passagem que elucida muito bem esta quase dependência dos meios de comunicação do trabalho policial.

A polícia, os porta-vozes do Ministério do Interior e os tribunais constituem um quase monopólio como fontes de notícias de crime nos mídia. Muitos grupos profissionais tem contato com o crime, mas é só a polícia que se afirma como especialista profissional na guerra contra o crime, baseada na experiência direta e pessoal. (HALL et al, 1993, p.239)

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O discurso da luta contra a impunidade e corrupção que fez com que a PF ganhasse a mídia e, em função disso, muita credibilidade da população. Em entrevista a Revista Veja, o diretor da Instituição declarou: “(...) a PF conquistou muita credibilidade e está tendo um papel pedagógico no sentido de romper essa sensação de impunidade no país” (Corrêa, Luiz Fernando, 2007). Consolidada enquanto fonte, e rica em credibilidade, a instituição se pronuncia através dos meios de comunicação de massa. A mídia em geral dá grande importância as operações deflagradas, até porque as mesmas rendem histórias por mais de uma semana. Todo o desenrolar da investigação alimenta os conteúdos como: documentação apreendida, conversas interceptadas por grampos, prisão de suspeitos, nomes de possíveis envolvidos etc.

Outro aspecto muito interessante de se analisar é o nome das operações que estampam as capas de jornais, revistas e posts nas redes sociais. São exemplos: a operação Lava Jato, Hurricane, Xeque-mate, Navalha etc. As palavras de efeito e uso de metáforas são comprados pela mídia e enfatizam claramente o papel da Polícia Federal. Na operação Lava Jato, além dela ter sua origem em um lava jato tem o campo semântico que remete a limpeza da Petrobras. É a PF que pode limpar o país dos corruptos. Os verbos e conectores utilizados na construção da notícia também corroboram para a ideia de que a polícia está em constante missão no combate a crimes como o da corrupção.

O uso da terminologia bélica do jargão policial é reproduzido pela imprensa. “A operação Navalha, da Polícia Federal, revelou que o esquema de fraude em licitações comandado pela empresa Gautama (...) (CARVALHO, 2007). “A interrupção dos depoimentos permitirá a PF redirecionar a missão dos cerca de (...)” (PF, 2007). Os termos destacados fazem uma referência ao jargão utilizado pelos policiais. Subliminarmente há um discurso que proclama a PF em constante combate a corrupção e outros crimes.

Todas essas estratégias colaboram para um reconhecimento social, que é considerado elemento chave pelas instituições para receber apoio da sociedade e consequentemente poder. A imagem e reputação, projetada pela mídia, acaba afetando a própria identidade da instituição e seus colaboradores.

2.4. A notícia como construção social da realidade

É importante destacar que a maneira como a notícia é dada interfere diretamente na construção de uma realidade e um papel social. Os meios de comunicação,

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principalmente a grande mídia, possuem o poder de estruturar uma notícia de acordo com seus interesses. As reportagens sensacionalistas são utilizadas para prender a atenção do público em frente a TV. Não é apenas uma reportagem, e sim um espetáculo. A prisão de grandes figuras públicas traz um heroísmo às coberturas das atividades policiais. Desta forma alimentamos o imaginário brasileiro sedento por justiça, e consumimos a sensação de que a impunidade para ricos corruptos está perto do fim.

Neste sentido cabe o pensamento de quão heroica e honrada é a atividade da Polícia Federal, ou se isso é uma lógica implantada nas nossas cabeças através da cultura midiática. Nós tomamos conhecimento de fatos e a partir da forma como eles são contados. Isso acaba alterando muito a nossa percepção, pois através dos meios de comunicação é que os papeis sociais de instituições são definidos. Cabe uma citação retirada do livro de Coutinho e Leal que corrobora com esse pensamento.

Não é possível fazer uma oposição abstrata entre o espetáculo e a atividade social efetiva. O espetáculo que inverte o real é efetivamente um produto. Ao mesmo tempo, a realidade vivida é materialmente invadida pela contemplação do espetáculo e retorna em si a ordem espetacular a qual adere de forma positiva. (...) a realidade surge no espetáculo, e o espetáculo é real. Essa alienação recíproca é a essência e a base da sociedade existente. (DEBORD, 1997, apud COUTINHO e LEAL, 2009, p.33)

Todas as cenas nas coberturas jornalísticas da Polícia Federal são típicas de uma narrativa sensacionalista. Emblema da polícia, sirene ligada, homens fortemente armados, malotes de dinheiro etc. É muito importante destacar que os cenários das operações podem ser controlados pelos próprios policiais. Uma estratégia muito eficaz para uma construção narrativa desejada.

O problema é que nessa narrativa sensacionalista e espetaculosa ferem-se direitos básicos dos cidadãos. Juridicamente todos os presos possuem direito ao contraditório e a ampla defesa. Porém, socialmente já estão condenados pela opinião pública. No âmbito social, uma pessoa que aparece algemada e acusada de corrupção já é criminosa mesmo antes do julgamento. Cabe ressaltar que o uso da algema está disciplinado no artigo 234, paragrafo 1º do Código de Processo Militar. Apenas na hipótese de perigo de fuga, ou agressão por parte do preso, será cabível o uso da algema. Não é isso que acontece nas

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operações deflagradas e noticiadas da Polícia Federal. O uso da algema passa a ter uma função simbólica e corrobora com toda a narrativa pretendida pelos meios de comunicação. O público ao ver pessoas com cargos do alto escalão presas e algemadas aplaude a atuação da polícia. Porém, e se essa pessoa for inocentada pela justiça? Sua imagem já estará completamente manchada pela atuação imprudente dos policiais. Em alguns casos, o judiciário determina a soltura dos presos sob o fundamento de irregularidade das prisões. Isso tentando controlar esses excessos.

Desse modo, é importante analisar as matérias exibidas nos noticiários como um espetáculo construído para ser sensacionalista e atrair a atenção do espectador. A Polícia Federal tem assumido esse papel de salvadora da pátria (Coutinho e Leal, 2009). Como consequência prisões arbitrárias, excesso de força dentre outros abusos poderão ocorrer. Além disso, existe um desgaste que este tipo de operação sensacional pode trazer tanto para a Polícia Federal quanto para o judiciário. Estas prisões direcionadas para um evento midiático são revogadas pelos tribunais, refletindo uma imagem que o judiciário é uma instituição fraca. A polícia prende e a justiça solta. E a polícia pode banalizar sua importante função investigativa sob os termos legais.

2.5. Escândalos nos Meios de Comunicação

Os escândalos políticos sempre tiveram destaque nos meios de comunicação, inseridos no contexto valor-notícia. Mas são os escândalos políticos que influenciam a agenda temática da mídia ou é a mídia que exerce influência sobre a agenda pública? O modo como os profissionais de comunicação organizam e selecionam diariamente as informações, atribuindo ênfase a determinados aspectos, auxilia na formação de uma agenda midiática. A repercussão pública de determinado tema relevante acaba fomentando as notícias, assim criando um ciclo em que a agenda da mídia fomenta a agenda pública e vice-versa. Conteúdos reveladores e furos de reportagem transcorrem para uma reprodução sistemática de denúncias. Sendo assim, os meios de comunicação passam a ter um papel fundamental nos escândalos políticos.

O esquema de corrupção, deflagrado pela Polícia Federal em 17 de março de 2014, nomeado Operação Lava Jato ganhou visibilidade na mídia de maneira absurda. Os altos valores movimentados ilegalmente e as pessoas de alto escalão envolvidas, levaram a uma repercussão enorme nos meios de comunicação e sociedade. Não demorou

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muito para que esta crise institucional chegasse ao meio político. As reportagens, sobretudo na televisão e internet, passaram as fazer parte dos meios de comunicação diariamente. O Jornal Nacional, um dos jornais de maior credibilidade do país, exibiu 128 matérias desde a oficialização da denúncia até o fim do segundo turno das eleições presidenciais de 2014. É importante ressaltar que as instituições responsáveis pelas investigações, Polícia Federal e Ministério Público, sempre tiveram seu trabalho enaltecido e passaram a ter uma enorme credibilidade junto à sociedade e opinião pública. (FERNANDES, 2015, p. 3)

O escândalo político é definido por Jiménez Sánchez (2004) como “uma intensa reação social de indignação logo que existe um conhecimento público da ocorrência de certo comportamento levado a cabo por um ator desempenhando um cargo público investido com confiança social” (apud ROSA, 2011, p. 1167). O ato de romper com normas protegidas por lei e romper com valores e crenças sociais, alinhados a extensa veiculação dos acontecimentos públicos, consolida o chamado escândalo político-midiático. E quem pode sair ganhando com tudo isso? É claro que os próprios meios de comunicação, pois terão uma pauta forte e duradora para explorar, e as instituições responsáveis pela punição e controle dos corruptos e corruptores. Nesse caso a Polícia Federal e Ministério Público.

A Polícia Federal, na grande maioria das vezes, foi mencionada nas reportagens. No dia 08/09, em reportagem na revista Veja foi citada, da seguinte forma: “PF investiga vazamento de depoimento de ex-diretor da Petrobras”. Homens de preto, armados e transportando acusados algemados faziam parte do contexto exibido pela mídia. Um quadro a seguir demonstra uma amostra da quantidade de vezes que o esquema Lava Jato ocupou os meios de comunicação em determinado período. (FERNANDES, 2015, p. 5)

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Figura 1: Fernandes, 2015. Reportagens do escândalo Petrobras (17 de março a 27 de outubro de 2014)

Durante toda essa narrativa jornalística, a Polícia Federal apareceu como grande responsável pelas investigações. A credibilidade da instituição cresceu de forma vertiginosa, e a opinião pública passou a considerar a PF como a organização que melhor combate a corrupção no Brasil (VEIGA, 2009, p.124). Em muitas manchetes e chamadas o nome da organização estatal era citado de forma destacada. Segue um exemplo de jornal O Estado de S. Paulo: “PF investiga se ex-diretor da Petrobras recebeu propina em contratos”. (Reportagem veiculada no dia 25/03).

A publicização do assunto vazado nos meios de comunicação envolve um processo em que uma mídia reproduz a agenda da outra, provocando o agendamento midiático em praticamente todos os meios: jornais impressos, revistas, rádio, telejornais,

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mídia digital etc. Todos ligados e colaborando para um escândalo que realmente exigiu a atenção da opinião pública e sociedade. Dentro de todo esse contexto, a visibilidade e o destaque que a Polícia Federal ganhou nos meios de comunicação, favoreceu para um aumento do respeito que a sociedade presta para esta instituição.

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CAPÍTULO 3: A COMUNICAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL NAS MÍDIAS DIGITAIS

3.1. Polícia Federal nos Meios Digitais

Nesta etapa do trabalho o foco será voltado para a comunicação da Polícia Federal nas mídias digitais. Um levantamento de dados abordando o uso da internet como meio para publicar o trabalho realizado em favor da sociedade. Sempre colocando em evidencia o contexto em que a entidade está inserida nas redes sociais. Que tipos de posts e vídeos são publicados, se os comentários são positivos ou negativos e como isso favorece ou prejudica a imagem da instituição junto à população. A base para o estudo serão as plataformas digitais mais conhecidas: Facebook, Twitter, Youtube e o site oficial da Polícia Federal. Iremos distinguir como o Departamento de Comunicação Social da PF faz uso dessas ferramentas e suas características específicas na maneira de publicar um conteúdo. Como o uso, desenvolvimento e aperfeiçoamento das mídias digitais podem resultar em uma imagem positiva para a instituição, gerando mais credibilidade do órgão na sociedade. O embasamento bibliográfico será retirado de artigos e monografias como o de Josias Fernandes Alves, que aborda a Polícia Federal nas Mídias; Carla Montuori Fernandes e Sheila Maria Reis Ribeiro. Estudos que tratam do tema ajudando na concepção e compreensão do conteúdo.

3.2. A Comunicação da Polícia Federal em seu site

A criação do setor de Comunicação Social do Departamento da Polícia Federal foi fundamental para o desenvolvimento e gestão da instituição nos meios digitais. No início o órgão estatal baseava sua comunicação nas áreas de imprensa e divulgação, relações públicas, propaganda institucional e cerimonial. Contudo, com a expansão das redes sociais e a possibilidade da PF fazer contato direto com a sociedade, não demorou muito para a criação de contas nos principais meios de comunicação da internet. Facebook, Twitter, Youtube e o próprio site da Polícia Federal são os principais canais utilizados pela entidade para além de expor seu trabalho realizado, ter um feedback da população e de maneira muito prática receber denúncias de possíveis crimes. O site oficial da Polícia Federal recebeu importantes canais de comunicação e informações relevantes para a

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sociedade como as campanhas em andamento. No link “Pesquisa de Satisfação” o cidadão pode realizar sua queixa ou elogio conforme o atendimento realizado pela instituição (Figuras 2 e 3).

Figura 2 e 3: Pesquisa de satisfação no site oficial da Polícia Federal

Neste canal o local, qualidade do serviço, tipo de serviço procurado e avaliação final são alguns dos itens a serem descritos pelo cidadão. Desta forma, o site da PF ajuda a ter uma percepção melhor da qualidade do serviço que está prestando, podendo melhorá-lo nos aspectos e áreas mais citadas nesta pesquisa. Além disso, no link “acesso a

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informação” ficam disponíveis dados de interesse coletivo ajudando e facilitando a vida das pessoas que buscam informações específicas da Polícia Federal. Segue uma imagem retirada do site oficial da Polícia Federal.

Figura 4: Acesso à informação no site oficial da Polícia Federal

No site da instituição também constam as campanhas realizadas como, por exemplo, a campanha do desarmamento. Outra campanha extremamente importante e que tem origem no site da PF é a “Polícia Federal nas redes sociais”. Através deste estudo, vamos verificar que o Departamento de Comunicação Social da Polícia Federal, criou uma rede integrada, padronizada e coerente em todos os seus canais de comunicação nos meios digitais. Segue a página no site oficial da entidade que promove as redes sociais como importante canal entre instituição e sociedade.

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