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Sintaxe-1

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(1)

Morfossintaxe II – SINTAXE – 

Morfossintaxe II – SINTAXE – 

(Material elaborado pela professora Ana Lúcia Costa.)(Material elaborado pela professora Ana Lúcia Costa.)

Classe de palavras X Função sintática

Classe de palavras X Função sintática

Classe de palavras – co

Classe de palavras – conjunto que se define pela relaç

njunto que se define pela relação de substituição entre as formas ling

ão de substituição entre as formas lingüísticas;

üísticas; éé

um conjunto não

um conjunto não necessariame

necessariamente finito:

nte finito:

artigo

artigo

substantivo

substantivo

adjetivo

adjetivo

 pronome

 pronome

verbo

verbo

advérbio

advérbio

numeral

numeral

conjunção

conjunção

 preposição

 preposição

interjeição

interjeição

Função sintática – princípio organizacional da linguagem; aspecto da estrutura da

Função sintática – princípio organizacional da linguagem; aspecto da estrutura da oração; define-se

oração; define-se

através de relações de combinação entre os diversos termos da

através de relações de combinação entre os diversos termos da oração:

oração:

sujeito

sujeito

 predicado

 predicado

 predicativo

 predicativo

objeto direto

objeto direto

objeto indireto

objeto indireto

agente da passiva

agente da passiva

complemento nominal

complemento nominal

adjunto adverbial

adjunto adverbial

adjunto adnominal

adjunto adnominal

aposto

aposto

vocativo

vocativo

Uma classe pode desempenhar várias

Uma classe pode desempenhar várias funções sintáticas:

funções sintáticas:

Ex. João – classe ->

Ex. João – classe -> substantivo

substantivo

 – função -> vá

 – função -> várias:

rias:

Sujeito:

Sujeito:

João

João ama

ama Maria.

Maria.

Obj.

Obj. direto:

direto: Maria

Maria ama

ama João.

João.

Obj. indireto:

Obj. indireto: Maria devolve

Maria devolveu o livro a

u o livro a João.

João.

Adjunto adnominal: Maria devolveu o livro

Adjunto adnominal: Maria devolveu o livro de João.

de João.

Etc.

Etc.

Quadro comparativo – classe/função

Quadro comparativo – classe/função

Maria leu o livro de João

Maria leu o livro de João

C

CL

LA

ASSSSE

ESS

FFU

UN

ÇÕ

ÕE

ESS

M

Maarriia

a –

– ssuubbssttaannttiivvoo

M

Maarriia

a –

– ssuujjeeiittoo

lleeu

u –

– vveerrbboo

lleeu

u o

o lliivvrro

o dde

e JJooãão

o –

– pprreeddiiccaaddoo

o

o –

– aarrttiiggoo

lleeu

u –

– nnúúcclleeo

o ddo

o pprreeddiiccaaddoo

lliivvrro

o –

– ssuubbssttaannttiivvoo

o

o lliivvrro

o dde

e JJooãão

o –

– oobbjjeetto

o ddiirreettoo

dde

e –

– pprreeppoossiiççããoo

lliivvrro

o –

– nnúúcclleeo

o ddo

o SSN

N oobbjjeetto

o ddiirreettoo

JJooãão

o –

– ssuubbssttaannttiivvoo

““oo”

” e

e ““dde

e JJooããoo”

” –

– aaddjjuunnttoos

s aaddnnoom

miinnaaiiss

(2)

Morfossintaxe

Morfossintaxe II

II –

– SINTAXE

SINTAXE

Apostila 11

Apostila

Classe de palavras e função sintática

Classe de palavras e função sintática

Exercício. Complete o quadro:

Exercício. Complete o quadro:

De manhã, ela devolveu para a

De manhã, ela devolveu para a biblioteca muitos livros interessantes.

biblioteca muitos livros interessantes.

C

CL

LA

ASSSSE

ESS

FFU

UN

ÇÕ

ÕE

ESS

de manhã – locução adverbial

de manhã – locução adverbial

de

de

manhã

manhã

-de manhã – adjunto adverbial (tempo)

de manhã – adjunto adverbial (tempo)

ela

ela –

ela

ela

--devolveu

devolveu –

devolveu

devolveu para

para a

a biblioteca

biblioteca muitos

muitos livros

livros

interessantes

interessantes

- para –

 para –

devolveu -

devolveu

-a

a

--

ppaarra

a

a

a

bbiibblliiootteecca

a

-- biblioteca -

 biblioteca -

muitos livros interess

muitos livros interessantes -

antes

muitos

muitos

livros

livros

interessantes

interessantes

muitos

muitos

livros

livros

interessantes

interessantes

-Termos da oração

Termos da oração

I. Termos essenciais ou básicos

I. Termos essenciais ou básicos

sujeito

sujeito

 predicado

 predicado

(predicativo – em predicado nominal e

(predicativo – em predicado nominal e verbo-nominal)

verbo-nominal)

II. Termos integrantes

II. Termos integrantes

complementos verbais (objeto direto e indireto)

complementos verbais (objeto direto e indireto)

complemento nominal

complemento nominal

agente da passiva

agente da passiva

III. Termos acessórios

III. Termos acessórios

adjunto adverbial

adjunto adverbial

adjunto adnominal

adjunto adnominal

aposto

aposto

IV. Vocativo

IV. Vocativo

---I -

I - Termos essenciais ou básicos

Termos essenciais ou básicos

Sujeito – crítica ao conceito tradicional feita por Perini (

Sujeito – crítica ao conceito tradicional feita por Perini (Para uma nova gramática do português):

Para uma nova gramática do português):

“o ser de quem se diz algo” (Rocha Lima, 1997, p. 234)

“o ser de quem se diz algo” (Rocha Lima, 1997, p. 234)

“termo sobre o qual

“termo sobre o qual se faz alguma declaração” (Cunha, 1985, p.137)

se faz alguma declaração” (Cunha, 1985, p.137)

Contra-exemplo: “Esse bolo eu não vou comer.”

Contra-exemplo: “Esse bolo eu não vou comer.”

Outra definição comum: “sujeito é quem

Outra definição comum: “sujeito é quem pratica a ação”

pratica a ação”

Tentativa de definição de Perini (1995, p. 17): “Sujeito é o termo com o

Tentativa de definição de Perini (1995, p. 17): “Sujeito é o termo com o qual o verbo concorda.”

qual o verbo concorda.”

Predicado

Predicado

Conceito tradicional de predicado: “aquilo que se diz

(3)

1- Tipos de sujeito

a) Simples – apresenta um só núcleo. Ex. Maria chegou ontem. / Nós chegamos ontem.

 b) Composto – apresenta mais de um núcleo. Ex. Os políticos e o povo têm interesses diferentes.

c) Oculto (ou elíptico) – determinado através das desinências verbais e/ou do contexto anterior. Ex.

Estudo em Realengo.

Maria chegou ontem. [] Estava viajando.

d) Indeterminado – tradicionalmente, são previstas duas estratégias de indeterminação do sujeito:

d-1)- usar o verbo na 3

a

pessoa do plural: Roubaram minha carteira.

d-2)- usar o verbo na 3

a

pessoa do singular com a partícula SE (índice de indeterminação do sujeito);

nestes casos, o verbo é intransitivo ou possui complemento preposicional.

Vive-se bem na Suíça. (v. intransitivo)

Precisa-se de motoristas. (v. com complemento preposicional (ou preposicionado))

e) Oração sem sujeito

e-1)- fenômenos da natureza. Ex. Venta muito. / Choveu ontem./ Faz frio hoje.

e-2)- verbo HAVER no sentido de existir. Ex. Há muitas pessoas na sala.

- Obs. 1: Havia muitas pessoas na sala. / Devia haver muitas pessoas./ Podia haver muitas pessoas.

- Obs. 2: No registro coloquial se usa TER no lugar de HAVER: Tinha muitas pessoas ali.

e-3)- verbos FAZER, IR e HAVER no sentido de tempo decorrido:

Faz três dias ele partiu. / Há três dias ele partiu. / Vai para três dias que ele partiu.

e-4)- BASTAR DE e CHEGAR DE. Ex. Basta de calúnias. / Chega de calúnias.

e-5)- SER indicando tempo ou distância:

São duas horas. / Seriam talvez léguas.

(Há autores que discordam desta última classificação, como Macedo (1991; apud Henriques, 2003,

 p.19), que consideraria ‘duas horas’ e ‘léguas’ como sujeitos.)

---DIVERGÊNCIAS:

Há polêmica sobre o SE (índice de indeterminação de sujeito) e SE (pronome apassivador – formador de voz  passiva sintética ou pronominal):

VISÃO TRADICIONAL:

Precisa-se de novos funcionários. SE = índice de indeterminação do sujeito

O verbo possui complemento preposicionado Vive-se bem no Rio. SE = índice de indeterminação do sujeito

O verbo é intransitivo (não possui complemento) Porém:

Vendem-se livros. SE = pronome apassivador  O verbo é transitivo direto.

A oração seria, então, um exemplo de voz passiva pronominal, equivalente a “Os livros são vendidos”. Por isso, o verbo fica no plural (livros = sujeito).

VISÃO DIVERGENTE – Para alguns autores (como Manuel Said Ali e Antenor Nascentes) não existiria voz passiva pronominal, todos os casos acima seriam exemplos de estratégias de indeterminação do sujeito. Alguns argumentos são:

- Tanto quem diz ‘vendem-se casas’ como ‘precisa-se de trabalhadores’ têm a mesma intenção, qual seja, omitir  o sujeito.

- As pessoas dificilmente percebem ‘vendem-se casas’ como voz passiva (casas são vendidas), por isso, costumam “errar” a concordância e dizem ‘vende-se casas’. Há casos em que a transformação da voz passiva analítica em sintética daria resultados estranhos. Ex. De que são feitos esses doces? = De que se fazem esses doces? (?) / Animais mortos foram trazidos com a enchente = Animais mortos se trouxeram com a enchente. (?) - Há casos em que o uso da passiva sintética no lugar da analítica causa ambigüidade. Ex. Demitiram-se muitos funcionários da Ford.

(4)

Apostila 2

Exercício:

A) Identifique e classifique os sujeitos:

1) Na sala havia dez alunos. ___________________________________________________________ 

2) Não existiam argumentos para a defesa do réu. _________________________________________ 

3) Os alunos foram ao passeio da escola com a professora. __________________________________ 

4) Nós e a professora fomos ao passeio da escola. _________________________________________ 

5) Esse café fraco eu não sei fazer. _____________________________________________________ 

6) Quebraram a vidraça. _____________________________________________________________ 

7) Sandra esperava um sim e recebeu um não. _____________________; _____________________ 

8) Alugam-se apartamentos. __________________________________________________________ 

B) Pense em estratégias de indeterminação do sujeito que não estão previstas pela descrição

tradicional, mas que estão presentes no registro informal do português brasileiro.

====================================================

I - Termos essenciais ou básicos

(continuação)

2- Predicado (verbal, nominal, verbo-nominal; predicativo do sujeito/ do objeto) Tipos de predicado e de predicativo

2.1- Tipos de predicado 2.1.1- Predicado verbal

Seu núcleo é um verbo ou uma locução verbal. Eu fiz os exercícios.

Eu tinha feito os exercícios. Ela vai trabalhar amanhã.

Obs. Mais adiante veremos os tipos de predicação verbal (verbos transitivos e intransitivos). 2.1.2- Predicado nominal

Seu núcleo é o predicativo, que pode ser constituído por um nome (substantivo, adjetivo ou locução adjetiva) ou um pronome. O predicativo se relaciona com o sujeito através de um verbo de ligação.

O mistério é o encanto da vida. [substantivo] O mistério é sempre encantador. [adjetivo] O anel é de ouro. [locução adjetiva]

Esta esmeralda é de verdade. [locução adjetiva] O aluno é você. [pronome]

2.1.3- Predicado verbo-nominal

Predicado misto, ou seja, possui dois núcleos: verbo e predicativo. Ela chegava sempre atrasada.

Ele entrou risonho na sala.

A ignorância torna os homens preconceituosos.

2.2- Tipos de predicativo: predicativo do sujeito e predicativo do objeto

- Do sujeito: o predicativo se refere ao sujeito da oração:

 No predicado nominal:

 Nossa vida tornou-se impossível. Ela parecia espantada.

 No predicado verbo-nominal:

Ela chegava sempre atrasada. Ele entrou risonho.

(5)

- Do objeto: o predicativo se refere ao objeto e só aparece em predicado verbo-nominal: A ignorância torna os homens preconceituosos.

Um fraco rei faz fraca a forte gente. (Os lusíadas) Levo minha consciência tranqüila.

Obs. Predicativo precedido de preposição:

Ele era tido por sábio. [predicado verbo-nominal; predicativo do sujeito]

Acusavam de injusta a medida. [predicado verbo-nominal; predicativo do objeto]

======================================================

Voltando ao item 2.1.1:

Tipos de predicação verbal

Como foi dito, o núcleo do predicado verbal é um verbo, que pode ser: - Intransitivo (sozinho é suficiente para representar a noção do predicado):

 Neva./ O soldado morreu./ Todos fugiram.

- Transitivo (requer a presença de um ou mais termos que lhe completem a compreensão): Jorge comprou um carro novo./ O motorista pediu uma informação ao guarda. Obs. A análise da transitividade verbal é feita dentro da frase.

Comi bife hoje. (VTD) / Hoje ainda não comi. (VI)

Ela anda muito pensativa. (VL - predicado nominal) / Ela anda vagarosamente. (VI)

Os noivos viviam bem. (VI) / Nós vivemos uma vida difícil. (VTD – objeto direto interno)

==================================================

Exercícios

1) Preencha as células vazias da tabela com SIM ou NÃO.

Possui verbo de ligação? Possui predicativo? Predicado nominal

Predicado verbal

Predicado verbo-nominal

2) Classifique os predicados usando as convenções PV, PN, PVN. Em seguida, classifique os predicativos quando houver.

a) O vento virou a canoa.  b) O tronco virou canoa.

c) José chegou do trabalho.

d) José chegou do trabalho cansado. e) Achei a sala vazia. [Achei = Encontrei] f) Achei vazia a sala.

g) Pedro permaneceu calado. h) Pedro permaneceu em casa. i) João e a esposa vivem em Paris.  j) João e a esposa vivem contentes.

l) O secretário chegou a ministro. m) O juiz declarou o réu culpado. n) Eu estava feliz.

o) Eu estava na praça.

(6)

II - Termos integrantes (complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva) 1- COMPLEMENTOS VERBAIS

1.1- OBJETO DIRETO

Complemento que normalmente vem ligado ao verbo sem preposição. Ele amava a vida. [substantivo]

Ele a adorava. [pronome]  Não encontrei nada. [pronome]

Ele disse um não. [palavra substantivada] Ele ama o viver. [palavra substantivada] 1.1.1- Objeto direto preposicionado

=> Em alguns casos, usa-se facultativamente uma preposição antes do objeto direto: - Com os pronomes ‘ninguém’, ‘alguém’, ‘todos’, ‘outro(s)’:

A atriz encanta todos/ ... a todos  Não excluí ninguém/ ... a ninguém - Com pronomes de tratamento:

Vi Vossa Excelência ontem/ Vi a Vossa Excelência ontem. - Com os conectivos comparativos ‘como’ e ‘que’:

Beneficiou mais sua família que o povo./ ... que ao povo

Obs. Para que seja evitada ambigüidade em algumas construções, o uso da preposição se torna obrigatório: ‘Respeitou-a como uma mãe’ = 1- Como uma mãe respeitaria 2- Como se respeita uma mãe. O uso da  preposição garante a segunda interpretação: ‘Respeitou-a como a uma mãe’.

- Com valor partitivo da preposição:

Comeu o bolo/ do bolo e bebeu o leite/ do leite. - Quando o objeto direto está topicalizado

O povo ninguém engana – pouco... Ao povo

Os políticos, todos os odeiam. [os = objeto direto pleonástico] Aos políticos

Obs. Se a topicalização causar ambigüidade (entre ‘sujeito’ e ‘objeto direto’), a preposição se torna obrigatória: ‘Ao Guarani venceu recentemente a Ponte Preta’.

- Como complemento de verbo que exprime sentimento (Cunha, 1985, p. 152): Eu amo meus pais/ ... a meus pais.

=> Uso obrigatório da preposição - Com pronomes pessoais tônicos:

Ele não convidou o vizinho, convidou a mim. - Com o pronome QUEM em orações adjetivas:

Vi ontem o amigo [a quem eu admirava] = [que eu admirava] obj. dir.

- Com o nome próprio ‘Deus’:

(7)

- Na coordenação entre um pronome átono e um substantivo: Eu a esperei e a seu irmão também.

1.1.2- Objeto direto interno

Verbos que seriam, normalmente, intransitivos podem ter complemento com mesmo radical, contanto que haja um determinante (adjunto):

Morreu uma morte gloriosa. Sonhei um sonho bom.

Viver uma vida de aventuras.

Além de palavra de mesmo radical, o objeto direto interno pode ser uma palavra da mesma família ideológica do verbo (mesmo campo semântico):

Dormir um sono tranqüilo – Chorar lágrimas de crocodilo 1.1.3- Objeto direto pleonástico

Pode-se usar a repetição do objeto direto com fins de ênfase. A mim, ele não me encontrou.

Os políticos, todos os odeiam. 1.2- OBJETO INDIRETO

Complemento que se liga ao verbo por meio de preposição. Emprestei o livro à aluna.

A todos ele dirigiu palavras duras.

As urnas vão mostrar para os políticos a verdade. Falou aos convidados ontem.

O objeto indireto, em geral, pode ser representado pelo pronome LHE(S): Emprestei-lhe o livro.

Ele lhes dirigiu palavras duras. As urnas vão lhes mostrar a verdade. Falou-lhes ontem.

 Nos exemplos abaixo, não é possível a substituição por LHE(S): Concordar com João. [com ele]

Gostar de doces. [deles] Precisar de conselhos.[deles] Reparar nos outros. [neles] Pensar nos problemas. [neles] Consentir no assunto. [nele, nisso]

Devido à não-correspondência destes últimos exemplos a LHE(S), Rocha Lima cria uma categoria nova de complementos, qual seja, a dos COMPLEMENTOS RELATIVOS.

1.2.1- Objeto indireto de interesse (Henriques, 2003, p.49; Kury, 1987, p. 48) Enfatiza a pessoa interessada na ação expressa pelo verbo:

 Não me toque nas porcelanas!

 Não me estraguem essas plantas, meninos. 1.2.2- Objeto indireto pleonástico

Tal como acontece com o objeto direto, também podemos usar a repetição do objeto indireto com fins de ênfase, de expressividade.

(8)

1.3- COMPLEMENTO ADVERBIAL (Kury) ou CIRCUNSTANCIAL (Lima) (Ou ‘adjunto adverbial necessário’ nas palavras de Cunha, 1985, p. 517)

Certos verbos, classificados tradicionalmente como intransitivos, possuem certa transitividade, pois o sentido do predicado não se completa no próprio verbo:

Voltei da viagem. Ela foi à feira. Está à janela. Estive no nordeste. Ele mora em Paquetá. Venho de casa.

Fico em casa nas férias.

2. AGENTE DA PASSIVA (Na opinião de Kury (p.50), também é um complemento verbal) Expressa o ser que exerce a ação na voz passiva. O termo pode iniciar com POR ou DE:

A lua foi conquistada pelo homem. O chefe é estimado de todos.

3. COMPLEMENTO NOMINAL

Completa o sentido de nomes transitivos: substantivos, adjetivos e advérbios. Minha crença em você é fraca. [complemento de um substantivo] Tenho certeza do seu sucesso. [complemento de um substantivo] Estou certo do céu sucesso. [complemento de um adjetivo] O cigarro é nocivo à saúde. [complemento de um adjetivo]

Relativamente a este assunto, não tenho comentários. [complemento de um advérbio]

Em geral, o complemento nominal faz parte da regência de um nome ligado a um verbo (no radical ou na semântica):

Creio em você  Minha crença em você obj. ind.

Vender mercadorias  A venda de mercadorias obj. dir.

Entregamos ao revendedor   A entrega ao revendedor  obj. ind.

Estive no Nordeste  Minha estada no Nordeste compl. circunstancial

O cigarro prejudica a saúde  O cigarro é prejudicial à saúde obj. dir.

O cigarro é nocivo à saúde.

(‘ser nocivo’ relaciona-se semanticamente a ‘prejudicar’) COMPLEMENTO NOMINAL e ADJUNTO ADNOMINAL

 Nos casos em que o complemento nominal começa com DE, podemos ter dificuldades na diferenciação entre ‘complemento’ e ‘adjunto’. Mas há algumas dicas:

- Se o termo se refere a um ADJETIVO ou ADVÉRBIO será sempre COMPLEMENTO NOMINAL: Útil ao ser humano - Nocivo à saúde - Referentemente a este exemplo

- Se o termo possui um sentido de objeto/complemento (passividade), é um COMPLEMENTO NOMINAL; se  possui um sentido de sujeito (agente), é um ADJUNTO ADNOMINAL:

Amor de mãe = A mãe ama [sujeito] = adjunto adnominal

(9)

A ida da menina à festa nos irritou. - da menina = a menina foi = sujeito = adjunto adnominal - à festa = alguém foi à festa = complemento = C. nominal Um caso de ambigüidade:

A lembrança de meu pai me alegrou.

1a leitura = meu pai se lembrou de algo = meu pai – sujeito = logo, ‘de meu pai’= _______________________ 

2a leitura = eu me lembrei de meu pai = de meu pai – objeto indireto = logo, ‘de meu pai’ =________________ 

======================================================================= Exercícios:

I) Classifique os termos sublinhados através das convenções abaixo: a- objeto direto (não-preposicionado)

 b- objeto direto preposicionado c- objeto indireto

d- agente da passiva

e- complemento circunstancial

1- ( ) Maria é admirada por todos os colegas. 2- ( ) A criança dormiu um sono agitado. 3- ( ) A quem você procura?

4- ( ) A mim não me dirigiram palavras educadas. 5- ( ) Vou à faculdade todos os dias.

6- ( ) Nem ele entende a nós, nem nós a ele. 7- ( ) O pai ensina francês ao filho.

8- ( ) O pai ensina francês ao filho.

9- ( ) O amor de Jesus às criancinhas é conhecido de todos. 10- ( ) O resultado da prova o professor comunicou à turma.

II) Marque CN para complemento nominal ou AA para adjunto adnominal: 1- Tenho necessidade da tua ajuda. _______ 

2- João é juiz de direito; o primeiro julgamento de João será amanhã. ______  3- Pedro é réu; o julgamento de Pedro será amanhã. _____________ 

4- O congresso decidiu favoravelmente aos interesses do povo. _____  5- O congresso decidiu favoravelmente aos interesses do povo. ______  6- A chegada da primavera traz alegria._____ 

7- O amor de Jesus às criancinhas é conhecido de todos. _____  8- O amor de Jesus às criancinhas é conhecido de todos. _____  9- Estou certo da sua vitória. ______ 

(10)

Apostila 3

III- Termos acessórios (adjunto adnominal; adjunto adverbial; aposto)

1- ADJUNTO ADNOMINAL

Os adjuntos adnominais são termos que funcionam como determinantes/ modificadores de um

núcleo nominal; as classes de palavras dos adjuntos podem ser várias:

a- Adjetivo – Jóia verdadeira

 b- Locução adjetiva – Jóia de verdade; Cavalo sem raça;

c- Artigo – O cavalo; Um cavalo

d- Pronome adjetivo – Essa jóia; Meu destino; Qualquer coisa; Que profissão você quer ter?

e- Numeral adjetivo – Dois irmãos; Terceiro lugar.

Obs. No período composto, uma oração pode funcionar como adjunto adnominal – a oração adjetiva:

Ela tem olhos que seduzem.

2- ADJUNTO ADVERBIAL

Os adjuntos adverbiais funcionam como determinantes/modificadores de verbos, de adjetivos,

de um outro advérbio ou da oração inteira.

- Modificador de verbo: Os meninos brincam muito.

- Modificador de adjetivo: Houve trabalhos bem elaborados.

- Modificador de outro advérbio: Ficamos muito bem acomodados.

- Modificador da oração inteira: Possivelmente, vamos trabalhar no sábado./ Infelizmente, esta é uma

semana sem feriados.

Quanto à classe de palavras, os adjuntos adverbiais podem ser advérbios ou locuções

adverbiais:

- Advérbio – (ver exemplos anteriores)

- Locução adverbial – Partiremos de madrugada./ Lerei seu romance na próxima semana.

Classificação:

Os estudiosos concordam com o fato de que não se pode chegar a uma lista precisa dos tipos de

adjuntos adverbiais, pois, apesar de o termo se referir a uma análise sintática, a classificação tem

natureza semântica.

A tentativa de classificação abaixo se encontra em Kury (1987, p.56-57):

- Acréscimo: Além da medalha, ganhou vários prêmios.

- Assunto: Falavam sobre gramática; Falavam de gramática; Informava-o a respeito de tudo;

Informava-o acerca de tudo.

- Causa: Não saí por precaução; Consumia-se de tédio; Em virtude de seus esforços, progrediu; Graças

a seus esforços, progrediu; Morreu de sede; O sertanejo ficou arruinado com a seca.

- Companhia: Os alunos foram à feira de ciências com a professora; Sairei contigo.

- Comparação: Escreve como um inspirado.

(11)

- Concessão: Apesar de seus esforços (Não obstante seus esforços, A despeito de seus esforços), não

conseguia progredir.

- Condição: Sem estudo, não vou tirar boa nota.

- Conformidade: Agiremos conforme o combinado; Agiremos segundo o costume.

- Direção: Apontou para o alto.

- Dúvida: Talvez ele venha.

- Favorecimento / interesse: Ele faria sacrifícios por sua amada; O soldado morreu em prol da pátria.

- Finalidade: Vive para o trabalho; Pararam todos à escuta.

- Instrumento: Pintou o quadro com guache. Quebrou a mesa com a marreta; Escreveu a carta a lápis.

- Intensidade: Ela dorme muito (bastante, à beça).

- Lugar/ limite: A estrada vai até Belém.

- Lugar/ onde: Estudo em Realengo.

- Lugar /direção: Embarcou para a Europa; Virou à direita.

- Lugar / passagem: Voltaremos pelo túnel; Alcançaremos o rio através da selva.

- Matéria: O telhado foi construído de zinco; A cadeira foi feita de madeira.

- Meio: Voltarei de avião; Ganharam as eleições mediante fraude.

- Modo/ intenção: O barco vagava à mercê do vento; Estejam à vontade; Fiquei de pé; Saiu de

mansinho; Fez tudo de propósito; Escolhi-os a dedo.

- Oposição (Rocha Lima): Remava contra a maré. Bater-se com o adversário.

- Preço: Comprei as passagens por mil reais; Cobrava cada fruta a cinqüenta centavos.

- Substituição / troca: Em lugar de Raquel, ele recebeu Lia; Deu um automóvel por (em troca de) um

terreno.

- Tempo / freqüência/ concomitância/ prazo: Estudei esta matéria ontem; Apareço lá com regularidade

(freqüentemente); Durante as férias, li três romances; Volte logo; Vou trabalhar das nove

horas ao meio-dia.

Como foi visto anteriormente, os exemplos seguintes podem ser classificados como adjuntos

adverbiais ou complementos circunstanciais (adverbiais), dependendo do autor:

- Lugar /donde (origem)- Voltei da viagem; Venho de casa.

- Lugar /onde - Está à janela; Estive no nordeste; Ele mora em Paquetá.

- Lugar /aonde (direção) - Ela foi à feira.

(12)

3- APOSTO

Termo que explica, desenvolve ou resume outro termo de valor substantivo. Conforme seu

valor na oração, classifica-se em:

a- Explicativo:

Sete anos de pastor/ Jacó servia Labão, / pai de Raquel, / serrana bela . (Camões)

Eu, o juiz, declaro aberta a sessão.

 b- Enumerativo:

Várias línguas – francês, italiano, alemão e rético – se falam na Suíça.

O império romano possuía numerosas províncias: Hispânia, Gália, Itália, Dácia, etc.

c- Resumidor (expresso por pronomes indefinidos):

As cidades, os campos, os vales, os montes, tudo era mar.

Os colegas de trabalho, os velhos amigos de infância e até os parentes mais chegados, ninguém

lhe trouxe uma palavra de conforto.

d- Aposto de especificação / denominação:

Usado sem vírgula para individualizar um ser dentro de seu gênero:

O rio Nilo

O romance Dom Casmurro

A lagoa Rodrigo de Freitas

O poeta Drummond

O maestro Carlos Gomes

 Na maioria das situações é um nome próprio, mas nem sempre:

Ontem eu vi a Maria professora. [Onde trabalho existem várias mulheres com esse nome]

O aposto de denominação pode ser usado com a preposição ‘de’:

A cidade de Londres

O mês de março

A serra da Mantiqueira

O bairro de Copacabana

e- Aposto de oração

Refere-se ao sentido global da oração;

Suas palavras foram muito injustas, fato que me desgostou profundamente.

IV - Vocativo

 Não é considerado um termo da oração, mas do discurso, porque não se relaciona com outro

termo estrutural, mas com um aspecto extratextual, o interlocutor (destinatário).

Ó Mar  , estás muito lindo! (Lúcio de Mendonça)

 Meninos, eu vi! (G. Dias)

=====================================================================

Exercícios

1) Indique os adjuntos adnominais e adverbiais da oração: “Vi meu bom amigo de infância ontem.”

(13)

a) Ele abriu a porta graças a esta chave.

 b) Ele abriu a porta com a chave.

c) Sem a chave, ele não vai abrir a porta.

3) Decida se o adjunto sublinhado é adverbial ou adnominal:

a) Comprei cadeiras de madeira.

 b) As mesas do jardim foram feitas de alumínio.

c) Aquele quadro a óleo é muito valioso.

d) Pintou a óleo.

e) A exposição mostrou muitos quadros abstratos.

f) Marta come bastante.

g) Marta come bastantes doces.

4) Diferencie o adjunto adverbial do objeto direto nas frases:

a) O artista desenhou a mão no papel.

 b) O artista desenhou à mão no papel.

5) Leia o texto e responda:

Gisele Bündchen fotografou durante dois dias na tribo Kisêdjê, no Xingu, para a nova campanha da Grendene. E ela viveu a vida dos indígenas: dormiu em rede e até tomou banho de rio.

MEIA HORA, Ano 2, N. 358, p. 44 (17/setembro/ 2006)

a) Encontre 5 exemplos de adjuntos adverbiais e tente classificá-los:

1-

2-

3-

4-

5- b) Encontre 3 adjuntos adnominais preposicionados:

1-

2-

3-c) Encontre 1 aposto de especificação/ denominação:

6) Diferencie ‘aposto de especificação/ denominação’ de ‘adjunto adnominal’ nas frases abaixo:

a) A cidade de minha mãe é pequena.

(14)

Apostila 4

ESTRUTURA DO PERÍODO

1- Introdução: período composto; subordinação; coordenação

Como vimos, no período simples, a oração é classificada como absoluta. No período composto,

 pode haver orações coordenadas e/ ou subordinadas. Na análise sintática do período (assim como na

análise dos termos), não analisamos as orações, mas o relacionamento entre elas.

A diferença básica entre coordenação e subordinação é que, na relação entre duas orações, as

duas podem ser independentes sintaticamente – as coordenadas – ou uma pode reger a outra, isto é, a

 principal rege a subordinada.

Logo, na análise da relação entre orações, há três tipos de orações: coordenadas (ou

independentes), principais e subordinadas.

Exemplos:

Período simples: Aquele pugilista ganhou o título mundial por duas vezes.

Período composto/ coordenação: “Aqui estou, aqui vivo, aqui morrerei.” (M. de Assis)

Período composto/ subordinação: Ele disse [que está tudo bem]

 principal

subordinada

2- Coordenação

A coordenação estabelece ligações entre duas unidades lingüísticas de mesmo nível (ou seja,

uma unidade não está subordinada à outra). Tais unidades podem ser termos ou orações.

Exemplos de coordenação entre termos de uma oração:

João e Paula foram à festa.

O fato sociológico ou econômico me escapa.

Encontrei Maria e Joana no cinema.

COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES

A coordenação se estabelece:

A - Por justaposição (colocação lado a lado) de orações, sem conjunção, separadas na escrita por 

vírgula, ponto-e-vírgula ou dois pontos. Por não haver conjunção, são chamadas de ASSINDÉTICAS

[“assíndeto” = ausência de ligação formal, de conectivo].

“Aqui estou, aqui vivo, aqui morrerei.” (M. de Assis)

“Sacudi-a, ela foi pousar na vidraça.” – “Dei de ombros, saí do quarto” (M. de Assis)

B – Com auxílio de conjunção coordenativa. Portanto, SINDÉTICA é a classificação que se dá à

oração com conjunção:

“Não vê, não ouve, não fala e não conhece ninguém” (Garret)

Oração coordenada sindética

As orações coordenadas sindéticas são classificadas semanticamente de acordo com o sentido

da conjunção que as inicia:

B-1 – Aditivas (e, nem)

Ele chegou e foi tomar banho.

 Nas horas difíceis, os falsos amigos não telefonam nem aparecem.

Observações:

1a - Segundo Henriques (2003, p.95), se a palavra ‘nem’ aparece duas vezes, a primeira será advérbio de

negação:

 Nem telefonou, nem fez uma visita. [Nem= não]

(15)

2a – Segundo Azeredo (1999, p. 118) e José Oiticica (Teoria da Correlação. Rio de Janeiro: Organização

Simões, 1952), orações aditivas com conectivos presentes nos dois termos relacionados são chamadas de orações CORRELATIVAS (para Azeredo, “coordenação correlativa”): não só... mas também; não só... como também; não apenas... mas ainda, etc.

“Não somente Marilda socorreu a pobre família, mas também adotou as duas órfãs.” (Exemplo de Oiticica, p.20)

B-2 – Adversativas (mas, porém, etc.)

A noção básica da adversativa é a de quebra de expectativa:

O time da casa jogou bem, mas o seu adversário fez uma atuação surpreendente.

Fui a um cinema sofisticado; todavia, a platéia se comportou mal.

B-3 – Alternativas (ou)

Expressam idéias que se excluem:

 Nossa vista está embaçada ou isso é neblina?

Ora trabalho, ora descanso. (Para Azeredo, coordenadas correlativas.)

B-4 – Conclusivas (logo, etc.)

São da “família” do ‘logo’: ‘portanto’, ‘então’, ‘assim’, ‘por isso’, ‘por conseguinte’, ‘de modo

que’, ‘em vista disso’, etc.

A segunda oração coordenada carrega a conjunção e exprime conclusão ou conseqüência lógica

em relação ao conteúdo da primeira:

Teu amigo está doente e sem recursos; portanto deves auxiliá-lo.

O dia está lindo, por isso, as praias estão cheias.

Observação: O conectivo POIS ‘somente se for usado após o verbo’ é sinônimo de “por isso” e “portanto”, ou seja, expressa conclusão somente nesta posição: Está chovendo; leve, pois, um guarda-chuva.

B-5 – Explicativas (porque, pois, que)

A oração coordenada explicativa esclarece o motivo de se ter feito a declaração anterior,

oferece uma justificativa.

 Não zombe dele,

porque

(

pois

) está apaixonado .

Acho que devemos acelerar,

que

o caminho é longo .

---ATENÇÃO

Oração coordenada explicativa x Oração subordinada adverbial causal

As duas podem ser iniciadas por PORQUE (ou ‘pois’)

Como diferenciá-las?

Porque EXPLICATIVO = introduz uma justificativa/explicação para uma opinião, suposição, ordem

ou pedido:

 Não zombe dele, pois está apaixonado. [Justificativa de um pedido]

Acho que devemos acelerar, que o caminho é longo. [Justificativa de uma opinião]

Deve ter chovido, porque o chão está molhado. [Justificativa de uma opinião ou suposição]

Porque CAUSAL = introduz um fato que serve como causa (a oração com a qual combina expressa a

conseqüência). A combinação de orações expressa, portanto, a relação lógica entre CAUSA e

CONSEQÜÊNCIA.

O chão está molhado porque choveu.

conseqüência

causa

Cheguei atrasado ao trabalho porque dormi demais.

(16)

Exercícios

1) Classifique todas as orações:

a) A fuga dos presidiários foi cinematográfica, mas todos foram capturados.

 b) Alguém estava preso no elevador e gritava por socorro.

c) Alguém estava preso no elevador, pois ouvi gritos de socorro.

d) Qualquer dia desses, Dona Joana despede a empregada ou lhe dá uma bronca.

e) A festinha estava animada; meus filhos chegaram, portanto, felizes em casa.

2) Classifique as orações sublinhadas como causais ou explicativas:

a) “Fala-lhe tu, que eu não quero que ele me conheça” (Camilo C. Branco)

 b) O carro tem algum problema, pois está soltando muita fumaça.

c) O carro está soltando muita fumaça, pois tem algum problema.

d) O nosso avô está perdendo a memória, porque conta o mesmo caso todo dia.

3) Que valor a conjunção “e” apresenta no contexto abaixo?

O candidato prometeu muito e não cumpriu nada.

(17)

Apostila 5

3- Subordinação

As orações subordinadas funcionam como um termo de outra oração:

Exemplos:

A) Sujeito

A sua volta é importante. sujeito

Que você volte é importante. or. subordinada subjetiva

B) Objeto direto

Aguardo seu regresso. obj. direto Aguardo que você regresse.

or. subordinada objetiva direta

C) Adjunto adverbial

À saída do cinema, Pedro encontrou Paula. adjunto adverbial

Quando saía do cinema, Pedro encontrou Paula. or. subordinada adverbial

CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS

Podem ser SUBSTANTIVAS, ADJETIVAS e ADVERBIAIS:

1- Subordinadas SUBSTANTIVAS

Orações que desempenham, no período composto, as mesmas funções sintáticas

desempenhadas pelos substantivos no período simples:

1.a – SUBJETIVAS (função de sujeito)

É necessário que você estude.É necessário o seu estudo. [É necessário isto.] sujeito

Geralmente são usadas com verbos em terceira pessoa seguidos de ‘que’ ou ‘se’:

Convém que não faltemos à reunião. Convém isto.

Parecia que era longe o lugar.Parecia isto.

Sucedeu que todos se retiraram ao mesmo tempo.Sucedeu isto. Está claro que ninguém acredita nessa história.Está claro isto. É importante que você volte.É importante isto.

 Não é sabido se haverá aula amanhã.Não é sabido isto. Quem espera alcança.Ele alcança.

Obs. Numa interpretação que admite o uso do ‘se’ “formador de voz passiva” junto a verbos

transitivos diretos, também há orações subjetivas nesta estrutura. Compare:

Isto é sabido. = Voz passiva desenvolvida (com verbo ser+particípio passado) [Isto = sujeito] Sabe-se isto. = Voz passiva sintética (com ‘se’) [Isto = sujeito]

Sabe-se que ele virá. = Que ele virá é sabido. [Que ele virá = sujeito]

1.b – OBJETIVAS DIRETAS

(18)

 Não sei se devo ir à festa.Não sei isto. Queremos que ele venha.Queremos isto. Eu perguntei onde ele nasceu.Perguntei isto. Ele me disse de quem era filho.Ele me disse isto.  Não vi quem quebrou a janela.Não vi a pessoa.

1.c – OBJETIVAS INDIRETAS

O aluno lembrou-se de que o professor chegaria mais tarde.O aluno lembrou-se de algo/disto. Obedece a quantos te são superiores.Obedece a estas pessoas.

O narcisista gosta de se olhar no espelho.Ele gosta disto.

1.d – COMPLETIVAS NOMINAIS

Eu estou certo de que a carta será encontrada.Eu estou certo disto. Eu tenho certeza de que ela será encontrada.Eu tenho certeza disto. Temos necessidade de que tudo corra bem.Temos necessidade disto.

1.e – PREDICATIVAS

O correto é que todos cheguem cedo.O correto é isto. A conclusão foi que ela tinha razão. A conclusão foi esta.

1.f – APOSITIVAS (função de aposto)

Uma coisa me assombrava: que eles tivessem mentido. Uma coisa me assombrava: terem eles mentido.

Ela me disse isto: não me aborreça.

Ela me disse isto: que eu não a aborrecesse.

Um temor o perseguia: que a velhice lhe enfraquecesse.

1.g – AGENTES DA PASSIVA

O grupo de monitores era formado por quem soubesse os conteúdos. Este trabalho foi feito por quem entende.

Ele é estimado por quantos o conhecem.

2- Subordinadas ADJETIVAS

Exercem a função sintática de adjunto adnominal e vêm normalmente introduzidas pelos

 pronomes relativos ‘que’ ou ‘onde’:

Ela tem olhos que seduzem.Ela tem olhos sedutores.

adjunto adnominal

Vêm junto de um substantivo, como no exemplo acima (olhos “que seduzem”), ou de um

 pronome substantivo:

Aquele que disser algo será responsabilizado pelas suas palavras. [Aquele = pronome demonstrativo substantivo, “aquela pessoa”] “Bendito o que semeia livros.” (Castro Alves)

[O = pronome demonstrativo substantivo, “aquela pessoa”] Esta moça não é a que você encontrou na praia?

[A = pronome demonstrativo substantivo, “aquela moça”]

Outros exemplos de adjetivas:

(19)

O pássaro fugiu do ninho em que [onde] nasceu. Ela trouxe o livro de que eu falei ontem.

Esta é a razão por que [pela qual] eu me atrasei hoje. A maneira pela qual [como] o receberam foi ótima. Ela era uma mulher cujos olhos faiscavam.

As subordinadas adjetivas podem ser RESTRITIVAS ou EXPLICATIVAS:

Henriques (2003, p.113) mostra como o uso da vírgula pode diferenciar as restritivas das

explicativas:

(a) Adoro os filmes de Hitchcock, que revejo sempre.[Adjetiva explicativa]

(b) Adoro os filmes de Hitchcock que revejo sempre. [Adjetiva restritiva]

O autor da frase (a) adora todos os filmes de Hitchcock e sempre os revê.

O autor da frase (b) adora somente os filmes que costuma rever. Aqui, a oração é restritiva, ou

seja, restringe, limita o termo que está sendo adjetivado (‘os filmes de Hitchcock’).

3- Subordinadas ADVERBIAIS

Exercem a função sintática de adjunto adverbial de outra oração.

Classificação:

3.a – CAUSAIS (porque, pois, como)

Como já foi visto, a oração subordinada adverbial causal se diferencia da coordenada

explicativa. A primeira está relacionada a uma relação lógica e factual de causa e conseqüência: a

oração principal relata a conseqüência e a subordinada causal, como o próprio nome sugere, apresenta

a causa:

Cheguei atrasado ao trabalho porque dormi demais.

conseqüência causa

Como dormi demais, cheguei atrasado ao trabalho. causa

Todos ficaram em casa, pois estava chovendo.

Todos ficaram em casa, já que (uma vez que) estava chovendo.

3.b – COMPARATIVAS

Seus olhos brilham como as estrelas [brilham]. (igualdade)

Os brasileiros festejam mais (do) que os europeus [festejam]. (superioridade)  Nosso time ganha mais (do) que perde. (superioridade)

Seus irmãos viajam tanto quanto eu troco de camisa. (igualdade)

Obs. Oiticica (1952, p. 34-36) defende que algumas estruturas comparativas tradicionalmente chamadas de subordinadas são, na verdade, correlativas, pois uma não está subordinada à outra principal e, por outro lado, também não há coordenação, pois as orações não são independentes:

 Dois termos são indispensáveis ainda, aqui: primeiro o avérbio de intensidade ‘mais’; depois a conjunção ‘que’, freqüentemente acrescida de ‘do’ (‘do que’)...

Alguns exemplos do autor são:

César lê mais, que escreve.

César escreve mais depressa do que Hélio lê. Alberto é mais vivo que Donato [é vivo].

(20)

3.c – CONCESSIVAS (embora, apesar de)

Apresentam uma idéia que é suplantada pela idéia contida na oração principal.

Embora seja verdadeira, há elementos estranhos nessa história.

“Nem que venham agora contra mim o sol e a lua, não recuarei das minhas idéias.” (M. de Assis) Ele não progrediria na vida, ainda que se esforçasse muito.

Apesar de que se esforçou muito, ele não progrediu na vida.

Sem que seja estudante excelente, Maria conquistou o respeito dos mestres.

3.d – CONDICIONAIS (se, caso)

Apresentam uma circunstância da qual depende a realização do fato contido na oração

 principal:

Se eu tiver dinheiro, vou comprar um carro novo.

condição fato a realizar-se or. subordinada or. principal Se eu tivesse oportunidade, conheceria o mundo inteiro. Se acontecer algum problema, entre em contato comigo. Caso aconteça algum problema, entre em contato comigo

.

3.e – CONFORMATIVAS (conforme)

Conforme nós havíamos combinado, amanhã haverá uma palestra sobre cinema. Como todos já sabem, não teremos aula na semana do carnaval.

Segundo disse Buda, tudo é dor./ Como disse Buda, tudo é dor.

3.f – CONSECUTIVAS (que)

Expressam conseqüência:

A modelo era tão bonita, que encantava a todos.

“Outrora o passado surgia com tanto vigor na vida desse homem, que anulava o presente.” (José de Alencar)

OBS. Como existe uma ligação semântica e sintática muito forte entre a conjunção ‘que’ da oração que

expressa conseqüência e a palavra de intensidade (‘tão’, ‘tanto’) da oração anterior, que expressa a

causa, José Oiticica (1952, p. 40-52) classifica a relação entre as duas orações de ‘orações correlatas

consecutivas’:

“Tanto o animei, que ele publicou o trabalho” (p. 40) “Ele falou tão bem, que a todos comoveu.” (p. 43) “Seu susto foi tal, que ela desmaiou.” (p. 43)

“As coisas chegaram a tal ponto, que desistimos.” (p. 49)

3.g – FINAIS (para que; a fim de que)

Expressam finalidade:

Ele simulou doença para que o deixassem sair.

Ela trabalha muito, a fim de que não falte à família.

3.h - PROPORCIONAIS

A idéia de proporção pode ser expressa pelas locuções conjuntivas “à medida que” e “à

 proporção que”:

A inundação aumentava à medida que subiam as águas do rio. Ganhamos experiência à proporção que envelhecemos.

Segundo Rocha Lima (p.283), também podem ser usadas as seguintes expressões

correlativas:

(21)

quanto menos... (tanto) menos; quanto mais... (tanto) menos; quanto menos... (tanto) mais; quanto maior... (tanto) maior; quanto melhor... (tanto) pior; quanto maior... (tanto) menor, etc.

Exemplos:

Quanto mais eu trabalho, menos eu ganho. Quanto maior é a altura, maior o tombo.

Quanto mais eu rezo, mais asombração me aparece.

3.i – TEMPORAIS (quando)

Expressa evento anterior, simultâneo ou posterior a outro evento expresso na oração principal:

Quando a visita chegar, jantaremos. (Anterior)

Assim que o professor chegou, os alunos se levantaram. (Imediatamente anterior) Quando a visita chegou, estávamos jantando. (Simultâneo)

Enquanto conversávamos, escutávamos música. (Simultâneo)

OBS. “Depois que” introduz o evento anterior e “Antes que” o evento posterior:

Depois que a visita chegou, jantamos.

Antes que você tome alguma atitude, deve pensar mais.

Também há o sentido de iteração (freqüência, repetição periódica):

Cada vez que a vejo, sinto-me inibido.

A classificação das adverbiais, acima apresentada, acompanha a classificação das conjunções

subordinativas. Mas há orações subordinadas adverbiais sem conjunções. Henriques (p. 126) oferece

alguns exemplos e os compara a advérbios (não-oracionais):

Advérbios

Orações adverbiais

Classificação:

Moro numa rua deserta. Moro onde não mora ninguém.

Vou à praia com a minha família. Vou à praia com quem me dê carona.

Jogo sinuca contra qualquer um. Jogo sinuca contra quem quiser. Oposição Falarei sobre literatura. Falarei sobre quem você mais admira.

Partiremos com lágrimas nos olhos. Partiremos chorando.

---ORAÇÕES REDUZIDAS

Orações subordinadas podem conter verbos numa forma finita (indicativo ou subjuntivo) ou

numa forma não-finita (ou nominal: infinitivo, gerúndio ou particípio). No segundo caso, não há

conjunções ou pronomes relativos ligando uma oração à outra: são as orações REDUZIDAS.

Alguns exemplos:

A) Reduzidas de GERÚNDIO:

Partiremos chorando. = Oração subordinada adverbial modal.

A pintura, revelando paisagens lindas, enfeitava a parede. = Oração subordinada adjetiva explicativa. (“...que revelava paisagens lindas...”)

(22)

Convém perguntar. = Oração subordinada substantiva subjetiva. (“...que perguntemos.”)

Para não chegar atrasado, acordei mais cedo. = Oração subordinada adverbial final. (“Para que não chegasse atrasado...”)

Ao telefonar, soube que meus parentes tinham regressado. = Oração subordinada adverbial temporal. (“Quando telefonei...”)

Aconselharam-no a agir com prudência. = Oração subordinada substantiva objetiva indireta. (“... a que agisse com prudência.")

C) Reduzidas de PARTICÍPIO:

Resolvidos os problemas na empresa, fomos para casa. = Oração subordinada adverbial temporal. (“Quando/ Assim que foram resolvidos os problemas na empresa...”)

---EXERCÍCIO SOBRE ORAÇÕES REDUZIDAS

Classifique as orações reduzidas e, em seguida, transforme-as em desenvolvidas: 1- Oração subordinada substantiva objetiva direta

2- Oração subordinada adverbial causal 3- Oração subordinada substantiva subjetiva 4- Oração subordinada adverbial condicional

5- Oração subordinada substantiva completiva nominal

a) ( ) Era preciso pensarmos bem. ________________________________ 

 b) ( ) Você diz não saber a verdade. __________________________________________ 

c) ( ) Estou certa de haver lido este livro semana passada. ______________________________  d) ( ) Sendo necessário, eu faria todos os sacrifícios. _________________________________  e) ( ) Por fazer muito calor, cancelaram o passeio. ____________________________________ 

---EXERCÍCIOS:

1) Transforme os termos sublinhados em orações subordinadas substantivas; em seguida classifique as orações: a) Notamos facilmente a existência de um erro.

Transformação: ___________________________________________________________  Classificação: _____________________________________________________________   b) Ninguém tem dúvidas das mentiras dos candidatos.

Transformação: ___________________________________________________________  Classificação: _____________________________________________________________  c) É urgente a minha saída da cidade.

Transformação: ___________________________________________________________  Classificação: _____________________________________________________________  d) Tínhamos certeza da volta de teu pai.

Transformação: ___________________________________________________________  Classificação: _____________________________________________________________  e) A colaboração dele nos surpreende.

Transformação: ___________________________________________________________  Classificação: _____________________________________________________________  2) Classifique as orações subordinadas substantivas:

a) Estou avisando-o de que haverá uma cilada. ______________________________________   b) Não basta que você me peça perdão. ___________________________________________ 

(23)

c) Sou favorável a que todos sejam punidos. _____________________________________  d) O herói foi traído por quem se dizia seu amigo. _________________________________  e) Peço-lhe um favor: esqueça-me. _____________________________________________  f) Perguntei se você sabia a verdade. ____________________________________________  3) Sublinhe as orações subordinadas e classifique-as:

a) Ainda que esteja sem dinheiro, irei ao festival. ___________________________________   b) Eu ganharia o prêmio se eu fosse o mais velho. __________________________________ 

c) Como dizem os antigos, tudo é possível neste mundo. _____________________________  d) Enquanto estudo, você dorme. _______________________________________________  e) Os lucros que você tanto busca são de todos. ___________________________________  f) Para que ninguém reclame, trarei dois vídeos. ___________________________________ 

4) (Questão do Provão 1998) Observe esta frase de uma notícia de jornal: “A equipe procurou convencer os membros das gangues que a relação com as escolas poderia ser outra.”

A construção desta frase tem as seguintes características: A) Há dois objetos diretos, fato que ocorre com todos os verbos transitivos B) O segundo dos dois complementos deveria ser um objeto direto.

C) O segundo complemento, que é um objeto indireto, está sem preposição D) Há apenas um complemento verbal sob forma composta

E) Falta a preposição do primeiro complemento, para que a construção fique correta

5) Forme construções sintáticas com as idéias de causa e conseqüência a partir das indicações (faça as transformações necessárias):

O JANTAR SER MUITO ELEGANTE – MARIA FICAR CONSTRANGIDA 1- presença de oração subordinada causal - ____________________________________________   _______________________________________________________________________________ 

2- presença de oração subordinada consecutiva - _________________________________________   _________________________________________________________________________________ 

6) Vimos no exercício anterior que podemos transmitir a idéia de ‘causa – conseqüência’ através das orações causais ou através das orações consecutivas. Do ponto de vista discursivo, qual das duas estratégias expressa maior ênfase?

7) A partir do conjunto de palavras, forme períodos que combinem com as indicações entre parênteses: a) LUCIANO NOTAR SEU ERRO PEDIR DESCULPAS

(idéia temporal) _________________________________________________________________________  (idéia conclusiva) _______________________________________________________________________  (idéia concessiva) ________________________________________________________________________ 

 b) PEDRO COMEÇAR O TRABALHO HAVER TEMPO

(idéia temporal) _________________________________________________________________________  (idéia condicional) _______________________________________________________________________  (idéia causal) ___________________________________________________________________________  (idéia adversativa) _______________________________________________________________________  8) Transforme as orações subordinadas adverbiais em adjuntos adverbiais:

a) Não vieram porque choveu.

 b) Se houver dúvida, consulte o dicionário. c) Trabalhemos para que o país progrida.

d) Quando terminar a aula, falaremos com o professor. e) Ele veio, embora estivesse chovendo.

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