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INFLUÊNCIA DA ENXERTIA SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS FRUTOS DE TOMATEIRO

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INFLUÊNCIA DA ENXERTIA SOBRE CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DOS FRUTOS DE TOMATEIRO

INFLUENCE OF GRAFTING ON PHYSICOCHEMICAL CHARACTERISTICS OF TOMATO FRUITS

Apresentação: Pôster

João Lucas Moraes Vieira1; Rogério Eiji Hanada2 Introdução

O tomateiro (Solanum lycopersicum) é uma das hortaliças mais cultivadas no Brasil, possuindo relevância econômica e social. A produtividade média de tomate no Brasil em 2016 foi de 65.173 kg ha-1, enquanto a produtividade média na região Norte foi de 20.554 kg ha-1. No estado do Amazonas, na mesma safra a produtividade foi de 12.462 kg ha-1, sendo o estado com a menor produtividade do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE 2017).

A técnica da enxertia é uma alternativa para o controle de doenças veiculadas pelo solo, grande óbice ao desenvolvimento da cultura, possibilitando o cultivo de espécies susceptíveis em áreas contaminadas por patógenos, assim como pode ser utilizado visando à melhoria das características físico-químicas dos frutos produzidos, o que pode elevar a produtividade da cultura na região. Um porta-enxerto adequado deve apresentar imunidade à doença que se pretende controlar, boa afinidade com a cultivar enxertada, condições morfológicas ótimas e não afetar negativamente a qualidade dos frutos (PEIL, 2003). Logo, pesquisas que visem identificar potenciais porta-enxertos no controle de doenças, deve estar pareada com investigação do efeito do porta-enxerto sobre a qualidade dos frutos.

O uso de solanáceas nativas da região Amazônica como porta-enxerto pode ser uma alternativa viável, considerando que estas espécies possuem adaptabilidade natural às condições edafoclimáticas da região. Outro fator importante a se considerar em relação à

1 Mestre em Agricultura no Trópico Úmido, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA,

E-mail: lucasjoao1991@hotmail.com. Parte da Dissertação de Mestrado do Autor.

2 Prof. Dr. do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Programa de Pós Graduação em Agricultura

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enxertia é o fato de ser uma técnica que não contamina o meio ambiente (PEIL, 2003), podendo ser utilizada na agricultura orgânica, em crescente uso no Brasil.

Dentro deste contexto, e considerando as poucas pesquisas existentes sobre o tema, o trabalho teve como objetivo avaliar a influência de diferentes solanáceas como porta-enxertos sobre as características físico-químicas dos frutos do tomateiro.

Fundamentação Teórica

Em diversos estudos (AD’VINCULA MEDEIROS et al., 2011; SIMÕES et al., 2014; LOPES e MENDONÇA, 2016) ficou evidenciado a potencialidade do jiló (Solanum

aethiopicum) e jurubeba juna (Solanum stramonifolium) como porta-enxertos em tomateiro no

controle de doenças veiculadas pelo solo, em destaque a murcha bacteriana e nematóides. Vislumbra-se também que os porta-enxertos cubiu (S. sessiliflorum) e jurubebão (Solanum

lycocarpum), por ocorrerem naturalmente na Região Amazônica, e estarem adaptados as

condições edafoclimáticas da região, sejam potenciais porta-enxertos para a cultura do tomateiro (FARIAS et al., 2013).

Entretanto, o desenvolvimento de estudos visando identificar a influência destes porta-enxertos sobre as características físico-químicas dos frutos de tomateiro produzidos devem ser priorizadas, considerando que a influência negativa de um determinado porta-enxerto sobre a qualidade dos frutos produzidos pode ser fator limitante ao seu uso (PEIL, 2003). Sendo assim, o objetivo do trabalho já descrito traz relevância à comunidade científica subsidiando alternativas para o cultivo do tomateiro.

Metodologia

O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Hortaliças Alejo Von Der Pahlen, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), município de Manaus, AM (03º15’19,3”S e 60º14’23,2”W), em argissolo vermelho-amarelo. O clima local é caracterizado como “Afi” segundo Köppen, registrando média anual de precipitação de 2.450 mm, temperatura média de 27 ºC (entre 24-30 ºC) (RIBEIRO, 1976).

Foi composto de seis tratamentos, constituídos pelos porta-enxertos: cubiu (S.

sessiliflorum); duas cultivares de jiló (S. aethiopicum), a Comprido Verde Claro (JCVC) e a

Morro Grande (JMG); o jurubebão (S. lycocarpum) e a jurubeba juna (S. stramonifolium), sendo os dois últimos,acessos silvestres coletados em área de capoeira no município de Rio

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Preto da Eva/AM. Todos os porta-enxertos foram enxertados com a cv. Santa Cruz Kada, e o tratamento testemunha foi representado pelo pé franco dessa cultivar. Os tratamentos foram dispostos em delineamento experimental em blocos ao acaso, com quatro repetições, e cada parcela foi constituída de 5 plantas.

As mudas dos porta-enxertos e enxertos foram produzidas em casa de vegetação, em bandejas de poliestireno de 128 células preenchidas com o substrato comercial, com duas a três sementes por recipiente, na profundidade de 3-5 mm. A cultivar comercial utilizada como enxerto (Santa Cruz Kada) foi semeada 25 dias após a semeadura dos porta-enxertos, da mesma forma descrita acima.

Aos 50 dias após a semeadura dos porta-enxertos, e 25 dias após semeadura dos enxertos, foi procedida a enxertia, utilizando o método da garfagem, do tipo fenda cheia (LOPES & MENDONÇA, 2016). Durante os primeiros 10 dias após a enxertia, as plantas foram mantidas em ambiente sombreado. Após este período, as plantas foram dispostas em pleno sol por mais 5 dias, estando prontas para o transplante aos 15 dias após a enxertia. As mudas foram transplantadas para casa de vegetação tipo capela, com espaçamento de 0,6 m entre plantas e 0,9 m entre canteiros. As plantas foram irrigadas por gotejamento, com uso de fitas gotejadoras.

Para determinação das características físico-químicas dos frutos, foram coletados ao acaso após a estabilização da produção, cinco frutos comerciais de cada tratamento a cada 7 dias (07/05/2017, 14/05/2017 e 21/05/2017). Estes frutos foram acondicionados em bandejas de poliestireno expandido até o pleno amadurecimento, sendo submetidos a análises no Laboratório de Análises de Alimentos do INPA, de modo a obter: sólidos solúveis totais (ºBrix), pH da polpa, acidez titulável (% de ácido cítrico) e relação entre sólidos solúveis e acidez titulável (Sabor). As análises foram realizadas de acordo com o recomendado por ZENEBON et al. (2008).

Os dados obtidos foram testados quanto a normalidade e homogeneidade, e submetidos a análise de variância, e comparação entre as médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, com o uso do software estatístico Assistat 7.7.

Resultados e Discussões

Detectou-se diferença significativa na acidez titulável entre os tratamentos e entre as colheitas realizadas (Tabela 1). Na primeira colheita, o tratamento testemunha apresentou

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menor valor em comparação aos demais tratamentos, com exceção do JCVC e JMG em que não diferiu, e na segunda colheita, o tratamento JMG apresentou acidez titulável dos frutos superior à testemunha. Não houve diferença entre os tratamentos na terceira colheita. Observou-se em todos os tratamentos, que a acidez titulável tende a aumentar com o avanço da idade da cultura.

Tabela 1. Acidez titulável de frutos de tomateiro enxertado em diferentes solanáceas. Fonte: Própria

Colheitas Média

1 2 3

Tratamentos Acidez Titulável (% ácido cítrico)

Cubiu 0,19 aB 0,21 abB 0,27 aA 0,22

JCVC 0,16 bcB 0,22 aA 0,25 aA 0,21

JMG 0,17 abcB 0,16 bB 0,25 aA 0,19

Jurubebão 0,19 abB 0,21 abB 0,26 aA 0,22

Jurubeba Juna 0,18 abB 0,19 abB 0,27 aA 0,21

Testemunha 0,15 cB 0,16 bB 0,22 aA 0,18

Média 0,17 0,19 0,25 0,21

CV% 8,7 14,65 10,67 7,78

DMS 0,03 0,05 0,05 0,43

As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, ou maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Não foi observada diferença significativa quanto ao teor de SST dos frutos nos diferentes tratamentos avaliados, e nem entre os períodos de avaliação, demonstrando ser a variável com maior estabilidade entre as variáveis analisadas, seja entre os tratamentos, seja entre os períodos de avaliação, com média de 4,86 ºBrix. O pH dos frutos não diferiu entre os tratamentos na primeira colheita, e na segunda foi superior no tratamento JMG em comparação aos demais tratamentos, com exceção da testemunha em que não diferiu. Na terceira colheita, não houve diferença entre os tratamentos em comparação à testemunha (Tabela 2).

Tabela 2. Valores de pH dos frutos de tomateiro enxertados em diferentes solanáceas. Fonte: Própria.

Colheitas Média 1 2 3 Tratamento pH Cubiu 5,09 aA 4,97 cdA 4,64 bB 4,90 JCVC 5,16 aA 4,84 dB 4,69 bC 4,90 JMG 5,19 aB 5,42 aA 4,81 abC 5,14 Jurubebão 5,24 aA 5,12 bcA 5,07 aA 5,14

Jurubeba Juna 5,24 aA 4,97 cdB 4,83 abB 5,01

Testemunha 5,02 aB 5,32 abA 4,77 abC 5,01

Média 5,16 5,09 4,80 5,02

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DMS 0,32 0,24 0,36 0,31 As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, ou maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Observou-se que em todos os tratamentos com exceção do jurubebão, houve diminuição no pH dos frutos com o avançar da idade das plantas, resultado inverso ao encontrado para a acidez titulável, que aumentou com o tempo. Houve diferença no sabor dos frutos somente na segunda colheita, em que os frutos produzidos pelas plantas enxertadas no JCVC demonstraram sabor inferior a testemunha (Figura 3). Houve queda no sabor dos frutos com o tempo, situação semelhante à observada para o pH.

Tabela 3. Sabor dos frutos de tomateiro enxertados em diferentes solanáceas. Fonte: Própria.

Colheitas Média 1 2 3 Tratamento “Sabor” Cubiu 27,07 aA 24,76 abA 18,49 aB 22,78 JCVC 30,03 aA 21,68 bB 19,89 aB 23,03 JMG 27,00 aA 29,64 abA 19,34 aB 24,40 Jurubebão 26,04 aA 25,56 abA 19,81 aB 23,36

Jurubeba Juna 27,46 aA 26,31 abAB 18,67 aB 23,08

Testemunha 30,59 aA 30,82 aA 21,02 aB 26,64

Média 28,03 26,46 19,53 23,88

CV% 8,92 15,82 12,26 8,45

DMS 4,88 8,18 4,68 5,91

As médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, ou maiúscula nas linhas, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

Conforme descrito por KADER et al. (1978), o teor de SST e Sabor para consumo de tomate in natura deve ser superior a 3,0 ºBrix e 10, respectivamente, para frutos de alta qualidade. Todos os tratamentos avaliados obtiveram valores superiores ao considerado mínimo pelos autores. De acordo com SILVA e GIORDANO (2000), o intervalo de pH considerado ideal para frutos de tomate deve variar entre 3,7 e 4,5. Todos os tratamentos avaliados apresentaram valores superiores ao considerado ideal pelos autores, mas tal variável não foi influenciada pelos porta-enxertos, uma vez que o tratamento testemunha também apresentou valor superior ao intervalo acima citado.

Conclusões

Nas condições de realização do experimento, não houve influência negativa nas características físico-químicas dos frutos do tomateiro com a utilização dos porta-enxertos avaliados, podendo serem utilizados em tomateiro sem interferência na qualidade dos frutos

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produzidos.

Observou-se aumento na acidez titulável inversamente proporcional ao pH e sabor dos frutos em função do aumento da idade das plantas, de forma que os frutos produzidos no início da colheita possuem qualidade superior aos frutos produzidos próximo ao fim do ciclo.

Referências

AD’VINCULA MEDEIROS, J.; ARAÚJO, D.M.; VEIGA, F. 2011. Controle da murcha bacteriana por meio da enxertia de tomate com jiló no município de Rio Branco-AC. Cadernos de Agroecologia. v.6, n.2, 4 p.

FARIAS, E.A.P. et al. Organic production of tomatoes in the amazon region by plants grafted on wild Solanum rootstocks. Ciência e Agrotecnologia, v. 37, n. 4, p.323-329. 2013.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola: Pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras agrícolas no ano civil. Rio de Janeiro, v. 30, n. 9, p.1-83. Setembro de 2017.

KADER, A. A.; MORRIS, L. L.; STEVENS, M. A.; ALBRIGHT-HOLTON, M. 1978. Composition and flavor quality of fresh Market tomatoes as influenced by some post-harvest handling procedures. Journal of American Society for Horticultural Science, v. 113, n. 5, p. 742- 745.

LOPES, C. A.; MENDONÇA, J. L. 2016. Reação de acessos de jurubeba à murcha bacteriana para uso como porta-enxerto em tomateiro. Horticultura Brasileira, v.34, n.3, p.356-360. PEIL, R. M. 2003. A enxertia na produção de mudas de hortaliças. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.6, p.1169-1177.

RIBEIRO, M. N. G. 1976. Aspectos Climatológicos de Manaus. Acta Amazonica, v.6, n.02, p.229-233.

SILVA, J. B. C.; GIORDANO, L. B. 2000. Tomate para processamento industrial. Brasília: EMBRAPA/Hortaliças. 168p.

SIMÕES, A.C.; ALVES, G.E.B.; FERREIRA, R.L.F.; ARAÚJO NETO, S.E.; ROCHA, J.F. 2014. Compatibilidade de tomateiro sob diferentes porta-enxertos e métodos de enxertia em sistema orgânico. Enciclopédia Biosfera, Goiânia, v.10, n.18, p.961-972.

ZENEBON, O.; PASCUET, N. S.; & TIGLEA, P. 2008. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 1020p.

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