Fase socialista: décadas de trinta e quarenta.
Retrato das lutas ferozes entre fazendeiros pela
posse de terras férteis para o plantio de cacau;
Crítica ácida ao governo ditatorial de Vargas; Retrato do submundo dos centros urbanos
Características:
Violenta crítica sociopolítica: repressão das
autoridades;
Retrato da pobreza, do descaso e do abandono
dos menores de rua;
Violência, estupro, roubo, marginalização; Negligência da Igreja Católica (altas esferas)
em relação aos menores infratores;
Epidemias (malária) sem controle (fraqueza da
Estado Novo: fechamento do Congresso por Getúlio Vargas (1937) e caça aos comunistas.
Pedro Bala: Era um jovem loiro de 15 anos, que
tinha um corte no rosto. Era o chefe dos
Capitães da Areia, ágil, esperto, respeitador e sabia respeitar a todos. Saiu do grupo para comandar e organizar os Índios Maloqueiros em Aracaju, deixando como líder do grupo
Barandão. Depois disso ficou muito conhecido por organizar várias greves, como perigoso
Dora: Tinha treze para quatorze anos, era a única
mulher do grupo e se adaptou bem a ele. Era uma
menina muito simples, dócil, bonita, simpática e meiga. Conquistou facilmente o grupo com seus cabelos lisos. Seus pais haviam morrido de alastrim e ela ficou
sozinha no mundo com seu irmão pequeno. Tentou
arrumar emprego, mais ninguém queria empregar filha de bexiguento. Aí ela encontrou João Grande e
professor que a chamaram para morar no Trapiche, e logo ela já era considerada por todos como uma mãe, irmã e para Bala uma noiva. Ela participava dos roubos com os outros meninos. Morreu queimando de febre.
Boa Vida: era mulato troncudo e feio, o mais
malandro do grupo. Muito preguiçoso, era o único que não participava das atividades de roubo do grupo. Às vezes, roubava um relógio ou uma joia qualquer, passando-a logo para o Bala, como forma de apoio ao grupo. Era um boa-vida, gostava de violão e de ficar fazendo nada, contemplando o mar e os barcos. Seu
destino foi virar um verdadeiro malandro, que vivia a correr pelos morros compondo sambas.
Volta-Seca: Imitador de pássaros e afilhado de
Lampião, era mulato sertanejo de alpargatas.
Acaba indo para o sertão, onde encontra seu
padrinho e entra para o seu bando, matando vários soldados com requintes de crueldade.
Termina preso, sempre com um leve sorriso de
Professor: Era um garoto magro, inteligente,
calmo e o único que sabia ler no grupo. O professor era quem planejava os roubos dos Capitães da Areia. Depois de muito tempo aceitou um convite e foi pintar no Rio de Janeiro, tornando-se famoso.
Gato: Era o mais bonito e mais elegante da
turma.Candidato a malandro do bando, tinha em caso com Dalva mulher das noites, que lhe dava dinheiro, por isso, muitas vezes, não
dormia no trapiche. Só aparecia ao amanhecer, quando saía com os outros, para as aventuras do dia.Participava dos planos mais arriscados e era muito malandro e esperto. Tempos depois foi embora para Ilhéus tentar a sorte.
Sem-pernas: era um garoto pequeno para sua
idade, coxo de uma perna, agressivo,
individualista. Era quem penetrava nas casas de família fingindo ser um pobre órgão com o objetivo de descobrir os lugares da casa, onde ficavam os objetos de valor; depois fugia e os Capitães da Areia assaltavam a casa. Seu
destino foi suicidar-se atirando-se do parapeito do elevador Lacerda, pelo ódio que nutria pela polícia baiana.
João Grande: Negro, mais alto e mais forte do bando.
Cabelo crespo e baixo, músculos rígidos. Cedo, se fez um dos chefes do grupo e nunca deixou de ser convidado para as reuniões que os maiorais faziam para organizar os furtos. Ele era uma pessoa boa e forte, por isso, quando chegavam pequeninos cheios de receio para o grupo, ele era escolhido o protetor deles. O chefe dos Capitães da Areia era amigo de João Grande não por sua força, mas porque Pedro o achava muito bom, até melhor que eles. João Grande aprendeu
capoeira com o Querido-de-Deus junto com Pedro Bala e Gato. João Grande tinha um grande pé, fumava e bebia cachaça. Não sabia ler. Era chamado de Grande pelo
professor, admirava o professor. O professor achava João Grande um negro macho de verdade.
É salvo por Pedro Bala quando Raimundo
Caboclo estava prestes a surrá-lo, ocasião em que este último acaba sendo expulso do grupo. Ao final, com a partida de Bala, Barandão
Pirulito: Era magro e muito alto, um cara seca,
meio amarelado, olhos fundos, boca rasgada e pouco risonha. Era o único do grupo que tinha vocação religiosa apesar de pertencer ao
Capitães da Areia. Quando parou de roubar, para sobreviver vendia jornais, seu destino foi ajudar o padre José Pedro numa paróquia
Don'aninha: Mãe de santo, sempre os socorria
em caso de doença ou necessidade.
Os meninos resgatam uma imagem de santo que acabara na delegacia.
Padre José Pedro: Introduzido no grupo pelo
Boa-Vida, conhecia o esconderijo dos capitães. É repreendido pelo bispo devido a sua atuação junto aos meninos de rua, bem como ao seu
desejo de tornar Pirulito padre.
Vive um conflito religioso intenso, por não ter
certeza da correção dos seus atos diante de Deus.
João-de-Adão: estivador, negro fortíssimo e
antigo grevista, era igualmente temido e
amado em toda a estiva. Através dele, Pedro Bala soube de seu pai. Ele tinha conhecido o “Loiro”, estivador que tinha morrido baleado na greve, lutando em prol dos estivadores.
Segundo ele, a mãe de Pedro falecera quando ele tinha seis meses; era uma mulher e tanto.
Querido-de-Deus: Pescador, juntamente com
João- de- Adão tinham a confiança dos meninos, que, por sua vez, não mediam
esforços para recompensar esse apoio. Numa cena tocante, leva o corpo de Dora para o mar longínquo, que lhe serve de sepultura.
Na volta, resgata Pedro Bala, que nadara
Surge ao final do livro, quando Pedro Bala entra em
contato com as greves e as rebeliões ocorridas em Salvador. Representa o direito ao estudo e à
liberdade de pensamento das universidades.
É uma peça fundamental para a mudança ocorrida
com Pedro Bala, para o seu amadurecimento e sua nova postura como revolucionário consciente dos problemas brasileiros. A princípio, coordena os
capitães da areia como milícias de apoio em greves. Posteriormente, extende sua atuação para outros
grupos de meninos de rua, como os Índios
Maloqueiros de Aracaju. Finalmente, Bala seria um proletário rebelde, organizador de greves e partidos ilegais por todo o país, sendo perseguido em mais de cinco estados.
“Vestidos de farrapos, sujos, semiesfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam
totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas.”
“Então os lábios do Sem-Pernas se
descerraram e ele soluçou, chorou muito
encostado ao peito de sua mãe. E enquanto a abraçava e se deixava beijar, soluçava porque a ia abandonar e, mais que isso, a ia roubar. E ela talvez nunca soubesse que o Sem-Pernas
sentia que ia furtar a si próprio também. Como não sabia que o choro dele, que os soluços dele eram um pedido de perdão.”
“A liberdade é como o sol. O bem maior do Mundo.”
