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Aula 04 ESTATUTO DO DESARMAMENTO. Lei /03 22 de dezembro de 2003

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Resumo elaborado pela equipe de monitores. Todos os direitos reservados ao Master Juris. São proibidas a reprodução e quaisquer outras formas de compartilhamento.

Turma e Ano: Direito Penal - Leis Especiais (2015) Matéria / Aula: Direito Penal (Leis Especiais) / 04 Professor: Marcelo Uzeda

Monitor: Alexandre Paiol

Aula 04

Nesta aula 04 estaremos terminando o Estatuto do Desarmamento (56 minutos de aula) e Iniciando a lei do Código de Trânsito Brasileiro (36 minutos de aula) Lei 10.826/03 e Lei 9.503/1997

ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Lei 10.826/03 – 22 de dezembro de 2003

Vamos dar continuação à aula passada quando terminamos o art. 14 do estatuto do desarmamento.

Art. 15 - Disparo de arma de fogo

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. Trata-se de crime doloso e, independente do número de disparos, haverá crime único. Trata-se de um crime expressamente subsidiário, visto que a conduta em questão somente será imputada se a conduta não objetivar a prática de outro delito, por exemplo: tentativa de homicídio. Havendo crime mais grave o crime de disparo será absorvido.

absorve

Cumpre destacar que o crime de disparo de arma de fogo os crimes de porte e posse de

uso permitido

arma de fogo de . Por fim, vale lembrar que o disparo de arma de fogo em local . Ademais, o disparo culposo –

ermo (desabitado) é atípico, por ausência de previsão legal

acidental – afigura-se também como fato atípico.

PROBLEMÁTICA: Quando diante de disparo de arma de fogo de uso restrito, segundo a hermenêutica, também deveria ser absorvido o crime de porte ou posse de arma de uso restrito pelo disparo, no entanto, a pena pelo disparo é menos grave do que o porte, consubstanciando, assim, verdadeiro disparate axiológico quando avaliada a política criminal e as consequências jurídicas da conduta. Assim, aquele que portar arma de uso restrito, se no momento da captura efetuar o disparo, teria pena mais branda do que o simples fato de portar. Ante o exposto constata-se verdadeira antinomia valorativa no que tange ao bem jurídico tutelado. Doutrina majoritária afirma que deve ser resolvida a problemática em questão através das regras de concurso material de crimes, cumulando-se as penas.

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DIFERENÇA DO ART. 15 EST. DESARMAMENTO E ART. 132 art. 132

O traz o perigo a uma pessoa determinada, já no art. 15 da L. 10.826 o perigo é gerado a um número indeterminado de pessoas. Caso o disparo seja efetuado em lugar não habitado normalmente, mas que naquela ocasião possuía alguma pessoa, que correu perigo efetivo, o delito configurado é o do art. 132. Por fim, destaque-se que o art. 15 traz hipótese de perigo abstrato e o art. 132, CP hipótese de perigo concreto.

OBJETIVIDADE JURÍDICA: A incolumidade pública.

OBJETO MATERIAL DO CRIME: A arma de fogo e munições. SUJEITO PASSIVO: O Estado ou a coletividade.

SUJEITO ATIVO: Crime comum, o agente pode ser qualquer pessoa possuidora de arma de fogo de uso permitido que nunca foi registrada ou cujo registro não foi renovado.

TIPO OBJETIVO:

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:

Disparar arma de fogo: atirar projéteis

Acionar munição: deflagrar cartucho ou projétil de alguma outra forma

lugar habitado: onde reside um núcleo de pessoas ou famílias ou adjacências (lugar próximo) – não há crime se o disparo é feito em lugar ermo (ex: Floresta, deserto, descampado)

Via pública: local acessível a qualquer pessoa ou em direção a ela - o disparo não é feito na via, mas em direção a ela.

TIPO SUBJETIVO: É o dolo, não sendo admitida a modalidade culposa do crime. Assim, quem dispara acidentalmente não pratica conduta típica.

CONSUMAÇÃO: Crime de mera conduta, o agente consuma o delito no momento em que realiza um dos verbos do tipo penal em questão (no primeiro disparo ou acionamento).

TENTATIVA: A tentativa é cabível, como, por exemplo, se o tiro falhar, ou se o agente é impedido no exato momento em que iria acionar o gatilho.

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SUBSIDIARIDADE EXPRESSA:- "desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de

outro crime". Parte da doutrina sugere interpretação extensiva ao dispositivo ("desde que essa

crime mais grave

conduta não tenha como finalidade a prática de outro ”), pois o legislador teria dito menos do que desejava.

CLASSIFICAÇÃO: Trata-se de crime de mera conduta, comum e de perigo abstrato.

Concurso aparente de normas:

Porte e disparo:

• Se a arma é de uso permitido, ocorrendo disparo e porte ilegal (art. 14), o disparo (art. 15) absorve o porte, por ser mais grave.

• Se a arma for de uso proibido ou restrito, o crime do artigo 16 absorve o disparo de arma, por ser crime mais grave.

Art. 16 - Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem autorização e em desacordo com determinação

(o artigo 16 tem o núcleo do art. 12

legal ou regulamentar:

(possuir) com os demais núcleos do art. 14 (deter, portar, adquirir e etc.))

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Passaremos a analisar as figuras equiparadas do porte ilegal de arma de fogo de uso restrito: Parágrafo único do artigo 16.

Segundo Fernando Capez: O legislador dispôs no parágrafo único do art. 16 diversas condutas típicas, as quais recebem o idêntico tratamento penal dispensado à posse ou ao porte ilegal de ARMA de fogo. Convém notar que, embora as figuras do parágrafo único em estudo constem do art. 16, isso não quer dizer que o objeto material se restrinja às armas de fogo, aos acessórios ou às munições de USO restrito.

Na realidade, tais figuras foram equiparadas à posse ou porte ilegal de ARMA de fogo de USO restrito apenas para efeitos de incidência da mesma sanção penal. Assim, admite-se, por exemplo, que na conduta prevista no inciso I (supressão ou alteração de identificação de ARMA de fogo ou artefato), o objeto material seja a ARMA de fogo de USO PERMITIDO.’ (Estatuto do Desarmamento, São Paulo, Saraiva, 2005, p. 128)

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Casos de

equiparação)

I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;

II modificar– as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou

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restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;

Modificação (há duas finalidades distintas):

1. O agente modifica as características da arma de fogo de uso permitido, de modo a torná-la equivalente a de uso proibido ou restrito. Responde por este crime aquele que modifica as características da arma, tornando-a apta para o emprego militar, dando-lhe características similares a material bélico ou aumentando-lhe o calibre nominal. Ex.: cerrar cano de espingardas.

2. Modificação das características da arma para induzir a erro a autoridade policial, perito ou juiz. Espécie de fraude processual ou inovação artificiosa do instrumento de um crime (tipo especial em relação ao artigo 347 do Código Penal.

III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;

No julgamento do RHC 89.889, o Plenário do STF entendeu que o delito de que trata o inciso IV do parágrafo único do art. 16 do Estatuto do Desarmamento é Política Criminal de valorização do poder-dever do Estado de controlar as armas de fogo que circulam em nosso País. Isso porque a supressão do número, marca, ou qualquer outro sinal identificador do artefato lesivo impede o seu cadastramento e controle.

A função social do combate ao delito em foco alcança qualquer tipo de arma de fogo; e não apenas armamento de uso restrito ou proibido. Tanto é assim que o porte de arma de fogo com numeração raspada constitui crime autônomo. Figura penal que, no caso, tem como circunstância elementar o fato de a arma (seja ela de uso restrito ou não) estar com a numeração ou qualquer outro sinal identificador adulterado, raspado ou suprimido. (HC 99582, Primeira Turma, PUBLIC 06-11-2009)

V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente,

a criança ou

arma de fogo, acessório, munição ou explosivo

adolescente; e

CUIDADO: Não é crime previsto no ECA, mas sim na LEI DE ARMAS e exige o elemento dolo. Ademais, não se caracteriza como crime de comércio de arma de fogo, mas sim porte ilegal de arma de fogo de uso restrito na forma equiparada. Se o agente por negligência deixa a arma ao alcance do menor de 18 anos, caracteriza omissão de cautela (Somente se caracteriza com culpa). Havendo dolo do agente em ceder a arma ao menor, seja a título gratuito ou oneroso, teremos a figura do porte ilegal de arma de fogo de uso restrito na modalidade equiparada.

VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.

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Produz – fabrica;

Recarrega - possibilita a reutilização através do recarregamento, aproveitando-se na íntegra o cartucho anterior.

Recicla - reutiliza a munição ou explosivo, aproveitando-se da matéria prima;

Adultera - modifica as características originais – p. ex. de modo a aumentar o potencial ofensivo da munição ou explosivo.

COMENTÁRIO: O crime de posse e porte de arma ilegal de uso restrito pode ser praticado até mesmo por quem detém a posse de arma de fogo de uso permitido. Ademais, cumpre destacar que se a arma tem a identificação suprimida (raspada) ou mesmo é realizada alteração que vise induzir autoridade policial a erro estaremos diante de arma de fogo de porte restrito, mesmo que originariamente esta arma fosse de porte permitido.

TIPO OBJETIVO: As condutas previstas no "caput" são idênticas às previstas nos artigos 12 e 14 deste estatuto, com a diferença no tocante ao objeto material, que, neste caso, é a arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito.

Art .17 - Comércio ilegal de arma de fogo

Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (é a pena mais alta da lei)

Parágrafo único. Equipara-se à atividade comercial ou

industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços, fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.

exercício da atividade comercial, industrial

O tipo possui 14 verbos, bastando que o agente no ,

ainda que irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência ou prestação de serviços (na forma do p.u.), realize uma das condutas previstas em lei.

TIPO OBJETIVO: é o dolo.

OBJETO MATERIAL: Armas de fogo, acessórios ou munições.

:

ELEMENTO NORMATIVO DO TIPO: Contido na expressão "sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar".

Há quem entenda que é necessário para a configuração do delito em questão a prova da habitualidade da atividade comercial ou industrial ou prestação de serviços, não podendo estas ser esporádicas, já que a lei exige que seja no exercício.

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Assim, violam este dispositivo, por exemplo, os responsáveis por empresas de segurança, transportadoras, comerciantes e industriais que adquirem armas, sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar.

Comerciante dono de restaurante vende sua arma a um cliente. Qual crime cometeu?

Cometeu crime do art. 14 se for arma permitida ou do art. 16 se for arma restrita ou proibida. Não será o crime do art. 17 porque não é comerciante de arma de fogo, exigindo-se que o comércio de armas seja a atividade profissional daquele que vende. Não é crime habitual, pois uma única conduta configura o crime. Ex.: comerciante de armas vende 200 armas legalmente e um delas ilegalmente.

IMPORTANTE: O crime de comércio ilegal de arma fogo tem a pena simétrica ao crime de tráfico internacional de armas de fogo.

Art. 18 - Tráfico internacional de arma de fogo

Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. COMENTÁRIO: Somente punido a titulo de DOLO e de competência da Justiça Federal. Sujeito ativo - crime comum, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa pode praticar este crime. No que concerne à facilitação da importação ou exportação, se o sujeito ativo for funcionário público, não se aplica o disposto no artigo 318 do Código Penal, em função do princípio da especialidade.

Causas de aumento de Pena

Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da metade se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei.

Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são (Vide Adin 3.112-1)

insuscetíveis de liberdade provisória. O dispositivo foi declarado inconstitucional.

ADIN 3112/DF

IV - A proibição de estabelecimento de fiança para os delitos de "porte ilegal de arma de fogo de uso permitido" e de "disparo de arma de fogo", mostra-se desarrazoada, porquanto são crimes de

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mera conduta, que não se equiparam aos crimes que acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade.

V - Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos elencados nos arts. 16, 17 e 18. Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ex lege, em face dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de prisão pela autoridade judiciária competente.

(...) IX - Ação julgada procedente, em parte, para declarar a inconstitucionalidade dos parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 e do artigo 21 da Lei 10.826, de 22 de dezembro de 2003. (ADI 3112, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, PUBLIC 26-10-2007 DJ 26-10-2007)

CASOS ESPECÍFICOS SOBRE O ESTATUTO DO DESARMAMENTO: (obs: Não foi falado em

sala. É um material que eu julgo importante compartilhar)

ARMA QUEBRADA E INCAPAZ DE EFETUAR DISPAROS: Trata-se de crime de perigo abstrato, no entanto, a doutrina e jurisprudência admitem que a arma quebrada, como é impossível de atingir o bem jurídico tutelado pela norma, se caracteriza como crime impossível. (HC n° 122.181/ES, de relatoria no Min. Og Fernandes) - De acordo com o entendimento firmado no âmbito do STJ, tratando-se de crime de porte de arma de fogo, faz-se necessária que a arma seja eficaz, vale dizer, tenha potencialidade lesiva. Precedente também no STF: RHC n° 97.477/RJ. PORTE DE ARMA DESMUNICIADA: Segundo STF e 5ª Turma do STJ, é crime, pois estamos diante de crime de perigo abstrato, situação em que a probabilidade de dano é presumida pelo tipo penal - STF – HC 107.447/ES e STJ – HC 62.742/DF. Contudo, segundo a 6ª Turma do STJ, para que se possa caracterizar o crime de porte de arma há necessidade de o instrumento estar municiado, porquanto o tipo penal exige a sua eficácia para produzir o dano ao bem jurídico tutelado - STJ – AgRg no REsp 819.737/SP.

ARMA DE FOGO OBSOLETA: As armas obsoletas, por ausência de potencial ofensivo, não são consideradas arma de fogo para efeito de responsabilidade penal por este delito. Trata-se de hipótese de crime impossível. Assim, é imprescindível o exame pericial da arma de fogo, acessório ou munição, para definir se é de uso permitido ou proibido, ou se obsoleta.

ARMA COM FUNCIONAMENTO IMPERFEITO: Nesse caso, segundo a jurisprudência, trata-se de crime de porte consumado (STF).

PORTE DA MUNIÇÃO SEM ARMA: Segundo entendimento atual STJ – HC 194468-, não é necessário que haja munição com arma, pois o porte de munição, em si, se caracteriza como crime de perigo abstrato. STF

PORTE DE ARMA EM LEGITIMA DEFESA E ESTADO DE NECESSIDADE:

Segundo a doutrina e jurisprudência, a legitima defesa e estado de necessidade excluem a ilicitude também do porte e posse de arma de fogo.

LEGITIMA DEFESA POTENCIAL:

Ex. Pessoa que porta arma sem autorização porque fora ameaçada pelo vizinho. Nesse caso, não podemos falar em legitima defesa, visto que o instituto exige uma injusta agressão atual ou iminente e, no caso, não há nenhum dos dois requisitos.

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COAUTORIA NO PORTE DE ARMAS DE FOGO: O crime previsto no artigo 14 da Lei 10.826/2003 é comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Assim, não se exigindo qualquer qualidade especial do sujeito ativo, não há dúvidas de que se admite o concurso de agentes no crime de porte ilegal de arma de fogo, não se revelando plausível o entendimento pelo qual apenas aquele que efetivamente porta a arma de fogo incorre nas penas do delito em comento. Ainda que apenas um dos agentes esteja portando a arma de fogo, é possível que os demais tenham concorrido de qualquer forma para a prática delituosa, motivo pelo qual devem responder na medida de sua participação, nos termos do artigo 29 do Código Penal. (HC 198186 RJ 2011/0037051-5 em 2013)

ARMA DESMONANTADA:

Segundo a doutrina, a arma desmontada pode caracterizar porte se estiver ao alcance do agente, permitindo uma rápida montagem. No entanto, se a arma estiver desmontada, porém não estiver ao alcance ou não permitir a montagem em poucos segundos, não haverá tipicidade na conduta do agente.

PORTE DE ARMA versus HOMICÍDIO e ROUBO:

Segundo entendimento do STJ, o crime de perigo – pelo principio da consunção – deve restar absorvido pelo crime de dano. Assim, se o porte de arma foi um meio necessário para o homicídio praticado, estaremos diante da absorção do crime de porte pelo crime de homicídio. No entanto, se houver o porte de arma em contexto fático distinto, haverá concurso de crimes entre homicídio e porte de arma. A mesma inteligência se aplica ao crime de roubo, situação em que, se no mesmo contexto fático, o crime de porte será absorvido por aquele.

MULTIPLICIDADE DE ARMAS: Não gera concurso de crimes, se houver mais de uma arma, haverá um único crime. Ademais, essa circunstância de possuir mais de uma arma poderá ser utilizada pelo juiz no momento de aplicação da pena, porém sem reflexos na tipificação do delito. PORTE DE ARMAS DE USO RESTRITO E PERMITIDO: Segundo entendimento jurisprudencial atual, se o agente é flagrado com diversas armas no meio da rua, sendo umas de uso permitido e outras de uso restrito, haverá um único crime de porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, aplicando-se a consunção quanto ao crime de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (HC 148.349 – SP).

PORTE ILEGAL POR MILITAR EM ÁREA MILITAR: A competência é da justiça comum estadual. Não é competência da Justiça Militar porque não é crime militar (STJ – CC 112314/MS, J. 22/09/10).

ADQUIRIR ARMA DE FOGO RASPADA CONFIGURA TAMBÉM CRIME DE RECEPTAÇÃO? Sim. Ex. infrator adquire uma arma raspada sabendo que é furtada (receptação); passa a portar essa arma (art. 16, §ú., IV). Responde pelos dois crimes em concurso material, porque os crimes têm objetividades jurídicas distintas e momentos consumativos diferentes (STJ AgRg no REsp 908826).

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CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Lei 9.503/97 – 23 de setembro de 1997

Institui o Código de Trânsito Brasileiro

Leitura obrigatória dos artigos 291 ao 312 da L. 9503/97.

São 341 artigos na lei, porém a nossa matéria estuda o capítulo XIX que é : Dos Crimes de Trânsito (291 a 312)

Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, no que couber.

• Aplicação subsidiária do CP e do CPP;

• A maioria dos crimes de trânsito é de menor potencial ofensivo.

Exceção:

CTB, art. 302 (homicídio culposo) e 306 (embriaguez ao volante) e 308, RACHA.

§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de

exceto se o agente estiver

setembro de 1995, :

I - sob a influência de álcool ou qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela

aqui não é perigo concreto como o do

autoridade competente (

art. 308 CTB)

III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros por hora).

§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá ser

instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal

O art. 291 se refere à lesão corporal culposa.

O professor Marcelo pulou os artigos 292 até 301 informando que devemos dar uma lida no material postado por ele. Vamos agora ver os artigos da seção II (Dos crimes em espécie)

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CRIMES EM ESPÉCIE:

HOMICÍDIO (302) E LESÃO CULPOSA (303) NA CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR:

Dispõe o art. 302 do CTB: “Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas – detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”; Já o art. 303, por sua vez, reza: “Praticar lesão corporal culposa na direção de veículo automotor: Penas – detenção, de 6 meses a 2 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor”

AÇÃO PENAL: No homicídio culposo a ação é pública incondicionada. Em contrapartida, na lesão culposa, a ação penal é pública, mas condicionada à representação do ofendido.

Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:

Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.

Parágrafos e incisos alterados pela lei 12.971/2014

§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:

I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;

II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;

III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;

IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.

§ 2o Se o agente conduz veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência ou participa, em via, de corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente:

Penas - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor

BEM JURÍDICO: A vida humana.

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SUJEITO PASSIVO: qualquer pessoa

Praticar homicídio culposo (mesma estrutura do Código Penal) – inobservância do dever de cuidado objetivo – negligência, imprudência ou imperícia.

Vamos agora falar de uma polêmica

POLÊMICA: PERDÃO JUDICIAL.

1ª corrente: não cabe! O art. 300 do Projeto de Lei do CTB, que o admitia, foi vetado. (FHC vetou esse artigo, pois entendia que o tema é desenvolvido de forma mais abrangente no CP).

Além disso, o art. 291, caput, da lei 9503/97, determina a incidência subsidiária das "normas gerais" do Código Penal e o perdão judicial está enunciado na Parte Especial.

Por fim, nos termos do art. 107, IX, do Código Penal, o perdão judicial só é permitido "nos casos previstos em lei". A causa extintiva da punibilidade é de aplicação restrita aos casos legais.

sim! - STF e doutrina majoritária

2ª corrente (majoritária):

O Presidente vetou o artigo 300, CTB porque era restrito somente a alguns delitos. Entendeu que o CP dava maior amplitude ao benefício.

crimes remetidos

Os arts. 302 e 303 do CTB tratam de " ", hipóteses em que uma norma penal incriminadora faz menção à outra, que a integra, mediante inserção do nomen juris da infração

(Gilmar Mendes)

penal no delito autônomo.

Quando uma norma remete a outra, por intermédio da inserção do número do artigo ou do

impregna-se de todo o seu conteúdo

"nomen juris" do delito, , salvo disposição expressa em contrário.

Logo, admite-se o perdão judicial, sob pena de criar-se uma situação de flagrante inconstitucionalidade, ferindo o princípio da igualdade.

na direção de veículo automotor

Elemento normativo: “ ” - o agente se encontra no controle dos

meios mecânicos do veículo.

De acordo com o STF:

O homicídio na forma culposa na direção de veículo automotor (art. 302, caput, do CTB) prevalece se a capitulação atribuída ao fato como homicídio doloso decorre de mera presunção ante a embriaguez alcoólica eventual.

A embriaguez alcoólica que conduz à responsabilização a título doloso é apenas a preordenada, comprovando-se que o agente se embebedou para praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo. In casu, do exame da descrição dos fatos empregada nas razões de decidir da sentença e do acórdão do TJ/SP, não restou demonstrado que o paciente tenha ingerido bebidas alcoólicas no afã de produzir o resultado morte.

A doutrina clássica revela a virtude da sua justeza ao asseverar que “O anteprojeto Hungria e os modelos em que se inspirava resolviam muito melhor o assunto. O art. 31 e §§ 1º e 2º estabeleciam: 'A embriaguez pelo álcool ou substância de efeitos análogos, ainda quando completa, não exclui a responsabilidade, salvo quando fortuita ou involuntária.§ 1º. Se a embriaguez foi

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§ 2º. “Se, embora não preordenada, a embriaguez é voluntária e completa e o agente previu e podia prever que, em tal estado, poderia vir a cometer crime, a pena é aplicável a título de culpa, se a este título é punível o fato”. (HC 107801, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Relator(a) p/ Acórdão: Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 06/09/2011).

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