tivos
tivos”” numanuma maquinamaquina auto-reguladaauto-regulada dada produgao produgao ee aa taxataxa dede juros juros no
no Deus-ex-machina Deus-ex-machina dodo movimentomovimento dada produgao produgao capitalistacapitalista Um
Um ““deusdeusmenor menor ”” concebidoconcebido para para regular regular umauma VmaquinaVmaquina desre- desre-gulada*'
gulada*' ee queque sese revelarevela impotenteimpotente anteante aa forgaforga destruidoradestruidora dede umum sistema
sistema emem expansaoexpansao esquizofrSnica.esquizofrSnica. OO lucrolucro comcom origemorigem nana mais- mais-valia
valia queque requer requer aa ““unidadeunidade dasdas orbitasorbitas”” torna-setorna-se umauma ficgaoficgao porque porque o
o movimentomovimento realreal dodo capitalcapital asas separa.separa. OO jure jure comocomo prego do prego do capicapi- -tal
tal e-ae-a manifestagaomanifestagao dodo “fetiche“fetiche”” queque naonao pode pode medir-semedir-se nemnem regu- regu-lar-se
lar-se aa sisi mesmo.mesmo. OO realreal (do(do capitalismocapitalismo contemporSneo)contemporSneo) naonao ee racional,
racional, ee apenasapenas inteligivel,inteligivel, negandonegando aa suasua ““razaorazao”” teoricateorica ee his- his-torica.
torica. OO irracionalirracional emergeemerge ee fazfaz valer valer outrooutro poder. poder. OO poder poder dodo Estado.
Estado. Nao Nao oo Estado-RazaoEstado-Razao dede Hegel,Hegel, masmas oo seuseu contrario:contrario: aa Razao
Razao dedeEstado.Estado.
23.
23. EmEm materiamateria dede modelosmodelos formats formats prefiro prefiro osos queque tomamtomam aa ‘‘taxataxa dede
juros
juros”” comocomo Deus-e Deus-ex-machx-machina,ina, ja ja queque pelo pelo menosmenos saosao passiveis passiveis dede umauma inter- inter- pretagao
pretagao ironicaironica comocomo aa queque RicardoRicardo TolipanTolipan acabaacaba dede fazer fazer emem seuseu ensaioensaio
‘
‘‘‘CapitalCapital C'TaxaC'Taxa dede JurosJuros emem SraffaSraffa””,, aa ser ser publicado publicado emem PesquisaPesquisa ee Plane-
Plane- jamento
jamento Econdmico, Econdmico, margomargo dede 1979.1979. Naturalmente Naturalmente queque emem mat6riamat6ria dede ‘‘‘‘eco-
eco-nomia
nomia poli'tica poli'tica”” prefiro prefiro Schumpeter,Schumpeter, KeynesKeynes ee KaleckiKalecki queque nuncanunca tomaramtomaram aa taxataxa dede juros juros comocomo centracentra dede andlise mas,andlise mas, pelo pelo contrario,contrario, aa submeteramsubmeteram && determinagao
determinagao dede movimentomovimento dodo capitalcapital nana concorrSneiaconcorrSneia intercapitalista.intercapitalista.
MARX
MARX
E
E
A
A
DEMOCRACIA
DEMOCRACIA
(O
(O
JOVEM
JOVEM
MARX MARX LEIT LEITORORDE
DE
ESPINOSA)
ESPINOSA)
M
Ma r i l e n aa r i l e n a CCh a u ih a u i**
11
f\
f\ RELAgAORELAgAO DODO PENSAMENTOPENSAMENTO dede MarxMarx comcom aa democraciademocracia 66 con-
con-tro^rtido,
tro^rtido, comocomo atestamatestam asas divergencias entredivergencias entreosos interpretesinterpretesdada obraobra marxiana
marxiana nessenesse assunto.assunto. ParaPara alguns,alguns, MarxMarx abandonaabandona aa perspectiva perspectiva democratica
democratica aa partir partir dodo momentomomento emem queque abandonaabandona asas questSesquestSes po- po-li'ticas
li'ticas pelas pelas sociais,sociais, dede sortesorte queque aa democracia,democracia, nana qualidadequalidadedede abs- abs-tragao
tragao poHtica, poHtica, cedecede lugar lugar aoao tematema ee aa pratica pratica dodo comunismocomunismo revo- revo-luciondrio;
luciondrio; para para outros,outros, oo mesmomesmo abandon©abandon© devedeve ocorrer ocorrer aa partir partir do
do momentomomento emem queque MarxMarx passa passa dada filosofiafilosofia para para aa crfticacrftica dada eco- eco-nomia
nomia politjca politjca ee particularmente particularmente quandoquando descobredescobre oo segredosegredo dada so- so-ciedade
ciedade civilcivil (burguesa),(burguesa), istoisto e,e, oo modomodo dede produgao produgao capitalista.capitalista. Alguns
Alguns consideramconsideram naonaohaver haver propriamente propriamente abandonoabandono dasdas preocupa- preocupa-goes
goes democrdticas,democrdticas, masmas transigaotransigao delas,delas, enquantoenquanto exclusivamenteexclusivamente politicas,
politicas, para para asas comunistas,comunistas, enquantoenquanto concregaoconcregao socialsocial queque subor- subor-dina
dina aa esferaesfera politica politica comocomo umum dede seusseus momentos'momentos' particulare particulares.s. En- En-fim,
fim, para para outros,outros, haha continuidadecontinuidade entreentre asas tesesteses democr^ticasdemocr^ticas dodo
** ProfessoraProfessora dede HistoriaHistoria dada FilosofiaFilosofia ee FilosofiaFilosofia PoliticaPolitica dada FaculdadeFaculdade de
jpvem,Mai* e as comunistas do velho Marx, pa inedida em que b ,
inetrca decisivadas primeiras, pelo metios desde aCritica da Filoso- jia do Dirfdfo de Hegel, e a critioa de duas abstra^oes gdmeas — o estado 'soci^ade civil — em nome da socializag&o da pblltica. Mudari^m os sujeitos da democracia — no joyeiri Marx da Cntida, o “ povd rbal”, no Marx do Manifesto, o profetariado como classe i^iversal revolu^on^a — ) nao mudaria a finalidade — ultra-* passw o formafismo.juridico da democracia burp;pesa pelo
materia-|i^o
social da'democracia comunista^.A -hipdtese 'de continuidade 6 tentadora pelb mcnos por dois Piotivos. Em primeiro lugar, porque se considerarmos comosintese ■'das pieodupa^des do jovemMarxna Critica da Filosofia do Direito de Hegel e na QuestSo Judaica, a concepgao apresentada na Tese nP10 Contra Feuerbach — “O ponto de vistadomaterialismoantigo
'•e asociedadecivil, pdo materidismo modemo, a sociedade humana
ou humanidade social” — , entao,a id6ia desenvolvida na maturidade sobre o tcino da liberdade e da igualdade concretas como advento da histdria humana, isto
6,
depois que o sujeito “o capital” e seus predicados ‘*ocapitalista” e “o oper^io” tiverem 'desenvoMdo todos os seus pressupostos para que em seu lugar suija o yerdadeiro su; jeitb, o homem social, por mais que iniplique uma reviravblta coippleta face ao comunismb tiumanista da juveii tude guarda urn jjonto que ]ieranuclear neste Tiltimo, qual seja, o do homemcomo1. Cf. Maximilien Rubel — Marx critique du Marxisme, Paris, Payot, 1974; Michel Lowy — La Tkiorie de la Rivoluthn chet.le feune Marx,Paris, M^spero, 1970; Shlomo Avineri, — The Social and Political Thought of Karl Mari, Cambridge, The University Press, 1968; Jean Hyppolite — Etudes^sur Marx et Hegel, Paris, MarcelRiviSrc et Cie., 1965;'G. Mende — Karl Marx Erifwicklung von Revolutionaren .Demokraten zum Komuniste, Berlim, Dietz yeriag, 1960; piaude Lefort — As Formas da Histdria, SSo Paulo,. Editora Brasiliense, 1981; Claude Lefort — ^Invention Dimocratique, Paris, Fayard, .^1980; Herbeit Marcuse — Reason arid Revolution-Hegel and the Rise df
Social-Theory, Boston, BeaconPress, 1960; Bert Andreas — Marx, Engles et .la gauche hegelienne, Milao, Giaccomo'Feltrinelli, 1964.
2. Stobre as,abstrafSes — o homem a liberdade, a igualdade, a.prpprie- — do modo de produ$ao capitalista, suareflexSo, nega$ao da negagSo e passagemao reino da liberdade — o comunismo como histdria e como. humanismo real, vcja-se Rny Faiisto -r Dialitica marxista, antropologismo e antiantropologismo, in Revista- Discurso, n.° 8, SSo Paulo, 1978.
258
agente-padente de^sua prbpria histdria e, portantp, da exjstfincia social e da pr^tica politi ca. Em outras palavras, a afinnagao da CHtica da Filosofia do Direito de Hegel, segundo a qual “6 o povo quern cria a.-lejc nao a lei que cria-o povo”, a,do Terceiro Manus^
crito Ec,ondrrdco-Filosdfico de 1844, segundo a qual *‘umscr s6 se considera autbnomo quando d ^nhor si mesmoe s6 6 senhor d^ siquando deve a->imesmo -seumodo de existincia**®, e aafirma^So do fragmento (Ja se^ao VII do livro III de O Capital, segundo.a qual “naverdade, o reino da liberdade comegasomente a partir do mometito em que cessa b trabalho ditado pela necessi,dade e ps fins exteraos; situa-s.e, portanto,, por sua'prbpria natureza, para al6m da esfera material propriamente dita (-..)■ Nesse dommio, a liber-daite s6 pode consistir no seguinte; os produ tor'es as^ciados o homem socializado.regulam de maneira racional suas trocas or-g&nicas com a-natureza e as submet^ ao seu contrple comum, em lug^ de serem dominados pela pot^cia'‘cega dessas -trocas
(...).
Mas o imp6rio da hecessidade nao deixa-de subsistir. fi para alem que comega o des^brochar da potfinc ia humana que e seu. prbprib fim, o verdadeiro reino da liberdade ^ Isao afiimagoes cuio’g pressupostos sao diferentes e cuio d^envolvimento conceitu^ e tam- b^m diferente, mas que possuem Ta mesma finalidade: a autonomia oq auto-emancipagao pela critica e supressao prdtica da .heterono-niia (teglogia, alienagao, propriedade privada e dinheiro, nq jovem Mar^; modo de prbdugao capitalista, fetichismo da mercadoria, luta de classes, no velhoMarx)..
Em segundo lugar,, a continuidade 6 tentadora porque, em 1869, o Programa de Eisenach (dos marxistas no partido sOcial-deniocrata alemao)' e, em 1875, B.CrUicaido.PTograma de Gotha recolocam a democracia em discussao e neles 6 possive l perceber .a presenga dos temas da Questdo Judaica. particulannente .Critica'do Programa
deGotha.
O item 4 do Programa de Eisenach declara: “A liberdade po-litica e a condigao mais indispensAvel da.emancifiagao econbimca
3 Murx __ Manuscritos Economicos-Filos'dficos, Terceiro Manuscrito — saoPaulo, Abril Cultural, 1974, p. 20. Tradu^ao Ios6 CarlosBruni.
4. Marx — Le Capital, in Oeuvres de Karl Marx. Economxe, vol. 11, fragmcnto “Enmani^re de conclusiori",Paris. Pldiade, 1968, p. 1486.
das classes trabalhadoras. A questao social i, pois, insepar^vel da questao politica, a solu9ao da primeira esti ligada a da segunda e nao e possivel senao num Estado democritico” Comparado a Critica da Filosofia do Direito de Hegel e a Questao Judaica, evi-dentemente o Programa de Eisenach apresenta duas grandes
dife-ren?as: por um lado, seu sujeito riao e o povo da CFDH nem o homem generico da QJ,mas os trabalhadores, c estes nao aparecem, como na Introdugdo a CFDH, recebendo passivamente a teoria libe-radora, mas como autores de sua prdpria emancipafao; por outro lado, e, sobretudo, no PE a emancipa9ao politicanao 6 a finalidade, como na CFDH, neme descartada como ilusoria, como na QJ, mas e posta como condigao para a emancipa9ao economica. Sem du-vida, numa perspectiva marxista, o que e posto como condigao ope ra como pressuposto e o desenvolvimento histdrico e supressao do pressupostb, gramas h. sua reflexSo. Nesse sentido, o lugar ocupado pela democracia na CFDH e no PE e semelhante, pois o segundo, tendo comohorizonte um alem do Estado democratico, posto apenas como condigao politica da emancipa^ao economica e social, reen-contra a tese da primeira, isto e, a supressao do Estado politico pela democracia.
£, todavia, na Critica do Programa de Gotha que a situa^ao da democracia melhor se oferece. Em primeiro lugar, alem da cri tica ao lassallismo do PG, Marx o critica de tal modo que a critica alcanna tambdm o PE, pois o considera a expressao “questao social” umeufemisnio burgu^s paraa luta de classes e analisa os itensdo
PG
considerando-os “ladainhas democraticas” no melhor estilo dos par-tidos populates burgueses Csufrdgio universal, direito do povo, mill-cias populates, legislagao direta, instrugao dada pelo Estado), e que eram exatamente as reivindicagoes de 1869 (cablveis apenas num pals como a Alemanha, em atraso face aos demais palses capitalis-tas). Porem, os pontosmais altos daCritica do Programa deGotha
sao as discussoes sobre a natureza do direito (I, 3) e do democra-tismo (III e IV).
A critica k concepgao burguesa do direito, mantida pelo PG, ultrapassa a que fora feita na QJ. Nesta, a divisao entre o
“ho-5. Programe des marxistes, Eisenach 1869i in Marx, Engels — Critique des Programes de Gotha et Erfurt, Paris, Editions Sociales, 1972, p. 145.
mem” e o “cidadao”sob a figura do burguis (isto6, da pessoa como proprietdrio egolsta e da sociedade como civil, aglomerado mond-dico), comandava a analise, marcando, como na CFDH, o vinculo necess^io entre direito e propriedade privada. Em contrapartida, na Critica do PG, e ovinculo entre direito e trabalho quee discutido,
Marx afirmando que tomar o direito do ponto de vista determinado do trabalhador e uma abstra§ao que recai no direito burguis. Em outras palavras, uma emancipagao social e politica'que tome o tra balhador enquanto trabalhador (do modo de produgao capitalista, proletdrio) conserva a divisao burguesa constitutiva da sociedade civil: “o direito igual e, pois, aqui, em seu princlpio, o direito bur guis'' e, pior ainda, nasua forma anacronica, pois 6 tornado a partir
do trabalho como medida, quando o modo de produgao capitalista fez da mercadoria o criterio da medida. Os aspqctos mais inte-ressantes da critica de Marx estao na retomada da questao politica cldssica da igualdade como devendo ser posta por um metron social ou pela medida dos equivalentes, sendo o direito a igualizagao dos desiguais por meio de uma nova desigualdade, por6m justa, mas que para se-lo exige aquilo que o Programa d^ Gotha nao percebe, isto 6, que o trabalho tenha mudado inteiramente de forma, de conteudo e de sentido para conv ter-se em medida de justiga numa palavra, o que propoe o fragmento da segao VII do livro lH de O Capital. Assim, um elemento decisive das discussoes demoerd-ticas, desde a antiguidade, — a liberdade politica como medida da igualdade dos cidadaos — e retomado por Marx sob a perspectiva social do comunismp, isto 6, a emancipagao do trabalho € condigao e nao finalidade do reino da liberdade (o que toma radical sua cri tica a Lasalle, como na juventude fora radical a critica ao
comunis-mo grosseiro).
A critica ao democratismo do PG nao se limita a mostrar que as reivindicagoes estacionam nos limites burgueses do “estado demo cratico” e do que “6 permitido pela pollcia e proibido pela Idgica” mas atinge o cerne do problema porque critica a concepgao de “li berdade” presente no Programa. Com efeito, este invoca o “livre
6. Marx, Engels — Critique du Programe du Gotha, in Marx Engels — Critique des Programes de Gotha et Erfurt, op. cit., p. 45.
fundamento do Estado”-e Marx cpmenta essa expressao mostrando
que ela reafirma a ideologia burguesa-do Estado como organismo separado da- spcied^de civil e a ideologia alema do Estado tutelar e demitirgico, pois o Programa reivindica o que J»iarx considera-uma atrocidade extremamente prejudicial prdxis proletdri^: a educa^ao •pelo Estado e as cooperativas de trabalhadores sustentadas pelo Es tado. *0 PG 6 incapaz de perceber que “ a liberdade consiste em tfansformar o Estado,'organismo-posto acima da sociedade, em Um organismo inteiramente subordinado a ela (...), emlugar de.^atar a sociedade presente (e isto vale para toda sociedade futura) como jundaniehto do Estado presente (ou futuro para a sociedadefutura), tf ’Programa tlaia o Estado como redidade independente possuindo seus pfdpribs fundamento^ iht'electuais, morais e livre^
’
Acon-clusap d^Criticti do PGserd a afirma§ao-da necessidadede umafase de trarisigdo ha qual sd instala a ditadura revoluciondria do proleta-■riado, encarregada de subordinar o' Estado as necessidades socials, no‘momentd em que o novo ainda est^ emergindp dos escpinbros dov'Velhp. Essa cbnclusao, que marca a distincia definitiva enti^ o jovem e, o yelhb Marx, no entanto, prpvdm de uma andlise'que‘
fo'fa efetuada com todos os detalhes na CFDH, isto 6, a dndlise da inversao Wistica-mistificadora Ppferada. por Hegel, que atribuira ao Estado “fun^mehtos intelectUais, morais e livres”' (restando saber o queMarx'pensaria dds'atuais regimes socialistas,...) Na CFDH_,, a fesposta de MarX k-transcenddiicia ou univers^idade abstrata do ^Estado era adeinocracia. Na Critica
do
PG, a crftica do democra-tisqio reencontra, por outras vias, o problema anterior que^ demo-cracia'enfrentava no texto de juventude, isto €, tendo demonstrado a.ficcao da uniyersalidade poUtica tentada por Hegel, mostrando os particplarismos que defini^ cada um dos “m.ediadores” hegelianos (mona^a, burocracia, aristocrada fundiaria, coipora9oes), o jovem^Mani wnbima qiie o “o Estado constitucional € o Estado^da pro-'
priedade privada’, mas sua definipao da democracia como verdade
da relagao entre sociedade e.polftica retomava apenas pelo angulo da autocqnsciencia a questao posta pelo Estado constitucional, cri-tkado agora no democratismo de Gotha, k luz da luta de classes.
7. Idem, ibidem, p. 43. 262
Em resumo, a tenta^ao de estabelecer uma continuidade entre o humanismo democrdtico e comunismo humanista juvenis
eoco-munismo revoluciondno da matimdade ^dv6m das duas descobertas principals,do'jovem Mar^ no-campo da, polftica: a da determinapao;
spcial do poder (que,o levava a declarar a democracia’ “o enijhia..
resolvido de todas as constituipoes) e a da polftica .como .esfera particular da vida social genbrica (que o levava.a declarar o co
munismo “o enigma resolvido da histdria que se .conhece como. essa solupSp”).
Sem"^dlavida; sao ponderdveis os argumentos sobre a r-yptura na obra de Marx — seja a ruptura polftica-no contato com os movi-mentos proletdrios, a partir de,1844, seja a ruptura tedrica.com a descoberta do modo de produoao capitalista, seja a passagem do papel iiberador ’ da iilosofia para o da praxis revoluciondria --r- e
seria ingenuo considerar que 6 simples fato Critica da. Filosofia
do
Direito
deHegel
discutir a necessidade da democraciacomo po-‘ Iftica transformada em atividade social e da.Questdo Judaica di^ cutir a auto-emancipa^ao do homem gendrico^pela passagem da sociedade civil k condigao.de sociedade.seria suficiente para desfa-zer a enorme disttocia que separa as primeirasidbfas de,Marx das liltimas. Essa discussao, que nao € nosso-intentd reali^ar aqui, po-deria, entretanto, coriduzir a certos temas inesperadoS) freqiiente-mente negligenciados pelbs exegetas do marxismo. A.'tftulo de exeniplo, mencionaremos apenas um texto que ainda nao vimos su-ficientemente comentado pelos intbrpretes.Sabemos queMarx_ criticard, a partiV do 1844,'as vdrias moda-lidades de comunismo existentes nos movimentos pperdrios: o' co munismo grosseiro (baseado na inveja e no desejo de le^essao ap “homem pobre”, ampliando a categoria de opefdno para todos', em lugar de suprimi-la, uma “forma fenom6nica. da infdmia da pfoprie-dade privada, que se quer instaurar como'coletividade posidva”, diz 6 Terceirb Manifesto Ecofidniicd-Filosdfico) , o comunismo de natu-reza'^polftica, democrd^ca ou despdtica (que pretende superar o Es-' tado,. mas ainda preso k aliena^ao da propriedade privada, nao ten do ainda compreendido a natureza humhna do carOcimehto, apreen-dendo seu conceito, mas nao sua essSncia), o comunismo filosdfico (suficiente para abolir a idSiq da propriedade privada, mds nap sua realidade) e o comunismo utdpico (que b nostilgico-e nao procura
a superagao da propriedade privada a partir de suas contradi^oes presentes). Essas criticas operam a partir das analises sobre a alie-na?ao, a essSncia da propriedade privada, do dinheiro e de seus re-sultados, a sociedade civil ou burguesa, assim como sobre a passa-gem da abstragao alienadora — “a sociedade” — para a ess6ncia humana concreta — o homem como ser e vida socials — , de sorte que o comunismo e “superagao positiva da propriedade^ privada en-quanto auto-alienagao do homem, e por isso apropriagao efetiva da
essencia humana atraves do homeme para ele;retomo acabado, cons-cientee que veio a ser no interior de toda a riqueza do desenvolvi-mento at6 o presente. Este comunismo 6, como acabado, natura-lismo= humanismo, como acabado humanismo = naturalismo; 6 a verdadeira sOlugao do antagonismo entre o homem e a natureza, entre o homem e o homem, a resolugao definitiva do conflito entre essdncia e exist^ncia, entre objetivagao e auto-afirmagao, entre ne-cessidade e liberdade, entre individuo e gSnero” Numa palavra, enquanto acabado, isto e, desenvolvido, o comunismo 6 reconcilia-gao entre o ind;viduo e o ser generico (Gattungswesen) e entre os proprios individuos como seres comunitarios (Gemeinwesen), gra-gas a realizagao da essencia social do homem que, agora, se sabe produtor e produzido pela Vida social.
Ora, o surpreendente e raramente analisado pelos comentado-res e que o comunismo assim apresentado pelo jovem Marx nao e ainda o reino da liberdade. fi uma etapa ate ele. “O comunismo e a posigao como negagao da negagao e, pois, o momento da eman-cipagao e recuperagao humanas, momento ejetivo e necessdrio para o movimento histdrico seguinte. O comunismo 6 a configuragao necess^ria e o principio energetico do futuro prdximo, mas o comu nismo nao d, como tal, o objetivo do desenvolvimento humano, a configuragao da sociedade humana”®.
Sem duvida, pode-se argumentar que esse texto pertence ainda a fase ,do humanismo filosdfico, que Marx ainda nao elaborou o ^conceito de praxis revolucionaria e nem, muito menos, o de modo de produgao capitalista. Que sua analise estando ainda presa & da
8. Marx — Manuscritos.. op. cit., p. 14.
9. Idem, ibidem, p. 22.
alienagao, .a da propriedade privada edo dinheiro, ^ id6ia de eman-cipagao do genero humano pela parte “sofredora” desse genero (o proletariado como base material passiva que recebe a consciSncia vinda de fora, trazida pela atividade espiritual ou pela teoria), o conceito de comunismo ainda nao poderia ser claramente compreen-dido como resultado do desenvolvimento e da supressao do capita-lismo, permanecendo apenas como negagao da negagao e ainda nao sendo plena afirmagao de uma nova ordem.
No entanto, quando levamos em conta a critica do economi-cismo presente na concepgao do direito no Programa de Gotha e sobretudo o-fragmento da secgao VII do livro III de O
Capital po-demos indagar se essestextos, al6m de serem aresposta para os pro- blemas da superagao do homem abstrato como zoon politikon {CFDH, QJ) e como animal laborans (Manuscritos de 44), nao
reafirmariam o texto paradoxal do Terceiro Manuscrito. Afinal, a segao VII declara que o reino da liberdade comega depots que os produtores associados regularam as trocas sem fetichismo e sem alienagao, isto e, sem heteronomia.
Ou, se se quiser, depois que se cumpre a reflexdo capitalista, fazendo o homem atravessar a negagao de si (na existSncia parti cular contr^ria a si; burgues, operdrio) porque ele 6 apenas pres-suposto pelo modo de produgao capitalista que o faz passar nos seus contrdrios determinados (nao homem, nao cidadao, nao livre, nao igual, nao pensante ), a revolugao comunista o faria negar essa negagao e o comunismo seria, agora, o pressuposto para que o ho
mem, como essincia humana, seja posto com determinagoes positi-vas, e portanto, como livre, igual, pensante, cidadao etc. Neste caso, ainda que nao fosse possfvel retomar a tese juvenil do comu nismo como etapa para o reino da liberdade e da igualdade, por-quanto, agora, ele seria o pressuposto delas, no entanto, o que se poderia retomar 6 uma outra tese da juventude, qual seja: assim como no modo de produgao capitalista a sociedade 6 sociedade civil (portanto, burguesa ou nao sociedade) e a democracia4 estado de-mocrdtico (portanto, juridico-formal, nao democracia), no comu-nisnio a sociedade seria social e a democracia, democrdtica, os pre-dicados e os sujeitos finalmente identificados numa realizagao his-tdrica concreta da liberdade e da igualdade humanas que o jovem
Marx buscarae que o fizera considerar o comiinismo a mediagao e nao o'fim.
Por6]ji, mais sigi^cativas. para essa discus'sSo politica seriaim as andlises da revotu9ao’'de 1-848'e Sbbfetudo da Conmna de Paris. A primeifa, como limiteda rfepdbUca biurguesa ou como verdade do Estado doristitucional^enquajltd “maquifia de guerr^ do capital con tra'd.trabalho”,-levando ks ultimas conseqiiSricias, na pi^ica, aquilo que, na teoria, a CFDH expusera. A segunda, c6mo “^assalto ao c^u” que, no entanto,-trouxe .uma altera^ao profunda ,ap
isto 6, a certeza de que nao basta tomar o Estado burguSs consti-tjifdd, mas 6. preciso destrui-lo como “condigao primeira de toda revoluglo gopidar real”.
A .Comuria, criagao de uma republica que nao visava apenas a abolir'^ a fonna m'ondrquica da dominagao de classe, mas a pf6- pria dominagao de classe, comegahdo pela aboligao desse imenso drgao parasita e^ repressive — o Estado centtalizado, burocratico e militarizado — se realiza como revolugao politica e ibstauragao demoerdtjea. As’^crfticas de Marx ao fomaUsmo do estado demo-cratico. enconltam-se efetixadas pela prdtica^ dos..“communards”: su- pres^p do ;ex4rcitb permanente, supressao do parlamentarisipo pelo estabelecimento da elegibilidade, do mandate imperative e revog^vel dos repfesentantes e, Sbbretudo, desti^gao da “republique pr^tre”,
istp a, da .burocracia, pela ^eigao"dos administi’adores e por seu saiarjo,no nlwl do “salarip operario”. A Comima, na interpreta-gao deMara, des.trdi a democracia burg u^a pela instauragao da de-mobrgeia tout court,isto a, tal como a definita a CFDH, poder real :do,povo red que faz e executa a lei.
Mais do que isso. Se nos lembrarmosde quena CFDH Mara criticava a jmpossibilidade de Hegel para resolver ’o probleina da
representagao politica (representagao inexistente na CImara Alta, “medieval”, encamagao de si'niesma;-representagao invi^vel.^para a Gamara Baixa, ‘’modema”, porque a mobilidade, a particularidade
dos’interesses e o nlimero impossibilitam k “classe formal” represen
tor tpdo o povo e a simesma), a Comima 6 a respostademocrdtica (prol^tOija popular) a, essa impossibilidade burguesa, na medida em que “nao era um orgaijismo parlamentar, mas o corpo ativo, executivo.e legislative ao mesmb tempo”. Govemo dos homens e
266
administragao das coisas; a Comuna^ e a “forma politica enfim en-contrada” pela revolugao pfoletOria. Se a democracia € o “enigma resolvido de todas as constituigoes”, a.Comuna e o enigma resolvido da prbpria democracia’ o Gemeinwesen'que revolugao burguesa
al-guma f*oderia realizar. Como supressao do Estado, a Comuna efe-tiva uma-forma social da politicana qual esta illtima ociipa o lugar que Mara Ihe atribuira: esfera particular da atividade social ge-n^rica.
Nao 6 nosso intuito discutir a diferenga entire as id6ias da ju-ventude e da maturidade de Marx. Nossa preocupagao, bastante limitada, estarO voltada apenas para alguns aspectos do 'conceito de democracia na Critica da Filosofia do Direito de Hegel e, mesmo aqui, nossa an^ise tamb6m seri limitada, buscando apenas acompa-nhar a presenga de algumas iddias de Espinosa nessa elaborqgao. do jbvem Mara.
n
Entire os marxistas, costuma-se invocar Espinosa contra Hegel quando se pretende encontrar um predecessor ilustre para o pensa-mento de Mara, seja porque o espinosismo funcionaria como um antidotb contra b misticismo dialetico, seja porque a defesa da de mocracia por Espinosa iluminaria, a critica de Mmit kfilosofia politica he^liana^^. Embora essa segunda hipbtese nao seja descabida,
10. Essa hipdtese 6 levantada por .Maximilien Rubel, op. cit. “Marx
encontrou em Espinosa o que havia verdadeiramente. pedido a Hegel, ou ao Rousseau do Contrat Social:.a possibilidade para o individuo de reconciliar' a existencia social e o direito natural, possibilidade que-a carta dos direitos do homem e do cidadao nao concedia senao em virtude de uma fic^ao juridica. O Traiado de Espinosa 6, a esse respeito, inequivoco: “A democracia nasce da uniao de homens gozando, enquanto sociedade organizada, deum direito soberano sobre tudo o que estd em seu-poder”.” p. 173. Quanto ao‘espino sismo de 'Marx, Althusser foi, depois de *Plekhanbv, quern levoU mais ,longe a identificagao (cf. Pour Marx e Lire le ^Capital), embora acabasse numa Autocritica a esse respeito. Althusser interessou-se particularmente pela con-cepgao espinosanada verdade como index sui et falsi (o que, na realidade, nao 6 anti-hegeliano, pois Hegel desenvolve- essa concepgSo espinosana), pe)a
cremos que a busca de uma tradi^ao de pensamento nao-hegeliana para a obra de Marx pode ter como conseqU^ncia a anulaqao do papel decisive da dial6tica de e em^arx podendo levar, por
cxem- plo, a abandonar a contradigao pela oposi?ao real ^antiana (como em Colletti) ou pela “causalidade estrutural’' supostamente espino-sana (como em Althusser). A16m disso, tal procedimento arri^a-se a neutralizar o trabalho do pensamentode Marx conquistandoseu campo proprio de expressao, substituindo-o por um mosaico mec^-nico de “influfincias” variadas.
pelo menos duas objepoes de vulto ^ tentativa de encontrar iddias espinosanasna obra de Marx — ainda que do jovem Marx, na dpoca em querealizava a critica filosdfica da religiao e da politi-ca e em que passava gradativamente, no conlato com os movimen-tos oper^rios, do humanismo democrStico para um comunismo filo-sdfico e deste para o comunismo propriamente dito.
A primeira objegao, mais imediata, 6 a de que o espinosismo 6
uma filosofia da afirma^ao absoluta, recusando qualquer estatuto ontoldgicoe epistemologico k negagao — coisa que Marx nao igno-rava, pois era o leitmotiv da critica hegeliana a Espinosa e porque conhecia acarta 21 de Espinosa aBlyenbergh, dedicada k critica da
causalidade eficiente imanente, por ele chamada de “causalidade estrutural” e que teria a vantagem de eliminar o expressionismo da totalidade hegeliana (embora o termo “estrutural" nSo seja muito adequado para a imanfencia espinosana)> e pelo fato de a filosofia de Espinosa nao scr uma filosofia da subjetividade ou do sujeito (o que 6 verdade, mas Althusser nao considerou as peculiaridades da antropologiaespinosana, o queIhe teria permitido,se n§o estivesse tao empenhado em negar o humanismo de Marx, perceber que a essSneia humana, em Espinosa, encontra seu ponto real de concresao apenas no final da £iica, depois da dedugao das paixdes eda razSocomo abstragoes, 0 homem estando localizado, exatamente como em Marx, ap6s a passagem pela servidSo). De qualquer modo, 6 grande a tentagao de comparar Espi
-nosa e Marx: os prefScios do TTP e do livro IV da £tica, bem como o ApSndice do livrolea Ideologia Alemd; as cartas a Albert Burgh e a Luis Meijer assim como os capitulos XTV, XV, XVI do TTP e a Introdugao d Critica da Filosofia do Direito de Hegel;os livrosI eV da Fiicae os textos esparsos de Marx sobre a liberdade e a necessidade; o capitulo X do Tratado Politico t as andlises sobre o 18 Brumdrio e a Comuna de Paris etc. Mas uma comparagao, como diz Espinosa, i um conhecimento inadequado,
imagi-nativo e abstrato que apanha semelhangas e diferengas imediatas, sem alcan-gar a essSneiada coisa.
negagao como realidade em si ou para o pensamento Nao ha-vendo negagao, nao dial6tica emEspinosa — nele, como dissera Hegel, o positivo€ intrinsecamente indestrutlvel, a contradi^ao i
con-siderada imposslvel e a substEncia ainda nao 6 s\ijeito, desconhe-cendo a reflexao e o desenvolvimento. No limiar entre a Idgica do ser e a da essencia, prisioneiro do entendimento abstrato, o espinosismoi inerte.
Nao cabe aqui examinarmos a corregao ou incorregSo das inter- pretagoes hegelianas,, embora possamos, brevemente,. lembrar que Espinosa nao recusa a negagao e a contradigao, mas^as pensa como agao reclproca de contr^rios' cuja forga 6 desigual> acarretando a destruigao de um dos termos, al6m de considerd-las um aconteci-mento vindo do exterior e nao prOduzido pela prdpria essSneia sin -gular, ou. melhor, como aquilo que adv6m a,essencia e que ela nao
pode tolerar Queremos, por6m, observar que nao sendo nossa intengaotransformar Marx num espinosano, a objegao nao.impede a -presengade algumasid6ias espinosanas na elaboragaoda critica poll-tica feita pelo jovem Marx. Pelo contrdrio, num pensador que esta-va, na ocasiao, interessadoem apanhar o lastro teoldgico do poder
11. Essa carta foi transcrita por Marx num caderno de notas de 1841, sobre o qual falaremos adiante. O trecho sobre a negagao€ o seguinte: "A
privagao nao consiste no ato de privar, mas pura e simplesmente numa ca-rSneia (simpUcem et meram carentiam), que nada 6 em si mesma; nao se trata senao de um ser de razao (ensrationis), de um modode pensar (modus edgitandi) que formamos quando comparamos as coisas umas com as outras. Dizemos, por 'exemplo, que um cego € um homem privado da visa© porque
o imaginamos sem esforgo vidente por comparagao com outros homens que v8em ou como tempo passado,quando via (...),Mas, se em troca, tomamos sua essSneia atual, a visao nao Ihe pertence como nao pertence &.pedra e
seria contraditdrio que Ihe pertencesse como h. pedra (...) neste caso nao hi a nSo-visao deste homem, como hao hd a nSo-visSo da pedra e 6 precise
falar. aqui em negagao pura e simples (mera est negatio) (...) Em suma, hd privagao quando o que cremos pertencer k natureza de uma coisa & ne-gado dessa coisa e negagao quando 6 negado deuma coisa o que nSo per tence k sua natureza”. B. de S. Opera quotquot reperta sunt, Haia, Van
Vloten e Land, Martinus Nijhoff, 1923, T. Ill, pp. 87, 88.
12. A esse respeito tomoa liberdadedeenviar o leitor a MarilenaChaui — Maumdtica, Experiincia e Politica, in Almanaque, revista de literatdra e ensaios, n.° 9, Sao Paulo; e A -Nervura do ReaUEspinosa e a questdo da Liberdade, tese de livre-docencia, mimeo., USP 1976, cap. Ill, T. II.
politico e em defender uma perspectiva democratica, a companhia dasid6ias espinosanasnao $ impossivel.
A segunda objegao, mais especifica, 6 a de que a filosofia.poU-ticaespinosana 4 jusnaturaliSta e, pdrtantp, alvo das criticas deHegel e Maix ao jusnafuralismo. Alem disso, Espinosa concebe o direito de marieira bastante djferente da de Hobbes, pois julga nao haver ruptura entre direito natural e direito ,civil, aquele considerado uma
abstragad tedrica enquanto pensado ^m a sociedade e a politica, e o dltimo pensado ‘como-forma sdcio-politica do primeiro. Assim,
tanto face a 'Hegel e Marx como face a Ifdbbes, Espinosa^parece pennanecer aqu4m da moderhidade, .uma vez que-tiao trabalha com aseparagao sociedadecivil-Estado,.comoos dois primeiros,nem cpm a Qposigao direito natural — .-;4iieito civil, cdmo o segunda.
Tambem aqui nao* cabe. nos alongarmos sobre as concepgoes espiriosafa&s do direito e da sociedade civil (para'ele, socie4ade poli tica), xonsiderada o momento no qual os hdinens passam’a ter'uiha vida vefdadeiramente humana, “nao d6finida apbnas pela digestao e pela circutagao do sangue”. Entretanto, seria conveniente lembiar
q'iie'Espinosa define o direito (naturale civil) como podQt-(potentia individual e potestas coletiva), o estado de natureza como impotSn-cia ou abstragao (a potentia individual temerosae vitima de todas as outrasque a rodeiam),,o^tS3o civilcomo racionalidade operante' no seio das paixoes ou car^ncias naturals e nao como^roduto de um pacto social racional entre homens livres porque os homens nao nascem liVres, mas se toimam livres, e porque em estado de natureza nao hA libe^dade, uma vez que esta (exatamente como a definira o jovem Marx no Xerceiro Manuscrito Econdtnico-Filosofi- co) e ser autdnomo, senhor de si, autodeterminado e apto para o multiple simult^eo, impossiveis em estado natural. Nao distingue os regimes politicos pelo numero de govemantes nem pelo cardter eletivo ou nao dos dirigentes, mas pela proporcionalidade interna estabelecida entre a potentia dos cidadaos e a potestas politica, de talmodo queatirania€ ausencia de proporgao, a monarquia, despro- porgao, e a democracia, plena proporcionalidade, nela ningu6m po-dendo identificar-se com o prdprio poder, que e incomensur^vel a potentia de cada Tim e de todos somados, cada um “'penhan^cendo livre e, igual, tal como era antes da constituigao da soberania”.
Enfim, seja qual for o regiihe politico, o momento de sua fundagao
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tern como sujeito o povo, que pode alienar seu prdprio poder para um ou para alguns, ou conservd-lo como poder social coletivo ou democratico, asvariagoes dependendo das condigoes,historicas deter-minadas nas quais a fuftdagao. polidca tem lugar, a Cidade podendo nascer do desejo da'vida (fazendo-se livre) ou do temor da morte
(fazendo-seescrava de um oude alguns).
Dado, osentido muito peculiar que possui a Natureza np pensa-mento espinosano ‘(forga infinita imanente autoprodutora e produ-tora dcdiferengas fisicas eanimicas ou- de individualidades e singula-ridades finitas corporal^ e psiquica^ que agem por causalidade eficien-te- im^ente e padecem por fraqueza para realizar essa agao) e a
‘ peciiliaridade de seu “ jusnaturalismo” (a realidade do direito natural
dependendo da constituigao da sociedade politica na qual opera si-multaneamentg como medidado direitocivibe, paradoxalmente, como guardiao da liberdade politica e como ameaga para ela), seria difi-cil enquadrar Espinosa iniediatamente nas criticas de Marx ao jusna; turalismo.
Enfim, um dltimo aspecto que conviria lembrar diz respeito a, duas caracteristicas da democracia espinosana. Espinosa a define como 0 “mais natural dos regimes politicos” (e ]k vimos-como 6 peculiar o “natural” em sua filosofia), pois aldm de' conservar os homens livres e iguais, atendendo os motivos pelos quais’instituem a vida politica, sobretudo e o linico regime que atende ao principal desejo do direito'natural ou da essencia humana enquanto potentia agendi: o desejo de governar e nao ser governado. Em se^ndo lugar, a democracia 4 o unico regime politico dO qual a natureza especifica da politica se realiza, isto e, ela evidencra que a politica e realizagao humana sem qualquer fundamento transcendente (este sendo sempre uma superstigao ou uma mistificagad de origem teolo-gica), de sorte que nela a-liberdade se realiza nao so como algo garantido pelo-regime politico, mas sobretudo como causa da funda
gao politica. Na democracia, contrariamente aos outros regimes politicos, os cidadaos nao- sdo parte da sociedade politica, mas tomam parte nela. Por isso Espinosa a define -como dbsolutum imperium, poder absoluto. Esses dpis aspeetos da democracia — ipstituigaohumana sem fundamento imaginario transcendente e abso-lutum imperium — reaparecem na analise feita por Marx.na Critica da Filosofia do Direito de Hegel: a lei como criagao real do povo
real e o poder como poder real; a “constituigao do povo” e nao o “ povo da constituigao,'’.
Tamb6m vale a pena recordar duas teses que perpassamtoda a filosofia politica de Espinosa. A primeira delas, e a de que. os homens frequentemente nao sabem a quern cabe a soberania, nao por falha intelectual, mas porque a teia das relagoes sociais e poli-ticas sendo tecida com os fios da paixao e daimaginagao,os homens tendem a identificar os ocupantes do poder com a prdpriasoberania. Na CFDH, Marx indaga: “soberania do monarca ou soberania do povo?”, e na Ideologia Alema o tema da dissimulagao da origemdo poder € uma constante. A segunda tese e a deque um regime poli
tico nao deScamba para a tirania, nao se torna, por acidente ou por desvio, tiranico, mas jd nasce dessa maneira. A filosofia espi-nosana recusa a causalidade eficiente transitiva ou mec&nica (para a qual causa e efeito sao termos positives independentes e auto-subsistentes), pois opera com a causalidade eficiente imanente (a causa se modifica num efeito particula» ou se exprime num efeito determinado que a manifesta como seu desdobramento interne neces-s^rio, a causa persiste e existe no efeito). Sendo a causa instituinte de uma forma politica uma causa imanente, cada uma das institui-goes e cada um dos acontecimentos a exprimem de modo deter -minado. Por isso um re^me politico nao se toma tir^ico ou auto-ritario, mas e assim instituido, ainda que no inicio os efeitos da tirania nao sejam visiveis. Donde a critica espinosana ao reformis-mo politico, uma vez que nao basta agir sobre os efeitos para modi-ficar a natureza da forma politica e social, sendo necessario, para muda-la, destruir sua causaoriginaria. Porque os homens costumam
•ignorar a quern cabe o poder e porque a tirania fica dissimulada
apenas em seus efeitos, diz Espinosa, sempre se considera mais f^cil trocar um tirano por outro do que eliminar a causa da tirania. A economia politica burguesa, diria Marx, nao vaialem da substituigao de um tirano por outro. A revolugao proletdria, dird ele analisando aComunadeParis, nao pode apenas tomar o Estado burgues consti-tuido: ternquedestrui-lo.
Nao sendo nosso intuito fazer de Marx um espinosano, esses poucos indicios justificam que busquemos algumas ideias deEspinosa em sua obra, mormente quando nos lembramos do lugar central ocupado pelo pensamento espinosano na filosofia alema, sobretudo a
partir da ^lustragao Goethe assinando vdriosde seus textos como “um espinosista nao-kantiano” e Hegel escrevendo: “ou Espinosa ou nenhuma filosofia”, propondo-se a transforraar a substincia espino -sana em sujeito e faze-la desenvolver-se. Heine chegard mesmo a escrever que “todos os nossos fildsofoscontemporineos olham,talvez sem o saber, atrav6s das lentes que um dia Espinosa poliu” e, mais significativamente,Feuerbach: “Mas o carater, a verdade e a religiao so existem sob■a condigao de que a teoria nao negue a pratica, nem a pratica aiiteoria. Espinosa e o Moists dos livres- pensadores e dos materiaiistas. O panteismo e a negagao da teolo-gia teorica, o empirismo, a negagao da teologia pratica; o panteismo nega o principio, o empirismo, as conseqiiincias dateologia”
13. A discussao que atravessa todo o idealismo alemao sobrea liberdade como autonomia e autodetermina^ao. levando & separaflo entre homem e natureza, consciencia e mundo, sujeito e objeto para garantir a independSneia do primeiro termo face ao segundo, colOcouEspinosa no centre das querelas entre ilustrados e entusiastas e rominticos, os primeiros afirmando o dogma-tismo pre-critico do espinosismo, ateu e filosdficoda necessidade natural abso-luta, incompativel com a liberdade, e os segundos enfatizando o “mergulho” mistico do homem em Deus e na Natureza, o panteismo como integragSo totalizadora cuja expressao mais alta seria o espinosismo. De todo modo, a polemica do Atheismus e o Pantheismusstreit, os combates entre Aufklarung e Schwdrmerei nao sao filosoficos apenas, mas politicos, desde que nao-nos esquejamos de que a Alemanha e um pais teologico-politico. Os combates Jacobi-Mendelsohn, Jacobi-Lessing, Kant-Jacobi, Kant-Svhelling, Hegel-kantia-nos transcorrem num clima semelhante ao que a obra espinosana conhecera na Holanda do s6culo XVII e na Franga do s6cuIo XVIII, suscitando era todos esses casos “uma oposigao passional, comparavel ^uela que pode sus-citar o comunismo'em certas nagoes ocidentais modernas” — Jean-Louis Bruch — introdugao a Kant-Lettres sur la Moraleet la Religion, Paris, Aubier-Montaigne, 1969. No swulo XVII', Leibniz dissera ser Espinosa “Sata encar-nado”, merecendo ser posto a ferros e vergastado at6 Ji morte. No s6culo XVIII, Mendelsohn chamard Espinosa “cao morto”. Ser considerado “espi nosista” era crime e foi para livrar-se dessa acusagao que Kant escreveu O que i orientar-se pelo pensamento? Seria interessante observar que'a obra
espinosana passa por tres.representagoes sucessivas: ateia (s^ulo XVII e
Ilustragao), mistico-panteista (Romantismo — Espinosa, “o homem 6brio de Deus”), racionalista absoluta (Hegel,s6culo XX).
14. Citado por Maximilien Rubel',in Marx d la Rencontre de Spinoza, CahiersSpinoza, n.° I, Paris, Editions' Replique, 1977.
15. Ludwig Feuerbach — Principes de la Philosophic de I ’ Avenir (1843),
Paris, Presses Universitaires de France, 1973, p. 148. £ possivel avaliar o peso dessa afirmagao quando a confrontamos com um texto de 1839, CrU
Mapc menciona Espinosa poucas vezes,. as referencias mais co-nheddas sendo “a ignorSncia nao^argumento” (inspirada no
ApSn-dice do Livro I da jS’f/co que critica as causas finais imaginativas e o
fecursoi vontade divina para explicar o inexplicdvel porque mal conhecido) er o c61ebre dmnis determinatio negatio est
(retirado.da
cart^ 35 da Espinosa a Hudde), embora interpretado por Marx num seritido muito mais hegeliano do que espinosano
-tica da Filosofia de Hegel'. “A Nature za se ergue apenas'contra a liberdade do imagin^rio, mas nao contradiz a liberdade racional. Todo copo de vinho que tomamos em demasia 6 uma prova pat^tica e mesmo “ peripatfitica” que a sujeifSo a paixao revolta o sangue; prova que a sophrosyne gregavai intei-ramente no rumo da Natureza. Sabe>se que mesmo os estdicos, os rigbrosos estdicos, esses espantalhos dos moralistas cristSos, tinham por princfpio: viver conforme a natureza”. PUF, op. cit., p. 56. A iddia de que a libw-dade.so contraria a natureza para a imagina$ao e jamais para a razao 6 a tesecentral de Espinosa. Para ele, a oposi$ao liberdade-natureza-desliza para
a pposifSo liberdade-necessidade e esse deslizamento ocorre porque a imagem da-liberdade,-a imagem da natureza e a imagemda. necessidade possuem con-teddos 'precisos contrdrios ks suas essencias: liberdade, para a imagina^So, significa “ter poder sobre outrem” e “escolher voluntariamente”; natureza! para a imaginasao, significa “sucessacymecanica de causas e efeitos por seme-Ihanga e 'contiguidade*'; necessidade, para a imagina?ao, significa “decreto riecessirib. de origem desconhecida”, “autoridade”. fi o deslizamento da
liber -dade para-adominasSo e d ’a necessidade para a autoridade o-que as opoe.
Para Espinosa a Natureza 6 forga infinita imanente que se autoproduz ap produzir todos os seres; a necessidade 6 o desdobramento interno de uma forpa ou causa imanente; a liberdade,, .forpa interna de autodeterminagSo para realizar o/desdobramento necess^io da essSncia de um ser singular e, sobre-tudo, ^ liberdade do corpo e da alma (e nao apenas desta), definindorse como aptidao para o mdltiplp simultaneo ou para o plural. Nesse sentido, ela-6 a definipao da prbpria democracia como pluralidade simultanea.
16. A? principals citapoes de Espinosa- por Marx encontram-se em: Ca-dernos soFre a filosofia de Epicuro, in Marx-Engels Werke, volume suple-mentqr, Berlim, 1968^, pp. 219, 225, 286; Notas sobre a recente ordem prus-siana sobre a censura. publicada , Anedokt a..., por Ruge, in Karl Marx-•Friedrich Engels Werke Dietz Verlag, Berlim, 1969, Band 1, pp. 7, 9.; O Artigo de Fundo do nP 179 -da Gazetade Coldnia na Gazeta Renana (Der
leitende*Artikep, in Werke, op. cjt;, p. 103; A Sagrada Pamilia. 'm Werke, Rand II, op. cit., pp. 131,135, 139, -141; A. Ideologic Alema, in Werke, Band
nl op/ cit.,.p. 82, ,132 304; Carta de Marx a Adolf Cluss de 30 de
julho de 1852 e Carta de Marx a Lassalle de 31 de maio de 1858, ainbas citadas por Maximilien Rubel, op. cit., pp. 24, 25. A expnsslo omnis de-terminaiio est negatioencontra-se 'na-Criticad Economic Politico, Introdugao: A produfa o, enquanto e•imediatamente idSntica ao consumo, o consume,
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todavia, uma razao ponderavel pwa- acompanharmos a presenga de-Espinosa no .pensamento-de Marx. Em novembro de 1,841, aparece a primeira edigao de A Essincia 4o Cristianismo, de
Feuerbach. Em abril desse mesmo ano, Marx recebera o titulo de doutor em filosofia pela universidade de
lena
com uma tese que infe-lizmente nao chegou at6 n6s por inteiro,A
diferenga entre as jiloso- fias dq Natureza de,Demdefito e
Epicuro Ora, e ainda desse mesmo ano de 1841 um’ciirioso caderno de Marx eni cuja capa seIS: Spinoza Thtologisch-PjoUtischer Tratakt von Karl Heinrich Marx. O “von Karl Heinrich Marx” 6 bastante significativo, pois de fato
enquanto coincide imediatamente com a produgao, chamam de consumo pro-dutivo. Esta identidade de prodii$ao e coii^umo nos leva &'proposifao de
Espinosa: determinatio est negatio”. Abril Cultural, op. cit., p.-115; 'Werke, Band Xin, op.-cit., p. 622. Eem 0Capital'. ”0economista vulgar nunca fez essa simples reflexao; que toda- apao humana.pode ser encarada como uma “abstengao” de seu contrdrio. Comer e abster-se de jejuar; andar 6 abster-se de ficar no lugar; trabalhar, abster-se da ociosidade; ficar bcioso 6 abster-se de trabalhar etc. Estes senhores bem poderiam raeditar sobre esta proposigao de Espinosa: determinatio est- negatio”. Oeuvres, Plliade, bp. cit., T. I, p. 1103. Essa expressao e mencionada por Hegel nas Ligdes de Histdria da Filosofia, no capitulo Espinosa como “a grande fra^se dfc ^pinosa”, mas para logo em seguida comentar: “O entendimento possui determinafSes que nao se contradizem: A negagao da negacao 6 contradigao; ela nega a negaffao; assim ela e afirmagao e, no entanto, ek tamb6m 6 negajao em geral. Essa contradigao o entendimento nao pode suportar, ela e o racional. Esse ponto falta em Espinosa, e nisto estS sua cardneia”. Coment^io retomado na E'd-gica: “Espinosa perman ece'na negapao como determina?ao ou qualidade;' nao vai at6 o conhecimento dessa mesma negagao como negajao absoluta, isto 6, negagao se negando; assim, sua subst^ncia nao cont^m ela propria sua forga absoluta e o conhbeer dessa mesma' subst&ncia nSo um conhecer imanente”. E ainda: “A determinagao 6 a negagao considerada do ponto de vista da afirmagao. £ a prbposigao de Espinosa: omnis determinatio est negatio”. E tamb6m na Enciclopidia I, § 91. £ essa interpretagao hegeliana que encontramos nas citagSes de Marx. Sobre a interpretagao- hegeliana da negagao espinosana veja-se: G6rard Lebrun — La Patience du Concept,Paris, Gallimard, 1972; Kant et la fin de la Mitaphysique, Paris, Armand Colin,
1970; Paulo 'Eduardo Arantes — IJegel:' a Ordem do Tempo, Sao Paulo, Pblis, 1981; Martial -Gu6roult — Spinoza, Paris, Aubier Montaigne, 1968, ■f. L; Pierre Machefay — Hegel ou Spinoza, Paris,'Masp6ro, 1979; Marilena
Chaui — A Nervurado Real..., op. cit.
17. Veja-se a bela edigSo brasileira organizada por Jos^ Am6rico Pes-sanha. Global Editora, Sao Paulo, 1979.
Marx nao copia ou simplesrflente transcreve o Tratado -Teologico- Politico, mas o reescreve: muda a ordem dos capitulos, cortatrechos, encadeia outros com novos conectivos. A16m do TTP, o cademo traz uma sele5§io de cartas de Espinosa relativas a religiao, k polftica e ao infinito
Se considerarmos que, na Questao Judaica, Marx leva as dlti-mas consegii^ncias ideias expostas na Critica d Filosofia do Direito de Hegel ena Introdugdode 1844, entre as quais predomina a criti
ca do carater teoldgico-polltico da pr^tica e da teoria pollticas na Alemanha (que sequer conseguira alcangar a constituigao plenamen-te polltica do Estado, mantendo-o fundado nos pilares do cristia-nismo), a leitura do Tratado Teoldgico-PolUicoe sua reescrita passam a ter um significado importante para a elaboragao do pensamento politico de Marx, nessa epoca. Ousarlamos dizer que, assim como Feuerbach oferece a Marx a possibilidade da critica filosdfica a religiao, Espinosa Ihe oferece a possibilidade da critica filosdfica ^ polltica.
18. O Tratado Teoldgico-PolUico e reescritona seguinteordem: cap. VI, sobre os milagres; XIV, sobre a fe; XV, sobre a razao e a teologia; XX sobre a liberdade de expressao; XIX, sobre o direito no dominio do sagrado; XVIII, sobre alguns ensinamentos politicos derivadosda organizagaodo estado dos hebreus; XVII, sobre o estado hebraico; XVI, sobre os fundamentos do Estado; VII, sobre a interpretagaoda Sagrada Escritura; VIII, sobre os auto-res do Penlateuco; IX, sobre o trabalho de Esdras e a ligao dasnotas mar ginals; X, sobre os outros livros do A.T.; XI, sgbre o papel dos apdsfolos nas epistolas;.XII, sobre a Escritura Sagrada como palavra de Deus; XIII,
sobre a simplicidade dos ensinamentos da Escritura Sagrada; I, sobre a pro-fecia; II, sobre os profetas; II, sobre a vocagao prof^tica dos hebreus; V, sobre as cerimonias religiosas e a f6 nos relatos. Um estudo dessa prova ordem nos daria resultados extraordinarios, pois toma o texto segundo um ,fio condutor no qual historia e interpretagao da historia se cruzam como metodo logico e critico a partir da politica. As cartas transcritas por Marx sao em ndmero de 15: 1 a Blyenbergh, 9 a Oldenburg, 2 a Simon de Vries,
1 a Pieter Balling, 1 a Albert Burgh, 1 a Luis Meijer. Essa selegao mostra que Marx escolheu as cartas de critica a teologia judaico-crista e a metafisica cartesiana, todas elas com implicagoes na sua teoria politica. Nao vamos comentar essas cartas, mas um comentario revelaria que Marx selecionou aquelas nas quais Espinosa critica o cristianismo como suporte do poder teoldgico-politico, excegao para a carta a Meijer, a celebre carta 12 sobre o infinito, uma das mais importantes da correspondencia espinosana.
Ainda no perlodo de jornalismo da Gazeta Renana, pelo menos ties artigos'sobrea liberdade de imprensa e contra a censura mencio-nam o nome' de Espinosa, que escrevera o TTP, como atestam p
sub-tltulo da obra e uma das cartas a Oldenburg (transcrita no caderno de Marx), para demonstrar que a liberdade de pensamento e de expressao 6 essencial para a paz e seguranga pollticas, pois as leis
da censura, nasddas da “sanha dos tedlogos”, longe de garantirem esses dois valores, eilcaminham a repdblica para a violeneia e a irracionalidade e, portanto, para a autodestruigao. Nos artigos de Marx, al6m da' mengao expllcita de Espinosa, “ para quern, a moral repousa sobre aautonomia e a religiao sobre a heteronomia do espl-rito humano” e para o qual, como para Marx, “filosofar e agao da livre razao” encontramos uma id6ia do Tratado Teoldgico-PolUico que, em seu •caderno, Marxredige isoladamente, quase como se fora um aforisma: “Averdadeira finalidade da republica e, pois, a liber dade”. 6u, como ’lemos na Gazeta Renana: “tereis que reconhe-cer que o Estado deve ser construldo nao segundo a religiao, mas segundo a livre razao”®®. E, no caderno de 1841, Espinosa-Marx: “Admitamos que seja posslvel abafar a liberdade dos homens e Ihes impor o jugo a tal ponto que nao ousem sequer murmurar algumas palavras sem o consentimento da autoridade suprema, mesmo assim serd imposslvel impedi-los de pensar o que qudram e como o queiram (...) conseqiientemente, as leis que concernem as opinioes sao dirigidas nao contra celerados (noutro trecho, escreve Espinosa: “os que querem ter a panga e o bau empanturrados”), mas contra homens livres e, em lugar de punir os malignos, irritam aos honestos, nao podendo ser defendidas senao com grande dano e perigo para a republica”
Essa ideia, que servira a Espinosa para argumentar contra a violencia e irracionalidade da censura (pois a marca essencial da polltica e a visibilidade do 'espago social, de sorte que os governados, cidadaos, possam julgar, aprovar, condenar e opinar sobre as agoes
19. Nota sobre a recente.
.
op. cit., loc. cit.20. Der Leitende Artikel... op. cit.,. loc. cit.
21. Caderno de 1841 — Espinosa Tratado Teoldgico' Politico por Karl Heinrich Marx, in Cahiers Spinoza, nP 1, op. cit., p. 45. Marx reescreve em latira de onde fizemos a tradugao, porquanto a versao francesa “moderniza” o texto espinosano levando a vdrios contra-sensos.
dos governantes, sendo a polftica incompativel com a invisibilidade do poder ), tinha como alvo uma forma hibrida da poHtica, ou melhor, aimpossibilidadeda politica como ^fera aut6noma da prdti-ca, pois subordinada ao poder teol6gico, cujo suporte e for?a repou-sam,justameate, na invisibilidade sagrada da autoridade. A critica de. Marx aos censores, k.tibieza dos libeirais,- k subservi&icia dos intelectuais, assim como a critica geral k politica .alema e a filosofia pol;ticahegeliana, retoma o problema da heteronomia politica, t&nto m^or quando nos lembramos do significadq que.os tedricos alemaes haviam dado k revolugao francesa, at6 mesmo quando, como Hegel, lamentavam que nao houvesse cumprido sua finalidade, isto 6, o advento da politica como atividade racional humana sem suportes transoendentes. No.jovemMarx, a critica a heteronomia tinhacomo pressuposto- a confianja que depositava numa politica entendida como exercicio prdtico da razao e, conseqiientemente, na aboli^ao de toda referencia externa e transcendente ao poder. Em resumo, o ataque de Marx,como jomalista e como fildsofo, k monarquia constitucional alema retoma a afirmagao que abre o Teoldgico-PolUico: nao hd
meio maiseficaz para dominar a massa do que- a supemtigao ampa-rada pelo aparelho da religiao e cuja expressao politica 6 a monar quia, na qual os cidadaos, transformados em suditos, sao levados a “adorar os reis como se fossem deuses’\ Na Critica d Filosofia do
Direito de Hegel: “Outra conseqUSncia dessa especulagao mistica consiste no fato de uma unica existencia particular, empirica, oposta ^s outras, ser conoebida como existencia da ideia. Uma vez mais se sente a profunda impressao mistica que resulta de se ver a id6ia dar origem a uma existencia particutar e de encontrar uma encama-gao de Deus (...) Hegel estd interessado em apresentar o monarca como “Homem-Deus”, como verdadeira encamagao da id6ia”
Nessa perspectiva critica, 6 possivel compreender a
peculiar mo-dificagao impressa por Marx na ordem dos capitulos do Teologico- Politico, fazendo-o comegar pelo capitulo VI, sobre os milagres. Na transcrigao de Marx lemos: ‘‘nada prova melhor aos olbos do vulgo
a ^istSncia de Deus do que, subitamente, a natureza nao seguir sua ordem prdpria. Em outras palavras, enquanto a natureza segue sua
22. Kritik des Hegelschen Staatsrechts, in WerkeBand I, op. cit., p. 225; Critique of Hegel's Philosophy of Right, Cambridge, University Press, 1977, p. 24; Criticada Filosofia do Direito de Hegel, Editorial Presenga, s.p., p. 37.
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■ordem,supoem queDeus nSo age e, em contrapartida, quando Deus age, supoem que as potSncias e causas naturals estao ociosas. Por isso o vulgo chama de milagres os acontecimentos insdlitos danatu-reza. Pois o dnico meio de adorar a Deus e referir todas as coisas k sua vontade e ao seu poder 6 suprimir as causas naturals, subyer-tendo imaginariamente a ordem natural; e a potencia de Deusi pelo vulgo tantq mais admirada quanto mais imagina a potdncia da natu reza acorfentada por Deus”'^. O milagre, invergao imagindria da ordem natural dos eventos, nao 6 contranatureza por ser um aconte-cimento extraordindrio; mas porque revela o pressuposto da imagina-gao religiosa e teoldgica, isto 6, a admissao da passividade da natu reza submetida k atividade de uma vontade externa, transcendente,
onipotente e sobretudo insonddyel. Tanto a iraagem est^ril da natu reza quanto a imagem volUntariosa da divindade desdenham o essen-cial,-ou seja, a necMsidade imanente da atividade natural e divina,
pois Deus sive Nature. Se, por sua essSneia (os atributos pensa-mento'e extensao inodificados), a natureza 6 imanente ^ ^ubstancia
infinitamente infinita, por sua potSneia ou causalidade eficiente, a substdneiainfinitamente infinita 6 imanente k natureza — como
de-mostram as proposigoesdo livro I*da Ftica. Todavia, a crenga no
milagre possui ainda outras dimensoes. Fundamentalmente antro- pomdrfica, a imaginagao, isto 6, o conhecimento pdr meio de repre-sentagoes abstratas ou imagens, confunde atividade e arbitrarieda-de, passividade e necessidade, criando-obstdculos poderosos para a compreensao da autbnomia da natureza, da substdneia infinitamente infinita e do homem. Numa palavra, a imagjnagao, enquanto co
nhecimento inadequado ou abstrato, 6 o lugar por excelfincia d^ heteronomia, confundindo necessidade e decreto, liberdade fe acaso
ou capricho. Nada surpreendente, portanto, quando essas. ima^ns regressam ao ponto de onde partiram, isto 6, a imagem do poder, que a vontade do monarca aparega como tendo forga de lei, Na Critica da Filosofia do Direito de Hegel, denunciando as inversoes mistico-imagindrias do sujeito e dos predicados nas ideias hegelianas, Marx dird que Hegel, apos ter acompanhado o processode separagao entre sociedade civil e Estado, os reunifica gragas k vontade do ,monarca, sem contudo demonstrar. a necessidade deste ultimo senao
23. Caderno de 1^41, op. cit., loc, cit., p. 33.
recorrendo a “natureza”, que, milagrosamente, faz algumas criatu-ras nascerem cavalose outras, reis.
Espinosa nao e iluminista — para ele a religiao nao 6 absurda
— nem e especulativo — para ele a verdade e racionalidade da religiao nao se encontram nela mesma. A16m disso, diferindo pro-fundamente de Feuerbach, nao considera, como este, a religiao forma da alienagao da essencia humana exteriorizada e projetada na
essin- cia fantdstica de Deus. Para ele, a religiao cristaliza os efeitos da su'perstigao, que projeta uma imagem do homem numa imdgem
fantdstica
de
Deus; portanto, igualmente distante da essSncia de ambos. Por outro lado, a antropologia espinosana, pondo o homem como modificagao finita de atributos infinitos da subst^ncia, nao 6 um humanismo, como o 6 a filosofia feuerbachiana. A origem da superstigab nao e um erro do entendimento nem uma ampliagao desvairada da sensibilidade, mas a paixao: o medo (de males que advenham ou de que bens nao ocorram) e a esperanga (de bens que advenham e de que males nao ocorram), paixoes produzidas pela dispersao dos acontecimentos cujas causas permanecem ignora-das e pela fragmentagao temporal que os homens nao podem domi-nar. Essa passividadediante de forgas que nao compreendem e nao controlam os leva a invocar finalidades ocultas, a crer numa raciona lidade insondivel enuma atividade externa cujo suporte e a vontade transcendente de Deus, asylum ignorantiae.Inversao abstrata das causas e dos efeitos, do condicionante e do condicionado, ampliagao antropomorfica da imagem humana na divina, o suporte da superstigao e o finalisino: imagina os homens agindo' tendo em vista fins (e nao por agao de causas eficientes imanentes ao desejo), projeta essa forma de atividade na natureza, “fazendo-a delirar com os homens”, e, a seguir, langa essa dupla imagem para -a. divindade, arquiteto, juiz e monarca do universe.
“Tanto e o medo que ensandece os homens”, transcreve Marx em seu caderno. A religiao tern origem heterdnoma — a paixao do medo e da esperanga — e tern uma finalidade heterdnoma — o poderio sdcio-politico.
Eis porque, reescrevendo o TTP, Marx passa do capltulo VI ao capitulo XIV — a distingao entre fe e tazao — , ao capltulo XV — a diferenga entre filosofia e teologia — e dai ao capitulo XX — sobre a liberdade de pensamento e de expressao. A 16 ensina
uma unica coisa: a.obediencia a dogmas e verdades reveladas. Sendo obedidneia, e essencialmente heterdnoma, diferindo da razao, essencialmente autdnoma. A teologia, por seu turno, manipulando textos considerados revelados, ensina a manter a fe, enquanto a filo sofia desenvolve livremente a razao, gragas k forga nativa do inte-lecto (modo do atributo infinite pensamento). Portanto, toda ten-tativa para elaborar uma teologia racional e uma contradigao nos termos, fazendo com que “o teologo enlouquega sem a razao e o fildsofo com ela” — contradigao que, mostrard Marx, perpassa a filosofia politica hegeliana, a inversao do sujeito e dos predicados redundando em misticismo e mistificagao filosoficos. A diferenga entre f6 e saber, teologia e filosofia (diferenga que Hegel nao s6 conhecia perfeitamente, mas sobre a qual escrevera desde a juventu-de), sendo diferenga entre autonomia e heteronomia, faz com que uma politica fundada em pilares religiosos seja tiranica, dird Espino sa, e anacfonica, dira Marx. “A constituigao politica tern sido a esfera religiosa, a religiao, da vida popular eos cdus da sua universa-lidade tem-se oposto a existencia terrestre de sua realidade”, escreve Marx. Enfim, a diferenga entre teologia e politica mostra nao set casual que os regimes teoibgico-politicos pratiquema censura, temam acima de tudo a liberdade de pensamento e de expressao e impegam a paz e seguranga dos cidadaos. Nao e impossivel compreender, portanto, a enorme dificuldade da Filosofia do Direitoface k “opiniSo pdblica” que, segund.o Hegel, deve ser respeitada porque manifesta algo-essencial da politica, mas deve ser desprezada como barb^rie ou incultura politica daninha para o Estado. Enfim, compreende-se por que, na Questao Judaica, Marx discute a posigao de Bauer e considera ilusoria a luta dos judeus pela emancipagao religiosa num estado que e teolbgico-politico e, portanto, no qual sequer a politica emancipou-se, ainda que tal emancipagao seja, ela tambbm, proble-matica em decorrSneia da cisao “homem”-“cidadao” produzida pela sociedade burguesa.
Somente apbs aquele percurso, Marx passa aos capitulos XIX — sobre o direito no campo do sagrado — , XVIII — sobre alguns ensinamentos da politica hebraica — , XVII — sobre o Estado hebraico — e ao capitulo XVI, destinadoa demonstragao da origem e do significado da democracia. Percebe-se por essa seqtiSncia e pela seguinte queMarx coloca no centre de sua reescrita a
democra-cia, fazendo-a anteceder pelos capitulos gbrais sobre a relagao.entre teologia e polftica, que encontra-expressao-nateocracia hebraica, e suCeder pelos capitulos histdricos sobre a constituis§o politica dos hebreus. ^ interessante observar que, logo ap<^s o capitulo 5^VI,
Marx insere o capftulo VII, dedicado k exposi^ao^do ihdtodo
filold-gic0,‘histdrico e crftico de interpretagao da Biblia, ^dtodo oposto ■ao: preconizado pela Escola de Direito Histdrico de“Savigny, contra 0 qual Marx dedicaria um artigo mastendoem comum um aspecto valorizado pelo jovemMarx: a Idgislagao politica sd 6 eficaz quando
’O.legislador conhece a naturezado povo a sj^'ie^slado, as ihstitui-goes procurando ajustar-se hs necessi^ades sociais. Todavia, ponto essencial, Espinosa cpnsideraeSse o casano qual seinstalamregimes politicos nao democrdticos, uma vez que na democracia o povo 6
autOT das leis e das dnstituipoes. Essa id6ia ressurgir^ na Critica da Filosofia do Direito de Hegel.
Nao vamos aqui nos alongar sobre a leiturae reescrita do TTP por Marx, mesmo porque desconhecemos os usos diretos que pbrven-tura delas houvesse feito, mas conhecemos apenas, como acabamos de sugerir, empregos indiretos nos artigos sobre a censura, a escola de Savigny e a filosofia politica de Hegel. Tentaremos simples-mente acompanhar a elaborapao da ideia de democracia na Critica da Filosofia do Direito de Hegel k luz de alguns conceitos espino-sanos a eja subjacentes,. particularmente-'a-critica da politica teoldgica.
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A principal critica deMarx a Hegel, ou h. inyersao mistica dos predicados e do sujeito,se dirige a manqifa como a filosofia politica hegeliana, depois de tentar acopipanhar a separapao,entre sociedade civil e. Estadoj procura suprinli-la por meio da universalidade atribui-da ao segundo, posto como sujeito e como ideia, fazendo com que '
a “necessidade externa” que o prende a familia e k sociedade civil se'convertaem “finalidade imanente” do prdprio Estado. Este. poe a familia e a sociedade civil como suas faces finitas, cinde-se nelas para elevar-se kinfinitude desuaidbia, divide-se para reunir-se, sepa^
24. Das.Philosophische Manifest der historischen Rechtsschule,inWe^ke, Band-I,op clt., pp. 78 a 85.
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fa-se'para retomar a si e ser exatametite o que realmeniei. Onde se' encontra o inisticismo? Onde a teologia 'dessa operagao? A relagao real, diz Marx, transfigurada pela especulagapj converte-se em. manifestagao daIdeia, isto-e, em fenomeno — ^ a mediagao 'real
se transfigura em fendmdno da mediagao que a'id6ia (o Estado) '
executa sobre si mesma“nos -bastidoresj^de tal modo que a exist^ncia real (familia, sociedade civil) nao tem sifa racionMidade em si mgsma,-mas .Quin terceiro’termd estranho. E, no'‘entanto, coiiio Hegel tamb^m acbmpanha a bistoria re&I, ‘a id6id “(o Estado) nao tem cdmo<exist6ncia suit existdncia desenvolvida, mas a dxist^ncia empirica ordin^ia’ (a-famflid e a sdciedade civil e^istentes empiri-camente). Recebendo o estatuto de^’sujeito, a i<36ia, entretanto; na siia relagao real com as facesfinitas (familia e sociedade civil) jjassa para 'o imagindrio. Noutros termOs, familia e socieda’de civil sad os pressupostos do'Estado-e, comd tais,*saoativas, pqrdm aespecula^o inverte a situagao pondo familia e sociedade civil como obfetds ou momentos objptiyos do Estado.^ Essa inversao,<pelaqual o,real vira
fendmenp da.reali^ade, um “obscufo.fpndq natural” da i^dia, const!-, tui “todo o mistdrio (Ja filosofia do direito e da filosofia hegeliana em geral”
'Em-suma, Hegel, em lugar de desenvolver^oEstado a partir da familia e da*sociedade-civil, tentavinutilmentedesenvolver estaS'Ulti-mas a .partir. das finalidades imanCntes.^imputadas- ao primeiro. O resultado nao se faz esperar. Pretendendo-suprimir'Hodo conflito e separagao entre os termps — sem o que oEstado' nao s^ria’-sujeito, nem iddia,nem univbrsalidadeconcreta, nem'liberdade— , Hegel'nao fazsenS5 rnultiplicar emtoda partC “o*conflito entre a Sociedade- civil e o Estado (...). Nao deseja a separagao entre soC'iedade civil e vida-politica. Eler se‘>esquece'que esta lidando com uma'Relagao'dp reflexao e faz as classes civis (die bi&ge rlichen' St^de), como tais, classes'politicas (p'olitisClien Standen), ihas, ^novamente;“apends com
referSncia ab poder-'le^sfativo;'de tal modo que a efic^ia ddas se aprova como separagao” Navefdade, nab'6 que fiegel'*^ esque^ ga” de que estd bperando'coifaiima relagao d^ reilexao^-e sun,'‘como .ocorre’ria Filosofia do Dire'ito no s6u todo, a operagao 6 hibrida.
KHS p. 208; CHPR p. 14; CFDH p. 9. KHS p. 277;‘CHPK#74; CFDH p 8'3. 25.
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