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A Liberdade Interior

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Academic year: 2021

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A LIBERDADE INTERIOR

A LIBERDADE INTERIOR

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 Jacques Philippe

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Coordenação Geral: Filipe Cabral

Coordenação Editorial: Carolina Fernandes Diagramação: Daniel Garcia da Silva 

Capa: Leonardo Biondo

Rafael Studart

Revisão: Keila Maciel Marques

Sandra Viana 

Edições Shalom

Estrada de Aquiraz - Lagoa do Junco

CEP: 61.700-000 - Aquiraz/CE | Tel.: (85) 3308.7465

 www.edicoesshalom.com.br |  comercialedicoes@comshalom.org  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reprodu-zida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

ISBN: 978-85-7784-002-1 8ª Edição

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Introdução

“Onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade.” São Paulo 1

“Ofereceremos a Deus nossa vontade, nossa razão, nos-sa inteligência, todo o nosso ser pelas mãos e o coração da Santa Virgem. Então nosso espírito possuirá esta liberdade preciosa da alma, tão contrária à ansiedade, à tristeza, à de-pressão, à angústia, à estreiteza de espírito. Navegaremos no abandono, libertando-nos de nós mesmos para nos apegar-mos a Ele, o Infinito.”

 Madre Yvonne-Aimée de Malestroit  2 

Este pequeno livro aborda um tema fundamental da existência cristã: a liberdade interior. Seu objetivo é simples: parece-me essencial que cada cristão descubra que, mesmo nas circunstâncias exteriores mais desfavoráveis, cada um dispõe em si mesmo de um espaço de liberdade que ninguém lhe pode usurpar, pois é Deus a sua fonte e seu fiador. Sem essa descoberta, estaremos sempre infelizes e jamais experimenta-remos a verdadeira plenitude. Pelo contrário, se aprendermos a descobrir em nós esse espaço interior de liberdade, muitas coisas, inevitavelmente, irão nos fazer sofrer, mas nada poderá verdadeiramente nos oprimir nem nos paralisar.

 A afirmação fundamental que desejamos desenvolver é simples, mas importante: o homem conquista sua liberdade interior na medida exata em que a fé, a esperança e o amor se fortificam nele. Esclareceremos de forma concreta como o

1. 2Cor 3,17

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dinamismo do que se chama classicamente de “virtudes teolo-gais” é o coração da vida espiritual. Manifestaremos também o papel fundamental da virtude da esperança no nosso cresci-mento interior. Tal virtude só pode desenvolver-se se ligada à pobreza de coração, o que significa que nossa obra pode tam-bém ser considerada como um comentário da primeira das bem-aventuranças: Felizes os pobres de espírito, pois deles é o Reino dos Céus  3.

Retomaremos e aprofundaremos alguns temas dos livros precedentes sobre a paz interior, a vida de oração e a docilida-de ao Espírito Santo.4

Neste início do terceiro milênio, desejamos que este livro seja uma ajuda para aqueles que desejam fazer-se disponíveis à maravilhosa renovação interior que o Espírito Santo quer ope-rar nos corações, e, assim, possam alcançar a gloriosa liberdade de filhos de Deus.

3. Mt 5,3

4. Recherche la paix et poursuis-la, Du temps pur Dieu, À l`Ecole de l`Ésprit Saint, ed. dês Béatitudes.

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Capítulo 1

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BUSCA DA LIBERDADE

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noção de liberdade pode ser um lugar de encontro privilegiado entre a cultura moderna e o cristianismo. Este se propõe, com efeito, como uma mensagem de liberdade e libertação. Para convencer-se disso, é suficiente abrir o Novo Testamento, no qual as palavras “livre”, “liber-dade”, “libertar” são utilizadas com frequência: A verdade vos libertará , diz Jesus em São João5. São Paulo afirma: Onde está

o Espírito do Senhor, aí está a liberdade 6 , e mais adiante: É para

sermos verdadeiramente livres que Cristo nos libertou7 . A lei

cris-tã é chamada por São Tiago de lei de liberdade 8 . Precisamos

conhecer qual é a verdadeira natureza desta liberdade.

 A cultura moderna é marcada pela busca de liberdade há séculos, como facilmente se pode constatar. Sabemos, entre-tanto, como a noção de liberdade suscita ambiguidades e pode conduzir a desvios que têm produzido alienações terríveis e causado a morte de milhões de pessoas. Disso o século XX dá infeliz testemunho. Apesar disso, o desejo de liberdade

con-5. Jo 3,2 6. 2Cor 3,17 7. Gl 5,1 8. Tg 2,12

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tinua a manifestar-se em todos os domínios: social, político, econômico, psicológico, o que se deve, sem dúvida, ao fato de que, apesar de todo “progresso”, tal desejo permanece insatis-feito.

No plano moral, tem-se a impressão de que o único va-lor que goza ainda de alguma unanimidade neste início de terceiro milênio é o da liberdade: todos estão, de certa forma, de acordo sobre o fato de que a liberdade é uma norma ética fundamental. Evidentemente, trata-se de um valor mais teóri-co do que real (o liberalismo ocidental torna-se cada vez mais autoritário ao seu modo), pode até mesmo ser uma simples manifestação do egoísmo do homem moderno, para o qual o respeito da liberdade de cada um seria menos o reconheci-mento de uma exigência ética que uma reivindicação indivi-dualista: “que ninguém se meta a me impedir de fazer o que eu bem quiser!”.

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IBERDADE E FELICIDADE

É preciso ressaltar que essa aspiração à liberdade, tão forte no homem contemporâneo, mesmo que traga em si uma boa dose de ilusão e se realize, por vezes, por caminhos errôneos, traz em si algo de muito justo e nobre.

Na verdade, o homem não foi criado para ser escravo, mas para dominar sobre a criação. O livro do Gênesis o diz explicitamente. Não foi feito para levar uma vida inexpressiva, mesquinha, fechada em um espaço estreito. Foi criado para viver livre. O confinamento lhe é insuportável, simplesmente porque foi criado à imagem de Deus e, assim, tem em si uma necessidade irrepreensível de absoluto e de infinito. Esta é sua grandeza e, algumas vezes, sua infelicidade.

O ser humano manifesta tamanha sede de liberdade por-que sua aspiração mais fundamental é a de felicidade e ele percebe que não existe felicidade sem amor nem amor sem

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liberdade, o que é perfeitamente correto. O homem foi criado por amor e para amar, e só encontrará a felicidade ao amar e ser amado. Como diz Santa Catarina de Sena 9, o homem não

saberia viver sem amar. Seu problema vem do fato de que, fre-quentemente, ele ama de forma equivocada, ama a si mesmo, egoisticamente, e, assim, frustra-se, pois somente um amor autêntico pode preenchê-lo.

Se é verdade que somente o amor pode preencher o ho-mem, é também verdade que não há amor sem liberdade: um amor que venha da opressão, ou do interesse, ou somente da satisfação de uma necessidade, não merece este nome. O amor não se aprisiona. Muito menos se compra. Só existe o amor verdadeiro e, portanto, feliz entre pessoas que dispõem livre-mente delas mesmas para dar-se uma à outra.

Pressente-se, assim, o valor extraordinário da liberdade: ela é o preço do amor, e o amor é a condição fundamental da felicidade. Não há dúvida de que é a intuição, ainda que con-fusa, dessa verdade que faz com que o homem dê tamanha im-portância à liberdade e, nesse ponto de vista, tem toda a razão! Mas como atingir essa liberdade que permite o desabro-char do amor? Para ajudar aos que desejam atingi-lo, come-çamos por evocar algumas ilusões bastante disseminadas, das quais ninguém está imune, mas as quais são necessárias aban-donar para gozar de uma verdadeira liberdade.

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IBERDADE

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REIVINDICAÇÃO DE AUTONOMIA OU ACOLHIMENTO DE

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UMA DEPENDÊNCIA

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Se, por um lado, a ideia de liberdade pode ser, conforme dissemos, um local de encontro entre o cristianismo e a cultu-ra moderna, é, também, talvez o ponto em que eles divergem de maneira mais radical. Para o homem moderno, ser livre

9. “A alma não pode viver sem amor. Precisa sempre de algo para amar, pois ela é feita de amor e é por amor que eu a criei”. Diálogo, ed. Téqui, capítulo 51.

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significa, frequentemente, poder desembaraçar-se de todo li-mite e de toda autoridade: “Nem Deus nem patrão”. Para o Cristianismo, ao contrário, só se pode encontrar a liberdade em uma submissão a Deus, na obediência da fé , da qual nos fala São Paulo10.

 A verdadeira liberdade, mais que uma conquista do ho-mem, é um dom gratuito de Deus, um fruto do Espírito Santo, recebido na medida em que nos colocamos em uma dependên-cia de amor diante do nosso Criador e Salvador. Aí se manifesta plenamente o paradoxo evangélico: Quem quiser salvar sua vida vai perdê-la; mas quem perder sua vida por minha causa, vai salvá-la 11. Em outras palavras: quem quiser, a todo preço, preservar e

defender sua liberdade vai perdê-la, mas quem aceitar “perdê-la”, colocando-a confiantemente nas mãos de Deus, salvá-la-á: ela lhe será restituída infinitamente mais bela e profunda, como um maravilhoso presente da ternura divina. Como veremos, nossa liberdade é, na verdade, proporcional ao amor e à con-fiança filial que nos unem ao nosso Pai do Céu.

 A experiência de vida dos santos encoraja-nos: eles se en-tregaram a Deus sem reservas, desejando fazer unicamente a sua vontade e, em troca, receberam progressivamente o senti-mento de gozar de uma imensa liberdade, que nada no mundo lhes poderia roubar, razão de sua intensa felicidade. Como isso é possível? Vamos tentar compreender passo a passo.

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IBERDADE EXTERIOR OU INTERIOR

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Outra ilusão fundamental com relação à noção de liber-dade é a de fazer desta uma realiliber-dade exterior, dependente das circunstâncias, e não uma realidade antes de tudo interior12.

10. Rm 1,5 11. Mt 16,25

12. Há, aqui, uma evidência muito simples, mas que levamos tempo para compreender: en-quanto nosso sentimento de maior ou menor liberdade depender de circunstâncias exteriores, é sinal que não somos ainda verdadeiramente livres.

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Neste domínio, como em muitos outros, reproduzimos o dra-ma experimentado por Santo Agostinho: “Tu estavas dentro de mim e eu estava fora e era fora que eu te procurava”13.

Expliquemo-nos. Frequentemente, temos a impressão de que o que limita nossa liberdade são as circunstâncias que nos cercam: os limites impostos pela sociedade, as obri-gações de todo tipo que os outros colocam sobre nós, esta ou aquela limitação da qual somos prisioneiros com relação ao nosso físico, nossa saúde, etc. Para encontrar nossa liber-dade, seria preciso, então, eliminar essas barreiras e limita-ções. Quando nos sentimos cerceados pelas circunstâncias que nos aprisionam, atribuímos nosso incômodo às institui-ções ou pessoas que nos parecem causá-lo. Quanto ressenti-mento acumulamos, dessa forma, para com tudo o que não está de acordo com nossa vontade e nos impede de ser livres como desejaríamos!

Essa maneira de ver as coisas tem, certamente, um lado de verdade. Há, algumas vezes, certas limitações que precisam ser corrigidas ou barreiras a serem ultrapassadas para que se conquiste a liberdade. Mas há também uma grande dose de ilusão que é necessário desmascarar, sob pena de jamais gozar da liberdade verdadeira. Mesmo se tudo o que consideramos impedimento à liberdade em nossas vidas viesse a desaparecer, isso não seria nenhuma garantia de encontrarmos a plena li-berdade à qual aspiramos. Nem bem ultrapassamos uma bar-reira, encontramos outras logo adiante. Dessa forma, ao nos fixarmos na problemática que descrevemos acima, arriscamos a nos embrenhar em um processo sem fim e em uma insatis-fação permanente. Encontraremos sempre limites dolorosos. Podemos nos libertar de alguns deles, mas será apenas para encontrarmos outros maiores: as leis da física, os limites da condição humana, a vida em sociedade, etc.

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IBERTAÇÃO OU SUICÍDIO

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O desejo de liberdade que habita o coração do homem contemporâneo traduz-se, assim, frequentemente, por uma tentativa desesperada de ultrapassar os limites dos quais se considera prisioneiro. Queremos ir cada vez mais longe, mais depressa, ter um poder cada vez maior de transformar a reali-dade. Isso se aplica a todos os domínios da existência. Cremos que seremos mais livres quando o “progresso” da biologia nos permitir escolher o sexo dos filhos. Imaginamos encontrar a liberdade tentando sempre ultrapassar nossas possibilidades. Não contente de praticarmos o alpinismo convencional, lan-çamo-nos no alpinismo radical, até o dia em que vamos longe demais e a excitante aventura acaba em uma queda mortal. Este lado suicida de certo tipo de busca de liberdade é evocado de maneira significativa pela cena final do filme Le grand Bleu: o herói do filme, fascinado pela liberdade de movimento dos golfinhos nas profundezas do oceano, acaba por segui-los. O filme deixa de dizer o que é evidente: ao fazê-lo, ele se con-dena à morte certa! Quantos jovens mortos pelos excessos de velocidade ou overdose de heroína por causa de uma aspiração à liberdade que não soube encontrar os caminhos autênticos para realizar-se!

Mas será que a liberdade não passaria de um sonho ao qual seria melhor renunciar para contentar-se com uma vida medíocre e sem graça? Certamente não! É preciso descobrir a verdadeira liberdade em si mesmo e em um íntimo relaciona-mento com Deus.

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ESTREITEZA ESTÁ EM VOSSOS CORAÇÕES

Para ajudar a compreender a natureza deste espaço de liberdade interior que cada um traz em si e que ninguém pode usurpar, gostaria de contar uma pequena experiência

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que tive com Santa Teresinha do Menino Jesus e que me fez crescer bastante.

Há muitos anos, Santa Teresinha tem sido uma amiga muito cara e, pessoalmente, aprendi enormemente em sua escola de simplicidade e confiança evangélicas. Há dois anos, em uma das primeiras ocasiões em que suas relíquias deixa-riam o Carmelo para veneração nas cidades que as haviam so-licitado (creio que na cidade de Marseille), eu me encontrava em Lisieux. As irmãs carmelitas haviam pedido a irmãos da comunidade Beatitudes para ajudar a transportar o pesado e precioso relicário até o carro que o conduziria a seu destino. Ofereci-me como voluntário para a agradável tarefa e isso me deu uma oportunidade inesperada de entrar no claustro do Carmelo de Lisieux e descobrir, com alegria e emoção, os locais onde Teresinha viveu: a enfermaria, o coro, a lavan-deria, o jardim com a alameda de nogueiras. Locais que eu conhecia através dos escritos da santa em seus  Manuscritos  Autobiográficos . Na visita, um detalhe me impressionou: os locais eram bem menores do que eu havia imaginado. Um exemplo: Teresinha, ao final de sua vida, evoca com humor suas irmãs que passavam e faziam questão de dar-lhe uma palavrinha quando iam recolher o feno. O grande campo de feno que eu havia imaginado, entretanto, era do tamanho de um lenço de bolso!

 A evidência inesperada da pequenez dos locais onde ha-via vivido Teresinha me fez refletir muito. Percebi a que pon-to ela havia vivido em um mundo bastante reduzido aos olhos humanos: um pequeno Carmelo no interior, de uma arqui-tetura banal, um jardim minúsculo, uma pequena comuni-dade formada de religiosas cuja educação, cultura e maneiras frequentemente deixavam a desejar, um clima no qual o sol nem sempre aparecia... E uma existência tão breve neste mo-nastério, dez anos! No entanto – e este é o paradoxo que me impressionou – quando se leem os escritos de Teresa, não se

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tem, de forma alguma, a impressão de uma vida passada em um mundo estreito. Muito pelo contrário. Se ultrapassarmos certas limitações do seu estilo, perceberemos, em sua maneira de exprimir-se, em sua sensibilidade espiritual, uma impres-são de amplitude, de maravilhosa dilatação. Teresa vive em horizontes muito largos: os da misericórdia infinita de Deus e de seu desejo ilimitado de amá-lo. Sente-se como uma rainha que tem o mundo inteiro a seus pés, uma vez que ela tudo pode obter de Deus e, pelo amor, estar em todos os pontos do universo onde um missionário necessite de sua oração e de seus sacrifícios!

Seria necessário um estudo filológico sobre a impor-tância dos termos que em Teresinha exprimem a dimensão iluminada do universo espiritual no qual ela se move: “ho-rizontes infinitos”, “desejos imensos”, “oceanos de graça”, “abismos de amor”, “torrentes de misericórdia” e assim por diante. O manuscrito B, em particular, no qual Teresa conta a descoberta de sua vocação no coração da Igreja, é muito revelador. Naturalmente, o sofrimento também está presente em seus escritos, assim como a monotonia do sacrifício, mas tudo isso é ultrapassado e transfigurado pela intensidade da vida interior.

Por que o mundo de Teresa, humanamente tão estreito e pobre, dá a impressão de ser tão amplo e dilatado? Por que tal impressão de liberdade se difunde de sua descrição da vida do Carmelo? Simplesmente porque Teresa ama intensamente. Ela está abrasada do amor por Deus, de caridade para com as irmãs. Abraça a Igreja e o mundo inteiro com uma ternura de mãe. Eis o seu segredo: ela não se sente prisioneira em seu pequeno convento porque ama. O amor transfigura tudo e dá um toque de infinito às coisas mais banais. Todos os santos fi-zeram a mesma experiência: “o amor é um mistério que trans-figura tudo o que toca em coisas belas e agradáveis a Deus. O amor de Deus faz a alma livre. Ela é como uma rainha que não

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conhece o peso da escravidão”, exclama Santa Faustina em seu Diário Espiritual 14 .

Refletindo sobre isso, veio-me à mente uma frase de São Paulo aos cristãos de Corinto: Não é estreito o lugar que ocupais em nós. Estreito, sim, é o vosso íntimo15 .

Muito frequentemente, sentimo-nos mal, sem liberdade em uma determinada situação, em nossa família, em nosso ambiente. O problema, porém, talvez esteja em outro lugar: é em nosso coração que não nos sentimos bem, não nos sen-timos livres. É nele que está a origem da nossa falta de liber-dade. Se escolhermos amar sempre, o amor dará dimensões infinitas à nossa vida e não nos sentiremos mais aprisionados.

Não quero dizer que não haja, às vezes, situações objeti-vas a serem mudadas, circunstâncias opressoras ou angustian-tes que precisem ser remediadas para que o coração desfrute de uma real liberdade interior. Mas creio que bem frequen-temente desenvolvemos certa ilusão. Acusamos o ambiente, enquanto a verdadeira questão está em outro lugar. Nossa falta de liberdade vem de uma falta de amor: pensamos ser vítimas de um contexto desvantajoso e, no entanto, o verdadeiro pro-blema (assim como a solução) está em nós mesmos. É nosso coração que está prisioneiro de seu egoísmo ou de seus medos, devendo assim mudar, aprender a amar e deixar-se transfor-mar pelo Espírito Santo. Este é o único meio de sair do sen-timento de mal-estar e da falta de liberdade que nos invade. Quem não sabe amar se considerará sempre injustiçado e se sentirá pouco à vontade onde quer que se encontre. Quem sabe amar não se sentirá mal ou pouco à vontade em lugar algum. Eis o que me ensinou Teresinha. Além disso, ela me fez compreender outra coisa importante, da qual falaremos mais tarde: nossa incapacidade de amar vem muitas vezes da nossa falta de fé e de esperança.

14. Santa Faustina Kowalska, Petit Journal. ed. Jules Hovine, p. 319. 15. 2Cor 6,12

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M TESTEMUNHO PARA O NOSSO SÉCULO

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ILLESUM

Gostaria de contar brevemente outro testemunho mais recente de liberdade interior, em um tempo muito diferente e muito próximo do de Teresinha do Menino Jesus e que mui-to me mui-tocou. Trata-se do testemunho de Etty Hillesum, uma  jovem judia morta em Auschwitz em setembro de 1942, cujo diário foi publicado em 198116. Sua “história de uma alma”

desenrola-se na Holanda no momento em que se intensifica a perseguição nazista contra os judeus. Graças a um amigo psi-cólogo, também judeu, ela descobre (sem jamais se tornar ex-plicitamente cristã) valores profundamente cristãos: a oração, a presença de Deus no seu interior e o convite evangélico a abandonar-se confiantemente à Providência. É impressionan-te constatar como essa jovem, afetivamenimpressionan-te frágil, mas anima-da de por uma forte exigência de veranima-dade quanto a si mesma, aplica-se a viver esses valores. No momento em que todas as liberdades exteriores lhe são progressivamente retiradas, des-cobre nela mesma uma felicidade e uma liberdade interior que ninguém lhe poderá tirar. Oportunamente citaremos mais al-gumas passagens de seus escritos. No momento, transcreve-mos um texto muito significativo de sua experiência espiritual: “Esta manhã, contornando de bicicleta o Stadionkae, fi-quei encantada de ver o vasto horizonte que se descobre nas fronteiras da cidade enquanto respirava o ar fresco que ainda não conseguiram racionar. Em todo lugar, os cartazes proíbem os judeus caminhar pelos pequenos caminhos que dão acesso à natureza. Abaixo deste trecho de estrada que nos resta, o céu é imóvel, tranquilo. Ninguém pode fazer nada de mal contra nós. Nada. Podem nos tornar a vida dura, nos despojarem de certos bens materiais, tirar-nos alguma liberdade de movimen-to exterior, mas somos nós mesmos quem nos despojamos de

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nossas melhores forças por uma atitude psicológica equivoca-da ao nos sentirmos perseguidos, humilhados, oprimidos; ao experimentarmos ódio; fazendo-nos de corajosos para escon-der nosso medo. Temos o direito de estar tristes e abatidos, de vez em quando, pelo que nos fazem suportar: é humano e compreensível. E, no entanto, a verdadeira espoliação somos nós mesmos quem nos infligimos. Considero a vida imensa-mente bela e sinto-me livre. Em mim há céus que se alastram tão vastos quanto o firmamento. Creio em Deus e creio no homem, ouso dizer sem falsa vergonha (...) Sou uma mulher feliz e canto os louvores desta vida – sim – no ano do Senhor – agora e sempre do Senhor – 1942”17.

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LIBERDADE INTERIOR

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LIBERDADE DE CRER

,

DE ESPERAR

,

DE AMAR

Na linha do que viveu Teresinha e Etty, a ideia que desejo desenvolver agora é: a verdadeira liberdade, aquela liberdade soberana de quem crê consiste em que se disponha em toda circunstância graças à assistência do Espírito Santo, que vem em socorro de nossa fraqueza 18 , da possibilidade de crer, de

es-perar e de amar. Ninguém jamais poderá impedi-lo. Sim, eu tenho certeza: nem a morte nem a vida, nem os anjos nem as dominações, nem o presente nem o futuro, nem as potências, nem as forças das alturas, nem as das profundezas, nem outra criatura alguma, nada poderá separar-nos do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor 19 .

Nenhuma circunstância no mundo poderá jamais me impedir de crer em Deus, de colocar nele toda a minha con-fiança, de amá-lo de todo o meu coração e de amar meu pró-ximo. A fé, a esperança e a caridade são soberanamente livres,

17. op. cit. p. 132. 18. Rm 8,26 19. Rm 8,38s

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pois, se estão bem enraizadas em nós, têm o poder de nos alimentar exatamente daquilo que a elas se opõe! Se, através da perseguição, querem me impedir de amar, tenho sempre a possibilidade de perdoar os meus inimigos e transformar a si-tuação de opressão em um amor ainda maior. Se querem aba-far minha fé tirando-me a vida, minha morte se torna a mais bela confissão de fé que se possa conceber! O amor, e somente ele, é capaz de vencer o mal pelo bem, e tirar do mal o bem.

Todos os capítulos que se seguem querem ser, a partir de diferentes pontos de vista, uma ilustração dessa verdade tão preciosa, uma vez que aquele que a compreende e pratica atin-ge uma liberdade soberana. O crescimento na fé, na esperança e no amor é a única via de acesso à liberdade.

 Antes de aprofundar esse assunto, examinemos um pon-to importante concernente às diferentes modalidades segundo as quais a liberdade pode ser exercida concretamente.

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LIBERDADE EM AÇÃO

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ESCOLHER OU ACOLHER

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Devido à visão inadequada sobre a liberdade que aca-bamos de descrever, pensa-se frequentemente que o único exercício verdadeiro da liberdade consiste em escolher entre diferentes possibilidades aquela que mais convém. Pensa-se, portanto, que quanto mais amplo for o leque de opções, mais se é livre. A medida de nossa liberdade seria, assim, proporcio-nal à amplitude deste leque de opções possíveis.

Essa noção de liberdade, que cedo conduz a impasses e contradições, é muito presente inconscientemente. Gostaría-mos, em todas as situações da vida, de ter a oportunidade de escolher. Escolher onde passar as férias, o tipo de trabalho, o número de filhos, seu sexo e a cor de seus olhos. Sonhamos com a vida como uma espécie de imenso supermercado no qual cada prateleira apresenta um grande estoque de possibili-dades e onde se pode pegar à vontade o que é do nosso gosto

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e deixar o resto... Para tomar outra imagem bem atual, gosta-ríamos de escolher nossa vida como se escolhe uma roupa em um espesso catálogo de venda por correspondência.

Que o uso de nossa liberdade nos leve frequentemente a optar entre diferentes possibilidades é verdade e isso é bom. No entanto, seria perfeitamente irrealista tudo analisar a partir desse ângulo. Há uma multidão de aspectos absolutamente fundamentais de nossa vida que não escolhemos: nosso sexo, nossos pais, a cor de nossos olhos, nosso temperamento, nossa língua materna. Os elementos da existência que escolhemos são de uma importância bem menor que aqueles que não es-colhemos.

 Além disso, se, no momento da adolescência, a vida apre-senta-se diante de nós como um leque largamente aberto de possibilidades entre as quais escolher, com o passar do tempo, é preciso reconhecer que este leque tende a fechar-se... É pre-ciso, de fato, fazer escolhas, mas o mero fato de elas se apre-sentarem já reduz, por si, a gama de possibilidades disponíveis. Casar-se é escolher uma mulher e, portanto, excluir todas as outras. Entre parênteses, poderíamos nos perguntar se verda-deiramente escolhemos a mulher com quem nos casamos: o mais frequente é nos casarmos com aquela por quem nos apai-xonamos, o que não significa, verdadeiramente, uma escolha. Mas isso não é um mal...

Vem-me à lembrança uma brincadeira que diz que a es-colha do celibato pelo Reino e a do casamento cristão são, afinal de contas, muito próximas, porque se o celibatário esco-lhe renunciar a todas as muesco-lheres, aquele que se casa renuncia também a todas as mulheres, exceto uma, e isso, do ponto de vista numérico, não é uma diferença significativa!

Quanto mais avançamos em idade, menos dispomos de possibilidades de escolha: Em verdade, em verdade eu te digo, quando eras jovem, amarravas o teu cinto e ias para onde querias;

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quando ficares velho, estenderás as mãos e um outro atará o teu cinto e te conduzirá para onde não quiseres  20 . O que sobra de

nossa liberdade se nossa visão for a da “liberdade de supermer-cado” que descrevemos há pouco?

Essa falsa concepção da liberdade tem repercussões pro-fundas sobre o comportamento dos jovens de hoje. A ati-tude com respeito ao casamento ou outras formas de com-promisso é significativa: retardam-se, ao máximo, as escolhas definitivas, pois cada uma é percebida como uma perda de liberdade. Resultado: não se ousa decidir, logo, não se vive. O que ocorre é que a vida escolhe em nosso lugar, pois o tempo passa, implacável.

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ER LIVRE É TAMBÉM ACOLHER AQUILO QUE NÃO ESCOLHEMOS

Se o exercício da liberdade como escolha entre duas coi-sas possíveis tem seu valor, é fundamental, entretanto, sob a pena de nos expormos a dolorosas desilusões, compreender que existe também outra maneira de exercer sua liberdade. É uma forma menos grandiosa à primeira vista, mais pobre, mais humilde, mas, na verdade, bem mais cheia de vida e re-vestida de uma fecundidade humana e espiritual imensa. Tra-ta-se de não somente escolher , mas também acolher aquilo que não escolhemos .

Quero evidenciar como essa forma de exercer a liberdade é importante. O ato mais alto e mais fecundo da liberdade hu-mana reside antes na acolhida que na dominação. O homem manifesta a grandeza de sua liberdade quando transforma a re-alidade, mas o faz mais ainda quando a acolhe com confiança da forma como ela se apresenta dia após dia.

É natural e fácil acolher as situações que, sem que as te-nhamos escolhido, apresentam-se de uma forma agradável e prazerosa. O problema ocorre quando nos defrontamos com

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aquilo que nos causa desprazer, que nos contraria, que nos faz sofrer. No entanto, é justamente aí que somos chamados a nos tornar verdadeiramente livres, a “escolher” aquilo que não de-sejamos e que, por vezes, não desejaríamos de forma alguma. Existe aí uma lei paradoxal da existência: só nos tornamos ver-dadeiramente livres quando aceitamos não ser sempre livres!

Eis o ponto que desenvolveremos agora e que tem uma grande importância: aquele que quer conquistar uma verda-deira liberdade interior deve exercitar-se em aceitar em paz e de bom grado coisas que parecem contradizer sua liberdade: acolher seus limites pessoais, suas fragilidades, sua fraqueza, esta ou aquela situação que a vida impõe, etc. Temos dificul-dade em fazê-lo porque temos horror espontâneo a situações sobre as quais não temos controle. No entanto, a verdade é a seguinte: as situações que verdadeiramente nos fazem crescer são exatamente aquelas sobre as quais não temos controle  21. Veremos

muitos exemplos concretos desta realidade.

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EVOLTA

,

RESIGNAÇÃO

,

ACOLHIDA

 Antes de continuar, é bom esclarecermos: diante da-quilo que nos desagrada em nossa vida, nossa pessoa, nossa situação, daquilo que consideramos negativo, há três atitu-des possíveis.

 A primeira é a da revolta . Por exemplo: eu não me aceito tal como sou, revolto-me contra Deus que me fez desta forma, contra a vida que permitiu este ou aquele acontecimento, con-tra a sociedade, etc.22

21. “A grande ilusão do homem é o desejo de controlar a própria vida... Ora, a vida é um dom que, por sua própria natureza, escapa a toda tentativa de controle”. , Jean-Claude Sagne, Viens vers le Père ed. de l’Emmanel, p. 172

22. A revolta nem sempre é negativa. Pode ser uma primeira reação psicológica inevitável em certas situações de sofrimento brutal, desde que não se paralise aí. A palavra revolta pode ter, também, um sentido positivo: a recusa de uma situação inadmissível, que nos faz agir positivamente com motivações justas e meios legítimos e proporcionais. No texto acima, referimo-nos à revolta como recusa do real.

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 A revolta é frequentemente a primeira reação diante do sofrimento. Porém, o problema é que ela nunca resolveu nada adequadamente. Tudo o que consegue é somar um mal a outro mal. É fonte de desespero, de violência e de ressen-timento. Certo romantismo literário fez a apologia do revol-tado, mas basta um pouco de bom senso para entender que nada de grande ou de positivo jamais foi construído a partir da revolta: seu único efeito é propagar ainda mais o mal que deseja remediar.

 À revolta pode vir a suceder a resignação: ao dar-me conta de que não posso mudar uma situação ou a mim mesmo, aca-bo por resignar-me. A resignação pode representar certo pro-gresso se comparada à revolta quando conduz a uma atitude menos agressiva e mais realista. No entanto, ela é insuficiente.  A resignação pode até ser uma virtude filosófica, mas não é uma virtude cristã, pois lhe falta a esperança. A resignação é uma confissão de impotência. Nada mais. Ela pode ser uma etapa necessária, mas se não passa disso, é estéril.

 A atitude conveniente é a da acolhida . Comparada à resignação, a acolhida leva a uma disposição interior com-pletamente diferente. A acolhida me faz dizer “sim” a uma realidade percebida em um primeiro momento como negati-va, porque me vem o sentimento de que algo positivo pode surgir da situação. Há, então, uma perspectiva de esperança. Posso, por exemplo, dizer sim ao que eu sou apesar dos meus desafios porque sei que sou amado por Deus, porque tenho confiança de que, a partir da minha pobreza, o Senhor é ca-paz de fazer coisas maravilhosas. Posso dizer sim à realidade mais pobre e decepcionante no plano humano porque creio que “o amor é tão poderoso em obras que sabe tirar proveito de tudo, do bem e do mal que encontra em mim”23, para

citar Teresinha.

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 A diferença decisiva entre a resignação e a acolhida vem do fato de que, no consentimento, mesmo que a realidade objetiva na qual me encontro continue idêntica, a atitude do coração é muito diferente, pois já é habitada pelas virtudes de fé, de esperança e de amor, ainda que em estado embrionário. Por exemplo, acolher minha pobreza é confiar em Deus que me criou como sou. Neste ato de consentimento, há, então, fé em Deus, confiança nele e, portanto, amor, pois confiar em alguém é amá-lo.

 A presença da fé, da esperança e da caridade faz com que a acolhida adquira um valor e fecundidade muito gran-des, pois, como não nos cansaremos de dizer, já que existem a fé, a esperança e a caridade, há, automaticamente, disponi-bilidade à graça divina, acolhida desta graça e, cedo ou tarde, efeitos positivos. A graça de Deus jamais deixa de dar frutos quando é acolhida. Pelo contrário, é sempre extraordinaria-mente fecunda.

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