A crise do Estado do Rio
de Janeiro e o impacto
nos programas de pós-‐
graduação e na pesquisa
Aula Pública do Programa de Pós-‐Graduação em Saúde Cole@va IMS/ UERJ
Esther Dweck
Professora do Ins@tuto de Economia da UFRJ Assessora CAE – Senado Federal
A União controla os Estados e Municípios
• 1997 – O Governo Federal implantou um programa em que
assumiu a dívida que os entes subnacionais @nham com o mercado financeiro, e a refinanciou por 30 anos.
• Nas rodadas de negociação das dívidas para que as mesmas fossem assumidas pela União, foram exigidas reformas no setor público dos governos devedores: cortes de pessoal, priva@zações e concessão de serviços públicos;
• 2000 – LRF estabeleceu uma série de normas e restrições à
gestão fiscal das três esferas de governo, através de limites de endividamento e de gastos, além de regras de orçamento equilibrado
• A LRF estabelece limites máximos e condições para o endividamento público de governos estaduais. Todas as autorizações passam pelo CMN, pela STN e pelo Senado Federal
Diagnós@co Oficial da Crise dos
Estados
• Crise é estrutural e para resolver há uma agenda de
Reforma do Estado que é condição necessária para o
reequilíbrio fiscal dos entes subnacionais
• o problema dos Estados é estrutural e não está vinculado ao endividamento e sim à trajetória das despesas com pessoal (a@vos e ina@vos)
• despesas obrigatórias > capacidade financeira do Estado – folha de pagamentos
• Despesas obrigatórias cresceram com base em receitas não recorrentes
• Aumento do endividamento baseado na Nova Matriz Econômica nos Estados
Solução Oficial da Crise dos Estados
• Carência e alongamento das dívidas com a União em troca de:
• Controle no crescimento das despesas correntes primárias – estender a EC95/2016 para os governo subnacionais
• Limitação do crescimento das despesas de pessoal à Revisão Geral Anual
• Aprimoramento do conceito de despesas com pessoal
• Venda de Patrimônio
• Discussão de Estabilidade dos Servidores
• Mudança nos RPPS:
• Teto igual RGPS
Relação DCL/RCL ao final de 2015
Fonte: STN
Informações Fiscais Consolidadas: Relação DCL/RCL ao final de 2015
9 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 RS MG RJ AL SP GO AC MS SE CE PE RO MA BA PI SC PR MT PB TO ES AP DF PA RR RN AM MEDIANA = 0,6
Limite da Resolução do Senado
Elaboração: STN
A situação do RS, RJ e MG é mais grave, mas, com a con@nuação da crise, outros podem chegar a situação semelhante.
Renegociação da Dívida dos Estados e
Plano de recuperação
• Histórico:
• União está aproveitando o momento atual para impor reformas estruturais na condução econômica de estados • O grande poder da União permite que faça ameaças aos
governadores, que se veem frente ao risco de serem responsabilizados por órgãos de controle
Outro Diagnós@co da Crise dos
Estados
A crise tem um forte componente conjuntural, mas precisamos olhar alguns pontos específicos
• Frustração nas expecta@vas de receita
• Receitas extraordinárias sofreram drás@ca redução – emprés@mos, royal@es, etc
• Receitas ordinárias caíram em função da crise
• Despesas obrigatórias cresceram com base em receitas não recorrentes
• Rigidez das despesas com distorções em algumas áreas
• Mudança na orientação da União em relação a emprés@mos a Estados
EC 95/2016 estava baseada em
Diagnós@co Errado da Economia Brasileira
• O Problema maior é o baixo crescimento e não a
situação fiscal
• Redução no resultado primário: queda da
arrecadação explica mais do que o aumento da despesa
• Aumento da dívida pública: aumento dos juros
explicam mais do que a queda do resultado primário
• Piora no Crescimento econômico explica ambos
• Principais fatores não foram abordados pela EC:
• Arrecadação
• Pagamento de Juros
• Retomada do crescimento
Grave Crise Econômica
O indicador antecedente aponta para um retomada do
crescimento, mas há base real para essa retomada?
9
Fonte: FGV -‐ IBRE
Os dados do 4º Trimestre apontam
para um aumento da retração do PIB
2,4 1,9 1,5 1,0 1,3 1,3 1,0 0,0 0,4 0,1 0,6 1,5 0,4 0,0 2,2 0,3 0,1 0,6 -‐1,2 0,0 0,2 -‐1,0 -‐2,2 -‐1,5 -‐1,2 -‐0,6 -‐0,3 -‐0,7 -‐0,9 -‐3,0 -‐2,0 -‐1,0 0,0 1,0 2,0 3,0 20 09 .IV 20 10 .I 20 10 .II 20 10 .III 20 10 .IV 20 11 .I 20 11 .II 20 11 .III 20 11 .IV 20 12 .I 20 12 .II 20 12 .III 20 12 .IV 20 13 .I 20 13 .II 20 13 .III 20 13 .IV 20 14 .I 20 14 .II 20 14 .III 20 14 .IV 20 15 .I 20 15 .II 20 15 .III 20 15 .IV 20 16 .I 20 16 .II 20 16 .III 20 16 .IV Fonte: IBGE -‐ CNT
Variação Real do PIB
Carryover para 2017 é de -‐1,1%
se a economia ficar parada, vai cair 1,1%
265.000 270.000 275.000 280.000 285.000 290.000 295.000 300.000 305.000 310.000 315.000
PIB Trimestral efe@vo* e carryover (2017)
*valores encadeados a preços de 1995 com ajuste sazonal
PIB trimestral
Média 4 Trimestres
-‐1,1%
-‐3,6% -‐3,8%
Receita Tributária por Ente Federa@vo -‐ 2014 e 2015
Principais Variações em Pontos Percentuais do PIB
Fonte: RFB
União também controla quase toda a
arrecadação Para os estados, apenas o ICMS é relevante
Fonte: STN
Informações Fiscais Consolidadas: Evolução das Receitas Primárias
5 +12% +6% +7% +7% +11% +1% Elaboração: STN
Receitas Primárias dos estados
Forte queda real em 2015 e 2016, principalmente dasInves@mento Público
Forte queda no ano de ajuste em 2015
Fonte: Orair (2016). Elaboração Própria. GG – Governo Geral, inclui as três esferas. EPU – Empresas públicas da União.
0,0% 0,5% 1,0% 1,5% 2,0% 2,5% 3,0% de z/ 95 jun/9 6 de z/ 96 jun/9 7 de z/ 97 jun/9 8 de z/ 98 jun/9 9 de z/ 99 jun/0 0 de z/ 00 jun/0 1 de z/ 01 jun/0 2 de z/ 02 jun/0 3 de z/ 03 jun/0 4 de z/ 04 jun/0 5 de z/ 05 jun/0 6 de z/ 06 jun/0 7 de z/ 07 jun/0 8 de z/ 08 jun/0 9 de z/ 09 jun/1 0 de z/ 10 jun/1 1 de z/ 11 jun/1 2 de z/ 12 jun/1 3 de z/ 13 jun/1 4 de z/ 14 jun/1 5 de z/ 15 GG EPU
Austeridade na crise tem levado a uma “corrida para
fundo”, sem recuperação econômica e piora na arrecadação
Redução dos inves@mentos públicos Redução da Demanda Privada Redução do crescimento do PIB Redução da arrecadação Piora do Resultado primário
Situação Fiscal – Rio de Janeiro
Fonte: STN – fonte PAF. 2015 são dados preliminares. Ina@vos e Pensionista, mudou a forma de apresentar
55
Informações Fiscais dos Estados e do Distrito Federal
TRANSFERÊNCIAS DA UNIÃO PARA O ESTADO (﴾R$ MILHÕES)﴿
Fonte: Programa de Ajuste Fiscal
Observação: os números do exercício de 2015 poderão sofrer alterações durante o processo de avaliação anual quanto ao cumprimento de metas do Programa de Ajuste Fiscal
SITUAÇÃO FISCAL (﴾R$ MILHÕES)﴿
Fonte: SIAFI/STN
* A divergência entre os valores das transferências informados pela União (tabela acima, fonte SIAFI), e pelos Estados (fonte PAF), decorre do fato de que os Estados incluem os valores repassados ao FUNDEB. Além disso, o PAF contabiliza como transferência o Imposto de Renda retido na fonte dos funcionários públicos estaduais.
Transferências da União* para RJ
FPE tem peso pequeno
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Informações Fiscais dos Estados e do Distrito Federal
TRANSFERÊNCIAS DA UNIÃO PARA O ESTADO (﴾R$ MILHÕES)﴿
Fonte: Programa de Ajuste Fiscal
Observação: os números do exercício de 2015 poderão sofrer alterações durante o processo de avaliação anual quanto ao cumprimento de metas do Programa de Ajuste Fiscal
SITUAÇÃO FISCAL (﴾R$ MILHÕES)﴿
Fonte: SIAFI/STN
* A divergência entre os valores das transferências informados pela União (tabela acima, fonte SIAFI), e pelos Estados (fonte PAF), decorre do fato de que os Estados incluem os valores repassados ao FUNDEB. Além disso, o PAF contabiliza como transferência o Imposto de Renda retido na fonte dos funcionários públicos estaduais.
Fonte: STN – SIAFI
* A divergência entre os valores das transferências informados pela União (tabela acima, fonte SIAFI), e pelos Estados (fonte PAF), decorre do fato de que os Estados incluem os valores repassados ao FUNDEB. Além disso, o PAF contabiliza como transferência o Imposto de Renda re@do na fonte dos funcionários públicos estaduais.
Queda do preço de Petróleo e paralização da Petrobrás não afetam apenas a arrecadação de royal@es, mas toda a cadeia de petróleo que pode ser desmontada sem as regras
de Conteúdo Nacional
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Receita tributária do RJ por tributo
77% 10% 4% 7% 0% 1% 1% 0% ICMSADIC. ICMS FECP ITD IPVA TAXAS ( 2 ) DIVIDA ATIVA ( 3 ) MORA MULTA
Arrecadação ICMS no RJ
despencou a par@r de janeiro de 2014
Fonte: BCB -‐20,0 -‐15,0 -‐10,0 -‐5,0 0,0 5,0 10,0 15,0
Arrecadação ICMS – por fontes
Variação Real 12 meses acumulado
peso importante do Setor de Serviços
Fonte: BCB -‐20,00 -‐15,00 -‐10,00 -‐5,00 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
Setor Primário Setor Secundário Setor Terceário Energia Petróleo Outras Fontes Total
Despesas por Função
Função R$ milhões Previdência Social 20,767.9 Segurança Pública 12,144.4 Encargos Especiais 10,282.5 Educação 7,382.5 Saúde 6,758.3 Judiciária 4,660.2 Administração 3,857.2 Essencial à Jus@ça 2,663.8 Legisla@va 1,890.7 Transporte 1,413.4 Saneamento 1,387.9 Urbanismo 1,037.6 Assistência Social 593.7 Agricultura 462.0 Habitação 436.9 Gestão Ambiental 385.6 Comércio e Serviços 370.8Ciência e Tecnologia 365.0
Indústria 174.8 Cultura 166.8 Desporto e Lazer 81.0 Direitos da Cidadania 78.8 Comunicações 46.1 Organização Agrária 36.2 Trabalho 26.8 Reserva de Con@ngência 239.3
Despesas de Custeio per capita
Fonte: Osorio (2016), baseado em SEFAZ RJ, SP e MG. Elaboração: Sobral (2016)
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 Pe rc en tag em d o PIB U S$ e m p ar id ad e do p od er d e co m pr a
Gasto governamental per capita (US$ PPP) Gasto governamental (% PIB)
Fonte: UNESCO.
Apesar do esforço ser mediano, o percentual de estudantes é reduzido. Exige esforço de universalização.
Gasto Público em Ensino Superior (% do PIB) e
Gasto Público Per Capita no Ensino Superior, 2012
Alguns Tópicos para
Reflexão
Neste momento de crise, deveríamos fazer
outras reformas estruturantes e não as
reformas do Estado que estão sendo impostas à
União e aos mais endividados
A Carga Tributária é muito intensiva sobre
bens e serviços, gerando efeito regressivo, e o
ICMS contribui muito para isso
Fonte: RFB
Tipo de Base 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Renda 18,5% 19,3% 20,5% 19,6% 18,3% 19,1% 17,9% 18,2% 18,1% 18,3%
Folha de Salários 24,5% 24,3% 24,2% 26,3% 26,0% 25,6% 26,4% 25,8% 26,0% 25,8% Propriedade 3,5% 3,5% 3,6% 3,9% 3,8% 3,7% 3,9% 3,9% 4,2% 4,4%
Bens e Serviços 48,7% 47,9% 49,8% 48,5% 49,7% 49,3% 49,8% 50,4% 50,2% 49,7%
Trans.
Financeiras 4,8% 4,8% 2,0% 1,8% 2,1% 2,2% 2,0% 1,7% 1,6% 1,8% Outros Tributos 0,1% 0,3% 0,0% -‐0,1% 0,1% 0,1% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
Receita Tribut.
Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
% da Arrecadação Total
Carga Tributária sobre a Renda, Lucro e Ganho de
Capital (% do PIB)– Brasil e Países da OCDE 2014
América La@na (16 países), OCDE e UE:
Coeficiente de Gini da renda de mercado e a renda disponível
Papel redistribu@vo da polí@ca fiscal:
tr
ibutação e gasto social
Fonte: IBGE/POF – Silveira, F. G. “Equidade Fiscal: impactos distribu@vos da tributação e dos gastos sociais”
Conclusão
• A União controla financeiramente os estados e municípios • O diagnós@co oficial joga todo o peso para a expansão com
gastos de pessoal, culpando os servidores pela crise
• A Solução oficial passa por uma ampla reforma do Estado, incluindo venda de patrimônio e penalizando servidores • O diagnós@co alterna@vo aponta:
• os fatores conjunturais da crise e que a solução proposta só tem aprofundado a crise
• que polí@cas públicas de estados, como saúde e educação, são intensivas em pessoal
• Ao invés de reformar a estrutura tributária extremamente regressiva, os ajustes propostos são todos pelo lado da
despesa pública que é a parte com maior capacidade redistribu@va