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Transfusão de Afetos

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Academic year: 2021

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Transfusão de Afetos

1. Qual o problema que estás a contribuir para desenvolver?

De acordo com um estudo levado a cabo elo CINTESIS - Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde, cerca de 91% dos idosos seguidos nos cuidados de saúde primários revelaram sentir algum grau de solidão, sendo que um terço chega mesmo a reportar níveis graves.

Além deste, outros estudos foram efetuados, no sentido de clarificar qual o impacto real que a solidão provoca na vida quotidiana desta fração da população. Assim, em concordância com o que foi publicado na revista científica Family Medicine & Primary Care Review apurou-se que “a solidão leva a um aumento do recurso dos idosos aos serviços de saúde, como se comprovou através da relação desta com o consumo crónico de medicamentos, especialmente entre os idosos com mais de 80 anos de idade”.

Posto isto, o objetivo desta candidatura visa incrementar o bem-estar físico, social e mental de uma das classes etárias mais vulneráveis da atualidade. Para isso, tentar-se-á adequar metodologias de inclusão social que contribuam para atenuar a solidão que os idosos têm que enfrentar diariamente, evitando que os problemas de saúde secundários a ela associada proliferem.

2. O que te motivou a resolver este problema?

Vivemos num país em que a população idosa está a aumentar a um ritmo acelerado. Este aumento tem sido cada vez mais visível e percetível ao longo do nosso crescimento. O ritmo, mencionado anteriormente, arrasta consigo a solidão que na geração mais velha tem vindo a aumentar drasticamente ao longo dos últimos anos. Existe um grande impacto à volta deste sentimento nesta faixa etária.

Segundo o Expresso, “há um rácio de 153 idosos para cada 100 jovens.” Esta proporcionalidade, leva a vários desafios futuros. Um deles, é a harmonia entre estas duas faixas etárias tão distintas. Com uma população cada vez mais idosa, os jovens terão de aprender a conviver e lidar com esta realidade, para não haver uma rotura geracional.

O Ministério da Saúde publicou informações que davam conta que por ano, há “cerca de 100 a 150 situações de abandono nos hospitais”. A falta de condições financeiras, domiciliares ou mesmo familiares poderão contribuir para esta causa. É importante garantir que estas pessoas não

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fiquem esquecidas. As pessoas têm de entender que nós, jovens e adultos, precisamos mais deles do que eles de nós.

Outro exemplo, que nos faz despertar para a emergência na criação de mais apoio aos idosos, é um alerta partilhado pelo “Portugal Sénior”. “Cerca de 70% dos idosos têm um problema de saúde grave associado à solidão e 10% padecerem de solidão maligna, a qual compromete a sua saúde física e emocional, pois isto conduz ao desenvolvimento de doenças como a hipertensão arterial, a ansiedade, depressão ou infeções repetidas”.

O estilo de vida atual não permite, em muitos casos, uma convivência diária ou habitual com as pessoas mais velhas. A necessidade de trabalhar longe da família, horários de trabalhos incompatíveis, estilos de vida mais atarefados e menor tempo na agenda fazem com que as visitas às pessoas com mais idade do agregado familiar sejam escassas. É essencial dar a perceber aos mais jovens a necessidade de criar laços com os mais velhos. Viver em torno da solidão provoca uma experiência angustiante e desoladora que leva a cenários clínicos graves, assim, como à exclusão social. É repugnante entregar os idosos a um grau de sofrimento tão severo. Mesmo não desempenhando um papel tão ativo na sociedade, devemos proteger e cuidar deles, como de qualquer outra pessoa. É importante não nos esquecermos que eles já cuidaram de nós, agora temos de ser nós a cuidar deles.

Os principais impulsionadores para a solidão na terceira idade são fatores como pós reforma, inatividade, mais de 80 anos de idade, viver sozinho, viuvez, baixo nível educacional e de rendimentos ou uma estrutura familiar disfuncional. Nenhum destes justifica o desleixo para com aqueles que criaram e lutaram por melhores condições de vida para as gerações mais novas, para nós.

A inspiração reflete-se em queremos aproveitar mais momentos com eles. E não adiarmos esse tempo. Porque mais tarde pode ser tarde demais e existem muitos casos em que isso acontece. Não vamos deixar que esses casos aumentem. Nós precisamos dos idosos. Isso é certo!

Não nos podemos focar só em nós. Temos de olhar para o lado e ver que a solidão e o abandono fazem cada vez mais parte da vida destas pessoas. Esta é a maior inspiração deste projeto. Mostrar que as vidas são interessantes e especiais mesmo sendo a de um jovem ou de um idoso. Os jovens gostam de contribuir para um mundo melhor. Sentem que o podem mudar quando abraçam desafios, lançam-se no desconhecido, embarcam em ações de voluntariado social, entre outros. Juntando este espírito irreverente dos jovens e a vontade de mudar esta injustiça social,

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pretendemos melhorar a qualidade de vida dos idosos, trazendo diversão, companhia e autoestima aos mesmos.

3. Como é que estás a planear resolver este problema?

A base do projeto assenta em dois tópicos centrais. A mitigação da solidão constante e a saúde mental e física.

Em sintonia com o que os especialistas aconselham, fazer novas amizades, participar na vida familiar, manter rotinas diárias ativas ou rodearem-se de novas companhias, são algumas das estratégias que os idosos devem adotar para reduzir os efeitos da solidão.

Neste sentido, fez-se um levantamento sobre quais poderiam ser as pessoas com mais disponibilidade e agilidade para cumprirem estas recomendações. Os jovens universitários são o grupo de pessoas que se adequam mais a este projeto. Nas Universidades há uma vasta área do conhecimento e uma procura constante por novos desafios, crescimento pessoal e social. Há uma plataforma igualmente sólida de partilha de vivências e de projetos que podem levar esta ideia a mais pessoas.

A solidão junto da população idosa poderá advir de inúmeros fatores referidos anteriormente. Considerando que o problema incide sobre população isolada, com fraca mobilidade, sem visitas regulares da família, idosos sozinhos em lares e no hospital, a primeira solução seria a criação de uma base de dados com os telefones destas pessoas. Cada voluntário ficaria responsável por fazer uma a duas comunicações semanais.

Nesse sentido, acreditamos que é crucial criar uma plataforma de contacto entre duas gerações distintas. Queremos que os jovens passem mais tempo com os idosos que estão isolados, aprendam com eles, contem o que sabem, perguntem o que sempre quiseram saber… deixar ambas as partes explorar os seus mundos. Ensinar e partilhar receitas, contar histórias de outros tempos, e acreditando que os idosos gostam de passar tempo com os mais jovens, aprender com eles, saber o que fazem agora os mais novos, ensinar a fazer determinadas tarefas, promovendo, assim, uma interação próxima entre estas duas gerações. Temos de dar valor a quem te valor. E eles têm muito.

Quanto a ações mais espaçadas no tempo, transpor a comunicação por telefone e passar para o contacto direto. Neste sentido, pretende-se organizar uma espécie de programa ERASMUS, apenas de mobilidade nacional, em que os jovens abandonam as suas casas durante períodos de tempo pré-definidos, rumo às casas de pessoas com mais idade, com evidências de estarem a enfrentar longos períodos de solidão. Estes

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períodos incidiriam maioritariamente em épocas de férias escolares ou fins de semana prolongados. Durante estes períodos de tempo, ambos os intervenientes no programa, idoso e jovens, teriam a oportunidade de partilhar experiências de vida, partilhar rotinas, conhecerem novas realidades e aprenderem coisas novas.

Contudo, como a solidão é um problema contínuo, que não aflora apenas nas férias, pretende-se integrar neste plano de voluntariado, também, um sistema de buddies, em que o jovem poderia escolher um idoso como seu tutorando, ficando responsável por lhe prestar uma companhia frequente, ainda que à distância. Com isto, pretende-se nada mais do que criar uma dinâmica de tutor/tutorando, através da qual o idoso poderá telefonar ao seu tutorando para partilhar situações alegres ou menos alegres do seu dia-a-dia, e vice-versa.

Outro dos pilares do projeto é a saúde. Uma das formas de rentabilizar a escolha deste grupo de voluntários é utilizar os conhecimentos das áreas da medicina e enfermagem para auxiliar os idosos. Tanto a saúde mental como a física são importantes no dia-a-dia desta população. A solidão leva a problemas do foro psicológico que devem ser tratadas.

Seguindo esta linha de raciocínio, os voluntários das áreas de medicina, enfermagem e psicologia estariam nesta solução numa vertente diferente de todos os outros. Fariam visitas programadas à casa destas pessoas para avaliar as suas condições físicas e psicológicas. Estas ações seriam sempre acompanhadas por alguém responsável, que inspecionava a qualidade da prestação deste serviço.

Para além de proporcionar contacto com a realidade aos futuros médicos, enfermeiros e psicólogos, estas ações elevavam a qualidade de vida dos idosos.

Finalmente, e para englobar todos no projeto, seriam organizadas atividades ao longo do ano para todos os envolvidos se conhecerem e apresentarem algo que fizeram com o seu companheiro (uma história, um livro, umas fotos, canções, entre outras inúmeras atividades).

4. Fator X: o que é que a tua ideia tem de diferente em relação a outras ideias que já existem?

O que mais diferencia a nossa ideia é o sentido de união em torno do projeto. É uma rede universitária em que todos estão ligados ao mesmo, de forma a compensar a solidão dos idosos. Será uma família gigante que abraçará de corpo e alma esta causa.

O facto de ser um voluntariado, tendo por base a comunidade universitária, leva a que haja um maior dinamismo e uma panóplia de soluções para os

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problemas encontrados ao longo do caminho. Quando for apresentada uma dificuldade a determinado voluntário por parte da pessoa idosa, este poderá partilhar com os seus colegas, de forma a resolver da melhor forma. Outra das caraterísticas deste projeto é que privilegia o contacto entre os vários participantes. Não funciona por bolhas. As atividades realizadas ao longo do ano, bem como as visitas para verificar as condições de saúde, têm como pressuposto aumentar a interação dos idosos com outras pessoas. A criação de um projeto, sem pensar na intercomunicação entre várias pessoas, levaria a um isolamento de cada voluntário. Pretendemos o contrário.

Finalmente, o que mais diferencia este projeto é a partilha de conhecimento. Não são apenas conversas para fazer companhia. São ligações para criar amizade, trocar informações e ideias, procurar soluções para os problemas de ambos e interligar várias pessoas para aumentar a socialização nas idades mais avançadas. Em suma, ter um melhor amigo mais velho (ou mais novo) que está sempre pronto para nos ouvir.

5. Em que aldeia, vila ou cidade pretendes implementar o projeto?

Inicialmente, apenas para testar a adesão dos estudantes e dos idosos à participação neste projeto, iríamos cingi-lo à zona de Braga para dar o primeiro passo. Mais tarde, como um dos objetivos é que o programa funcione como uma espécie de Erasmus nacional, para que seja mais apelativo aos jovens pelo facto de existir efetivamente uma mobilidade geográfica, convém que se possa dispor de uma área considerável. Em relação à vertente dos buddies, uma atuação inicial considerando apenas esta área, até para verificar se a recetividade de ambas as partes envolvidas corresponde ao idealizado, parece ser a adequada.

Daí em diante, e caso se comprove que o programa está a surtir resultados positivos, o objetivo pode-se tornar mais ambicioso, e talvez fazer uma cobertura por todo o território nacional, conectando inicialmente os estudantes das universidades com os idosos, e mais tarde, talvez seja possível incluir estudantes do secundário.

6. Qual é o impacto que esperas que a ideia obtenha?

Com a aplicação deste projeto esperamos que se crie uma experiência de voluntariado como tantas outras que já existem atualmente, contudo num cenário um pouco diferente do habitual. Com este programa espera-se que os estudantes sintam vontade de participar e entusiamo para marcarem a diferença na vida destas pessoas.

De um modo geral, este programa pode combater a solidão a um nível que mais nenhum outro consegue, ou seja, é um programa que mais do que

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verificar se os idosos estão bem, se tomam a medicação a horas ou se têm os devidos cuidados com a alimentação e a higiene, vai colocar um agente ativo no terreno, o estudante, que vai fazer as refeições com o idoso, vai ajudá-lo nas tarefas diárias, vai estar presente nos momentos em que tomam a medicação, vai acompanhá-lo nas saídas e experienciar todos estes momentos na primeira pessoa.

Além disto, também o programa de buddies vai dar ao idoso o amigo com que pode sempre contar e desabafar, sem colocar a pressão de estar a falar com um profissional de saúde como um enfermeiro ou um psicólogo. De referir também, que não será só o estudante a telefonar ao idoso mas também o próprio o poderá fazer.

Referências

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