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CARUARU (PE), Dezembro de 2015.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE – CAA

NÚCLEO DE DESIGN

Camila Dayanne Ferreira da Silva

O DESIGN DE MODA COMO CONHECIMENTO PARA ARTICULAR

UM PROCESSO DE INOVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DAS CIDADES

DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE E TORITAMA.

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Camila Dayanne Ferreira da Silva

O DESIGN DE MODA COMO CONHECIMENTO PARA ARTICULAR

UM PROCESSO DE INOVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DAS CIDADES

DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE E TORITAMA.

Projeto de Conclusão do Curso de Design apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Orientadora: Professora Drª. Maria Teresa Lopes

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Catalogação na fonte: Bibliotecária - Simone Xavier CRB/4-1242

S586d Silva, Camila Dayanne Ferreira da.

O design de moda como conhecimento para articular um processo de inovação: estu-do de caso das cidades de Santa Cruz estu-do Capibaribe e Toritama. / Camila Dayanne Fer-reira da Silva. - Caruaru: O Autor, 2015.

102f. il. ; 30 cm.

Orientadora: Maria Teresa Lopes.

Monografia ( Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de Pernambu-co, CAA, Design, 2015.

Inclui referências bibliográficas

1. Moda. 2. Design. 3. Inovação. 4. Administração local – Agreste(PE). I. Lopes, Maria Teresa. (Orientadora). II. Título

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2015-273)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO

DE GRADUAÇÃO DE DESIGN

CAMILA DAYANNE FERREIRA DA SILVA

“O design de moda como conhecimento para articular um processo de Inovação: estudo de caso das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e

Toritama.”

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera a aluna Camila Dayanne Ferreira da Silva

APROVADA

Caruaru, 14 de dezembro de 2015.

SOLANGE GALVÃO COUTINHO

AMILCAR ALMEIDA BEZERRA

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RESUMO

Esse estudo é parte de uma pesquisa conduzida, intitulada: Mapeamento do potencial inovador do APL de confecção do agreste pernambucano, tendo como conhecimento de base para a inovação o design de moda, financiada pelo CNPq, realizada no Período de dezembro de 2013 a março de 2015, pelo Gefol – Grupo de Pesquisas em formação do olhar, coordenado pela Professora Dr. Maria Teresa Lopes e que teve como objetivo mapear o potencial inova-dor de todo o arranjo produtivo do Agreste de Pernambuco.A presente monografia ocupa-se em analisar o arranjo produtivo de confecção do Agreste (APL-CA), particularmente as cida-des de Santa Cruz do Capibaribe, produtora de vestimentas em malha e a de Toritama produ-tora de peças em jeans, para mapear seu potencial inovador, analisando todos os pontos que dizem respeito à confecção de vestuário na localidade. Utilizando para isso técnicas de obser-vação participante e de análise do discurso para compreender o contexto em que se manifesta o arranjo produtivo nas cidades estudadas.

(6)

ABSTRACT

.

This study is part of a larger survey, entitled: Mapping of the APL innovative poten-tial of making the dry region of Pernambuco, with the knowledge base for innovation to fash-ion design, funded by CNPq, held in the period December 2013 to March 2015 at Gefol - Re-search Group on training new look, coordinated by Professor Dr. Maria Teresa Lopes and aimed to map the innovation potential of the entire production arrangement of the Agreste of Pernambuco. This monograph is concerned with analyzing the productive arrangement of making the Agreste region of Pernambuco (APL-CA), particularly the cities of Santa Cruz do Capibaribe, producer of knitwear and Toritama producing jeanswear, to map its innovative potential, analyzing all the points that concern the manufacture of knitwear in the locality. By using for this participant observation techniques and discourse analysis to understand the con-text in which it expresses the productive arrangement in the cities studied.

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LISTA DE IMAGENS

Figura 1: Exemplo de camisa sendo cortada em A-poc... 24

Figura 2: Mapa do APL de confecção do Agreste ... 27

Figura 3: Segmentos de vestuário produzidos em Toritama ... 31

Figura 4: Parque das Feiras de Toritama ... 31

Figura 5: Moda Center Santa Cruz. ... 33

Figura 6: Funcionário de uma confecção de Santa Cruz do Capibaribe estampando na máqui-na de sublimação da empresa. ... 75

Figura 7: Tags personalizados com a logomarca de empresas de Santa Cruz, Toritama e Caru-aru. ... 75

Figura 8: Blusa Feminina de marca de Santa Cruz com estampa tipográfica. ... 76

Figura 9: Escritório de uma das empresas entrevistadas, pertencente ao mapeamento iconográ-fico. ... 80

Figura 10: Croqui do Objeto Proposto. ... 87

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Objetivos específicos e resultados obtidos. ... 14

Tabela 2: Resumo metodológico. ... 37

Tabela 3: Cruzamento de dados coletados nas falas dos empresários e estudantes de De-sign... 69

Tabela 4: Cor SCC... 81

Tabela 5: Cartela de Cor Santa Cruz do Capibaribe... 82

Tabela 6: Forma SCC... 82

Tabela 7: Textura SCC... 83

Tabela 8: Tipografia SCC... 83

Tabela 9: Cor Toritama... 84

Tabela 10: Cartela de cor Toritama. ... 84

Tabela 11: Forma (Modelagem)... 85

Tabela 12: Textura (Tátil)... 85

Tabela 13: Tipografia Toritama... 86

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LISTA DE SIGLAS

APL-CA – Arranjo Produtivo Local de Confecções do Agreste

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apóio às Micro e Pequenas Empresas SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística PIB – Produto Interno Bruto

ACIT – Associação Comercial e Industrial de Toritama AFEST – Associação dos Feirantes da Sulanca de Toritama ALPL – Associação dos Lojistas do Parque das Feiras de Toritama ASCAP – Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe CDL – Câmara dos Dirigentes Lojistas

SCC – Santa Cruz do Capibaribe

MEID – Modelo Exploratório de Intervenção em Design GEFOL – Grupo de Formação do Olhar.

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SUMÁRIO

Introdução ... 11

Capítulo 1: A materialidade: O tecido e um pouco da sua história. ... 17

1.1 A história do Jeans. ... 20

1.2 A história da Malha ... 22

Capítulo 2: A relação do tecido com o Agreste de Pernambuco ... 26

2.1A relação do Jeans com a cidade de Toritama ... 29

2.2 A relação da Malha com a cidade de Santa Cruz do Capibaribe. ... 32

Capítulo 3:Metodologia de pesquisa... 35

Capítulo 4: Experimento e sua análise... 39

Considerações preliminares ... 69

Capítulo 5: Propondo um novo contexto projetual para o design de moda no agreste ...79

5.1 Proposição de um objeto...79

5.2 Mapeamento do fundamento da linguagem gráfica...81

5.2.1 Santa Cruz do Capibaribe – Cor ... 81

5.2.2 Santa Cruz do Capibaribe – Forma (Modelagem) ... 82

(11)

5.2.4 Santa Cruz do Capibaribe – Tipografia ... 83

5.2.5 Toritama – Cor ... 84

5.2.6 Toritama – Forma (Modelagem) ... 85

5.2.7 Toritama – Textura (Tátil) ... 85

5.2.8 Toritama – Tipografia ... 86

5.2.9 Novo objeto/ Nova significação... 87

Considerações Finais ... 89

Referências Bibliográficas ... 91

Anexo 1... 95

Anexo 2... 97

(12)

Introdução

Pernambuco é um território bastante rico cultural e economicamente, o estado divide-se em cinco mesorregiões, são elas: Sertão, Zona da Mata, São Francisco, Metropolitana e Agreste, Pernambuco é bastante conhecido por sua riqueza de manifestações culturais, sendo uma delas a prática do artesanato, como sendo algo bastante difundido.

O artesanato se estabelece em diversos tipos de materiais, como a madeira, o barro, o papel, o tecido, dentre outros, o trabalho com esses materiais tem um crescimento significati-vo e o que era feito apenas por uma pequena quantidade de moradores, tornou-se a principal atividade das cidades. Nesse sentido, o Agreste é uma região do estado que merece destaque, pois, nele existe um grande APL, onde fazem parte práticas de artesanato e também aglome-rações industriais, um desses Arranjos é o de confecção, que associado a produção artesanal é responsável por grande parte a movimentação financeira do estado e é o objeto de estudo des-sa monográfica.

Os APL’s são os Arranjos Produtivos Locais, que consistem em aglomerações de mi-cro empresas e produções que trabalham para um mesmo tipo de produção. Fazem parte deste APL, todas as micro empresas, fábricas, indústrias e comércios que giram em torno de uma produção em comum, seja fornecendo matéria prima e utensílios, produzindo artefatos, ou comercializando as peças. (ALBAGLI; BRITTO apud ANDRADE et al. 2010)

Conforme dados de ALBAGLI; BRITTO apud ANDRADE et al. 2010, APL’s são aglomerações territoriais que tem o foco direcionado em um conjunto de atividades econômi-cas semelhantes e que apresentam vínculos de certo modo. Os APL’s envolvem além de for-necedores, produtores e comerciantes de um mesmo tipo de produto, englobam diversas ou-tras instituições, tanto públicas quanto privadas que são voltadas para a formação e capacita-ção profissionalizante de áreas relacionadas a producapacita-ção existente.

É por este contexto econômico e cultural que a presente pesquisa se instala, como re-sultado de um ano de trabalho no Grupo de Pesquisa em Formação do Olhar – GEFOL, no qual fui bolsista pelo CNPq. Trata-se da análise do APL de confecção do Agreste, da

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Univer-sidade Federal de Pernambuco – Campus Acadêmico do Agreste, e se localiza mais particu-larmente, nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama.

Tendo como objetivo identificar e analisar as materialidades mais trabalhadas nas duas cidades, apontar os problemas de design existentes na região, identificar como metodologias de design podem ser trabalhadas nessas empresas, com o intuito de gerar inovação nelas e nos seus produtos.

Por fim, desenvolver um produto de moda utilizando a materialidade mais recorrente em Toritama como material base do produto, fazendo uma relação de troca de significação com a renda de Poção e a Madeira de Gravatá, cidades que também fazem parte do APL do Agreste de Pernambuco, e que também fizeram parte dos estudos desenvolvidos pelo GeFol, utilizando para tal duas bases metodológicas uma primeira para a contextualização, a Sign Crossing LOPES (2014) e uma segunda para a produção do objeto, a metodologia de CROSS (2008).

A escolha das cidades se deu devido ao fato de ambas estarem em constante desenvol-vimento, Santa Cruz do Capibaribe é o terceiro maior município do Agreste de Pernambuco e um dos maiores produtores de confecção do Brasil, de acordo com dados do SEBRAE (2012) até 2010, sua população era de 87.582 mil habitantes e o PIB de 400.885 mil, com um cres-cimento cada vez maior. Toritama é um dos menores municípios do estado e um dos maiores produtores de peças em jeans do Brasil, com população até 2010 de 35.554 mil e PIB de 149.176 mil, em constante crescimento também (SEBRAE, 2012). E por ambas terem sido o corpo da pesquisa do GeFol que a presente foi parte e que ocupou-se de investigar a relação do design de moda como um conhecimento para inovação, nas cidades de Caruaru, Poção, Pesqueira, Passira, Gravatá, Bezerros, Recife e as duas supracitadas.

O estudo foi relevante do ponto de vista acadêmico para que se pudesse conhecer um pouco mais do potencial dessa região, a materialidade presente na mesma e como se pode, levando em consideração a realidade local, gerar inovação utilizando essa mesma materiali-dade. Ele foi também importante do ponto de vista teórico, pois, durante a realização da pes-quisa notou-se que os estudos voltados para esse âmbito de inovação com a utilização de ma-teriais regionais, são escassos. Do ponto de vista prático, vale salientar a importância da

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dis-cussão que foi gerada, e que consiste na observação dos atos discursivos que se encontram na relação entre empresa, aluno e universidade todos situados no campo do design, pois, os pró-prios empresários afirmam existir muita dificuldade de adaptação de designers oriundos de universidades nas empresas locais, pois segundo eles, o conhecimento passado no meio aca-dêmico foge um pouco da realidade das empresas dessas cidades.

Do ponto de vista dos alunos observou-se que há um despreparo e que a universidade ainda não o prepara para a realidade da região, ocorrendo que em muitos casos eles não con-seguem trabalhar para um público do fast-fashion1, pois estão muito apoiados na criação indi-vidual e não na massificação/industrialização do sistema de moda.

Nesse sentido se pôde constatar que do ponto de vista dos empresários locais o clima em relação a esses alunos é de receio em contratar esses jovens profissionais que tem forma-ção apenas acadêmica, construída apenas pela experiência na universidade, sem experiência da prática como é realizada dentro das empresas optando assim por alunos oriundos de cursos técnicos, como os cursos oferecidos por escolas como o SENAI e o SENAC, de um curto pe-ríodo de tempo, mas que focam mais no aprendizado prático.

Para a análise de todos os aspectos do APL de confecção de SCC e Toritama neste tra-balho, foi realizada inicialmente uma pesquisa de campo para a coleta de informações sobre o que e como se produz no local, utilizando um questionário semi estruturado que foi realizado com 19 empresários e 17 estudantes como base para a busca pelos dados e a partir desses da-dos, tornou-se possível utilizar o MEID de LOPES (2013), como método de trabalho e para o mapeamento da região e assim desenvolver o projeto do produto que une a significação regio-nal com as metodologias de design de moda para gerar inovação.

O estado da arte dessa pesquisa foi composto de uma forma sucinta, na qual envol-vem: uma dimensão histórica das materialidades e cidades estudadas, uma apresentação su-cinta do design de moda como conhecimento para o campo do design e por isso um conheci-mento destinado à inovação, contudo o foco desse trabalho é na ação experimental e no exer-cício da análise.

1

Criado na Europa, o modelo de comercialização da moda que abastece o mercado com as novidades do mun-do fashion de forma rápida. Disponível em: < http://moda.ig.com.br/modanomunmun-do/voce-sabe-o-que-e-fast- http://moda.ig.com.br/modanomundo/voce-sabe-o-que-e-fast-fashion/n1237795692971.html>, Acesso em: 28 de dezembro de 2015.

(15)

Assim essa pesquisa foi desenhada de forma que a observação e a coleta de dados de realidade, coletados no campo fossem sendo tratados e por sobre esse tratamento fossem sen-do ajustadas as dimensões teóricas, a pergunta de pesquisa: Como o Design de Moda pode ser trabalhado dentro do APL de confecção das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, para gerar produtos de moda inovadores utilizando a materialidade local, foi o nosso norte e por meio dela foi possível se entender o objetivo geral de gerar inovação utilizando o design de moda como parâmetro para a criação de produtos de moda com a materialidade presente no APL de confecção das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama.

Assim, podemos apresentar a seguir os objetivos específicos elaborados para essa pes-quisa, contudo, já com os resultados que foram obtidos:

Tabela 1: Objetivos específicos e resultados obtidos

Objetivos específicos Resultados obtidos

Identificar e analisar as materialidades mais trabalhadas nas duas cidades

A materialidade mais trabalhada em Santa Cruz do Capibaribe é a malha e a de Toritama é o Jeans.

Apontar os problemas de design existentes na região.

Problemas identificados: Tratamento diferenciado do proprietário da empresa com os funcionários que são parentes; cultura da có-pia; Conceito comum de que o papel do designer na empresa é apenas aspiracional; Dificuldade de adaptação dos designers na empresa e falta de capacitação dos funcionários. E na visão dos alunos de design da região ainda existem os seguintes problemas, dificuldade de inserção no mercado e contratação de pessoas sem qualificação para exercer funções como a de designer.

Identificar como meto-dologias de design podem ser trabalhadas nas empresas, com o intuito de gerar inova-ção nas instituições e nos produtos.

Metodologias de gestão de design podem ser aplicadas nas empre-sas para melhorar o tempo e qualidade da produção dos produtos, além de eliminar os problemas de administração das empresas. Metodologias de design de moda podem ser utilizadas na criação das peças também, dessa forma, pode-se inovar nas peças e elimi-nar assim a cultura de cópia.

(16)

Com base nesses apontamentos pudemos entender que o contexto que foi trabalhado na região agreste é bastante complexo, e o design é ainda um conhecimento inconclusivo na realidade dos agentes que o articulam, e podemos entender ainda que:

O estudo do potencial inovador do APL de confecção das cidades de Santa Cruz do Capi-baribe e Toritama foi importante para que essa região seja mais explorada e desenvolvida, pois se pode observar que ela possui uma grande riqueza material a ser trabalhada, mas que acaba não evoluindo devido à existência da cultura de cópia, isso do ponto de vista das análi-ses que foram desenvolvidas.

O potencial inovador das cidades de Santa Cruz e Toritama existe, e pôde ser visto novas maneiras de como essa materialidade pode ser utilizada, a materialidade local dessas cidades foram analisadas observando as formas, cores, texturas e tipografias existentes a fim de tornar mais fácil a criação de novos produtos pelos designers da região a partir dela.

Por meio dela também foi possível ter um contato mais próximo com as pessoas que fa-zem a indústria e o comércio local e entender o que os empresários necessitam e como real-mente se dá o trabalho de um designer dentro dessas empresas, pois, na universidade a parte prática do trabalho e a realidade do mercado de trabalho são mostradas superficialmente e vendo como acontece a “criação” e desenvolvimento das peças e o que os empresários bus-cam é possível compreender um pouco do ponto de vista dos empresários.

E dessa forma, partir para a parte propositiva desse projeto, que depois de um corpo de análise faz a proposição de um objeto, ainda como projeto, mas que do nosso ponto de vista comprova que é possível trabalhar inovação no design de moda, tendo como meio de campo, o que as materialidades, dessas cidades produtoras de objetos e significados possibilitam.

Pôde-se concluir que um dos maiores problemas que impedem o crescimento da regi-ão, para que ela possa tornar-se não somente uma copiadora de tendências e começar a

lança-Desenvolver um produ-to de moda utilizando a materialidade mais recorrente em Toritama como material base do produto

A criação de uma carteira utilizando o jeans como materialidade de base, deslocando-o do vestuário (comumente produzido em Toritama) e levando a significação desse material para o segmento de acessórios. Para fazer a troca de significação do jeans com a madeira de Gravatá e a renda de Poção, foi utilizada a metodolo-gia de CROSS (2008).

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las também é a cultura de cópia existente e, além disso, existe a falta de capacitação dos fun-cionários das empresas, é preciso que os empresários atentem para a importância da qualifica-ção profissional para a qualidade das peças e desenvolvimento de produtos inovadores.

(18)

Capítulo 1 -

A materialidade: O tecido e um pouco da sua história

1. A materialidade: O tecido e um pouco da sua história

Os tecidos são bastante representativos na história da humanidade, sabe-se que não so-mente pela sua função prática, a de proteger o corpo, mas também por ser um material que pode carregar uma significação de acordo como ele é utilizado.

A história nos documenta que as primeiras fibras têxteis cultivadas pelo homem na antiguidade foram o linho e o algodão, no campo vegetal, e a lã, e a seda no campo animal. Hoje simplesmente as chamamos de matérias-primas naturais.

(PEZZOLO, 2007. p. 11)

Com o uso dos tecidos para as vestimentas, surgiu a necessidade de diferenciar, desse modo, cada vez mais materiais foram sendo explorados e logo se pôde notar que as fibras eram itens cruciais para o produto final obtido, se a fibra fosse mais elástica os tecidos estica-vam e do contrário os tecidos não eram flexíveis. As fibras naturais, como algodão, lã, seda e linho foram os primeiros a serem manipulados para estes fins.

O tecido foi tornando-se cada vez mais trabalhado, foi evoluindo juntamente com as civilizações, no século XVI já se pôde notar novos modelos de tear e novas tecnologias para tingimento do tecido, com isso, foi possível a criação de tramas mais ornamentadas. O século seguinte trouxe o advento do Rococó, também chamado de período do “exagero dos exage-ros” a ornamentação dos tecidos chegou aos extremos, possuindo brocados, flores e nas rou-pas sendo aplicados ainda laços.

Já no século XVIII, ocorreu a proibição do uso da chita vinda da china, com isso, a França viu a oportunidade de crescer seu mercado têxtil e passou a liderar as vendas de teci-dos femininos, enquanto que a moda masculina era dominada pela Inglaterra e sua produção de lã. Depois de passado o exagero do Rococó, o tecido que entrou em uso foi o algodão branco o fino, usado para a confecção de roupas mais campestres, as mulheres adotaram a esse visual depois que Maria Antonieta passou a se vestir com vestes mais simples ao ir morar nos jardins de Versalhes.

Com isso, o algodão tornou-se tão popular na França que passou a ser uma ameaça a produção de seda no país do século XIX, conforme UDALE, (2009 p.15), assim que

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Napo-leão tornou-se imperador em 1804, ele ordenou que a seda, não o algodão fosse usada como roupa cerimonial, medida tomada a fim de elevar as vendas da seda no país.

No final do século XIX constatou-se que os avanços técnicos e a mecanização eram responsáveis pelo declínio da qualidade do design e do artesanato (...). A qualidade dos tecidos era inferior e carecia de design.

(UDALE,2009 p.15.)

Com a mecanização da produção de vários tecidos, criou-se uma preocupação geral com a qualidade dos mesmos, a partir disso, se originaram movimentos que defendiam a con-fecção artesanal de tramas e tecidos, inicialmente o movimento Art’s and Crafts e depois ou-tros como a Art Nouveau que focavam no desenvolvimento manual dos tecidos utilizando a estilização como parâmetro para o surgimento de um estilo de tecido de cada movimento ar-tístico, o Art Nouveau tinha formas mais orgânicas, motivos da natureza e isso foi também inspirado pelo oriente. A abertura do Japão para o comércio foi de extrema importância, além da influência da flora oriental nos tecidos, havia também o processo de laquear os tecidos, trazendo tramas com brilho e fios metalizados.

Os produtos laqueados japoneses influenciaram a criação do lamê, um tecido bri-lhante de fios metálicos. Nos anos 1860, tornou-se popular a tarlatana, um tecido tramado de algodão, fino e simples, que era lavado, ou estampado com um verniz enrijecido. (UDALE, 2009 p.15.)

Será no início dos anos 1900 que os tecidos começaram a ser cada vez mais influenci-ados pelos acontecimentos da época, especialmente a arte, na década de 1920 com a influen-cia do Jazz e do movimento artístico Art Deco, se fez necessário o uso de tecidos mais flui-dos, nos anos 1930 o surrealismo se fez presente, permitindo que existisse uma maior inova-ção também no mercado têxtil, a estilista Elsa Schiaparelli chegou a utilizar tecidos de Raion, celofane e vinil.

Nos anos 1940 o advento da segunda guerra mundial, também influenciou a cadeia têxtil, os tecidos precisaram ser mais duradouros e ao mesmo tempo mais leves muita tecno-logia têxtil foi necessária para suprir as necessidades dos tecidos nesta década, como o au-mento da resistência e durabilidade das fibras, principalmente para fins militares, tecidos co-mo o brim e o guingão tornaram-se bastante populares. A década de 1950 foi marcada pelo fim da guerra e o desejo de resgatar a boa vida novamente, a ornamentação voltou a ser valo-rizada e fibras como o Poliéster, o acrílico e o spandex foram desenvolvidas.

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Nos anos 1960 os tecidos tornaram-se mais brilhantes, a inspiração futurista era tão evidente que as roupas se assemelhavam a roupas de astronautas, novos materiais sintéticos foram desenvolvidos e as estampas tornaram-se ainda mais ousadas. Na década de 1970 com o movimento hippie e a crise do petróleo na Grã-Bretanha definiram o declínio das fibras sin-téticas e o retorno das fibras naturais.

Na década de 1980 foi introduzido o algodão reciclado e os tecidos eram monocromá-ticos quase que sem nenhuma estampa ou ornamento, os anos 1990 o jeans destruído e a cus-tomização tornou-se imprescindível para a confecção das peças com aspecto artesanal e pouco usual da época. O século XXI se inicia com a volta das tramas ornamentadas e com o auxílio do computador a tecnologia têxtil chega a outros aspectos, tecidos que melhor se adéquam ao corpo, que permitem a melhor transpiração e até o melhor desempenho de atletas são criados, são os chamados tecidos tecnológicos.

A evolução tecnológica dos tecidos continua acontecendo, cada vez mais são desen-volvidos materiais que atendem as mais diversas e específicas necessidades e a moda, por sua vez, aproveita ao máximo a tecnologia têxtil para expandir suas possibilidades de desenvol-vimento de produtos, porém, apesar dos tecidos inteligentes ocuparem cada vez mais espaço no mercado, as demais tramas ainda são as mais utilizadas, devido ao custo inferior e por se-rem bastante versáteis quanto a sua aplicação, tecidos com base de algodão, por exemplo, podem ser utilizados em produtos para a casa, em roupas, em fardamentos e até mesmo em acessórios de moda.

A presente pesquisa terá o foco direcionado em apenas dois tecidos que também são populares e versáteis como o algodão, são eles, o jeans e a malha, estes que são as materiali-dades mais utilizadas na produção de produtos de moda das cimateriali-dades de Santa Cruz do Capiba-ribe e Toritama e são bastante significativos para o Arranjo Produtivo de confecção do Agres-te de Pernambuco, objeto de estudo da pesquisa. Sendo assim, se faz necessário estudar um pouco da história do jeans e da malha e sua significação, para compreender a escolha do uso dessas tramas para a confecção de vestimentas em Santa Cruz e Toritama.

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1.1. A história do Jeans

O jeans é um dos tecidos mais utilizados nos dias atuais, seja por homens ou mulheres, ele é explorado em diversas peças e é utilizado nas mais diversas ocasiões, sendo um teci-do extremamente versátil.

No século XX, o jeans mostra seu papel na sociedade, desencadeando um estudo mais completo das variantes sócio-políticas pelas quais o mundo passou a partir da Revolução Industrial do século XIX, e do vestir como expressão dos sentimentos. (CATOIRA, 2006.)

O Jeans se tornou parte da história da sociedade moderna, sendo símbolo desde o tra-balho até de jovialidade, da rebeldia e da casualidade, sempre se adaptando ao cenário da épo-ca vigente, sem perder sua função prátiépo-ca, o jeans é um tecido repleto de signifiépo-cados, pode-se dizer que ele tem sua própria identidade e se adéqua as circunstâncias, por esse motivo nunca é descartado do mundo da moda.

De acordo com Cordeiro e Hoffmann (2012), o jeans teve seu surgimento no século XIX, em 1853, na época da febre do ouro das minas dos Estados Unidos, quando Levy Strauss, um comerciante alemão, diante das queixas dos mineradores com relação as roupas que usavam nas minas que precisavam ser substituídas freqüentemente, teve a idéia de criar uma calça mais resistente para o trabalho nas minas de ouro.

Segundo CASYTILHO (2001) O jeans é um tecido utilizado no vestuário desde o séc. XIX, quando Levi Strauss lançou o jeans de brim, o qual era tingido de azul utilizando o co-rante índigo e em 20 de maio de 1873, Levi registrou a patente de suas calças ao lado de seu alfaiate de Nevada chamado Jacob Davis.

O jeans iniciou sua trajetória apenas como um tecido prático, perfeito para roupas de trabalho, mas com o passar do tempo seu uso foi sendo ampliado e como sabe-se hoje ele é indispensável em qualquer guarda-roupa. CATOIRA 2006 p. 12, afirma que no mundo de hoje, em todos os seguimentos e grupos de sociedades constata-se a presença do jeans, esse fato é muito importante, pois, faz dele um produto universal, se adéqua a diversas tribos, cul-turas, estilos de vida e consegue êxito de venda em todos. Até mesmo em culturas extrema-mente rígidas como a Árabe existe espaço para o jeans.

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O jeans conseguiu ser o único artigo da história que se tornou ao mesmo tempo sím-bolo (da juventude), peça popular ( dos trabalhadores em geral) e chegou às pessoas de sociedade, políticos,chefes de estado e até da realeza (como Lady Di, Princesa Caroline de Mônaco).

(CATOIRA, 2006. p. 12)

A identificação que as pessoas têm com o jeans foi algo espontâneo, talvez por esse motivo que até atualmente o jeans está inserido no mercado da moda e ainda é tão querido por diferentes tipos de pessoas. Pode-se afirmar que todas as pessoas tenham ou já tiveram pelo menos uma peça de jeans durante a vida, com isso, o jeans tornou-se um recorde de vendas contínuo, sai e volta aos holofotes da moda, mas ainda continua lá, sendo usado para o traba-lho, para o lazer, por adultos, crianças e pessoas de diferentes classes sociais e estilos de vida e consequentemente movimentando a economia mundial.

No século seguinte esse tecido tornou-se um ícone, “Foi em maio de 1935 que um lance do departamento de publicidade da Levy Strauss fez do jeans a roupa típica de um fol-clore, o símbolo de uma moda.” (SUPERINTERESSANTE, 1988), logo após o jeans deu forma às calças vestidas pelos grandes astros do cinema americano, propiciando uma das principais revoluções no modo de vestir. O movimento hippie utilizou o vestuário produzido com o tecido de jeans como símbolo de rebeldia contra as roupas convencionais e passou a ser utilizada também por algumas tribos urbanas tornando-se um clássico entre as roupas.

A aceitação do jeans pela sociedade foi tamanha que o jeans tornou-se um mercado no mundo da moda e não foi por imposição, pelo contrário, foi escolhido pelos jovens e desde então, tem o seu significado (CATOIRA, 2006 p. 53), a significação criada em cima da mate-rialidade do jeans continua sendo válida, uma vez que, a produção de peças de jeans continua crescendo. No Brasil, em 2012 foram produzidas 348,8 milhões de calças jeans e de 2008 à 2012 o crescimento produtivo de jeans no país foi de 27%, enquanto que a produção de vestu-ário em geral foi de 4,1%, as previsões são de que esse percentual permaneça aumentando ano após ano. (SEBRAE, 2012).

Com previsões de crescimento na produção e a moda favorecendo o uso de peças em jeans, é notável que o mercado continue em alta, sendo vantajosos os investimentos nesse segmento.O cenário produtivo da cidade de Toritama também continuará sendo afetado posi-tivamente com essas estimativas, pode-se concluir então que é evidente o grande potencial existente na produção e comércio de jeans, no entanto, para que a região possa continuar a

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crescer é preciso que sejam tomadas as devidas providencias no que diz respeito aos proble-mas existentes no APL, como a falta de estrutura e a cultura de cópia, a proposta da pesquisa é ade utilizar a inovação como ferramenta para o desenvolvimento da região como criadora de moda em jeans a nível nacional e internacional.

A mesma proposta será feita com a segunda cidade estudada, Santa Cruz do Capibari-be, que tem como materialidade a malha, será apresentada a história e a significação criada em cima desse tecido, para a melhor compreensão da relação do uso dessa trama, com a pro-dução de peças de roupa em Santa Cruz.

1.2. A história da Malha

A malha é um dos tecidos mais versáteis existentes, uma vez que se pode observar seu uso na fabricação de diversas peças de vestuário, sua aplicação é feita desde em peças tí-picas de verão como camisetas, camisas, saias, vestidos, lingerie, moda praia, até em pe-ças mais utilizadas nas temperaturas mais baixas, como: Casacos, cachecóis, calpe-ças, dentre outros.

Sabe-se que a malha é utilizada para a elaboração de roupas há muito tempo, Confor-me afirma SISSONS (2012) p. 11, “Em 1589, o reverendo William Lee inventou o tear de malhas por trama”. Até então a única malha trabalhada havia sido a lã, que é feita manu-almente. Com o tear, o processo de produção da malha se tornaria muito mais rápido e com isso, as pessoas tiveram mais facilidade de acesso a esse tecido fazendo aumentar o seu uso na confecção de peças variadas.

Lee levou seu tear para a França, onde finalmente fez sucesso.Ao final do século XVII, seu uso já estava difundido por toda a Europa. Tecer ficou mais rápido, pois, em vez de fazer ponto a ponto, carreiras inteiras podiam ser tecidas de uma só vez.

(SISSONS, 2012 p.11)

A malha tornou-se cada vez mais popular, pois a sua estrutura possibilitava a confec-ção de peças bastante diferentes, o fato de se adequar muito mais ao corpo do que o linho, por exemplo, possibilitou a criação de novas peças de vestuário. De acordo com o estudo de SIS-SONS (2012) p. 11, “No final do século XX a indústria da malharia já era enorme”, grande parte de sua popularização se deu não somente pela infinidade de aplicações em peças, mas também por ser uma trama bastante passível a modificações.

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O desenvolvimento desse tecido inicialmente surgiu a partir da demanda por meias, depois da criação do tear de malhas, ou tear de tricô como também era conhecido e da máqui-na de malharia rotativa, a produção de meias e roupas íntimas com a malha em forma de tubo, UDALE (2009) p.75. A partir do século XIX a malha foi trabalhada de maneira diferente, desta vez eram feitos padrões em sua trama e com isso a implementação de estampas e cores na trama, a exploração desse tecido ocasionou a criação de estampas por localidade, onde, em cada região do mundo há uma padronagem que a representa.

Com o passar dos anos, a malha foi se adaptando à moda e as padronagens regionais entraram em desuso, dando vez para os moletons, cardigãs e principalmente para a roupa es-portiva, UDALE (2009) p. 75 afirma que “No final do século XIX e início do século XX, as modas mudaram e mulheres e homens começaram a usar blusões, cardigãs e outras vestimen-tas tricotadas”, nessa mesma época, a prática de atividades físicas se elevou e por sua vez, a malha tornou-se um dos tecidos mais utilizado para fins esportivos, fato que ainda pode ser visto atualmente, já que a ideia de ter uma vida saudável é bastante difundida e está bastante ligada a pratica de atividades físicas, a malha entra com o conceito de ser o tecido mais apro-priado para esta finalidade.

Os tecidos de malha são fabricados a partir da interligação de laçadas, que podem ser trico-tados ao longo da urdidura ou da trama, proporcionando uma qualidade elástica. As linhas horizontais da malha são conhecidas como “carreiras” e as verticais como “fileiras”. A ma-lharia por trama é criada a partir de um fio que corre ao longo da “carreira”; se o ponto es-capar, a malha desfia ao longo da “fileira”. O tricô à mão é um excelente exemplo.

(UDALE, 2009 p. 77)

Segundo (SISSONS, 2012 apud EDELKOORT), a essência e a beleza da malha estão presentes no fato de o designer, poder inventar tudo, desde a criação do ponto, o manuseio do mesmo, o peso do tecido e a cor, até a textura que tem e a forma, tudo isso ao mesmo tempo, ainda podendo manipular os seus acabamentos e detalhes. Essa característica da malha possi-bilita ao designer total liberdade de criação, também por essa questão de ser tão passível de ser trabalhada é que há a existência de tantos tipos desse tecido, sempre podendo ser manipu-lado e com o advento da tecnologia os limites para a criação da malha se expandem exponen-cialmente.

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2Figura 1: Exemplo de camisa sendo cortada em A-poc . Fonte: Design Boom

Um exemplo da influência da tecnologia na produção de malha é o conceito A-poc, criado pelo designer japonês Issey Miyake, que é um tecido de malha tubular, onde as bordas cortadas não se desmancham, possibilitando cortar no mesmo tecido, vários moldes de peças (SISSONS, 2012 p. 37).A tecnologia disponível também ajuda na criação de tecidos inteli-gentes, segundo UDALE 2009, p. 36 São dois tipos, os que são “derivados de preocupações éticas ambientais e os surgidos com os avanços tecnológicos”, ou seja, os tecidos inteligentes são, tanto os que foram melhorados quanto ao seu desempenho, durabilidade e conforto, quanto àqueles que foram desenvolvidos com a finalidade de agredir menos ao meio ambien-te, estes também estão sendo bastante usados atualmenambien-te, fato que tem relação com a preocu-pação vigente com o futuro do planeta.

Tendo em vista a trajetória que a malha passou ao longo desses anos, é comprovada sua eficiência e versatilidade, é também por essas características que a malharia continua sen-do explorada em diversos seguimentos atualmente, com o seu uso se espalhansen-do cada vez mais, a malharia tornou-se também um mercado bastante proveitoso para investimento, pode-se compreender despode-se modo, o motivo pelo qual a malha foi escolhida pelo APL de confecção de Santa Cruz do Capibaribe,esse tecido permite aplicação em roupas femininas, masculinas, infantis, além de underwear, beachwear e moda fitness, e é essa diversidade de segmentos que faz o sucesso comercial que é o APL de confecção.

Pode-se ver que as materialidades estudadas, carregam consigo uma carga de signifi-cação que mesmo inconscientemente influenciam a clientela a querer consumir um jeans, por

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exemplo, para carregar consigo a significação que esse material representa, a juventude, a sensualidade, etc. Ou uma malha, que pode representar diversos perfis devido a sua multifun-cionalidade. Para ficar mais claro os motivos pelos quais iniciou-se a produção de vestimentas no Arranjo produtivo das cidades e Santa Cruz e Toritama, é preciso compreender também, sobre como os moradores decidiram começar a produção de indumentária na região.

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2. A relação do tecido com o Agreste de Pernambuco

O Agreste de Pernambuco é a região do estado localizada entre a zona da mata e o sertão, ele é bastante conhecido por seu artesanato e manifestações culturais existentes, porém, o que vem chamando a atenção é a grande movimentação econômica e o constante desenvolvimento que essa região vem sofrendo, provenientes do chamado APL do Agreste de Pernambuco. Esse arranjo produtivo engloba desde a produção de artesanato com madeira, barro e outros materiais, até a confecção de peças de vestuário. O desenvolvimento de vestuário nessa área concentra-se nas cidades de Santa Cruz do Capibaribe e sua produção em malha e na cidade de Toritama e suas confecções de jeans, existindo ainda uma fabricação em menor escala, nas cidades de Caruaru, Surubim e outras cidades próximas.

O APL,é uma aglomeração de empresas de mesmo ramo em determinada região,esse tipo de conjunto de empresas não se dá somente com confecções, esse arranjo pode ser de qual-quer outro tipo de produção e comercialização, no presente estudo o foco está sobre o APL de confecção do Agreste, sendo escolhidas as cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama os objetos de estudo.

O Arranjo Produtivo Local do Agreste de Pernambuco é composto pelas cidades de Caru-aru, Santa Cruz do Capibaribe, Surubim, Cupira, Agrestina, Brejo da Madre de Deus, Verten-tes, Riacho das Almas, Taquaritinga do Norte e Toritama, sendo, as principais cidades desse arranjo: Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. Em 2010, conforme estudo feito pelo SEBRAE (2013), os dez municípios estudados (Polo-10, por brevidade), em 2009, tiveram um produto interno bruto que alcançava R$ 3,9 bilhões, que representou 5% do PIB de Per-nambuco (R$ 78,4 bilhões, no mesmo ano).

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3Figura 2: Mapa do APL de confecção do Agreste. Fonte: Revista Espacios.

E não foi somente financeiramente que a região apresentou números crescentes, segundo o SEBRAE (2013), entre 2000 e 2010, a população total destes mesmos municípios cresceu mm 27%; e a conseqüência desse aumento populacional também reflete também sobre o seu PIB, entre 2000 e 2009 (último ano para o qual dados do produto municipal estão disponíveis), o seu PIB conjunto se expandiu 56%.

É evidente que o crescimento da região tem total ligação com a comercialização de peças de vestuário, a população tende a crescer cada vez mais e na medida em que as empre-sas de moda da região crescem consequentemente acaba por existir uma maior necessidade de mão-de-obra, do que a que já está disponível na cidade, com essa prática, as pessoas passam a ir morar nessas cidades, com o intuito de irem busca de oportunidade de emprego, geralmente levando a família com ele, dessa forma ocorre o aumento populacional da cidade.

De 2000 a 2010, a população de Santa Cruz do Capibaribe teve um incremento de 48%; a de Toritama, de 63% (Pernambuco: 11%). De 2000 a 2009, o PIB desta última cidade mais do que dobrou, enquanto o de Santa Cruz do Capibaribe cresceu 64% (Pernambuco: 44%).

(SEBRAE, 2013.)

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Disponível em: <http://www.revistaespacios.com/a13v34n02/13340212.html> Acesso em: 21 de Dezembro de 2014.

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Conforme CASSIOLATO; SZAPIRO (2003) As limitações percebidas estão relacionadas à importância e à natureza da mudança tecnológica e do desenvolvimento de capacitações locais leva ao sub-dimensionamento da relevância de processos de aprendizado e inovação. Estes, entretanto, são crescentemente reconhecidos como fundamentais para a competitivida-de e sucesso competitivida-de empresas, regiões e nações.

O crescimento das empresas de confecção do agreste influi não somente no crescimen-to populacional da região, mas principalmente em sua economia. Segundo dados de estudo do SEBRAE (2012), o faturamento total anual das empresas inseridas no APL de confecção do Agreste no ano de 2011 é equivalente a 949.952.000,00 e a comercialização das peças é feita para todo o Brasil, sendo 74,9% das peças produzidas no APL comercializadas dentro da re-gião Nordeste, 6,9 % das peças são vendidas para a rere-gião Norte, 3,4% para o Centro-Oeste, 12,8% das peças vendidas para a região Sudeste e 2% para o Sul do país.

A maior parte da comercialização das peças produzidas no APL de confecção do Agreste se dá através da feira, tanto em Santa Cruz do Capibaribe quanto em Toritama, a feira é o centro de todo o comércio, ao redor dela é que se localizam as lojas e os complexos de lojas, no Moda Center Santa Cruz a feira acontece bem no centro e toma conta de boa parte do espaço, as lojas se localizam ao redor da mesma, já no Parque das feiras de Toritama, a feira fica em frente, nas duas cidades a feira é realizada toda Terça-Feira e alguns comerciantes ainda participam da feira de Caruaru também que é realizada na Segunda-Feira já no intuito de permitir que todos os produtores da região possam participar de ambas as feiras.

Conforme SÁ (2011), a feira é o local da atividade social, econômica e cultural que reúne e dá oportunidade de sustento a várias pessoas, descendentes e remanescentes do meio rural; nordestinos que migraram para as grandes metrópoles e não obtiveram êxito; desempre-gados dos centros urbanos da região; pequenos; médios e grandes empresários, que são a mi-noria, mas também os mais influentes; famílias que trabalham juntos do mesmo negócio e até mesmo famílias que trabalham em pequenos comércios lado a lado ou em feiras diferentes, a feira é abrangente e dá espaço para o negócio de todos que recorrem a ela, também por isso que na feira se dá tamanha diversidade de produtos.

Os feirantes possuem algumas características em comum, tanto ao espírito de empre-endedor, quanto a maneira como entraram no ramo de confecção, até ao seu grau de instrução, SÁ (2011) pôde observar que, os feirantes são de forma geral, indivíduos que “tem nas expe-riências de vida sua fonte principal de aprendizado.” Todo o conhecimento que possuem são

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frutos de sua vivência e praticamente essa é a sua única forma de aprendizado sobre o seu negócio, eles buscam implementar a prática de seu trabalho, as experiências pelas quais pas-sam.

Esse aspecto é que chama bastante a atenção ao se conhecer os empresários e comerci-antes da região, mesmo sua grande maioria não possuindo uma escolaridade completa e cur-sos de especialização na profissão que exercem, eles sabem exatamente como fazer aquelas tarefas, pois aprenderam com seus próprios erros e é justamente esse aspecto que dá a singula-ridade do comércio da região, a falta de planejamento, estratégias de mercado e domínio de setor administrativo, atrapalha um pouco o crescimento das empresas locais, mas mesmo as-sim a região continua cada vez mais se tornando cada vez mais rica.

De acordo com o estudo feito por SÁ (2011) com os feirantes da cidade de Caruaru, 11,1% dos comerciantes aprenderam a desenvolver as atividades que exercem atualmente sozinhos, 20% por meio de experiências familiares, 28,9% com experiências anteriores e 15,6% aprenderam fazendo o trabalho atual, totalizando (75,6%) dos feirantes que aprende-ram na prática ou observando outras pessoas exercendo as atividades, sendo que apenas 8,9% dos feirantes entrevistados por SÁ (2011) afirmam que aprenderam a exercer as atividades de seu trabalho com cursos profissionalizantes.

Outro aspecto importante sobre os empresários da região, que pode ser visto na análise de SÁ (2011), é a forma como os feirantes conseguem crescer em seu negócio, esses indiví-duos conseguiram por meio de suas atividades econômicas poupar dinheiro para investir no próprio negócio, seja comprando um banco próprio na feira, ou um Box em um dos comple-xos de lojas da região, ou abrindo uma loja própria. O ato de poupar o dinheiro do trabalho também está relacionado a forma como conseguiram ter um negócio próprio, (55,6%) dos feirantes entrevistados por SÁ (2011), começaram seu negócio através de capital economiza-do por eles mesmo e (26,7%) tiveram o suporte da família para ingressar no ramo de confec-ção.

2.1. A relação do Jeans com a cidade de Toritama

Toritama deixou de ser um município com atividade apenas agrícola, desenvolvendo ou-tras atividades fora desse campo. A partir dessa quebra das atividades agrícolas e a

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pecuariza-ção que ocorreu no Agreste de Pernambuco, que acarretou na expulsão dos pequenos agricul-tores para dar lugar a pecaria extensiva em 1950, apesar disso, a renda gerada pela pecuária ainda era mínima, o desejo de obter uma renda maior levou os moradores de Toritama e regi-ão a buscar desenvolver uma nova atividade (XAVIER, 2006).

Conforme ALVES, 2009 apud XAVIER(2007),“Faz parte de uma região geográfica, de clima semiárido, desfavorável para o desenvolvimento do setor primário – agricultura e pecuária”. O clima da região influenciou no desejo dos moradores, de procurar outro meio de sobrevivência, dessa forma a confecção foi sendo adotada em 1980 e atualmente Toritama é, de acordo com CABRAL (apud ALVES (2009), o segundo maior pólo produtor de peças con-feccionadas em jeans do país.

As confecções de jeans de Toritama já nasceram em meio a um intercâmbio cultural, con-cretizada pela aquisição da principal matéria-prima, que era feita entre o Nordeste e São Pau-lo. (ALVES, 2009) Essa relação ainda existe, como os próprios empresários citaram nas en-trevistas que, exceto as etiquetas, tags e alguns aviamentos, grande parte da matéria prima é oriunda do sudeste do país, principalmente do estado de São Paulo. Sendo assim, a cidade de Toritama não é uma produtora do jeans em si, e sim uma beneficiadora, pois compra a materi-alidade de outro estado e confecciona as peças.

A confecção na cidade de Toritama é quase que totalmente voltada para a produção de pe-ças em jeans, conforme SEBRAE (2012), 95% da confecção da cidade é de pepe-ças em jeans e apenas 5% são de peças de street wear, também por isso que Toritama é uma das maiores produtoras de roupas em jeans do Brasil, perdendo apenas para o Brás em São Paulo SE-BRAE (2003), com peças que são comercializadas não somente na cidade e região, mas em todo o Brasil, com algumas empresas que também exportam para outros países.

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Jeans Street Wear

Figura 3: Segmentos de vestuário produzidos em Toritama. Fonte: Do Autor.

A cidade de Toritama foi tomada por confecções de peças de jeans e também de lavande-rias, o tecido importado chega para os produtores sem nenhum tratamento, então, as empresas escolhem todos os detalhes que cada peça vai possuir, geralmente, o designer ou o proprietá-rio da empresa é quem decide qual será o modelo da peça e depois de decidido, passam para a parte de modificar a aparência do tecido de acordo com o que mais se adéqua a proposta.

Quando trata-se de modificar a aparência do tecido, entram em questão as lavanderias, ge-ralmente existe um designer na lavanderia também, que é responsável por fazer amostras com as opções de lavagens e ainda os polimentos e acabamentos, como o em laser por exemplo. Após a escolha da lavagem e acabamento, a peça é produzida ou dentro da própria empresa, ou em fábricas terceirizadas. O produto final é o resultado da união dos serviços de lavande-ria, acabamento, confecção, bordado e embalagem, todos realizados dentro da própria cidade.

95%

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4Figura 4: Parque das Feiras de Toritama. Fonte: PE mais.

A comercialização das peças na feira e no Parque das feiras é o último estágio do ciclo do jeans na cidade, que movimenta o município, gera empregos e faz com que a cidade seja co-nhecida nacionalmente. A relação da cidade com o jeans é exatamente essa, de beneficiamen-to, desenvolvimento de peças e por fim, venda para todo o país, por conta disso, essa ativida-de assume uma granativida-de significação ativida-de orativida-dem econômica para a cidaativida-de.

2.2. A relação da Malha com a cidade de Santa Cruz do Capibaribe.

Santa Cruz do Capibaribe é a terceira maior cidade do Agreste Pernambucano e também a maior produtora de confecções de Pernambuco e a 2º maior produtora de confecções do Bra-sil. Conforme XAVIER (2006), o desenvolvimento da povoação de SCC nas atividades de comércio e serviços, teve início ainda no século XVIII, com a comercialização do algodão e tornou-se uma cidade independente de Taquaritinga do Norte em 1953, a produção e comerci-alização do algodão na cidade não deu certo, devido o clima da cidade e assim, optaram pela confecção de peças de vestuário para obter o sustento.

Conforme LUCENA e OLIVEIRA (2006), a maioria das empresas da cidade surgiu da necessidade dos agora empresários, de ter uma atividade que lhes assegurasse uma boa quali-dade de vida, com estabiliquali-dade e independência financeira. E a maior parte das empresas de Santa Cruz do Capibaribe tem êxito e estão em crescimento, apesar de as empresas não possu-írem uma organização empresarial eficiente, elas continuam se expandindo conforme o possí-vel, LUCENA e OLIVEIRA (2006) atribuíram o sucesso dessas empresas a uma estratégia competitiva empresarial chamada de Cluster, que segundo LUCENA e OLIVEIRA apud POSTER (2006), “são concentrações geográficas de companhias e instituições interconecta-das em um segmento particular”.

O cluster está inserido no APL de confecção de Santa Cruz do Capibaribe, como uma es-tratégia das empresas da região, onde fornecedores de equipamentos, materiais, maquinas, dentre outros se aglomeram na própria cidade, colaborando para as empresas no que elas pre-cisam para todas as etapas da produção e dessa forma, há um aumento da economia da cidade,

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Disponível em: <http://www.pemais.com/2015/05/parque-das-feiras-de-toritama-abrira.html> Acesso em: 13 de Novembro de 2014.

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uma vez que, a maioria das empresas que fornecem as matérias-primas para as confecções são de outros estados.

Além da aglomeração de empresas fornecedoras de matéria-prima para a confecção, nota-se também que a maioria das empresas produzem peças do mesmo nota-segmento. Santa Cruz do Capibaribe tem 72% de sua confecção voltada para o segmento Moda Feminina e 12% em moda íntima, conforme SEBRAE (2012) pôde-se notar na própria cidade, as empresas e em visita ao Moda Center Santa Cruz, que o mercado de Moda Praia e Moda Fitness está em constante ascensão nos últimos anos.

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Figura 5: Moda Center Santa Cruz. Fonte: Blog do Mário Flávio.

Assim como em Toritama, os empresários de Santa Cruz também possuem lojas em terre-nos próprios, além dos bancos da feira e das lojas do Moda Center, as feiras da região são bastante conhecidas como feiras da sulanca também, conforme LIRA (2006), Santa Cruz do Capibaribe foi o pioneiro na produção de “Sulanca” da região, a palavra sulanca é uma união das palavras sul e helanca, e levou este nome pois, os tecidos de helanca utilizados na cidade eram trazidos do sul do país.

A prática de produzir e comercializar peças em malha na cidade de Santa Cruz, começou como uma saída para ganhar uma renda durante a crise agrícola e passou a ser a atividade principal e diga-se de passagem, bastante rentável de quase toda a população da cidade, quem

5 Disponível em:

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não trabalha diretamente com confecção sempre tem parentes que trabalham no ramo e com essa atividade sendo passada de geração para geração, criou-se uma cultura de empreender muito forte na região e que precisa continuar sendo cultivada.

Durante a pesquisa de campo foi possível notar como é forte a cultura de empreender com confecção e comercialização de produtos em malhana cidade, a grande parte dos empresários foram influenciados a seguir esse ramo pelos próprios familiares e pretende passar para os filhos os negócios que criaram, a continuidade dessa prática só vem a reforçar a prosperidade no negócio da malha na cidade.

Ambas as cidades estudadas não são produtoras de matéria-prima e sim beneficiadores da mesma, a especialidade dessas empresas é o de beneficiar o tecido e confeccionar as peças para que sejam comercializadas dentro da própria cidade, dessa forma,o jeans em Toritama e a malha em Santa Cruz assumem uma significação econômica para as duas regiões, pois, são geração de emprego e renda para a população e são os responsáveis pelo giro financeiro que vem acontecendo em Santa Cruz e Toritama.

Concluído assim o estado da arte sobre a significação que essas materialidades assumem para cada cidade, e entendido que essas cidades passaram a possuir uma significação no Esta-do de Pernambuco, a partir Esta-do beneficiamento dessa materialidade, se pôde entender que elas passam a acumular um saber fazer que também é algo que as significa e que acaba gerando uma organização social e um tipo de aprendizado comum as pessoas que dali participam que gira em torno das relacionamentos produtivos e comerciais particulares a essas cidades. As-sim, podemos passar para o capitulo da metodologia de pesquisa que foi utilizada para desen-volver este estudo, os métodos aqui utilizados.

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3. Metodologia

O presente estudo foi realizado com base no método de pesquisa qualitativa, que confor-me afirma DESLANDES; MINAYO (2008), “É a descoberta de códigos sociais a partir das falas, símbolos e observações”. A pesquisa qualitativa divide-se em três etapas, sendo elas: A fase exploratória, o trabalho de campo e análise e tratamento do material empírico e documen-tal (DESLANDES; MINAYO 2008).

O método qualitativo encaixa-se na presente pesquisa, pois, para mapear o potencial ino-vador do APL das cidades estudadas, é preciso analisar tanto como é o processo de criação das roupas, até os fatores que influenciaram os empresários a ingressarem no ramo de confec-ção e para esse tipo de pesquisa, importa mais a qualidade dos dados coletados, do que a quantidade de entrevistados.

O trabalho de campo na pesquisa qualitativa é bastante importante, pois segundo DESLANDES; MINAYO, (2007) “permite a aproximação do pesquisador da realidade sobre a qual formulou uma pergunta, mas também estabelecer uma interação”. A coleta de dados se deu através da aplicação de um questionário semi estruturado com os empresários entrevista-dos, que variam entre donos de micro, pequenas, médias e grandes empresas.

Para a classificação dos tipos de empresa foi levado em consideração, tanto o tama-nho da produção, quanto a quantidade de lojas e bancos na feira, sendo assim, micro empresas são as facções, que trabalham apenas com a parte da costura de peças de outras empresas, as pequenas são aquelas que possuem confecção própria ou terceirizada e que possuem ou uma loja, ou apenas o banco na feira, as empresas de médio porte são as que possuem confecção própria e terceirizada e uma loja e um banco na feira, já as de grande porte são aquelas que possuem diversas confecções próprias, ainda contratam serviços terceirizados e possuem mais de uma loja e mais de um banco. Sendo assim, foram entrevistados 6 empresas de grande por-te, 8 de médio porpor-te, 4 empresas de pequeno porte e 1 micro.

Os estudantes entrevistados foram os de Design da UFPE, do campus acadêmico do Agreste, que já haviam tido experiência no mercado ou não e que iam a partir do segundo período do curso, até o oitavo período, o intuito é o de coletar e analisar os atos de fala dois lados de produtores de objetos , o dos empresários da região e o dos estudantes de design da região, nesse sentido, DESLANDES; MINAYO (2008), ainda afirma que o trabalho de cam-po é basicamente a tarefa de “levar para a prática empírica a construção teórica”.

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A pesquisa tomou como base entrevistas, sendo desenvolvido um levantamento iconográ-fico para assim ser feito o mapeamento do potencial inovador do APL de confecção de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama. As entrevistas foram documentadas através de registros áu-dio visuais e o levantamento iconográfico foi feito com fotografias do processo de produção das peças, das peças prontas, das fábricas e lojas e das peças que os proprietários classifica-ram como peças de luxo, as entrevistas foclassifica-ram realizadas de 14 de abril a 05 de maio de 2014.

Com o levantamento imagético e os dados das entrevistas, pode-se dar início aos mapea-mentos que visaram o aprofundamento do discurso visual, que se trata do levantamento e classificação de dados mais específicos, com isso foram feitos mapeamentos para cada cidade estudada, classificando as imagens coletadas, dividindo-as por categorias para facilitar a com-paração entre as mesmas. Quanto às respostas obtidas através das entrevistas, estas foram se-paradas por tópicos em comum e a fala dos entrevistados foi analisada e relacionada com base na teoria mais adequada a cada assunto.

Contudo, os atos de fala forma misto, entre os empresários das cidades trabalhadas e os estudantes da UFPE- CAA, por ser do nosso interesse fazer uma análise discursiva compara-tiva, para compreender a relação de expectativa de ambos do conhecimento de design de mo-da, ou seja, observar os pontos de inflexão que mostram as relatividades desse contexto, onde essas dois personagens são agentes construtores dessa realidade.

Assim pode-se entender que as análises aqui foram complementares, uma visando enten-der o que esses agentes pensam desse contexto – a de discurso –, e outra, que possiblitou per-ceber no campo das visualidades como esse discurso de manifesta, por meio da relação de aspiração ao design.

Findada essa parte de cruzamento das análises dos dados coletados, se pôde executar a proposição do objeto, tomando como base a materialidade mais encontrada nas cidades estu-dadas e buscando manter no novo objeto a significação da cidade, para que o objeto proposto seja inovador, mas que remeta ainda seja relacionado com a cultura local. E, assim, a partir do pensamento metodológico de design, se pode então finalizar com a discussão sobre inovação e design de moda.

Abaixo segue, em forma de tabela, a explicação do que foi feito em cada fase da pes-quisa, e a apresentação do que foi obtido como resultado com a ação empreendida, esperando-se com isso, de forma resumida esperando-se fazer entender como esperando-se chegou as nossas considerações finais.

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Tabela 2: Resumo medotológico

Fase da pesquisa Objetivo alcançado

Levantamento Bibliográfico Para possibilitar a narrativa de uma breve história do tecido e sua importância para a sociedade, assim como a história do Tecido, história da malha, histó-ria do jeans, e a relação com as cidade de Toritama e de Santa Cruz. E para aprofundar o entendimento do discurso dos entrevistados a bibliografia foi sobre Design, gestão, luxo e o livro feirantes.

Pesquisa de Campo

(Coleta de dados)

Com o objetivo de compreender a relação de signi-ficação da malha para com a cidade de Santa Cruz do Capibaribe e do jeans com Toritama, se utilizou o MEID (2010), e a coleta de dados se deu através de entrevista semiestruturada com questionário com registro em áudio e levantamento imagético das em-presas, produtos e etapas da produção.

Tabulação dos Dados Com o intuito de promover a organização, classifi-cação e apresentação em formato de tabelas e gráfi-cos. Organização para apresentação dos discursos visual e falado.

Discussão e análise Para realizar a análise comparativa do discurso dos empresários e dos estudantes entrevistados. Para a análise do discurso dos entrevistados foram separa-dos em tópicos os pontos que se relacionavam do questionário, então foi retirada da entrevista a fala que mais representa a opinião da maioria em cada tópico o assunto a ser tratado. A análise crítica é feita com base no conteúdo coletado no campo, uti-lizando a base bibliográfica para reforçar o conteú-do.

Análise das linguagens gráfi-cas

Visando a criação de um mapa da linguagem gráfica da produção de vestuário em Santa Cruz e Toritama

Desenvolvimento do artefato final

Com o objetivo de comprovar o sistema de inovação proposto se fez o desenvolvimento de carteira em jeans, com aplicações de renda e madeira. Para a proposição do objeto foi necessário desenvolver os mapeamentos iconográficos, de ordem subjetiva e o do fundamento da linguagem gráfica. A partir dos mapeamentos foi possível escrever o briefing do objeto e o artefato final, que foi uma carteira de je-ans por fora e malha na parte interna, com aplicação

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4. Experimento e Análise

Empresários de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama

O experimento consistiu na realização de um questionário semiestruturado com 19 empresários das cidades estudadas na primeira fase, essa coleta de dados foi realizada em um período de dois meses e na segunda etapa foi aplicado um questionário semiestruturado com 17 estudantes de design, entrevistas que foram realizadas em um mês. O objetivo foi o de cru-zar os dados dos empresários com o dos estudantes e fazer uma análise geral dos aspectos comuns e divergências existentes entre os dois discursos, sendo elas as duas partes envolvidas no problema da pesquisa.

Após coletar todas as informações necessárias, com os registros audiovisual foi feita a compilação dos dados para facilitar a análise. Todos os temas abordados no questionário fo-ram transformados em tópicos e cada um deles começa com uma citação de um dos entrevis-tados que reforça o tema. Para preservar a identidade dos empresários entrevisentrevis-tados foi feita uma sigla para identificá-los que é uma mistura das iniciais da cidade, com as iniciais da mar-ca do empresário. Já a sigla para os estudantes são as iniciais dos mesmos e a ordem em que foram entrevistados.

O questionário utilizado na pesquisa com os empresários, conta com perguntas relaci-onadas a como eles ingressaram no ramo de confecção e sobre a pesquisa e desenvolvimento de coleção, além de questões sobre o entendimento de design que eles possuem. Já a segunda fase de entrevistas foi realizada com os estudantes de design da UFPE, que contou com ques-tões sobre o entendimento de design, sobre o mercado de trabalho local de design, e sobre informação de moda, como mostrado no APÊNDICE A, B e C, as perguntas são parecidas para facilitar o cruzamento dos resultados obtidos.

Tópico 01: Sobre o tipo da empresa.

“Como toda empresa daqui de Santa Cruz, a maioria das empresas é de núcleo familiar. Fa-zendo até... Surubim, Toritama, Caruaru, a maioria das empresas são todas familiares”

SCTB01 - Quando indagado se existiam membros da família da dona da empresa que também trabalhavam no ramo de confecção.

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Essa afirmação pôde-se constatar ser uma unanimidade, pois foi repetida em todas as empresas entrevistadas, os donos dessas empresas sempre têm alguém da família em sua em-presa, em todos os setores e principalmente na administração. Porém, o que se pôde observar, é que essa inserção de familiares e pessoas próximas no ambiente de trabalho acaba por cau-sar certos problemas, pelo excesso de intimidade, por exemplo, o tratamento diferente dos demais funcionários, por vezes eles acabam trabalhando menos, não tendo responsabilidade com horários, prazos e em casos mais graves não relatados nessa pesquisa, mas vistos em ou-tras situações, ocorre ainda o assedio moral.

Existem muitas empresas de núcleo familiar que estão entre as mais bem sucedidas do mundo, porém, estar à frente de uma empresa desse tipo é um desafio a mais nas questões internas, é preciso usufruir de muito profissionalismo, jogo de cintura e controle da situação para conseguir manter a vida pessoal familiar distante da vida profissional. É justamente onde o fato de ser uma empresa familiar torna-se negativo na região, onde muitos proprietários de empresas não possuem especialização na área em que atuam e onde existe ainda muita infor-malidade e falta de conhecimento de leis trabalhistas, desse modo, dentro dessas empresas começa a haver muitos problemas relacionados ao fato de envolver problemas pessoais com profissionais e também como já retratada, a existência de diferenciação do tratamento entre patrão e funcionários familiares com relação ao tratamento entre patrão e funcionários co-muns.

Outro problema que pôde ser identificado foi a falta de capacitação dessas pessoas, elas assumem cargos administrativos como gerência, recursos humanos e financeiro, sem ter nenhuma noção técnica da mesma e isso acarreta em desorganização, descontrole financeiro, atraso de pagamento, dificuldade de meios de expansão da empresa e inúmeros outros pro-blemas organizacionais que são notados até pelos próprios funcionários. Diante dessa situa-ção, se pôde então entender que problemas com a adoção do design como um conhecimento que pode contribuir para a melhoria dessa realidade passam a ser de uma ordem muito menor. Além de ocuparem esses cargos de importância administrativa nas empresas, sem pos-suir em sua maioria capacitação profissional na área, muitos não possuem nem mesmo o se-gundo grau completo, sese-gundo o IBGE (2010) Santa Cruz do Capibaribe possui 87.582 habi-tantes, destes 16% das pessoas que possuem mais de 15 anos não sabem ler nem escrever e Toritama que possui 35.554 habitantes, sendo que 20,6 % destes possuem mais de 15 anos de

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