• Nenhum resultado encontrado

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DO CEARÁ RESUMO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DO CEARÁ RESUMO"

Copied!
13
0
0

Texto

(1)

REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DA INDÚSTRIA DO CEARÁ

RESUMO

Autoria: Francisco de Assis Soares, Sandra Maria dos Santos, Jose Nelson Barbosa Tenório, Shirley Nascimento Fragoso

Este trabalho tem como objetivo encontrar explicações para as recentes mudanças observadas no cenário econômico do estado do Ceará nos últimos anos. Utilizou-se a base de dados da RAIS (Relação Anual de Informação Social) para o cálculo dos indicadores utilizados: coeficiente de especialização e coeficiente de reestruturação. A partir de 1987, foram adotadas políticas de atração de novos investimentos. Primeiramente o governo realizou a reestruturação das contas do estado, para que dessa maneira se pudesse recuperar a confiabilidade do governo local junto aos seus credores externos e internos. Posteriormente foram planejadas as metas e desenvolvidos programas que trariam, no longo prazo, uma dinâmica para o estado, capaz de melhorar a economia local. Os resultados obtidos permitiram confirmar que a economia do estado vem se comportando de forma mais dinâmica nos últimos anos. Fatores como o aumento no número de estabelecimentos industriais instalados no estado, a desconcentração das atividades industriais e o aumento do PIB industrial entre 1990 e 2000, levam a concluir que as políticas industriais adotadas nos últimos anos pelo governo estadual, foram relativamente bem aceitas pelos investidores.

.

1. INTRODUÇÃO

Promover a atração de novos investimentos industriais para o estado do Ceará sempre esteve entre os objetivos dos novos políticos que assumiram o governo estadual a partir de 1987, com o intuito de produzir uma reestruturação produtiva na economia local para que, desse modo, engendrar-se uma mudança no perfil socioeconômico do estado. Afinal, o que é a reestruturação produtiva? Embora se observe na literatura econômica definições diversas para esta expressão, pode-se afirmar que a reestruturação produtiva consiste basicamente num processo onde ocorre à mudança na base produtiva existente na economia, com mudança na composição dos setores industriais de modo que a economia fique mais dinâmica e competitiva.

No entanto, atrair novos investimentos demandava uma articulação maior por parte do estado do Ceará, liberdade esta conquistada pelos estados a partir de 1988, com as modificações feitas na Constituição Federal. Tais modificações davam fim ao poder centralizado do governo federal, que desde a Constituição de 1968 não permitia que os estado da União concedessem incentivos fiscais a investimentos industriais, sem a sua aprovação prévia.

Além da maior liberdade adquirida pelos estados no que diz respeito à adoção de políticas próprias para atração de investimentos, outros fatores favoreceram o comportamento pró-ativo do governo estadual. O primeiro fator diz respeito ao esgotamento da SUDENE (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), ocasionada por sua vez pelo fracasso do Sistema de Planejamento Nacional, desarticulada principalmente pela instabilidade econômica que atingiu o país a partir da década de 80 do século passado. (SOARES e SANTOS,1998).

O segundo fator diz respeito à alteração da legislação do ICM (Imposto sobre Circulação de Mercadorias), adicionando a este, a cobrança de imposto sobre serviço, passando a se chamar ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço). Sendo o ICMS um imposto estadual, essa mudança favorecia os estados, já que passam a dispor de um recurso fiscal

(2)

importante, dando aos mesmos a possibilidade de isenção deste imposto como forma de atrair novos investimentos.

Logo, com a perda da capacidade de planejamento da SUDENE, e com recursos e liberdade constitucional, os estados iniciam, ou melhor, reiniciam um processo conhecido como guerra fiscal. A guerra fiscal nada mais é do que a competição existente entre os estados, onde estes procuram oferecer aos investidores, isenções fiscais para indústrias que se instalarem em seu território. Essa isenção pode ser entendida como uma renúncia fiscal.

2. BASES DE FINANCIAMENTO PARA A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO CEARÁ

No caso do Ceará o principal recurso utilizado para a prática da concessão de impostos no Ceará referencia é a utilização do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI), sendo este o tema a discutir no item a seguir.

O FDI foi criado pela lei nº 10.367 de 07 de dezembro de 1979, no governo Virgílio Távora. Tinha como objetivo complementar o sistema de incentivos regionais para o desenvolvimento industrial em todo o estado do Ceará de modo a assegurar às empresas industriais consideradas fundamentais para crescimento econômico do estado, nas modalidades de incentivos para implantação, funcionamento, relocalização, ampliação ou recuperação, sob a forma de subscrição de ações, participações societárias e empréstimos.(CEARÁ, 1979)

Segundo o artigo 4° da lei de criação do FDI, seus recursos provem: a)de origem orçamentária, até o montante de dez por cento (10%) da receita do ICMS segundo as possibilidades do Tesouro Estadual; b) Empréstimos ou recursos a fundo perdido, oriundos da União, Estado e outras entidades; c)Contribuições, doações, legados e outras fontes da receita que lhe forem atribuídas; d)Juros, dividendos e outras receitas decorrentes da aplicação de seus recursos.

E de acordo com o artigo 5° da mesma lei, são consideradas operações do FDI: a)Aquisição e alienação de debêntures conversíveis ou não em ações e de quotas de empresas industriais com sede, foro e com domicílio fiscal no estado no Ceará; b) Concessão de empréstimos a médio e longo prazo às empresas industriais com sede, foro e domicilio no estado do Ceará.

A legislação do FDI foi alterada várias vezes, passando por reformulações necessárias de acordo com os objetivos requeridos pelas novas políticas industriais adotadas. Vale lembrar a reformulação pela qual passou o FDI em 1989, devido às reformas feitas na nova Constituição Federal de 1988, que permitia aos estados da União maior autonomia, de modo que os mesmos pudessem criar maiores incentivos para promover a atração industrial.

Fazem parte do FDI, programas que tem como principal objetivo dar auxílio à promoção da atração de investimentos industriais, dentre eles destacam-se o PROVIN (Programa de Incentivo ao Funcionamento de Empresas); o PROAPI (Programa de Incentivos às Atividades Portuárias e Industriais do Ceará); e o PDCI (Programa de Desenvolvimento do Comércio Internacional e das Atividades Portuárias do Ceará). Pode-se visualizar melhor o sistema de financiamento existente no estado além das outras fontes de financiamento existentes, através da figura 1:

(3)

O FDI passou por quatro fases importantes desde sua criação. A primeira delas está compreendida desde 1979 até 1995, onde a concessão maior de impostos era dada às indústrias que se instalassem no interior do estado, não sendo relevante a que distância esta estivesse da Região Metropolitana Fortaleza, e nem a que setor esta empresas pertencia. O beneficio era da ordem de 75% para as empresas que se instalassem no interior do estado, e de 60% para as que se instalassem na RMF. Todas as empresas tinham 36 meses de carência. Observa-se melhor na Tabela 1:

A partir de agosto de 1995 inicia-se a fase 2, por força do decreto nº 23.814 , que estabelecia novos critérios para a concessão fiscal, onde as empresas mais favorecidas seriam aquelas que se instalassem em localidades mais distantes da RMF. O valor dos benefícios continuava os mesmos que eram adotados até então, com o diferencial no tempo que a empresa passava a dispor do benefício. A intenção era, dessa forma, intensificar a interiorização dos investimentos industriais no estado, de modo a estimular um desenvolvimento econômico e social de forma mais homogênea e espacialmente desconcentrado.

Sendo assim, estava estabelecida a lógica dos raios econômicos onde o estado do Ceará foi dividido em 4 espaços produtivos, sendo que cada um deles corresponde a um raio

Sistema de Financiamento Sistema Interno

FDI

PROVIN PROAPI PDCI

EMPRESA Sistema Externo

SUDENE FINOR

LINHAS DE CREDITOS (BNDES, BB, etc.) INCENTIVOS A INFRA-ESTRUTURA

FIG 1 - Sistema de Financiamento

TABELA 1 - Ceará: Renúncia Fiscal do ICMS: DE 1979 a 1995

Localização do investimento Abatimento do ICMS (%) Prazo (anos) Carência

Região Metropolitana de Fortaleza 60 6 36

Interior do Estado 75 10 36

Relocalização no Interior 80 10 36

(4)

econômico, especificado pela distância em relação à Região Metropolitana de Fortaleza. O primeiro raio econômico é a própria RMF, o segundo raio é correspondente aos municípios situados entre a RMF e que distem até 300 quilômetros; o terceiro raio é o correspondente aos municípios que distam entre 300 e 500 quilômetros; e, por último, o quarto raio econômico é o que contém os municípios distantes a mais de 500 quilômetros.

Baseado nas distâncias estabelecidas acima é que se determinavam os prazos dos empréstimos feitos pelo FDI junto às empresas. As empresas presentes no raio econômico 1 (R1) recebiam 6 anos de prazo,ou seja, elas tem até 6 anos para utilizarem estes benefícios; as localizadas no raio econômico 2 (R2) recebiam 10 anos; as do raio econômico 3 (R3) recebiam 13 anos e finalmente as empresas presentes no raio econômico 4 (R4) recebiam 15 anos. Pode-se visualizar na Tabela 2 de forma mais clara o modo como eram distribuídos as concessões e prazo dos empréstimos.

A fase 3 começa no ano de 2002, onde o FDI passou por uma nova reformulação, cuja preocupação principal na hora de atrair empresas e conceder incentivos fiscais era a de formar e consolidar as cadeias produtivas existentes no estado. Nesse período foi criado o CED (Centro de Estratégia de Desenvolvimento), que tinha como missão refazer a política industrial para o Ceará e também identificar as cadeias produtivas presentes no estado.

Sendo assim, as novas diretrizes básicas para a concessão dos benefícios do FDI são: a)Verificar a relação custo-benefício ou custo-efetividade na decisão sobre a concessão, a fim de administrar o custo de manutenção do modelo de fomento à industrialização; b)Aumentar a eficiência do sistema industrial através da consolidação e formação das cadeias produtivas, verificando preferencialmente os elos faltantes das referidas cadeias; c)Manter o processo de descentralização das atividades industriais, mas procurando ao mesmo tempo organizar espacialmente essa descentralização através da consolidação das aglomerações ou clusters produtivos e de pólos econômicos regionais, a fim de obter economias de aglomeração e economia de escala.

Foram também definidos quais segmentos industriais seriam beneficiados pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial, são eles: a)Indústria estruturante (siderurgia, refinaria e energias

TABELA 2 - Ceará: Renúncia Fiscal do ICMS: 1995 a 2002

Carência

Fonte: Diário Oficial do Estado, 1995

13 15 75 75 75 Municípios ate 300km da RMF(R2) Municípios entre 300-500 km da RMF(R3) Municípios acima de 500km da RMF(R4) Prazo (anos) Abatimento do ICMS (%) Localização do Investimento 6 Região Metropolitana de Fortaleza (R1) 60

10

36 36 36 36

(5)

alternativas), inclusive a indústria de bens de capital; b)Indústria de bem de consumo finais e seus componentes (cadeia couro-calçadista, de móveis, têxtil, eletro-eletrônica e metal-mecânica); c)Indústria de alta tecnologia, ou indústria de base tecnológica (empresas pertencentes a cadeias de biotecnologia, farmo-química, tecnologia da informação, etc); d)Indústria de reciclagem e, agroindústria

Entre os motivos da escolha desses segmentos industriais está o fato de induzirem a instalação de outras indústrias; por serem representativas da tradição industrial do estado; por provocar impactos positivos sobre a produtividade de outros setores; por gerar produtos e serviços de alto valor agregado; provocar impactos positivos sobre a ocupação e renda; entre outros fatores (CEARÁ, 2002)

Determinadas as novas diretrizes e os setores beneficiados restavam ao estado mapear as regiões que deteriam os “embriões” de “clusters”, ou seja, as regiões onde há a maior probabilidade de se transformar num “cluster” propriamente dito, em função da existência, nessa região, da reunião de fatores que favorecem a sua formação. Para cada tipo de indústria foi construído um mapa, e também foram levadas em consideração para a sua elaboração outras variáveis como, por exemplo: a matéria-prima, vocação, logística e infra-estrutura. Dessa forma foi possível verificar as densidades industriais para as principais cadeias produtivas do Ceará (CEARÁ, 2002, p. 15).

Na Tabela 3 estão presentes as indústrias de bens finais, intermediários e indústrias emergentes. Pode-se observar que para cada cadeia produtiva, os maiores incentivos são concedidos para as empresas que se instalem fora da RMF, sendo que o valor máximo do beneficio, por meio de financiamento do FDI, será de 60%. O prazo de recebimento destes benefícios também varia de acordo com a localização do investimento.

Nota-se que se tem agora uma nova concepção de raios econômicos, onde ainda continua favorecendo as empresas de acordo com a distância que está localizada em relação aos centros destes embriões de “clusters”, só que os mais beneficiados serão aqueles que estiverem localizadas mais próximas destes. No entanto, vale ressaltar que os municípios que estiverem distantes destas localidades serão prejudicados, pois não terão incentivos para instalação destes investimentos.

Com essa nova política industrial tem-se em mãos uma ferramenta importante, já que no futuro permite diminuir o peso da concessão dos incentivos fiscais sem correr o risco dessas TABELA 3: Condições de Financiamento para Indústrias de Bens Finais: 2002

RMF fora RMF RMF fora RMF RMF fora RMF RMF fora RMF RMF fora RMF

Couro-calçado 61 40 39 60 10 10 8 a 15 8 a 15 3 3 Móveis 61 40 39 60 10 10 8 a 15 8 a 15 3 3 Confecção 61 40 39 60 10 10 15 15 3 3 Têxtil 40 0 60 0 25 0 10 0 3 0 Eletro-eletrônica 61 40 39 60 10 25 8 a 15 8 a 15 3 3 Metal mecânica 61 40 39 60 10 25 8 a 15 8 a 15 3 3

Fonte: Diário Oficial do Estado, 2002

Carência (anos) CADEIAS Recolhimento (%) Fin. do ICMS (%) Ret. mínimo(%) Prazo (anos)

(6)

empresas abandonarem o estado do Ceará, pois com a formação de “clusters” essas empresas são favorecidas pela otimização das escalas de produção, redução dos custos de transação, constituição de um mercado de trabalho especializado e maiores possibilidades de inovação e geração e novos projetos (CEARÁ, 2002, p. 15).

A quarta e última fase consiste na radical reformulação do FDI que ocorre no ano de 2003, com o novo governador Lúcio Alcântara. Nesta permanece como diretriz básica a preocupação em consolidar as cadeias produtivas existentes no estado do Ceará, assim como também garantir a facilidade em adquirir instalações e desburocratização dos registros (O POVO, 2003). A nova política industrial, agora sob o comando do IPECE (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), obedece a critérios de seletividade, ou seja, foi criado um sistema de pontuação, onde cada ponto equivale a um ponto percentual, e cada empresa pode obter o máximo de 75% de isenção pelo período de 15 anos.

Essa nova política traz um diferencial bastante interessante se comparado com as políticas que tinham sido adotadas até então. Embora continue levando em consideração a localização geográfica da empresa, nessa fase observa-se que é bastante relevante o fator setorial, ou seja, é feita uma discriminação por setores, onde os mais beneficiados são os das indústrias estruturantes, e os menos beneficiados são os setores ligados à agroindústria e indústria de mineral não metálico.

Nota-se também que outros fatores passam a ser levados em consideração na hora da concessão de benefícios, como a questão do volume de investimentos, geração de emprego e a da responsabilidade social e ambiental.

Qualquer empresa industrial pode ter acesso ao FDI, desde que esta atenda os princípios básicos do fundo. Passado essa primeira etapa, as empresas que forem pré-qualificadas, já garantem 25 pontos, ou seja, já asseguram uma isenção de 25% do ICMS. Os critérios que serão levados em consideração para a pré-qualificação de uma empresa industrial serão: a)Importância para o setor ou cadeia produtiva; b)Potencial de crescimento;c)Ligação com a economia local;d)Vantagens comparativa e competitiva; e) Potencial exportador; f)Perfil e qualidade do grupo econômico g) Atualização tecnológica.

Para adquirir benefícios adicionais, as empresas podem aumentar sua pontuação de acordo com os seguintes critérios: a)Volume de investimentos; b) Setores e cadeias produtivas; c)Geração de emprego; d)Impacto sobre a demanda por matéria-prima, insumos e serviços locais; e)Localização geográfica; f)Responsabilidade social, cultural e ambiental.

Além da importância do FDI que foi explicitado anteriormente, existem outros incentivos que também colaboram para a promoção da atração de investimentos para o Ceará e que merecem ser lembrado. Ente eles tem-se: a)Incentivo a infra-estrutura: doação de terrenos, rede de comunicação, sistema de tratamento de esgota, etc; b) FINOR: concede benefícios a pequenas, medias e grandes empresas através de incentivos fiscais e financeiros;c)Linhas de créditos: instituições como o BEC (Banco do Estado do Ceará), BB (Banco do Brasil), BNB (Banco do Nordeste do Brasil) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), auxiliam as empresas concedendo a elas empréstimos e assistência gerencial.

(7)

3. Análise dos resultados da política desconcentração industrial do Estado do Ceará

Analisando as mudanças ocorridas nas políticas industriais do estado do Ceará, podem-se fazer alguns comentários que remetem à reflexão sobre as alterações feitas no período em questão.Inicialmente a concessão de incentivos era feita através de benefícios dados a qualquer empresa que se instalasse no estado, sendo as mais favorecidas as que se instalassem no interior do estado. Posteriormente foi feita uma divisão no espaço físico do estado que seguia a regra dos

TABELA 4: Condições de Financiamento: Critério de Pontuação

Pontos acima de 20 milhões de reais 13 >10 ate 20 milhoes de reais 11 > 06 ate 10 milhões de reais 7 > 02 ate 06 milhões de reais 4 de 120 mil ate 02 milhões de reais 2

estruturante 8

base tecnologica e reciclagem de residuos 6

bens de consumo final 5

bens intermediarios, insumos e componentes 4 agroindustria e industria de mineral não metalico 3 acima de 350 empregos diretos 12 > 250 a 35a empregos diretos 10 > 150 a 250 empregos diretos 9 > 100 a 150 empregos diretos 8 de 50 a 100 empregos diretos 6

acima de 40% do custo total 7

> 30% a 40% do custo total 6 > 20% a 30% do custo total 5 > 10% a 20% do custo total 4 > 05% a 10% do custo total 3 complexo industrial do porto do pecem 6

cidades medias 5

interior 4

RMF para EBT's 3

RMF, exceto capital 1

P&D 1

educação, saude e segurança alimentar 1

cultura 1

inclusao digital 1

gestao ambiental 1

adesao a programas sociais do governo 1 Fonte: IPECE (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceara), 2003

Critérios Discriminação

Localização Geográfica

Responsabilidade Social e Ambiental

Volume de Investimento

Setores e Cadeias Produtivas

Geração de Emprego

Impact. sobre Demanda por Matéria-Prima

(8)

raios econômicos, sendo o estado dividido em 4 espaços produtivos, sendo os mais beneficiados com os financiamentos do FDI, os mais distantes da RMF.

O passo seguinte foi à adoção da nova política industrial que favorecia a formação de “clusters” e determinava um novo critério de concessão de impostos. Com essa medida, a lógica dos raios econômicos não foi abandonada, e sim remodelado, de modo que beneficiariam as empresas que se instalassem mais próximos aos embriões de “clusters”. Essa política industrial já dava mais importância ao fator setorial, de tal modo que procurava dar maiores benefícios à empresas que se localizassem nas áreas onde seu setor tinha grandes chances de formar cadeias produtivas.

Observa-se que ao invés de favorecer as empresas que se distanciassem mais da RMF, como era feito até 2002, a nova política industrial visava premiar as empresas que se instalassem próximas às regiões em que se identificassem os “clusters” de seu setor industrial, criando em torno dela, raios que favoreciam mais as empresas que estivessem próximas a estes embriões. Já em 2003, são levados em consideração outros itens, além do fator espacial e da formação de “cluster” na hora de premiar novos investimentos. Entre estes novos fatores destacam-se: volume de investimento, geração de emprego e responsabilidade social e ambiental.

A seguir serão apresentados alguns indicadores que permitirá uma apreciação das políticas desenvolvidas nesse período (pós 1987), que procurava promover a descentralização espacial e setorial da indústria cearense. A base de dados utilizada foram as informações fornecidas pelo RAIS (Relação Anual de Informação Setorial) relativas aos anos de 1990 e 2000. E o processo de análise envolve dois momentos: a apresentação do indicador e seu resultado.

3.1- Da Especialização à Reestruturação Produtiva

O coeficiente de especialização é um índice que compara a estrutura produtiva para cada par de regiões, ou seja, através desse índice é possível afirmar se a composição industrial de duas regiões distintas é especializada ou homogênea. Realizando estes cálculos para anos diferentes, é possível analisar a reestruturação produtiva regional.

Os cálculos são feitos a partir de informações referentes ao número de emprego de cada região. A fórmula do coeficiente de Hoover é expressa da seguinte maneira:

2

12 1 k ik i j ij jk

E

E

E

E

CE

=

= (1)

O primeiro quociente da expressão mostra a relação entre o emprego existente na região i e do setor j, com o numero de emprego total existente na região j. o segundo quociente mostra a mesma relação, mas considerando a região k. O resultado dessa expressão deve ser algum valor entre 0 e 1, do qual pode-se afirmar que se o valor for próximo de 0, as regiões consideradas tem estruturas produtivas semelhantes; e se o valor for próximo de 1 estas regiões tem estruturas produtivas bastantes distintas, ou seja, as regiões em questão são especializadas.

Sendo assim, o cálculo utilizado adotou a divisão dos raios econômicos, usada na política industrial a partir de 1995, onde o estado do Ceará foi dividido em 4 espaços produtivos. Foram

(9)

feitos os cálculos relacionando a estrutura de emprego destas regiões, considerando também os 12 setores da indústria de transformação do estado. Utilizaram-se os dados de emprego da base de dados da RAIS (Relação Anual de Informação Social), para os anos de 1990 e 2000.

Analisando a tabela 5, podem-se constatar tendências diferentes para os pares de região. Nota-se que os pares formados pelo raio 1 com os demais raios mostram uma tendência a maior especialização, ou seja, entre 1990 e 2000 a composição industrial entre esses raios se tornou mais distinta. Isso não se verifica nos pares formado entre os demais raios, onde se observou uma tendência forte na aproximação das suas estruturas produtivas, tendência esta refletida na média dos índices.

A média calculada a partir dos valores dos índices para cada par de regiões também leva a concluir que, de modo geral, houve uma perda de especialização industrial nas regiões, o que garante afirmar que as indústrias estão dispostas de forma mais homogêneas dentro do espaço físico do Ceará.

TABELA 5 - Especialização Regional para todos os Setores

R1 R2 R3 R4 R1 R2 R3 R4 R1 0,485223 0,471405 0,54265 0,504472 0,515299 0,55444 R2 0,287436 0,422371 0,244619 0,254412 R3 0,690699 0,258228 R4 Media 0,483297 0,388578

Fonte: Dados da RAIS. Cálculos da autora.

RAIOS 1990 2000

Foi feito também o cálculo do coeficiente de especialização para os setores de capital intensivo e trabalho intensivo. Analisando separadamente cada um destes setores, é possível identificar que tipo de indústria influenciou mais as mudanças verificadas na estrutura produtiva entre raios econômicos.

Verifica-se então, que entre 1990 e 2000, a diferença existente entre as estruturas produtivas do setor de capital intensivo entre o raio 1 e os demais, diminuíram bastante, ou seja, as estruturas se tornaram mais semelhantes entre estas regiões. Isso indica que houve um maior direcionamento para a instalação de indústrias deste setor no interior do estado, tornando a composição de suas estruturas mais similares. Analisando a relação do raio 2 com o raio 3 e 4, nota-se que ocorreu uma maior diferenciação nas suas estruturas produtivas entre 1990 e 2000. Não se verifica o mesmo comportamento entre os raios 3 e 4, onde ocorreu uma maior aproximação na composição de indústrias do setor de capital intensivo. A média do índice de especialização indica que as alterações nos níveis de especializações entre as regiões foram pouco significantes.

(10)

TABELA 6 - Ceará: Especialização Regional para Setores de Capital Intensivo R1 R2 R3 R4 R1 R2 R3 R4 R1 0,074467 0,07532 0,0408707 0,05799 0,037994 0,032316 R2 0,005446 0,033596 0,027325 0,054882 R3 0,0344493 0,027557 R4 Média 0,044025 0,039677

Fonte: RAIS (Relação Anul de Informação Social) - MTE

2000 1990

RAIOS

No setor de trabalho intensivo verifica-se uma tendência no aumento da diferença entre as estruturas produtivas entre 1990 e 2000, considerando a relação entre o raio 1 com os demais raios. Entre os demais raios caracterizou-se uma forte tendência à homogeneidade da composição das indústrias destes raios, sendo seus setores industriais mais idênticos. Na média, verifica-se que as estruturas produtivas dos setores de trabalho intensivo se tornaram mais homogêneas no decorrer da década analisada.

TABELA 7 - Ceará: Especialização Regional para Setores de Trabalho Intensivo

R1 R2 R3 R4 R1 R2 R3 R4 R1 0,410756 0,396085 0,5017797 0,446483 0,477305 0,522124 R2 0,28199 0,3887747 0,217294 0,19953 R3 0,230671 R4 Média 0,329898 0,348901

Fonte: RAIS (Relação Anual de Informação Social) - MTE

1990 2000

RAIOS

3.2- Coeficiente de Reestruturação

A expressão (2) pode, de igual modo, ser calculado para a mesma região em dois momentos distintos. Neste uso, interpreta-se o seu resultado como mudanças na estrutura produtiva regional. Deste modo, pode-se reescrever (3) como:

2

12 1 2000 1990

=









=

i r ir r ir r

E

E

E

E

CR

sendo CR o coeficiente de reestruturação do raio econômico r.

Valores próximos de zero, indica que o raio econômico não passou por uma reestruturação produtiva entre 1990 e 2000, indicando a manutenção da mesma estrutura industrial verificada em 1990. Caso o valor seja próximo da unidade, considera-se que o raio

(11)

econômico passou por uma profunda reestruturação produtiva, modificando bruscamente a composição de seus setores industriais entre 1990 e 2000.

A tabela 8 mostra o comportamento da economia de acordo com a divisão dos raios econômicos, para os anos de 1990 e 2000. Assim como também mostra o comportamento da economia, considerando nos setores de capital intensivo e de trabalho intensivo, a fim de encontrar qual desses setores influencia mais na reestruturação produtiva do estado.

Verifica-se então, que nos raios 2, 3, e 4 houve uma mudança expressiva na composição industrial. O que não acontece com o raio 1, referente a RMF, onde verifica-se uma mudança bem menos significante se comparada com as modificações ocorridas nos demais raios. Isso é um indicativo importante, na medida em que favorece a afirmação da aceitação do vetor de interiorização dos investimentos industriais, provocando assim, uma desconcentração da localização das indústrias no estado, em relação a RMF.

Outro fator importante a analisar é que os setores de trabalho intensivo foram o principal indutor dessa mudança na estrutura produtiva verificada no Ceará. Isso pode ser explicado pelo fato dos setores tradicionais terem sido bastante incentivados pelas políticas industriais adotadas pelo governo estadual, sendo estas classificadas no setor de trabalho intensivo. Verifica-se a baixa participação dos setores de capital intensivo.

TABELA 8 - Coeficiente de Reestruturação

RAIOS Total Trabalho Intensivo Capital Intensivo

R1 0,10 0,09 0,01

R2 0,44 0,43 0,01

R3 0,65 0,62 0,03

R4 0,46 0,43 0,03

Fonte: RAIS (Relação Anual de Informação Social) - MTE

4.CONCLUSÕES

A análise dos resultados deste trabalho permite chegar a importantes conclusões em relação ao comportamento da economia do Ceará durante os anos de 1990 e 2000. Analisando os indicadores microeconômicos, conclui-se que houve um aumento no número de estabelecimentos industriais instalados no estado, e esse aumento se verificou em todos os setores da indústria de transformação, exceto para a indústria de material elétrico e de comunicação. Constatou-se também o aumento na freqüência de municípios especializados nos setores industriais no decorrer da década analisada o que mais uma vez permite afirmar um certo êxito por parte das políticas industriais de interiorização e de atração de investimentos.

Setores como o de mineral não metálico, indústria têxtil e de calçados, classificados como industrias de trabalho intensivo, assim como também as indústrias metalúrgica e mecânica, classificada como de capital intensivo, mostraram fortes mudanças com relação a localização de sua empresas.

Através do índice de concentração locacional de Gini, é possível afirmar que houve uma desconcentração das atividades industrias em todos os setores, exceto o setor de mineral não metálico.

(12)

Com relação à especialização por pares de regiões comparadas, constatou-se uma diminuição das especializações entre as estruturas produtivas das regiões, ou seja, vem mostrando uma tendência de que suas estruturas produtivas estão cada vez mais homogêneas. Verifica-se o mesmo quando analisados separadamente os setores de capital intensivo e trabalho intensivo.

O coeficiente de reestruturação produtiva mostra que os raios 2, 3 e 4, que refletem a base econômica do interior, passaram por uma mudanças significativa na composição industrial, e essa mudança ocorreu particularmente nos setores de trabalho intensivo.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Manoel B.; SILVA, Almir B. Estado do Ceará: Uma Análise do desempenho

Econômico-Financeiro Recente, 1990 – 1996. Fortaleza, CAEN (Texto para Discussão nº 176).

2000.

BOTELHO, Demartone C. Ajuste Fiscal e Reforma do Estado: O Caso do Ceará; 1987 a 1991. 1994, 144p. Dissertação (Mestrado em Economia). Universidade Federal do Ceará.

CAVALCANTI, Carlos E. G.; PRADO, Sérgio. Aspectos da Guerra Fiscal no Brasil. IPEA: São Paulo: FUNDAP, 1998.

CEARÁ. Diário Oficial do Estado. Fortaleza, 2002.

_______. Plano das Mudanças.- 1987 – 1991. Fortaleza: SEPLAN, 1987. _______. Plano Ceará Melhor – 1992 – 1995. Fortaleza: SEPLAN, 1992.

_______. Plano de Desenvolvimento Sustentável do Ceará – 1995 – 1998. Fortaleza: SEPLAN, 1995.

_______. Política de Desenvolvimento Econômico. Fortaleza: IPECE, 2003.

_______. Nova Política Industrial do Ceará. Anexo ao ato normativo FDI – 01/2002. Fortaleza, 2002.

FDI Ganha Força a Partir de 1995. O Povo. Fortaleza, 06 de abril de 2003.

HADDAD, Paulo R. Medidas de Localização e de Especialização. In: HADDAD, Paulo R. et al.

Economia Regional: Teoria e Métodos de Análises. Fortaleza, 1989.

INCENTIVOS Concedidos pelo Estado do Ceará. Disponível em: <http://www.icep.pt/mercados/dossiers/ceara.pdf>. Acesso em 02 de maio de 2003.

MAIA, José N. B. Análises das Relações Econômicas Externas e a ação Internacional do Ceará: Evolução Recente e Perspectivas. Disponível em :<http://wwwx.ceara.gov.br/ce-gove/arquivos/aplicacao/Acessoria_Internacional/enviados/RELACOES_INTERNACIONAIS.do c> .Acesso em :24 de maio 2003.

(13)

NASSER, Bianca. Economia Regional, Desigualdade Regional no Brasil e o Estudo dos Eixos Nacionais de Integração e Desenvolvimento. Revista do BNDES, v. 7, n. 14, p. 145- 178, dez. 2000.

NOGUEIRA, Luciana M. Política Industrial do Ceará: Algumas Evidências. 1997, 86p. Monografia (Bacharel em Economia). Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará.

PARENTE, Josênio. A Fé e a Razão na Política. Edições: UFC / UVA, 2000.

RODRIGUES, Denise Andrade. O Papel dos Governos Estaduais na Indução do Investimento: A Experiência dos Estados do Ceará, da Bahia e de Minas Gerais. Revista do BNDES, v.5, n. 10, p. 151 – 174, dez. 1998.

SANTIAGO, Renata P. M. A Industrialização do Ceará vista sob a Ótica dos raios

econômicos. 1999, 42p. Monografia (Bacharel em Economia). Faculdade de Economia,

Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará.

SOARES, Antonio C. Leite, As recentes Políticas de Industrialização do Ceará: Uma análise sob o ponto de vista da Reestruturação Produtiva. 1998, 96p. Monografia (Bacharel em Economia). Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará.

SOARES, F.A; SANTOS, Sandra. A Questão da Industrialização Estadual no Contexto do

Ajuste Público do Ceará. Fortaleza, CAEN. (Texto para Discussão n° 130). 1993

WANDERLEY, Lívio A. Caracterização Industrial e Transformação da Década de 1990: Brasil e Nordeste. In: ROSA, Antonio L. T.; KHAN, Ahmad S. (orgs). Nordeste: Reflexões sobre Aspectos Setoriais e Locais de uma Economia.

Referências

Documentos relacionados

O petróleo existe na Terra há milhões de anos e, sob diferentes formas físicas, tem sido utilizado em diferentes aplicações desde que o homem existe. Pela sua importância, este

Este era um estágio para o qual tinha grandes expetativas, não só pelo interesse que desenvolvi ao longo do curso pelas especialidades cirúrgicas por onde

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo

Finally,  we  can  conclude  several  findings  from  our  research.  First,  productivity  is  the  most  important  determinant  for  internationalization  that 

Sem esquecer a Fraude Fiscal, analisemos também um pouco do crime de branqueamento, art. Em crónica publicada no Diário do Minho, em 1 de Dezembro de 2010, Cultura, era

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

No mez de Abril reuniu-se duas vezes a Congregação: na primeira forão confe­ ridas e julgadas as faltas dos estudantes, e determinou-se, por indicação do Sr.