Energia, meio ambiente e
educação
Sergio Valdir Bajay
Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE)
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Escopo da apresentação
u
Introdução: o Sistema Terra
u
Balanços energéticos
u
Energia e o meio ambiente
u
Planejamento energético
O Sistema Terra
u
Sistema fechado
u
Fluxos energéticos: solar e
gravitacional
u
Depósitos: minerais,
metais, carvão, gás natural
petróleo, materiais físseis
u
Estoques: agricultura,
florestas, biomassa em
geral
O Sistema Terra
u
Energia solar: direta
(radiação térmica) ou
indireta (hidráulica,
eólica, biomassa, carvão
e petróleo)
u
Energia gravitacional:
marés
u
Energia geotérmica
O Sistema Terra
uPopulação e níveis de
consumo
uMudanças climáticas:
– efeito estufa – camada de ozôniou
Resíduos: sólidos, líquidos ou
gasosos
u
Escassez de recursos:
– água doce (~ 1%)
– energia (combustíveis) – materiais
O Efeito Estufa
u
Mantém temperaturas
que possibilitam a vida
como a conhecemos
u
Os gases que causam o
efeito estufa: CO
2, CH
4,
H
2O e outros
u
Problema: aumentos do
CO
2e CH
4pode
aumentar a temperatura
média do planeta, com
graves efeitos sobre o seu
clima
Conversões de energia
u
Todas as conversões de energia de uma forma para outra possuem
efeitos irreversíveis sobre o ambiente (mesmo as que ocorrem
naturalmente)
u
Não existe “energia limpa”
u
A Sociedade deve “escolher” que tipo de impacto é mais aceitável para
uma dada situação
u
O uso racional da energia não é incompatível com bons padrões de vida
u
Deve-se privilegiar os usos de maior alcance social
u
A Terra não é um sistema em equilíbrio. O problema é a velocidade das
mudanças
Balanços energéticos
u
Balanços energéticos são ferramentas para a identificação das
características de produção, conversão e consumo de energia, em
uma base anual, durante um certo período de tempo no passado,
em uma dada base territorial
u
No Brasil se publica regularmente o Balanço Energético Nacional,
bem como balanços energéticos em alguns estados, como SP, MG,
PR e BA
u
Fontes de energia:
– Primária
– Secundária
– Terciária (Fonte de energia terciária ou útil = fonte de energia
secundária x rendimento na conversão da fonte secundária)
Balanços energéticos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1986
1991
1993
1995
1997
1999
2001
Percentual
Uso não energético Setor energético Setor residencial Setor transportes
Balanços energéticos
Rendimento médio por setor (%)
Setores
83
83/93
93
93R
Energético
74
74
72
76
Residencial
23
24
36
45
Serviços/Agricultura
33
36
51
54
Industrial
61
65
67
71
Transportes
32
37
36
40
Total
44
48
52
58
Fonte: BEN, 1999Balanços energéticos
Rendimento médio por uso (%)
Usos
83
83/93 93
93R
Força motriz
40
46
46
51
Calor de processo
66
69
70
74
Aquecimento direto
38
40
50
57
Outros
22
27
32
41
Total
44
48
52
58
Fonte: BEN, 1999Balanços energéticos
Rendimento médio por fonte (%)
Fonte
83
83/93
93
94R
Gás natural/GLP
54
59
60
61
Carvão vegetal/
lenha/bagaço
35
36
48
55
Eletricidade
66
72
69
77
Óleo combustível
66
72
71
73
Gasolina/diesel/
querosene/álcool
32
37
36
40
Total
44
48
52
58
Fonte: BEN, 1999Energia e meio ambiente
u O Brasil possui uma legislação ambiental avançada. A aplicação desta legislação, no entanto, tem deixado a desejar, principalmente por conta de orçamentos insuficientes dos órgãos reguladores, tanto no âmbito federal como estadual; após a crise de abastecimento de eletricidade de 2001 esta situação melhorou um pouco
u Em termos de instrumentos regulatórios, a legislação ambiental brasileira privilegia medidas tipo “comando e controle”, tais como licenças ambientais (licença prévia, licença de instalação e licença de operação), limites para a emissão de poluentes e zonas onde certas atividades são proibidas ou restritas devido a potenciais danos ambientais
u Esta legislação deixa pouco espaço para medidas orientadas para o mercado, envolvendo incentivos econômicos e acordos negociados entre os órgãos reguladores e os agentes por eles regulados, como tem acontecido em alguns países
u As atividades de formulação de políticas públicas, planejamento e regulação na área ambiental são descentralizadas no Brasil, envolvendo não somente órgãos dos governos federal e estadual, mas municipal também (Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA)
Energia e meio ambiente
u O mesmo tipo de descentralização foi estabelecido, em 1997, para a área de
recursos hídricos. Criou-se um novo agente, o Comitê de Bacia Hidrográfica, composto por representantes dos municípios da bacia e responsável por elaborar o Plano da Bacia Hidrográfica e por definir as prioridades de uso da água na bacia
u Tem havido muito pouca articulação entre as políticas energética e ambiental
no Brasil
u A crise de abastecimento de eletricidade de 2001 aproximou os trabalhos
desenvolvidos pelo MME e pelo Ministério do Meio Ambiente, mas essencialmente em projetos específicos e na maior parte dos casos só para acelerar os procedimentos de obtenção de licenças ambientais
u Espera-se que a “Agenda para o Setor Elétrico”, estabelecida pelos dois
ministérios em 2002, amplie o escopo das atividades conjuntas, incluindo intercâmbios formais entre os comitês técnicos do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e um tratamento mais pró-ativo das questões ambientais no plano decenal de setor elétrico brasileiro
Energia e meio ambiente
u
Estudos de impacto ambiental (EIA) e relatórios de
impacto ambiental (RIMA)
u
Audiências públicas associadas a processos de
licenciamento ambiental, com avaliações sobre os
EIA/RIMA correspondentes
u
Certificação ambiental (ISO 14000 e assemelhados)
u
Reciclagem e aproveitamento de resíduos para produção
de energia, adubo, etc.
Energia e meio ambiente: o sistema
produtivo clássico
Energia e meio ambiente: o sistema
produtivo moderno
Planejamento energético
u O objetivo do planejamento energético é satisfazer as necessidades energéticas, de cunho econômico e social, da população a um custo mínimo, impactando negativamente o menos possível o meio ambiente, em consonância com a política de desenvolvimento vigente
u Composição do planejamento energético:
– Componente tecnológico;
– Componente econômico-financeiro;
– Componente social; É uma área do conhecimento – Componente ambiental; e eminentemente interdisciplinar – Componente político
u Tipos de planejamento energético:
– Planejamento da inserção ótima do setor energético no resto da economia; – Planejamento integrado do setor energético;
– Planejamento de um dado segmento do setor energético (setor elétrico, por exemplo);
– Planejamento de uma empresa energética ou da área energética de uma empresa grande consumidora de energia;
Planejamento energético
u A dimensão espacial do planejamento energético:– Planejamento energético para um conjunto de nações (exs.: União Européia, Mercosul);
– Planejamento energético nacional;
– Planejamento energético regional, envolvendo vários estados (exs.: Furnas, Chesf, Eletronorte, Grupo VBCe Grupo Rede);
– Planejamento energético estadual;
– Planejamento energético regional nos Estados (exs.: Comgás, Gás Natural e Light); – Planejamento de uma unidade produtora ou grande consumidora de energia
u A dimensão temporal: – Longo prazo; – Médio prazo; e – Curto prazo u O processo de planejamento: – Centralizado
Planejamento energético
u Um planejamento energético integrado exige a coordenação, através de um processo iterativo, dos vários tipos de planejamento energético, nas suas dimensões espacial e temporal, com prerrogativas hierárquicas e atributos claramente definidos e institucionalmente e economicamente consolidados. É um processo dinâmico complexo
u O planejamento é um processo contínuo, que não acaba com a elaboração de um dado plano
u Condições fundamentais para o sucesso de um plano:
– Consistência técnico-econômica; – Respado financeiro;
– Aparato institucional sólido;
– Impactos sociais e ambientais mínimos e – Apoio político
u O desafio da interação com os agentes setoriais, os consumidores e a sociedade em geral: planejamento participativo
A educação e o binômio energia/meio
ambiente
u Cursos de pós-graduação de cunho interdisciplinar (mestrado e doutorado)
– Planejamento de Sistemas Energéticos, FEM/UNICAMP (desde 1987) – Programa de Planejamento Energético, COPPE/UFRJ (desde 1980)
– Programa Interunidades de Energia, IEE-POLI-FEA-IF / USP (desde 1989) – Outros cursos, na UNIFEI, UFPR, UNIFACS, etc.
u Cursos interdisciplinares de especialização (Curso CENARIOS, promovido pela UNICAMP, USP e UNIFEI, cursos promovidos pela UFRJ, FGV, etc.)
u Novos cursos, interdisciplinares, de graduação em engenharia ambiental, engenharia hídrica, ecologia, etc.
u Atividades de divulgação na escola secundária (exs.: “Procel na Escola” e “Conpet na Escola”, na área de conservação de energia)
A educação e o binômio energia/meio
ambiente
u O desafio da formação continuada
u Treinamento, em empresas específicas ou associações de classe
u A necessidade de se estabelecer estratégias, regionais, para se levantar as necessidades locais, em termos de ensino e treinamento, e se procurar as parcerias necessárias para se viabilizar o atendimento destas necessidades
u Principais produtos de estratégias bem sucedidas na área educacional:
– Melhorias nos quadros técnicos dos órgãos governamentais e das empresas que atuam nas áreas energética e ambiental;
– Planos governamentais e empresariais melhor formulados, mais representativos da opinião pública e devidamente integrados em termos do binômio energia/meio ambiente;
– Elevação do nível técnico da participação popular em consultas públicas, via Internet, por exemplo, audiências públicas, etc., nestas duas áreas; e
– Facilitação da formação e aprimoramento de ONGs atuantes e devidamente qualificadas nestas áreas