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2. Direitos Humanos: Conceito e Evolução histórica

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Academic year: 2021

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1. ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO

O Tema Direitos Humanos é de extrema importância para que uma sociedade seja justa e mais igualitária possível. Mas, infelizmente, o que se vê, principalmente em países em desenvolvimento, são violações de direitos básicos, quais sejam:

• Direitos Individuais, como: vida, liberdade de culto, expressão... • Direitos Sociais, como: Trabalho, educação, moradia...

• Direitos Difusos, como: defesa do consumidor e Meio Ambiente equilibrado. A Constituição brasileira, sob o título de “Direitos e Garantias Fundamentais trata dos direitos do indivíduo e dos direitos sociais nos artigos 6º e 7º e, no título destinado à “Ordem Social”, art. 227, cuida da família, das crianças e adolescentes e do idoso;

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

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O Brasil se emoldura na categoria de Estado Democrático de Direito. E sua principal categoria é a Democracia, a qual está expressa na Constituição Federal de 1988, em seu artigo primeiro.

“Todo o poder emana do povo (isso significa que vivemos em uma

República), que o exerce por meio de representantes eleitos (esses são os termos de uma democracia indireta, por meio das eleições de vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores e presidentes) ou diretamente, nos termos desta Constituição (este trecho estabelece que, no Brasil, também funciona a democracia direta, em que o povo é o responsável direto pela tomada de decisões)". “A Constituição de 1988 assume como ponto de partida a gramática dos direitos, que condiciona o constitucionalismo por ela invocado. Assim, é sob a perspectiva dos direitos que se afirma o Estado e não sob a perspectiva do Estado que se afirmam os direitos. Há, assim, um Direito brasileiro pré e pós-88 no campo dos direitos humanos”. Os artigos 1º, 2º, 3º e 4º da Constituição Federal de 1988, são as premissas que irão positivar os Direitos Humanos. A Carta Magna de 1988, inovou de forma tão extraordinária na perspectiva dos direitos humanos, que é também conhecida como a Constituição Cidadã. Para Canotilho, “o sentido fundamental da aplicabilidade direta está em reafirmar que “os direitos, liberdades e garantias são regras e princípios jurídicos, imediatamente eficazes e atuais, por via direta da Constituição e não através da auctoritas interpositio do legislador. Não são simples norma normarum, mas norma normata, isto é, não são meras normas para a produção de outras normas, mas sim normas diretamente reguladoras de relações jurídicomateriais”.

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Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, CONSTITUI-SE EM ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO e tem como FUNDAMENTOS:

I - a soberania; II - a cidadania;

III - A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA;

Para Paulo Bonavides, “nenhum princípio é mais valioso para compendiar a unidade material da Constituição que o princípio da dignidade da pessoa humana”.

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.

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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional;

III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;

IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

A Carta Magna de 1988 foi a primeira a dedicar um artigo com princípios para nortear o Brasil no cenário internacional

Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I - independência nacional;

II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção;

V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

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X - concessão de asilo político.

Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Para entender o conceito, é necessário compreender o que significa “democrático”, segundo o professor e mestre em direito constitucional Edgard Leite. Ele explica que essa palavra por si só concentra todo o significado da expressão. É justamente por isso que um Estado de Direito é totalmente diferente do Estado Democrático de Direito.

“Resumidamente, no Estado Democrático de Direito, as leis são criadas pelo povo e para o povo, respeitando-se a dignidade da pessoa humana”, afirmou Leite.

Já o Estado de Direito é pautado por leis criadas e cumpridas pelo próprio Estado. Um exemplo, segundo o professor, é o Código Penal Brasileiro, um decreto-lei de 1940.

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"Isso ocorre em uma ditadura militar, por exemplo, quando o governante dispõe de instrumentos como o decreto-lei, por meio do qual ele governa ainda que sem a aprovação do Congresso Nacional.”

http://www2.planalto.gov.br/mandatomicheltemer/acompanhe-planalto/noticias/2018/10/entenda-o-que-e-o-estado-democratico-de-direito

Os Direitos Humanos são uma conquista da humanidade e, ao mesmo tempo, um objetivo a alcançar.

Um conceito frequentemente aceito é aquele expendido pela ONU – Organização da Nações Unidas:

“Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza.”

Direitos Humanos é um conjunto de Direitos que materializam a dignidade humana; Direitos básicos imprescritíveis para a concretização da Dignidade humana;

A condição de “ser” (ente) confere ao homem um conjunto de direitos que lhes são atribuídos como fundamentais a uma existência digna. Esses “direitos humanos”, portanto, não surgiram de forma abrupta por decisão de alguém ou de um órgão legislativo; ao contrário, vêm sendo construídos ao longo da história.

Para Hannah Arendt, a mais influente filósofa política do século XX, identificou os direitos humanos como “invenção humana em constante processo de construção e

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2. MOVIMENTOS HISTÓRICOS QUE DERAM ORIGEM AOS DIREITOS HUMANOS

Os doutrinadores que se debruçam sobre o tema têm defendido que os direitos humanos começaram a ser construídos com determinados movimentos históricos que serviram para mudar a face das relações entre os povos e seus mandatários, rompendo com a tradicional subordinação a que estavam submetidos os primeiros pelo poder conferido pela divindade que, entendia-se, eram dotados os soberanos.

2.1 1215 – A CARTA MAGNA DE JOÃO SEM TERRA

O primeiro desses movimentos foi a Carta Magna, documento assinado por João Sem-Terra, rei da Inglaterra no período de 1199 a 1216. Este soberano impunha a todo o reino uma política tributária altamente onerosa, cobrando de seus súditos impostos cada vez mais elevados para cobrir os gastos de uma guerra que travava contra a França em 1204.

Ao exigir que João Sem-Terra assinasse a Carta Magna em 1215, o povo demonstrou o primeiro sinal de insatisfação com o poder ilimitado de um soberano. O documento estabeleceu limites ao poder do rei e reconheceu direitos do clero e da nobreza. É comum se afirmar que este documento teria sido a primeira Constituição a ser adotada por um povo, embora ele não tenha propriamente este caráter.

PETITION OF RIGHT – 1628: a limitação do poder incipiente na Magna Carta, é aqui consagrada. Reafirma que “nenhum homem livre podia ser detido ou preso ou privado dos seus bens, das suas liberdades e franquias, ou posto fora da lei e exilado

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ou de qualquer modo molestado, a não ser em virtude se sentença legal dos seus pares ou da lei do país”. Essa exigência – lei da terra – consiste em parte importante do devido processo legal a ser posteriormente implementado.

HABEAS CORPUS ACT – 1679: formalizou o mandado de proteção judicial aos que haviam sido injustamente presos. No seu texto havia também a previsão do dever de entrega do “mandado de captura” ao preso ou seu representante, representando passo importante para banir as detenções arbitrárias.

2.2 1689 – DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DA INGLATERRA – BILL OF RIGHTS

Em 1689 foi editada a Declaração de Direitos da Inglaterra que, mesmo não sendo uma declaração de direito humanos, tinha como escopo garantir a separação dos poderes, determinando que o Estado tinha como finalidade salvaguardar as garantias e direitos fundamentais do indivíduo na sociedade, consagrando o direito de petição e o direito de não ser submetido a penas cruéis.

O poder autocrático dos reis ingleses é reduzido de forma definitiva. Não é uma declaração extensa, dela consta, basicamente, a afirmação da vontade da lei sobre a vontade absolutista do rei.

Estabelece “que é ilegal o pretendido poder de suspender leis, ou a execução de leis, pela autoridade real, sem o consentimento do Parlamento”; “que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento” e que “a liberdade de expressão, e debates ou procedimentos no Parlamento, não devem ser impedidos ou questionados por

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qualquer Tribunal ou local fora do Parlamento.”

ACT OF SETTLEMENT – 1701: reafirma o poder do Parlamento e a necessidade do respeito da vontade da lei, resguardando-se os direitos dos súditos contra a volta da tirania dos monarcas.

Outro fato histórico que contribuiu significativamente para o avanço da construção dos direitos humanos foi a declaração de independência e constituição dos Estados Unidos da América em 1776.

É fato reconhecido por inúmeros estudiosos que os direitos previstos neste documento sedimentaram o conceito de democracia que os povos modernos reconhecem. É sintomática a declaração expressa no texto do documento americano de que “todos têm direito à felicidade”.

2.3 1789 – DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO

Voltando ao continente europeu, em 1789, inspirada pelas ideias dos iluministas e pela revolução americana de 1776, a Assembleia Nacional Constituinte da França aprovou, em 26 de agosto de 1789 a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, no início da Revolução Francesa.

Neste documento foram proclamados os direitos fundamentais do homem e, na sequência adveio a Constituição de 1791 que conferiu direitos sociais, assegurando um direito à assistência pública para ajuda aos necessitados, educação para as crianças e emprego aos desempregados, afirmando, ainda, o caráter imutável dos

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direitos humanos. Esta mesma constituição serviu de base para as constituições francesas de 1848 e para a atual, bem como para a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pelas Nações Unidas.

2.4 1917 – CONSTITUIÇÃO MEXICANA

Em 1911 os mexicanos depuseram Porfirio Díaz, ditador que por mais de três décadas presidiu o México, e, influenciados pelos ideais da Revolução Francesa e pela doutrina anarcossindicalista difundida na Europa conceberam a Constituição de 1917, carta esta que inovou ao atribuir aos direitos do trabalho a condição de direitos fundamentais.

Nesta Constituição os mexicanos fizeram constar a limitação da jornada de trabalho, a proteção da maternidade e a idade mínima para admissão de trabalhadores em fábricas.

A Carta Mexicana continha, ainda assim, graves deficiências, mas tratou de forma inovadora de temas caros ao trabalhador, equiparando este ao empregador na relação contratual de trabalho. Nesse sentido é que os doutrinadores veem nesta Constituição o embrião do que viria a ser o Estado Social de Direito.

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