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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO CONSULTORIA PARECER Nº

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO CONSULTORIA

PARECER Nº 14.873

CARGO EM COMISSÃO EM EXTINÇÃO. SERVIDOR CUJAS ATIVIDADES SÃO COMPATÍVEIS COM OS CONCEITOS DE ASSESSORAMENTO E APOIO NÃO EXERCE FUNÇÕES REGULAMENTADAS QUE POSSAM SER PRIVATIVAS DE PROFISSIONAL ADMINISTRADOR.

Consulta formulada pela Secretaria da Saúde por intermédio de seu titular traz a mim o presente caso para exame e apreciação.

Inaugura o processo administrativo correspondência do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul mediante a qual é questionado o exercício pela servidora ANA CLÉRIS DE FREITAS LUIZ de atividades restritas aos administradores profissionais, nos termos da Lei Federal n. 4.769, de 9 de setembro de 1965, regulamentada pelo Decreto Federal n. 61.934, de 22 de dezembro de 1967.

Diante da complexidade do assunto e dos desdobramentos que da matéria poderiam advir, entendeu-se imprescindível o pronunciamento desta Procuradoria-Geral.

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Diligências patrocinadas por esta Consultoria resultaram nas informações relativas à regência funcional e às atividades exercidas pela servidora.

Constata-se que a funcionária exerce o Cargo em Comissão em Extinção CCEx -10, do Quadro Extraordinário de Cargos em Comissão, em extinção, criado pela Lei n. 10.717, de 16 de janeiro de 1996 e está lotada na Secretaria da Saúde, onde atua como responsável pelo Núcleo Administrativo da 1ª Coordenadoria Regional da Saúde.

E registrando que “todos e quaisquer documentos” por ela firmados, são referendados pela Delegada Regional da Saúde, atesta a Direção do Departamento de Coordenação das Regionais daquela Pasta que são atribuições da servidora, “a) a programação da agenda e contato com o Setor de Transportes; b) o monitoramento e organização; c) as solicitações de adiantamento e prestação de contas; d) a realização de compras, pagamento de diárias e passagens; e) a inclusão, alteração e arquivamento de processos; f) o encaminhamento de processos de remoção, licença-prêmio e aposentadoria; g) a ratificação de gratificação especial, a retificação de efetividade e do abono de permanência; h) a efetividade (sede, Funasa, Fugast, estagiários e municípios), mapa de freqüência, férias, atestados, atendimento aos servidores em geral e outras atribuições correlatas.”

Vejo que a Lei Federal n. 4.769/1965 estabelece:

“Art 2º A atividade profissional de Técnico de Administração será exercida, como profissão liberal ou não, VETADO, mediante: a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior;

b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da administração VETADO, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira, relações públicas, administração

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mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos;

Diz, ainda, no artigo 4º :

“Art 4º - Na administração pública, autárquica, VETADO, é obrigatória, a partir da vigência desta Lei, a apresentação de diploma de Bacharel em Administração, para o provimento e exercício de cargos técnicos de administração, ressalvados os direitos dos atuais ocupantes de cargos de Técnico de Administração.”

No regulamento, instituído pelo Decreto Federal n. 61.934/1967 resta estabelecido:

“Art. 3º A atividade profissional do Técnico de Administração, como profissão, liberal ou não, compreende:

a) elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes as técnicas de organização;

b) pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos de administração geral, como administração e seleção de pessoal, organização, análise métodos e programas de trabalho, orçamento, administração de matéria e financeira, relações públicas, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais bem como outros campos em que estes se desdobrem ou com os quais sejam conexos;

c) o exercício de funções e cargos de Técnicos de Administração do Serviço Público Federal, Estadual, Municipal, autárquico, Sociedades de Economia Mista, empresas estatais, paraestatais e privadas, em que fique expresso e declarado o título do cargo abrangido;

d) o exercício de funções de chefia ou direção, intermediária ou superior, assessoramento e consultoria em órgãos, ou seus compartimentos, de Administração Pública ou de entidades privadas, cujas atribuições envolvam principalmente, aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de administração (...);

Art 4º Na Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal, direta ou indireta, é obrigatória, para o provimento e exercício de cargos de Técnicos de Administração, a apresentação de diploma de

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adquiriu os mesmos direitos e prerrogativas na forma das alíneas “a” a “c” do artigo 2º deste Regulamento, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 2º deste Regulamento.

Ora, na esteira do que foi deduzido no Parecer n. 7647, de 4 de outubro de 1988, de lavra da Procuradora do Estado ELAINE DE ALBUQUERQUE

PETRY, dos preceitos regulamentares da profissão de Administrador não se pode

concluir no sentido de que no âmbito da Administração Pública, o exercício de funções de chefia ou de direção seja exclusivo ou privativo de Administradores.

Diz a parecerista:

“Primeiro, porque a própria regra exige a principalidade da aplicação de conhecimentos inerentes às de técnicas de administração, circunstância que pode ou não ocorrer nos casos examinados; segundamente, porque tal exigência não decorre da lei federal regulamentada: ela é trazida pelo diploma regulamentador inovadoramente, em relação ao Poder Público. O decreto regulamentar ou de execução, aponta HELY LOPES MEIRELLES, ‘é o que visa a explicar a lei e facilitar a sua execução, aclarando e orientando a sua aplicação’, acentuando que, ‘como ato inferior à lei, o regulamento não pode contrariá-la ou ir além do que ela permite.’ (Direito Administrativo Brasileiro, Revista dos Tribunais, 1987, p. 139) A norma regulamentada faz menção a tarefas relativas ‘a chefia intermediária e direção superior’ (artigo 2º, letra “a” parte final, da Lei n. 4.769). O preceito regulamentador vai muito mais além, dizendo, como novidade, que as funções de chefia ou direção, entre outras, de órgão da Administração Pública serão exercidas privativamente por Técnico de Administração quando envolvam participação - principalmente – de conhecimentos inerentes às técnicas de administração (art. 3º, letra “d” do Regulamento).

Na hipótese, o Regulamento ultrapassou a previsão da Lei, como observado, carecendo de legitimidade.”

A par desse aspecto relativo à ampliação, via regulamentação, da previsão legal, o que a tornaria inexigível, nossa jurisprudência administrativa

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registra a comumente observância das regras que presidem as profissões regulamentadas como balizadoras do conteúdo ocupacional necessário ao provimento dos cargos públicos.

Assim, já se pronunciou indispensável a regular inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil para o exercício de atividade de assessoramento jurídico no âmbito das repartições públicas, com se depreende do Parecer n. 14745, de 1º de outubro de 2007, de lavra da Procuradora do Estado ADRIANA MARIA NEUMANN:

“Desse modo, pois, indubitável que os servidores que exercem funções de assessoramento jurídico nas secretarias de Estado, como integrantes do Sistema de Assistência Jurídica e de Defesa Judicial do Estado, exercem, atividades de advocacia pública e, pois, devem ser necessariamente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil.”

Já se disse, também, no Parecer n. 13456, de 25 de novembro de 2002, do Procurador do Estado BRUNO DE CASTRO WINKLER, diante da competência privativa da União Federal para legislar sobre profissões:

“Vê-se, de plano, que a norma estadual é inconstitucional. O Estado do Rio Grande do Sul, como os demais Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, não tem competência para legislar sobre a matéria. A competência legislativa é exclusiva da União, nos termos do art. 22, XVI, da Constituição Federal. A norma constitucional dispõe que ‘compete privativamente à União legislar sobre organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de profissões’. Essa norma de competência deve ser interpretada em conjunto com o disposto no art. 5º, XIII, da CF/88, segundo o qual ‘é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer’. A lei em questão, capaz de conter ou restringir a eficácia da norma constitucional, só pode ser a lei federal (CF, art. 22, XVI). O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul tem declarado a inconstitucionalidade de diplomas legislativos estaduais e municipais que contenham normas disciplinadoras do exercício de profissões. A título de exemplo, citam-se os acórdãos proferidos nas Ações Diretas

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Silva, e n. 70000063842, rel. Des. Antônio Carlos Stangler Pereira. A necessidade de haver a observância da legislação federal foi várias vezes reconhecida por esta Procuradoria-Geral do Estado, consoante se verifica pelos seguintes pareceres, v.g: Parecer n. 10639, Eunice Rotta Bergesch, Parecer n. 8444, Ana Maria Landell de Moura, Parecer n. 6536, Eunice Rotta Bergesch, e Parecer n. 5461, Adnor Goulart. A jurisprudência dos tribunais superiores, tanto do Superior Tribunal de Justiça como do Excelso Pretório, tem reiteradamente afirmado a competência privativa da União para legislar acerca da matéria, nos termos do que dispõe o art. 22, XVI, da Constituição da República, sendo até desnecessário ocorrer a indicação dos precedentes, bastando para esse desiderato o exame do enunciado da Súmula n. 120, do Superior Tribunal de Justiça. (...) O Estado do Rio Grande do Sul não detém competência constitucional para legislar sobre a matéria.”

Ainda, no Parecer n. 11420, de 11 de novembro de 1996, já concluía a Procuradora do Estado ELIANA DONATELLI DEL MESE:

“De acordo com a orientação do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura), Órgão fiscalizador das profissões vinculadas às áreas da engenharia, arquitetura e agronomia, a responsabilidade técnica é atribuição exclusiva de engenheiros agrônomos e florestais, enquanto a emissão de receituários é atribuição comum de engenheiros e técnicos agrícolas. (...) De qualquer forma, é o Conselho Regional que emite a denominada Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) que deverá ser apresentada pelos estabelecimentos comerciais que comercializarem tais produtos, e somente ele poderá definir qual o profissional legalmente habilitado para atuar como responsável técnico na prestação de serviços relacionados ao uso de agrotóxicos e afins, não podendo a Secretaria da Agricultura e Abastecimento interferir nas competências próprias do CREA, na qualidade de autarquia federal, nem para dispensar a apresentação da ART, nem para contrariar a sua orientação na matéria. (...) Em vista disso, sugiro que seja mantido o procedimento que vem sendo adotado pelo Departamento de Produção Vegetal da SAA, seguindo orientação do CREA/RS, que é o órgão competente para definir a habilitação do profissional em se tratando da comercialização de agrotóxicos e afins e da prestação de serviços privados.”

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Dizia também a Procuradora do Estado ADRIANA MARIA

NEUMANN, no Parecer n. 14629, de 21 de dezembro de 2006:

“Por conseguinte, resulta evidente que o exercício das funções de fisioterapeuta, que constitui profissão regulamentada, para cujo exercício exige-se formação de nível superior (Decreto-lei n. 938, de 13 de outubro de 1969) e respectivo registro no órgão de classe (Lei n. 6.316, de 17 de dezembro de 1975) não guarda compatibilidade com as atribuições próprias da graduação de soldado. E mesmo que algum militar, individualmente, preencha as condições objetivas para o exercício da profissão de fisioterapeuta, isso não autoriza o Estado a empregar sua força de trabalho nessa função, pena de violação da regra do competitório público para acesso aos cargos públicos.”

Não se discute, pois, acerca da imprescindibilidade de exigência do registro profissional para o provimento de cargos que tenham dentre seu rol de atribuições as profissões regulamentadas. Nem quanto à desnecessidade de qualquer inserção profissional especializada para o exercício de atividades que não exijam habilitação profissional específica, no que também assentam-se diversos outros posicionamentos desta Casa, dos quais destaco os de n. 13838, de 2 de dezembro de 2003, e de n. 14017, este de 23 de julho de 2004, ambos de lavra do Procurador do Estado JOSE LUIS BOLZAN DE MORAIS e o de n. 13332, de 24 de julho de 2002, que firmei.

Feitas tais digressões, no sentido de demonstrar o quão consolidada se encontra a posição desta Procuradoria, resta examinar objetivamente a consulta que a mim, em princípio, parece singela.

Cotejadas as atividades da servidora, mais ligadas à assessoria, ao apoio e ao encaminhamento de questões administrativas e sujeitas, como dá notícia a informação da Secretaria da Saúde, sempre à chancela de autoridade superior, com

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61.934/1967, torna-se óbvia a circunstância de que a servidora não detém, dentre as suas atribuições, qualquer tarefa que envolva o conceito da profissão de Administrador.

Saliente-se que seu núcleo de trabalho está ligado às coordenadorias regionais da Secretaria da Saúde que, por sua vez, integram o Departamento de Coordenação das Regionais, cujas atividades sequer constam de forma compartimentada no Regimento Interno da Secretaria, instituído pelo Decreto n. 36.502, de 11 de março de 1996.

Diante do exposto, concluo que a servidora, detentora de cargo em comissão em extinção, exerce atividades compatíveis com os conceitos de assessoramento e apoio, inexistindo em seu conteúdo ocupacional, funções das quais se possa deduzir serem privativas do profissional Administrador.

É o parecer.

Porto Alegre, 19 de dezembro de 2007.

LEANDRO AUGUSTO NICOLA DE SAMPAIO,

PROCURADOR DO ESTADO. Processo n. 034712-20.00/04-3

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PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Processo nº 034712-20.00/04-3

Acolho as conclusões do PARECER nº 14.873, da

Procuradoria de Pessoal, de autoria do Procurador do Estado

Doutor LEANDRO AUGUSTO NICOLA DE SAMPAIO.

Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor

Secretário de Estado da Saúde.

Em 19 de agosto de 2008.

Eliana Soledade Graeff Martins,

Procuradora-Geral do Estado.

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