CURRÍCULO E DOCUMENTOS OFICIAIS
DE ENSINO
PROFA. DRA. NÍVEA ROHLING NIVEAR@UTFPR.EDU.BR
O QUE É CURRÍCULO? QUAIS CONCEPÇÕES DE
CURRÍCULO CIRCULAM NA ESFERA ESCOLAR?
o currículo como conjunto de conhecimentos ou matérias a serem superadas pelo aluno
dentro de um ciclo – nível educativo ou modalidade de ensino é a acepção mais clássica e desenvolvida;
currículo como programa de atividades planejadas, devidamente sequenciadas, ordenadas
metodologicamente tal como se mostram num manual ou em um guia do professor;
o currículo, também foi entendido, às vezes, como resultados pretendidos de
aprendizagem;
o currículo como concretização do plano reprodutor para a escola de determinada
sociedade, contendo conhecimentos, valores e atitudes;
o currículo como experiência recriada nos alunos por meio da qual podem
desenvolver-se;
o currículo como tarefa e habilidade a serem dominadas como é o caso da formação
profissional;
o currículo como programa que proporciona conteúdos e valores para que os alunos
melhorem a sociedade em relação à reconstrução social da mesma. (SACRISTAN, 2000, p. 14)
CURRÍCULO
Currículo – um projeto seletivo de cultura, política e que é
administrativamente condicionado para preencher atividades escolares;
Ideias pedagógicas, estruturação de conteúdos de uma forma particular,
aspirações educativas, estímulo de habilidades;
Em suma, o currículo pode ser entendido como construção cultural,
como expressão de um projeto cultural e social mais amplo, portanto, carregado de valores e não indiferente aos contextos nos quais se configura. (SACRISTÁN, 2000 [1991]).
TIPOS DE CURRÍCULO
Currículo Prescrito;
Currículo Apresentado aos professores; Currículo Modelado pelos professores; Currículo em Ação;
Currículo Realizado; Currículo Avaliado.
CURRÍCULO PRESCRITO
Funciona como instrumento da política curricular cuja incumbência é
prescrever certos mínimos e orientações curriculares que vão influenciar os demais níveis do desenvolvimento curricular. O currículo prescrito define os conteúdos e sua ordenação no sistema educativo, principalmente em relação à escolaridade obrigatória. Configura-se, desse modo, como um projeto de homogeneização do sistema educativo.
CURRÍCULO APRESENTADO AOS PROFESSORES
Refere-se à interpretação do currículo prescrito oferecida aos
professores por diversos meios – os materiais didáticos – como o livro didático.
O professor depende de “[...] elaborações mais concretas e precisas dos currículos prescritos [...]” por algumas razões: complexidade do trabalho escolar em função das necessidades sociais e culturais impostas à escola, diversidade de conhecimentos necessários ao agenciamento dos conteúdos, formação docente inadequada quanto à abordagem da autonomia na sua atuação profissional e condições de trabalho impróprias para que o professor desenvolva sua iniciativa profissional. (SACRISTÁN, 2000 [1991], p. 147149).
CURRÍCULO MODELADO PELOS PROFESSORES
Corresponde à tradução – empreendida, individual ou coletivamente,
pelo professor e materializada nos planos de ensino ou programas – da prescrição administrativa e dos materiais didáticos.
“[...] o currículo molda os docentes, mas é traduzido na prática por eles mesmos – a influência é recíproca.”. (SACRISTÁN, 2000 [1991], p. 165).
CURRÍCULO EM AÇÃO
Trata-se da prática real da sala de aula, quando o currículo “[...] se
manifesta, adquire significação e valor, independentemente de declarações e propósitos de partida.”. (SACRISTÁN, 2000 [1991], p. 201).
As atividades escolares expressam intenções e conteúdos curriculares,
mas não só isso, pois se estruturam, também, em função de outros determinantes, como padrões institucionais e organizativos, tradições metodológicas, condições reais do trabalho docente e materiais e espaço físico existentes.
CURRÍCULO REALIZADO
Tem relação com os efeitos complexos originários de campos
diversos – afetivo, cognitivo, moral, social, entre outros – resultantes da prática escolar. Muitos desses efeitos ficarão como efeitos ocultos do processo de ensino. As consequências do currículo afetam professores e alunos e se projetam, inclusive, em outras esferas sociais, como a familiar.
CURRÍCULO AVALIADO
Compreendido como a ponderação de determinados conteúdos
curriculares por meio de procedimentos formais ou informais, externos ou realizados pelo próprio professor.
“A avaliação atua como uma pressão modeladora da prática curricular, ligada a outros agentes, como a política curricular, o tipo de tarefas nas quais se expressa o currículo e o professorado escolhendo conteúdos ou planejando atividades.”. (SACRISTÁN, 2000 [1991], p. 311, grifos do autor)
DOCUMENTOS OFICIAIS DE ENSINO
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Nos últimos anos os Documentos Oficiais de ensino têm sido tomados
como objeto de pesquisa na esfera científica por serem elementos significativos para compreensão dos modos de organização e sistematização da cultura escolar.
Esses documentos produzidos por instâncias governamentais
responsáveis pela Educação se apresentam como propostas curriculares, parâmetros curriculares, ou diretrizes curriculares, e possuem, em geral, um caráter duplo: de documentos de normatização, uma vez que, elaborados por órgãos de governo, têm como objetivo regular as ações no âmbito do ensino; e de documentos de formação, pois se fundamentam em conhecimentos produzidos na academia. (PIETRI, 2007, p. 264).
DOCUMENTOS OFICIAIS DO PONTO DE VISTA
DA HISTORICIDADE
Pesquisas no campo da Linguagem e Ensino (década de 1980)
Produção de documentos oficiais (PCNS; documentos estaduais e municipais) (década de 1990)
Interlocução entre pesquisas acadêmicas, formação docente e documentos oficiais (anos 2000)
ROTEIRO DE LEITURA DCES DE LP
1. Quais são as três perspectivas de currículo adotadas na história da educação brasileira? Comente.
2. Em qual concepção de currículo se embasa as Diretrizes Curriculares do Paraná proposta em 2008?
3. Qual é o conteúdo estruturante de Língua Portuguesa?
4. Qual a concepção de linguagem em que se embasam as Diretrizes?
5. A partir dessa concepção de linguagem, qual é o objetivo do ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa?
6. Quais são práticas discursivas discutidas no documento e que devem ser objeto de ensino-aprendizagem nas aulas de LP?
REFERÊNCIAS
PARANÁ. Secretara de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares
da Educação Básica. Curitiba. Imprensa Oficial do Paraná, 2008.
PIETRI, Emerson. Circulação saberes e mediação institucional em documentos oficiais: análise de uma proposta curricular para o ensino de Língua Portuguesa. Disponível em:
http://www.curriculosemfronteiras.org/vol7iss1articles/pietri.pdf. Acesso em: 15/06/2016. Currículo sem Fronteiras, v.7, n. 1, pp. 263-283, jan./junh. 2007.
SACRISTÁN, Jimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed. Porto Alegre:ArtMed, 2000 [1991].