Aprendizagem vocal em Aves
•
Classe Aves
–
Ordens de Não-Passeriformes
–
Ordem Passeriformes
•
Sub-ordem Suboscines
•
Sub-ordem Oscines
Aprendizagem vocal em Aves
• Os cantos em Passeriformes Oscines são
referidos como aqueles que apresentam variações regionais e individuais com
evidências de aquisição de elementos através de aprendizagem (Mundinger 1982, Kroodsma 1982, Canady et al. 1984, Marler 1991,
Kroodsma 1996).
• Em não Passeriformes e Suboscines:
estereotipados, simples, de repertórios pequenos e com variações geográficas mínimas (Silva 1995, Kroodsma 1996).
Canto
• Sinal de comunicação que tem como função
biológica primordial o reconhecimento específico
– Pode ser mediado pela aprendizagem,
manifestada por variações populacionais, individuais e intra-individuais ou
– inato, quando o indivíduo possui um
canto funcional mesmo se criado em isolamento acústico. São geralmente estereotipados.
Repertório vs. Sucesso reprodutivo
• Em Oscines o sucesso reprodutivo tem sido relacionado ao tamanho de repertório de
canto (Catchpole 1980, Searcy 1992, Searcy and Yasukawa 1996, Nollan and Hill 2004). • Não é um parâmetro adequado para medir a
diversidade ou monotonia do canto e sua aptidão seletiva
Teoria da informação
• Teoria teve origem com os trabalhos de Claude E. Shannon e Warren Weaver em 1949
• Uma quantidade de informação é definida pelo logarítmo do número de escolhas disponíveis
• Quando há somente duas opções, a informação é proporcional ao logarítmo de 2 na base 2. Esta unidade de informação é chamada “bit”
• bit é a quantidade de informação necessária para informar qual entre dois eventos equiprováveis foi escolhido, representados pelo 0 e o 1.
Justificativa
Fenômenos biológicos apresentam
complexidade estrutural e funcional, irreversibilidade, diversidade de
escalas temporais e imprevisibilidade.
A teoria da informação e a teoria de
sistemas dinâmicos demonstraram ser poderosas ferramentas para o entendimento da complexidade
Exemplo de como avaliar a biodiversidade
• Considere dois fragmentos de floresta (A e B) de 100 hectares • O fragmento A está isolado e a área do entorno com grande ocupação humana • O fragmento B estámelhor preservado e apresenta
continuidade com outras áreas de Mata
Fragmento A
Composição dos fragmentos
Fragmento A Total de 100 indivíduos 12 22 2 3 16 1 H = - Σpi log2 pi H = 2,81 6 20 1 17Composição dos fragmentos
Fragmento B Total de 100 indivíduos 15 9 13 12 6 H = - Σpi log2 pi H = 3,25 7 8 6 12 12Definições
∑
= = N 1 i i iI p E ⎟⎟ ⎠ ⎞ ⎜⎜ ⎝ ⎛ = 2 1pi i log Iz Se considerarmos um alfabeto composto de N
símbolos com probabilidade pi de ocorrência
calculada de acordo com a freqüência relativa observada experimentalmente, podemos definir
como informação individual para cada símbolo Ii
como:
1-z Considerando todos os N símbolos emitidos, nós
definimos o valor médio de Ii e chamamos de
entropia informacional (E).
2-z Entropia de 2° momento
Definições
Entropia máxima
(3) Emax1 = log2 N Entropia não-condicionada– E
1(2)
a b c d a ...
Entropia condicionada – E2 (2)A nota seguinte pode ser a, b, c, d
Entropia
• ind 2 • A B C D E • Phrases – 1) A A A A B C – 2) A A A A D E – 3) A A A A C C – 4) A A A A B C • E = 1,5 • ind 1 • A B C D E • Phrases – 1) A B C A D A – 2) A C B A D E – 3) D A B E D A – 4) A B B A D A • E = 2,1Distribuição de
Turdus rufiventris
e valores de entropia por região
• O valor médio de entropia é uniforme na área de
distribuição da espécie, mas sua variação é menor na região Sul.
Canto versátil
Sabiá-laranjeira: canto do indivíduo 4 Itabuna, BA 100 % 100 % 100 % 100 % 100 % 66,66 % 4,76 % 66,67 % 20 % 20 % 9,52 % 10 % 19,05 % 100 % 57,14 % 28,57 % 14,29 % A B C D E F H G I Indivíduo 4
Sabiá-laranjeira: canto do indivíduo 8 São Paulo, SP C G B F A D E 100% 100% 100% 52,9% 35,3% 83,3% 5,9% 5,9% 66,6% 16,6% 33,3% Indivíduo 8 100% 60% 20% 20%
Sabiá-laranjeira: canto do indivíduo 12 Palmas, PR G A B C D E F H I J 100% 100% 100% 16,6% 66,6% 100% 100% 100% 16,6% 50% 100% 50% Indivíduo 12 50% 25% 25% 25% 25% 25% 25%
Sabiá-laranjeira: canto do indivíduo 43 Caraguatatuba, SP A B G I O 84% C M P D N M E F S P 50% J 100% 100% 100% R T Indivíduo 43 100% 100% 100% H K L A O S I G R Q 4% 4% 8% 40,9% 13,6% 27,2% 18,1% 11,1% 100% 100% 47,8% 52,1% 4,3% 29,4% 30,4% 8,6% 4,3% 52,1% 55,5% 41,6% 25% 33,3% 66,6% 22,2% 25% 25% 44,4% 44,4% 14,2% 11,1% 5,7% 17,1% 90,9% 6% 3% 34,2% 70,5% 2,8% 11,1% 33,3% 7,14% 7,14% 7,14% 7,14% 7,14% 7,14% 14,28% 21,42% 7,14% 7,14% 7,14% 7,14% 7,14% 50% 14,28%
Os Sabiás do Brasil:
quatro espécies sintópicas
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Turdus albicollis Sabiá-coleira Turdus leucomelas Sabiá-fogueteira
Variação dos parâmetros temporais e de freqüência para quatro espécies do gênero Turdus
Valores do intervalo de tempo entre as emissões
espécies intervalo em ms 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550
rufiventris leucomelas amaurochalinus albicollis
desvio-padrão média
Duração das notas
espécies duração em ms 150 200 250 300 350 400 450 500 550
rufiventris leucomelas amaurochalinus albicollis
desvio-padrão média
Valores das freqüências máximas e mínimas
espécies freqüência em Hz 1400 1800 2200 2600 3000 3400 3800 4200
rufiventris leucomelas amaurochalinus albicollis
freqüência máxima freqüência mínima
Número de notas emitidas por segundo
espécies notas/s 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8 3,2
rufiventris leucomelas amaurochalinus albicollis
desvio-padrão média
Variação do tamanho de repertório e dos valores de entropia para quatro espécies do
gênero Turdus
desvio-padrão erro-padrão média
Variação do tamanho do repertório
espécies repertório 10 20 30 40 50 60 70 rufiventris
leucomelasamaurochalinusalbicollis
desvio-padrão erro-padrão média Valores de E1 espécies E1 3,4 3,8 4,2 4,6 5,0 5,4 5,8 rufiventris
Os Sabiás do Brasil:
quatro espécies sintópicas
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca Turdus leucomelas Sabiá-fogueteira Turdus albicollis Sabiá-coleira Turdus rufiventris Sabiá-coleira
Dendrograma das quatro espécies sintópicas do gênero Turdus.
Análise de conglomerados
Complete linkage - distância euclidiana
Parâmetros temporais, de frequência, E1, Emax1, E1/Emax1 e Ef Distância de ligação amaurochalinus 3 amaurochalinus 2 amaurochalinus 1 albicollis 2 albicollis 3 albicollis 1 rufiventris 3 rufiventris 2 leucomelas 2 rufiventris 1 leucomelas 3 leucomelas 1 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 10001100120013001400150016001700
Oryzoborus angolensis
O caso do Curió
O caso do Curió
Praia Grande Clássico – Ana Dias
Canto em beija-flores
Topaza pella
Thalurania furcata Heliothryx aurita
Acreditava-se no predomínio da comunicação visual
Evidências de aprendizagem vocal em
Beija-flores
• Phaethornis longuemareus P. guy - Wiley 1971,
Snow 1977
• P. eurynome, P. pretrei, Colibri serrirostris e
Augastes lumachellus - Vielliard, 1983
• Calypte anna - Mirsky 1976, Baptista and
Schuchmann 1990,
• C. coruscans e C. thalassinus - Gaunt et al.
1994
• Lampornis clemenciae - Ficken et al. 2000.
• Glaucis hirsuta e Aphantochroa cirrhochloris
-Jarvis et al. 2000
Colibri serrirostris
White-vented Violetear - Beija-flor-de-orelha-violeta
Material e métodos
• Gravações de 17 indivíduos • 10 localidades
• Avisoft SASLab Pro 4.3 • ASN UNICAMP e LOBio
• Cálculo da entropia condicionada e não-condicionada
ind. localidade 4 Palmeiras, BA 16 “ “ 17 “ “ 10 Mucugê, BA 11 “ “ 12 “ “ 13 “ “ 8 Brasilia, DF 5 Diamantina, BA 6 “ “ 14 Mineiros, GO 15 “ “ 3 Santa Teresa, ES 2 Santa Leopoldina,ES 1 Itatiaia,RJ 7 Campinas, SP 9 Palmeira, PR
Localidades
Resultados
repertório notas duplas E1 E2 14 8 15 4 5 7 10 13 12 11 6 1 17 16 2 9 3 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13Resultados
Mean Mean±SE Mean±SD repertório notas duplas E1 E2 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12Exemplos
• A – ind 4 - 3 tipos de notas em seqüências regulares
• B – ind 4 tipos de notas em seqüências variadas
• C – ind. 3 – 5 tipos de notas em seqüências imprevisíveis
Compartilhamento de notas entre vizinhos
• Ind. 11 • Repertório = 4 • Notas duplas = 8 • E1 = 1,79 • E2 = 2,97 • Ind. 10 • Repertório = 4 • Notas duplas = 6 • E1 = 0,88 • E2 = 1,60Ind. 10 e Ind. 11 - As seqüências são diferentes e compartilham
Compartilhamento de notas entre vizinhos
• Ind. 17 • Repertório = 4 • Notas duplas = 10 • E1 = 1,87 • E2 = 2,98 • Ind. 16 • Repertório = 4 • Notas duplas = 10 • E1 = 1,90 • E2 = 2,99Ind. 16 e Ind. 17 - As seqüências são
diferentes, as entropias altas e todas as notas são compartilhadas
Compartilhamento de notas entre vizinhos
Ind. 10 – Mucugê, BA
Aprendizagem em beija-flores
Canto de Glaucis hirsuta
natural
meia
Conclusões
• Os princípios da Teoria da informação
permitem uma análise objetiva da estrutura de cantos complexos de aves
• O repertório não é suficiente para análise da complexidade do canto: com o mesmo
repertório pode-se chegar a entropias diferentes
Conclusões
• E1 mostra tanto o repertório quanto à proporção na qual é emitido
• E2 mostra a versatilidade do canto, o número e a
proporção de duas notas consecutivas. Indivíduos de cantos repetitivos mostrarão valores baixos de E2
• Os indivíduos podem ser identificados pela estrutura das notas do seu repertório e pela seqüência de
Conclusões
• Compartilhamento de notas é raro, porém
existe e isto implica em aprendizagem vocal. • A variabilidade individual dos tipos de nota e
seqüências mostram que há capacidade de criação, habilidade pouco conhecida entre as aves.
• Estas conclusões são válidas para quaisquer casos de sinais complexos de comunicação sonora