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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS- UFAL O USO DO ESPAÇO PÚBLICO EM ARAPIRACA, ALAGOAS: UMA AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA ÁREA VERDE DOM CONSTANTINO LÜERS

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CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ALINE CABRAL DE ALMEIDA

O USO DO ESPAÇO PÚBLICO EM ARAPIRACA, ALAGOAS: UMA

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA ÁREA VERDE DOM CONSTANTINO

LÜERS

ARAPIRACA - AL

2017

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ALINE CABRAL DE ALMEIDA

O USO DO ESPAÇO PÚBLICO EM ARAPIRACA, ALAGOAS: UMA

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DA ÁREA VERDE DOM CONSTANTINO

LÜERS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, Campus de Arapiraca, como requisito final para obtenção do Titulo de Graduação. Orientador: Prof. Dr. Odair Barbosa de Moraes.

ARAPIRACA - AL

2017

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Quero agradecer a Deus por ter tanta paciência comigo e todos os meus pedidos para conclusão do meu curso.

Quero agradecer também a minha irmã Ana Marluce, que me deu condições para que eu pudesse terminar minha graduação sem maiores complicações.

A todos os meus amigos de curso, a cada um que pude conversar e trocar experiências tanto em sala de aula como nos corredores da UFAL, principalmente aos meus amigos Desenho e Macel que trilharam boa parte desse caminho comigo, permitindo que todo esse tempo acadêmico se tornasse mais prazeroso e significativo.

As minhas sobrinhas, Mirella, Isadora e Isabele que sempre me apoiam e me incentivam a buscar meus objetivos.

A minha irmã Mariza e novamente ao meu amigo Desenho desta vez como profissional, que me auxiliaram na elaboração deste trabalho de conclusão.

A todas as pessoas entrevistadas, que disponibilizaram uma parte do seu tempo para responderem as questões propostas por mim.

E por último e não menos importante, muito pelo contrário, o principal responsável por esse momento, Professor Odair, que só posso definir como um ser humano incrível. Muito obrigada por tudo!

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têm-se a possibilidade de melhorar a vitalidade urbana e a prática da cidadania trazendo lazer urbano através da prática de esportes, passeios e atividade física, além de propiciarem a interação e convívio social entre as pessoas. Este trabalho tem como fundamento observar e caracterizar a Área Verde Dom Constantino Lüers, localizado em Arapiraca - Alagoas. A escolha se deu pelo fato da Área estar localizada em bairro residencial da cidade, porém, esta com o uso enfraquecido, tornando-se um espaço subutilizado e inseguro. O objetivo deste estudo é analisar a qualidade do espaço Área Verde Dom Constantino Lüers e com base nestes dados, fazer uma avaliação técnica e de usuários, utilizando como metodologia a Avaliação Pós-Ocupação (APO) atraves de entrevistas com a população citadina para que, sejam baseadas a partir do que eles também desejam para que assim possamos refletir sobre a contribuição social relacionada ao espaço livre público com estudo de caso da Praça Área Verde no município de Arapiraca.

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Palavras-chave: Arapiraca; Avaliação Pós-Ocupação (APO); Espaços Públicos; Contribuição Social.

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Public spaces are of fundamental importance to the city. There is a possibility of improving urban vitality and a practice of citizenship by bringing urban leisure through the practice of sports, walks and physical activities, in addition to providing interaction and social interaction among people. This work is based on the observation and characterization of the Área Verde Dom Constantino Lüers, located in Arapiraca - Alagoas. The choice is based on the fact that it is located in the residential neighborhood of the city, but with the use focused, making it an underutilized and insecure space. The objective of this study was to analyze the quality of the space Área Verde Dom Constantino Lüers and based on these data, to make a technical and users evaluation, was used as methodology the Post-Occupancy Assessment (APO) through interviews with the city population so that , as guidelines created, were based on what they also wish so that we can reflect on a social contribution related to public space with case study of the Área Verde in the municipality of Arapiraca.

Keywords: Arapiraca; Post-Occupational Assessment (POE); Public spaces; Social contribution.

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Figura 1 - Localização de Arapiraca no Estado de Alagoas...47

Figura 2 - Localização dos parques de Arapiraca ...49

Figura 3 - Localização do Parque Área Verde Dom Constantino ...50

Figura 4: Vias de acesso à Área Verde Dom Constantino Lüers ...51

Figura 5 - Visão geral da Área Verde Dom Constantino Lüers ...51

Figura 6 - Visão geral da entrada da Área Verde Dom Constantino Lüers ...52

Figura 7 – Banheiro...52

Figura 8 - Equipamento para atividades físicas...53

Figura 9 – Playground ...53

Figura 10 - Bancos Sombreados pelas árvores ...54

Figura 11 - Monumento de Dom Canstantino Lüers... 54

Figura 12 – Ruas não asfaltadas...55

Figura 13 – Rua calçada André Felix da Silva ...55

Figura 14 – Passeio Irregular ...55

Figura 15 – Banco deteriorado...55

Figura 16 – Lixeiros Deteriorados ...56

Figura 17 – Lâmpadas Quebradas ...56

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Tabela 1 - Perfil do usuário...59

Tabela 2 - Perfil do usuário ...59

Tabela 3 - Frequência de utilização do parque ...60

Tabela 4 - Horário de uso ...60

Tabela 5 - Forma de utilização da Área Verde ...60

Tabela 6- Estética, conforto ambiental e segurança da Área Verde ...61

Tabela 07 - Iluminação, contribuição dos usuários e quantidade de funcionários. ....62

Tabela 07 - Frequencia com que o município realiza programas de conscientização e uso do parque ...62

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1. INTRODUÇÃO ...09

1.1 Objetivos da pesquisa ...10

1.2 Estrutura do trabalho ...11

2. CONCEITOS SOBRE OS ESPAÇOS PÚBLICOS...12

2.1 Praças públicas: origem, conceito e função ...16

3. AVALIAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: A IMPORTÂNCIA DO USUÁRIO NA QUALIDADE DO PROJETO...20

3.1 Avaliação pós-ocupação...25

3.2 Avaliação da qualidade do projeto ...28

3.3 Instrumentos utilizados em APO ...32

4. METODOLOGIA...41

5. ESTUDO DE CASO: AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO ÁREA VERDE DOM CONSTANTINO LÜERS...46

5.1 Análise do objeto de estudo ...49

5.2 Avaliação dos usuários ... ...59

5.3 Análise dos resultados ...63

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS...64

7. REFERÊNCIAS...65

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1. INTRODUÇÃO

O município de Arapiraca está localizado no estado de Alagoas e pertencendo a mesorregião do Agreste Alagoano, tornando-se uma importante rota para as mais variadas áreas das cidades circunvizinhas e demais cidades. Situada numa ampla planície, tendo como caatinga e mata atlântica, biomas predominantes e com área territorial de 345, 655 km² até o ano de 2015, segundo o IBGE.

A partir dos anos 70 o município passou por uma grande transformação em sua paisagem e território com o desenvolvimento através da cultura da produção de fumo, uma das principais atividades econômicas da época na região, o que elevou a cidade à categoria de município. Nos anos 80, Arapiraca começa a experimentar um crescimento econômico proveniente de seu comércio, juntamente com a já tradicional feira livre, além do setor industrial que apresentou um relativo crescimento no decorrer dos anos.

Com o crescimento e desenvolvimento da cidade por meio dos grandes projetos comerciais e industriais, resultou em um fluxo migratório de trabalhadores para o município, provindos de várias cidades do estado, contribuindo assim, com a ocupação desordenada do território e o surgimento de comunidades de baixa renda e condomínios fechados. Afirmando SOUZA (2003) “estes por sua vez, são verdadeiros bairros fechados em si mesmos, pouco dialogando com a população local e o resto do município”.

Somente a partir dos anos 2000 o governo municipal deu início aos projetos de revitalização das praças e demais espaços públicos. Dessa forma, esse trabalho apresenta como objetivo avaliar e compreender qual a contribuição da Área Verde Dom Constantino Lüers, para os moradores do seu entorno. Assim como para o restante da população arapiraquense e como diminuir a escassez de público que vem crescendo há

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alguns anos. De acordo com COSTA E CARNEIRO: “para interpretar a condição do espaço público de hoje, é preciso entender como ele se formou, ou seja, conhecer a sua história e, portanto, o público que o caracteriza” (COSTA E CARNEIRO, 2009, p. 304).

A importância de averiguar a política de criação e manutenção de áreas de lazer e praças públicas dos últimos governos municipais de Arapiraca está em qualificar os procedimentos de gestão pública, que tem por propósito investir na qualidade de vida social dos moradores utilizando como instrumento os espaços livres públicos.

Para fundamentar o estudo este trabalho apresentará discussão sobre: Sistema de espaços livres públicos como foco na Praça Área Verde Dom Constantino Lüers, sua forma e uso; análise quanto a gestão e localização da praça e reflexão sobre a contribuição desta para a melhoria das relações sociais dos moradores de Arapiraca.

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

OBJETIVO GERAL

Detectar quais os aspectos que têm levado a população ao uso/desuso e a apropriação da Praça Área Verde.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Caracterizar o espaço estudado no tecido urbano;  Verificar os diferentes usos;

 Avaliar seus pontos positivos e negativos;  Avaliar o nível de satisfação dos usuários;

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1. 2 ESTRUTURA DO TRABALHO

O primeiro capítulo contém uma revisão bibliográfica das variáveis retratadas na pesquisa, logo após tem-se uma apresentação do tema contendo a problemática, os objetivos, tanto geral, como especifico e a estrutura do trabalho.

No segundo capítulo, há uma conceituação sobre os espaços públicos e sua importância para a cidade, dando subsídios teóricos para assim caracterizar o objeto de estudo.

No terceiro capítulo tem-se uma abordagem sobre a psicologia ambiental e a inter-relação entre o ambiente construído e o comportamento do usuário. Contendo também uma elucidação e reflexão de como é importante a participação do usuário no decorrer do processo de pesquisa para a realização do projeto. Seguindo assim os critérios de avaliação e qualidade do espaço em questão. Há também os processos metodológicos da Avaliação Pós-Ocupação, a sua importância e adequação a este trabalho pela junção das avaliações tanto por parte dos especialistas através dos relatos feitos pelos usuários como elemento de análise para o estudo de ambientes construídos.

No quarto capítulo são apresentadas as técnicas e métodos utilizados na pesquisa, apresentando um esclarecimento de como os instrumentos analisados no terceiro capitulo foram aplicados.

O estudo de caso vem explanado no quinto capitulo, onde é estudado o objeto de estudo com base nas variáveis abordadas na pesquisa para o entendimento do uso desse espaço na cidade de Arapiraca.

Com a junção de todos esses elementos espera-se uma melhor compreensão sobre o nível de satisfação do público com relação à Área Verde.

E por último, tem-se o sexto capítulo contendo as considerações finais e a conclusão sobre as pesquisas realizadas.

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2. CONCEITOS SOBRE OS ESPAÇOS PÚBLICOS URBANOS

São nesses espaços onde as pessoas podem entrar em contato uma com as outras, funcionando como um importante meio de socialização. Assim, os espaços públicos, além de proporcionarem benefícios à cidade, como o embelezamento, exercem forte influência sobre o comércio, pois lugares agradáveis e seguros atraem as pessoas e colaboram com a transformação do bioclima urbano, logo, quando se tem a utilização da vegetação, esta colabora com a saúde física e mental das pessoas. Esses espaços são projetados para usos cotidianos sendo abertos e acessíveis para todas as pessoas na ampliação da ideia de liberdade e igualdade. São áreas de interação social onde pessoas de diferentes segmentos compartilham da co-presença para a prática da civilidade e do diálogo (ALEX, 2008; GOMES, 2002).

Considera-se Espaço Público o lugar da cidade que é de propriedade e domínio da administração pública, o qual responsabiliza ao Estado com seu cuidado e garantia do direito universal da cidadania e a seu uso. Em relação ao âmbito físico, pode-se considerar espaço público como um “vazio” urbano resignado pelos volumes construídos geralmente nos pontos centrais da cidade e muitas vezes são os espaços em que o verde da cidade se expressa em maior volume, e onde tradicionalmente tem se instalado esculturas artísticas e monumentos comemorativos. Neles se tem aquilo que é chamado de “mobiliário urbano”, ou seja, equipamentos que facilitam seu uso, tais como: luminárias, bancos, lixeiras, quiosques, pontos de ônibus, sinalização de trânsito e de informação em geral, entre outros.

O espaço público é o lugar por excelência da expressão política e dos direitos dos cidadãos, tendo que acrescentar a sua cidade conceitos subjetivos derivados principalmente pelo uso tradicional e o cotidiano, pelos imaginários individuais e coletivos,

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relacionados com histórias pessoais, feitos históricos, lendas urbanas e movimentos populares. Contendo, por sua própria essência, uma característica fundamental: permite conectar lugares e pessoas de todo tipo e derivação, em qualquer momento. Logo, o espaço público é intrinsecamente o mais democrático da cidade por facilitar o intercâmbio mais heterogêneo em tempo, espaço, idade, gênero, nacionalidade, dentre outros.

Os espaços públicos se tornam assim lugares de especial relevância no contexto da recuperação urbana como elementos dinamizadores, pois quando são renovados geram automaticamente sinergias que atraem pessoas, recursos, inversão. Podendo dessa forma, subdividir essa importância em quatro: a importância social que engloba a valorização do ócio, do convívio, da brincadeira e encontro ou do encontro fortuito. A importância econômica onde os espaços públicos de sucesso valorizam o entorno e sendo assim, tornam o mercado imobiliário mais atrativo. Também destacamos a importância na segurança, pois o uso do espaço aberto público, diminui as distâncias entre os diferentes grupos de uma comunidade, vencendo barreiras de preconceito de maneira orgânica e às vezes, inconsciente, sendo profunda e duradoura. E a importância na qualidade ambiental e na saúde da cidade onde se plantados, tornam-se pulmões verdes contra as ilhas de calor urbano, oferecendo também permeabilidade para a drenagem, assim oferecendo espaço para usos esportivos e atividades físicas, tornando-se importante instrumento na prevenção de doenças e na manutenção de pessoas saudáveis, propiciando condições para o combate a tendências como a obesidade, que hoje já se espalha pela população infantil.

Os espaços públicos também podem ser considerados formais, podendo ser associados com um lugar claramente definido e comumente contornado por uma fronteira, como por exemplo, um parque, uma praça ou um pátio aberto e por outro lado, também podem ser informais, criados por um encontro espontâneo dentro da esfera pública em

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uma rua ou um beco. Além disso, espaços públicos também podem ser subdivididos em três categorias que são mencionadas a seguir, cada uma dentro do seu espaço e funcionalidade para a população arapiraquense.

Espaços públicos ao ar livre, pois têm a menor quantidade de restrições, em princípio, oferecem igual acesso aos cidadãos que pode ser a construção de parques, praças, áreas de recreação, praias, orlas, becos e ruas; os espaços pseudo-públicos que oferecem a todos o direito de estar no local, contudo, regras implícitas são postas em prática, lugar este que pode ser construídos restaurantes, shoppings, parques particulares e bares e lojas; e por último e não menos importante os espaços públicos cobertos que são instituições mantidas pelo estado, onde embora existam alguns obstáculos a serem superados por causa de restrições explícitas, uma vez dentro do espaço, este se comporta como um espaço público. Os exemplos são transportes públicos, centros comunitários, museus e bibliotecas.

A arborização urbana propicia às cidades inúmeros benefícios relacionados à estabilidade climática, ao conforto ambiental, melhoria na qualidade do ar, bem como na saúde física e mental da população, além de influenciar na redução da poluição sonora e visual e auxiliar na conservação do ambiente entre tantos outros benefícios. Várias são a vantagens que a arborização urbana traz para uma cidade, podendo ser encontrada nos parques, praças dentre outros espaços públicos, e para melhor demonstrar estes proveitos, de uma forma detalhada, temos a seguir:

Composição atmosférica

- Ação purificadora por fixação de poeiras e materiais residuais;

- Ação purificadora por depuração bacteriana e por outros microrganismos;

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- Ação purificadora por ação de gases tóxicos. Equilíbrio solo-clima-vegetação

- Luminosidade e temperatura: a vegetação ao filtrar a radiação solar suaviza as temperaturas externas;

- Umidade e temperatura: a vegetação contribui para conservar a umidade do solo atenuando sua temperatura;

- Redução na velocidade do vento;

- Mantém as propriedades do solo: permeabilidade e fertilidade; - Abrigo à fauna existente;

- Influencia no balanço hídrico. Níveis de ruído

- Amortecimento dos ruídos de fundo sonoro contínuo e descontínuo de caráter estridente, ocorrentes nas grandes cidades.

Estético

- Quebra da monotonia da paisagem das cidades causada pelos grandes complexos de edificações;

- Valorização visual e ornamental do espaço urbano;

- Caracterização e sinalização de espaços, constituindo-se em um elemento de interação entre as atividades humanas e o meio ambiente.

Benefícios da vegetação urbana Fonte: Lombardo (1990) apud Guzzo (1998, p. 07). Organização: Marcos Antônio Silvestre Gomes

Os espaços públicos vegetados dentro de uma cidade são de grande importância para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos ligados a vários fins como a construção da paisagem urbana, o equilíbrio climático, a conservação ambiental ou o lazer que traz grandes contribuições às famílias. A vegetação é de extrema relevância para o espaço urbano tanto em se tratando dos aspectos ecológicos quanto os relacionados aos socioeconômicos.

Assim, nota-se que o composto de parques e praças vegetados na cidade, muito mais do que o embelezamento que eles também proporcionam, percebe-se uma grande

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necessidade para diversos aspectos da vida urbana e na qualidade do projeto. Um espaço público bem planejado e com um bom uso da vegetação colabora com a quebra da monotonia da paisagem através do uso de cores e formas, presenteando a comunidade com uma arte visual capaz de envolver e transformar o ambiente povoado pelos munícipes bem como a todos os visitantes que possam contemplar a arte como uma manifestação social.

2.1 PRAÇAS PÚBLICAS: ORIGEM, CONCEITO E FUNÇÃO

Muito comumente as praças funcionam como espaços no qual predominam os encontros e relações interpessoais para discussões, informações e troca de ideias, comércio de mercadorias, dentre outras atividades cujas realizações dependem essencialmente da presença de mais de um indivíduo, e sendo assim, na grande maioria, é nas praças que situações de conforto e desconfortos, encontros e desencontros acontecem. Dessa forma, esse local deve ser receptivo e aconchegante, lugar este capaz de envolver a todos, crianças, jovens, adultos e anciãos.

O termo praça teve seu inicio na Grécia Antiga, quando, naquela época, eram chamadas de “ágoras”. Esta palavra de origem grega significava falar, discutir, tomar decisões, tendo um significado peculiar o seu designo. Neste tempo antigo, as “piazzas”, melhor dizendo, praças, eram espaços públicos e abertos, de livre movimentação, onde as pessoas discutiam e debatiam a respeito de diversos assuntos pertinentes a suas vidas e também a sociedade em um modo geral. Daí sua importância relativamente política, e que, de certo modo caracterizava o quanto o povo onde existiam essas praças eram democráticos ou não, contribuindo assim para a formação de cidades.

Entende-se que a formação das ágoras dependia vigorosamente de sua funcionalidade, na maioria das vezes, de caráter social, político e religioso. Exemplo

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parecido ao que estamos tratando é o caso do “Forum Romanum” (Fórum Romano), os quais, conforme comprovado mediante escavações arqueológicas, remontam claramente a utilização dos espaços urbanos para eventos do mesmo sentido que nas ágoras.

De forma prevalente, as praças são espaços abertos que optam pelo o pedestre e não o acesso de veículos, o que não se configura como regra geral. As ágoras eram construídas próximas a igrejas, centros comercias e, até mesmo, entre edifícios e no interior de palácios. De acordo com MUNFORD (1965), as praças, na Idade Média, apresentavam-se em diversos formatos: triangular, linear, oval, dentava, e retratavam uma das primeiras representações físicas da urbanização.

Com o Renascimento, a arquitetura das praças passa a se adequar à estrutura urbana, os jardins se ampliam em extensas praças com desenhos geométricos, escalonados. Entendemos que no desenvolvimento histórico da arte, após o Renascimento vem o Estilo Barroco, e neste aspecto temos as praças como formas direcionadas para dentro da cidade, ou seja, são espaços abertos para a cidade, e, também trazem consigo a apresentação de estátuas e fontes decoradas, assim, ganhando mais riqueza e movimento.

“Reunir-se: fazer-se público de sua presença, exibir pompa, ver homens e mulheres bem-vestidos e bonitos, contar e ouvir as novidades, assistir a apresentações musicais, mostrar filhas na busca de maridos, homens finos admirando e fazendo corte a cortesãs. Os jogos sociais e sexuais – com a tácita concordância entre seus praticantes – o plaisir de lapromenade, tinha uma palco magnífico nos jardins público.” Hugo Segawa. Macedo (2002) possui duas premissas básicas para definir tais espaços: uso e acessibilidade, entendendo-os como espaços livres urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos. Ainda assim, essa tipologia mantém o caráter de sociabilidade que é inserido nas funções da praça

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descartando-se alguns logradouros públicos enquadrados como tal e que nada mais são do que canteiros centrais, rotatórias, restos de sistemas viários gramados não oferecendo condições mínimas adequadas ao exercício do lazer ou acessibilidade da população. Tal fato se deve à necessidade de muitos órgãos públicos municipais ampliarem o número dos seus espaços públicos e de lazer perante a sociedade.

No sentido de combater os efeitos ambientais negativos, a praça, em seu contexto urbano da cidade, desempenha um papel importante no controle de temperatura, sombreamento, ventilação, aeração, amenização da poluição contribuindo para a qualidade ambiental e de vida da população (SOUZA, 2009).

Já no Brasil, a ideia de praça normalmente está ligada à presença de uma igreja, sendo isto muito visto atualmente, diante de capelas, conventos e igreja, sempre nos deparamos com espaços vazios, onde os fiéis se reúnem, geralmente, antes e após a celebração da missa, ao seu redor, foram construídos os edifícios públicos, palacetes e comércio servindo como local de convivência coletiva da comunidade. Murilo Marx afirma que a praça deve a sua existência, sobretudo as áreas das Igrejas, onde servia como um espaço para reunião de pessoas e para um conjunto de atividades diferentes, caracterizando-se de forma bastante típica e marcante na época. Também é muito comum nas praças brasileiras a presença de ajardinamento, sendo os espaços conhecidos por largos correspondentes a ideia que se tem de praça em países como a Itália, Espanha e Portugal. Desse modo, um largo pode ser considerado uma "praça seca".

Largos “São espaços livres públicos definidos a partir de um equipamento geralmente comercial, com o fim de valorizar ou complementar alguma edificação como mercado público, podendo também ser destinados a atividades lúdicas temporárias. “SÁ CARNEIRO, Ana Rita, MESQUITA, Liana de Barros (orgs.). Espaços livres do Recife. Recife: Prefeitura da Cidade do Recife/UFPE, 2000, p. 29.

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Entendemos que esses espaços livres quase sempre foram associados a um ambiente que trouxesse a comercialização de alguns produtos, a divulgação e apresentação de peças, teatrais, grupos de danças, apresentações religiosas, dentre outros.

“Os templos, seculares ou regulares, raramente eram sobrepujados em importância por qualquer outro edifício, nas freguesias ou nas maiores vilas. Congregavam os fiéis, e os seus adros reuniam em torno de si as casas, as vendas e quando não o paço da câmara. Largos, pátios, rocios e terreiros, ostentando o nome do santo que consagrava a igreja, garantiam uma área mais generosa a sua frente e um espaço mais condizente com o seu frontispício. Serviam ao acesso mais fácil dos membros da comunidade, a saída e ao retorno das procissões, à representação dos autos-de-fé. E, pelo seu destaque e proporção, atendiam também a atividades mundanas, como as de recreio, de mercado, de caráter político e militar. À linearidade, as ruas de interligação como as chamadas Direitas. A irregularidade, outra ordem que não a das vias ortogonais”. In: MARX, Murillo. Cidade Brasileira. São Paulo: Melhoramentos/Edusp, 1980, p. 54

O que se percebe é, tanto quanto a sua funcionalidade quanto em relação a sua arquitetura, as ágoras (praças) tiveram uma evolução considerável ao longo de toda história, toda ela voltada às exigências do cotidiano e à delimitação dos espaços, seja por questões políticas, seja por necessidades sociais, no entanto, o que se evidencia hoje é uma nova função direcionada ao lazer, à recreação e ao bem-estar.

No campo conceitual, a mescla dos dois conceitos (qualidade de vida e qualidade ambiental) é de tal ordem que muitas vezes se torna difícil estabelecer se a qualidade de vida é um dos aspectos da qualidade ambiental ou se esta é componente do conceito de qualidade de vida. (NAHAS, 2009, p.125).

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Existem questões em relação a relevância das praças quanto a sua estrutura e os benefícios que elas trazem à população, na grande maioria, o mais importante é saber que trarão qualidade de vida aos munícipes e visitantes.

3. AVALIAÇÃO DO AMBIENTE CONSTRUÍDO: A IMPORTÂNCIA DO USUÁRIO NA QUALIDADE DO PROJETO

Este trabalho procura relacionar o comportamento e atitudes de usuários em relação ao ambiente construído, neste caso, os espaços públicos, especificamente a Área Verde Dom Constantino Lüers, mais conhecida como apenas Área Verde, visto tamanha importância desta relação para uma avaliação em sua totalidade de características qualitativas e quantitativas dos espaços da cidade. Por essa razão, podemos perceber também a relevância do usuário como um potencial colaborador para a melhoria de ambientes construídos. Quem se utiliza do espaço pode transmitir informações para o pesquisador tanto a partir de observações comportamentais como através de questionários ou entrevistas. Desta maneira, foi necessário um estudo sobre psicologia ambiental, também conhecida como psicologia ecológica, que está fundamentada na abordagem dos psicólogos Barker e Wright, a objetivo das inter-relações entre comportamento ambiental (natural ou construído).

A psicologia ambiental trata do contato recíproco entre o comportamento e o ambiente físico, tanto construído quanto natural. Também mantém conexão com áreas de estudo, tais como a sociologia e antropologia urbana, desenho industrial, paisagismo, arquitetura, urbanismo, antropologia urbana, geografia, entre outras.

A psicologia ambiental enfatiza a dimensão física do ambiente e assim relaciona as percepções, atitudes e comportamentos do usuário com os aspectos físicos ambientais

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no entendimento de que estes estão imersos em sistemas mais amplos como os sistemas sociais, econômicos e políticos (CAMPOS DE CARVALHO et al., 2011) .

Outras áreas além da psicologia ambiental também estudam os assuntos que tratam das relações entre as pessoas e o ambiente, como a arquitetura, o planejamento urbano, a geografia humana e social, a ergonomia e outras. Na psicologia, em especifico tratam dos problemas ambientais, os objetos de estudo diversificam entre o planejamento de edifícios, a percepção e avaliação ambientais.

Com o início da psicologia ambiental também se deu origem a um subgrupo de estudos chamado Relações Ambiente-Comportamento ou RACs como é mais conhecido, que trata de estudos interdisciplinares direcionados às relações biunívocas entre o ambiente construído e o comportamento do usuário numa abordagem voltada para o entendimento de como o ambiente afeta o comportamento do usuário assim como o inverso. (ORNSTEIN et al.. 1995).

A Avaliação Pós-Ocupação (APO) é uma ferramenta fundamental nesses estudos, porque a mesma possibilita a criação de diagnósticos, a partir dos projetos existentes, e a criação de um banco de dados na parte técnica e construtiva do ambiente e no comportamento, necessidades e níveis de satisfação do usuário.

É de suma relevância entender como se dá a interação do usuário com o ambiente e como o primeiro percebe o segundo. Será que o ambiente atende as suas necessidades? Será que o usuário se sente bem naquele ambiente? E para isso vale fazer uma análise de duas características que juntas fundam um entendimento do que se chama percepção ambiental: a percepção e a cognição.

Reis e Lay (2006) colocam a percepção como a interação entre o espaço e o usuário exclusivamente através dos sentidos seus sentidos, a visão, audição, olfato, tato e

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paladar, sendo a visão o mais utilizado, pois será com ela que o indivíduo terá o primeiro contato.

Acreditamos que é importante o estudo da percepção e do comportamento ambiental começar pelo entendimento das inter-relações entre o homem e o ambiente construído em vários níveis, como nas expectativas, julgamentos e sua forma de se comportar. As ações humanas sobre o meio ambiente tanto natural como o construído provocam aos usuários a qualidade de vida e o bem-estar. Esses estudos buscam aproximar o projeto do ambiente mais adequado ao ser humano (PANQUESTOR; RIGUETTI, 2008).

Segundo Reis e Lay (2006), pode-se entender a cognição como um processo de construção do sentido na mente formado através da experiência do dia a dia, sendo um complemento à percepção, quando esta é tratada apenas como sensorial. A conhecida cognição ambiental vai se relacionar tanto com o aprendizado como com a memória, por meio da acumulação, organização, reconstrução e chamamento de imagens das características ambientais que não estão dispostas nos ambientes físicos no início. As pessoas utilizam de seu conhecimento anterior e cultural para adequarem-se as suas atividades no local. A diferença entre a percepção, é que esta serve para mostrar as reações ao ambiente construído imediatamente, baseados, exclusivamente, nos sentidos, enquanto a cognição serve para mostrar as reações do indivíduo ao ambiente mais amplo, baseada tanto nos sentidos, como no conhecimento prévio, nos valores e na personalidade.

Associando esses dois conceitos com os aspectos do ambiente construído, podemos destacar dois pontos fundamentais, o biofísico, que está ligado a percepção, e psicossocial, ligado a cognição. O princípio biofísico diz respeito às características do ambiente, como por exemplo, as diferentes formas e tamanhos, cores, calor, contraste,

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etc., que estão relacionados com as propriedades presentes na paisagem. Já o princípio psicossocial está ligado com as experiências vividas pelo usuário em alguns momentos de sua vida. Estas experiências se alteram a partir de alguns aspectos como valores culturais, diversidade étnica, ideologias políticas e socioeconômicas entre outras (HIGUCHI et al., 2011).

A percepção ambiental é de fundamental importância para a avaliação do ambiente construído desde a vivência do usuário no mesmo e de suas peculiaridades. Baseando-se na percepção e na cognição, temos uma análise de como o ambiente está sendo utilizado pelo usuário, se está atendendo as suas necessidades, se satisfaz ele e se está sendo utilizado para os fins que ele foi projetado, podendo ainda disponibilizar uma visão de como o ambiente físico influencia no comportamento e nas atitudes dos usuários. Haja vista que os dois conceitos se auxiliam, podemos observar que a análise e a avaliação do ambiente físico são realizadas por meio dos processos de percepção e cognição. Eles permitem estabelecer uma relação entre o indivíduo e o ambiente físico, baseada em um conjunto de transações entre os incentivos sensoriais percebidos e as experiências prévias do usuário, como visto antes, as memórias, conhecimentos e personalidade. Assim, podemos ver a importância de observar as atitudes dos usuários em relação a elementos ambientais específicos e também saber como seu comportamento é influenciado pela percepção desses componentes, para só assim poder ter uma boa análise de qualidade de projeto e do desempenho ambiental.

Através do que foi analisado sobre a relação do ambiente construído com o usuário, torna-se necessário a observação sobre a diferenciação conceitual entre espaço e lugar para um melhor entendimento de como se dá a apropriação desses ambientes e sua posterior transformação de espaço para lugar.

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Cavalcante e Nóbrega (2011, p.182), colocam que “o espaço é matéria caracterizada por sua exterioridade em relação ao indivíduo. Logo, é neutro, já que não atribui a ele significado”. Já o lugar, “é um espaço ao qual se atribui significado e que ganha valor pela vivência e pelos sentimentos. Lugar é o espaço com o qual se estabelece relação”. Isto é, na medida em que uma pessoa mantém contato com um espaço e o provê de valores, este vai se transformando em lugar e adquirindo um significado. Ainda segundo as autoras, pode-se pensar em características físicas, funcionais e simbólicas na transformação de espaço para lugar, contudo, esta conversão não depende do tempo investido ou tipo de uso, mas da impressão causada pela relação entre ambos e do tipo de vínculo gerado nessa localidade.

Vale enfatizar que, ao partir do individual para o social na forma como cada um transforma o espaço em lugar, percebe-se com é importante a identidade social urbana, isto é, entender que é possível r sentir-se parte do “grupo” e passa a ser um elemento importante de identificação endogrupal. É necessário pensar a cidade não apenas como uma construção física, mas como construção simbólica também, o que auxilia nos processos de apropriação e assim, a partir destes processos é que os indivíduos têm a capacidade de criar e identificar significados simbólicos do espaço e assim poder incorporá-los à sua identidade (VALERA, 1993 apud MOURÃO, BOMFIM, 2011). A apropriação é um termo muito importante nos estudos que relacionam a pessoa e o ambiente, pois constitui um processo da formação de lugares, que são a marca da natureza humana no espaço.

Como uma ampla visão da arquitetura em relação a importância do usuário a partir do processo de projeto, Salgado (2010) coloca que somente o atendimento de exigências técnicas e funcionais do ambiente construído não é necessariamente a garantia da satisfação do indivíduo que utiliza o espaço. Para uma melhor interação entre o projeto

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e o usuário, as exigências destes em junção com as metodologias de avaliação de desempenho e qualidade viabilizariam escolhas mais prudentes sobre as soluções de projeto. Para isso é interessante entender que a percepção que o espaço comunica ao usuário transmite determinadas reações, assim, a arquitetura influencia na satisfação dos indivíduos e causa um impacto na qualidade de vida das pessoas.

Então, busquei uma metodologia centrada tanto nos aspectos técnicos do ambiente construído assim como na opinião e necessidades do usuário para a análise da qualidade do projeto, logo, apresentar resultados significativos em volto da temática aproxima cada vez mais a teoria da prática, pois essa simbiose engrandece cada vez mais a pesquisa acadêmica com os aspectos reais da realidade na qual fazemos parte.

3.1 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO – APO

Como metodologia para a avaliação do espaço selecionado desta pesquisa, serão utilizados meios e procedimentos de Avaliação Pós-Ocupação (APO) pela sua abrangência em matéria de conseguir dados quantitativos e qualitativos sendo de grande importância para a avaliação do especialista e do usuário.

Vale ressaltar que esta pesquisa visa acolher os estudos com utilização da APO na Área Verde Dom Constantino Lüers, tendo em vista que a maioria das bibliográficas referentes a este estudo tem mais foco de avaliação em edificações, porém, não diminui a utilização destes métodos para espaços abertos, como será visto na continuidade deste trabalho, contudo, antes se faz necessário compreender alguns conceitos baseando-se em diversos autores especialistas no tema assim como um pequeno histórico da utilização dessa metodologia no mundo e no Brasil.

A APO surgiu em paralelo com os estudos ligados com a relação entre ambiente e comportamento em uma área do conhecimento chamada, Psicologia Ambiental ou

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Percepção Ambiental, com os pesquisadores Roger Barker e Herbert Wright, da Universidade de Kansas nos Estados Unidos.

Por volta da década de 1960, buscando um caminho para integrar o planejamento físico às necessidades humanas, tentando entender as relações entre o ambiente e o comportamento, surgiu uma área de estudo conhecida como Ambiente-Comportamento, também denominado por alguns autores como psicologia ambiental (CANTER, 1977), psicologia ecológica (BARKER, 1968) ou percepção ambiental (LYNCH, 1960). Essa área de estudo envolveu várias outras disciplinas, como arquitetura, geografia, psicologia, sociologia, entre outras. Assim os autores dessas teorias recomendaram que os ambientes fossem estudados a partir da percepção de seus usuários. Além de salientar o caráter multidisciplinar, estudando como a cidade é percebida pelos seus habitantes e as relações entre o espaço construído e tipos de comportamento.

Assim, Segundo Del Rio (1996, apud SILVA, 2009) a avaliação do ambiente construído que leva em conta a opinião do usuário teve início nos países desenvolvidos devido ao descontentamento dos usuários de conjuntos habitacionais que eram construídos em larga escala no período pós-guerra. Então nos Estados Unidos surgiu o estudo analítico-científico que tinha como objetivo determinar o desempenho das edificações e estabeleceu um campo de pesquisa denominado de Avaliação Pós-Ocupação. Ainda na década 1960 começaram os estudos em conjuntos habitacionais com aspectos negativos onde foram observadas as necessidades dos usuários e suas opiniões para saber como melhorar aquela moradia. Então, houve a demolição dos conjuntos de determinados edifícios residenciais devido a total inadequação às necessidades dos seus usuários. Sendo o primeiro o Conjunto Pruitt-Igoe em St. Louis, Estados Unidos, construído em 1951 e demolido em 1972 a pedido dos moradores, um projeto, vencedor de concurso de arquitetura, do arquiteto Minoru Yamasaki. Outro

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exemplo foi o Conjunto habitacional Killingworth, que ficava no norte da Inglaterra e tinha sido construído em 1972, mas devido a problemas projetuais que facilitou o aumento do vandalismo e outros problemas sociais, o conjunto foi demolido em 1988.

Sendo assim, entendeu-se que havia a necessidade de um projeto não apenas pela visão técnica do projetista, como também pela visão de quem realmente utiliza aquele ambiente projetado. A APO integra essas duas visões para o feedback do processo de projeto buscando assim criar diretrizes para uma concepção, construção e adequação de ambientes podendo então atender as verdadeiras necessidades dos usuários.

Ornstein (1992) considera a APO como sendo uma metodologia de avaliação de desempenho de ambientes construídos que elege os aspectos do uso, sendo necessário ter o usuário como base para análise deste aspecto, ainda sendo um mecanismo que serve para contribuir no controle de qualidade.

A APO estende-se tanto aos aspectos positivos quanto aos negativos para ter uma maior compreensão do ambiente e também de sua relação com aqueles que frequentam o ambiente avaliado. Tais análises funcionam como base para os novos estudos, a avaliação e criação de projetos que estão por vir. Isto cria diretrizes que podem ser usadas de forma decisiva para novas criações que assim poderão ter uma qualidade de projeto melhor e que não irão precisar de tantas modificações posteriores. E, sobretudo, que visem o bem-estar do usuário, que é o componente essencial para a avaliação do espaço construído, visto que o “utilizador” é quem tem a melhor noção de uso do lugar. A APO é de fundamental importância também, pois a produção de objetos arquitetônicos repetitivos e sem a avaliação dos seus resultados limita a capacidade de elaboração de normas que são importantes para o desenvolvimento social e econômico esperado para um ambiente que alcance uma qualidade de projeto satisfatória.

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E para melhor compreender todo esse universo, é importante sabermos da existência dos dois tipos de avaliação do ambiente construído: a avaliação dos técnicos, que engloba ensaios em laboratórios ou in loco, isto é, com ou sem o controle das condições ambientais de exposição. E a avaliação partindo do ponto de vista dos usuários (comportamental), que se concentra nas expectativas psicocomportamentais dos usuários do ambiente construído. Ela traz como característica peculiar o uso de várias técnicas de pesquisa para a avaliação do desempenho físico do ambiente construído a partir da opinião dos usuários. E vem sendo categorizada na literatura internacional como uma das áreas do conhecimento da Psicologia Ambiental ou do campo ambiente e comportamento, pois busca uma união desses dois tipos de avaliação pretendendo dessa forma se configurar em uma avaliação global do ambiente construído.

3.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO PROJETO

Existem algumas categorias que são utilizadas para definir a qualidade de um projeto, elas servem para avaliar o desempenho do espaço construído. Essas categorias propostas estão fundamentadas na natureza de tais aspectos físicos quanto à estética, ao uso e à estrutura do espaço construído em relação à malha urbana. Essas categorias remetem aos três aspectos de projeto tratados por Lynch e Hack (1984): o padrão da forma percebida (estética), o padrão de circulação (estrutura) e o padrão de atividades (uso).

O item que se encaixa nos elementos da morfologia urbana e estimula os nossos sentidos é a estética, pois apresenta ligação as características formais dos itens e demais características sensoriais que estão ligados, sendo dominantes as sensações visuais. O aspecto visual de um projeto é um dos aspectos considerados na análise do impacto

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ambiental de projetos. A importância da estética no ambiente construído é que para que haja o melhoramento da qualidade visual dos espaços urbanos, é preciso entender como as características visuais desses espaços afetam os seus usuários diretos ou indiretos. Apesar de abordar grande parte da estética sensorial visual, também diz respeito à estética simbólica, em que associações com a forma são estabelecidas através do processo de cognição. A atração ou repulsa dos indivíduos para determinado espaço dependerá do quão este lugar é atrativo a depender da percepção que o usuário tenha do mesmo. (REIS; LAY. 2006).

A categoria na qual estão os elementos da morfologia urbana que afetam o uso das edificações e dos espaços urbanos. Além da estética agradável, o espaço necessita de um uso adequado. Ele é visto como um dos pré-requisitos para a avaliação de um espaço aberto satisfatório. Quanto mais usos o espaços tiver, mas atrativo ele será, o que é de grande importância, pois os usuários tendem a ser atraídos também por lugares movimentados e evitam espaços desertos. O uso dado a determinado espaço também tem o intuito de possibilitar associações e estimular os sentidos e, consequentemente, a experiência estética. A Área Verde Dom Constantino Lüers oferece vários usos, serve como ponto de encontro com muitos equipamentos urbanos (bancos, lanchonetes, academia ao ar livre, playground, pista para corrida) e também era sempre utilizado pela população por fazer parte de um bairro de grande movimentação da cidade. A diversidade de atividades disponibilizadas aumenta a escolha, o que atraía diferentes classes de pessoas, em períodos diferentes, por razões variadas.

O uso pode ser afetado pela flexibilidade e adequação dos espaços. A flexibilidade afeta o grau com que um determinado local pode ser utilizado para diferentes propósitos; lugares mais flexíveis oferecem mais escolha do que lugares cujos desenhos possibilitam um único tipo de uso (BENTLEY ET AL., 1987).

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Como terceira categoria, tem-se a estrutura onde os elementos da morfologia urbana auxiliam na conexão visual e funcional entre as distintas edificações e espaços abertos. Ela forma uma imagem ambiental coerente dos distintos setores urbanos. A estrutura determina a coerência das relações entre as imagens ambientais que são, ainda, afetadas pela identidade e pelo significado das diferentes áreas (LYNCH, 1960). A estrutura de um lugar é determinada pela permeabilidade ou acessibilidade funcional, que é a característica físico-espacial que define onde as pessoas podem ir e onde não podem. A permeabilidade pode ser caracterizada por três aspectos importantes: diversidade de atividades para as quais se tem acesso, a equidade de acesso a diferentes grupos da população e o controle do sistema de acessos (LYNCH, 1981). A estrutura também depende da legibilidade, quanto mais fácil de ser identifica características importantes de acessibilidade para o espaço, melhor.

A Área Verde Dom Constantino Lüers tem vários acessos por toda a sua extensão, o que facilita a entrada e saída dos usuários. Outro fator importante é que o espaço fica localizado em uma área residencial o que leva pessoas daquele ambiente a utilizar com frequência aquele alugar, não precisando se deslocar para outras praças para poder fazer exercícios físicos entre outras coisas. Os layouts que podem compreendidos facilmente possibilitam às pessoas forma imagens claras e precisas da estrutura urbana. A estrutura ainda está ligada com a imageabilidade, importante característica da qualidade visual da imagem urbana que remete à capacidade de uma imagem ser forte o suficiente para se impor facilmente na memória do observador quando evocada (REIS, LAY, 2006).

Segundo Jacobs (2009), há uma associação de causas negativas que geram a incapacidade da vizinhança vincular-se com paixão a um ambiente, como é o caso do local analisado neste trabalho. As causas são: diversidade de uso insuficiente junto a diversidade da vida que existe são dispersas e dissipadas entre muitos parques com

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características semelhantes. Se as pessoas tiverem uma multiplicidade de motivos que as façam frequentar tais lugares, eles se tornarão muito utilizados, porém, se cada um de destes espaços for igual aos outros e transmitir a mesma sensação em cada lugar, não haverá motivos para frequentá-los várias vezes.

A maneira como a vizinhança interfere nas praças afetam diretamente estes locais, tal interferência dependerá dos atrativos que o espaço venha oferecer, como o entusiasmo do lazer, com os outros e com a cidade. O entorno também é de extrema importância para a utilização do espaço público, a variedade de usos dos edifícios vizinhos proporciona à praça uma variedade de usuários que nele entram e saem em horários diferentes, fazendo assim com que o mesmo tenha uma sucessão complexa de usos e usuários (JACOBS, 2009).

Há algumas características da qualidade dos espaços públicos – áreas verdes praças e parques - que chamam os usuários segundo Macedo (2010 apud SILVA et al, 2011), que são: uma boa localização do espaço, os serviços oferecidos, a variedade de atividades disponíveis, a paisagem, a abertura para conexão entre as pessoas e o entorno, a relação do espaço com o contexto social e cultural da cidade e a acessibilidade.

Para Souza (2009), o que contribui nesses espaços para a qualidade de vida dos usuários são: o sentimento, partindo de quem usa, de proteção física, segurança, conforto e liberdade. E para que o ambiente seja considerado saudável, é necessário que este, apresente elementos estéticos e biológicos que favoreçam a permanência do usuário assim como o convívio social da comunidade, assim como, uma preocupação com a acessibilidade do espaço. Observando-se os equipamentos dos espaços públicos com relação à qualidade do lugar. O modo de conservação desses equipamentos serve como indicativos de uso e consequentemente também servem para medidas percepções, atitudes e comportamento dos usuários. Tais características físicas, como bancos e

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lixeiras quebrados, pichações e equipamentos quebrados, influenciam na ocorrência ou não de determinados tipos de comportamento (REIS, LAYS, 2006; PÁRAMO, 2010).

A distribuição dos parques e praças pela cidade está relacionada com a qualidade dos mesmos, pois enquanto em certos bairros, geralmente ocupados por camadas de alto poder aquisitivo, há mais de uma praça ou área verde, outros são desprovidos desses espaços, o que ocorre em bairros de baixa renda. A distribuição mais igualitária dessas áreas é essencial para a promoção da cidadania dentro da comunidade. É visível e destacada por vários autores a associação dessas implantações com a especulação imobiliária, o que favorece a segregação social e a diminuição da diversidade social (GOMES, SOARES, 2003).

Após tudo o que foi dito neste capítulo estende-se que o fator mais importante para a investigação e caracterização da qualidade ou não do espaço estudado será o usuário. Este, a partir de sua vivência no lugar terá opiniões relevantes sobre o mesmo, visto que, mesmo quando um ambiente apresenta características físicas que o caracterizariam como um espaço de qualidade, na visão do usuário pode não ser. É considerável que haja uma união entre a boa qualidade dos aspectos físicos e técnicos do espaço público com a satisfação das pessoas que o utilizam, por isso a importância de uma avaliação da satisfação do usuário a partir de uma abordagem perceptiva e cognitiva.

3.3INSTRUMENTOS UTILIZADOS EM APO

Os instrumentos utilizados na pesquisa procuram avaliar os aspectos quantitativos e qualitativos dos objetos estudados assim como os aspectos comportamentais dos usuários. Para isto, optou-se pela utilização de métodos e técnicas que abordassem tanto as características físicas construtivas, como check-list e as observações, e também as

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subjetivas, com mapeamento comportamental e as entrevistas e questionários. Como base para a criação dos questionários, a Teoria das Facetas (TF) foi usada para facilitar a criação de perguntas mais focadas no objetivo da pesquisa.

Segundo Canter e Kenny (1982, apud MONTEIRO, 1994), sem a compreensão do foco do ambiente físico no cotidiano das pessoas fica difícil o que medir e como discutir a significância das relações encontradas entre o ambiente e a ação humana. A TF trabalha na tentativa de responder não só as preocupações teóricas como também as metodológicas. Esta teoria, aplicada aos estudos de avaliação ambiental vem demonstrando ser de grande validade ao proporcionar uma descrição dos vários componentes do ambiente além de explorar as formas como estes são experiência dos usuários.

Para Bilsky (2003), A TF se trata de um procedimento de pesquisa que abrange três aspectos relevantes tais como oferecer princípios para o delineamento de pesquisas de coleta sistemática de dados facilitando o desenvolvimento de teorias; fornecer uma gama de métodos para a análise de dados com um mínimo de restrições estatísticas, apresentando a possibilidade de analisar tanto variáveis psicológicas como sociais; possibilitar o relacionamento entre o delineamento da pesquisa, o registro de dados e a sua análise estatística, facilitando a expressão de suposições teóricas (hipóteses) de forma que se pode examinar empiricamente sua validade.

Esta forma de avaliação é definida como “uma medida sobre a extensão em que os atributos ou partes constituintes de um ambiente facilitam ou dificultam as ações das pessoas visando alcançar determinados objetivos” (MONTEIRO, 1994, p.57). Para isso, é preciso um prévio conhecimento do objeto estudado, o que pode ser alcançado tanto por explorações in loco como por literatura sobre o assunto. A partir daí se estabelece hipótese na qual se avalia um grupo de elementos (facetas) considerados importantes para o

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estudo e suas relações com outros aspectos (outras facetas) também considerados importantes. Diante os estudos, são três os tipos de facetas como Background: a população, usuários ou fornecedores de descrição; Domínio: uma descrição do objeto estudado e Racional Comum, identificado como possíveis respostas da população sobre o objeto estudado, geralmente em uma escala de valores.

A partir de pesquisas anteriores, percebe-se a existência de três facetas básicas de avaliação ambiental, as quais representam cada uma um componente do lugar, são Foco pois considera a existência de elementos centrais na experiência de um lugar, Referente que apresenta os diferentes aspectos pelos quais as pessoas baseiam suas avaliações e Nível que é responsável por analisar a existência de diferenças entre o uso dos espaços, por exemplo, de uma casa em comparação da cidade.

Com o auxílio dessas três facetas básicas, forma-se uma sentença estruturadora e, de maneira prática e racional, desenvolvem-se os instrumentos da pesquisa relacionando entre si os elementos de cada faceta. Isto é feito como em uma análise matemática de combinações. Assim, tem-se um guia que serve para orientação das observações a serem feitas ou dos itens a serem medidos e avaliados (APÊNDICE I). A TF é uma forma de compreender a complexa relação entre o homem e o meio ambiente. Ela também promove a possibilidade de melhoras tanto na qualidade do ambiente construído como na qualidade de vida da população (MONTEIRO, 1994).

A população-alvo foi caracterizada durante as observações in loco a partir da visualização das pessoas que frequentam o local. Por se tratarem de espaços abertos, pessoas das mais variadas idades os utilizam, assim, a população-alvo foi dividida entre jovens e adultos, algumas outras características analisadas no instrumento para a caracterização desta população foram grau de escolaridade, estado civil, etc. De acordo com Elali (2010), quanto mais detalhada a caracterização desta população, mais fácil a

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probabilidade de entendimento de suas necessidades quanto ao projeto/ambiente analisado além de contribuir na busca de métodos propícios para atender nas possíveis intervenções. Esta caracterização, no geral, faz uma avaliação minuciosa das características e práticas sociais dos usuários, o que possibilita a compreensão dos seguintes fatores tais como diferentes modalidades de usos do local em função do tempo (manhã, tarde ou noite, dias da semana ou finais de semana, etc.); Condições de segurança existentes e desejadas; Condições socioculturais e econômicas das diversas categorias de usuários e o tempo que passam no local; Organizações sociais e culturais atuantes na área.

Com a relação entre a população (características dos usuários) mais o universo a ser estudado (as características do objeto de estudo) e a definição da escala de valores (péssimo, ruim, regular, bom e ótimo), tem-se uma associação entre as facetas, ou seja, o mapeamento. Este processo agrupa todas as facetas em uma estrutura que estabelece uma relação entre as partes formando uma sentença estruturadora que fornece meios de gerar os instrumentos de pesquisa de maneira consistente. Metodologicamente, as sentenças são uma forma de sumarizar as possíveis relações entre os vários aspectos da experiência com o lugar. Porém, nem todas as combinações serão utilizadas literalmente nos instrumentos, as que não forem usadas servirão para reflexões da pesquisa.

Além da TF para o auxilio na criação de alguns instrumentos, como questionários e entrevistas, alguns métodos e técnicas são de grande utilidade para a realização de uma APO em espaço público. Alguns deles são explicados por meio de observações, pois trata de um método bastante utilizado, principalmente em conjunto com outros métodos. Elas podem mostrar confirmações ou desajustes do ambiente construído em relação às conceituações tradicionais e o conhecimento literário, além de serem procedimentos importantes para a construção do conhecimento objetivado (ORNSTEIN et al. 1995).

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Para Bell et al. (1996), a observação tem a vantagem de se obter informações in loco observando o comportamento no momento em que o mesmo acontece. Paro os autores, esta é uma das técnicas mais utilizadas na psicologia ambiental ficando atrás apenas dos questionários.

Em conjunto com as observações, podem ser feitas anotações comportamentais

(mapas comportamentais) dos usuários e de usos que os mesmos desempenham no

ambiente estudado. Eles são anotações sistemáticas do comportamento ativo ou passivo e devem descrever os aspectos das atividades coletivas e individuais, o tipo dessas atividades e o local onde elas são realizadas (ORNSTEIN, ONO, 2010).

O ato de observar é importante para a verificação dos aspectos físicos, da qualidade do projeto e do comportamento do usuário. Logo, com a observação exploratória (walkthrough), analisa-se o desempenho físico. Já as observações de comportamento dos usuários servem como auxílio na compreensão das dinâmicas das RACs e fornecem informações para a elaboração dos questionários e entrevistas (ORNSTEIN et al. 1995). O walkthrough é uma técnica de inspeção que pode ser realizada com o auxílio do checklist para investigação do ambiente e suas características físicas. Nesta etapa são feitas anotações e também um registro fotográfico para análises posteriores sobre aspectos que, por ventura, tenham passado despercebido no momento da inspeção (ORNSTEIN, ONO, 2010).

Checklist – Ornstein e Ono (2010) colocam que o checklist é um guia detalhado preparado para a avaliação dos aspectos construtivos do ambiente. Este instrumento é importante para avaliar a qualidade do espaço como patologias construtivas, conforto ambiental dentre outros aspectos que comprometem a percepção dos usuários (ORNSTEIN; MORAES; SARMENTO, 2011).

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Mapa cognitivo ou mental – De acordo com Higuchiet al. (2011), este mapa consegue captar informações sobre as referências formadas pelo indivíduo em relação ao ambiente analisado. Utilizado também para investigar como as pessoas percebem os ambientes que utilizam, como usado por Kevin Lynch em 1960 para estudar como as pessoas percebiam a cidade. Os mapas podem ser de dois tipos: sequencial, quando mostra caminhos e interseções, uma sequência de ruas, por exemplo, ou espacial, quando nele são utilizados pontos referenciais. Na elaboração desses mapas, aspectos cognitivos e sociais dialogam para a apreensão do ambiente. O mapa cognitivo é de grande importância para o entendimento de como as pessoas decodificam as informações espaciais sobre o ambiente construído (BELL et al., 1996).

A aplicação, segundo Rheingantzet al. (2009), é feita solicitando ao respondente que desenhe de memória um croqui ou um mapa de determinado ambiente utilizado regularmente sob instruções prévias de informações que devem ser incluídas. Esta técnica tem sido útil na arquitetura, desenho urbano e geografia, pois facilitam a identificação de aspectos urbanos que possuem uma imagem fraca. Assim, o mapa possibilita ao pesquisador saber o quanto o respondente conhece seu ambiente e quais as características que se sobrepõe na estruturação de sua imagem mental. Lynch (1997) coloca esta habilidade de reconhecimento dos elementos urbanos organizados de forma coerente de legibilidade. Já imageabilidade seria a capacidade de perceber a cidade por meio dos seus elementos físicos.

A forma de aplicação pode ocorrer a partir de duas abordagens que se diferenciam em seus procedimentos. A primeira é denominada modelo interpretativo ou comportamental, na qual o pesquisador fornece as instruções para o respondente e o deixa sozinho para realizar o desenho, uma vez concluída a tarefa, o desenho é recolhido e a análise é realizada posteriormente com base em categorias previamente escolhidas. A segunda forma é denominada de modelo sócio-interativo ou experiencial, em que o

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pesquisador procura interagir com o respondente para registrar possíveis explicações e comentários que são produzidos durante a elaboração do desenho, porém, deve-se evitar qualquer atitude que possa direcionar ou influenciar o trabalho (RHEINGANTZ et al. 2009).

Questionários – Na APO, a aplicação do questionário quanto pesquisa exploratória verifica, em relação aos usuários entrevistados, os seguintes tópicos: Atributos (o que as pessoas são, como – sexo, idade, classe social, nível de instrução), Atitudes (preferências e sentimentos das pessoas em relação a alguma coisa), Comportamento (hábitos, o que as pessoas rotineiramente fazem ou pretendem fazer) e Crenças (o que as pessoas consideram verdadeiro ou falso em relação a um determinado assunto). Para Rheingantzet al. (2009, p.79), o questionário é “um instrumento de pesquisa que contém uma série ordenada de perguntas relacionadas com um determinado assunto ou problema, que devem ser respondidas por escrito sem a presença do pesquisador”. Porém, quando os questionários são respondidos com a presença do pesquisador, são chamados de entrevistas estruturadas. No geral, os questionários possuem um caráter impessoal e garantem a não identificação do respondente, o que favorece a liberdade de resposta e o anonimato (BELL et al., 1996; RHEINGANTZ et al., 2009) Porém, como desvantagens, estão: a impossibilidade de aplicação com crianças e analfabetos e as baixas taxas de retorno. Eles também podem ser enviados por correio, e-mail e disponibilizado na internet.

Para Kaplan (2002), a internet pode ajudar na criação de questionários com uma aparência atrativa que chame a atenção do respondente além de ser uma maneira fácil de oferecer um feedback para os próprios respondentes na criação de um banco de dados aberto ao público na rede, além de ser uma alternativa ao tornar o trabalho mais barato e eficaz. O questionário online também é vantajoso por atingir pessoas que não se encontram no local objeto de estudo, mas que têm uma opinião sobre o mesmo. A desvantagem é que o instrumento fica na rede, onde o respondente pode se esquecer de

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responder, o que também acontece quando os questionários são entregues para serem recebidos posteriormente.

Segundo o Guideto Post OccupancyEvaluation (2007), o questionário é um meio de conseguir informações de um grande número de pessoas. É possível conseguir informações quantitativas dos usuários finais e permite fazer comparações entre as partes do ambiente avaliadas.

Os questionários, antes de serem aplicados na população amostral representativa de usuários do ambiente, são testados em um pequeno número de pessoas, visando garantir a confiabilidade dos resultados. O pré-teste é a base do questionário definitivo e é construído a partir dos objetivos da APO, entrevistas com pessoas chave e as observações do avaliador no decorrer das visitas exploratórias (ORSTEIN, 1992).

Entrevistas – Para Bell et al. (1996), a maneira mais direta de medir as atitudes, comportamentos e o humor do usuários é perguntando como eles se sentem e o que acham de determinado assunto. As entrevistas individuais são meios úteis de conseguir informações específicas e detalhadas, além de um profundo entendimento de problemas particulares. Elas propiciam uma exploração mais detalhada dos problemas vivenciados pelos usuários (GUIDE TO POST OCCUPANCY EVALUATION, 2007).

Para Rheingantzet al. (2011), a grande questão da entrevista é a conversa gerada entre as duas pessoas – pesquisador e respondente – em torno das respostas dadas pelas questões formuladas, nestes casos, o pesquisado pode se valer da comunicação não-verbal que também transmite informações importantes. Os autores ainda colocam que existem três tipos básicos de entrevista: a estruturada, quando o entrevistador segue um roteiro prévio e impresso em formulário que se assemelha ao questionário com a diferença apenas no procedimento de resposta. A semi-estruturada, onde o entrevistador prepara um esquema básico ou um conjunto de perguntas que não precisam ser aplicadas numa

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ordem sequencial. E a não-estruturada, na qual o respondente é apenas solicitado a expressar seus sentimentos e opiniões a respeito de determinado tema sem sugestões diretivas ou questões e roteiros previamente preparados.

Os questionários e as entrevistas complementam o método das observações. A partir deles, foi possível enriquecer toda linha de pesquisa, tendo em vista a necessidade de estabelecer relação entre a teoria e a prática Eles são muito utilizados porque fornecem uma análise entre os registros e documentações oficiais e a versão dos usuários sobre as condições do ambiente construído. São ajustáveis a vários tipos de pesquisas (ORNSTEIN et al. 1995).

Todos estes critérios formam um conjunto que serve de guia para observar a qualidade do espaço público urbano. O fator mais importante para a investigação e caracterização da qualidade ou não do espaço estudado será o usuário. Este, a partir de sua vivência no lugar terá opiniões relevantes sobre o mesmo, visto que, mesmo quando um ambiente apresenta características físicas que o caracterizariam como um espaço de qualidade, na visão do usuário pode não ser. É considerável que haja uma união entre a boa qualidade dos aspectos físicos e técnicos do espaço público com a satisfação das pessoas que o utilizam, por isso a importância de uma avaliação da satisfação do usuário a partir de uma abordagem perceptiva e cognitiva

4. METODOLOGIA

Este trabalho utilizou métodos de avaliação pós-ocupação juntamente com a abordagem perceptiva e cognitiva para a obtenção de informações que serão importantes para o resultado final. Além de fazer uso da abordagem multimétodos no estudo Pessoa-Ambiente.

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Para a pesquisa física, o resultado obtido se deu através de informações passadas pelos usuários que levaram a caracterizar a Área Verde Dom Constantino Lüers por meio dos conceitos utilizados por Kevin Lynch para a definição de ambientes na imagem da cidade.

Apoiado por mapas e desenhos explicativos, o estudo está constituído por pesquisa histórica, análise do contexto, levantamento da situação existente, observação de usos, identificação de conflitos entre projeto e uso e, quando foi necessário, elaboração de diretrizes para projetos futuros. Procurando o bem-estar do usuário e em sua própria análise da Área Verde (através de questionários, entrevistas, grupos focais, etc.) para que assim, além de obtidas as informações relevantes sobre o projeto da área e suas características técnicas, foram fornecidas informações referentes a maneira que ambiente construído pode beneficiar ou dificultar na representação de um espaço público para sociedade.

Tendo como base a metodologia usada por Sun Alex (2006) para a caracterização de praças, foram utilizadas as seguintes etapas de estudos: primeiramente terá uma análise da Área Verde de forma geral tendo como base a avaliação dos critérios, a) Contexto – Análise global do contexto em que o parque se encontra atualmente; b) Tecido urbano – Avaliação do comportamento do ambiente construído na imagem da cidade; c) Entorno – Caracterização do entorno e a influência disto na utilização do objeto de estudo. Em seguida foram utilizados os estudos de toda a Área Verde como um processo mais aprofundado na 5ª quadra. a) Situação atual e de usos – análise de como o espaço se encontra e os tipos de usos que podem ser feitos no ambiente de acordo com o projeto; b) Não conformidades – análise de aspectos que não condizem com o ambiente em questão, como equipamentos quebrados, falta de acessibilidade, etc; c) Fotografias do uso; d) Não conformidades – Análise de aspectos que não condizem com a proposta inicial e uso ou

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com o projeto; e) Fotografias de não conformidades; f) Alternativas – Possibilidades de intervenção para que haja um uso efetivo do ambiente.

Nesta etapa houve a utilização de um check-list (ANEXO I) adaptado de Gomes et al. (2012) por a autora deste artigo para adequação à proposta estudada envolvendo os equipamentos dos espaços analisados.

Dessa forma, este trabalho foi desenvolvido nas seguintes etapas:

Visita Guiada com um usuário chave. Isso serviu para uma avaliação mais crítica de como a praça está sendo usada na visão de alguém que passe bastante tempo no local, neste caso, um guarda municipal;

A criação de um check-list envolvendo os aspectos físicos se fez necessária para avaliar a qualidade do espaço como patologias construtivas, conforto ambiental dentre outros aspectos que comprometem a percepção dos usuários (MORAES; SARMENTO; ORNSTEIN, 2011). Tratou-se de uma visita guiada e, ao mesmo tempo, da marcação em um check-list verificando a presença de patologias construtivas e outros aspectos importantes que influenciam nas atitudes dos usuários.

O Levantamento Físico das áreas estudadas para posterior análise dos aspectos urbanísticos como caracterização no tecido urbano e verificação do entorno. Esse levantamento foi feito com a busca de materiais no setor de geoprocessamento na prefeitura da cidade e posterior análise do local para a comprovação de que os levantamentos se encontravam as built.

Mapeamento do uso do espaço para identificar os percursos e os serviços mais utilizados, assim como os equipamentos instalados no ambiente. Os métodos de observação se deram pelas observações propriamente ditas com anotações diárias nos

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