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Álvares de Azevedo. Lira dos Vinte Anos Poesia

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Academic year: 2021

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AUTOR Álvares de Azevedo DADOS BIOGRÁFICOS

Nome completo: Manuel Antonio Álvares de Azevedo Nascimento: 12 de setembro de 1831, São Paulo - SP

Morte: 25 de abril de 1852, Rio de Janeiro - RJ BIBLIOGRAFIA

Poesia

- Lira dos Vinte Anos, 1853 - Conde Lopo, 1866 - Poema do Frade - Pedro Ivo Conto - A noite na Taverna, 1855 Teatro

- Macário (poema dramático), 1855

OBRA ANALISADA Lira dos Vinte Anos

GÊNERO Poesia

RESENHA

A obra analisada se compõe de “Prefácio” geral à obra; uma “Dedicatória” a` mãe do poeta; a Primeira Parte, composta por 33 poemas; a Segunda Parte, com o seu “Prefácio” e 19 poemas; a Terceira Parte contém 30.

O livro parte do romantismo sonhador e sentimental na Primeira Parte, para alcançar o seu ápice no romantismo irônico e auto-crítico da Segunda. = PRIMEIRA PARTE

• tendência para um lirismo sentimentalista e sonhador

• um medo de amar

• desejo vago por virgens inatingíveis

• sentimento de culpa frente aos desejos carnais • o erotismo se revela apenas no mundo da imaginação, no mundo “visionário e platônico”: • fascínio com a morte

Contém poemas cuja temática é intimista: dores do coração, medo da morte, a mulher que ora se mostra, ora se esconde, a família, o sonho e a fantasia que se misturam principalmente através do jogo metafórico na erotização da mulher. Há nessa parte o aparecimento de símbolos que deixam entrever a sexualidade reprimida, a mulher sensualizada é apresentada sempre através das metáforas sonho, fantasia, nuvens. Ou seja: ela se insere nas visões ora esfumaçadas, ora na perspectiva da perda e do imaginário onírico.

= SEGUNDA PARTE

• Romantismo irônico e sarcástico

• Depois das doenças da vida... descarta e injeta de fel cada vez mais o coração.

AMOR e MORTE => sempre sob o manto da noite sombria

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livros, charutos, cachimbo, candeeiro. = TERCEIRA PARTE

• Retoma o sentimentalismo da primeira parte. TEMAS CONSTANTES

SEIO = nos poemas Seio da Virgem, Minha musa, Página rota

AMOR X MORTE AMOR

• é sempre idealizado, povoado por virgens misteriosas, que nunca se transformam em realidade => a dor e a frustração que são acalmadas pela presença da mãe e da irmã. MORTE

• uma razão que justifique a vida, levando-o a adquirir a tuberculose => doença da fraqueza física, contagiosa e fatal.

= POEMA: ANJINHO

• o autor retoma a forte impressão que a morte do seu irmão lhe causou aos quatro anos de idade. = POEMA: LAGARTIXA

• A mulher amada e suas metáforas: Vinho: a embriaguez da paixão. Sono: sonho amoroso.

Sol: calor e força vital.

Copo ( de vinho): a embriaguez da paixão. Leito: sonho sensual.

= POEMA: CISMAR

Por que, suspirando, tu sonhas donzela?

O Amor é sonhar

Quer fugir, refugiar-se no sono

O sonho nos liberta do mundo exterior e nos restitui a nós mesmos

POEMA: É ela!! É ela!! É ela!! LAVADEIRA X FADA AÉREA e PURA • quebra toda a atmosfera romântica

• compara ironicamente a sua "lavadeira" às musas de Petrarca e Dante.

POEMA: IDÉIAS ÍNTIMAS

A cidade descrita é São Paulo, que Álvares de Azevedo não perde oportunidade para criticar. Assim, ela é habitada por mulheres, padres, soldados e estudantes - lascivas as primeiras, dissolutos os segundos, ébrios os terceiros e vadios

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os últimos. Isto é: a "terra é devassa como uma cidade, insípida como uma vila e pobre como uma aldeia". Mesmo as calçadas não escapam à tábula rasa, pois são intransitáveis e têm pedras que parecem encastoadas - "as calçadas do inferno são mil vezes melhores". Acrescentando-se a esse quadro a opinião arrasadora que o poeta, nas suas cartas, manifesta sobre as moças paulistanas (ardorosamente defendidas, em "Amor e Medo", por Mário de Andrade) a impressão que fica é que Álvares de Azevedo literalmente cortou relações com a cidade natal. Esse rompimento certamente facilitou o mergulho na subjetividade - se é que não foi este a causa do primeiro. De qualquer maneira, as "Idéias Íntimas" dão conta da ruptura entre o indivíduo e sua referência social. Tudo o que aqui acontece tem lugar entre as paredes de uma "república", e se a cidade existe é como ausência a que nem mesmo uma janela abre acesso. No entanto é evidente que ela está lá, do outro lado da viagem à roda do quarto; sua marca negativa se faz sentir no isolamento a que se vê entregue o eu lírico em busca de confirmações da própria identidade.

ESTILO DE ÉPOCA Segunda geração da poesia romântica brasileira – ultra-romantismo

Sua obra, fortemente autobiográfica, traz a marca da adolescência, mas de uma adolescência tão dilacerada e conflituosa que acaba por representar a experiência mais pungente do Romantismo

brasileiro, tanto do ponto de vista pessoal quanto do ponto de vista poético.

ESTILO DE ÉPOCA

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO ULTRA-ROMANTISMO

• liberdade criadora (o conteúdo é mais importante que a forma; são comuns deslizes gramaticais); • versificação livre;

• dúvida, dualismo;

• tédio constante, morbidez, sofrimento,

pessimismo, negativismo, satanismo, masoquismo, cinismo, autodestruição;

• fuga da realidade para o mundo dos sonhos, da fantasia e da imaginação (escapismo, evasão); • desilusão adolescente;

• idealização do amor e da mulher; • subjetivismo, egocentrismo;

• saudosismo (saudade da infância e do passado); • gosto pelo noturno;

• consciência de solidão;

• a morte: fuga total e definitiva da vida, solução para os sofrimentos;

• sarcasmo, ironia. ESTILO INDIVIDUAL

CARACTERÍSTICAS LITERÁRIAS

Sua obra, embora irregular, é o que de mais rico existe dentro da geração ultra-romântica do Romantismo brasileiro, com magníficos versos que

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revelam todos os seus ardorosos desejos juvenis aliados a uma forte tendência à depressão, à melancolia e à morte. Sua poesia muitas vezes se mostra macabra e satânica, ou com fortes toques de ironia e irreverência, que lembram as melhores obras de Lord Byron.

Álvares de Azevedo soube também expressar seus sentimentos mais puros e ingênuos, onde o amor é sempre representado pela mulher idealizada, adormecida e distante, mas com fortes lampejos de sensualidade. Seus sentimentos de paixão e desejo convivem de forma tormentosa com o medo, o delírio, a tristeza e a busca constante pela morte. Leitor fervoroso da vida e da obra de Byron, Musset, Shelley, Goethe e outros,

Álvares de Azevedo vai, na maioria das vezes, se inspirar nesses poetas para construir seus versos. Por isso, suas experiências relatadas são quase sempre fruto de uma rica e fértil imaginação, sempre pendendo para o campo das imagens obscuras e do sonho, tornando-o o mais criativo poeta de sua geração.

INTERTEXTUALIDADE

O mais representativo poeta do mal-do-século.

“É uma lira, mas sem cordas; uma primavera, mas sem flores; uma coroa de folhas, mas sem viço.”

A lira é um instrumento de cordas conhecido pela sua vasta utilização durante a antiguidade. As récitas poéticas dos antigos gregos eram acompanhados pelo seu som, ainda que o instrumento não tivesse origem helênica.

A lira é um dos instrumentos musicais mais antigos. Por exemplo, na cidade real de Ur (há cerca de 3000 anos) os músicos tocavam-na para a realeza, de acordo com artefatos recolhidos de escavações.

Na mitologia grega, a lira foi inventada por Hermes. Quando era apenas uma criança, esticou uma tripa de vaca numa carapaça de tartaruga, criando assim a lira. Hermes deu a sua lira ao seu meio-irmão Apolo (era ambos filhos de Zeus). Como deus da música, Apolo ficou associado a este instrumento.

Apolo deu a lira então ao seu filho Orfeu quando era apenas uma criança, e as Musas ensinaram-lhe a tocar nela. Até a própria Natureza parava para o ouvir, encantada com a sua música.

Quando Eurídice, mulher de Orfeu, morreu de uma picada de serpente e foi levada para o submundo, Orfeu seguiu-a na esperança de a trazer de volta.

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Devido a sua música, convenceu Hades a libertar Eurídice, desde Orfeu não olhasse para ela no seu regresso a casa - mas quando emergiu e viu a luz do Sol, Orfeu virou-se e olhou para a sua mulher, perdendo-a para sempre.

Existem diversas versões acerca da morte de Orfeu. A versão mais conhecida é a que Dionísio invade a Trácia, o lar de Orfeu, e que as seguidoras de Dionísio (as Meneidas) desmembram-no membro a membro. A sua cabeça foi atirada para o rio Hebro, onde flutuou até Lesbos, cantando todo o caminho.

A lira de Orfeu é também atirada para o rio, e também flutua até Lesbos, que ficava numa praia perto do templo de Apolo. Apolo convence então Zeus que o instrumento deveria ser tornar numa constelação. Zeus concorda, e coloca a lira de Orfeu entre Hércules e Cisne.

Letra de música (cantiga do folclore açoriano) Compositor: Adriano Correia de Oliveira

Morte que mataste Lira, Morte que mataste Lira, Morte que mataste Lira, Mata-me a mim, que sou teu! Morte que mataste lira Mata-me a mim que sou teu Mata-me com os mesmos ferros Com que a lira morreu

A lira por ser ingrata Tiranamente morreu A morte a mim não me mata Firme e constante sou eu Veio um pastor lá da serra À minha porta bateu Veio me dar por notícia Que a minha lira morreu

VISÃO CRÍTICA

"No Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudantes, quase todos falecidos na segunda adolescência, membros de rodas boêmias, dilacerados entre um erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno.

Nenhum romântico antes ou depois dele

conseguiu efeitos tão engraçados e inesperados. No mais das vezes, sua ironia tem rara fineza.

Esta segunda geração da poesia romântica brasileira é marcada pela falência dos ideais nacionalistas utópicos dos nossos primeiros românticos. Ora, a oclusão do sujeito em si próprio é detectável por um fenômeno bem conhecido: o devaneio, o erotismo difuso e obsessivo, a melancolia, o tédio, o namoro com a imagem da morte na figura feminina, a depressão, a auto-ironia masoquista: desfigurações todas de um desejo de viver que não logrou sair do labirinto onde se aliena o jovem crescido e em fase

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de estagnação.

Enquanto o homem busca um espaço social, muitas vezes iludido quanto às possibilidades concretas de atingi-lo, o ultra-romântico afasta-se; opta pela fantasia ao invés da realidade, entrega-se aos seus próprios fantasmas, oculta-se do mundo passando a ser ele mesmo o seu mundo. Assim o poeta sente-se liberto dos

condicionamentos e feridas ao tentar adaptar-se. Entretanto, esta atitude o escraviza quando levado ao extremo: negar a vida conduz ao delírio da morte, ao excessivo egocentrismo, à nostalgia de um passado medieval, desta vez idealizado, mais nobre, menos embrutecedor. Segue-se as ilusões deste passado, o seu culto, do qual resultam mais demônios do que anjos. O poeta consumido por suas próprias idéias, torna-se "fantasma" ao invés de "eleito", transforma-se em "suicida vitimado" pela necessidade de uma vida melhor, uma vida maior, que, no entanto, não consegue conquistar.

Referências

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