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Gilma Iale C. da Cunha Jhose Iale C. da Cunha

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Academic year: 2021

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GADOTTI, Moacir. Educar para Sustentabilidade:

Uma contribuição à Década da Educação para o

Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Ed, L, 2008.

127 p. (Série Unifreire, 2).

Gilma Iale C. da Cunha Jhose Iale C. da Cunha O livro Educar para sustentabilidade

do autor Moacir Gadotti, nos trás grandes ensinamentos de como viver bem e nos educar diante da valorização da sustentabilidade em oposição à cultura da globalização capitalista. Pois entre capitalismo e sustentabilidade, há uma incompatibilidade de princípios.

Moacir Gadotti é o atual diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo, professor titular da USP, licenciado em Pedagogia e Filosofia, mestre em Filosofia da Educação pela PUC-SP, doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra (Suíça) e livre docente na Unicamp. Possui uma variedade de publicações na área da educação, dentre elas se destacam: Educação e poder. (Cortez, 1988), Paulo Freire: Uma bibliografia (Cortez, 1996), Pedagogia da Terra (Petrópolis, 2000) e Educar para um Outro Mundo Possível (Publisher Brasil, 2007).

A obra, ao longo de suas 127 páginas, apresenta o conceito de sustentabilidade, demonstrando compromisso com o futuro, na perspectiva do bem viver e da harmonização do ser humano com a natureza, opondo-se significativamente a

tudo que diz respeito a egoísmo e injustiça, levando em consideração os princípios éticos de igualdade e solidariedade na promoção de uma educação transformadora na luta pela planetariedade, enquanto terra como organismo vivo e em evolução. Como na bem colocada frase de Francisco Gutiérrez (apud GADOTTI, 2000, p. 57): “O planeta é minha casa e a terra o meu endereço”, o qual analisa como morar em uma casa cheia de problemas, suja e doente.

O livro Educar para sustentabilidade é dividida em quatro capítulos. Inicialmente o autor expõe como se deu a “Aliança mundial pela sustentabilidade”, em seguida mostra a polissemia do conceito de desenvolvimento sustentável, em “Sustentabilidade e bem viver”. No terceiro capítulo “Educar para uma vida sustentável” expõe a relevância da questão econômica para esse desenvolvimento, acreditando na educação como princípio norteador para uma cultura de paz, baseado em princípios como a da ecopedagogia, relacionando educação ambiental com desenvolvimento sustentável. Por fim, apresenta os grandes desafios da

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Década, em “Sustentabilidade e modelo econômico”, que nos instiga a uma ação transformadora para a nossa única Terra. Enquanto proprietários desta Terra, temos o dever e o poder de transformação e é através da ecopedagogia que acreditamos na promoção da aprendizagem de uma educação ambiental baseada no desenvolvimento sustentável através de uma conscientização ecológica no modo de como pensamos e agirmos no nosso planeta. É pertinente essa discussão tendo em vista a urgência sobre as soluções de problemas relacionados aos desequilíbrios ambientais que vivenciamos nos dias atuais.

No entanto, já passamos por inúmeros movimentos para solucionar o problema planetário que nos afronta diariamente, aquecimento global, desertificação e desflorestamento, são apenas algumas consequências que enfrentamos devido a falta de ação junto à política e ao estado diante de como nos comportamos para com a nossa tão acolhedora casa que é o planeta Terra.

As alianças mundiais para sustentabilidade como a Agenda 21, a Carta da Terra, o Tratado da Educação Ambiental para as Sociedades Sustentáveis e a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), a última lançada pelas Nações Unidas, demonstram mobilização e desejo por mudança, tendo em vista que é através de debates como estes que iremos transformar nosso sistema educacional, pois a educação é “fator crítico” para desenvolvermos com sustentabilidade.

Contudo, grandes desafios virão e como nós educadores podemos interferir nesse contexto?

O princípio da sustentabilidade está interligada ao da ecopedagogia, em que levamos em consideração o respeito pela diversidade, pela cultura, pela identidade, enfim é a pedagogia centrada na vida, em que o educador deve acolher e cuidar do educando, pois este cuidado é a base da educação para sustentabilidade. Segundo Freire (2000 apud GADOTTI, 2008, p. 15):

A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem que estar presente em qualquer prática educativa de caráter radical, crítico ou libertador (...). Nesse sentido, me parece uma contradição lamentável fazer um discurso progressista, revolucionário e ter uma prática negadora de vida. Prática poluidora do mar, das águas, dos campos, devastadoras das matas, destruidora das árvores ameaçadora dos animais e das aves.

Precisamos ser sujeitos de uma história e não apenas expectadores. Diante de um mundo globalizado, precisamos ter discernimento de como interferir de maneira correta e produtiva na sociedade, uma vez que somos impulsionados por uma globalização capitalista, onde a intensificação entre as diferenças sociais são enormes, muitos tem pouco e poucos tem demais. O desemprego, a falta de autonomia de alguns Estados são efeitos desse tipo de globalização, todavia, a sustentabilidade

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tem a ver com igualdade, harmonia, liberdade, solidariedade para com o próximo são essas exigências que necessitamos para transformar sustentavelmente os ambientes aos quais vivemos. Devemos interferir com afinco, pois terráqueos na Terra é o que somos.

Gadotti (2008) explica a diferença entre a globalização econômica e a globalização para cidadania, as duas têm como base a tecnológica, mas com lógicas diferentes. A primeira submete Estados e nações a interesse capitalista, isto é, está subordinada a leis de mercado. Já a segunda, é realizada pelas organizações da sociedade civil global e elas são responsáveis pelos importantes eventos já citados. Nestes debates, são discutidos temas como cidadania planetária, em que a terra é vista numa nova percepção que estar voltada para valores éticos e espirituais da humanidade.

Entendemos a cidadania planetária como uma cidadania integral, ativa, plena, relacionadas aos direitos sociais, políticos, econômicos, culturais, institucionais, enfim nos dando base para uma democracia planetária. Essa cidadania planetária requer justiça e paz, isto é, eliminação das catastróficas diferenças econômicas e sociais, como também uma integração intercultural da humanidade.

Como Gadotti (2008) orienta, é necessário olhar para dentro de nós mesmos e de nossos padrões de consumo insustentáveis, essa educação para sustentabilidade depende do nosso

comportamento enquanto cidadãos. Contudo, não é suficiente mudarmos apenas os nossos comportamentos e não compartilharmos de apoio político nessa penosa tarefa que é a mudança de atitude de todos os terráqueos, enquanto cidadãos de uma única nação.

Precisamos reeducar o sistema para introduzirmos uma cultura de sustentabilidade no nosso processo educacional, em que possamos contar mais com comunidades escolares cooperativas e menos competitivas, e que a educação para o desenvolvimento sustentável seja um conceito integrado e interativo, uma vez que é através de atos de educação que vivenciaremos um desenvolvimento sustentável humano, abrangendo não apenas no que diz respeito a ações ambientais e econômicas, mas sim na erradicação da pobreza, na promoção da equidade, da inclusão social e assim compactuaremos com um modo de vida mais sustentável.

Os princípios a serem adotados para termos uma economia para o desenvolvimento sustentável são os de uma economia solidária que diz respeito à solidariedade, sustentabilidade, inclusão e emancipação social, uma vez que sustentabilidade e solidariedade são temas convergentes e emergentes, trazendo-nos esperança de vivenciamos um “ecodesenvolvimento” o qual remete um bem estar pessoal e ambiental, onde crescemos de maneira construtiva com práticas solidária, em que há necessidade de autodeterminação, uma economia que

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não coloque o mercado livre e o lucro como o centro de tudo.

O Relatório de Brundland define desenvolvimento sustentável como aquele “que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades” (CMMAD apud GADOTTI, 2008, p. 56).

Viver com sustentabilidade é desenvolvermos uma sociedade justa, onde sejamos ambientalmente corretos, com uma cultura economicamente viável e respeitosa das diferenças. A “ecopedagogia” se apresenta de maneira relevante como um projeto alternativo global, que implica uma mudança nas estruturas econômicas, sociais e culturais, como também nas relações humanas tornando-o utópico como afirma o autor em seu livro Pedagogia da Terra (2001).

Gadotti analisa a sustentabilidade do ponto de vista de uma nova globalização em dois eixos: um relativo à natureza e o outro à sociedade. O primeiro, sustentabilidade ecológica,

ambiental e demográfica, se refere à

base física do processo de desenvolvimento em que a natureza suporta a ação humana, tendo em vista os limites das taxas de crescimento populacional. Já o segundo, se refere à

sustentabilidade cultural, social e política, em que a qualidade de vida das

pessoas está intimamente ligada às questões da manutenção das identidades e diversidades, onde a participação

popular está ligada ao desenvolvimento sustentável.

Essa nova globalização exige mudanças de atitudes, novos princípios éticos, apropriados da cultura da sustentabilidade e da paz, que não haja a exclusão social, a exploração econômica e nem a dominação política, precisamos de novos paradigmas sustentáveis para reger nosso planeta.

O autor, baseado nessa nova cultura de sustentabilidade e paz, descreve alguns princípios pedagógicos para uma educação voltada para um futuro sustentável. Educar para pensar

globalmente trata de vermos a Terra

como uma única casa, onde somos responsáveis pela sua manutenção e sobrevivência, educarmos para não sermos omissos diante dos problemas que nela há, lutarmos como proprietários cientes dos nossos direitos e obrigações.

Outros princípios adotados por Gadotti (2008) são Educar os

sentimentos na perspectiva de uma

construção conjunta para um único fim, viver com sustentabilidade, a arte do bem viver, dando sentido a cada minuto vivido. Ensinar a identidade terrena é amar a terra acima de nossos desejos exploratórios. Formar para uma

consciência planetária é ver a Terra

como nossa casa, somos terráqueos e, assim sendo, não devemos fazer separações entre país rico, em desenvolvimento ou pobre, somos interdependentes no processo de planetarização.

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Formar para a compreensão

também é um dos princípios abordados pelo autor, uma vez que esse defende uma educação para comunicação, para entender o próximo, tendo uma vida solidária, pois esta é condição de sobrevivência humana. Educar para

simplicidade e para a quietude é a

conquista de novos valores como simplicidade, austeridade, quietude, paz, serenidade, união, enfim praticar a sustentabilidade na vida diária, familiar, escolar, no trabalho, em todos os ambientes a qual se faça parte, pois essa prática nos leva a uma vida saudável e feliz, pois sustentabilidade tem a ver com a relação de bem estar com nos mesmos, com os outros e com a natureza.

E só podemos ter uma relação harmônica se mudarmos nosso estilo de vida, necessitamos policiarmos quanto as nossas práticas diárias, precisamos produzir e reproduzir com responsabilidade, para não pormos nossa própria vida em perigo, a educação faz a diferença, devemos refletir onde nos encontramos na luta por um mundo sustentável, qual é a nossa postura diante da vida? Como dizia Gandhi, “o mundo tem o suficiente para atender as necessidades de todos, mas não para a ganância de cada um”. (GADOTTI, 2008, p. 86).

Precisamos rever nosso conceito de educação cívica, que está intimamente ligada à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), como também à educação ambiental, ambas tratam de educação de valores. O

conceito de desenvolvimento sustentável está atrelado à questão de bom senso, contudo é demasiadamente complexo e controvertido quando aplicado nas nossas ações diárias, há extrema necessidade de um olhar diferenciado para nossas práticas enquanto autores de nossa própria história.

A educação está mais vinculada ao problema do que a solução, tendo em vista as inúmeras crises existentes a partir de um modelo educacional fracassado, pois este surgiu baseado em princípios insustentáveis de desenvolvimento. O desenvolvimento sustentável deve ser entendido a partir de uma visão holística, interdisciplinar, em que na união de nossas ciências surja comprometimento a um modo de vida mais sustentável, mais saudável, em que todos os docentes possam integrar aos seus conteúdos, ações que estejam ligadas a sustentabilidade, da área humana à exata, do ensino primário ao universitário, todos são essências na transformação por uma cultura ética baseada numa educação socioambiental, que nos tragam resultados positivos na luta por um novo mundo sustentável.

Gadotti (2008) finaliza afirmando que o planeta Terra é nosso primeiro grande educador. E que devemos educar para termos o nosso lugar registrado no universo, tendo paz e gozando de nossos direitos humanos, afim de uma justiça social com diversidade cultural, contra toda ordem de sexismo e racismo. Educando assim para a consciência planetária.

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É insuportável vivenciarmos a crise de paradigmas da civilizatórios, arrogantemente antropocêntrico, em que a globalização se sustenta na acumulação de capital cada vez mais insustentável, que resulta na miséria, no analfabetismo, na dominação política e exploração sem limite da economia. Enfim, o planeta passa pela rota do extermínio e nós, como educadores, temos a obrigação de orientar nossos alunos na luta por uma conscientização planetária, a partir de uma formação crítica, não formar apenas para o mercado, para a exploração de capitais e sim para produzir formas cooperativas de produção e reprodução da existência humana, uma educação baseada na autodeterminação, onde possamos re-humanizar a educação, a partir de nós mesmo.

Esse livro nos trás boas contribuições acerca de como devemos viver com sustentabilidade, ele nos alerta da importância das nossas práticas para com o nosso planeta. Nós, enquanto educadores, temos o poder de transformação em mãos, é de nossa responsabilidade instigar o aluno a refletir sobre as práticas ambientais a partir de discussões em salas de aula e nos mais diversos meio de comunicação, só assim teremos uma ressignificação positiva quanto ao tão desejado desenvolvimento sustentável.

autoras Gilma Iale C. da Cunha

Mestranda em Ciências da Educação - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias/ULHT

Jhose Iale C. da Cunha

Mestranda em Ciências da Educação - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias/ULHT

Professora da Universidade Potiguar/UnP

Recebido em 30/10/2010

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