PORTUGUÊS
Prof. Luana Signorelli / Prof. Wagner Santos /
Prof. Celina Gil
Questões de Português
Resolvidas e comentadas por: Prof. Wagner Santos
Texto I
A pós-mentira
Em 2016, o Dicionário Oxford elegeu “pós-verdade” como a palavra do ano. Nunca se mentiu tanto, sobre tudo. As fake news infestaram o mundo por um motivo simples: elas funcionam. “As pessoas se identificam com aquela informação, mesmo sem fundamento. É quase uma torcida”, diz Diogo Rais, professor da Universidade Mackenzie e fundador do Instituto Liberdade Digital. A pandemia vem tendo seu quinhão de notícias falsas, mas há sinais de que a onda está começando a virar. As redes sociais deram o primeiro passo. Em março, Twitter, Facebook e Instagram excluíram posts que continham mentiras sobre o coronavírus – incluindo mensagens publicadas por chefes de Estado, como os presidentes Jair Bolsonaro e Nicolás Maduro, e o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani. Essa censura das redes sociais, mesmo com intenção protetiva, abre um precedente arriscado. “Como sociedade, aceitamos esse controle, dada a gravidade da situação. Mas pode ser um caminho sem volta”, diz Pablo Ortellado, professor de gestão pública da USP. Também há outro fator envolvido: uma certa “pressão evolutiva”. Os indivíduos que acreditarem em mentiras, e não se protegerem contra o SARS-CoV-2, correrão maior risco de ter Covid-19 – e os sintomas pesados da doença poderão forçá-los a aceitar, na própria pele, as verdades científicas.
A primazia da ciência, por sinal, deverá ser outro eixo do mundo pós-coronavírus. Em condições normais, uma decisão ou política equivocada pode levar décadas até mostrar seu efeito negativo. Agora, não é assim: a conta chega rápido, e pode ser altíssima. “A crise pode representar uma derrota a quem se coloca como antagonista da ciência e das universidades”, diz Ortellado.
Essa mudança poderá reduzir outro elemento central da última década: a polarização ideológica. É o que acredita o psicólogo Peter Coleman, professor da Universidade Columbia e especialista em resolução de conflitos. Ele se baseia em duas premissas. A primeira é histórica: pela primeira vez em cem anos, desde a gripe espanhola, a humanidade tem um inimigo comum – o coronavírus, contra o qual todos são iguais. A outra é estatística: números mostram que eventos graves tendem a unir os povos. Uma análise feita pela Universidade de Michigan, que analisou 850 conflitos políticos ocorridos entre 1816 e 1992, constatou que 75% acabaram após o surgimento de um grande choque. Coleman cita como exemplo a política americana após a Primeira Guerra Mundial (1918), que estabeleceu uma convivência mais pacífica entre democratas e republicanos até 1980.
As eleições vão mudar, até na forma: a médio prazo, têm grande chance de acontecer online. Eleições pela internet exigiriam um período maior de votação, de uma semana ou até um mês: é a única forma de evitar que falta de energia elétrica, congestionamentos na rede (eleições online não são como votação do Big Brother, demandam sistemas parrudos de segurança) ou outros problemas técnicos impeçam as pessoas de participar. Votar sem sair de casa poderia banalizar as eleições e gerar polêmica, já que não há como recontar os votos. A solução pode estar em tecnologias como o Blockchain, um banco de dados praticamente impossível de fraudar. Ele já foi usado para que militares americanos que estavam fora dos EUA votassem nas eleições de 2018. A Estônia, um pequeno país do Leste Europeu, adota o voto online desde 2007. No Brasil, o primeiro passo nessa direção veio do Congresso Nacional, que tem votado remotamente durante a pandemia. Nossos deputados e senadores estão em home office.
Eles mais seis em cada dez brasileiros. Essa é a massa que estava trabalhando de casa em março, de acordo com a empresa de monitoramento Hibou. E muitos continuarão assim. Em 2019, 45% das empresas já permitiam alguma espécie de home office, segundo a Sociedade Brasileira de Teletrabalho. Mas isso era visto como um privilégio. “Agora, passará a ser considerado um modelo de trabalho”, diz Leonardo Berto, da consultoria de RH Robert Half. As empresas irão repensar a necessidade de manter escritórios grandes e caros – o que deve diminuir o trânsito, a poluição e o consumo de energia. Mas o trabalho não será totalmente remoto. Encontros e feiras de negócios terão ainda mais força. “Serão oportunidades para a criação das redes de relacionamento, algo que o mundo virtual não oferece da mesma maneira”, afirma Berto.
Vamos sair da pandemia machucados, mas também evoluídos. E o período de isolamento extremo, paradoxalmente, pode acabar tendo o efeito contrário: reforçar a comunhão social. Foi o que aconteceu na China, primeiro país a conter a crise. Em 4 de abril, primeiro dia sem quarentena, multidões lotaram os parques, pontos turísticos e espaços públicos das cidades. As pessoas estavam desesperadas para sair de casa. Mas também celebrar, numa apoteose coletiva, o único desfecho aceitável: a vitória da humanidade sobre o vírus.
1. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Sobre o texto I é correto afirmar que (B) o home office deverá ser abandonado aos poucos, conforme diminui a infecção por coronavírus.
(C) a polarização ideológica perderá força após a pandemia, dada a importância da discussão. (D) a ciência se sobressairá à política e as decisões do mundo levarão a ciência em conta. (E) as fake news alcançam as pessoas pela vontade que elas têm de que sejam verdades. (F) o processo de censura, ainda que limitado, é extremamente bem-vindo ao mundo digital.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque o texto aponta para uma relação contrária a essa. Na realidade, temos a ideia de que há uma tendência à manutenção dessa forma de trabalho, como indicam os autores no final do texto.
A alternativa B está incorreta, porque o texto coloca essa como uma possibilidade após o reconhecimento da ciência como parte importante da construção de saberes. O autor afirma que essa noção pode vir a se tornar verdade, bastando que as pessoas tenham aprendido a ouvir as demais pessoas.
A alternativa C está incorreta, porque a ideia de primazia da ciência não diz que todos a utilizarão como uma forma obrigatória, por assim dizer, àquilo que se decidir. Na realidade, a ideia trazida pelo verbo “deverá ser”, no primeiro período do segundo parágrafo é parte de uma suposição e não de uma obrigatoriedade.
A alternativa D está correta, porque, logo no começo do texto, o autor afirma que a proximidade das fake news com as pessoas é o que faz com que elas acreditem, por meio de um desejo de ser verdade.
A alternativa E está incorreta, porque o autor afirma que temos uma relação perigosa quando começamos a censurar as coisas que podem ou não ser publicadas em redes sociais. Ainda que bem-vinda em determinados casos, a censura torna-se um perigo quando utilizada de forma a somente aprovar o que aceitamos e cremos como postagens.
Gabarito: D
2. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Com relação à organização do texto, percebe-se que prevalecem características (A) narrativas. (B) expositivas. (C) argumentativas. (D) injuntivas. (E) descritivas. Comentários:
O texto em questão aproxima-se dos textos argumentativos, dado que apresenta ideias que são defendidas a partir de argumentos trazidos pelos autores. Ainda que tenhamos uma série de suposições, essas são claramente fundamentadas em observação do que ocorre com relação ao tema abordado. Podemos claramente identificar a ideia de que a tese defendida é a de que o mundo não será o mesmo após a pandemia de coronavírus. Essa tese começa a ser construída com a apresentação de um recorte interessante do tema: as fake news e a construção de pós-verdades.
3. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Em: “A primazia da ciência, por sinal, deverá ser outro eixo do mundo pós-coronavírus”, a palavra “primazia” pode ser substituída, sem perda semântica, por
(A) anteposição. (B) precedência. (C) prioridade. (D) eminência. (E) anterioridade. Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, ainda que a palavra “anteposição” seja um sinônimo dicionarizado para a palavra “primazia”, não podemos fazer a substituição no contexto. O que o autor quer dizer é que a ciência será prioritária, deverá ser levada em conta no mundo pós-epidemia.
A alternativa B está incorreta, porque, ainda que a palavra “precedência” seja um sinônimo dicionarizado para a palavra “primazia”, não podemos fazer a substituição no contexto. O que o autor quer dizer é que a ciência será prioritária, deverá ser levada em conta no mundo pós-epidemia.
A alternativa C está correta, porque a palavra “prioridade”, nesse caso, apresentaria a leitura de algo mais importante, aquilo que sempre deve ser considerado primeiro. É isso que o autor defende: a ideia de que teremos que considerar a ciência em primeiro lugar, de forma prioritária quando comparado àquilo que cremos ou que esperamos.
A alternativa D está incorreta, porque a palavra “eminência” está mais relacionada à ideia de importância. Algo eminente não necessariamente deve ser considerado como o primeiro ou aquilo que tem mais importância.
A alternativa E está incorreta, porque, ainda que a palavra “anterioridade” seja um sinônimo dicionarizado para a palavra “primazia”, não podemos fazer a substituição no contexto. O que o autor quer dizer é que a ciência será prioritária, deverá ser levada em conta no mundo pós-epidemia.
Gabarito: C
4. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Assinale a alternativa em que não há uma oração subordinada adjetiva no trecho do texto encontrado nas alternativas.
(A) Foi o que aconteceu na China, primeiro país a conter a crise.
(B) No Brasil, o primeiro passo nessa direção veio do Congresso Nacional, que tem votado remotamente durante a pandemia. (C) Essa é a massa que estava trabalhando de casa em março, de acordo com a empresa de monitoramento Hibou. (D) As empresas irão repensar a necessidade de manter escritórios grandes e caros – o que deve diminuir o trânsito, a
poluição e o consumo de energia.
(E) E o período de isolamento extremo, paradoxalmente, pode acabar tendo o efeito contrário: reforçar a comunhão social.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque a oração “a conter a crise” é classificada como uma oração subordinada adjetiva reduzida de infinitivo. Nesse caso, temos a possibilidade de desenvolvê-la por meio da colocação de um pronome relativo, como em “primeiro país que conteve a crise”.
A alternativa B está incorreta, porque a oração “que tem votado remotamente durante a pandemia” é classificada como uma oração subordinada adjetiva explicativa. Não se esqueça de que essas orações, quando são desenvolvidas, introduzem-se por meio de pronomes relativos, os quais substituem elementos anteriores.
A alternativa C está incorreta, porque a oração “que estava trabalhando de casa em março” é classificada como uma oração subordinada adjetiva restritiva. Introduzida por pronome relativo e modificando um nome que o precede.
A alternativa D está incorreta, porque a oração “que deve diminuir o trânsito, a poluição e o consumo de energia” é uma oração subordinada adjetiva restritiva, relacionada ao pronome demonstrativo “o”, que pode ser substituído por um pronome “aquilo”.
A alternativa E está correta, porque a oração que aparece após os dois pontos, ainda que tenha um valor explicativo, não é uma oração subordinada adjetiva, mas uma oração subordinada substantiva apositiva, que se parece demais com as adjetivas explicativas.
Gabarito: E
5. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Observe os três enunciados a seguir, todos retirados do texto I:
I. “A crise pode representar uma derrota a quem se coloca como antagonista da ciência e das universidades”, diz Ortellado.
II. “Como sociedade, aceitamos esse controle, dada a gravidade da situação. Mas pode ser um caminho sem volta”, diz Pablo Ortellado, professor de gestão pública da USP.
III. (eleições online não são como votação do Big Brother, demandam sistemas parrudos de segurança)
Nas três aparições do conectivo “como”, há, respectivamente, classificação de (A) preposição, preposição e conjunção.
(B) conjunção, preposição e conjunção. (C) preposição, conjunção e preposição. (D) conjunção, conjunção e conjunção. (E) preposição, preposição e preposição.
Comentários:
Os elementos conectivos são classificados, respectivamente, como:
I. “A crise pode representar uma derrota a quem se coloca como antagonista da ciência e das universidades”, diz Ortellado. – Nesse caso, o elemento em destaque apresenta a ideia de modo, é como se disséssemos que alguém se coloca de maneira antagônica à ciência. Não é uma comparação. Nesse caso, temos a classificação do elemento como uma preposição.
II. “Como sociedade, aceitamos esse controle, dada a gravidade da situação. Mas pode ser um caminho sem volta”, diz Pablo Ortellado, professor de gestão pública da USP. – Nesse caso, há similaridade com “na qualidade de”, apresentando uma relação clara de ligação entre duas informações. Dessa forma, podemos classificar o elemento como uma preposição.
III. (eleições online não são como votação do Big Brother, demandam sistemas parrudos de segurança) – Nesse caso, temos o “como” apresentando leitura de comparação, classificada como uma conjunção subordinativa.
6. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Assinale a alternativa em que o termo destacado não pode ser classificado como sujeito.
(A) A pandemia vem tendo seu quinhão de notícias falsas, mas há sinais de que a onda está começando a virar. (B) Uma análise feita pela Universidade de Michigan, que analisou 850 conflitos políticos ocorridos entre 1816
e 1992, constatou que 75% acabaram após o surgimento de um grande choque.
(C) “A crise pode representar uma derrota a quem se coloca como antagonista da ciência e das universidades”, diz Ortellado.
(D) Essa censura das redes sociais, mesmo com intenção protetiva, abre um precedente arriscado.
(E) e) Em março, Twitter, Facebook e Instagram excluíram posts que continham mentiras sobre o coronavírus – incluindo mensagens publicadas por chefes de Estado, como os presidentes Jair Bolsonaro e Nicolás Maduro, e o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani.
Comentários:
A alternativa A está correta, porque o verbo “haver” em sentido existencial é classificado como impessoal e, por isso, não temos a relação de sujeito possível para esse verbo. Assim, consideramos o termo em destaque como um objeto direto do verbo “haver” existencial. Inclusive, acrescentamos a oração adjetiva no objeto, dado seu valor de restrição.
A alternativa B está incorreta, porque nesse caso temos todo o trecho funcionando como sujeito do verbo “constatou”. Pode ser que você pense que a inclusão da oração adjetiva não permite essa classificação. Contudo, não é bem assim que funciona: como ela é modificadora do núcleo “análise”, participa do sujeito normalmente. Tanto que, se fizéssemos o processo de pronominalização, teríamos: ela constatou.
A alternativa C está incorreta, porque o pronome “quem” se classifica como sujeito do verbo “se coloca”. Nessa alternativa, pode atrapalhar o fato de termos uma preposição antes do pronome, contudo essa preposição existe para introduzir um complemento nominal para a palavra “derrota”.
A alternativa D está incorreta, porque, ainda que distante do verbo, o trecho em questão apresenta classificação de sujeito do verbo “abre”. Essa é uma possibilidade à qual sempre devemos estar atentos: a distância costuma atrapalhar a identificação das relações. Para resolver esse problema, retire os elementos que separam o suposto sujeito do verbo a que se refere.
A alternativa E está incorreta, porque o pronome relativo, diferente do que acontece com as conjunções, pode desempenhar, sem problemas, função sintática dentro da oração que introduz. Nesse caso, o pronome relativo substitui a palavra “posts” e desempenha a função de sujeito do verbo “continham”.
Gabarito: A
Texto II Mãos Dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
(Carlos Drummond de Andrade)
7. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) A leitura atenta do texto permite a compreensão de que o eu lírico
(A) busca nos amores uma forma de fuga para os problemas.
(B) entende que as pessoas precisam de entorpecentes para aguentar o presente. (C) quer modificar o presente, o momento em que fala em sua construção poética. (D) preocupa-se com a sociedade e seu futuro, focando-se na melhoria do mundo. (E) vale-se da história para construir sua forma de ver o mundo.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque o eu lírico afirma claramente que não cantará o amor ou as mulheres, focando-se em analisar o presente sem fugas ou subterfúgios.
A alternativa B está incorreta, porque o poeta diz claramente que não distribuirá drogas ou cartas suicidas. Isso quer dizer que, metaforicamente, ele tentará resolver os problemas do mundo de forma direta e objetiva, sem subterfúgios.
A alternativa C está correta, porque o poeta fala claramente que o material de sua construção poética é o momento presente. É interessante notar que temos uma relação clara do eu lírico com aquilo que acontece no momento em que fala no poema. Note que ele claramente despreza o passado e não se preocupa com o futuro.
A alternativa D está incorreta, porque a preocupação do eu lírico é o presente, aquilo que ocorre no momento em que fala no poema. Ele não se preocupa, ao menos nesse poema, com o passado e o futuro. Interessa a ele somente o presente da nação.
A alternativa E está incorreta, porque o eu lírico não está interessado no passado das pessoas ou do país. Ele afirma muito claramente que sua vontade é prender-se ao mundo presente, àquilo que aparece como algo importante no presente.
Gabarito: C
8. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Assinale, dentre os trechos a seguir, aquele em que há desvio quanto ao uso (ou não uso) do sinal de vírgula, caso desconsiderássemos a licença poética.
(A) Não serei o poeta de um mundo caduco. (B) Também não cantarei o mundo futuro.
(C) Estou preso à vida e olho meus companheiros. (D) O presente é tão grande, não nos afastemos. (E) Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque não há nenhuma indicação para o uso de sinal de vírgula nesse verso. Ele está corretamente construído.
A alternativa B está incorreta, porque não há nenhuma indicação para o uso de sinal de vírgula nesse verso. Ele está corretamente construído.
A alternativa C está incorreta, porque não há nenhuma indicação para o uso de sinal de vírgula nesse verso. Ele está corretamente construído.
A alternativa D está incorreta, porque a vírgula está empregada corretamente, dado que separa duas orações coordenadas assindéticas. Essa vírgula, inclusive, é considerada obrigatória.
A alternativa E está correta, porque a oração “mas nutrem grandes esperanças” deveria ser separada da oração coordenada anterior por vírgula, dado tratar-se de uma oração coordenada sindética adversativa. Essa vírgula (que aparece antes do “mas” e não depois dele) é considerada obrigatória.
Gabarito: E
9. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Com relação à função da linguagem que prevalece no texto de Drummond, pode-se indicar
(A) a poética. (B) a referencial. (C) a apelativa. (D) a metalinguística. (E) a emotiva. Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque o autor não pretende comunicar nada utilizando o texto em si, ou seja, ainda que tenhamos versos, não podemos dizer que a mensagem em si, a forma como a escreve, se coloca como uma maneira de comunicação.
A alternativa B está incorreta, porque não temos um texto em que a explicação do tema seja a parte mais importante do texto. Na realidade, percebe-se que o autor fala sobre o fazer poético, explicando a sua relação com a poesia.
A alternativa C está incorreta, porque não há nenhuma indicação de que o eu lírico deseja convencer o leitor a respeito de seus pensamentos. Essa é a função que se liga ao convencimento do leitor. Para tanto, usualmente temos indicações de comportamento ou argumentação.
A alternativa D está correta, porque, como o poeta afirma claramente que “não será o poeta de um mundo caduco”, definindo qual será a matéria de sua poesia, podemos considerar que é uma metapoesia. Nesse caso, entendemos que a poesia fala sobre o fazer poético e sobre a arte literária. Dessa forma, entende-se a prevalência da função metalinguística.
A alternativa E está incorreta, porque, ainda que essa seja claramente a distratora mais forte para essa questão, não conseguimos cravá-la como uma função que prevalece no texto. É claro que ela existe, dado que há primeira pessoa e sentimentos do eu lírico. Contudo, o objetivo do texto é mais amplo: falar sobre a necessidade de escrever poesias sobre o tempo presente, o momento atual.
Gabarito: D
10. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Caso colocássemos uma conjunção ligando o primeiro ao segundo verso e outra ligando o segundo ao terceiro verso (criando um período composto), poderíamos usar, respectivamente, as conjunções
(A) contudo; portanto. (B) e; logo.
(C) mas; porque.
(D) bem como; contanto. (E) entretanto; então.
Comentários:
No caso dos dois primeiros versos do poema, percebe-se uma relação de adição entre as duas ideias, uma vez que o eu lírico apresenta a ideia de que não falará de um mundo caduco, ou seja, de um mundo passado, da mesma forma que não falará do mundo futuro. Assim, temos a possibilidade de uso da conjunção “mas” que, em somatória com o “também”, gera significação de adição. Por outro lado, entre o segundo verso e o terceiro, percebe-se clara relação de explicação, visto que o eu lírico apresenta a ideia de que não falará nem do passado nem do futuro por conta de estar “preso” à vida presente e aos companheiros daquele momento. Dessa forma, percebe-se que o conectivo “porque” consegue manter a relação de significação do texto original.
Gabarito: B
Texto III
(Disponível em <https://mundodeoz.wordpress.com/2015/01/05/erro-mafalda> Acesso em 04 jan. 2021)
11. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) A partir do diálogo estabelecido na tirinha, percebe-se que
(A) as atitudes humanas são imutáveis com o passar dos anos.
(B) as pessoas necessitam de anos melhores para que sejam melhores.
(C) os seres humanos esperam melhorias sem que, necessariamente, melhorem. (D) os comportamentos humanos não necessitam de modificações.
(E) os personagens não entendem o funcionamento do mundo.
Comentários:
Na tira, como é comum em pequenas narrativas que envolvem a personagem Mafalda, o saudoso Quino sempre construía uma relação de reflexão acerca do mundo. Nesse caso, percebe-se que as coisas no mundo não andam como deveriam e isso leva Manuelito a pensar que o ano que se inicia poderia ser melhor para todos. Contudo, diante das situações que Mafalda observa, ela percebe que a culpa principal para as coisas não “estarem sendo boas” é das próprias pessoas, que necessitam de uma mudança de comportamento e postura para que possam, elas mesmas construir um mundo e um ano melhor.
12. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Na fala de Mafalda, encontrada no segundo quadrinho da tira, pode-se identificar uma
(A) metáfora. (B) catacrese. (C) metonímia. (D) comparação. (E) personificação. Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque na metáfora temos dois elementos colocados em pé de igualdade. No caso em questão, não temos essa relação de igualdade entre dos termos. O fato que pode confundir vocês é o de Mafalda ter construído que o ano se comportará como as pessoas, esperando alguma coisa. Contudo, isso é uma personificação e não uma relação metafórica.
A alternativa B está incorreta, porque não há uma construção de metáfora já cristalizada na língua, como acontece com “pé da mesa” ou “virar o jarro de cabeça pra baixo”. Perceba que, nessa figura de linguagem, temos uma relação de renomeação por relação lógica e falta de melhor maneira de nomear o elemento. No quadrinho, temos uma relação de personificação.
A alternativa C está incorreta, porque não há nenhuma forma de renomear algum elemento. O ano não recebe novo nome, mas somente uma característica humana. Há personificação e não metonímia.
A alternativa D está incorreta, porque não temos dois elementos sendo colocados em comparação a partir de uma característica. Pode ser que você se confunda, ao pensar que Mafalda está comparando o ano às pessoas. Contudo, ao atribuir característica humana a um elemento não humano, temos uma prosopopeia, ou personificação.
A alternativa E está correta, porque Mafalda atribui uma característica humana ao ano, ao afirmar que o ano que está começando espera (característica humana) que as pessoas sejam melhores. Essa é uma característica que não é inerente aos anos.
Gabarito: E
13. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Em “As pessoas esperam (1) que o ano (2) que está começando seja melhor (3) que o anterior”, os elementos “que”, numerados, devem ser classificados, morfologicamente, como
(A) conjunção integrante; pronome relativo; e conjunção subordinativa. (B) conjunção integrante; conjunção integrante; e pronome relativo. (C) pronome relativo; pronome relativo; e conjunção integrante. (D) conjunção integrante; pronome relativo; e pronome relativo. (E) pronome relativo; conjunção integrante; e pronome relativo.
Comentários:
A análise dos elementos “que” apresentados no trecho deve ser feita da seguinte maneira:
É uma conjunção integrante, parte das subordinativas, que sempre introduzem uma oração subordinada substantiva. Nesse caso, a oração introduzida desempenha a função sintática de objeto direto do verbo “esperam”.
É um pronome relativo que introduz uma oração subordinada adjetiva, classificada como restritiva, nesse caso. Perceba que ela serve para indicar a qual ano se refere o personagem. É uma especificação.
É uma conjunção subordinativa pura. Ela introduz uma oração subordinada adverbial comparativa, com o verbo ‘ser’ em zeugma. Perceba que há comparação entre os dois anos, o que se inicia e o anterior.
Texto IV Solidariedade
Sou ligado pela herança do espírito e do sangue Ao mártir, ao assassino, ao anarquista,
Sou ligado
Aos casais na terra e no ar, Ao vendeiro da esquina,
Ao padre, ao mendigo, à mulher da vida, Ao mecânico, ao poeta, ao soldado, Ao santo e ao demônio,
Construídos à minha imagem e semelhança.
MENDES, Murilo. Solidariedade. In:______. O menino Experimental: Antologia. 1. ed. São Paulo, Summus, 1979. p. 62.
14. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) A relação de ligação apresentada pelo eu lírico no texto de Murilo Mendes está relacionada à ligação
(A) espiritual que se estabelece com os outros seres humanos. (B) social estabelecida dentro de uma sociedade.
(C) genética com os parentes de consanguíneos. (D) profissional gerada dentro de um sistema produtivo. (E) aleatória, gerada pela ligação de pertencimento social.
Comentários:
O poema de Murilo Mendes apresenta uma relação bastante interessante entre o eu lírico (sempre se lembre de que é um eu lírico que fala no poema e não o poeta) e a sociedade. A ligação que ele coloca vai além daquela que se pensa com relação a uma ligação simplesmente genética ou familiar, é uma ligação de pertença à sociedade e com ideia de necessidade de cuidado com os demais membros dessa sociedade. Perceba que é uma relação bastante interessante para o poema.
Gabarito: B
15. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Os elementos preposicionados encontrados no segundo verso devem ser classificados, sintaticamente, como
(A) complementos nominais. (B) objetos diretos preposicionados. (C) adjuntos adverbiais.
(D) agentes da passiva. (E) objetos indiretos.
Comentários:
Nesse caso, todos os termos preposicionados do segundo verso são classificados como objetos indiretos. É interessante notar que a construção “sou ligado” é considerada uma construção na voz passiva e, como provém de uma voz ativa com verbo bitransitivo, constrói-se com o objeto direto da ativa (me) funcionando como sujeito paciente da passiva (eu). Na ativa, teríamos a seguinte construção: a herança do espírito e do sangue ligam-me ao mártir, ao assassino e ao anarquista.
Dessa forma, na passagem para a voz passiva, temos a construção de um sujeito em primeira pessoa (ainda que desinencial) e a manutenção dos objetos indiretos. Perceba que interessa a transitividade da voz ativa.
Gabarito: E
16. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Wagner Santos) Assinale, a seguir, a alternativa em que todas as palavras são formadas por composição.
(A) Boquiaberto, audiovisual, vinagre e ecologia. (B) Desigualdade, comilão, corpanzil e engaiolar. (C) Pernalta, inconstitucional, beijo e enrijecer. (D) Girassol, embora, fidalgo e pontiagudo. (E) Entardecer, emagrecer, abençoar e envernizar.
Comentários:
A alternativa A está incorreta, porque, ainda que as palavras “boquiaberto, audiovisual e vinagre” sejam formadas por composição, dado que temos dois ou mais radicais, a palavra “ecologia” é formada por derivação, uma vez que “eco”, diferente do que pensamos, é um prefixo e não um radical.
A alternativa B está incorreta, porque a palavra “desigualdade” é formada por derivação prefixal e sufixal; “comilão” e “corpanzil” são formadas por derivação sufixal; e “engaiolar” é formada por derivação parassintética.
A alternativa C está incorreta, porque somente a palavra “pernalta”, nesse caso, é formada por aglutinação, vindo de perna alta. A palavra “inconstitucional” é formada por derivação prefixal e sufixal, “beijo” é formada por derivação regressiva e “enrijecer” é formada por parassíntese.
A alternativa D está correta, porque as palavras “embora, fidalgo e pontiagudo” são formadas por processos de composição por aglutinação. Além delas, girassol é formada por composição por justaposição. As primeiras apresentam modificação de um dos radicais, enquanto a última apresenta manutenção dos radicais.
A alternativa E está incorreta, porque todas as palavras, nesse caso, são formadas por derivação parassintética, uma forma de derivação em que são alocados, ao mesmo tempo, prefixo e afixo a um radical.
Gabarito: D
Questões de Literatura
Resolvidas e comentadas por: Prof. Luana Signorelli
17. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Luana Signorelli) A imigração europeia no Brasil aumentou no início do século XX. Os protagonistas são amigos, mas cada um tem uma ideologia diferente: um defende o Novo Mundo e o outro a supremacia da terra que deixou para trás. Essa temática está retratada na seguinte obra:
(A) "O Ateneu", de Raul Pompeia.
(B) "Auto da barca do inferno", de Gil Vicente. (C) "O quinze", de José Américo de Almeida. (D) "São Bernardo", de Graciliano Ramos. (E) "Canaã", de Graça Aranha.
Comentários
Questão de conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: incorreta. “O Ateneu” (1888) é uma obra de cunho autobiográfico que relata as experiências do menino Sérgio em um internato. Ele está em fase de crescimento e sua visão de mundo é exagerada: o diretor do colégio é assustador, sua mulher é uma projeção feminina ideal etc. O subtítulo da obra é “crônicas de saudades”.
Alternativa B: incorreta. A contextualização está errada: "Auto da barca do inferno" é uma obra de 1517, e não do século XX.
Alternativa C: incorreta. Está incorreta a associação entre obra e autor: “O quinze” (1930) é um romance escrito por Rachel de Queiroz e não por José Américo de Almeida.
Alternativa D: incorreta. “São Bernardo” (1934) é um romance da segunda geração modernista. Paulo Honório é um homem com moral dúbia: nasceu pobre e sem privilégios; ao longo da vida, envolve-se em crimes, vai preso e lá aprende a ler. Sua trajetória está ligada realmente à sua ambição: conquistar a fazenda de São Bernardo, o que acaba conseguindo, mas a altos custos emocionais que o desgastam. Quando chega à meia idade, decide escrever suas memórias, numa espécie de reconstituição do que foi sua vida.
Alternativa E: correta – gabarito. “Canaã” (1902) é um romance pré-modernista de Graça Aranha. Representa a temática da imigração europeia no Brasil no início do século XX, especialmente, a alemã. Os personagens principais são: Milkau e Lentz, sendo que Milkau acredita na terra prometida (no caso, a Brasil é comparado a Canaã) e Lentz defende a superioridade germânica. Então, ao mesmo tempo que são amigos eles também se contrapõem ideologicamente.
Gabarito: E
18. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Luana Signorelli) Dividida em duas fases, a obra de Machado de Assis começou romântica e se desenvolveu até a maturidade realista. Assinale a alternativa que indica o romance divisor entre essas duas fases e o(s) motivo(s) de sua importância.
(A) "Quincas Borba", porque o Humanitismo introduziu o debate entre Realismo e Naturalismo. (B) "Helena", romance da maturidade com a mesma temática do adultério que outras obras da fase. (C) "Esaú e Jacó", responsável por inaugurar o principal traço estilístico machadiano, que é a ingenuidade. (D) "Papéis avulsos", romance o qual ajuda a instaurar o estilo machadiano depois de sua poesia.
(E) "Memórias póstumas de Brás Cubas", pois introduz o Realismo no Brasil.
Comentários
Questão de conhecimento de autores e obras do cânone.
Alternativa A: incorreta. “Quincas Borba” é um romance de 1891. O debate entre Realismo e Naturalismo se inicia uma década antes, em 1881, em ocasião da publicação do romance realista “Memórias póstumas de Brás Cubas” de Machado de Assis e do romance naturalista “O mulato” de Aluísio de Azevedo.
Alternativa B: incorreta. "Helena" (1876) não é um romance da maturidade (fase realista), mas sim da fase romântica. A temática gira em torno de um amor proibido entre a protagonista e Estácio.
Alternativa C: incorreta. Romance de 1904, narra a briga entre dois irmãos gêmeos: um defende a monarquia e outro, a república. A ingenuidade não é um traço estilístico de Machado de Assis; pelo contrário, o autor se revela muito perspicaz. Alternativa D: incorreta. "Papéis avulsos" (1882) não é um romance, mas sim um livro de contos, entre os quais os principais são: “Teoria do medalhão”, “O espelho” e “O alienista”.
Alternativa E: correta – gabarito. Este romance introduziu o movimento realista no Brasil. Machado de Assis abandona o idealismo romântico de outras obras e agora retrata um burguês cínico que narra sua vida depois da morte. As principais características estilísticas machadianas são a ironia e a metalinguagem.
19. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Luana Signorelli) Leia o poema abaixo para responder à próxima questão.
“Acorda! Não durmas da cisma no véu! Amemos, vivamos, que amor é sonhar! Um beijo, donzela! Não ouves? no céu A brisa gemeu...
As vagas murmuraram... As folhas sussurram: Amar!”
Nos versos acima, há um exemplo de características humanas sendo atribuídas a seres irracionais, figura de linguagem conhecida pelo nome de ______ e característica marcante da estética literária ______.
(A) prosopopeia / ultrarromântica. (B) personificação / modernista. (C) eufemismo / romântica. (D) metáfora / barroca. (E) sinestesia / simbolista.
Comentários
Questão de Gramática aplicada à Literatura/conhecimento de características dos movimentos literários.
Alternativa A: correta – gabarito. Atenção: prosopopeia ou personificação são termos sinônimos. Esta figura de linguagem está presente nos versos: “ A brisa gemeu... “, “As vagas murmuraram... “ e “As folhas sussurram”, pois “gemer”, “murmurar” e “sussurrar” são ações humanas que no trecho acima estão sendo atribuídas às folhas. Por sua vez, a estética é ultrarromântica. São versos extraídos da “Lira de vinte anos” (1853) do poeta Álvares de Azevedo. As características ultrarromânticas presentes na estrofe acima são sentimentalismo exacerbado e subjetivismo predominantemente.
Alternativa B: incorreta. Personificação é sinônimo, realmente, de prosopopeia; entretanto, não é um poema modernista, mas sim romântico. A poesia modernista tendeu a abandonar o idealismo e o sentimentalismo tipicamente românticos.
Alternativa C: incorreta. Os apelos do eu lírico à amada são exagerados e não brandos. Por isso, a figura de linguagem principal presente no trecho em questão é a hipérbole e não o eufemismo. Além disso, cuidado: o Romantismo foi um movimento literário que na poesia teve 3 gerações. Álvares de Azevedo se enquadra especificamente na segunda geração romântica, também conhecida comoultrarromântica.
Alternativa D: incorreta. A metáfora é uma comparação subentendida: emprega-se um termo com significado de outro a partir da semelhança entre ambos. Porém, a figura de linguagem predominante na estrofe é a personificação, bem como a estética literária é ultrarromântica e não barroca.
Alternativa E: incorreta. Está errada a associação da definição do comando com a figura de linguagem. A partir do verbete do comando, a figura de linguagem inferida é a personificação e a não a sinestesia, que é a junção de sensações.
20. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Luana Signorelli) Leia o trecho abaixo para responder à próxima questão.
“– Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, erroso, os olhos de nem ser – se viu –; e com máscara de cachorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, esse figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, cara de cão: determinaram – era o demo.”
A partir do excerto, é correto afirmar que
(A) o relato é narrado objetivamente a partir de um narrador externo, que conta como um sertanejo desejava atirar em um animal.
(B) há mescla entre estilo objetivo e subjetivo, sendo que o protagonista foi alertado pelos moradores locais sobre um animal vigoroso que nasceu.
(C) é um texto predominantemente subjetivo. Era costume do protagonista atirar em árvores desde a mocidade, o que ele fazia quando foi alertado sobre um animal insólito.
(D) a descrição se impõe hierarquicamente sobre a narração, pois a paisagem regional é exaustivamente retratada em detalhes.
(E) tipicamente um texto da segunda geração modernista, evidencia-se o uso de neologismos e novas formas de linguagem, como o tratamento por "senhor".
Comentários
Questão de interpretação de texto literário.
Alternativa A: incorreta. O narrador é protagonista, tanto é que narra as suas experiências a partir da primeira pessoa do singular: “Alvejei mira em árvore”, “Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto” etc. Tampouco desejava atirar em animais, mas sim mirava em árvores.
Alternativa B: incorreta. O animal não era vigoroso, mas sim estranho. Os termos usados para descrevê-lo são erroso, defeituoso, com “máscara de cachorro”. Também não há dados suficientes para afirmar que os moradores são locais; trata-se de informação extratextual.
Alternativa C: correta – gabarito. Isso porque está impregnado das vivências e marcas linguísticas de Riobaldo, narrador desse romance. Trata-se de um diálogo dele com um interlocutor, a quem ele chama de senhor. “Insólito” quer dizer incomum. Riobaldo está praticando tiros nas árvores quando foram chamá-lo por causa de bezerro diferente. É assim que começa o romance.
Alternativa D: incorreta. Não há dados suficientes para afirmar que a paisagem é regional; trata-se de informação extratextual. Nem essa paisagem é descrita “exaustivamente”; pelo contrário, é descrita de maneira vaga, geral: “Nonada”.
Alternativa E: incorreta. É um texto da terceira geração modernista, pois trata-se do excerto de “Grande sertão: veredas” (1956) de Guimarães Rosa. Atenção: o texto até apresenta neologismos (palavras novas inventadas, como “Nonada), mas o pronome de tratamento “senhor” não é inovador. Trata-se do interlocutor de Riobaldo.
FÍSICA
Questões de Física
Resolvidas e comentadas por: Prof. Vinicius Fulconi 21. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Considere os seguintes vetores mostrados na figura abaixo. A operação 𝑎⃗ + 𝑏⃗ + 𝑐+ 𝑑⃗ + 𝑒 é igual a: (A) 𝑎⃗ (B) 𝑏⃗ (C) 𝑐 (D) 𝑑⃗ (E) 𝑒 Comentários:
Utilizando a regra da poligonal, percebemos que os vetores 𝑏⃗ , 𝑐 𝑒 𝑒 formam um polígono fechado e, portanto, a resultante deles é igual a zero.
Desta maneira:
𝑏
⃗ + 𝑐+ 𝑒= 0⃗ Nos resta somar os vetores 𝑎⃗ , 𝑒 𝑑⃗ .
Utilizando a regra da poligonal, a soma entre esses vetores resulta no próprio vetor 𝑒.
22. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Considere um móvel que está se movendo em MRUV cujo gráfico do movimento está representado abaixo.
Qual é o instante de tempo em que o móvel apresenta velocidade nula? (A) 4 s (B) 3 s (C) 2 s (D) 1 s (E) 5 s Comentários:
Como o gráfico de x(t) em função do tempo é uma parábola, podemos usar sua forma fatorada para representar o gráfico. 𝑥(𝑡) = 𝑎 ⋅ (𝑡 − 𝑡1) ⋅ (𝑡 − 𝑡2)
Em que a é uma constante real e 𝑡1 e 𝑡2 são as raízes da função de segundo grau. Pelo gráfico, percebemos que as raízes são:
𝑡1= 3 𝑠 𝑡2= 5 𝑠 Desta maneira, temos:
𝑥(𝑡) = 𝑎 ⋅ (𝑡 − 3) ⋅ (𝑡 − 5) Percebemos também que:
𝑥(0) = 15 15 = 𝑎 ⋅ (0 − 3) ⋅ (0 − 5)
𝑎 = 1 Assim, temos a função:
Para encontrar os termos cinemática, comparamos com a equação: 𝑥(𝑡) = 𝑥0+ 𝑣0. 𝑡 + 𝑎 ⋅𝑡 2 2 𝑥0 = 15 𝑚 ; 𝑣0= −8 𝑚 𝑠 ; 𝑎 = 2 𝑚/𝑠² Portanto, temos que a velocidade em função do tempo é:
𝑣(𝑡) = 𝑣0+ 𝑎. 𝑡 𝑣(𝑡) = −8 + 2. 𝑡 Para saber o instante em que a velocidade é nula, fazemos:
𝑣(𝑡) = −8 + 2. 𝑡 = 0 𝑡 = 4 𝑠
Gabarito: A
23. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Um projétil é disparado em um plano vertical com um determinado ângulo com a horizontal. Sabe-se que a trajetória do projétil toca os vértices superiores de um hexágono regular de lado 𝑎 = √7 m. Qual é o alcance horizontal L deste projétil?
(A) 7 𝑚 (B) 8 𝑚 (C) 9 𝑚 (D) 10 𝑚 (E) 11 𝑚
Comentários: 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝐴: { 𝑥𝐴= 𝐿 2− 𝑎 = 𝐿 − 2𝑎 2 𝑦𝐴= 𝑎√3 2 𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜 𝐵: { 𝑥𝐵= 𝐿 2− 𝑎 2= 𝐿 − 𝑎 2 𝑦𝐵= 2.𝑎√3 2 = 𝑎√3 Como o móvel passa pelos pontos A e B, temos:
Para o ponto A, temos:
𝑎√3 2 = 𝐿 − 2𝑎 2 ⋅[1 − 𝐿 − 2𝑎 2𝐿 ]⋅ 𝑡𝑔𝜃 Simplificando, obtemos: 𝑡𝑔𝜃 = 2𝐿𝑎√3 𝐿2− 4𝑎² (𝑒𝑞 1) Para o ponto B, temos:
𝑎√3 =𝐿 − 𝑎 2 ⋅ [1 − 𝐿 − 𝑎 2𝐿 ] ⋅ 𝑡𝑔𝜃 𝑡𝑔𝜃 = 4𝐿𝑎√3 𝐿2− 𝑎² (𝑒𝑞 2) Igualando as equações: 4𝐿𝑎√3 𝐿2− 𝑎²= 2𝐿𝑎√3 𝐿2− 4𝑎² 2𝐿2− 8𝑎2= 𝐿2− 𝑎²
𝐿2= 7𝑎² 𝐿 = √7𝑎 = √7 ⋅ √7
𝐿 = 7 𝑚
Gabarito: A
24. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) A figura abaixo mostra uma associação de polias ideias e um bloco Q que se movimenta apenas na vertical. Sabendo que a velocidade angular da polia D é 𝜔 = 8 𝑟𝑎𝑑 𝑠⁄ , determine a velocidade com que o bloco Q se movimenta na vertical.
Considere: 𝑅𝐴= 18 𝑐𝑚 ; 𝑅𝐵= 50 𝑐𝑚 ; 𝑅𝐶 = 12 𝑐𝑚 ; 𝑅𝐷= 10 𝑐𝑚 ; 𝑅𝐸= 25 𝑐𝑚. (A) 120 cm/s (B) 60 cm/s (C) 240 cm/s (D) 180 cm/s (E) 90 cm/s Comentários:
Como a polia C e o a polia D estão associadas por uma correia, a velocidade linear de C é igual a velocidade linear de D. 𝑣𝐶 = 𝑣𝐷
𝜔𝐶⋅ 𝑅𝐶= 𝜔𝐷⋅ 𝑅𝐷 𝜔𝐶 = 𝜔𝐷⋅𝑅𝐷
𝑅𝐶
A polia C e a polia B estão acopladas com mesmo eixo de giro e, portanto, possuem a mesma velocidade angular: 𝜔𝐶 = 𝜔𝐵
𝜔𝐶= 𝑣𝐵 𝑅𝐵 𝑣𝐵= 𝜔𝐷⋅𝑅𝐷
A polia B e a polia E estão acopladas tangentemente e, portanto, possuem a mesma velocidade linear. 𝑣𝐵= 𝑣𝐸 𝑣𝐵= 𝜔𝐸⋅ 𝑅𝐸 𝜔𝐸= 𝜔𝐷⋅𝑅𝐷 𝑅𝐶⋅ 𝑅𝐵 𝑅𝐸
A polia A e a polia E estão acopladas com mesmo eixo de giro e, portanto, possuem a mesma velocidade angular: 𝜔𝐸= 𝜔𝐴 𝜔𝐸=𝑣𝐴 𝑅𝐴 𝑣𝐴= 𝜔𝐷⋅𝑅𝐷 𝑅𝐶⋅ 𝑅𝐵 𝑅𝐸⋅ 𝑅𝐴
A velocidade linear da polia A é a mesma velocidade de descida do bloco e, portanto, temos: 𝑣𝐴= 8 ⋅10 12⋅ 50 25⋅ 18 𝑣𝐴= 240 𝑐𝑚/𝑠 Gabarito: C
25. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Um carrinho de massa 𝑀 = 9𝑚 pode se mover sem atrito sobre uma superfície horizontal. Sobre o carrinho, foi instalado um pêndulo simples de massa 𝑚 e comprimento 𝐿 = 50 𝑐𝑚. Inicialmente, o sistema estava em repouso, de tal maneira que 𝜃 = 60°. O fio X é cortado e o sistema entra em movimento. Qual é a velocidade do carrinho quando o pêndulo passa por sua posição baixa? A gravidade local vale 10 m/s². (A) √5 9 𝑚/𝑠 (B) √2 6 𝑚/𝑠 (C) √5 6 𝑚/𝑠 (D) 1 6 𝑚/𝑠 (E) 1 9 𝑚/𝑠
Comentários:
Para o pêndulo + carrinho, podemos fazer a conservação da energia do instante inicial até o instante em que o pêndulo atinge a posição mais baixa:
𝑚𝑔𝐿(1 − 𝑐𝑜𝑠60°) =𝑚𝑣 2 2 + 𝑀𝑉2 2 𝑚𝑔𝐿(1 − 𝑐𝑜𝑠60°) =𝑚𝑣 2 2 + 9𝑚𝑉2 2 10 ⋅ 0,5 ⋅ (1 − 0,5) =𝑣 2 2 + 9𝑉2 2 5 = 𝑣2+ 9𝑉2
Como o sistema carrinho + pêndulo está isolado, há conservação da quantidade de movimento: 𝑚 ⋅ 𝑣 = 𝑀 ⋅ 𝑉
𝑚 ⋅ 𝑣 = 9𝑚 ⋅ 𝑉 𝑣 = 9𝑉 Substituindo na relação anterior, temos:
5 = 81𝑉2+ 9𝑉2 𝑉² = 1/18
𝑉 =√2 6 𝑚/𝑠
Gabarito: B
26. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Considere um bloco de dimensões 𝑎 = 1 𝑚 e 𝑏 = √3 𝑚 que foi colocado sobre um plano inclinado áspero de coeficiente de atrito 𝜇 = 1. Quando o bloco é colocado no plano inclinado, com 𝛼 = 30° inicial, o bloco permanece em repouso sem tombar nem deslizar. O plano inclinado vai
aumentando sua inclinação muito lentamente. O que ocorrerá com bloco?
(A) Com o aumento gradativo do ângulo de inclinação, o bloco irá deslizar antes que tombe. (B) Com o aumento gradativo do ângulo de inclinação, o bloco irá tombar antes que deslize. (C) O bloco nunca tombará para qualquer que seja 0 ≤ 𝛼 < 90°.
(D) O bloco nunca deslizará para qualquer que seja 0 ≤ 𝛼 < 90°. (E) O bloco deslizará quando 30° ≤ 𝛼.
Comentários:
Análise da tendência de escorregamento.
Para a situação em que o bloco irá escorregar temos
{𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝛼𝑁 = 𝑚𝑔𝑐𝑜𝑠𝛼1= 𝑓𝑎𝑡 = 𝜇𝑁
1
→ {𝑚𝑔𝑠𝑒𝑛𝛼1= 𝜇 ⋅ 𝑚𝑔𝑐𝑜𝑠𝛼1 𝑡𝑔𝛼1= 𝜇 = 1
𝛼1= 45° Análise da tendência de tombamento.
Para a situação em que o bloco irá tombar, a força peso do bloco passará pelo vértice esquerdo inferior do bloco.
𝑡𝑔𝛼2= 𝑏 2 𝑎 2 =𝑏 𝑎= √3 1 𝛼2= 60°
Como o ângulo de tombamento é maior que o ângulo de deslizamento, o bloco irá deslizar antes de tombar.
Gabarito: A
27. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Considere a situação em que duas máquinas térmicas são acopladas. A primeira máquina térmica recebe 500 J de uma fonte quente e realiza um trabalho de 200 J. O calor rejeitado para fonte fria, pela primeira máquina térmica, é totalmente recebido pela segunda máquina térmica, como calor da fonte quente para essa segunda. Se essa máquina tem a metade do rendimento da primeira máquina, qual será o trabalho realizado por ela?
(A) 100 J (B) 80 J (C) 60 J (D) 40 J (E) 20 J
Comentários:
Para a primeira máquina, temos:
𝑄𝐻,1 = 𝜏1+ 𝑄𝐶,1 500 = 200 + 𝑄𝐶,1
𝑄𝐶,1 = 300 𝐽 O Rendimento da primeira máquina é dado por:
𝜂1= 𝜏1 𝑄𝐻,1= 200 500= 2 5
Para a segunda máquina, temos:
𝑄𝐻,2= 𝑄𝐶,1= 300 𝐽
O Rendimento da segundo máquina é dado por:
𝜂2= 𝜏2 𝑄𝐻,2= 1 2⋅ 𝜂1= 1 5 𝜏2 300= 1 5 𝜏2= 60 𝐽 Gabarito: C
28. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Qual deve ser a capacitância C para que que a capacitância equivalente entre A e B seja igual a C?
(A) 8 𝜇𝐹 (B) 4 𝜇𝐹 (C) 12 𝜇𝐹 (D) 6 𝜇𝐹 (E) 2 𝜇𝐹
Comentários:
A capacitância equivalente do circuito entre A e B é dada por:
𝐶𝑒𝑞=
(𝐶 + 4)⋅ 8 (𝐶 + 4) + 8 Essa capacitância deve ser igual a C.
(𝐶 + 4)⋅ 8 𝐶 + 12 = 𝐶 𝐶2+ 12𝐶 = 8𝐶 + 32
𝐶2+ 4𝐶 − 32 = 0 𝐶 = −8 𝑜𝑢 𝐶 = 4 Desta maneira, temos:
𝐶 = 4 𝜇𝐹
Gabarito: B
29. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Uma partícula de carga 𝑞 = 5 𝐶 é impulsionada com uma velocidade com módulo 1600 m/s, direção radial (o fio é o centro dessa circunferência) e sentido de afastamento do centro. O fio infinito carrega uma corrente 𝑖 = 200 𝐴. Se a distância 𝑑 = 4 𝑐𝑚, qual é o valor da força magnética sobre a partícula do instante mostrado na figura abaixo?
(A) 64 𝑁 (B) 32 𝑁 (C) 16 𝑁 (D) 8 𝑁 (E) 4 𝑁
Comentários:
O campo magnético gerado por um fio sempre é tangente às linhas de campo circulares. Desta maneira, o campo é perpendicular à qualquer linha radial e, portanto, será perpendicular à velocidade. O módulo do campo gerado é dado por:
𝐵 =𝜇0⋅ 𝑖 2𝜋𝑑 =
4𝜋 ⋅ 10−7⋅ 200
2𝜋 ⋅ 4 ⋅ 10−2 = 10−3 𝑇 Desta maneira, a força magnética é dada por:
𝐹 = 𝑞 ⋅ 𝑉 ⋅ 𝐵 ⋅ 𝑠𝑒𝑛90° 𝐹 = 5 ⋅ 1600 ⋅ 10−3⋅ 1
𝐹 = 8 𝑁
Gabarito: D
30. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) Um bloco de massa m se encontra em repouso sobre uma superfície sem atrito. No instante 𝑡0 o bloco recebe um impulso 𝐼⃗⃗ 0 em uma direção paralela a superfície sem atrito. Em um instante 𝑡1 o bloco recebe um impulso 𝐼⃗⃗ 1, que é paralelo e tem a mesma direção que 𝐼⃗⃗ 0. Em um instante de tempo 𝑡 > 𝑡1, qual é a distância total já percorrida pelo bloco?
(A) 𝐼0 𝑚𝑡1 (B) 𝐼0 𝑚𝑡 (C) 𝐼0 𝑚(𝑡 − 𝑡1) (D) 𝐼0 𝑚(𝑡 − 𝑡0)+ 𝐼1 𝑚(𝑡 − 𝑡1) (E) 𝐼0 𝑚(𝑡1− 𝑡0) Comentários:
Ao receber o primeiro impulso temos:
𝐼0= 𝑚 ⋅ 𝑣 𝑣 =𝐼0
𝑚 A distância percorrida até o instante 𝑡1 é dada por:
𝑑1= 𝑣 ⋅(𝑡1− 𝑡0)=𝐼0
𝑚(𝑡1− 𝑡0) Ao receber o segundo impulso:
𝐼1= 𝑚 ⋅ 𝑉 − 𝑚 ⋅ 𝑣 𝑉 =𝐼0+ 𝐼1
𝑚 A distância percorrida até o instante t:
𝑑2= 𝑉 ⋅(𝑡 − 𝑡1)=𝐼0+ 𝐼1
𝑚 (𝑡 − 𝑡1) Assim, a distância total é dada por:
𝐷 = 𝑑1+ 𝑑2 𝐷 =𝐼0 𝑚(𝑡1− 𝑡0) + 𝐼0+ 𝐼1 𝑚 (𝑡 − 𝑡1) 𝐷 =𝐼0 𝑚(𝑡 − 𝑡0)+ 𝐼1 𝑚(𝑡 − 𝑡1) Gabarito: D
31. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) A tabela abaixo mostra a lista de aparelhos domésticos de um apartamento do alojamento da EsPCEx.
Aparelho Doméstico Potência do Aparelho Voltagem da tomada em que está ligado Lâmpada 11 W 110 V Geladeira 440 W 220 V Forno elétrico 1540 W 220 V Microndas 1100 W 110 W Processador de alimentos 990 W 110 W
O disjuntor do apartamento suporta uma corrente máxima de 20 A. Considere que há 20 lâmpadas no apartamento. Se 10 lâmpadas estiverem ligadas e todos os aparelhos estiverem ligados ao mesmo tempo,
(A) a chave do disjuntor cairá e, portanto, para que ela não cai em outra ocasião, devemos ligar todos os aparelhos exceto o forno elétrico.
(B) chave do disjuntor não cairá.
(C) a chave do disjuntor cairá e, portanto, para que ela não cai em outra ocasião, devemos ligar todos os aparelhos e as 10 lâmpadas, exceto o processador de alimentos.
(D) a chave do disjuntor cairá e, portanto, para que ela não cai em outra ocasião, devemos ligar todos os aparelhos exceto a geladeira.
(E) chave do disjuntor não cairá. Entretanto, se acendermos todas as lâmpadas, a chave do disjuntor cairá.
Comentários:
Se todos os aparelhos e as 10 lâmpadas estiverem ligadas a corrente será: 𝑖 = 10 11 110+ 440 220+ 1540 220 + 1100 110 + 990 110= 29 𝐴 Desta maneira, com as 10 lâmpadas o disjuntor já cairá.
Percebemos que a corrente gerada pelo processador é exatamente a diferença entre a corrente máxima e a corrente total acima.
Deste modo, se ligarmos todos os aparelhos, exceto o processador, e as 10 lâmpadas a corrente será exatamente de 20 A.
32. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Vinicius Fulconi) O período da terra ao redor do sol é TO. Se
considerarmos que estivesse em uma órbita a uma distância que a metade de sua distância inicial, quanto tempo demoraria a dar meia volta nessa nova órbita?
(A) 𝑇𝑂√2 16 (B) 𝑇𝑂 4 (C) 𝑇𝑂√2 2 (D) 𝑇𝑂√2 8 (E) 𝑇𝑂√2 4 Comentários:
Para um mesmo astro, podemos fazer a seguinte relação: 𝑇2 𝑎3 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑇02 𝑎3 = T2 (𝑎2)3
O tempo para dar meio volta é dado por T/2:
∆𝑡 =𝑇𝑂√2 8
QUÍMICA
Questões de
Química
Resolvidas e comentadas por: Prof. Thiago Cardoso
33. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) A matéria pode ser encontrada em três estados: sólido, líquido e gasoso. O que determina o estado em que a matéria se encontra é o grau de agregação das partículas que a constitui. A respeito dos diferentes estados físicos da matéria, são feitas as seguintes afirmações:
I – Toda mistura de gases é homogênea.
II – Os sólidos podem passar diretamente para o estado gasoso a pressões inferiores à pressão do ponto triplo. III – Os gases e vapores podem ser transformados em líquidos por meio de compressão.
IV – O estado sólido é o estado de maior agregação das partículas. Das afirmações acima, está (ão) CORRETA(S):
(A) Apenas I, II e IV. (B) Apenas I e III. (C) Apenas II, III e IV. (D) Apenas II e IV. (E) I, II, III e IV.
Comentários:
Vamos analisar as afirmações propostas pelo enunciado.
I – É isso mesmo. Toda mistura de gases é homogênea. Como não há forças intermoleculares no estado gasoso, não há nada que impeça as moléculas de se misturarem completamente. Afirmação correta.
II – Podemos ver no diagrama de fases que a sublimação acontece a baixas pressões, como mostrado a seguir.
Afirmação correta.
III – A diferença entre os gases e os vapores é que os gases não podem ser liquefeitos por compressão. Afirmação incorreta.
IV – É isso mesmo. O estado sólido é o de maior agregação. Afirmação correta.
34. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) Em motores desregulados de veículos, a combustão da gasolina pode ser incompleta com intensa produção de CO em lugar de CO2. A combustão incompleta prejudica o
rendimento do motor. Considere os seguintes dados:
ΔHf0 (kJ/mol) –250 kJ/mol –110 kJ/mol –394 kJ/mol –286 kJ/mol
Substância C8H18 () CO (g) CO2 (g) H2O ()
Com relação a essa situação, são feitas as seguintes afirmações:
I – Além de reduzir o calor liberado na combustão, a produção de monóxido de carbono pode causar problemas de saúde nos seres humanos, porque esse gás é bastante tóxico.
II – A redução percentual da energia liberada na combustão incompleta com produção de CO em relação à combustão completa é igual a aproximadamente 27,9%.
III – A energia liberada na combustão completa de 228 g de iso-octano é igual a 10.952 kJ. IV – A combustão completa de 228 g de C8H18 requer 280 L de O2 nas CNTP.
Dado: Volume Molar nas CNTP = 22,4 L.mol–1
Das afirmações acima, está (ão) CORRETA(S): (A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III. (C) Apenas I, III e IV. (D) Apenas II, III e IV. (E) Apenas II e IV.
Comentários
Vamos analisar as afirmações.
I – De fato, o monóxido de carbono é bastante tóxico, pois se liga à hemoglobina de forma estável. II – Vamos, primeiramente, escrever as equações balanceadas de combustão completa e incompleta:
𝐶8𝐻18+25
2 𝑂2→ 8 𝐶𝑂2+ 9 𝐻2𝑂 𝐶8𝐻18+
17
2 𝑂2→ 8 𝐶𝑂 + 9 𝐻2𝑂
Podemos utilizar a definição de variação de entalpia para calcular a variação de entalpia da combustão completa. Δ𝐻 = 𝐻𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠− 𝐻𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠= [8. 𝐻𝐶𝑂2+ 9. 𝐻𝐻2𝑂] − [𝐻𝐶8𝐻18+25 2 ⋅ 𝐻𝑂2] Δ𝐻 = [8. (−394) + 9. (−286)] − [−250 +25 2 ⋅ 0] Δ𝐻 = [(−3152) − 2574] − [−250 + 0] Δ𝐻 = [−5726] − [−250 + 0] = −5476 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙 E, agora, podemos calcular a variação de entalpia da combustão incompleta.
Δ𝐻 = 𝐻𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠− 𝐻𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠= [8. 𝐻𝐶𝑂+ 9. 𝐻𝐻2𝑂] − [𝐻𝐶8𝐻18+17 2 ⋅ 𝐻𝑂2] Δ𝐻 = [8. (−110) + 9. (−286)] − [−250 +25 2 ⋅ 0] Δ𝐻 = [(−880) − 2574] − [−250 + 0] Δ𝐻 = [−3454] − [−250 + 0] = −3204 𝑘𝐽/𝑚𝑜𝑙
Por fim, podemos calcular o potencial de redução como a razão entre a redução da energia liberada e a energia liberada na combustão completa.
%𝑅𝑒𝑑 =5476 − 3204
5476 =
2272
5476≅ 0,414 = 41,4% Portanto, o percentual de redução seria 41,4%.
Gabarito: B
35. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) O radioisótopo 9943Tc*, cujo tempo de meia vida é
igual a 6 horas, é bastante utilizado no tratamento de tumores. Para ser administrada em um paciente, deve ser introduzida uma dose entre 2 ppm. O paciente, por sua vez, só pode ser liberado da UTI quando a concentração desse nuclídeo for inferior a 0,1 ppm. Determine o tempo de internação mínimo necessário para a liberação do paciente após o início do procedimento cirúrgico. Dado: log 2 = 0,30. (A) 13 horas (B) 16 horas (C) 18 horas (D) 22 horas (E) 26 horas Comentários
Os decaimentos radioativos seguem um decaimento exponencial. Então, podemos escrever: 𝑚 = 𝑚0⋅ (
1 2)
𝑁
Substituindo os dados fornecidos no enunciado, temos: 0,1 = 2 ⋅ (1 2) 𝑁 ∴ (1 2) 𝑁 =0,1 2 = 1 20 ∴ 2𝑁= 20
Podemos utilizar a propriedade de mudança de base dos logaritmos para resolver essa equação exponencial. 𝑁 = log220 =log 20 log 2 = log 2 + log 10 log 2 = 0,3 + 1 0,3 = 1,3 0,3
Esse é o número de meias vidas que se decorram. Como o tempo de meia vida é conhecido no enunciado, podemos calcular o tempo total decorrido.
𝑁 = 𝑡 𝑡1/2= 1,3 0,3∴ 𝑡 = 1,3 0,3⋅ 𝑡1/2 𝑡 =1,3 0,3⋅ 6 = 13 3 ⋅ 6 = 13 ⋅ 2 = 26 ℎ Gabarito: E
36. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) Considere as seguintes espécies químicas: I – Ácido Cianídrico (HCN).
II – Tri-iodeto (I3–)
III – Dióxido de enxofre (SO2).
IV – Dióxido de carbono (CO2).
V – Amideto (NH2–)
São angulares: (A) Apenas I e IV. (B) Apenas II e V. (C) Apenas III e IV. (D) Apenas III e V. (E) Apenas I e II.
Comentários
Uma espécie química triatômica será linear quando possui 0 ou 3 pares de elétrons não ligantes. Por outro lado, ela é angular quando possui 1 ou 2 pares de elétrons não ligantes. Esse é o caso do dióxido de enxofre (SO2) e o do íon amideto
(NH2–).
Gabarito: D
37. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) O gás hidrogênio é um dos combustíveis mais pesquisados a nível mundial, por ser um combustível bastante limpo e que possui um elevado poder calorífico. Uma das técnicas mais utilizadas para a sua produção consiste na obtenção do gás de água, que pode ser obtido pela reação entre o gás natural e o vapor de água a quente.
CH4 (g) + H2O (g) → CO (g) + 3 H2 (g) ΔH > 0
Sabendo que a reação de produção do gás hidrogênio é endotérmica, considere as seguintes propostas para aumentar o teor de gás hidrogênio produzido:
I – Aumentar a pressão do vapor de água. II – Adicionar um catalisador.
III – Aumentar a temperatura. IV – Aumentar a pressão.
São efetivos para aumentar a quantidade de gás hidrogênio produzido: (A) Apenas I e II.
(B) Apenas I e III. (C) Apenas II e III. (D) Apenas II e IV. (E) Apenas IV.
Comentários
Vamos analisar as afirmações à luz do Princípio de Le Chatelier:
I – A adição de um dos reagentes provocará o deslocamento do equilíbrio no sentido dos produtos, aumentando o rendimento de gás hidrogênio. Afirmação correta.
II – O uso de um catalisador não provoca alteração no equilíbrio, apenas na velocidade com que ele é atingido. Afirmação incorreta.
III – O aumento de temperatura favorece o sentido endotérmico, que é o sentido de produção de gás hidrogênio. Afirmação correta.
IV – O aumento de pressão favorece o sentido com menor número de mols de gás, que, nesse caso, é o sentido dos reagentes. Logo, isso prejudica o rendimento da produção de gás hidrogênio. Afirmação incorreta.
Gabarito: B
38. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) O peróxido de hidrogênio se decompõe liberando água e gás oxigênio, por meio da seguinte reação, que é catalisada por íons iodeto.
2 H2O2 (aq) → 2 H2O (l) + O2 (aq)
Para fins de estudos cinéticos sobre a reação, foram realizados diversos experimentos com diferentes concentrações das espécies químicas envolvidas na reação e registradas comum velocidades iniciais. Esses dados anotados na tabela a seguir:
Experimento [H2O2] (mol/L) [I–] (mol/L) v (mol.L–1.s–1)
I 0,100 0,020 0,400
II 0,200 0,020 0,800
III 0,200 0,040 1,600
Assinale a alternativa que indica o (A) v = k[H2O2] (B) v = k[H2O2].[I–] (C) v = k[H2O2]² (D) v = k[H2O2]² .[I–] (E) v = k[H2O2].[I–]² Comentários
O modo mais simples de resolver as questões de ordem de reação é procurando dois experimentos em que somente a concentração de um dos reagentes varia.
Entre os experimentos I e II, somente a concentração de H2O2 varia. Assim, podemos escrever que a razão entre
as velocidades de reação nos dois experimentos é igual à razão entre as concentrações do reagente em questão elevada à sua ordem de reação.
𝑣𝐼𝐼 𝑣𝐼 =
(
[
𝐻2𝑂2]
𝐼𝐼[
𝐻2𝑂2]
𝐼)
𝛼 0,800 0,400=(
0,200 0,100)
𝛼 2 = 2𝛼∴ 𝛼 = 1Entre os experimentos II e III, somente a concentração de íon iodeto varia. 𝑣𝐼𝐼𝐼 𝑣𝐼𝐼 =
(
[
𝐼−]
𝐼𝐼𝐼[
𝐼−]
𝐼𝐼)
𝛽 1,600 0,800=(
0,040 0,020)
𝛽 2 = 2𝛽∴ 𝛽 = 1Substituindo as ordens de reação calculadas na lei de velocidade, temos: 𝑣 = 𝑘[𝐻2𝑂2][𝐼−]
Gabarito: B
39. (Estratégia Militares 2021 – Inédita – Prof. Thiago Cardoso) A talidomida é uma substância usualmente utilizada como medicamento sedativo e anti-inflamatório. Porém, ela deve ser evitada durante a gravidez, porque pode ocasionar má formação fetal. Sua fórmula estrutural está expressa a seguir:
N O O N H O O A respeito da estrutura anterior, são feitas as seguintes afirmações: I – A talidomida apresenta um único carbono quiral.
II – Apresenta as funções amida, cetona e amina.
III – Apresenta um anel aromático e dois anéis heterocíclicos não aromáticos. IV – Todos os ciclos apresentam unicamente carbonos sp³.
V – A fórmula molecular da talidomida é C13H10N2O4.
Das afirmações acima, está (ão) CORRETA (S): (A) Apenas I, II e IV.
(B) Apenas I, II e V. (C) Apenas I, III e V. (D) Apenas II, IV e V. (E) Apenas II, III e V.
Comentários
Vamos analisar as afirmações.
I – De fato, a maior parte dos átomos de carbono da talidomida são sp², pois formam uma ligação dupla, logo, eles não podem ser quirais. Dentre os átomos sp³, dois deles estão ligados a dois hidrogênios, formando grupos – CH2 –,
