RELAÇÃO
DE
AJUDA
Ana A.Queiroz
OS CONHECIMENTOS
. SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DA ENFERMEIRA
. SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DA PESSOA QUE NECESSITA DE AJUDA
. SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DA INTERACÇÃO
AS HABILIDADES
. RELACIONADAS COM O CONTACTO, ESPECIALMENTE O QUE SE FAZ ATRAVÉS DOS SENTIDOS
. QUE VISAM O RECONHECIMENTO DAS MENSAGENS CONCEPTUAIS E AFECTIVAS
. AS DE COMUNICAÇÃO VERBAL E NÃO VERBAL
. AS DE ACOMPANHAMENTO DOS PROCESSOS PRESENTES AO LONGO DE TODA A RELAÇÃO DE AJUDA
AS ATITUDES . A COMPREENSÃO EMPÁTICA . O RESPEITO CALOROSO . A AUTENTICIDADE. A ESPECIFICIDADE . A IMEDIATICIDADE. A CONFRONTAÇÃO
CONCEITO DE RELAÇÃO DE AJUDA
Chalifour (1989)[1] apresenta o seguinte conceito:
A relação de ajuda consiste numa interacção particular entre duas pessoas, o interveniente e o utente, cada um contribuindo
pessoalmente para a procura e a satisfação de uma necessidade de ajuda apresentada por este último. Isto supões que o interveniente adopte um modo de ser e de comunicar que esteja de acordo com o objectivo que se procura atingir. Estes objectivos são por um lado colocados pelos pedidos expressos pelo beneficiário e por outro lado a partir da compreensão que o profissional (ajudante) tem do seu papel.
A relação de ajuda ou comunicação terapêutica ultrapassa os contactos de carácter funcional necessários aos cuidados quotidianos junto do doente.
[1] Adaptado de J.Chalifour-La relation d’aide en soins infirmiers: une
perspective holistique-humaniste, Boucherville, Gaetan Morin Éditeur, 1989, pg.18.
OBJECTIVOS DA RELAÇÃO DE AJUDA
• Lazure
[1]
(1994: 14) aponta os seguintes objectivos da
relação de ajuda:
• 1) ultrapassar uma provação;
• 2) resolver uma situação actual ou potencialmente
problemática;
• 3) encontrar um funcionamento pessoal mais
satisfatório;
• detectar o sentido da existência
[1]
LAZURE, Hèléne-Viver a relação de ajuda. Lisboa,
COMPREENSÃO EMPÁTICA
SEGUNDO GORDON, citado por Chalifour é: "UM
PROCESSO PELO QUAL UMA PESSOA É CAPAZ,
DE UM MODO IMAGINÁRIO, DE SE COLOCAR NO
PAPEL E NA SITUAÇÃO DE UMA OUTRA PESSOA
A FIM DE APREENDER OS SENTIMENTOS,
PONTOS DE VISTA, ATITUDES E TENDÊNCIAS
PRÓPRIAS DO OUTRO, NUMA DADA SITUAÇÃO ."
COMO É QUE EU ME SENTIRIA OU AGIRIA NESTA
SITUAÇÃO SE EU ESTIVESSE NO SEU LUGAR ?
MODOS DE MANIFESTAR
ACOMPREENSÃO EMPÁTICA
• ATRAVÉS DE :
• Técnicas de comunicação não verbal
• Técnicas de comunicação verbal
. Reflexo simples ou reiteração
. Reformulação ou reflexo do
sentimento
ALGUMAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO VERBAL:
A REITERAÇÃO OU REFLEXO.
A REFORMULAÇÃO OU REFLEXO DO SENTIMENTO.
A ELUCIDAÇÃO.
A SÍNTESE.
A QUESTÃO.
O FEEDBACK-RETROACÇÃO.
A REVELAÇÃO DE SI.
A OPINIÃO E A INFORMAÇÃO.
A CONFRONTAÇÃO.
ALGUMAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL
O SILÊNCIO.
O PALADAR.
O OLFACTO.
O OLHAR.
O MOVIMENTO.
A MÍMICA.
AS DISTÂNCIAS.
AS POSIÇÕES.
O TOCAR.
A VOZ.
O CONVITE A PROSSEGUIR.
CONDIÇÕES QUE FAVORECEM A PRESENÇA
DA
ATITUDE DE COMPREENSÃO EMPÁTICA
CAPACIDADES NATURAIS DE ESCUTA DE TODAS AS PESSOAS QUE QUEREM SER DE AJUDA:
. Honestidade . Serenidade
. Acolhedora, cuidadosa . Atenta
. Capaz de estar próxima dos outros - Distâncias, posições corporais, escolha do local, valorizar todos os momentos . Expressiva - Gestos, tom de voz, toque, olhar, silêncio . Estar atenta aos juízos de valor
. Estar atenta a sua necessidade de se sentir competente / segura de si própria
O QUE É RESPEITAR?
• “RESPEITAR UM SER HUMANO É ACREDITAR
PROFUNDAMENTE QUE ELE É ÚNICO, E QUE DEVIDO
A ESSA UNICIDADE SÓ ELE POSSUI TODO O
POTENCIAL ESPECÍFICO PARA APRENDER A VIVER
DA FORMA QUE LHE É MAIS SATISFATÓRIA”Lazure,
op.cit., p.51
• O Respeito Caloroso:
• “Atitude do ajudante que reconhece que o utente é único,
no seu modo de estar no mundo e que este modo de ser é
digno de interesse e merece reconhecimento e valorização
acima de tudo”. CHALIFOUR, 1989, e AUGER, 1972.
A Imediaticidade
• Atitude do ajudante pela qual este último está
atento ao momento presente da relação e
reconhece no seu propósito e no do utente as
mensagens que parecem ter mais ou menos
directamente ligação com a relação em curso.
• Além disso, o ajudante que possui esta atitude
reconhece como, nesta relação, se manifestam
as dificuldades vividas pelo ajudado.
A EMPATIA E OS SEUS DIFERENTES
NÍVEIS
• aptidão empática: capacidade para a empatia («eu» poderia ser
«tu»), presente num cérebro normal.
• atitude empática: disposição da pessoa (em relação com a
vontade e os valores) para captar o marco de referência
interiordo outro, os sentimentos e os significados (CarlRogers).
(CULTIVADA PESSOALMENTE)
• dimensão comportamental da atitude empática (Formação/ Treino)
• 1. escuta activa ou verdadeira compreensão empática: habilidade de atender, observar, escutar, acolher, centrado na pessoa que comunica.
• 2. resposta empática: habilidade de comunicar verbal e não verbalmente o compreendido mediante diferentes modos de responder (reflexo simples, reformulação e elucidação)
O QUE PODEM “DIZER” AS EXPRESSÕES
FACIAIS !…
O PODER DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
PODE-SE DIMINUIR A OUTRA
O reflexo simples ou reiteração
• Esta forma elementar do reflexo dirige-se ao
conteúdo estritamente manifesto da comunicação.
Ela é geralmente breve e consiste quer em resumir a
comunicação do cliente, quer em realçar um
elemento saliente, quer simplesmente, em
reproduzir as últimas palavras e maneira a facilitar a
continuação da narração.
• Sublinhar uma palavra chave
• Sublinhar um aspecto da frase
Exemplo…
• Ex.: O Utente: “Faz já cinco anos que
tomo estes medicamentos e sinto-me
sempre deprimido”.
• Enfermeira: “Cinco anos” ou “O Senhor
não sente nenhuma mudança”.
A Reformulação ou o Reflexo do
Sentimento
Comparando com a reiteração, esta técnica é de algum
modo uma manifestação de uma compreensão um
pouco mais elevada daquilo que o cliente comunica. Ela
tem por objectivo extrair do conteúdo comunicado o “
sentimento inerente a essas palavras e a comunicar-lho,
sem lho impor “ (Rogers, 1969, p. 75)
Principiar a frase
Implicar
Incluir
Nomear
Exemplo…
• Utente,: “depois que eu cheguei ao centro de
acolhimento, os meus filhos não me vieram mais
ver, eu tenho a impressão de que já não existo
e que eles já se esqueceram de tudo o que fiz,
por eles todos estes anos”.
• Enfermeira: “depois que chegou aqui, sente a
ausência dos seus filhos e o senhor está
desiludido pela sua falta de reconhecimento
pelo seu esforço.”
A Elucidação
• “ a elucidação visa realçar os sentimentos e as
atitudes que não decorrem das palavras do sujeito,
mas que podem razoavelmente ser deduzidas da
comunicação ou do seu contexto. “ (Rogers e
Kinget, 1969, p. 93-94).
• Este modo de intervir é próximo da interpretação.
• Na elucidação, a intervenção da enfermeira decorre,
ou pode logicamente basear-se no que ela conhece
do cliente e do que ele comunica.
• Trata-se de um reenquadramento que permite
reconsiderar a mesma situação sob um ângulo
diferente.
Exemplo…
• Cliente: “eu prefiro ficar na minha cama
em vez de falar com o doentes confusos
que repisam a mesma coisa claramente
todo o dia”.
• Enfermeira: “de facto, o que me diz, é que,
sendo o senhor o único utente deste
serviço a ter um discurso coerente,
prefere ficar sozinho na sua cama”.
Os três modos de reflexo que acabam de ser
descritos, serão pertinentes, se eles respeitarem,
as regras seguintes:
• -Utilizar o tipo de reflexo que convém melhor, tendo em conta o objectivo visado, da compreensão da vivência do cliente e da qualidade do contacto.
• -Estas técnicas, como todas as técnicas de comunicação, devem ser utilizadas com precisão e economia. A sua má utilização pode ter um efeito, de todo contrário ao desejado. Assim, se elas são utilizadas com imprecisão, elas não fazem senão distrair o cliente e afastá-lo da sua vivência. Se elas são utilizadas de modo estereotipado e abusivo, elas podem incomodar o cliente e deixar-lhe pouco espaço para se fazer valer na compreensão da sua própria vivência.
• -Estas técnicas têm um impacto real sobre a ajuda que elas podem trazer ao cliente à descoberta de ele mesmo. Não será de admirar que a sua utilização provoque certas reacções emotivas.
• A enfermeira deve, portanto, ser capaz, de acompanhar o cliente
nesta experiência. Se ela não se sente disponível ou competente para o fazer, será mais razoável não utilizar tais técnicas.
OS MODOS DE ESCUTA NO DECURSO DE
UMA ENTREVISTA
•
O ACOLHIMENTO• A RECIPROCIDADE E A PARTILHA • A SIMPATIA
• A OPINIÃO, A INTERPRETAÇÃO E O DIAGNÓSTICO
• O JULGAMENTO DE VALOR OU A AVALIAÇÃO DE ORDEM
MORAL
• O CONSELHO, A SUGESTÃO E A PRESCRIÇÃO • O APOIO E A CONSOLAÇÃO
• EXPLORAÇÃO E CLARIFICAÇÃO • A INVESTIGAÇÃO
PARA QUE A ENFERMEIRA COMPREENDA A TOTALIDADE DA MENSAGEM QUE O UTENTE LHE ESTÁ A COMUNICAR PRECISA
DE SABER ESCUTAR (O que inclui a CLARIFICAÇÃO) QUER o conteúdo conceptual quer o conteúdo afectivo.
A ENFERMEIRA CLARIFICA E AJUDA O UTENTE A CLARIFICAR, ISTO É A TORNAR MAIS PRECISA, MAIS CONCRETA A MENSAGEM, QUER AS PALAVRAS QUE SÃO USADAS, QUER OS PENSAMENTOS EXPRESSOS, QUER OS SENTIMENTOS MANIFESTOS.
GENERALIZAÇÕES, ABSTRACÇÕES E TERMOS IMPRECISOS NÃO AJUDAM À CLARIFICAÇÃO.
A CLARIFICAÇÃO VISA A IDENTIFICAÇÃO MAIS CONCRETA DE PERCEPÇÕES, SENTIMENTOS, EXPERIÊNCIAS RELACIONADAS COM O PROBLEMA ACTUAL DO UTENTE.
Deixar o utente exprimir-se em termos impessoais, abstractos e vagos não ajuda a desenvolver a sua capacidade de clarificação, nem a clarificar os elementos do problema. Tanto o utente como a enfermeira ficam confusos se nem um nem outro progredirem na capacidade de clarificar e de ajudar na clarificação.
Albertina Leal***, Ana Albuquerque Queirós**, José Portugal***,RosaMadeira*
* Enfermeira Chefe do Bloco de Partos da MDM, **Professora Coordenadora da ESEBB, ***Enfermeiros Especialistas de SMO do Bloco de Partos da MDM
Os Enfermeiros de Bloco de Partos estão a interagir de forma assertiva com as parturientes e seus acompanhantes?
ENTÃO:
Mostram interesse pela parturiente;
Favorecem a expressão de sentimentos;
Centram-se na interacção, eliminando juízos de valor, presunções, preocupações pessoais e outras distracções;
Mostram sensibilidade e respeito perante as emoções;
Evitam barreiras à escuta activa, tais como:
minimização de sentimentos
oferta de soluções simples
interrupções
falar de si próprio
terminar de forma prematura.
A Relação de Ajuda é um garante da qualidade dos cuidados de enfermagem!
O enfermeiro para conseguir estabelecer a relação de ajuda deve acima de tudo compreender o outro, para isso deve saber comunicar de forma útil, intencional e sistemática.
BIBLIOGRAFIA
LAZURE, Helen –Viver a relação de ajuda, Lusodidacta, Lisboa, 1994, 1ª Ed., 214 p.
PHANEUF, Margot – Relação de ajuda: elemento de competência da enfermeira, Coimbra, Cuidar, 1995, 1ª Ed., 5 p.
PROJECTO DE INTERVENCIONES IOWA, Classificación de Intervenciones de Enfermeria (CIE). BULECHER, G.M., J.C. (Eds). (1985). Nursing Interventions Classification (NIC). Philadelphia: W. B. Saunders.
QUEIRÓS, Ana Albuquerque – Empatia e respeito, Quarteto Editora, Coimbra, 1999, 1ª Ed., p. 23 a 35.
O enfermeiro que respeita a parturiente acredita nela, escuta-a atentamente, abstém-se de a julgar, tenta compreender o seu ponto de vista, identifica os recursos da parturiente para que ela
os explore, manifestando-lhe afecto e apoio” “Respeitar a pessoa que tem necessidade de ajuda é agir de forma a comunicar-lhe que a respeitamos suficientemente para
tentarmos compreender exactamente o que ela vive”
“A necessidade humana mais profunda é a necessidade de respeito”
Estar em Relação de Ajuda “...engloba não só a presença física do enfermeiro junto da parturiente, mas
também todo o seu ser”
Relação de Ajuda “é uma relação na qual o que ajuda fornece à parturiente certas condições de que ela
necessita para satisfazer as suas necessidades básicas”