UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO | ARQ 5692 | 2017.02
INTEGRAÇÃO
ENTRE O SOCIAL,
O ECONÔMICO E O AMBIENTAL
DIRETRIZES
SUSTENTÁVEIS
NA CONCEPÇÃO
DA HABITAÇÃO
Graduanda Luísa Janssen Harger da Silva
Orientador Professor Dr. Fernando Simon Westphal
Florianópolis, 6 de dezembro de 2017.
CADERNO COMPLEMENTAR:
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO………...……….01
2. PROBLEMATIZAÇÃO……….………....02
3. OBJETIVOS………...………...05
4. CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE………...….……….………...07
Histórico ICES - Iniciativa Cidades Emergentes Sustentáveis Plano de Ação Florianópolis Sustentável Análise Crítica das Certificações de Sustentabilidade Certificações Utilizadas no Brasil 5. PILAR SOCIAL: PILAR SOCIAL………..…………...………17
Diretrizes do Desenho Universal O Porquê de Adotar o Desenho Universal na Habitação Abrangência do Desenho Universal Panorama Nacional: Pessoas com Deficiência ou Idosas Histórico Diretrizes do Desenho Universal na HIS no Estado de SP Estudo de Mobiliário Referência de Mobiliário Necessário por Cômodo 6. PILAR ECONÔMICO:PANORAMA HABITACIONAL BRASILEIRO ………..……..31
Déficit Habitacional Brasil Santa Catarina Florianópolis Histórico Ferramentas Para a Promoção da Habitação Principais Programas Habitacionais 7. PILAR AMBIENTAL……….………...39
7.1 ANÁLISE BIOCLIMÁTICA E CONFORTO AMBIENTAL PASSIVO………39 Carta Bioclimática
Carta Solar
Estratégias de Proteção Solar Estratégias de Aquecimento Solar Estratégias de Iluminação Natural Ventos Predominantes
Estratégias de Ventilação no Entorno do Edifício Estratégias de Ventilação Cruzada
Estratégias Pontuais de Ventilação Estratégias de Resfriamento Evaporativo Precipitação
Estratégias de Captação de Água da Chuva Umidade Relativa do Ar
Temperatura
Estratégias de Inércia Térmica
Estratégias de Condicionamento de Ar Nebulosidade
Conclusões
7.2 TECNOLOGIAS DE BAIXO IMPACTO………...59
ESTUDO DE TÉCNICAS CONSTRUTIVAS Construção Sustentável Racionalização de Recursos: Sistemas Pré-Fabricados Passo-A-Passo de um Sistema Pré-Fabricado Noções Estruturais Normatização Normas de Incêndio ESTUDO DE SISTEMAS EFICIENTES 8. ESTUDOS DE CASO………..………..….76
Habitação de Interesse Social em Florianópolis Programa Minha Casa Minha Vida Referência de Acessibilidade no MCMV Referências de Sustentabilidade no MCMV Conjunto Habitacional do Jardim Edite “Incrementabilidade” na HIS: QUINTA MONROY 9. ANÁLISE URBANA DE FLORIANÓPOLIS………..………..90
Cidade de Florianópolis Breve Histórico Sustentabilidade Urbana: Uso do Solo e Ordenamento Territorial Necessidades Habitacionais em Florianópolis O Distrito Sede Os bairros Saco dos Limões e Pantanal 10. ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO……….……….…101
11. ESTUDO DO PROGRAMA………...……….109
12. AGENDA DE SUSTENTABILIDADE ………..………..114
1.INTRODUÇÃO
O conteúdo deste caderno foi desenvolvido inicialmente na disciplina Introdução ao Projeto de Graduação (TCC 1), e teve continuidade no semestre seguinte (TCC2), conformando um registro da pesquisa realizada ao longo de todo o Trabalho de Conclusão de Curso, a ser atualizado e consultado continuamente, até o momento da conclusão e entrega do trabalho.
As informações necessárias para compreensão do trabalho estão compiladas na Prancha Final. As referências teóricas, projetuais e práticas aqui abordadas, porém, compõem o embasamento teórico do projeto.
2. PROBLEMATIZAÇÃO
A problematização parte da percepção de que muitos projetos arquitetônicos atendem a um critério em detrimento de outro, o que muitas vezes satisfaz o campo teórico mas impacta negativamente na prática a qualidade de vida de seus usuários, e o meio ambiente. Em termos de habitação, é frequente haver um atendimento à demanda quantitativa porém não à qualitativa. A falta de acessibilidade, o alto impacto ambiental da construção, a necessidade de adaptações à medida que o usuário utiliza a arquitetura ou a total incompatibilidade com a rotina diária, costumam ser ofuscadas pela celebração da estética, da metragem mínima ou do menor custo possível.
Falta de acessibilidade na solução proposta para portadores de necessidades especiais. (PMF, 2017) Entulho derivado da demolição de edificação em alvenaria.
A forma que se vem projetando tem inclusive contribuído para um contexto global caótico, onde recursos naturais são explorados de modo desenfreado, os ecossistemas e a saúde humana são afetados pela poluição, a qualidade de vida é prejudicada por condições insalubres, e a urbanização é demasiadamente afetada por desastres naturais.
A cada ano, a Global Footprint Network, consolidada instituição de pesquisa ambiental, calcula o chamado "Dia da Sobrecarga da Terra", data em que a demanda anual por recursos naturais excede o que o planeta pode regenerar a cada ano.
Em 2016, este dia foi 8 de agosto, ou seja, tudo que foi consumido após, nunca será regenerado, e um dia
simplesmente não estará mais
disponível. Foi a data registrada mais precoce, desde que o controle começou, como pode-se ver no gráfico ao lado.
Em 2017, esta data foi ainda mais cedo, 2 de agosto.
Dia de Sobrecarga da Terra. Fonte: Global Footprint Network (2017). Estima-se que a humanidade hoje consome os recursos de 1,6 planetas Terra, o que é conhecido como "pegada ecológica" - a quantidade de recursos naturais necessários para manter nosso estilo de vida. Neste contexto, a Global Footprint Network aponta o status de cada país. No gráfico abaixo, pode ver-se que a pegada ecológica do Brasil, indicada pela linha vermelha, aumentou consideravelmente ao longo dos anos. Nos anos 60, o Brasil possuía uma pegada ecológica abaixo de sua biocapacidade, indicada pela linha verde, mantendo assim uma reserva ecológica, indicada em preenchimento verde. A partir dos anos 70, passou a ter uma pegada ecológica alta, gerando um déficit ecológico, indicado em preenchimento vermelho, culminando numa pegada ecológica de cerca de 1,7 planetas Terra por ano.
Pegada Ecológica do Brasil X Biocapacidade em número de planetas Terra. Fonte: Global Footprint Network (2017). Segundo a sustainable social housing initiative (2017), das Nações Unidas, a construção civil é responsável por uma parte significativa do uso de energia global, consumo de recursos (mais de 30% em materiais e 20% em água), e pela geração de resíduos (30% dos sólidos e 20% das águas residuais). Além disso, o setor da
construção civil é também a fonte de mais de 30% das emissões globais dos
Dentro da construção civil, em especial em países emergentes como o Brasil, há forte demanda por habitação, precariamente atendida, gerando um déficit habitacional tanto quantitativo quanto qualitativo, apesar de o direito à habitação ser previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos, e na Constituição Brasileira.
Programas públicos de habitação de grande escala, buscando atender a
população mais afetada pelo déficit - a de menor poder aquisitivo - tem sido cada vez mais necessários, pois sabe-se que a habitação de qualidade e a integração social e urbana de seus moradores, é o primeiro passo rumo a uma sociedade menos desigual.
Porém é necessário pontuar, que o mercado em geral também precisa ser atendido com
soluções condizentes com sua diversa gama de usuários. A mudança no projetar e
construir precisa abordar toda a sociedade, e não apenas em iniciativas pontuais ou alternativas.
3. OBJETIVOS
A partir da problematização, pergunta-se, qual o papel de arquitetos e demais profissionais da construção civil, e planejamento urbano?
Especialmente na habitação, por sua abrangência, mas como também em todo e
qualquer projeto, a importância da sustentabilidade - o projetar para o hoje e garantir o amanhã - precisa ser enfatizada, pois erroneamente muitas vezes esta é reduzida à eficiência energética ou respeito ao meio ambiente em seu entorno imediato, e assim, é vista como algo acessório à construção civil, ao invés de algo essencial e orientador. Além disso, como é abordado no livro Designing for Hope: Pathways to Regenerative Sustainability (2014), mesmo quando há clareza quanto à abrangência e a importância da sustentabilidade, certas vezes a busca pela mesma é deixada de lado, diante do
desafio abstrato imensurável que a real evolução para um mundo melhor representa. Há
um sentimento de impotência e de pequenez diante de sistemas globais dinâmicos mas
ao mesmo tempo consolidados em termos de economia, política, cultura. O importante,
porém, é manter-se a esperança no projetar sustentável. Acreditar que a crise caótica de recursos e valores atual, é uma chance de debate e construção, surgimento de uma mudança brusca no modo em que vivemos.
[...] “nós precisamos pensar de maneira diferente como vemos o mundo, como nós definimos os problemas a se resolver, e como nós podemos contribuir como projetistas.” Designing for Hope: Pathways to Regenerative Sustainability. (2014) A importância da sustentabilidade - o projetar para o hoje sem comprometer o amanhã - precisa ser enfatizada, pois erroneamente muitas vezes esta é reduzida à eficiência energética ou respeito ao meio ambiente em seu entorno imediato, e assim, é vista como algo acessório à construção civil, ao invés de algo essencial e orientador.
Qual pode ser a nossa estratégia?
“Diferentes profissionais durante todas as etapas de um projeto e sua execução [...]
para que o projeto seja eficiente de maneira holística”
The Integrative Design Guide to Green Building (2009). Dessa forma, busca-se elaborar um projeto embasado na conceituação de um projeto integrado como um projeto sustentável. O projeto elenca critérios qualificadores da arquitetura que deveriam sempre ser considerados essenciais e aborda-os de maneira que potencializam uns aos outros ao invés de constituírem empecilhos. Os critérios giram em torno dos três pilares - social, econômico, ambiental - do conceito de desenvolvimento sustentável, o qual significa “desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações” (Relatório de Brundtland, 1987).
As necessidades de uma geração consistem justamente em qualidade de vida, e para tal, é necessária a promoção de infraestrutura - de habitação, transporte, bens essenciais como água e luz - e a oferta de trabalho, lazer, igualdade social, democracia, cultura. Para garantir-se o amanhã, ou seja, a manutenção desta qualidade de vida, é necessária a manutenção dos recursos naturais, e a resistência da urbanização aos desastres naturais, logo, é necessária a preservação, e o respeito ao meio ambiente.
O trabalho fica resumido como:
TEMA: SUSTENTABILIDADE E HABITAÇÃO
TÍTULO: DIRETRIZES SUSTENTÁVEIS NA CONCEPÇÃO DA HABITAÇÃO INTEGRAÇÃO ENTRE O SOCIAL, O ECONÔMICO E O AMBIENTAL
_______________________________________________________________ ➔ EMBASAMENTO TEÓRICO
Iniciado na disciplina Introdução ao Projeto de Graduação e continuado durante toda a extensão do trabalho, através da pesquisa buscou-se uma fundamentação teórica sobre o que compreende o conceito de sustentabilidade, e por conseguinte, que aspectos poderiam ser associados à cada um de seus pilares - social, econômico, ambiental - e estudos de casos buscando a observação ou não destes aspectos. A análise urbana de Florianópolis também faz parte deste embasamento teórico, além do estudo de um programa complementar à habitação. O embasamento teórico tem o intuito de consolidar diretrizes projetuais para que sejam aplicadas a um anteprojeto arquitetônico.
➔ PROJETO INTEGRADO
Este Trabalho de Conclusão de Curso propõe-se a apresentar a concepção de um projeto-conceito através de diretrizes sustentáveis, o que significa um projeto integrado onde todas as decisões projetuais são pautadas pela busca de um equilíbrio entre três pilares fundamentais: Aspectos sociais, econômicos e ambientais.
No aspecto social, adota-se o desenho universal na definição do layout das UHs e áreas comuns;
No econômico, tem-se a arquitetura compacta, a flexibilização da planta da UH e a redução da necessidade de fechamentos e esquadrias;
No ambiental, valoriza-se as estratégias passivas de conforto ambiental como ventilação cruzada e iluminação natural, a utilização de técnica construtiva de baixo impacto (híbrido com foco em wood frame) e a indicação de sistemas eficientes (captação de água da chuva e energia solar).
O objeto final é um anteprojeto de habitação inserido no contexto urbano atual da cidade de Florianópolis.
4. CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE
Sustentável, do latim sustentare: Sustentar; defender; conservar, cuidar. Introdução
Sustentabilidade pode ser tida como a busca da qualidade de vida para o hoje e para o amanhã.
Para garantir-se a qualidade de vida, é necessário prover infraestrutura - de habitação, transporte, bens essenciais como água e luz - e promover trabalho, lazer, igualdade social, democracia, cultura.
Para garantir-se o amanhã, é necessária a manutenção dos recursos naturais, e a resistência da urbanização aos desastres naturais, logo, é necessária a preservação, e o respeito ao meio ambiente.
Sustentabilidade, portanto, É UM SISTEMA de fatores - sociais, ambientais e econômicos - que precisam ser projetados considerando uns aos outros para que um resultado eficiente e coerente em prol da qualidade de vida seja atingido, e mantido.
Esta conceituação é respaldada em alguns conceitos históricos, como o Relatório de Brundtland e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Relatório de Brundtland | 1987
Elaborado na Noruega pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, foi intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future), aponta a incompatibilidade entre Desenvolvimento Sustentável e os padrões de produção e consumo da época, e o define como:
“O desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.”
Declaração Universal dos Direitos Humanos | 1948 | ONU (Organização das Nações Unidas) Artigo 25
“§1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.”
Histórico
A pegada ecológica que causamos hoje é reflexo de um modelo de crescimento econômico que de maneira geral, deu-se através do alto crescimento populacional, da manutenção da desigualdade social, do consumismo e exploração desenfreada de recursos, e de uma visão maniqueísta, de “divisão entre dois aspectos opostos e incompatíveis”: Progresso X Preservação Ambiental. O progresso por muito tempo representou o domínio e a transformação da natureza, movida pela exploração máxima dos recursos, e alheio à preservação ambiental, que limitava-se à criação de parques e áreas demarcadas para preservação pontual da natureza.
No entanto, aos poucos, surgiram novas políticas ambientais. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada na cidade de Estocolmo, Suécia, logo, conhecida como Conferência de Estocolmo, em 1972, foi a primeira conferência da Organização das Nações Unidas sobre o meio ambiente e as atividades humanas em relação a este. Após reunir diversos países, lançou as bases das ações ambientais em nível internacional, com foco no fato de que a degradação ambiental e a poluição que não se limitam às fronteiras políticas, e destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência técnica a comunidades e países mais pobres, ou seja, já naquele momento, falava-se numa solução integrada, que pode ser aplicada a diversas escalas.
No Plano de Ação, elaborado a partir da Declaração de Estocolmo, embora este não utilizasse a expressão "desenvolvimento sustentável", este já abordava a necessidade latente de se "defender e melhorar o ambiente humano para as atuais e futuras gerações", um objetivo a ser alcançado juntamente com a paz e o desenvolvimento econômico e social.
O Brasil, teve participação marcante na evolução destas ações e conceitos de sustentabilidade, pois a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, conhecida por ECO-92, consolidou o conceito de desenvolvimento sustentável. O termo em si é considerado um grande avanço, pois elucidou a necessidade de progresso e preservação ambiental andarem juntos, o que havia sido levantado não só Conferência de Estocolmo, mas também pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Comissão Brundtland, em 1987, de modo a conciliar as reivindicações dos defensores do desenvolvimento econômico com as preocupações latentes de conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.
Na Eco-92 também foi elaborada a Agenda 21, um amplo e abrangente programa de ação visando a sustentabilidade global no século XXI, cujas ações prioritárias a serem adotadas global, nacional e localmente, são o incentivo aos programas de inclusão social, promovendo o acesso de toda a população à educação, saúde e distribuição de renda, a harmonia entre sustentabilidade urbana e rural, a preservação dos recursos naturais e minerais, a ética política, e o planejamento de sistemas de produção e consumo sustentáveis contra a cultura do desperdício.
Estes conceitos, cada vez mais enfatizando o caráter de integração das três dimensões do desenvolvimento sustentável, econômica, social e ambiental, através de programas e políticas centrados nas questões sociais, continuaram a ser a pauta de encontros internacionais, os mais recentes sendo o Rio +20 no Rio de Janeiro, em 2012, e a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável, a Habitat III, em 2016, realizada em Quito, no Equador, onde foi aprovada a Nova Agenda Urbana, que tem o intuito de apontar diretrizes para os próximos 20 anos. As principais diretrizes desta Nova Agenda Urbana são o uso de energia renovável, sistemas de transporte mais ecológicos e gestão sustentável dos recursos naturais.
Todos estes encontros e discussões têm fortalecido o termo "sustentabilidade", e deixado claro o seu caráter extremamente relevante e atual, e incentivado ações ao redor de todo o globo, em diferentes escalas. No entanto, ainda há uma longa distância a ser percorrida entre discurso e prática.
Referências Atuais
ICES - Iniciativa Cidades Emergentes Sustentáveis
“A ICES é uma metodologia de avaliação rápida, que permite a identificação e priorização de projetos de infraestrutura, assim como a definição de ações urbanas, ambientais, sociais, fiscais e de governança de curto, médio e longo prazos. Essas ações visam atacar os desafios de sustentabilidade local antes que eles se tornem um limitante ao desenvolvimento. [...] Representa uma nova perspectiva para o desenvolvimento urbano da ALC (América Latina e Caribe) com foco nas cidades médias e emergentes, e utiliza uma abordagem integrada e interdisciplinar baseada em três dimensões:
(I) ambiental e mudança climática; (II) urbana; e
(III) fiscal e governança.
A Iniciativa contribui para que cidades emergentes da ALC possam, de maneira apropriada, identificar seus principais problemas e ações que permitam orientá-las em sua trajetória para uma situação de sustentabilidade. No Brasil, a Iniciativa ocorreu inicialmente na cidade de Goiânia, uma das cinco cidades da ALC na qual a metodologia foi aplicada em sua fase piloto a partir de 20114 . Hoje, a ICES está presente em 20 países da região, esperando atingir mais de 50 cidades e uma população de 52 milhões de pessoas até o fim de 2015. A expansão da ICES em cidades brasileiras está sendo viabilizada a partir de parceria entre o BID e a CAIXA, formalizada a partir de Termo de Compromisso firmado entre as instituições em 2013. A partir dessa parceria, a ICES, que já havia sido implementada pelo BID na cidade de Goiânia, no centro-oeste do país, foi expandida para outras quatro cidades brasileiras, alcançando todas as regiões do Brasil: João Pessoa (PB), na Região Nordeste, Vitória (ES), na Região Sudeste, Florianópolis (SC), Região Sul e Palmas (TO), Região Norte.”
Plano de Ação Florianópolis Sustentável
“O Plano de Ação Florianópolis Sustentável é resultado de um amplo trabalho de cooperação interinstitucional realizado no âmbito da ICES. A Prefeitura de Florianópolis aderiu à iniciativa assumindo a coordenação local das atividades por meio de uma Comissão de Acompanhamento e Apoio à implementação da ICES no Município.”
No esquema ao lado, é possível ver que as áreas com condição mais crítica
(em vermelho),
“semaforizadas” pela ICES, são justamente as áreas do
contexto urbano, em
especial de Uso do Solo e Ordenamento Territorial, e
Mobilidade/Transporte. A qualidade de vida em Florianópolis refere-se a
uma dinâmica que
“depende da qualidade da relação entre a cidade, seu sítio natural, sua economia, seus serviços e infraestrutura instalada, seu capital humano e seu aparato de governo”. Segundo o Plano de Ação, o que está em jogo é o risco concreto do imediatismo da dinâmica urbana anular as fortalezas da cidade, enquanto o plano visa, ao contrário, utilizá-las como antídoto contra a degradação da cidade.
Noventa e cinco ações são propostas pelo Plano, alinhadas por linhas estratégicas: Linha Estratégica 1: Promover a Gestão Integrada do Saneamento Básico
Diretriz 1 - Aumentar a capacidade de captação de água e promover a melhoria do sistema para atendimento da demanda e diminuir as perdas do sistema de abastecimento;
Diretriz 2 – Ampliar a cobertura de população atendida com serviços públicos de esgotamento sanitário, aprimorando e adequando sua infraestrutura para os impactos da sazonalidade;
Diretriz 3 – Aprimorar os Sistemas de Drenagem de Florianópolis e promover o desenvolvimento institucional do setor, ampliando e aprimorando os serviços prestados.
(Tratam-se de ações como a Ação 2 - Elaboração do Plano de Bacias Hidrográficas da Grande Florianópolis com vistas à gestão compartilhada dos recursos hídricos, e a Ação 11 - Destinação adequada dos efluentes gerados nas estações de tratamento de esgoto (ETEs).) Linha Estratégica 2: Repensar e Monitorar o Território e a Mobilidade
Diretriz 1 - Estruturar a governança da mobilidade;
Diretriz 2 - Melhorar a qualidade da infraestrutura para deslocamentos motorizados públicos; Diretriz 3 - Promover o deslocamento não motorizado;
Diretriz 4 - Recuperar o valor da orla como capital natural estratégico;
Diretriz 5 - Aumentar a resiliência do território e promover a adaptação progressiva aos cenários de riscos naturais;
Diretriz 6 - Recuperar e promover o uso sustentável de áreas de interesse ambiental e conter a expansão da mancha urbana sobre essas áreas;
Diretriz 7 - Promover a regularização urbanística e fundiária das planícies de Ratones, Rio Vermelho e Campeche;
(Tratam-se de ações como a Ação 23 - Implantação de Anel Viário para Corredor de Transporte Público Coletivo na Região Central, e a Ação 26 - Projeto de implantação de Corredor Metropolitano de Ônibus.)
Linha Estratégica 3: Modernizar a Gestão Municipal e a Governança
Diretriz 1 - Fortalecer a Capacidade de Gestão da Prefeitura e o Desenvolvimento Institucional;
Diretriz 2 - Aprimorar a saúde fiscal do Município; e
Diretriz 3 - Melhorar os Instrumentos de gestão municipal por meio da tecnologia.
(Tratam-se de ações como a Ação 65 - Elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Integrado da Grande Florianópolis, com arranjo de governança interfederativa.)
Linha Estratégica Transversal – Energia
“Em complemento às três linhas estratégicas apresentadas neste Plano, identificou-se que o setor de energia, altamente relevante no processo de priorização, poderia alavancar ações com benefícios em variadas áreas do município.”
Análise Crítica das Certificações de Sustentabilidade As metodologias conhecidas por
“certificações de sustentabilidade” têm o intuito de verificar o quão eficiente uma edificação é em relação a vários aspectos, desde impacto social à eficiência energética, com o objetivo de obter desempenhos acima da média exigida por normas e legislação local, o que as caracteriza como uma das estratégias mais eficientes para encorajar o aumento do nível de desempenho de edificações no mercado em geral.
Aula 03. Disciplina Eficiência Energética e Sustentabilidade em Edificações Profª Michele Fossati. Dpto de Arquitetura e Urbanismo UFSC. (2017) A primeira delas surgiu no Reino Unido, em 1990, chamada BREEAM - Building Research Establishment Environmental Assessment Method, a qual serviu de base para o desenvolvimento de metodologias em inúmeros países, como é possível observar no esquema acima. O BREEAM, assim como a maioria das demais metodologias, possui uma estrutura simples, com critérios a serem seguidos, vinculados a algum tipo de certificação de desempenho.
Uma crítica feita às certificações através destas metodologias é na verdade a maneira que o mercado passou a apropriar-se destas, uma vez que os edifícios certificados estão sendo vistos como um diferencial de marketing e assim os projetistas são estimulados a certificar o edifício a qualquer custo para que este receba um ‘selo de qualidade’. Dessa forma, muitas vezes os critérios obedecidos para alcançar a certificação não são coerentes com a edificação em questão, ou a edificação até cumpre os critérios da certificação mas é totalmente incoerente e/ou insalubre em aspectos não abordados pela certificação.
É necessário possuir uma visão crítica quanto à utilização mercadológica das certificações, mas isto não quer dizer que devamos deixar de usá-las, pois estas foram desenvolvidas com o nobre objetivo de orientar as pessoas em geral e os profissionais da construção civil sobre como construir arquiteturas sustentáveis, beneficiando toda a sociedade. Os manuais de certificação estão inclusive em sua maioria, disponíveis gratuitamente nos sites dos corpos que os emitem, e em geral apresentam-se de forma bastante didática, contribuindo para o estudo e o debate de critérios sustentáveis, como base para projetos que almejam a sustentabilidade em geral, sem buscar ‘prender-se’ a um modelo de certificação único, como é o caso deste Projeto de Graduação.
De modo geral, as certificações trazem benefícios para diferentes partes envolvidas: O empreendedor, o usuário, a sociedade e o meio ambiente. O empreendedor, passa a ter uma maneira de comprovar vários aspectos de qualidade de suas construções, o que pode ter arcado com maior custo, mas estará em sintonia com os órgãos e normas ambientais, além de conceitos atuais. O usuário, passa a ter melhores condições de conforto ambiental e eficiência energética, a qual se traduz em redução de custos, além de contribuir com a sustentabilidade, e o meio-ambiente.
Certificações Utilizadas no Brasil LEED
Leadership in Energy and Environmental Design Estados Unidos, 1999.
“Sistema internacional de certificação ambiental.” Certificado pelo U. S. Green Building Council (USGBC).
Histórico Amplamente disseminado nos Estados Unidos, foi inserido no mercado brasileiro em 2005, quando escolhido para certificação de eco-eficiência do projeto de ampliação do CENPES, centro de pesquisas da PETROBRAS, no Rio de Janeiro, uma vez que não havia outro referencial nacional.
Tipologias Atendidas Novas Construções; Design de Interiores; Edifícios Existentes; Bairros.
Metodologia Baseia-se em normas de reconhecimento internacional como ASHRAE, ASTM, USEPA e o DOE, e apresenta-se numa estrutura simples, na forma de checklist, onde pontos são obtidos pelo cumprimento de pré-requisitos e créditos.
Critérios Espaço sustentável (SS); Eficiência do uso da água (WE); Energia e Atmosfera (EA); Materiais e Recursos (MR); Qualidade ambiental interna (EQ); Inovação e Processos (IN); Créditos Regionais (CR).
Certificações Referem-se ao número de pontos obtidos, num total de 110 pontos: LEED Certified (40-49), LEED Silver (50-59), LEED Gold (60-79), LEED Platinum (80+).
Considerações É uma metodologia amplamente difundida, em mais de 160 países, e possui um manual bastante claro e específico detalhando como os critérios devem ser cumpridos, além de sua estrutura no formato de checklist, o que facilita seu compreendimento e utilização.
Um aspecto negativo é que todas as categorias têm o peso definido pelo número de pré-requisitos e créditos exigidos, sem ponderação entre categorias, possibilitando que o empreendedor escolha os créditos que quer atender, mesmo que uma das categorias não seja coerente com a área de implantação do edifício. Por exemplo, é irrelevante projetar um sistema de captação de água da chuva, num clima árido e sem chuvas, mas tal sistema poderia contribuir para que o empreendimento recebesse uma boa pontuação.
AQUA-HQE
Alta Qualidade Ambiental Brasil, 2008.
“Certificação internacional da construção sustentável desenvolvido a partir da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale).”
Certificada pela Fundação Vanzolini.”
Histórico A Fundação Vanzolini é uma instituição privada, sem fins lucrativos, criada em 1967, mantida e gerida pelos professores do Depto de Eng. de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), com atuação nas áreas de educação continuada, certificação e gestão de tecnologias aplicadas à educação e projetos.
Tipologias Atendidas Novas Construções
Metodologia A certificação é composta por duas partes inter-relacionadas: O Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE), que é a base para a gestão do empreendimento, que permite o planejamento, a operacionalização e o controle de todas as etapas de seu desenvolvimento, assegurando que a qualidade ambiental, definida pelo perfil de QAE, seja alcançada.
A Qualidade Ambiental do Edifício (QAE), por sua vez, trata-se de metas para que a qualidade ambiental seja alcançada pelo empreendimento, relacionada ao edifício, incluindo a qualidade da construção e a de seu uso e operação, a qualidade sanitária e a de conforto. Critérios Aborda a preservação dos recursos, redução da poluição e da geração de resíduos, gestão dos recursos naturais durante a operação (água e energia), gestão patrimonial (durabilidade, adaptabilidade, conservação, manutenção, custos de uso e operação), conforto (dos usuários, da vizinhança, dos operários de obra), saúde (dos usuários, da vizinhança, dos funcionários de obra).
Certificações O AQUA não utiliza pontuação, e sim em desempenho associado a cada categoria da QAE, avaliado segundo três níveis: Bom, Superior e Excelente. Para alcançar-se a certificação requer-se um mínimo ou máximo de cada nível. Como resultado, recebe-se duas certificações. Uma da Fundação Vanzolini Processo AQUA e outra do Cerway HQE, com validade internacional.
Considerações A presença do SGE, Sistema de Gestão do Empreendimento, é um grande diferencial do AQUA, uma vez que sabe-se a importância da gestão e execução de critérios que vão muito além de um mero apontamento. É uma certificação mais completa, mais difícil de obter-se quando comparada ao LEED, porém mais subjetiva, e está menos difundida no mercado, apesar de ser uma certificação genuinamente brasileira, com validação internacional inclusive.
SELO CASA AZUL Brasil, 2010.
Classificação socioambiental desenvolvida para projetos habitacionais financiados da Caixa.
Certificada pela Caixa.
Histórico O selo foi a forma que a Caixa encontrou de promover o uso racional de recursos naturais nas construções que financia, e melhoria da qualidade da habitação.
Tipologias Atendidas Novas Construções Residenciais
Metodologia Necessidade de elaboração da Agenda do Empreendimento, e cumprimento de critérios.
Critérios Os critérios são 53, divididos em 6 categorias: Qualidade Urbana; Projeto e Conforto; Eficiência Energética; Conservação de Recursos Materiais; Gestão da Água; Práticas Sociais.
Certificações A certificação alcançada divide-se em: Bronze (atende aos 19 itens obrigatórios); Prata (atende aos 19 itens obrigatórios, mais 6 opcionais); Ouro (atende aos 19 itens obrigatórios, mais, pelo menos, 12 opcionais).
Considerações A elaboração da Agenda do Empreendimento, demandando autonomia e responsabilidade do empreendedor, valoriza as soluções para resultados efetivos, respeitando as especificidades de cada projeto. O manual é bastante didático, além de adaptado à realidade brasileira e seus diversos aspectos regionais, porém possui poucos créditos a atender e também é mais subjetiva em relação ao LEED, e mesmo ao AQUA. As auditorias presenciais, destacam-se ao reforçar a rigorosidade e a credibilidade da certificação.
PBE EDIFICA Brasil, 2009.
Etiquetagem de Eficiência Energética brasileira,
a partir do Procel Edifica e Programa Brasileiro de Etiquetagem. Certificada pela Fundação Vanzolini, UFPEL, UFRN e Quali-A.
Histórico A partir da parceria do Procel Edifica e o Programa Brasileiro de Etiquetagem, a etiqueta hoje pode ser obtida através de 4 organismos de inspeção acreditados.
Tipologias Atendidas Novas Edificações Unifamiliares; Multifamiliares; Áreas de uso comum; Edificações comerciais, de serviços e públicas; Estádios.
Metodologia Há Etiqueta de Projeto e Etiqueta de Edifício Construído. Para o futuro, planeja-se ainda a adoção de uma Etiqueta de Desempenho Energético Operacional em Edificações.
Critérios Para edificações comerciais, de serviços e públicas, os itens avaliados são: Circuitos Elétricos; Aquecimento de Água; Elevadores; Envoltória; Sistema de Iluminação Artificial, Sistema de Condicionamento de Ar; Bonificações (como economia de água e uso de energias renováveis).
Para edificações residenciais, os itens são: Envoltória; Aquecimento de Água; Bonificações.
Certificações A edificação recebe uma etiqueta indicando o nível de eficiência, de E, mais baixo, até A, mais alto. Pode ainda receber o Selo Procel Edificações, o qual representa o alcance de uma condição de excelência na Etiquetagem PBE Edifica, e corresponde ao pré-requisito da categoria Energia do LEED.
Considerações Difere-se das demais metodologias em termos de escopo, e apresenta uma abordagem bastante técnica. Está sob constante evolução e representa um avanço muito grande na pauta da eficiência energética no Brasil.
5. PILAR SOCIAL: DESENHO UNIVERSAL “Uma sociedade que se transforma em busca da sustentabilidade, com a perspectiva de garantir os direitos de cidadania para pessoas com deficiência. O Desenho Universal é a evolução de um conceito e a sua aplicação na habitação é uma demonstração de respeito aos direitos de todos os humanos.”
(BATTISTELA, 2010)
O termo foi cunhado pelo arquiteto Ron Mace, nos Estados Unidos, em 1985. Para MACE (1991), o Desenho Universal aplicado a um projeto consiste na criação de ambientes e produtos que possam ser usados por todas as pessoas, na sua máxima extensão possível.
Este conceito foi reflexo tanto das reivindicações de pessoas que não sentiam suas necessidades contempladas, quanto do desejo de maior democratização no uso de seus projetos, por parte de arquitetos, engenheiros, urbanistas e designers.
Assim, o Desenho Universal propõe-se oferecer qualidade de vida à todas as pessoas, sem gerar segregação social, através de objetos, atividades e ambientes, projetados de maneira a atender o maior número de usuários possível, considerando-se diferentes faixa etárias, estaturas, biotipos, mobilidades, condições intelectuais, níveis de instrução, etc. Desenho Adaptado x Desenho Universal
A diferença entre o desenho “adaptado, inclusivo, acessível, preferencial” para pessoas portadoras de necessidades especiais, P.N.E., e o Desenho Universal, está na concepção do projeto. O primeiro é voltado unicamente para pessoas P.N.E. , seguindo as regras previstas por norma, numa série de requisitos específicos. Enquanto isso, o Desenho Universal propõe-se a ser utilizado por todas as pessoas, inclusive as pessoas P.N.E.
Dessa forma percebemos que apesar do Desenho Universal sempre promover a acessibilidade, nem toda acessibilidade promove o Desenho Universal, pois muitas vezes a própria acessibilidade é feita de maneira equivocada e segrega ainda mais as pessoas. Por exemplo, ter entradas acessíveis com rampa apenas na lateral ou fundos de uma edificação, ou espaços acessíveis previamente definidos num estabelecimento, ou uma cota mínima de unidades habitacionais acessíveis, apesar de “serem melhor do que nada” para o senso comum, ainda assim segregam as pessoas, definindo que as mesmas podem apenas entrar em X, e frequentar Y.
Em termos de normas técnicas brasileiras, o Desenho Universal não faz parte destas de maneira consistente, pois a NBR 9050, principal norma de acessibilidade, apesar de citar como referência, as diretrizes de Desenho Universal, não as insere diretamente em suas diretrizes próprias.
Segundo a arquiteta Silvana Cambiaghi (2007), “pensar acessível e a partir da concepção de um projeto plenamente utilizável por todos é uma prática ainda não muito discutida e sem muito amparo técnico. As normas técnicas são os referenciais mínimos para garantir a funcionalidade, mas não garantem qualidade e conforto”.
Diretrizes do Desenho Universal
Na década de 90, um grupo de arquitetos e defensores de uma arquitetura e design pautados pelo Desenho Universal reuniu-se no Center for Universal Design, da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a fim de estabelecer sete princípios objetivos para o Desenho Universal:
1. Uso equitativo
- Propor espaços, objetos e produtos que possam ser utilizados por usuários com capacidades diferentes;
- Evitar segregação ou estigmatização de qualquer usuário;
- Oferecer privacidade, segurança e proteção para todos os usuários; - Desenvolver e fornecer produtos atraentes para todos os usuários.
2. Uso flexível
- Criar ambientes ou sistemas construtivos que permitam atender às necessidades de usuários com diferentes habilidades e preferências diversificadas, admitindo adequações e transformações;
- Possibilitar adaptabilidade às necessidades do usuário, de forma que as dimensões dos ambientes das construções possam ser alteradas.
3. Uso simples e intuitivo
- Permitir fácil compreensão e apreensão do espaço, independente da experiência do usuário, de seu grau de conhecimento, habilidade de linguagem ou nível de concentração;
- Eliminar complexidades desnecessárias e ser coerente com as expectativas e intuição do usuário; - Disponibilizar as informações segundo a ordem de importância.
4. Informação de fácil percepção
- Utilizar diferentes meios de comunicação, como símbolos, informa- ções sonoras, táteis, entre outras, para compreensão de usuários com dificuldade de audição, visão, cognição ou estrangeiros;
- Disponibilizar formas e objetos de comunicação com contraste adequado; - Maximizar com clareza as informações essenciais;
- Tornar fácil o uso do espaço ou equipamento.
5. Tolerância ao erro (segurança)
- Considerar a segurança na concepção de ambientes e a escolha dos materiais de acabamento e demais produtos - como corrimãos, equipamentos eletromecânicos, entre outros - a serem utilizados nas obras, visando minimizar os riscos de acidentes.
6. Esforço físico mínimo
- Dimensionar elementos e equipamentos para que sejam utilizados de maneira eficiente, segura, confortável e com o mínimo de fadiga;
- Minimizar ações repetitivas e esforços físicos que não podem ser evitados.
7. Dimensionamento de espaços para acesso e uso abrangente
- Permitir acesso e uso confortável para os usuários, sentados ou em pé;
- Possibilitar o alcance visual dos ambientes e produtos a todos os usuários, sentados ou em pé;
- Acomodar variações ergonômicas, oferecendo condições de manuseio e contato para usuários com as mais variadas dificuldades de manipulação, toque e pegada;
- Possibilitar a utilização dos espaços por usuários com órteses, como cadeira de rodas, muletas, entre outras, de acordo com suas necessidades para atividades cotidianas.
O Porquê de Adotar o Desenho Universal na Habitação
O que ocorre se pessoas “comuns” sofrem um acidente ou passam por um momento de suas vidas em que têm suas condições físicas comprometidas temporariamente, ou mesmo permanente? São inúmeros cenários possíveis, desde utilização de muletas por um pé quebrado, utilização de cadeira de rodas para recuperação de uma cirurgia no quadril, até a utilização destes dispositivos permanentemente, por serem necessários à novas condições de mobilidade, como sequelas de lesão medular ou amputação de membros. Além disso, tem-se as condições que tornam as pessoas “comuns” em pessoas com mobilidades reduzidas ao longo da vida, como a gravidez, e o avanço da idade.
Independente do cenário, se a unidade habitacional em que a pessoa reside não for universal, ou facilmente adaptável, ela terá de se mudar para outro local, o que é um contra-senso absoluto pois uma mudança forçada vai contra às noções de projetar a qualidade de vida, tão almejada nas políticas públicas e escolas de arquitectura, e nem sempre é possível, dada a questão financeira.
Outra consequência da aplicação de políticas não-universais, é a ação de segregar as pessoas P.N.E., limitar suas potencialidades e círculos sociais, pois nem visitar um vizinho que mora numa unidade habitacional não “adaptada” ela poderá, pois as portas da casa do vizinho não serão largas o suficiente, ou esta não será acessível via elevador ou rampa, por exemplo. Cada vez mais as leis federais de inclusão, estão determinando a concepção e a implantação dos projetos arquitetônicos e urbanísticos atendendo ao Desenho Universal, no entanto ainda faltam diretrizes concretas para garantir que a teoria se faça na prática, dando ferramentas projetuais às políticas de habitação, como pode ser visto em iniciativas pontuais, como na publicação Diretrizes do Desenho Universal na HIS no Estado de São Paulo (2010), uma vez que a NBR 9050, maior legislação em termos práticos disponível, limita-se a espaços públicos e de uso comum, o que gera a necessidade de legislações municipais ou estaduais específicas.
Além de cumprir um grande papel de inclusão social, sabe-se que o desenho universal, através de seus princípios, qualifica a vida de todas as pessoas.
Abrangência do Desenho Universal
O Desenho Universal propõe estratégias qualificadoras que abranjam todas as pessoas, inclusive aquelas com condições físicas cujas dificuldades são comumente esquecidas no fazer projetual, como as abaixo, de acordo com a publicação Diretrizes do Desenho Universal na HIS no Estado de São Paulo (2010):
1. Pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência: gestantes, obesos, crianças, idosos, usuários de próteses e órteses, pessoas carregando pacotes, entre outros.
Dificuldades: vencer desníveis, principalmente subir escadas sem corrimãos; manter o equilíbrio; passar por locais estreitos, percorrer longos percursos, atravessar pisos escorregadios; abrir e fechar portas; manipular objetos; acionar mecanismos redondos ou que necessitem do uso das duas mãos simultaneamente, entre outras.
2. Usuários de cadeira de rodas: paraplégicos, tetraplégicos, hemiplégicos, pessoas que tiveram membros amputados, idosos, entre outros.
Dificuldades: vencer desníveis isolados, escadas e rampas muito íngremes; ter alcance visual limitado; manusear comandos de janelas e metais sanitários muito altos; não ter espaços amplos para girar; abrir portas; não passar por locais estreitos, como portas de 60 e 70 cm; utilizar banheiros que não permitem a aproximação a vasos sanitários, pias e chuveiros, entre outras.
3. Pessoas com deficiências sensoriais: usuários com limitação da capacidade visual, auditiva e da fala.
Dificuldades: identificar sinalização visual, como placas de orientação, advertência e numeração de imóveis; localizar comandos e aparelhos, como botoeiras e interfones; localizar imóveis pela numeração; detectar obstáculos, como telefones públicos, caixas de correio e desníveis não sinalizados de forma podotátil; determinar direção a seguir (pessoas com deficiência visual); utilizar comandos sonoros, como campainhas e interfones (pessoas com deficiência auditiva e/ou da fala); ter sensação de isolamento em relação ao entorno, entre outras.
4. Pessoas com deficiência cognitiva: usuários com dificuldades em habilidades adaptativas.
Módulo de Referência
Considerando-se a necessidade de contemplar o público-alvo da forma mais ampla possível, o módulo de referência adotado para a definição de dimensões mínimas de circulação e máximas quanto alcance de comandos, é o espaço ocupado por uma cadeira de rodas: um retângulo 80 cm x 1,20 m, por si só, e um círculo de 1,5m de diâmetro, ao fazer um giro completo.
Panorama Nacional: Pessoas com Deficiência ou Idosas
Ao analisar-se o conteúdo da Cartilha Do Censo 2010: Pessoas com Deficiência (2012), da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência – SNPD, e pirâmides etárias dos Censos Demográficos IBGE de 1980 a 2010, adaptadas por RODRIGUES (2017), observa-se como além do Brasil possuir um grande percentual da população com algum tipo de deficiência (23,9%) e um percentual considerável de deficiência severa (8,3%), a pirâmide etária está alargando sua base, o que significa que a população brasileira está cada vez mais, sendo formada por mais
idosos.
Histórico
No Brasil, segundo CARLETTO e CAMBIAGHI (2008), o debate sobre acessibilidade e inclusão iniciou-se em 1980, com o objetivo de conscientizar profissionais da área de construção. O ano de 1981 foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Ano Internacional das Pessoas com Deficiência. Dentro deste contexto internacional, a partir daquele ano foram promulgadas algumas leis no Brasil para regulamentar o acesso a todos e garantir que a parcela da população com deficiência ou mobilidade reduzida fosse contemplada, Com isso, fortalecendo a pauta que na época denominava-se “Eliminação de Barreiras Arquitetônicas às Pessoas Portadoras de Deficiência”.
Em 1985, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou a primeira norma técnica relativa à acessibilidade, hoje denominada, após duas revisões, sendo a última em 2015, a NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. A NBR 9050 vigora acompanhada da NBR16537 - Acessibilidade - Sinalização tátil no piso - Diretrizes para elaboração de projetos e instalação, lançada em 2016, e mais de outras 20 normas de acessibilidade direcionadas a situações específicas como aeroportos, transporte, plataformas de elevação motorizadas, e que podem ser facilmente acessadas no website da Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
De acordo com a publicação Diretrizes do Desenho Universal na HIS no Estado de São Paulo (2010), passados 30 anos do início desse debate no país, é possível aferir avanços em diferentes esferas. Um exemplo é a crescente consciência por parte de profissionais, gestores e usuários de que a acessibilidade melhora a qualidade de vida de todas as pessoas. Há, ainda, o reconhecimento de que a inclusão dos conceitos do Desenho Universal no Brasil é determinante para a mudança de paradigma na arquitetura e no urbanismo, pois induz experiências e processos de amadurecimento voltados à democratização dos espaços públicos e privados para todos os usuários. A Lei 13.146, sancionada pela Presidência da República em 2015, dispõe sobre o Estatuto da Pessoa com Deficiência, e em termos de acessibilidade física, estabelece que a construção, reforma, ampliação ou mudança de uso de edificações abertas ao público, de uso público ou privadas de uso coletivo, deverão ser executadas de modo a serem acessíveis às Pessoas Com Deficiência (PCDs).
As construtoras e incorporadoras responsáveis pelo projeto e pela construção dessas edificações devem assegurar percentual mínimo de suas unidades internamente acessíveis, sem custo adicional.
Em Florianópolis, por exemplo, foi assinado em 2016, o decreto 16.698 regulamenta a comprovação e a certificação da acessibilidade das construções em Florianópolis. A partir da emissão do decreto, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU) passa a exigir, em todos os processos de habite-se das construções de uso coletivo uma autodeclaração de imóvel acessível, representada pelo Certificado de Acessibilidade, que tem validade de cinco anos.
Posteriormente, a nível nacional, foi estabelecido que nos programas habitacionais públicos ou subsidiados com recursos públicos, PCDs ou seus responsáveis terão prioridade, uma vez, na aquisição de imóvel para moradia própria, devendo ser reservado no mínimo, 3% das unidades habitacionais, onde deve ser observada a garantia de acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de adaptação razoável nos demais pisos, em caso de edificação multifamiliar, além da disponibilização de equipamentos urbanos comunitários acessíveis, e elaboração de especificações técnicas no projeto que permitam a instalação de elevadores.
Referências
DIRETRIZES DO DESENHO UNIVERSAL NA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NO ESTADO DE SÃO PAULO
Governo do Estado de São Paulo, 2010.
Segundo Lair Krähenbühl, Secretário de Estado da Habitação e presidente da CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, uma moradia digna contempla as necessidades do ser humano em todas as etapas e circunstâncias da vida. Por isso, quando falamos em habitação inclusiva, referimo-nos a um conceito muito mais amplo do que a simples adaptação de imóveis para atender situações específicas, como dificuldade ou incapacidade de locomoção, deficiência visual, auditiva ou de qualquer natureza. Falamos de uma casa e seus arredores concebidos para todas as pessoas e por toda a vida. [...]
O Estado de São Paulo é pioneiro no país ao adotar os conceitos do Desenho Universal na Habitação de Interesse Social. Desde 2008, as secretarias estaduais da Habitação (SH) e dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SDPcD) trabalham na aplicação desses conceitos nos programas habitacionais dirigidos às famílias de menor renda. Esta publicação resume os avanços conquistados e apresenta os preceitos que devem nortear a elaboração de projetos e a construção de moradias populares.
ALGUMAS DIRETRIZES PROJETUAIS PARA AS UNIDADES HABITACIONAIS
Flexibilização da Planta da
Edificação
Os espaços devem prever a
possibilidade de adaptação, remodelação, e instalação de equipamentos e dispositivos auxiliares como barras de apoio, casa se faça necessário posteriormente.
Fácil Compreensão
O ambiente deve ser confortável e de fácil compreensão, permitindo um percurso simples e intuitivo.
Circulação Adequada
Deve haver espaço e vão livre mínimo de 0,80 m, para circulação entre mobiliário e paredes, e de vão nas portas.
Para manobra total em um ambiente público se considera 360º, ou seja 1,50m x 1,50m (NBR9050). Em uma residência pode-se considerar uma manobra com mais de um movimento, de 180º, ou seja 1,20m x 1,50m.
Área de aproximação
Espaço necessário para que o usuário possa aproximar-se com autonomia e segurança de lavatórios, mesas, janelas e outros mobiliários, equipamentos e mecanismos previstos, com ou dispositivos auxiliares.
Área de transferência
Espaço necessário para que um usuário de cadeira de rodas possa posicionar-se próximo ao mobiliário ou equipamento para o qual necessita transferir-se.
Janelas
As janelas de sala e dormitórios devem ter peitoris de, no máximo, 0,90m de altura para garantir a visibilidade.
Alcance de Comandos
Comandos de janelas, torneiras, campainhas, interruptores, instalações elétricas e hidráulicas, entre outros itens, é necessário prever a distância e altura máximas necessárias para o alcance e manuseio desses dispositivos e equipamentos, assim como o livre acesso a objetos
e mercadorias. Esse
parâmetro define distância de 50 cm na horizontal, para superfícies de trabalho, e alturas compreendidas entre 40 cm e 1,20 m a partir do
piso. Para maçaneta,
propõe-se formato alavanca a no máximo a 1,00m do piso
Exemplos de Layout
É necessário observar-se as diferentes aproximações que uma pessoa em cadeira de rodas estabelece com o mobiliário, como nos exemplos abaixo, de sala, dormitório, banheiro, cozinha, e área de serviço.
Por exemplo, mesas, pias e tanques precisam de área de aproximação compatível (25 cm sob a louça), para que a cadeira encaixe-se sobre elas. Sofás, camas e vasos sanitários precisam de área de transferência adjacente.
Para banheiros, a NBR9050 indica que o box deve ter dimensão mínima de 90cm X 95cm, respeito às áreas de manobra e transferência, e materiais construtivos capazes de suportar a instalação futura de barras de apoio em todas as paredes.
Conclusões da publicação Diretrizes do Desenho Universal na HIS no Estado de São Paulo (2010)
Com relação às edificações e aos projetos-padrão estudados, a publicação apontou que a principal conclusão é de que os reflexos da adoção das diretrizes do Desenho Universal sobre a área de projeto da unidade de habitação popular não são muito expressivos.
O incremento em metragem varia de 4,6% para os apartamentos de três dormitórios até, no máximo, 14% nas casas de dois dormitórios, o que pode ser observado na tabela abaixo. Do mesmo modo, em relação ao impacto nos custos finais da habitação, a depender das tecnologias construtivas adotadas, estima-se que haja um comportamento similar.
Ainda, segundo a publicação, o aumento de área decorrente da aplicação dessas diretrizes contrapõe-se a algumas legislações municipais específicas para habitação social, o que deverá ser alterado por meio de divulgação e gestão junto aos poderes locais.
Nessa perspectiva, a publicação enfatiza a necessidade de debate sobre o desafio de buscar novas soluções legais, tecnológicas e projetuais que venham a diminuir ainda mais esses impactos, e que garantam uma política inclusiva de produção da moradia com “espaço para todos e por toda a vida”.
Estudo de Mobiliário
Objetivo: Projetar de acordo com a realidade. Com a necessidade das pessoas. Reforçando a ideia de que uma arquitetura com metragem mínima torna-se insustentável quando não tem condições de atender ao ser humano.
Dimensões padrão de mobiliário popular.
(Pesquisa realizada em websites de lojas de departamento locais). Cama Box Casal 188 cm profundidade x 138 cm largura x 59 cm altura Cama Tradicional 218,5 cm profundidade x 147 cm largura x 102,5 cm altura Cama Box Solteiro 188 cm profundidade x 88 cm largura x 59 cm altura Mesa de Canto Quadrada 50cm x 50cm Mesa de Canto Redonda 45cm diâmetro. a. Guarda-Roupa “Triplo” 150cm largura por 55cm profundidade “Duplo” 110cm largura por 55cm profundidade “Simples” 80cm largura por 55cm profundidade Cômoda 46cm profundidade x 133cm largura x 101cm altura Berço 65cm profundidade x 133cm largura Escrivaninha 45cm profundidade x 120cm largura x 75cm altura (p/ duas pessoas: 200cm x 44cm) Móvel de TV 45cm profundidade x 160cm largura x 58cm altura Aparador 35cm x 120cm Estante 90 larg x 30 prof x180 alt. Poltrona 80cm profundidade x 80cm largura Sofá
*50 cm largura por assento *20 cm largura por braço 2 lugares = 140 cm
3 lugares = 190 cm largura 90 cm profundidade
Mesa de Jantar
4 lugares (quadrada ou redonda) = 100 cm x 100 cm, ou retangular 85cm x 120cm.
6 lugares (retangular) = 160 cm x 90 cm, ou (redonda) = 140 cm x 140 cm
+40 cm de aproximação +90 cm de circulação +/- 60cm por cadeira.
Entre 73 cm a 80 cm de altura.
Cadeira
50cm
profundidade x 45cm largura. 40cm atrás.
Área da Pia
60cm de profundidade x 150cm de largura. Pia em si 34cm profundidade x 56cm largura. Fogão Colocar exaustor.
Fogões elétricos ou a gás podem ser encontrados em uma variedade de larguras, desde modelos com 60 cm de largura para apartamentos, até modelos maiores de aproximadamente 90 cm de largura. A maioria dos fogões são de 76 cm de largura. É possível encomendar tamanhos especiais para áreas maiores com 105, 115 ou 125 cm. A profundidade padrão, sem os pegadores, é de 63 cm.