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WOLFGANGPREISER-2001-2-AprendendocomosnossosEdifícios-AEVOLUÇÃODAAVALIAÇÃODEPÓSOCUPAÇÃO

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A EVOLUÇÃO DA AVALIAÇÃO DE

PÓS-OCUPAÇÃO: NA DIREÇÃO

DA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO

DA EDIFICAÇÃO E DA AVALIAÇÃO

PELO DESENHO [

OU PROJETO

]

UNIVERSAL

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AUTOR: WOLFGANG F. E. PREISER

TRADUTOR: PROF. FREDERICO FLÓSCULO PINHEIRO BARRETO

O objetivo deste capítulo é definir e fornecer um argumento fundamentado para a existência da avaliação do desempenho de edificações, ou do espaço edificado. Sua história e evolução desde a Avaliação de Pós-Ocupação ao longo dos últimos 30 anos é enfatizada. Os principais métodos utilizados na avaliação de desempenho são apresentados e os custos e benefícios estimados são descritos. As oportunidades, os

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Federal facilities council (2001). Learning from our buildings – a state-of-the-practice summary of post-occupoancy evaluation. Federal facilities council technical report no. 145. Washington, D.C.: National Academy Press. Pp. 9-22.

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treinamentos, as abordagens para a avaliação das edificações são enumeradas. As possíveis oportunidades para o envolvimento do governo na avaliação das edificações são esquematizadas. O próximo passo e o novo paradigma da avaliação pelo Desenho [ou Projeto] Universal são delineados. Por último, mas não menos importante, questões e aspectos que tocam o futuro da avaliação do desempenho de edificações são levantados.

AVALIAÇÃO DE PÓS-OCUPAÇÃO: UMA REVISÃO

Uma definição de Avaliação de Pós-Ocupação foi dada por Preiser et al. (1988): a APO é o processo de avaliação de edificações de um modo sistemático e rigoroso, após sua construção e ocupação por algum tempo.

A história desses estudos também foi descrita nessa mesma publicação citada, e foi resumida por Preiser (1999), sendo que se inicia com um singular estudo de caso no final dos anos 1960, e inicia uma progressiva popularização através de esforços no nível nacional (dos E.U.A.) e entre setores de atividades e de governo, ao longo dos anos 1970 e 1980. Ao passo que essas avaliações se focaram primariamente na avaliação de desempenho dos edifícios, o último passo dado na evolução das APOs é na direção da Avaliação do Desempenho das Edificações (ADE, ou, em inglês, BPE, Building Performance Evaluation) e na Avaliação pelo Desenho (ou Projeto) Universal (APU, ou, em inglês, Universal Design Evaluation), que enfatiza uma abordagem holística, orientada por processos. Isso significa que não são apenas as edificações, mas também as forças que lhes dão forma – forças políticas, econômicas, sociais, etc), que devem ser consideradas. Um exemplo de avaliações orientadas por processos é o Modelo e Guia Processual de Ativação (Activation Process Model and Guide) para hospitais sob a gestão da Veterans Administration (Preiser, 1997). No futuro, pode-se esperar que mais avaliações orientadas por processos

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ocorram, especialmente em grandes organizações governamentais e do setor privado, que operam em escala nacional ou global.

Muitos atores participam no uso das edificações, incluindo-se os investidores, os proprietários, os administradores e operadores, o pessoal de manutenção e, talvez os mais importantes de todos, os usuários finais (isto é: as pessoas que efetivamente ocupam o edifício).

O foco deste capítulo se dá sobre os ocupantes e suas necessidades na medida em que eles são afetados pelo desempenho do edifício, e sobre as avaliações desses ocupantes acerca do edifício que usam.

O termo avaliação contém a palavra "valor"; portanto, as avaliações dos ocupantes devem explicitar aqueles valores que são referidos a um determinado caso. Uma avaliação deve também explicitar quais os valores que serão utilizados nas medidas do desempenho, em um caso determinado, sujeito ao teste, à análise. Uma avaliação deve ter significado, centrando seu foco nos valores subjacentes aos objetivos e finalidades daqueles que desejam ter seus edifícios avaliados, além dos valores sustentados pelos próprios avaliadores.

Há diferenças entre os aspectos quantitativo e qualitativo dos desempenhos dos edifícios, e as respectivas medidas de desempenho. Muitos aspectos do desempenho dos edifícios são efetivamente quantificáveis - tais como seus padrões de iluminação, sua acústica, sua temperatura e umidade, a durabilidade dos materiais, a quantidade de distribuição de espaços, e assim por diante.

Os aspectos qualitativos do desempenho das edificações são pertinentes à "ambiência" (ambiance) de um espaço - isto é: o apelo a modos sensoriais de toque, de ouvir, de cheirar, de modalidades de percepção cinestética e visual, inclusive da cor. Além disso, a avaliação de aspectos qualitativos do desempenho das edificações, tais como sua beleza estética ou sua compatibilidade visual com seus arredores, é algo mais

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difícil, mais subjetivo, e menos confiável. Em outros casos, o especialista avaliador imporá seu julgamento. Exemplos disso são as avaliações (com direito a escores comparativos) da beleza cênica e arquitetônica dos

chateaux merecedores de premiações, ao longo do Rio Loire (França), tal como listado nos guias de turismo. Quanto mais elevada a aparente superioridade da qualidade arquitetônica e quanto maior o interesse despertado por um determinado edifício, mais "estrelas" ele recebera dos avaliadores.

Os avanços recentes nas metodologias de avaliação, com respeito à qualidade estética visual da atratividade cênica são encorajadores. Espera-se que, um dia, será possível tratar esse elusivo assunto de uma maneira mais objetiva e quantificável (Nasar, 1988).

A A.P.O. não é a fase final de um projeto de edificação; em vez disso, trata-se de uma parte integral de todo o processo de produção de uma edificação. Também faz parte do processo em que os avaliadores especializados retiram conhecimentos, constróem e recuperam metodologias / instrumentos de forma a tornar previsível e provável o desempenho desejado para uma dada edificação, num determinado período de tempo.

No nível mais fundamental, o propósito de uma edificação é oferecer abrigo para atividades que não podem ser desempenhadas de forma adequada, correta, efetiva, no ambiente natural - ou que não podem ser desempenhadas de forma alguma, no ambiente natural.

A A.P.O. necessariamente considera as necessidades, as percepções e as expectativas dos usuários, dos gestores e dos proprietários. Dessa perspectiva, a performance de uma edificação indica o quão bem (ou mal) a edificação trabalha para satisfazer os objetivos e finalidades da organização-cliente, assim como as necessidades dos indivíduos que participam dessa organização. Uma A.P.O. pode responder às seguintes, entre outras, questões:

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- Os espaços e características físicas da edificação facilitam ou inibem a habilidade de a organização atingir seus objetivos ?

- Os materiais existentes, que constituem materialmente a edificação, são seguros - considerando-se um curto prazo, pelo menos - e apropriados aos padrões de uso do edifício ?

- No caso de um novo edifício, podemos dizer que alcança o propósito do programa que orientou seu projeto ?

TIPOS DE AVALIAÇÃO PARA OS PROJETOS DE EDIFICAÇÕES

Vários tipos de avaliação são feitos ao longo das fases de planejamento, de programação, de projeto, de construção e de ocupação de uma edificação. Em sua maioria, trata-se de avaliações técnicas relacionadas a questões sobre materiais, a tecnologias de sistemas estruturais e de montagem, ou a métodos de controle da construção. Exemplos dessas avaliações incluem testes estruturais, exame de componentes construtivos especialmente responsáveis pelo suporte a cargas previstas, a análise do solo, a checagem dos sistemas de instalações mecânicas (como elevadores, inclusive os de obra), assim como a avaliação de PÓS-CONSTRUÇÃO (ou a inspeção física), que necessariamente deve anteceder a ocupação da edificação.

Os testes técnicos, em geral, avaliam determinado sistema físico em termos de um critério de engenharia, ou de desempenho, relevante. Apesar de os testes técnicos indiretamente se remeterem a tais critérios para que se assegure a produção de edificações seguras, de boa qualidade, eles não oferecem avaliações do ponto de vista das necessidades dos ocupantes, de seus objetivos e finalidades, ou de funções mais abrangentes, de desempenho e funcionalidade, na medida em que essas funções se relacionam com a ocupação. Assim, pode ocorrer de o cliente dos projetistas

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e construtores obterem uma edificação tecnologicamente superior, mas que é um ambiente disfuncional para as pessoas.

Outros tipos de avaliações são conduzidos de forma a responder a questões relacionadas à operação e ao gerenciamento de uma edificação. Exemplos disso são a auditorias de energia, as fiscalizações de manutenção e de operação, as inspeções de segurança, assim como uma diversidade de programas desenvolvidos pelos administradores profissionais de determinadas organizações (o controle de infecções hospitalares envolve aspectos dessa natureza). Apesar de não serem Avaliações de Pós-Ocupação, trata-se de avaliações relevantes para as questões descritas anteriormente.

O processo de A.P.O. difere dessas últimas avaliações, e das avaliações técnicas, em modos fundamentais:

- A A.P.O. focaliza questões relacionadas às necessidades, atividades e objetivos das pessoas e organizações que usam um determinado edifício, no que se inclui a sua manutenção, sua limpeza e segurança e todas as demais atividades de conservação e operação, o seu projeto e o planejamento de seu uso, ao longo de sua vida. Outras avaliações são centradas na edificação e em sua operação, sem referência necessária e em profundidade aos seus ocupantes;

- Os critérios de desempenho estabelecidos para as A.P.O.s se baseiam nos objetivos explicitados para o projeto, e nos critérios contidos no – ou inferidos desde – o programa arquitetônico, que descreve o funcionamento e as características da nova edificação. Os critérios de julgamento de uma A.P.O. podem incluir – embora não sejam baseados unicamente em – especificações de desempenho técnico.

- Medidas usadas em A.P.O.s incluem índices relacionados ao desempenho organizacional e de ocupação, tais como a satisfação e a produtividade dos trabalhadores, assim como medidas do desempenho da

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edificação a que nos referimos anteriormente (por exemplo: acústica, iluminação, dimensionamento dos espaços, inter-relação entre espaços, etc.).

- Uma A.P.O. é, em geral, mais “macia” que a maior parte das avaliações técnicas. Uma A.P.O. geralmente envolve o exame de necessidades psicológicas, de atitudes, de objetivos organizacionais – e mudanças organizacionais – e percepções humanas.

- Uma A.P.O. mede tanto sucessos quanto fracassos, tal como surgem do uso do edifício, que lhes são, digamos, inerentes em termos de desempenho.

OBJETIVOS DE A.P.O.s

Uma A.P.O. pode servir a uma variedade de propósitos, a depender dos objetivos e finalidades da organização que a demanda. Uma A.P.O. pode oferecer dados necessários para as seguintes tarefas:

- Medir a funcionalidade e a adequação do projeto arquitetônico, e estabelecer conformidade com os requerimentos explicitados de desempenho, tal como estabelecidos no programa arquitetônico. Uma edificação representa muitas coisas, desfecha muitas coisas: as políticas públicas ou institucionais, as ações e atitudes dos dirigentes, empreendedores, funcionários, assim como seus investimentos e iniciativas, que demandam avaliações. Quando uma A.P.O. é usada para avaliar projetos de arquitetura, essa avaliação deve ser baseada em critérios de desempenho explícitos, que estejam contidos no programa arquitetônico referido acima.

- Para fazer o ajuste “fino” de uma organização abrigada em uma edificação. Algumas edificações trazem incorporado ao seu projeto o conceito de “adaptabilidade” – comum nas memórias de projetos de edifícios de escritórios, onde mudanças são freqüentemente necessárias. Nesse caso,

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avaliações rotineiras contribuem substancialmente para o continuado ajuste e adaptação dos espaços físicos às mutantes necessidades organizacionais.

- Para ajustar os programas arquitetônicos que são utilizados em repetidas edificações. Algumas organizações constroem edificações idênticas, por necessidade de ampliação da rede de seus estabelecimentos, em especial. Através de procedimento de A.P.O. podemos identificar melhorias “evolucionárias”, que ocorrem ao longo do uso das edificações. Essa identificação tem impacto direto na programação arquitetônica e na definição de critérios de projeto, assim como é uma forma de testar a validade das premissas assumidas quando da decisão de repetir tipologias ou planos de edificações.

- Para pesquisar os efeitos que as edificações e os espaços construídos exercem sobre seus ocupantes. Os arquitetos, projetistas, assim como os pesquisadores sobre as relações entre espaço e comportamento e os administradores responsáveis por edificações, podem se beneficiar dessa compreensão acerca das interações entre o espaço edificado e os seus ocupantes. Isso requer métodos de pesquisa mais rigorosos, cientificamente fundamentados, bem mais exigentes do que aqueles normalmente empregados pelos projetistas. A pesquisa através de A.P.O.

A pesquisa, nesse caso, envolve medidas mais precisas e consistentes, e níveis mais sofisticados de análise de dados, inclusive a análise fatorial e estudos em seção cruzada (cross-sectional studies), para que se obtenha uma maior a validade dos achados.

- Para testar a aplicação de novos conceitos. A inovação envolve risco. Conceitos e idéias do tipo "experimentados-e-verdadeiros" podem levar a boas práticas, e novas idéias são necessárias para promover avanços. As Avaliações de Pós-Ocupação podem nos auxiliar a determinar como um novo conceito funciona, uma vez que ele é aplicado.

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- Para justificar ações e investimentos, ou gastos. As organizações possuem grandes demandas por transparência contábil, e as Avaliações de Pós-Ocupação auxiliam na geração de informação necessária ao alcance desses objetivos.

Figura 2-1 (Preiser, adaptado): Avaliação de Pós-Ocupação (A.P.O.): Ciclos de Critérios de Desempenho

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Identificação & Viabilidade Planejamento de Recursos Planejamento de Pesquisa PLANEJAMENTO CO ND UÇÃ O A PLIC A ÇÃO Coleta de Dados (Início) Monitoramento e Gestão da Coleta de Dados Análise de Dados Publicização dos Resultados Ações Recomendadas Referências que passam

às fases ulteriores de

produção de edificações (Avaliação indicativa)NÍVEL 1 DA A.P.O.

NÍVEL 2 DA A.P.O. (Avaliação investigativa) NÍVEL 3 DA A.P.O. (Avaliação diagnóstica) Revisão dos Resultados

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TIPOS DE AVALIAÇÕES DE PÓS-OCUPAÇÃO

Na figura 2.1, acima, apresentamos uma representação ou modelo do processo de Avaliação de Pós-Ocupação mostrando três níveis de esforço que podem fazer parte de uma típica A.P.O., assim como as 3 fases e os 9 passos que estão envolvidos no processo de condução dessas avaliações:

- Avaliações de pós-ocupação "indicativas" oferece um indicador dos aspectos de maior força assim como dos aspectos mais fracos de um edifício em particular, quanto ao seu desempenho. Elas, e em geral, consistem em entrevistas seletivas com informantes que detém conhecimento sobre o edifício bem como visitas e inspeções por todo o edifício que é objeto de avaliação. A conseqüência mais comum desse tipo de Avaliação de Pós-Ocupação é a conscientização de problemas cruciais relacionados ao desempenho da edificação.

- As Avaliações de Pós-Ocupação "investigativas" são um pouco mais profundas. Critérios de avaliação objetivos são, então, explicitamente estabelecidos no próprio programa arquitetônico da edificação, ou são recolhidas desde normas e padrões de desempenho, na literatura publicada acerca de uma determinada tipologia de edificação. A conseqüência desse tipo de avaliação é uma compreensão integral das causas e dos efeitos relacionados aos mais importantes problemas colocados em termos do desempenho da edificação.

- As Avaliações de Pós-Ocupação "diagnósticas" relacionam medidas ambientais, físicas, com medidas das respostas subjetivas dos ocupantes. Estudos de casos que exemplificam as Avaliações de Pós-Ocupação nesses três níveis citados de esforço de pesquisa podem ser encontrados em Preiser e cols. (1988). A conseqüência desses estudos é, em geral, a criação de um novo conhecimento acerca de aspectos do desempenho da edificação.

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As três fases do processo de Avaliação de Pós-Ocupação são: (1) planejamento, (2) condução ou execução da avaliação, e; (3) aplicação dos seus resultados. A frase de planejamento pretende preparar o projeto de Avaliação de Pós-Ocupação, e ela possui três passos: (1.1) reconhecimento do problema e avaliação de sua viabilidade; (1.2) planejamento de recursos a serem empregados, e; (1.3) planejamento da pesquisa propriamente dita. Nessa frase, os parâmetros para o projeto de Avaliação de Pós-Ocupação são estabelecidos; o cronograma, os custos, e o pessoal necessário são determinados; igualmente, os planos para a coleta de dados, com as frações de tempo no processo de coleta, a guarda e organização desses dados também são definidos.

A fase 2 - a condução ou execução -, consiste de outras três etapas: (2.1) o início do processo de coleta de dados no sítio de pesquisa, em Campo, (2.2) a monitoração o gerenciamento dos procedimentos de coleta de dados, e; (3) a análise e processamento desses dados. Essa fase lida com a coleta de dados de cantar e com métodos de que garantam os procedimentos e características da amostragem e qualidade de dados pré-estabelecidos. A execução da pesquisa deve envolver o emprego de apropriados e proporcionais aos objetivos do estabelecidos para a Avaliação de Pós-Ocupação.

A fase 2, a condução, consiste de (4) a coleta de dados, em campo, (5) monitorar e administrar os procedimentos de coleta de dados, e (6) analisar os dados. Esta é a fase lida com a coleta de dados e com métodos que assegurem o respeito aos procedimentos de amostragem pré-estabelecidos; os dados devem ser efetivamente coletados de uma maneira que está relacionada, é comensurável com relação aos objetivos da Avaliação de Pós-Ocupação.

Além disso, os dados são analisados de forma a que tornem viável a fase final: a aplicação. Essa fase contém os passos (7) que é a comunicação

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dos resultados, (8) a recomendação de ações, e, finalmente, (8) o estudo dos resultados finais. Obviamente, esta é a fase mais crítica, desde o ponto de vista do cliente, pois as soluções relacionadas aos problemas identificados são delineadas, e sérias recomendações são feitas com relação às ações a serem tomadas. Além disso, o monitoramento dos resultados das ações recomendadas é um passo significativo, dado que os benefícios e o valor da própria Avaliação de Pós-Ocupação é estabelecida, essencialmente, nesse passo final da fase de aplicação.

Na figura acima, enfatizamos o papel crucial da seta que aponta para "a alimentação das ações futuras" (feedforward) com relação a cada um dos passos da subseqüente ação. Claramente, uma das melhores aplicações da Avaliação de Pós-Ocupação é o seu uso como " informação de entrada" nas fases de pré-projeto, ao longo do processo produtivo de edificações (isto é: nos trabalhos de análise de necessidades e na programação e planejamento estratégico e do espaço edificado).

BENEFÍCIOS, USOS E CUSTOS DAS AVALIAÇÕES DE PÓS OCUPAÇÃO

Cada um dos tipos de avaliação de pós-ocupação citados acima pode resultar em vários tipos de benefícios e de usos. As recomendações obtidas podem ser comunicadas ao cliente, e a remodelação da organização pode ser feita para corrigir os problemas identificados. O aprendizado de lições pode influenciar os critérios de projeto para os futuros edifícios, assim como pode oferecer informação para os participantes da indústria da construção, acerca dos próprios edifícios em uso, ou em processo de planejamento. Isso é especialmente relevante para o setor público, que projeta edificações para seu próprio uso em uma base freqüentemente repetitiva.

Os diversos usos e benefícios, em prazos curtos, médio e longo, que resultam da condução de avaliações de pós-ocupação foram listadas abaixo.

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Eles se referem às ações imediatas, assim como ao tempo intermediário de três a cinco anos, que propomos para a consideração - e que é necessário para o desenvolvimento de novos projetos de construção; também consideramos o prazo mais estendido que varia de 10 a 25 anos, e que é necessário para o planejamento estratégico, para a orçamentação, e para a elaboração de planos diretores de edificações. Esses benefícios oferecem a motivação e uma adequada fundamentação para que a avaliação de Pós-Ocupação se torne um conceito consistente e viável para as organizações, assim como para o próprio processo de desenvolvimento de programas de avaliação de pós-ocupação.

Os benefícios de curto prazo podem ser compreendidos nos seguintes: - Identificação de problemas e geração de soluções relacionadas aos espaços edificados;

- Gerenciamento pró-ativo do patrimônio de edificações de forma diretamente relacionada aos valores dos usuários desses espaços;

- Aprimoramento da utilização do espaço e retro-alimentação de informações relacionadas ao desempenho da edificação;

- Aprimoramento da atitude dos ocupantes dos edifícios através do seu envolvimento ativo no processo de avaliação;

- Compreensão das implicações do desempenho nas mudanças que são impostas por cortes orçamentários e outras restrições;

- Tomada de decisão bem informada, com a compreensão das conseqüências acarretadas pelos projetos das edificações e pela consolidação dos ambientes.

Os benefícios de médio prazo incluem os seguintes:

- Aquisição, pela organização, de capacidade para adaptar os próprios espaços físicos aos momentos e diretrizes de mudança organizacional, de crescimento ao longo do tempo, inclusive com a reciclagem dos próprios espaços edificados em novos usos.;

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- Significativa economia de custos ao longo do processo de construção e através do ciclo de vida dos espaços edificados;

- Ampliação da capacidade de prestação de contas relacionadas ao desempenho das edificações, que pode ser feita por profissionais do planejamento e projeto, assim como pelos proprietários ou dirigentes responsáveis.

Os benefícios de longo termo incluem o seguinte:

- Melhorias de longo prazo no desempenho das edificações;

- Melhoria das bases de dados relacionadas a projetos, a padrões, a normas e critérios assim como a literatura geral de orientação de estudos e projetos de instalações físicas;

- Aprimoramento da mensuração do desempenho das edificações através de métodos e técnicas quantitativas.

O benefício de maior importância da Avaliação de Pós-Ocupação é a sua influência positiva sobre a produção de ambientes humanos apropriados para as pessoas envolvidas, através de melhorias na programação e no planejamento dos edifícios. A avaliação de pós-ocupação é uma forma de "pesquisa do produto" (product research) que auxilia os projetistas a desenvolver uma melhor projetação, de forma a garantir que a variabilidade de condicionamentos relacionados aos indivíduos, assim como os condicionamentos relacionados às organizações, sejam sistematicamente considerados.

A avaliação de pós-ocupação oferece os meios para que possamos monitorar e manter um bom ajuste entre os espaços edificados e as organizações, assim como entre as pessoas e as atividades que devem ser apoiadas. A avaliação de pós-ocupação também pode ser usada como parte integral de um programa de gerenciamento pró-ativo dos espaços construídos.

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Com base na experiência do autor, quanto à condução de avaliações de pós-ocupação em diferentes níveis de trabalho (indicativo, investigativo, e diagnóstico) assim como pelo envolvimento de diferentes níveis de sofisticação dos estudos e de habilidades das equipes envolvidas, o custo estimado de avaliações de pós-ocupação varia de 50¢ de dólar por pé quadrado para avaliações de pós-ocupação do tipo indicativo, ou no até um preço-base de US$2,50, como o mínimo para os estudos no nível diagnóstico.

Algumas avaliações de pós-ocupação do tipo diagnóstico chegam a custar centenas de milhares de dólares; por exemplo, as avaliações que foram contratadas pelo serviço postal dos EUA (Farbstein e cols., 1989). Por outro lado, as avaliações de pós-ocupação indicativas, se forem conduzidas por consultores experientes, podem custar tão pouco quanto alguns milhares de dólares por edificação, e podem ser concluídas em uma questão de dias, envolvendo algumas dezenas de horas de atividades de campo.

A amplitude de custos para avaliações de pós-ocupação do tipo investigativo, de acordo com a experiência do autor, se situa entre US$15.000,20 US$1.000 e cobre uma área, em pés quadrados, dessa mesma magnitude (Presier & Stroppel, 1996; Preiser, 1998), ou seja: custa aproximadamente US$1 por pé quadrado avaliado.

O autor desenvolveu um procedimento de workshop que dura três dias, e que tem custos típicos em torno de US$5.000, mais as despesas para o deslocamento e acomodação (Preiser, 1996); esse procedimento tem se mostrado uma abordagem valiosa para o treinamento e para a organização de dados, em comum com a equipe do cliente e com o pessoal de apoio responsável por suas edificações.

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CONHECIMENTOS QUE SÃO UTILIZADOS EM ULTERIORES CICLOS DE CONSTRUÇÃO ANÁLISE DE NECESSIDADES E DE DEMANDA DO MERCADO AVALIAÇÃO DE PÓS-OCUPAÇÃO AVALIAÇÃO DE PÓS-CONSTRUÇÃO

Figura 2-2. Avaliação do Desempenho da Edificação: Quadro Teórico Integrativo Voltado para a Produção da Edificação e seu Ciclo de Vida. (Adaptado de Preiser, 2001).

REVISÃO / EXAME GERAL DO PROJETO REVISÃO / EXAME GERAL DO PROGRAMA REVISÃO / EXAME DA EFETIVIDADE DO EMPREENDIMENTO RECICL A G EM PLAN EJAM ENTO PR OGRA MAÇÃ O PR OJE T O CONS TRU ÇÃO OCUPÃO CRITÉRIOS DE DESEMPENHO DO EDIFÍCIO

UM QUADRO TEÓRICO INTEGRADO PARA AS AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES.

Em 1997, o modelo de processo para as APOs foi desenvolvido em um quadro teórico integrador, visando a avaliação do desempenho das edificações (Preiser & Schramm, 1997), envolvendo as seis fases de maior importância para a produção da edificação (building delivery) e de seus ciclos vitais (isto é: o planejamento, a programação, o projeto, a construção, a ocupação, e a reciclagem das edificações). Nos parágrafos seguintes, o quadro teórico elaborado para a avaliação do desempenho das edificações é

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delineado. A dimensão temporal foi o mais importante fator a ser adicionado, mais o trabalho de revisão interna, e a testagem dos ciclos, em cada uma de suas fases.

O quadro integrativo mostrado na figura 2-2 tenta observar a natureza complexa da avaliação de desempenho no ciclo de produção da edificação, assim como o ciclo de vida das edificações. Esse quadro define o ciclo de produção da edificação desde a perspectiva do arquiteto, mostrando sua evolução cíclica, e seu refinamento, na direção do alcance do melhor desempenho global, da melhor qualidade de seu uso, tal como percebido pelos ocupantes do edifício.

No centro do modelo está o desempenho atual, medido de forma quantitativa, e experienciado qualitativamente. Ele representa os resultados dos ciclos de produção das edificações, assim como o desempenho das edificações durante seu ciclo de vida. Ele também mostra as seis subfases referidas anteriormente (isto é: o planejamento, a programação, o projeto, a construção, a ocupação, e a reciclagem das edificações). Cada uma dessas fases apresenta suas próprias revisões e checagens internas, e possui seus próprios enlaces de retro-alimentação. Além disso, casa fase está conectada com o respectivo “Estado-da-Arte” do conjunto de conhecimentos envolvidos, e que é contido nas bases de dados do tipo específico de edificação, assim como no conhecimento global e a literatura em geral. As fases e a retro-alimentação desse quadro teórico proposto pode ser caracterizado da seguinte forma:

- FASE 1 – O PLANEJAMENTO. O começo do processo produtivo de edificações é o plano estratégico que estabelece as necessidades de médio e longo prazos da organização em tela, através de análises mercadológicas ou de necessidades, as quais – por sua vez- são baseadas em missões e metas, assim como nas vistorias das edificações. As vistorias e auditorias examinam e buscam compatibilizações entre itens necessários, inclusive o espaço, e os

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recursos disponíveis, de modo a que uma demanda realista e efetiva seja definida;

- CICLO 1 DE REVISÃO – A EFETIVIDADE. Os resultados do planejamento estratégico são revisados à luz de questões mais amplas, tais como a imagem e o simbolismo corporativos, a visibilidade física no contexto de vizinhança da edificação implantada; as inovações tecnológicas, as formas de re-uso e sua flexibilidade e adaptabilidade, o capital relacionado ao custo inicial, os custos de operação e manutenção, os custos de substituição e de reciclagem do todo e de componentes, ao final do ciclo de vida útil da edificação.

FASE 2 – A PROGRAMAÇÃO. Uma vez que a Revisão de Efetividade, a Estimativa de Custo, e a Orçamentação (Budgeting) tenham ocorrido, um dado projeto tornou-se real, consistente, e a programação pode ser iniciada.

CICLO 2 DE REVISÃO – AVALIAÇÃO DO PROGRAMA. O produto desta fase é caracterizado por uma documentação abrangente de toda a discussão que levou ao programa, considerando as críticas feitas pelo cliente e pelos usuários, suas sugestões e dúvidas – assim como as objeções e correções feitas por instâncias avaliadoras, responsáveis pela aprovação do programa.

FASE 3 – PROJETO. Esta fase contém os passos do projeto sistematizado, de seu desenvolvimento, a produção dos desenhos executivos da obra, e a documentação complementar da construção.

CICLO 3 DE REVISÃO – AVALIAÇÃO DO PROJETO. Esta fase do projeto apresenta uma série interna de ciclos avaliativos, que vão desde a revisão dos elementos conceituais em sua transformação na solução dada pelos projetistas, até a revisão dos elementos de programação (organização das atividades), passando pelos aspectos técnicos da solução dada. O desenvolvimento de técnicas fundadas em núcleos de conhecimento (sobre as necessidades do usuário, sobre as necessidades do cliente, sobre o sítio físico de implantação, etc.) e nas ferramentas dos programas de computador

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que dão apoio ao projeto físico, tornam possível que se apliquem técnicas avaliativas desde as fases iniciais do projeto. Isso possibilita que os projetistas considerem os efeitos das decisões de projeto desde uma grande variedade de perspectivas, em antecipações que favorecem mudanças – antes que muito tempo, trabalho, informações e recursos financeiros sejam investidos em soluções inadequadas.

FASE 4 – CONSTRUÇÃO. Nesta fase, os gerenciadores da construção e os arquitetos participam da administração da construção e do controle de qualidade, de forma a assegurar o cumprimento do contrato de execução da obra.

CICLO 4 DE REVISÃO – AVALIAÇÃO DE PÓS-CONSTRUÇÃO. O fim da fase de construção é marcado pela avaliação de pós-construção, um procedimento que resulta uma “lista de pontos” de aprimoramento, acabamento, redefinição, que devem ser respondidos, construídos, satisfeitos, antes do procedimento final de submissão da obra à aceitação da edificação acabada pelo cliente.

FASE 5 – OCUPAÇÃO. Durante esta fase, a mudança (desde uma sede anterior) e a instalação dos novos ambientes de trabalho (mobiliário, objetos pessoais, equipamentos específicos, não-prediais, etc.), com a entrada em cena dos ocupantes, trabalhadores e usuários, ocorrem. Segue-se o “ajuste fino” do ambiente da edificação pelos ocupantes, que iniciam o processo de adaptação que deve levar, eventualmente, ao alcance dos níveis de desempenho das atividades “ótimo”, em termos funcionais e ambientais.

CICLO 5 DE AVALIAÇÃO - AVALIAÇÃO DE PÓS-OCUPAÇÃO. A avaliação do desempenho da edificação ocorre na forma de avaliações (no plural), que devem ser conduzidas ao longo dos seis a doze meses iniciais, depois da ocupação da edificação, de sua entrada em operação. Essas avaliações oferecem vários feedbacks (retro-alimentação de informação processada) sobre (a) coisas que funcionam e, (b) coisas que não funcionam

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na edificação. As avaliações são fundamentais para a testagem de hipóteses que são – necessariamente – feitas nas fases de planejamento e programação, e na fase de transformação desses dados em soluções de projeto. Quando há um experimento “marcante”, como uma nova tipologia arquitetônica, um novo modo de operar, para o qual não existem precedentes conhecidos, essas avaliações podem se mostrar decisivas, elucidativas. Alternativamente, essas avaliações podem ser usadas para a identificação de problemas no desempenho dos edifícios ocupados, em análise probatória, e servir como base racional para a proposição de soluções para esses problemas. Além disso, as avaliações devem ser – idealmente – conduzidas em intervalos regulares, preferencialmente em ciclos de dois a cinco anos, sobretudo nas organizações que apresentam programações de atividades que se alternam em ciclos sazonais, ou sob demandas amplas e especiais (como as universidades, os centros de governo, os centros de compras, os centros de lazer, etc.).

FASE 6 – RECICLAGEM. Temos que a recliclagem de edificações para usos alternativos ou diferentes tem se tornado comum. Amplos armazéns têm sido convertidos em centros culturais e de compras, até mesmo em apartamentos e escritórios. Estações de trem forma transformadas em museus de vários tipos. Edifícios destinados originalmente a escritórios forma adaptados para o uso hoteleiro. Fábricas foram remodeladas para abrigar escolas e escritórios. Por outro lado, essa fase pode constituir-se no fim da vida útil da edificação quando o edifício é desativado e a organização se retira do local. Nos casos em que há o reprocessamento de materiais de construção / demolição no local, tudo o que tiver reuso potencial deve ser separado e reciclado para sua transformação em novos produtos. Nesse ponto, materiais tóxicos – resíduos químicos e radioativos – devem ser totalmente removidos e acondicionados para que o sítio físico seja reconstituído para que novos usos possam entrar em cena.

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AVALIAÇÃO DE DESENHO UNIVERSAL

O conceito, a fundamentação teórica e a evolução da avaliação de Desenho Universal aqui delineada são baseados em modelos evolutivos pré-existentes, orientados por informações colhidas junto aos usuários, pelo autor (isto é: P.O.E. e B.P.E.)2. A intenção da U.D.E.3 é avaliar o impacto

sobre o usuário de ambientes desenhados universalmente. Dado a definição dada por Mace, de Desenho Universal, como “uma abordagem para a criação de ambientes e produtos utilizáveis por todas as pessoas, na maior amplitude possível” (Mace, 1991; Preiser, 1991), são necessários protocolos para avaliar as conseqüências dessa abordagem. Estratégias possíveis para a avaliação no contexto global são apresentadas, com exemplificação de avaliações aplicadas a estudos de casos que têm sido conduzidas recentemente. Também expomos iniciativas para a introdução técnicas de avaliação de Desenho Universal na área de educação e em programas de treinamento de pessoal. A exposição dos estudantes de disciplinas relacionadas à projetação, a conteúdos e pontos de vista filosóficos, metodológicos, conceituais, e práticos, são fortemente advogados como um novo paradigma para “a projetação do futuro”.

DESEMPENHO NO PROJETO UNIVERSAL

O objetivo do projeto universal é o alcance de desempenhos efetivamente universalizadores, envolvendo produtos industriais e edificações inteiras (ocupadas, em uso), assim como infra-estruturas de transportes, tecnologias da informação, entre outras, que são percebidas em sua capacidade de dar apoio, de assistir e sustentar – ou de impedir,

2

NOTA DO TRADUTOR: Preiser se refere a duas expressões em inglês, que preferimos não “traduzir a sigla”: P.O.E. = Post Occupancy Evaluation (Avaliação de Pós-Ocupação), e B.P.E. = Building

Performance Evaluation (Avaliação do Desempenho da Edificação).

3

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dificultar, enviesar – o alcance de objetivos individuais, comunitários ou organizacionais. Dado que este trabalho foi contratado pelo Conselho de Edificações Federais (Federal Facilities Council), o restante da discussão enfocará o problema das edificações e do ambiente construído, na medida em que o Desenho Universal esteja envolvido.

Uma base filosófica, que nos serve como ponto de partida, são os Sete Princípios do Projeto Universal (ver a referência do Center for Universal Design, 1997). Esses Princípios (a) definem o grau de ajuste entre os indivíduos ou grupos e seus ambientes, tanto naturais quanto construídos; (b) referem-se aos atributos dos produtos ou dos ambientes que são percebidos como suportes ou como impedimentos às atividades sob análise; (c) implicam no objetivo de minimizar os efeitos adversos dos produtos e ambientes assim produzidos sobre as pessoas – como desconforto, estresse, distração, ineficiência, patologias, ou mesmo danos pessoais permanentes, ou morte – através de eventos como acidentes, exposição a fatores danosos, radiação, substâncias tóxicas, etc.; (d) constituem um feixe de conceitos que não é absoluto, mas relativo, e que se submete necessariamente a diferentes interpretações em diferentes culturas e economias, assim como em diferentes contextos temporais e sociais. Assim, esses Princípios podem ser percebidos de forma diferenciada ao longo do tempo, pelas próprias pessoas que interagem no ambiente de uma mesma edificação ou situação – como seus ocupantes, administradores, trabalhadores, visitantes.

A natureza dos sistemas de retro-alimentação de informações e avaliações foi discutida por Von Foerster (1985): o avaliador faz comparações entre os resultados (R) que são efetivamente sentidos ou testemunhados pelas pessoas, e os objetivos que elas expressaram (O), assim como com os critérios de avaliação do desempenho esperado (C), que são geralmente documentados no programa funcional, e que são tornados explícitos através das especificações de desempenho. Von Foerster observou

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que “mesmo os modelos mais elementares de fluxos de sinais nos sistemas cibernéticos requerem algumas forma de interpretação motora de um sinal (sensorial)” e, além disso, “a revolução intelectual que se tornou possível graças à cibernética constitui-se em, simplesmente, adicionar a uma

máquina, com um sistema motor, com energia suficiente – e com um sistema

sensor que pode ver o que a máquina ou o organismo está a fazer – para iniciar ações de correção sempre que as coisas começarem a sair do script”. O processo de retro-alimentação evolucionária que pode ocorrer no processo de produção de edificações, no futuro, é mostrado na Figura 2-3. O coração desse sistema é o programador, o projetista ou o avaliador, que esteja com a responsabilidade de assegurar que os edifícios alcancem os

critérios de desempenho mais elevados (state-of-art).

OBJETIVOS (O) CRITÉRIOS DE DESEMPENHO (C)

AVALIADOR

OBJETO DE

AVALIAÇÃO

MEDIDAS DE DESEMPENHO (M) RESULTADO: AMBIENTE CONSTRUÍDO / PRODUTO (R) C OM PAR AÇ ÃO

FIGURA 2-3. SISTEMA DE CONCEPÇÃO E AVALIAÇÃO DE ESPAÇOS CONSTRUÍDOS / PRODUTOS (Preiser, adaptado)

O processo de projeto ambiental e de produção dos espaços edificados é orientado por objetivos. Ele pode ser representado por um modelo básico de sistema que tem como objetivo esse alcance global dos

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padrões prescritos pelos critérios de desempenho do Desenho (ou Projeto) Universal:

1. Os fundamentos teóricos do desempenho do Desenho Universal associa os objetivos dos clientes (OCLI), especialmente aqueles que melhor descrevem as qualidades ambientais desejadas, com os elementos do sistema descritos a seguir;

2. Os Critérios de Avaliação do Desempenho (CAD) são derivados dos objetivos do cliente (OCLI), das normas e padrões técnicos e dos critérios do “estado-da-arte” (ou seja, praticados pelos projetistas e construtores mais competitivos) para um determinado tipo de edificação. O desempenho do Desenho Universal é testado e examinado ou avaliado a partir desses critérios, por sua comparação com os Desempenhos Efetivamente Observados (DEOs) – ver o item 5 a seguir;

3. O Avaliador (AVAL) põe o sistema em movimento e se envolve com as atividades de planejamento, de programação, de projeto, de construção, de ativação para a operação e funcionamento, de ocupação, e de avaliação de um determinado ambiente ou edificação;

4. O resultado (R) representa as características fisicamente mensuráveis do ambiente ou da edificação sob avaliação (por exemplo, suas dimensões físicas, níveis de iluminamento e desempenho térmico).

5. O desempenho efetivo (P) se refere ao desempenho-como-é-observado, medido e percebido por aqueles que ocupam ou avaliam um ambiente, inclusive as respostas subjetivas dos ocupantes e as medidas objetivas do próprio ambiente.

Qualquer conjunto de sub-objetivos (Os) para o alcance da especificada qualidade ambiental pode ser relacionado aos sistemas básicos (Preiser, 1991), através de elementos específicos, ajustados, de avaliação (AVALs), de Resultados (Rs) e de Desempenhos (Ds). A partir dessa nova série de avaliações, o Resultado se torna os sub-objetivos do subsistema, que deve

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portar critérios e elementos ajustados de avaliação, e descritores de sua performance. O resultado global, combinado, do sistema básico e de seus subsistemas é, finalmente, apreendido e avaliado, do mesmo modo como se procedeu ao avaliar o sistema básico (ver figura 2-4). SIST EMA CR IT É R IO S D E DE S E M P E N HO OB J E T IV O S D O CL IE N TE M E D IDA S DE DE S E M P E NH O M E DI DA S E S P E CÍ F IC A S DE DE S E MP E N HO OB J E T IVOS E S PE C ÍF IC O S D O P RO G RA M A DO R/ PR OJ E T IS T A C R IT ÉR IO S D E D E SE M P EN H O ES PE C ÍF IC O S O B J E T IV O S E S PE C ÍF IC O S DO C L IE NT E PR O G R AM AD O R / PR O J ET IS T A AM B IE N T E C O N S TR UÍ DO AM BI E N T E CO NS T R UÍ DO SU B-SI S T E M A 2 ME D IDA S DE DE S E MP E NH O (S U B-SI S T E M A 2) P RO G RA M A DO R / PR O J E T IS T A (S U B -S IS T E M A 2) CR ITÉ R IO S D E DE S E M P E NH O (S U B -S IS T E M A 2 ) AM B IEN T E C O NS TR UÍD O (S U B -S IS T E M A 2 ) SU B-SI ST EM A 1 ME D IDA S DE DE S E MP E NH O (S UB -S IS TE MA 1 ) CR ITÉ R IO S D E DE S E M P E N HO (S UB -S IS TE MA 1 ) AM BI E N T E CO N S TR U ÍD O (SU B-SI S T E M A 1) P R O G RA M A D O R / PR O J ET IST A (S UB -S IS TE MA 1 ) F IG U R A 2-4. S IST E M A S D E R ET R O ALI M E N T AÇ ÃO EN VO L V EN D O SU B-SIST E M AS DE P R O JE T O E PR O D UÇÃO DO E S P AÇO CO NS TR UÍ DO ( P re ise r, ada p tad o)

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NÍVEIS DE DESEMPENHO

Os sub-objetivos de desempenho das edificações podem ser estruturados em três níveis que consideram as necessidades dos usuários: (1) o nível de segurança associado à saúde das pessoas, (2) o nível funcional e de eficiência [das atividades desempenhadas pelas pessoas], (3) o nível de conforto psicológico e de satisfação. Com referência a esses níveis, um dos sub-objetivos a serem cogitados pode incluir a questão mais global de segurança, a especificação mais acurada das relações espaciais entre os compartimentos da edificação, a adequação ambiental desses espaços das edificações, a privacidade gozada pelas pessoas, a estimulação sensorial, ou o estímulo estético. Para uma diversidade de sub-objetivos, os níveis de desempenho interagem entre si, e podem também apresentar mútuos conflitos, que requerem resolução.

Os elementos de contexto (framework elements) incluem as localizações / implantações das edificações, os ocupantes das edificações e suas necessidades. O ambiente físico é lidado numa abordagem incremental, lugar a lugar, compartimento a compartimento, situação a situação. Devemos considerar esses elementos de contexto em agrupamentos que se organizam numa diversidade de escalas – de pequenas e locais, a grandes e globais – ou de populações – de pequenos grupos a grandes grupos – ou ainda em termos de graus de abstração – do mais concreto ao mais simbólico, respectivamente.

Para cada situação e respectivo grupo de ocupantes, níveis de desempenho associando as percepções sensoriais dos ambientes e os critérios de qualidade são requeridos – por exemplo, para os ambientes em seus aspectos acústicos, luminosos, gustatórios, olfativo, visual, tátil, termal e gravitacional). Também tem relevância o efeito de radiações sobre a saúde e bem-estar das pessoas, envolvendo prazos curtos e longos de exposição.

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Como indicado acima, as necessidades dos ocupantes versus o ambiente construído ou produtos específicos são contrastados em termos de níveis de desempenho. Esse contraste pode se valer, de forma tentativa, algo grosseira, ao modelo de hierarquias humanas (Maslow, 1948), de auto-realização, de amor em reciprocidade, auto-estima, segurança, e necessidades psicológicas. Nessa perspectiva, propomos uma análise da estrutura de desempenhos em três níveis, que refletem as necessidades dos ocupantes no ambiente construído. Essa análise é apresentada em paralelo a três níveis básicos de condicionantes do desempenho das edificações (isto é, a estabilidade, a comodidade, a beleza) que o arquiteto romano Vitruvius (séc. I) indicou.

Esses construtos históricos nos auxiliam no ordenamento das necessidades dos ocupantes; eles foram transformados e sintetizados num

FIGURA 2-5. CRITÉRIOS DE DESEMPENHOS ASSOCIADOS,

9. CULTURA 1. SAÚDE 2. SEGURANÇA 4. FUNCIONALIDADE 5. EFICIÊNCIA 6. QUALIDADE DO FLUXO DO TRABALHO 8. QUALIDADE DA VIDA SOCIAL 3. PROTEÇÃO DO INDIVÍDUO E DO GRUPO 7. CONFORTO PSICOLÓGICO

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Quadro de Referências da Habitabilidade (habitability framework) (Preiser, 1983), pela definição de três níveis de prioridade, que são exibidas na figura 2-5.

1. Saúde, segurança e controle (security), como desempenhos relacionados;

2. Performances funcional, de eficiência do trabalho, e de fluxo de trabalho;

3. Performances em termos de aspectos psicológicos, sociais, culturais e estéticos.

Essas três categorias seguem em paralelo aos padrões e princípios gerais que os protocolos das práticas profissionais de projetistas parecem assegurar. O Nível 1 é pertinente aos Códigos de Edificações e às regulamentações de segurança da vida e do trabalho; o Nível 2 se refere ao conhecimento mais elaborado (ao Estado-da-Arte) acerca dos produtos da indústria de construção civil, às tipologias das edificações, e assim por diante, exemplificadas pelas codificações elaboradas por agências governamentais especializadas, ou por trabalhos de referência como os Padrões de Economia de Tempo: Informações para o Projeto de Arquitetura (Time-saver Standards: Architectural Design Data) (Watson et. al., 1997). O Nível 3 se refere aos princípios de projeto guiados por pesquisas, que são bem menos codificadas e formalizadas, mas de enorme e crescente importância para projetistas e usuários de edificações.

Os relacionamentos e as correspondências entre o Quadro de Referências da Habitabilidade e os princípios do Desenho Universal que foram definidos pelo Centro de Desenho Universal, e são expostos na figura 2-6.

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FIGURA 2-6. PRINCÍPIOS DE DESENHO UNIVERSAL

VERSUS CRITÉRIOS DE DESEMPENHO (Preiser, adaptado) Uso Eqüitativo

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Flexibilidade no Uso Uso Simples e Intuitivo Informação Perceptível Tolerância no Caso de Erros Reduzido Esforço Físico Espaço e Dimensões Adequados ao Uso Critérios de Desempenho

Em resumo, o quadro teórico que aqui apresentamos estabelece relações sistemáticas entre as edificações e seus espaços (settings), e seus ocupantes, suas respectivas necessidades, vis à vis, o produto de suas atividades e o ambiente assim concertado. Isso representa uma abordagem conceitual, orientada por processos, que é inclusiva de conceitos que

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estabelecem relacionamentos com as aplicações a serem feitas em qualquer tipo de edificação ou de ambiente. Esse quadro teórico pode ser transformado de modo a permitir um paulatino processamento de informações acerca das relações entre as pessoas e o ambiente – por exemplo, como na especificação feita na programação dos ambientes, no seu projeto, na seleção de equipamentos que utilizamos em auditórios, em salas de aula, em estúdios de gravação, etc.).

PASSOS NA DIREÇÃO DA AVALIAÇÃO PELO DESENHO UNIVERSAL O livro Building Evaluation Techniques( Baird et cols., 1996) mostra uma variedade de técnicas competentes, muitas das quais podem ser aplicadas aos propósitos da Avaliação pelo Desenho Universal. Nesse mesmo livro, este autor (Preiser, 1996) apresentou um capítulo acerca de um

workshop4 de treinamento em Avaliação de Pós-Ocupação, associado ao teste de protótipos, num módulo de ensino experimental, que envolveram os planejadores de uma determinada edificação e os seus usuários (que tinham um anos de experiência como ocupantes da edificação), uma fórmula que se mostrou muito efetiva quanto a gerar dados de retro-alimentação de grande utilidade. A figura 2-7, a seguir, mostra o processo de Avaliação de Desenho Universal pensado a partir dessas experiências.

Os principais benefícios e aplicações dessa abordagem são bem conhecidos e, quando aplicados à Avaliação de Desenho Universal, incluem os seguintes aspectos:

- a identificação de problemas e o desenvolvimento de soluções de Desenho Universal;

- o aprendizado acerca do impacto da prática do Desenho Universal sobre os usuários, quando aplicado às edificações, de um modo geral;

4

Workshop = seminário com fins educacionais, de treinamento profissional ou de intercâmbio de conhecimentos e experiências, que enfatiza a troca de informações entre um número reduzido de participantes (fonte: American Heritage Dictionary).

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- o desenvolvimento de diretrizes para o aprimoramento dos conceitos do Desenho Universal, seus métodos e técnicas, em edificações, na intra-estrutura urbana, em sistemas de serviços, etc.;

- a criação de uma maior consciência por parte do público, quando aos aspectos positivos e negativos, sucessos e fracassos associados ao Desenho Universal.

FIGURA 2-7. AVALIAÇÃO DE DESENHO UNIVERSAL: PROCESSO DE PRODUÇÃO E USO ASSOCIADO A CRITÉRIOS QUE SE DESENVOLVEM (Preiser, adaptado)

ANÁLISE DE NECESSIDADES E DE DEMANDA DO MERCADO AVALIAÇÃO DE PÓS-CONSTRUÇÃO / PÓS-PRODUÇÃO REVISÃO / EXAME GERAL DO PROJETO REVISÃO / EXAME GERAL DO PROGRAMA REVISÃO / EXAME DA EFETIVIDADE DO EMPREENDIMENTO RE C IC L A G E M PLAN EJAM ENTO PROG RAMA ÇÃO PR O J ET O CONS TRUÇ ÃO/ PROD UÇÃO OC UP ÃO/ USO AVALIAÇÃO DE PÓS-OCUPAÇÃO (EDIFICAÇÃO/ PRODUTO) C O NHECI ME N T O S Q UE S Ã O U T IL IZ AD O S EM U L T E R IO R E S CI C L O S DE CO N S T RU Ç Ã O DE S E M P E NHO A T U A L

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É crucial que haja a formalização e documentação, em termos de critérios qualitativos e de diretrizes e padrões quantitativos, relacionados ao desempenho esperado das edificações em termos do Desenho Universal.

ESTRATÉGIAS POSSÍVEIS PARA A AVALIAÇÃO DE DESENHO UNIVERSAL

Nos modelos referenciados anteriormente é usual incluir o modelo do

Americans with Disabilities Act (ADA), ou a norma governamental norte-americana para as pessoas com deficiências, orientada para o projeto de espaços acessíveis, como parte da rotina de avaliação das edificações. Os padrões ADA oferecem informações coerentes com os padrões técnicos de outras normas e protocolos de projeto, mas nada dizem acerca do desempenho – como a edificação ou a situação de uso do espaço efetivamente facilita e apóia o uso das edificações por uma grande variedade de usuários. Os princípios do Desenho Universal (ver a publicação do Center for Universal Design, de 1977) se constituem num conjunto de critérios de desempenho e de linhas orientadoras de projetos físicos que é idealista, mas orientado pelas necessidades dos usuários, e que apresentam uma grande distância a percorrer até a sua satisfatória operacionalização. Também há a necessidade de identificar e considerar os métodos de coleta de informação que incluam entrevistas, levantamentos, observações diretas, fotografias e estudos de caso “em profundidade”, entre outras abordagens.

Outros autores recomendam e estudam instrumentos de avaliação para a avaliação de Desenho Universal nos edifícios (Corry, 2001) e nas escalas ordinárias do projeto urbano (Guimarães, 2001; Manley, 2001). Além disso, o projeto de Avaliação Internacional da Performance das Edificações (International Building Performance Evaluation project) (Preiser, 2001) e um consórcio criado por este autor tentaram desenvolver uma

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ferramenta universalizada de coleta de dados que pode ser aplicada a qualquer contexto e cultura, conquanto se respeitem as diferenças culturais.

O autor propõe que se avance o presente Estado-da-Arte desses estudos através de uma coleção de estudos de casos exemplificadores de diferentes tipologias de edificações, com ênfase no Desenho Universal – incluindo-se os ambientes de habitação e de trabalho, os espaços públicos, os sistemas de transportes, os pontos de atividades turísticas e recreacionais, e assim por diante. Esses estudos de casos devem ser estruturados de um modo padronizado, com a inclusão de filmagens feitas em percursos através das edificações e dos espaços delimitados, atendendo aos padrões de interesse e movimentação de diferentes usuários.

As críticas que podem ser elaboradas pelo enfoque do Desenho Universal são focadas nos três níveis de desempenho descritos anteriormente (Preiser, 1983), isto é: (1) saúde, segurança pessoal, e controle de sinistros ou acidentes; (2) funcionalidade, eficiência e fluxo desimpedido de trabalho e atividades, e; (3) desempenho adequado nas dimensões psicológicas, sociais, culturais e estéticas.

Outros exemplos de Avaliação de Pós-Ocupação estão, na atualidade, em desenvolvimento, através do Centro de Pesquisa em Engenharia de Reabilitação da Universidade Estadual de Nova York, em Buffalo. Um desses estudos se foca nos usuários de cadeiras de rodas; outro em edificações existentes no território norte-americano. O website desse centro oferece explicações detalhadas desses trabalhos: www.ap.buffalo.edu/

Além disso, metodologias apropriadas para a coleta de informações acerca de populações com diferentes níveis de formação e educação (Preiser e Schramm, 2001) são necessárias nos delineamentos de pesquisas e projetos. A hipótese que fazemos a esse respeito é a de que essas metodologias permitirão o reconhecimento e o desenvolvimento de critérios de Desenho Universal que sejam cultural e contextualmente relevantes, ao

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longo de nossos estudos na área. Esse argumento é apresentado - de forma eloqüente - por Balaram (2001), ao discutir o Desenho Universal no contexto de uma nação em pleno processo de industrialização como a Índia.

O papel do usuário como "usuário / expert" (Ostroff, 1997) deve também ser analisado com cuidado. O processo do envolvimento do usuário é, com freqüência, citado como central a um Desenho Universal bem sucedido, mas trata-se algo que nunca foi sistematicamente avaliado. Ringaert discute o crucial envolvimento do usuário para o Desenho Universal, como já notamos anteriormente.

EDUCAÇÃO E TREINAMENTO EM TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO DO DESENHO AMBIENTAL

Welch (1995) apresentou uma série de estratégias para o ensino de técnicas de Desenho Universal, que desenvolveu em um projeto-piloto nacional (norte-americano) envolvendo 21 programas de ensino de projeto. O aprendizado inicial obtido através do projeto pode ser usado nos currículos de todas as escolas de arquitetura, de desenho industrial, de arquitetura de interiores, de projeto de paisagismo, de projeto urbano, quando esses currículos absorvem novas abordagens que incluem o Desenho Universal como um paradigma para a projetação, no futuro. Desse modo, os estudantes se familiarizarão com os valores, conceitos e filosofia do Desenho Universal desde o início de sua formação, e também através de exercícios de campo e estudos de casos, que os exporão a situações do mundo real. Como é observado por Welch, é importante ter uma multiplicidade de experiências de aprendizado. Adiante, nos seus currículos, essas primeiras exposições ao Desenho Universal deverão ser reforçadas através do tratamento em profundidade dos diversos conteúdos disciplinares, ao integrarem o Desenho Universal nos ateliês de ensino de projeto, assim como em tarefas de avaliação e programação dos projetos em estudos.

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Um bom número de autores, incluindo nomes como os de Jones (2001), Pedersen (2001), e Welch e Jones (2001) oferecem experiências bem atualizadas, assim como propostas para desenvolvimentos futuros, relacionadas à educação e ao treinamento no Desenho Universal.

CONCLUSÕES

Para que o Desenho Universal se torne viável e verdadeiramente integrado ao ciclo de produção das edificações, tal como praticado pelos setores mais atuantes da indústria da construção civil e pelos escritórios (de arquitetura e planejamento físico) mais prestigiados, é crucial que todos os estudantes dos campos disciplinares relacionados se tornem familiarizados com o Desenho Universal, de um lado, e que os profissionais praticantes sejam expostos a uma grande variedade de Avaliações de Pós-Ocupação (bem como Avaliações de Desenho Universal) que demonstrem a viabilidade e consistência dos conceitos, métodos e técnicas do Desenho Universal, por outro lado.

O "conceito de desempenho" e os "critérios de desempenho" que vieram a se tornar tão explícitos, tão examinados e discutidos, através das Avaliações de Pós-Ocupação, passaram a tornar-se uma parte amplamente aceita e difundida das boas práticas de projeto, ao mover-se de um campo de avaliações primariamente subjetivas, baseadas em parâmetros de desempenho explicitamente propostos para as edificações.

Em especial, tornou-se importante a noção de critérios de desempenho com foco na qualidade do ambiente construído, tal como percebido por seus ocupantes. Em outras palavras, o desempenho da edificação é crucial de tal forma, que se destaca acima e além de critérios popularizados e menos complexos, como os da conservação de energia, do custo de manutenção ao longo do ciclo de vida da edificação, e da própria

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funcionalidade das edificações: tornou-se focada nas percepções que os usuários têm das edificações que habitam.

Para que as técnicas presumidamente empregadas nessas Avaliações de Pós-Ocupação que fundamentam as avaliações de Desenho Universal sejam mesmo válidas e dignas de aceitas como padrão, seus procedimentos devem ser replicáveis, seus resultados devem ser verificáveis.

Tais avaliações têm-se tornado mais viáveis em termos de seus custos, devido ao fato de que métodos mais simplificados têm sido elaborados, de modo a facultar ao pesquisador o alcance e a sistematização de informações úteis e válidas em menos tempo do que anteriormente era empregado. Assim, o custo do pessoal especializado empregado em tais avaliações, somado a outras despesas, vem se reduzindo consideravelmente, tornando as Avaliações de Pós-Ocupação mais acessíveis a várias organizações e clientelas, especialmente quando nos referimos ao nível "indicativo" referido anteriormente.

SOBRE O AUTOR

Wolfgang Preiser é professor de arquitetura na Universidade de Cincinnati. Tem mais de 30 anos de experiência no ensino, na pesquisa e em consultorias, com especial ênfase na avaliação e programação de ambientes em estabelecimentos de saúde, de habitação popular, no Desenho Universal e na pesquisa dos processos de projetação, em geral. Dr. Preiser tem feito apresentações e ministrado cursos em mais de 30 universidades norte-americanas, e em mais de 35 universidades ao redor do mundo. Como consultor de empreendimentos em vários países, criou a

Architectural Research Consultants, e a Planning Research Institute, Inc., ambas em Albuquerque, Novo México. Ele escreveu e editou numerosos artigos e livros, incluindo-se aí Post-Occupancy Evaluation, e Design Intervention: Toward a More Humane Architecture. Dr. Preiser é membro do

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programa de pós-graduação da Universidade de Cincinnati. Ele recebeu o

Progressive Architecture Award, o prêmio Citation for Applied Research, e o prêmio de carreiras científicas do EDRA - Environmental Design Research Association. Também é pesquisador da Comissão Fulbright e é duplamente comissionado pelo programa National Endowment of the Arts. É membro do conselho editorial de Architectural Science Review, editor associado do

Journal of Environment and Behavior, e membro (ex-vice-presidente) do EDRA. É co-fundador da Society for Human Ecology (1978). Em meados dos anos 1980, presidiu a National Research Council Committee on Programming Practices in the Building Process, e o Committee on Post-Occupancy Evaluation Practices in the Building Process. Dr. Preiser tem o título de bacharel em Arquitetura dado pela Universidade Técnica de Viena (Áustria); título de mestrado em Arquitetura conferido pelo Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia; mestrado em Arquitetura pela Universidade Técnica de Karlsruhe (Alemanha); doutorado em relações homem-ambiente pela Universidade Estadual da Pensilvânia.

REFERÊNCIAS

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